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Em 1930, membros das oligarquias dissidentes e do movimento tenentista se

uniram na revolução que marcou a desarticulação da República Oligárquica.


A partir de então, a hegemonia exercida pela elite cafeeira sofreu um
rearranjo atrelado ao desenvolvimento dos grandes centros urbanos e ao
aparecimento de novos agentes políticos no país. Contudo, isso não quer
dizer que os grandes proprietários de terra perderam o seu poder e tiveram
seu lugar ocupado por outro grupo.

O que vemos após a Revolução de 1930 é a chegada de Getúlio Vagas como


um agente político modernizador. No entanto, a sua transformação não veio
ligada a uma ideia de representação dos interesses de uma perspectiva
política determinada ou de um grupo social específico que lutava pelo seu
lugar nas instâncias de poder. Mesmo sendo um proprietário de terras,
Vargas inaugurou uma situação inédita em que o poder seria então
sustentado pelo chamado “Estado de compromisso”.

No chamado “Estado de Compromisso”, Getúlio Vargas incorporou a função


de intermediador dos interesses dos vários grupos que atuavam na esfera
política. Nesse sentido, observamos que os grandes cafeicultores foram
atendidos pelo novo governo através do Conselho Nacional do Café,
desenvolvido com o propósito de aprimorar as formas de plantio do grão e,
principalmente, estabelecer o controle dos preços do produto no mercado
externo.

Voltando-se para a esfera urbana, Vargas também agiu ativamente nos


conflitos que marcaram a relação entre os grupos empresariais e a classe
operária. Ao invés de se postar como representante exclusivo de um único
lado, Vargas teve a preocupação de fomentar ações que atendiam às
demandas da burguesia industrial ao se preocupar com a expansão da
indústria de base através do investimento estatal. Por outro lado, agraciava
as classes trabalhadoras com direitos e benefícios nunca antes concebidos
na lei do país.

Dessa forma, a sensação de que um determinado grupo social organizava a


esfera política se enfraquecia, dando lugar a imagem particular de Getúlio
Dorneles Vargas.
O presidente, ao longo de sua administração, assumiu o papel de
intermediador político neutro e capaz de se colocar acima dos possíveis
antagonismos que poderiam organizar a vida da nação. Abraçado pelo
grande apoio das massas, a liderança personalista de Vargas se tornou mais
significativa do que as tendências político-partidárias.

Vemos assim que a formulação do Estado de Compromisso esteve


intimamente relacionada com o desenvolvimento do populismo. Utilizando o
poder político e os meios de comunicação de forma articulada, Getúlio Vargas
se transformou em um político preocupado com as “questões nacionais” e a
“defesa do povo brasileiro”. Incorporava justificativas que o afastavam da
obrigação de assumir uma ideologia clara e lhe garantia prestígio junto aos
mais variados e antagônicos setores da população.

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