Boletim Operário 478
Caxias do Sul, 27 de janeiro de 2018.
A Época
Rio de Janeiro
31 de agosto de 1912.
Edição n° 0030
Página 3
A Greve em Niterói
No Toque Toque e na Ilha do Caju
Os trabalhadores em carvão aderem ao
movimento paredista
Nas proximidades da Ilha do Caju esta
fundeado um vaso de guerra – As forças
de polícia – outras notas
Parece querer alastrar-se a greve dos
estivadores da Companhia Comercio e
Navegação, que mantem um dique no
Toque Toque e salinas na Ilha do Caju,
em Niterói. É que ontem se espalhou
naquela cidade que os trabalhadores do
carvão, na Ilha do Viana da firma Lage &
Irmãos, também pretendiam aderir a
parede. E nada ocorreu, tendo a policia
fluminense tomado diversas
providências para garantir a ordem caso
fosse perturbada.
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Nas imediações da enseada da Ponta da
Areia acha-se ancorrado um destroier
para exercer vigilância no litoral.
O vaso de guerra que esta fundeado nas
proximidades da Ilha do Caju é o contra-
torpedeiro Rio Grande do Norte e não o
cruzador torpedeiro Tupy, como
noticiaram os nossos colegas da “A
Noticia”.
Este navio de guerra acha-se ali por
ordem do Ministro da Marinha para
garantir os estivadores que estão
trabalhando.
Continuou ontem a policia do 8º Distrito,
como medida de prevenção, a guarnecer
os armazens da Leopoldina Railway, no
cais do Porto.
Acha-se ali uma força sob o comando de
um oficial. Nenhuma perturbação da
ordem foi observada.
Telegramas
A Greve em Malaga
Madrid, 30 – Continua inalterada a greve
de Malága. Dos grevistas da Fábrca Duro
Felgueras, de Oviedo, que ficaram sem
trabalho, poucos são os que ainda se
encontram desempregados. A maioria dos
operários mineiros esta disposta a ajudar
os grevistas da firma Duro-Felegueras
esperando-se com a maior ansiedade a
resolução da assembléia que deve reunir-
se no próximo domingo para discutir a
atitude a asssumir por toda a classe.
Workers’ Bulletin
A Época
Rio de Janeiro
31 de agosto de 1912.
Edição n° 0030
Página 5
Operários deportados como ladrões
Hoje a noite procurou-nos nesta redação
uma comissão composta dos operários
Luiz de França, Cecilio Villar e Manoel de
Oliveira e nos pediram a publicação
seguinte manifesto da Federação
Operária do Rio de Janeiro
Protesto ao Proletariado
Companheiros
Mais um vil atentado acaba de ser
praticado pelos poderosos que nos
governam deportando covardemente,
quatro operários que só tem um crime: o
de serem consciente em suas convicções
reivindicadoras. Narremos o fato: Esta na
lembrança de todos a ultima greve de
declarada pelos marítimos nas Docas de
Santos, que ainda se mantem firme. Pois
bem. Estes operários deportados, alguns
dos quais tem família em Santos,
chamam-se Primitivo Soares, Antonio
Vieites e Albino Caldas e Manoel
Gonçalves. O grande crime destes nossos
companheiros é o de terem, mesmo sem
serem marítimos tomado parte na greve
de Santos, orientando e guiando na
campanha que iniciaram os operários
daquela cidade. E simplesmente por este
fato porque ao governo e a burguesia
não convem que tenhamos em nosso seio
companheiros inteligentes, foram eles
deportados como indivíduos ladrões e
desordeiros. Companheiros: O momento
requer que ponhamos em destaque nossa
energia pois que amanhã seremos nós os
deportados quando tivermos de reclamar
um pouco de melhoria. Companheiros!
Despertai! Acordai! E vinde trazer a vossa
solidariedade e o vosso protesto no
comício que se realizará domingo, 1º de
setembro as 4 ½ horas da tarde no Largo
de S. Francisco. Farão uso da palavra os
operários Cecílio Vilar, Candido Costa e
Leal Junior. São convidadas também
todas as sociedades operárias. Não falteis
companheiros a esse dever de
solidariedade.