You are on page 1of 84

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS


(FEMEC43061)

Prof. Domingos Alves Rade

2013
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS 1
1.1 Fundamentos do método dos elementos finitos 1
1.2 Domínios de aplicação do método dos elementos finitos 6
1.3 Limitações do método dos elementos finitos 13
1.4 Bibliografia 14

2 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS UNIDIMENSIONAIS PELO M.E.F. 15


FORMULAÇÃO PELO PROCESSO DIRETO.
2.1 Análise estática de sistemas compostos por barras em solicitação axial. 15
2.1.1 Obtenção das equações de equilíbrio em nível elementar 16
2.1.2 Obtenção das equações de equilíbrio em nível global 18
2.1.3 Imposição das condições de contorno 23
2.1.4 Cálculos complementares 25
2.2 Aplicação do processo direto a outros tipos de problemas 27
unidimensionais
2.2.1 Eixos sujeitos a torção 27
2.2.2 Transferência de calor unidimensional em regime permanente 29
2.2.3 Escoamento de fluidos em regime permanente 33

3 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS UNIDIMENSIONAIS PELO M.E.F. 36


FORMULAÇÃO PELO PROCESSO VARIACIONAL
3.1 Análise estática de vigas de Euler-Bernoulli 36
3.1.1 Obtenção das equações de equilíbrio em nível elementar 37
3.1.2 Montagem das equações de equilíbrio globais 41
3.1.3 Imposição das condições do contorno 44
3.1.4 Realização de cálculos complementares 45
3.1.5 Exemplo 46
3.2 Análise de estabilidade linear de colunas 50
3.2.1 Exemplo 54
3.3 Análise Dinâmica de Vigas de Euler-Bernoulli 56
3.3.1 Obtenção das equações de equilíbrio em nível elementar 57
3.3.2 Montagem das equações de movimento globais 60
3.3.3 Imposição das condições de contorno 60
3.3.4 Realização de análises dinâmicas 61
3.3.5 Exemplo 63
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO AO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

1.1 - Fundamentos do método dos elementos finitos

O método dos elementos finitos (MEF) é uma técnica de análise numérica


destinada à obtenção de soluções aproximadas de problemas regidos por equações
diferenciais. Embora o método tenha sido originalmente desenvolvido para a análise
estática de sistemas estruturais, ele tem sido utilizado no estudo de uma grande
variedade de problemas de Engenharia, nos domínios da Mecânica dos Sólidos,
Mecânica dos Fluidos, Transmissão de Calor e Eletromagnetismo. Devido à sua
eficiência e flexibilidade, além de sua adequação à implementação em computadores
digitais, o MEF tem hoje uma grande difusão tanto no meio acadêmico como no
industrial, estando disponível em grande número de “pacotes” comerciais existentes
no mercado (ANSYS, NASTRAN, ABAQUS, SYSTUS, COMSOL®, etc.).
Contudo, deve ser lembrado que a utilização eficaz destes programas e a correta
interpretação dos resultados requerem o amplo conhecimento, por parte do
Engenheiro, dos fundamentos do MEF.
A principal motivação para o uso do MEF reside no fato que, devido à
complexidade dos problemas práticos de Engenharia, soluções analíticas em forma
fechada tornam-se inviáveis ou mesmo impossíveis. Assim, devemos recorrer a
técnicas capazes de fornecer soluções numéricas aproximadas. A título de exemplo,
consideremos os problemas de determinação da capacidade de carga de uma placa
contendo enrijecedores e entalhes de formas complexas, ou de determinação da
concentração de poluentes sob condições atmosféricas não uniformes, ou ainda de
caracterização do perfil de velocidades em torno de um aerofólio. Para cada um
destes problemas podemos obter, sem grande esforço, as equações governantes e as
condições de contorno, utilizando princípios elementares da Física. Contudo,
nenhuma solução analítica simples poderá ser obtida quando o problema exibir
geometria e/ou condições de contorno complicadas, o que quase sempre ocorre em
situações práticas. Para contornar esta dificuldade, uma estratégia possível é a
simplificação do problema (em termos de sua geometria e/ou condições de contorno)
de modo a viabilizar a construção de um modelo matemático cuja resolução analítica
seja possível. Contudo, em grande número de casos (talvez na maioria das vezes),
este procedimento tem como conseqüência graves imprecisões nas previsões do
modelo. Uma segunda alternativa consiste em preservar a complexidade do modelo
e empregar técnicas aproximadas de resolução. Esta segunda estratégia, na qual
está inserido o MEF, tem sido cada vez mais viabilizada pela crescente capacidade
de processamento dos computadores digitais.
Em todo problema formulado em domínios contínuos, as incógnitas do
problema, denominadas variáveis de campo (que podem ser grandezas escalares,
como temperaturas ou vetoriais, como deslocamentos) podem assumir valores
independentes em cada ponto do domínio. Conseqüentemente, o problema tem
número infinito de incógnitas, sendo caracterizado como um problema
infinito-dimensional. Este tipo de problema é geralmente modelado por equações
diferenciais parciais, cuja solução analítica é dada por funções que fornecem os

1
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

valores das variáveis de campo em função das coordenadas espaciais para todos os
pontos do domínio.
O MEF é essencialmente um processo de discretização, que visa transformar
um problema infinito-dimensional em um problema finito-dimensional, com número
finito de incógnitas. O método consiste em dividir o domínio sobre o qual o problema
é estudado em várias regiões interconectadas, denominadas elementos. Cada
elemento dispõe de um certo número de pontos (interiores e/ou limítrofes),
denominados nós ou pontos nodais. O conjunto de elementos utilizados na
discretização é denominado malha. Um exemplo é apresentado na Figura 1.1, que
mostra a seção transversal de uma palheta de turbina de geometria complexa,
discretizada em elementos de forma triangular, tendo, em cada vértice, um nó.
Neste exemplo, o problema em questão poderia ser a determinação da distribuição
de temperaturas sobre a seção da palheta, conhecidos o fluxo de calor e as condições
de contorno.
Uma vez definidos os elementos e seus respectivos nós, no interior de cada
elemento são admitidas soluções aproximadas para as variáveis de campo,
expressas como funções arbitrárias dos valores que as incógnitas assumem nos nós
(valores nodais). Estas funções são denominadas funções de interpolação ou funções
de forma. São também impostas condições garantindo a continuidade da solução no
nós compartilhados por vários elementos. As incógnitas do problema, denominadas
graus de liberdade (g.d.l.), passam a ser os valores das variáveis de campo nos
pontos nodais, sendo o número destas incógnitas (agora finito), denominado número
de graus de liberdade do modelo. Dependendo da natureza do problema, após a
discretização, o modelo matemático regente resulta representado por um número
finito de equações diferenciais ordinárias ou de equações algébricas, cuja resolução
numérica conduz aos valores das incógnitas nodais. Uma vez determinadas estas
incógnitas, os valores das variáveis de campo no interior dos elementos podem ser
avaliados empregando as funções de interpolação.
Conforme será visto mais adiante, a precisão da solução obtida depende
essencialmente do número de elementos e do tipo de funções de forma empregadas
na discretização. Sendo satisfeitas algumas condições, admite-se que a solução do
problema discretizado convirja para a solução exata do problema contínuo à medida
que se aumenta o número de incógnitas nodais.

Figura 1.1 – Ilustração da malha de um modelo de elementos finitos

2
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

Em comparação com outras técnicas numéricas, as principais vantagens o


método dos elementos finitos são as seguintes:

• elementos de diferentes formas e tamanhos podem ser associados para


discretizar domínios de geometria complexa.
• a divisão do contínuo em regiões facilita a modelagem de problemas
envolvendo domínios não homogêneos, onde as propriedades físicas variam em
função das coordenadas espaciais.
• o método pode ser todo formulado matricialmente, facilitando sua
implementação computacional.

A implementação do MEF pode sempre ser efetuada em etapas sucessivas, de


forma estruturada. As principais etapas são as seguintes:

1ª) Discretização do domínio. O primeiro passo é a divisão do domínio em


elementos. O tipo e número de elementos a serem utilizados devem ser escolhidos de
modo a representar adequadamente a geometria do problema e caracterizar
convenientemente as variações da solução ao longo do domínio. Alguns tipos de
elementos freqüentemente empregados para a discretização de domínios
unidimensionais, bidimensionais e tridimensionais são ilustrados na Figura 1.2.
Neste aspecto, deve-se observar que problemas unidimensionais são aqueles
definidos em domínios representados por apenas uma coordenada espacial (linhas),
ao passo que problemas bidimensionais e tridimensionais são aqueles definidos em
domínios representados por duas coordenadas espaciais (superfícies) e três
coordenadas espaciais (volumes), respectivamente. Os elementos axissimétricos,
mostrados na Figura 1.2, são elementos utilizados para a discretização de
problemas tridimensionais caracterizados pela existência de simetria geométrica e
de carregamento em relação a um dado eixo. Neste caso, o problema tridimensional
pode ser formulado como um problema bidimensional.

(a) (b)

elementos unidimensionais elementos bidimensionais

3
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

(c) (d)

elementos tridimensionais elemento axissimétrico

Figura 1.2 – Ilustração de diferentes tipos de elementos

2ª) Escolha das funções de interpolação. Nesta etapa são escolhidas as funções
de interpolação que representam as variáveis de campo no interior de cada
elemento. Freqüentemente, mas nem sempre, funções polinomiais são escolhidas
como funções de interpolação, devido à facilidade que oferecem para derivação e
integração. Os graus dos polinômios utilizados estão relacionados ao número de
incógnitas nodais de cada elemento, devendo também atender a certos requisitos de
continuidade das variáveis de campo a serem satisfeitos nos nós e nas fronteiras
entre elementos imediatamente vizinhos.

3ª) Construção das matrizes elementares. Uma vez escolhidos o tipo e número
de elementos e as funções de interpolação, devemos estabelecer as relações
matriciais expressando o comportamento (relações de causa-efeito), em termos de
propriedades físicas e geométricas, para cada elemento, individualmente. Em outras
palavras, procede-se à formulação em nível elementar. Para tanto, podem ser
utilizados os seguintes processos:

• processo direto, que é baseado no método da rigidez da análise estrutural, através


do qual são obtidas as relações matriciais entre forças e deslocamentos nodais, a
partir das relações de equilíbrio de forças e compatibilidade de deslocamentos.
Procedimento similar pode ser utilizado na modelagem de problemas
unidimensionais de transmissão de calor. Embora o processo direto só seja
conveniente no tratamento de problemas mais simples, ele tem a grande vantagem
de ser de fácil entendimento, permitindo clara interpretação física do significado das
relações matriciais obtidas, interpretação esta que pode ser estendida a problemas
mais complexos.

• processo variacional, que é baseado no Cálculo Variacional e envolve a busca dos


pontos críticos – geralmente pontos de mínimo – de um funcional associado ao
problema estudado. De acordo com este processo, as relações matriciais em nível

4
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

elementar resultam da imposição da condição de estacionaridade do funcional


associado ao problema. Em problemas de Mecânica dos Sólidos, por exemplo, este
funcional pode representar a energia de deformação ou a energia potencial
complementar. O processo variacional, embora mais complicado que o processo
direto sob o ponto de vista teórico, permite estender o MEF a problemas mais
complexos. Contudo, sua aplicabilidade é limitada aos problemas regidos por
princípios variacionais, que estabelecem a existência de funcionais.

• processo dos resíduos ponderados. Este é um procedimento ainda mais versátil


que os dois procedimentos anteriores, sendo baseado integralmente em operações
matemáticas. O processo opera diretamente sobre as equações diferenciais que
governam o problema e prescinde da existência de um funcional ou de um princípio
variacional.

4ª) Montagem das matrizes elementares para obtenção das matrizes


globais. Para caracterizar o comportamento do sistema completo, resultante da
associação dos vários elementos, devemos agrupar as matrizes de cada um dos
elementos de uma forma adequada. Em outras palavras, devemos combinar as
equações matriciais expressando o comportamento dos elementos individuais para
formar as equações matriciais que descrevem o comportamento do sistema em todo
o domínio. Este processo é conhecido como montagem das matrizes globais. No
processo de montagem, impõe-se a condição que em cada nó onde vários elementos
estão interconectados, os valores das variáveis de campo são os mesmos para cada
elemento compartilhando aquele nó.

No final deste processo, as equações matriciais globais devem ser modificadas para
satisfazer as condições de contorno do problema. A ordem das matrizes globais
coincide com o número total de incógnitas nodais. Este número é chamado número
de graus de liberdade do modelo.

5ª) Imposição dos carregamentos externos e das condições de contorno. As


equações matriciais globais devem ser modificadas para satisfazer as condições de
contorno do problema, que expressam o fato que alguns valores das incógnitas
nodais são prescritos. Assim, por exemplo, em problemas de transferência de calor,
os valores da temperatura em alguns pontos do contorno podem ser previamente
conhecidos. Da mesma forma, deve-se alterar as equações globais para leva em
conta que, em alguns nós, cargas externas conhecidas (forças, fluxos de calor, etc.)
são aplicadas. Ao final deste processo, o número total de incógnitas nodais
remanescentes define o chamado número de graus de liberdade do modelo.

6ª) Resolução do sistema de equações. Ao final do processo de montagem das


matrizes globais, o modelo matemático do problema estará representado por um
conjunto de equações, que podem ser lineares ou não lineares, algébricas ou
diferenciais, dependendo da natureza do problema enfocado. Estas equações devem
então ser resolvidas numericamente para a determinação dos valores das variáveis
de campo nos pontos nodais. Neste processo de resolução, procedimentos numéricos
apropriados, implementados sob a forma de rotinas computacionais, devem ser
utilizados.

5
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

7ª) Realização de cálculos complementares. Em várias situações, cálculos


complementares devem ser realizados para a determinação de grandezas
dependentes das variáveis de campo, determinadas na etapa precedente. Assim, por
exemplo, nos problemas de Mecânica dos Sólidos, uma vez determinados os
deslocamentos, cálculos adicionais são necessários para a determinação das
deformações (utilizando as relações deformação-deslocamento) e das tensões
(utilizando as relações tensão-deformação).

1.2 - Domínios de aplicação do método dos elementos finitos

Os problemas passíveis de tratamento pelo MEF podem ser divididos em três


categorias:

• problemas de equilíbrio. Esta é a classe de problemas cuja solução é independente


do tempo. São exemplos os problemas da Mecânica dos Sólidos envolvendo a
determinação de tensões e deformações em elementos estruturais submetidos a
carregamentos estáticos e os problemas da Mecânica dos Fluidos tratando da
determinação de distribuições de pressão, velocidade em regime permanente e os
problemas de Transferência de Calor em regime permanente. Para este tipo de
problema, o processo de discretização através do MEF conduz a um modelo
matemático representado por um conjunto de equações algébricas, que podem ser
lineares ou não lineares.

• problemas de autovalor. Nesta classe de problemas, o modelo matemático obtido é


representado por um conjunto de equações lineares homogêneas, caracterizado pela
dependência em relação a um parâmetro, cuja resolução conduz a um conjunto de
autovalores e autovetores. São exemplos os problemas que tratam da determinação
de freqüências naturais e modos de vibração de meios sólidos e fluidos, além de
cargas de flambagem de elementos estruturais. No primeiro caso os autovalores
correspondem às freqüências naturais e os autovetores associam-se aos modos
naturais de vibração; no segundo, os autovalores correspondem às cargas de
flambagem e os autovetores dizem respeito aos campos de deslocamentos
correspondentes.

• problemas de propagação. Os problemas de propagação são aqueles em que se


busca caracterizar a evolução das variáveis de campo em função do tempo. É o caso
típico de fenômenos que se desenvolvem em regime transitório. Os seguintes
exemplos podem ser mencionados: determinação do movimento de sistemas
estruturais submetidos a cargas de impacto e determinação de distribuições de
temperatura geradas por fluxos de calor variáveis.

Alguns exemplos de aplicações práticas do MEF são ilustrados a seguir.

6
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

Figura 1.3 - Modelo de EF para análise aeroelástica de um Airbus A-320 (100.000 g.d.l.)
(extraído de J.F. Imbert, "Analyse des Structures par Eléments Finis)

7
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

(b)

Figura 1.4 - Análise térmica por EF de uma tubulação em forma de estrela


(de Desai C.S. e Abel J.F., "Introduction to the Finite Element Method")

8
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

(c)

Figura 1.5 - Análise por EF do escoamento de um fluido ideal em torno de um cilindro


posicionado entre duas placas paralelas
(de Desai C.S. e Abel J.F., "Introduction to the Finite Element Method")

9
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

Figura 1.6 - Análise por EF do resfriamento de um lingote metálico


(fonte: http://www.comsol.com (Comsol Group))

Figura 1.7 - Análise dinâmico de freios automotivos pelo MEF


(fonte: http://www.simulia.com (Dassault Systems))

10
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

Figura 1.8 – Simulação numérica do processo de soldagem pelo MEF


(fonte: http://www.simulia.com (Dassault Systems))

Figura 1.9 – Simulação do comportamento da bexiga humana pelo MEF


(fonte: http://www.comsol.com (Comsol Group))

11
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

Figura 1.10 – Caracterização do fluxo magnético em um gerador pelo MEF


(fonte: http://www.comsol.com (Comsol Group))

Figura 1.11 – Simulação de impacto em palhetas de uma turbina pelo MEF


(fonte: http://www.ansys.com (Ansys, Inc.))

12
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

Figura 1.12 – Simulação de “crash-test” pelo MEF


(fonte: http://www.ansys.com (Ansys, Inc.))

1.3 - Limitações do método dos elementos finitos

Embora o MEF seja reconhecidamente uma ferramenta útil e eficiente para a


análise de diversos tipos de problemas de Engenharia, é importante estar atento às
limitações do método, lembrando que ele fornece modelos matemáticos aproximados
para representar o comportamento de sistemas físicos. Conforme será evidenciado
no desenvolvimento do curso, em geral, a elaboração de um modelo de EF envolve a
admissão de uma série de simplificações que terão efeito direto sobre a precisão das
previsões do modelo. Deve também ser levado em conta que, na maioria das vezes,
sob considerações de custo e limitações de recursos computacionais, busca-se
estabelecer um compromisso entre a complexidade do modelo e a precisão
considerada satisfatória.
Algumas fontes de incerteza inerentes à modelagem por EF são:

• a não consideração de certos tipos de efeitos físicos, tais como não


linearidades, histerese, amortecimento, etc.
• erros de discretização, devidos à impossibilidade de se obter uma perfeita
representação de domínios de geometria complexa utilizando os tipos de elementos
disponíveis.
• conhecimento impreciso dos valores de alguns parâmetros físicos e/ou
geométricos que são utilizados na elaboração do modelo (ex.: módulo de elasticidade,
densidade, condutividade térmica, viscosidade, etc.)
• dificuldade de modelar efeitos localizados, tais como junções parafusadas e
rebitadas.
• erros oriundos do processo de resolução numérica.

13
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade

Visando a validação de modelos de elementos finitos, um procedimento


recomendável é a confrontação de suas previsões com dados provenientes de outros
tipos de análises, em particular, de análises experimentais. Várias técnicas foram
desenvolvidas, principalmente no âmbito da Dinâmica Estrutural, objetivando a
correção sistemática de modelos de elementos finitos a partir da confrontação com
dados experimentais (consultar, por exemplo, o livro de Friswell e Mottershead).
Outro fator a ser considerado é que a elaboração de modelos de EF de
problemas complexos é, na maioria das vezes, um processo interativo, fazendo apelo
ao conhecimento do Engenheiro acerca do próprio método e do problema em estudo.

1.4 - Bibliografia

• Bathe, K. J., Finite Element Procedures in Engineering Analysis, Prentice-Hall,


1982.
• Cook, R.D., Concepts and Applications of Finite Element Analysis, John Wiley &
Sons, 1974.
• Cook, R., Finite Element Modeling for Analysis, John Wiley & Sons, 1995.
• Desai, C.S., Abel, J. F., Introduction to the Finite Element Method, Van Nostrand
Reinhold Company, 1972.
• Imbert, J. F., Analyse des Structures par Eléments Finis, 3ième édition, Cépauès
Editions, 1991.
• Friswell, M.I., Mottershead, J.E., Finite Element Model Updating in Structural
Dynamics, Kluwer Academic Publishers, 1995.
• Moaveni, S., Finite Element Analysis. Theory and Application with ANSYS,
Prentice-Hall, 1999.
•Zienkiewicz, O.C., The Finite Element Method, 3rd edition, McGraw-Hill Book Co.,
1977.
•Zienkiewicz, O.C., Morgan, K, Finite Elements and Approximation, John Wiley &
Sons, 1983
•Huebner, K.H., Thornton, E.A., The Finite Element Method for Engineers, John
Wiley & Sons, 1982

14
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

CAPÍTULO 2

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS UNIDIMENSIONAIS PELO


M.E.F. FORMULAÇÃO PELO PROCESSO DIRETO.

No Capítulo 1 havíamos mencionado que as relações matriciais traduzindo o


comportamento de cada subdomínio (elemento) podiam ser obtidas empregando um
dos três métodos: Método Direto, Método Variacional e Método dos Resíduos
Ponderados.
Neste capítulo vamos trataremos da modelagem de problemas
unidimensionais formulando o método dos elementos finitos pelo Processo Direto,
que tem a vantagem de proporcionar facilitar a interpretação física para as diversas
etapas da elaboração de um modelo de elementos finitos.

2.1 – Análise estática de sistemas compostos por barras em solicitação


axial.

Um dos problemas mais elementares que podem ser examinados sob o


enfoque do MEF é a análise estática do sistema constituído por um conjunto de
barras alinhadas, sujeitas a cargas axiais, como ilustrado na Figura 2.1.
Nesta figura, cada um dos três segmentos uniformes é assimilado a um
elemento finito com dois nós, sendo suas propriedades relevantes: módulos de
elasticidade Ei , i  1, 2, 3 (N/m2), áreas de seção transversal Ai , i  1, 2, 3 (m2) e
comprimentos Li , i  1, 2, 3 (m). As condições de contorno serão especificadas
posteriormente.
Admitindo que as barras sejam solicitadas pelas forças fi i  1, 2, 3, 4  aplicadas
nos nós, o problema consiste em determinar os deslocamentos dos nós, indicados por
ui i  1, 2, 3, 4  .
A resolução do problema pelo M.E.F. será desenvolvida seguindo as etapas
definidas no Capítulo 1.

15
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

E1, A1, L1
E2, A2, L2 E3, A3, L3
f1 f2 f3 f4
x

u1 u2 u3 u4

E1, A1, L1
1 E1, A1, L1 2 E2, A2, L2 3 E3, A3, L3 4

f1 f2 f3 f4 x

u1 u2 u3 u4

Figura 2.1

2.1.1 – Obtenção das equações de equilíbrio em nível elementar

Cada segmento de barra é identificado com um elemento finito. Para obter a


matriz de rigidez para um elemento genérico, este elemento é considerado
isoladamente, conforme mostrado na Figura 2.2, onde os índices E e D designam as
grandezas associadas aos nós das extremidades esquerda e direita,
respectivamente.

fiE fiD

Ei, Ai, Li
E D
xi

uiE uiD

Figura 2.2

16
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

Adotamos uma aproximação linear para representar o campo de


deslocamentos longitudinais no interior do elemento, da forma:

ui xi   ai  bi xi 0  xi  Li  (2.1)

As constantes ai e bi são expressas em função dos deslocamentos nodais


impondo-se as condições:

ui 0  uiE  ai  uiE (2.2.a)

uiD  uiE
ui Li   uiD  bi  (2.2.b)
Li

Associando as equações (2.1) e (2.2) obtém-se a expressão do campo de


deslocamentos no interior do elemento sob a forma:

 x  x 
ui xi   1  i  uiE   i  uiD 0  xi  Li  (2.3)
 Li   Li 

A Eq. (2.3) pode ser reescrita da forma:

ui  xi    E  xi uiE   D  xi uiD 0  xi  Li  (2.4)

onde:

 xi   xi 
 E xi   1  ;  D  xi     0  xi  Li  (2.5)
 Li   Li 

são as funções de interpolação ou funções de forma obtidas para o elemento finito.

Admitindo que todo o conjunto e, portando, cada elemento, encontra-se em


equilíbrio, podemos escrever:

fiD   fiE

Considerando a Lei de Hooke, válida para materiais elásticos lineares,


podemos escrever:

dui  xi 
f i E   i Ai   Ei Ai i   Ei Ai (2.6.a)
dxi

17
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

dui  xi 
f i D   i Ai  Ei Ai i  Ei Ai (2.6.b)
dxi

Derivando a expressão (2.3) e reintroduzindo o resultado nas equações (2.6),


obtemos:

fiE  
Ei Ai D
Li
ui  uiE  (2.7.a)

fiD 
Ei Ai D
Li

ui  uiE  (2.7.b)

As duas equações acima podem ser postas na seguinte forma matricial:

 Ei Ai Ei Ai 
 L 
Li  uiE   f i E 
 i   (2.8)
 Ei Ai Ei Ai  u D   f D 
 i   i 
 Li Li 

A equação acima pode ainda ser escrita na forma compacta:

K    U   F   i=1,2,...
i
e
i
e
i
e (2.9)

onde U   u
i
e
i
E
uiD  e F    f
T
i
e
i
E
fi D 
T
são, respectivamente, os vetores de

deslocamentos nodais e forças nodais em nível elementar e K ie    é denominada


matriz de rigidez elementar.
Podemos observar que é uma matriz simétrica, ou seja, K ie   K ie  . Esta
T
   
simetria traduz o Princípio de Reciprocidade de Maxwell-Betti, aplicável a sistemas
mecânicos lineares.

2.1.2 – Obtenção das equações de equilíbrio em nível global

Após a obtenção das equações que descrevem o comportamento de cada


elemento, isoladamente, devemos considerar o fato que os elementos estão, na
realidade, interconectados nos pontos nodais. Fisicamente, a interconexão significa
que deve haver, nos nós compartilhados por mais de um elemento, equilíbrio das
forças e compatibilidade de deslocamentos. Considerando dois elementos vizinhos, i
e i+1, ilustrados na Figura 2.3, estas condições são expressas segundo:

fiD  fiE1  fi 1 (equilíbrio do nó i+1) (2.10)

uiD  uiE1  ui 1 (compatibilidade de deslocamentos no nó i+1) (2.11)


18
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

Para imposição destas condições, vamos primeiramente desenvolver a


equação matricial (2.8) para os elementos i e i+1:

Ei Ai E Ei Ai D
ui  ui  f i E (2.12.a)
Li Li

Ei Ai E Ei Ai D
 ui  ui  f i D (2.12.b)
Li Li

Ei 1 Ai 1 E E A
ui 1  i 1 i 1 uiD1  f i E1 (2.12.c)
Li 1 Li 1

Ei 1 Ai 1 E E A
 ui 1  i 1 i 1 uiD1  f i D
1 (2.12.d)
Li 1 Li 1

Somando as equações (2.12.b) e (2.12.c) e introduzindo as relações (2.10) e


(2.11) nas três equações resultantes, obtemos:

Ei Ai E Ei Ai
ui  u  fiE (2.13.a)
Li Li i 1

Ei Ai E  Ei Ai Ei 1 Ai 1  E A
 ui    ui 1  i 1 i 1 uiD1  f i (2.13.b)
Li  Li Li 1  Li 1

Ei 1 Ai 1 E A
 ui  i 1 i 1 uiD1  f i D
1 (2.13.c)
Li 1 Li 1

Retornando à notação matricial, as equações (2.9) a (2.11) são dispostas sob a


forma:

 Ei Ai Ei Ai 
  0  E
 Li Li   ui   f i 
E

 Ei Ai    
 i 1 i 1  ui 1    f i 1 
Ei Ai Ei 1 Ai 1 E A
 (2.14)
 Li Li Li 1 
Li 1  D   D 
 E A Ei 1 Ai 1  ui 1   f i 1 
 0  i 1 i 1 
 Li 1 Li 1 

19
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

fiE fiD f i E1 fiD


1

Ei, Ai, Li Ei+1, Ai+1, Li+1


i i+1 i+1 i+2

uiE uiD uiE1 uiD1

Figura 2.3

Considerando o exemplo ilustrado na Figura 2.1, aplicando o procedimento


descrito acima aos elementos que compartilham os nós 2 e 3, obtemos a seguinte
relação matricial-vetorial:

 E1 A1 E1 A1 
 L  0 0 
L1
 1  u   f 
 E1 A1 E1 A1 E2 A2
 
E2 A2
0    
1 1
 L1 L1 L2 L2  u 2   f 2 
 (2.15)
 E A E2 A2 E3 A3 E3 A3  u3   f 3 
 0  2 2       
 L2 L2 L3 L3  u   f 
 4  4
 E3 A3 E3 A3 
 0 0 
 L3 L3 

A equação acima pode ainda ser escrita na forma compacta:

     
K g  U g  F g (2.16)

onde U     u
g
1 u2 u3
T
 
u4  e F  g    f1 f2 f3 f4 
T
são, respectivamente, os

vetores de deslocamentos e forças em nível global e  K  g   é denominada matriz de


rigidez global. Podemos observar que se trata de uma matriz simétrica
K g   K g  .
T

   
O processo de obtenção da matriz de rigidez global a partir das matrizes
elementares e denominado montagem da matriz global. Um procedimento mais
geral de montagem, bem adaptado à implementação computacional, pode ser

20
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

formulado através da introdução de matrizes de transformação, compreendendo as


seguintes etapas:

1ª) Para cada elemento, estabelecemos relações matriciais expressando as


transformações dos deslocamentos nodais em nível elementar com os deslocamentos
nodais em nível global. Assim, no exemplo considerado:

 u1 
uiE  u 
 2
 D   Ti 24    i=1,2,3
ui  u3 
u4 

2ª) Pré-multiplicamos as matrizes de rigidez elementares por Ti T e a pós-


multiplicamos por Ti , para obter as matrizes elementares expandidas, com a
mesma dimensão da matriz de rigidez global:

K  
i
e
44   
 Ti T42  Kie  22  Ti 24  i=1,2,3

3ª) Adicionamos as matrizes elementares expandidas para obter finalmente a


matriz de rigidez global. No exemplo:

3
 K  g      K i e  
  i 1  

Detalhamos, a seguir, o procedimento de construção da matriz de rigidez


global para o exemplo considerado:

• elemento nº 1:

 u1 
u1E   
1 0 0 0 u2 
 D   
u1  0 1 0 0 u3 
u4 

 E1 A1 E1 A1 
 L  0 0
1 0  E A EA L1
0
1 1  1 1  1 
1  L1
K     T   
1
e
1
T
K1e  T1   
0

0  E1 A1
L1

1 0 0 0 

E1 A1  0 1 0 0  L1
EA
  1 1
E1 A1
L1
0 0

   0 0 0
0 0  L1 L1 

0

 0 0 0 0

21
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

• elemento nº 2:

 u1 
u2E  0 1 0 0 u2 
 D    
u2  0 0 1 0 u3 
u4 

0 0 0 0
0 0  E A E2 A2   E2 A2 E2 A2 
1
2 2  
0  L2
0 0
L2  0 1 0 0 
K     T   
2
e
2
T e
K 2 T2   
0

1  E2 A2
  
E2 A2  0 0 1 0 
L2
E A
L2
E2 A2

0  2 2 0
   
0 0  L2 L2  L2 L2
0 0 0 0

• elemento nº 3:

 u1 
u3E   
0 0 1 0 u2 
 D   
u3  0 0 0 1 u3 
u4 

0 0 0 0 
0 0  E3 A3 E A  0 0 0 0 
0  3 3 
0  L3
K     T   
3
e
3
T e
K 3 T3   
1

0  E3 A3
L3 0 0 1 0 0
 
E3 A3  0 0 0 1 
0
E3 A3
L3
E A
 3 3
L3 
   E3 A3 
0 1  L3 L3 
0
E A
0  3 3 
 L3 L3 

 K  g     K1 e     K 2 e     K 3 e  
       

 E1 A1 E1 A1 
 L  0 0 
L1
 1 
 E1 A1 E1 A1 E2 A2

E2 A2
 0 
 L1 L1 L2 L2 

E2 A2 E2 A2 E3 A3 E3 A3 
 0    
 L2 L2 L3 L3 
 E3 A3 E3 A3 
 0 0 
 L3 L3 

22
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

2.1.3 – Imposição das condições de contorno

As equações (2.15) devem ser modificadas para levar em conta que os valores
dos deslocamentos nos nós extremos (1 e 4) podem ser prescritos. Admitamos que as
condições de contorno sejam as seguintes:

u1  u1 (2.17.a)

u4  u4 (2.17.b)

onde u1 e u4 são os valores conhecidos, podendo ser nulos ou não.


Desenvolvendo (2.15) e impondo as condições dadas em (2.17), obtemos:

 E1 A1 E1 A1  E1 A1 E1 A1
 L u1  L u2  f1  L u1  L u2  f1
 1 1  1 1
 
 
 E1 A1 u   E1 A1  E2 A2 u  E2 A2 u  f  E1 A1  E2 A2 u  E2 A2 u  f  E1 A1 u
 L1 1  L1 L2   2
L2
3 2  L1 L2 
2
L2
3 2
L1
1
 
 
 
 E2 A2 u   E2 A2  E3 A3 u  E3 A3 u  f  E2 A2 u   E2 A2  E3 A3 u  f  E3 A3 u
2  
 L2  L2 L3 
3
L3
4 3
 L2 2  L2 L3 
3 3
L3
4
 
 
 E A E A  E A E A
 3 3 u3  3 3 u 4  f 4  3 3 u3  3 3 u 4  f 4
 L3 L3  L3 L3
(2.18)

Determinamos os deslocamentos nodais incógnitos u2 e u3 resolvendo


simultaneamente a segunda e a terceira equações do sistema de equações acima:

 E1 A1 E2 A2 E2 A2   EA 
 L  L 
L2  
 2 
u
f 2  1 1 u1 
L1 
 1 2   
  E A E2 A2 E A E A
2 2
 3 3  u3   f 3  3 3 u4 
 L2 L2 L3   L3 

1
 E1 A1 E2 A2   E1 A1 
 k2   f 2  L u1 
u2   L1 L2 
  E A  
1 (2.19)
u3    2 2 E2 A2 E3 A3  E3 A3 
  f3  u4 
 L2 L2 L3   L3 

23
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

Os valores das forças de reação nos nós 1 e 4 são finalmente determinados


através da primeira e quarta equações do sistema (2.18):


 f1  L u1  u2 
E1 A1
 1
 (2.20)
 f  E3 A3 u  u 
 4 L3
4 3

É importante observar que, após a imposição das condições de contorno, a


matriz de rigidez modificada, deve ser inversível para que a operação indicada em
(2.20) possa ser efetuada. Este será sempre o caso quando as condições de contorno
impostas forem suficientes para impedir que o sistema mecânico seja
cinematicamente variável ou, em outras palavras, que possa se movimentar sem
que haja deformação de pelo menos uma das molas.
Um procedimento sistemático para imposição das condições de contorno e
cálculo das forças de reação, bem adaptado à implementação computacional,
consiste em particionar os graus de liberdade em dois conjuntos: graus de liberdade
livres e graus de liberdade impostos. No nosso exemplo, estes dois conjuntos seriam:

• graus de liberdade livres: U      u


g
2
T
 
u3  ; F g    f 2 f3 
T

• graus de liberdade impostos: U      u g


1
T
 
u4  ; F g    f1 f4 
T

Após reordenação das equações, o sistema (2.13) pode ser expresso sob a
forma:


         F   
 K  g    K ig     U  g  
g

   g   
  K ig    K ii g     U i
       F    i
g

Do sistema acima tiramos duas equações matriciais:

 
 g  g  g  g
 K   U    K i  U i  F
g
    (2.21)

 
 g  g  g  g
 K i  U    K ii  U i  Fi
g
    (2.22)

De (2.21) obtemos os valores dos deslocamentos nodais correspondentes aos


graus de liberdade livres e, em seguida, a partir de (2.22) calculamos as forças de
reação correspondentes aos graus de liberdade impostos:

U      K    F      K    U   
1

g g
 
g
i
g
i
g
(2.23)

F      K    U      K    U   
i
g
i
g

g
ii
g
i
g
(2.24)

24
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

2.1.4 – Cálculos complementares

No problema em apreço, os cálculos complementares objetivam a


determinação das deformações e tensões normais a partir dos campos de
deslocamentos. Isso é feito relembrando as seguintes relações básicas da teoria de
Mecânica dos Sólidos:

du  x 
 x   (2.25.a)
dx

du  x 
  x   E  x   E (2.25.b)
dx

Associando as Eqs. (2.25) com a Eq. (2.3), obtêm-se as deformações e tensões


no interior do elemento genérico i sob a forma:

uiD  uiE
 i  xi   constante (2.26.a)
Li

uiD  uiE
 i  xi   Ei constante (2.26.b)
Li

Relembrando que após a resolução das equações (2.23) todos os deslocamentos


nodais são conhecidos, as equações (2.26) podem ser facilmente avaliadas.

2.1.5 – Exemplo

Para os sistemas de barras ilustrados abaixo determinar: a) os deslocamentos nos


nós; b) as reações de apoio; c) as tensões normais em cada barra. Considere os
valores:

E=2,1 1011 N/m2 ; A=5,0 cm2 ; L=0,2 m; F=3000 N

3E,A
E,A 2E,A
F E, A/2 3F

L L 2L 1,5L

A resolução é feita utilizando o programa sist_barras.m, escrito em


linguagem MATLAB®, cujo código é fornecido a seguir.

25
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

Os resultados obtidos são os seguintes (nós e barras numeradas da esquerda


para a direita)

Deslocamentos(m) Reações de Apoio (N) Tensões(N/m2)


Nó 1 0 Nó 1 5,4469×103 Barra 1 1,0894×107
Nó 2 0,1038×10-4 Nó 5 9,5531×103 Barra 2 0,4894×107
Nó 3 0,1271×10-4 Barra 3 0,2212×107
Nó 4 0,0849×10-4 Barra 4 1,9106×107
Nó 5 0

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Programa SIST_BARRAS.M para análise estática por EF de sistemas
% constituídos por barras unidirecionais.
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

% ENTRADA DE DADOS

% E(N/m^2) A(m^2) L(m)


propriedades=[ 2.1e11 5e-4 0.2;
2*2.1e11 5e-4 0.2;
2.1e11 5e-4/2 2*0.2;
3*2.1e11 5e-4 1.4*0.2];
F=3000;

% número de elementos
[nb_ele,dummy]=size(propriedades);

% número de nós
nb_node = nb_ele+1;

% matriz de conectividade
mat_conect=[1 2
2 3
3 4
4 5];

% condições de contorno nos gdl impostos


cond_cont=[1 0
5 0];

% forças externas aplicadas nos gld livres


forcas_aplic= [ 2 F
3 F
4 3*F]; % valores em Newtons

% CONSTRUÇÃO DAS MATRIZES ELEMENTARES E MONTAGEM DA MATRIZ DE RIGIDEZ GLOBAL


K_global=zeros(nb_node);
for ii=1:nb_ele
coef=propriedades(ii,1)*propriedades(ii,2)/propriedades(ii,3);
K_elementar=coef*[1 -1 ; -1 1];
mat_ident=eye(nb_node);
mat_transf=[mat_ident(mat_conect(ii,1),:); mat_ident(mat_conect(ii,2),:)];
K_global=K_global+mat_transf'*K_elementar*mat_transf;
end

26
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

% IMPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PELO MÉTODO DO PARTICIONAMENTO DA


% MATRIZ DE RIGIDEZ
% identificação dos gdl livres e gdl impostos
gdl_livres=forcas_aplic(:,1);
gdl_impostos = cond_cont(:,1);
% construção das submatrizes de rigidez
K_ll=K_global(gdl_livres,gdl_livres);
K_li=K_global(gdl_livres,gdl_impostos);
K_ii=K_global(gdl_impostos,gdl_impostos);

% construção dos vetores de forças nos gdl livres e de deslocamentos nos


% gdl impostos
f_liv=forcas_aplic(:,2);
d_imp=cond_cont(:,2);

% CÁLCULO DOS DESLOCAMENTOS NOS GDL LIVRES E FORÇAS DE REAÇÃO NOS GDL
% IMPOSTOS
d_liv=inv(K_ll)*(f_liv-K_li*d_imp)
f_imp=K_li'*d_liv+K_ii*d_imp
d_completo=zeros(nb_node,1);
d_completo(gdl_livres)=d_liv;
delta_d=diff(d_completo);
for ii=1:nb_ele
sigma(ii)=delta_d(ii)*propriedades(ii,1)/propriedades(ii,3);
end

% APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS


disp('Deslocamentos(m)');d_completo
disp('Reações(N)');f_imp
disp('Tensões(N/m^2)');sigma

2.2 - Aplicação do processo direto a outros tipos de problemas


unidimensionais

A formulação do MEF pelo processo direto, ilustrado na seção 2.1 para


sistemas formados por associações de barras em solicitadas longitudinalmente pode
ser utilizado para a resolução de vários outros tipos de problemas unidimensionais
em regime permanente nas áreas de Mecânica dos Sólidos, Mecânica dos Fluidos e
Transferência de Calor. Para cada um destes tipos de problemas o processo consiste
em determinar, a partir da aplicação das leis Físicas pertinentes e da utilização de
funções de interpolação lineares, as equações equivalentes às equações de equilíbrio
das molas. A partir daí, o procedimento de montagem e resolução das equações
globais segue o mesmo procedimento estudado anteriormente. A obtenção das
equações equivalentes é ilustrada a seguir.

2.2.1 Eixos sujeitos a torção

Consideramos aqui sistemas formados por eixos solicitados por momentos


torsores (torques), conforme mostrado na Figura 2.4, na qual, para cada segmento,
indicam Gi , J i , Li , respectivamente, o módulo de cisalhamento, momento polar de
inércia da seção transversal (para eixos de seção transversal circular de raio Ri,
J i  Ri4 2 ) e o comprimento. Além disso, Ti ,i designam, respectivamente, os

27
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

torques aplicados e ângulos de torção das seções transversais nos nós que delimitam
cada segmento, que é assimilado a um elemento finito com dois nós.

T1 ,1 T2 ,2
T3 , 3
(1) (2)

G1, J1, L1 G2, J2, L2

TiD , i Ti E
D
TiE, i
E
Ti D
iE
iD
(i) E Gi, Ji, Li
D
xi
Gi, Ji, Li

Figura 2.4

Adotamos uma aproximação linear para representar o campo de rotação no


interior do elemento, da forma:

i xi   ai  bi xi 0  xi  Li  (2.25)

As constantes ai e bi são expressas em função dos deslocamentos nodais


impondo-se as condições:

 i 0    iE  a i   iE (2.26.a)

 iD   iE
 
 i Li   iD  bi  (2.26.b)
Li

Associando as equações (2.1) e (2.2) obtemos a expressão do campo de


deslocamentos no interior do elemento sob a forma:

i  xi    E  xi iE   D  xi iD 0  xi  Li  (2.27)

onde

 xi   xi 
 E xi   1  ;  D  xi     0  xi  Li  (2.28)
 Li   
Li

são as funções de interpolação ou funções de forma obtidas para o elemento finito.


Admitindo que todo o conjunto e, portanto, cada elemento, encontra-se em
equilíbrio, temos:
28
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

Ti D  Ti E

Com base na Resistência dos Materiais podemos escrever:

di  xi 
Ti E  Gi J i (2.29.a)
dxi

di  xi 
Ti D  Gi J i (2.29.b)
dxi

Derivando a expressão (2.27) e reintroduzindo o resultado nas equações


(2.29), obtemos as seguintes equações dispostas na forma matricial:

 Gi J i Gi J i 
 L 
Li  iE  Ti E 
 i   (2.30)
 Gi J i Gi J i   D  T D 
 i   i 
 Li Li 

O procedimento de montagem das equações globais e imposição das condições


de contorno e carregamentos é feito da mesma forma adotada para os sistemas de
barras considerados na Seção 2.1.

2.2.1 Transferência de calor unidimensional em regime permanente

Tratamos aqui problema de transferência de calor unidimensional em regime


permanente em uma barra constituída pela associação de vários segmentos, como
ilustrado na Figura 2.5, onde Ki, Ai e Li designam, respectivamente, o coeficiente de
condutividade térmica, a área da seção transversal e o comprimento dos segmentos
que compõem a barra. O problema a ser resolvido consiste em determinar a
distribuição de temperatura T(x) para dadas condições de contorno impostas nas
extremidades.
A Figura 2.5 mostra ainda segmento genérico i da barra, e o elemento finito
com dois nós a ele associado.

29
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

K1, A1, L1
K2, A2, L2
K3, A3, L3
Q1 Q4
1 2 3 4
T1 T2 T3 T4

Ti E Ki, Ai, Li Ti D

qiE qiD qiE E Ki, Ai, Li D qD


i
i
Ti E xi Ti D
E D
Figura 2.5
Ti E  Ti D

Recordamos a seguir as equações pertinentes aos dois mecanismos de


transferência de calor (condução e convecção) envolvidos no problema em questão.

Condução (Lei de Fourier):

qi

dT
qi   K i Ai
dx (2.31)

Convecção:

TP
T
qi

qi  hi Ai TP  T 
(2.32)

Adotamos uma aproximação linear para representar o campo de


temperaturas no interior do elemento, da forma:

Ti  xi   ai  bi xi 0  xi  Li  (2.33)

30
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

As constantes ai e bi são expressas em função dos deslocamentos nodais


impondo-se as condições:

Ti 0   Ti E  ai  Ti E (2.34.a)

Ti D  Ti E
Ti Li   Ti D  bi  (2.34.b)
Li

Associando as equações (2.33) e (2.34) obtemos a expressão do campo de


deslocamentos no interior do elemento sob a forma:

Ti  xi    E  xi Ti E   D  xi Ti D 0  xi  Li  (2.35)

onde

 xi   xi 
 E xi   1  ;  D  xi     0  xi  Li  (2.36)
 Li   i
L

são as funções de interpolação ou funções de forma.


Admitindo que todo o conjunto e, portando, cada elemento, encontra-se em
equilíbrio térmico (transferência de calor em regime permanente), temos:

qiD  qiE

Com base na Lei de Fourier, expressa em (2.31), podemos escrever:

dTi  xi 
qiE   Ki Ai (2.37.a)
dxi

di  xi 
qiD  Ki Ai (2.37.b)
dxi

Derivando a expressão (2.35) e reintroduzindo o resultado nas equações


(2.37), obtemos as seguintes equações dispostas na forma matricial:

 Ki Ai K i Ai 
 L 
Li  Ti E   qiE 
 i   (2.38)
 i Ai
K K i Ai  T D  q D 
 i   i 
 Li Li 

O procedimento de montagem das equações globais e imposição das condições


de contorno e carregamentos é feito da mesma forma adotada para os sistemas de
barras considerados na Seção 2.1.
Uma especificidade a ser considerada neste problema é que são possíveis
combinações de três tipos de condição de contorno aplicadas nas extremidades da
31
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

barra: valor do calor imposto; valor da temperatura imposta; condição de contorno


do tipo convecção com o valor da temperatura T imposto.
A condição de contorno do tipo temperatura imposta deve ser tratada da
mesma forma que os deslocamentos impostos, apresentada na Seção 2.1 e a condição
de calor imposto é análoga à aplicação de uma força de valor conhecido nos
problemas estruturais.
O tratamento das condições de contorno do tipo convecção requer algumas
transformações adicionais das equações, uma vez que este tipo de condição de
contorno envolve as temperaturas das extremidades da barra, que devem ser
determinadas, conforme pode ser visto na Equação (2.32).
Considerando, para exemplificação, a barra discretizada com três elementos
finitos, as equações globais resultantes do procedimento de montagem tomam a
forma:

 K1 A1 K1 A1 
  0 0 
 l1 l1 
 q1   K1 A1 K1 A1 K 2 A2 K 2 A2  T 
 0   l   0  1
   l1 l2 l2  T2 

1
   (2.39)
 0   0 K A K 2 A2 K 3 A3 K 3 A3  T3 
 2 2   
 q4   l2 l2 l3 l3  T4 
 
 0 K 3 A3 K 3 A3 
0 
 l3 l3 

Admitamos que na extremidade 1 tenhamos uma condição de contorno do tipo


temperatura imposta e na extremidade 4 tenhamos uma condição de contorno de
convecção, as quais são expressas segundo:

T1  T1

q4  h4 A3 T4  T 

Introduzindo estas expressões em (2.39), obtemos:

 K1 A1 K1 A1 
 l  0 0 
 1 l1 
 q1   K1 A1 K1 A1 K 2 A2 K 2 A2  T 
 0   l   0  1
   l1 l2 l2  T2 

1
  
 0   0 K 2 A2 K 2 A2 K 3 A3 K 3 A3  T3 
   
h4 A3 T   l2 l2 l3 l3  T4 
 
 0 K 3 A3 K 3 A3
0   h4 A3 
 l3 l3 

32
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

O sistema de equações acima pode ser decomposto em dois conjuntos de


equações cuja resolução fornece o valor das temperaturas desconhecidas T2, T3 e T4
e o calor transferido através da seção transversal no nó 1, segundo:

 K1 A1 K 2 A2 K 2 A2 
   0 
 l1 l2 l2  T 
 0 
  K 3 A3   
2
 K 2 A2 K 2 A2 K 3 A3
 0      T3  (2.40)
h A T   l2 l2 l3 l3  T 
 4 3    4
 K 3 A3 K 3 A3
0   h4 A3 
 l3 l3 
T1 
 
K A K1 A1  T2 
q1   1 1  0 0  
 l1 l1  T3 
T4 

2.2.3 Escoamento de fluidos em regime permanente

Consideremos o problema de escoamento laminar unidimensional em regime


permanente em tubulações que podem ser consideradas constituídas pela associação
de vários segmentos, como ilustrado na Figura 2.6 que mostra a vazão total Q e as
vazões nos diferentes segmentos, indicadas por qi, i=1,2,... O problema consiste em
determinar os valores destas vazões, bem como das pressões nos nós que delimitam
os segmentos.
A Figura 2.6 mostra ainda um segmento arbitrário, de raio interno Ri e
comprimento Li , ao qual é associado um elemento finito delimitado por dois nós E e
D, nos quais estão indicadas as respectivas pressões piE e piD e vazões qiE e qiD .
Além disso, denota-se por  a viscosidade cinemática do fluido.

B q1 C
q1 q1

Q A q3 D Q
F G
q3
q2 q2

E q4 H

qiE
i qiD qiE E Ri, Li D qD
i

piE piD piE xi piD

Figura 2.6

33
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

Similarmente ao procedimento utilizado nos problemas enfocados


anteriormente, adotamos uma aproximação linear para representar o campo de
pressões no interior de cada elemento, da forma:

pi xi   ai  bi xi 0  xi  Li  (2.41)

As constantes ai e bi são expressas em função das pressões nodais impondo-


se as condições:

pi 0  piE  ai  piE (2.42.a)

piD  piE
pi Li   piD  bi  (2.42.b)
Li

Associando as equações (2.41) e (2.42) obtemos a expressão do campo de


deslocamentos no interior do elemento sob a forma:

pi  xi    E  xi  piE   D  xi  piD 0  xi  Li  (2.43)

onde

 xi   xi 
 E xi   1  ;  D  xi     0  xi  Li  (2.44)
 Li   Li 

são as funções de interpolação ou funções de forma.


Como o escoamento ocorre em regime permanente (conservação da massa de
fluido dentro do elemento), temos:

qiD   qiE

Além disso, da Mecânica de Fluidos, sabemos que a vazão é proporcional à


queda de pressão, ou seja:

Ri4 dpi  xi 
qiE   (2.45.a)
8 dxi

Ri4 dpi  xi 
qiD  (2.45.b)
8 dxi

Derivando a expressão (2.43) e reintroduzindo o resultado nas equações


(2.45), obtemos as seguintes equações dispostas na forma matricial:

34
D.A.Rade Resolução de Problemas Unidimensionais pelo M.E.F.

 Ri4 Ri4 
  
 8Li 8Li   piE   qiE 
   (2.46)
 Ri4 Ri4   piD  qiD 
 
 8Li 8Li 

O procedimento de montagem das equações globais e imposição das condições


de contorno e carregamentos é feito da mesma forma adotada para os sistemas de
barras considerados na Seção 2.1.

35
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

CAPÍTULO 3

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS UNIDIMENSIONAIS PELO


M.E.F. FORMULAÇÃO PELO PROCESSO VARIACIONAL

Neste capítulo vamos ilustrar, com o auxílio de problemas unidimensionais e


bidimensionais da Mecânica dos Sólidos e da Dinâmica Estrutural, a utilização do
Processo Variacional, que se baseia no uso do Princípio de Energia Potencial
Mínima e das Equações de Lagrange, respectivamente.

3.1– Análise estática de vigas de Euler-Bernoulli

Nesta seção, o método dos elementos finitos é formulado para a análise


estática (cálculo de deslocamentos, deformações e tensões) em vigas de Euler-
Bernoulli.
Consideraremos a viga mostrada na Figura 3.1 de comprimento L e com
condições de contorno arbitrárias, para a qual se admitem as hipóteses da teoria de
Euler-Bernoulli, sendo E(x) (N/m2) o módulo de elasticidade longitudinal do
material que constitui a viga, e I  x  (m4) o momento de inércia de área da seção
transversal da viga em relação ao eixo centroidal perpendicular ao plano da figura
(a dependência de x indica que estas grandezas podem ao longo do comprimento da
viga que, neste caso, resulta ser não uniforme). Além disso, q(x) (N/m) é o
carregamento transversal distribuído aplicado externamente e v(x) (m) indica o
campo de deslocamentos transversais da viga.
Admitiremos ainda as seguintes hipóteses:

1ª. Consideram-se exclusivamente os efeitos da flexão transversal, não sendo


considerados os efeitos associados ao deslocamento longitudinal;
2ª. Desprezam-se os efeitos do cisalhamento transversal;
3ª. Os deslocamentos e rotações são considerados pequenos;
4ª. Os materiais apresentam comportamento linear elástico linear isotrópico.

q(x)

v(x) x

y Figura 3.1

36
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

3.1.1 – Obtenção das equações de equilíbrio em nível elementar

Admitiremos que a viga mostrada na Figura 3.1 tenha sido dividida em certo
número arbitrário de elementos, cada um deles delimitado por dois nós. A Figura
3.2 mostra um destes elementos, identificado genericamente pelo índice i, contendo
dois nós E e D, cujas propriedades relevantes são indicadas por Li , Ei  xi  , I i xi  .
Além disso qi xi  e vi xi  indicam o carregamento externo e o campo de
deslocamentos transversais no interior do elemento. São indicados os graus de
liberdade escolhidos para o elemento, que são constituídos pelos valores dos
deslocamentos transversais nos nós, viE e viD , e pelas rotações das seções
transversais nos nós,  iE e  iD . Estes graus de liberdade são agrupados no vetor de
graus de liberdade elementares:

u   v
i
e
i
E
 iE viD  iD 
T (3.1)

São também mostrados os momentos fletores nos nós, M iE e M iD , e os esforços


cortantes nos nós, Vi E e Vi D . Estes esforços, que representam as ações entre
elementos vizinhos, formam o vetor de esforços nodais elementares:

q  V
i
e
i
E
M iE Vi D M iD 
T (3.2)

Devemos observar que, de acordo com a teoria de Euler-Bernoulli, vale a


seguinte relação entre as rotações das seções transversais e os deslocamentos
transversais da viga:

vi  xi  (3.3)
 i xi  
xi

M iE  i qi  xi 
E

Ei  xi , I i  xi ,  i  xi 
E D
vi  xi 
E D
Vi viE viD Vi
xi  i  xi 
 iD M iD

Li

Figura 3.2

Os deslocamentos transversais são interpolados pelo seguinte polinômio


cúbico:

37
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

v~i  xi   a0  a1 xi  a2 xi2  a3 xi3 0  xi  Li  (3.4)

Levando em consideração a Eq. (3.3), as rotações das seções transversais


resultam aproximadas pela seguinte função quadrática:

 i xi   a1  2a2 xi  3a3 xi2 0  xi  Li 


~ (3.5)

As equações (3.4) e (3.5) devem satisfazer às seguintes condições:

v~i 0   viE v~i Li   viD (3.6.a)

v~i  xi  v~i  xi  (3.6.b)


  iE   iD
xi x 0 xi x  L
i i i

Impondo as condições (3.6) às aproximações (3.4) e (3.5), obtemos quatro


equações algébricas lineares que, uma vez resolvidas, fornecem as expressões das
constantes ai em função dos graus de liberdade que formam o vetor dado por (3.2), e
o campo de deslocamentos transversais resulta expresso da seguinte forma:

v~i  xi    1 xi viE   2  xi iE   3  xi viD   4  xi iD (3.7.a)

ou:

 
v~i  xi     xi  u ie  , (3.7.b)

com as seguintes funções de interpolação:

 xi    1xi   2  xi   3  xi   4  xi 

x 
2
x 
3 (3.8.a)
 1  xi   1  3 i   2 i 
 Li   Li 

x 
2
x 
3 (3.8.b)
 2  xi   xi  2 Li  i   Li  i 
 Li   Li 

x 
2
x 
3 (3.8.c)
 3  xi   3 i   2 i 
 Li   Li 

x 
2
x 
3 (3.8.d)
 4  xi    Li  i   Li  i 
 Li   Li 
38
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

Estas funções de interpolação são mostradas graficamente na Figura 3.3.

 1  xi   2  xi 

45o
xi
x
Li Li

 3 xi   4  xi 

45o
x
Li Li x

Figura 3.3

As equações (3.7) mostram claramente que o campo de deslocamentos


transversais e rotações das seções transversais são expressos como combinações
lineares dos deslocamentos e rotações nodais, sendo os coeficientes de combinação
linear dados pelas funções de forma.
Visando obter as equações do movimento em nível elementar através do
Princípio da Energia Potencial Mínima, devemos formular a energia potencial,
considerando que, para a viga de Euler-Bernoulli, esta energia inclui a energia de
deformação e o trabalho das forças e momentos externos, sendo expressa segundo:

2
L
1 i  d 2vi  xi  Li
U i   Ei  xi I i  xi   2  dxi   qi  xi vi  xi dxi  Vi vi  M i i  Vi vi  M i i
E E E E D D D D (3.9)
20  dx  0

Introduzindo a aproximação expressa em (3.7.b) em (3.9) após derivação


dupla de v~i xi  em relação a xi , escrevemos:

39
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

Ui 
2
        
1 e  T e  e 
ui Ki ui  uie  Qie  ,
T (3.10)

onde:

 d 2  xi   d 2   xi  (3.11)


 
Li T
K e 
i E  x 
44   i i i i 
 I  x  2   2  dxi ,
0 
 dx i 
 
 dx i 

é a matriz de rigidez do elemento de viga de Euler-Bernoulli, cujo elemento geral é


calculado segundo:

(3.12)
  d 2 m  xi  d 2 n  xi 
Li
K e 
i m, n    Ei  xi I i  xi  dxi , m, n  1a 4
0
dxi2 dxi2

Para o caso em que o módulo de rigidez à flexão e o carregamento distribuído


são constantes no interior do elemento: Ei  xi I i  xi   Ei I i , a equação (3.11) conduz à
seguinte expressão para a matriz de rigidez elementar:

 12 6 Li  12 6 Li 
 2 L2i 
 
e Ei I i 
Ki  3
Li 
4 L2i  6 Li
12 6 Li 
(3.13)
 
simétrica 4 L2i 

 
Na Eq. (4.10), Qie  é o vetor de esforços generalizados, dado por:

 V E  Li q  x   x dx 
 i 0 i i 1 i i 
 E 
qi xi  2  xi dxi  (3.14)
Li

 
e 
Qi  
M i  0

 Vi D   qi xi  3  xi dxi 
Li

 0

M i   i qi  xi  4 xi dxi 
D L
 0 

Admitindo que o carregamento distribuído seja constante no interior do


elemento ( qi  xi   qi ), após efetuar as integrações indicadas em (3.14), obtemos:

40
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

 E qi Li 
 Vi  2 
 ~
2   Vi E 
q L
M E  i i   ~ E 
 
e  i
Qi  
q
12    M i 
L ~D (3.15)
 Vi D  i i   Vi 
 2  M ~ D
 D qi Li  2  i 
M i  
 12 

A condição de estacionariedade da energia potencial é:

(3.16)
 0,
dU i
 
d u e 
i

que, aplicada à expressão (3.10), conduz a:

K   u    Q ,


i
e
i
e
i
e (3.17)

A Eq. (3.17) representa as equações de equilíbrio do elemento finito de viga de


Euler-Bernoulli em nível elementar. Na sequência, as equações referentes a cada
elemento deverão ser combinadas para levar em conta a conexão existente entre
elementos vizinhos.

3.1.2 Montagem das equações de equilíbrio globais

Na seção anterior, as equações do movimento foram obtidas para um


elemento genérico considerado isolado. Entretanto, deve ser considerado que a viga
é discretizada em vários elementos de modo que elementos vizinhos compartilham
nós, conforme ilustrado na Figura 3.4 para dois elementos contíguos i e j.

41
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

graus de liberdade e esforços elementares

~ ~
~
M iE iE  iD M iD ~
M Ej  Ej D
j MDj

~ E ~ ~ E ~
Vi E vi Vi D viD V jE v j V jD v Dj

u   v
i
e E
i iE viD iD 
T
u   v
j
e E
j  Ej v Dj  D
j 
T

Q  V~


i
e
i
E ~ ~
M iE Vi D
~ T
M iD  Q  V~
j
e
j
E ~ ~
M Ej V jD
~ T
MD
j 

graus de liberdade e esforços globais

~ ~ ~
M I I M J J M K K
I J K

~ vI ~ ~
VI VJ vJ VK vK

u  v
g
I I vJ J vK  K T

Q  V~


g
I
~
MI
~
VJ
~
MJ
~
VK
~
MK T

Figura 3.4

As equações do movimento dos dois elementos devem ser combinadas de


modo que seja assegurado o equilíbrio de esforços e a continuidade de deslocamentos
e rotações nos nós que são compartilhados por dois elementos vizinhos. Este

42
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

procedimento será ilustrado a seguir para os dois elementos mostrados na Figura


4.4.
Estabelecem-se, para cada elemento, transformações lineares relacionando os
graus de liberdade elementares e os graus de liberdade globais, sob a forma:

u 
i
e
41  
 Li 46  u  g 
61
, (3.18.a)

u  
j
e
41
   
 L j   ug 
46 61
, (3.18.b)

O esquema da Figura 4.4 permite facilmente construir as matrizes  Li  e


 L j  , conforme mostrado abaixo. Nota-se que são matrizes booleanas (formadas por
zeros e uns) nas quais as posições dos uns permitem localizar os graus de liberdade
elementares dentre os graus de liberdade globais.

 Elemento i

 vI 
 viE  1 0 0 0 0 0   I 
 E 
i  0 1 0 0 0 0  vJ  (3.19.a)
 D  ,
 vi  0 0 1 0 0 0  J 
 D  0 0 0 1 0

0 vK 
 i   
 K 

 Elemento j

 vI 
 v Ej  0 0 1 0 0 0   I 
 E 
 j  0 0 0 1 0 0  vJ  (3.19.b)
 D  ,
 v j  0 0 0 0 1 0  J 
 D  0 0 0 0 0

1  v K 
 j   
 K 

Para o sistema formado pelos elementos i e j escreve-se a energia potencial


total sob a forma:

U  Ui  U j , (3.20)

Associando as Eqs. (3.10), (3.18) e (3.20), obtemos a energia potencial total


expressa sob a seguinte forma, em termos dos graus de liberdade globais:

43
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

U
2
u        
1 g  T g  g 
K u  u g  Qg  ,
T (3.21)

com:

K  
g
66 
 
 Li T Kie  Li   L j  T K je L j , (3.22)

e:

Q  L  Q  L  Q ,


g
i
T
i
e
j
T
j
e (3.23)

Aplicando novamente a condição de estacionariedade da energia potencial


total, escrevemos:

dU
    
 0  K  g  u  g   Q  g  ,
(3.24)
 
d ug 

O procedimento aqui ilustrado para o acoplamento de apenas dois elementos


deve ser aplicado sucessivamente para o acoplamento de todos os elementos que
compõem o modelo. Assim, para um modelo contendo n _ e elementos, a matriz de
rigidez e vetor de esforços em nível global são computados da seguinte forma:

K     L  K   L ,
n_e
g T e
i i i (3.25)
i 1

Q   L  Q . (3.26)


n_e
g T e
i i
i 1

Com relação à montagem do vetor de esforços em nível global, vale observar


que, em virtude da Terceira Lei de Newton (Ação-Reação), as componentes
V 
M iE Vi D M iD que aparecem em (3.15) se anulam como resultado das
i
E

operações indicadas em (3.26).

3.1.3 Imposição das condições do contorno

Conforme já discutido no Capítulo 2, as equações de equilíbrio globais devem


ser modificadas para levar em conta o fato que alguns deslocamentos e/ou rotações
têm seus valores prescritos (as chamadas condições de contorno). Para este efeito, as
matrizes e vetores que figuram em (3.24) são particionados segundo os graus de
liberdades ditos “livres”, que não são afetados pelas condições de contorno e os graus
de liberdade denominados “impostos” que são aqueles cujos valores são prescritos.

44
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

Os primeiros são doravante indicados por subscritos “ℓ” e os últimos por subscritos
“i” nas equações de equilíbrio globais, que se expressam segundo:

  K    U     Q   ,


 g 
 K 
g
i 
g

g
(3.27)
  K    U    Q  
 g 
 K i ii
g
i
g
i
g

Do sistema acima tiramos as duas equações matriciais seguintes:

K    U   K   U   Q ,


g
 
g g
i i
g

g (3.28.a)

K    U   K   U   Q ,


i
g

g
ii
g
i
g
i
g (3.28.b)

Resolvendo (3.28.a) obtemos os valores dos deslocamentos nodais


correspondentes aos graus de liberdade livres e, em seguida, a partir de (3.28.b)
calculamos as forças de reação correspondentes aos graus de liberdade impostos:

U   K    Q  K   U  ,



g g 1
 
g g
i i
g (3.29.a)

Q  K    U   K   U  ,


i
g
i
g

g
ii
g
i
g (3.29.b)

3.1.4 Realização de cálculos complementares

Uma vez calculados os valores dos deslocamentos e rotações nodais, podemos


calcular as deformações e tensões em qualquer ponto no interior dos elementos ou
mesmo nos nós.
Com base na teoria de vigas de Euler-Bernoulli, sabemos que as deformações
e tensões de flexão variam linearmente com a distância do ponto considerado ao eixo
neutro da viga, conforme mostrado na Figura 3.5. Ilustramos, na sequência, o
procedimento de cálculo das máximas deformações e máximas tensões normais, no
interior de um elemento arbitrário, para os pontos mais afastados da linha neutra.

 max , max

ymax

Figura 3.5

45
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

De acordo com a Teoria de Euler Bernoulli, as deformações e tensões podem


ser calculadas a partir das seguintes relações:

d 2v  x 
  x, y    y
dx 2
d 2v  x 
  x, y    E y
dx 2

Assim, considerando a aproximação dada por (3.7.b), as deformações e as


tensões máximas no interior do i-ésimo elemento são obtidas segundo:

d 2vi  xi 
 max  xi   
dxi2
 
ymax    xi  uie  ymax , 0  xi  Li , (3.30.a)

d 2vi xi 
 max  xi    Ei
dxi2
 
ymax   Ei  xi  uie  ymax , 0  xi  Li (3.30.b)

3.1.5 Exemplo

Utilizando o programa viga_estatico.m, calcular os deslocamentos transversais e


as máximas tensões de flexão ao longo da viga uniforme em balanço ilustrada
abaixo. Comparar os resultados com os valores teóricos previstos pela teoria de
Euler-Bernoulli.

Dados:

L = 2,0 m
P = 200 N
E = 2,1×1011 N/m2
Seção transversal: retangular 5,0 ×1,0 cm2
0,05  0,013 5
Momento de inércia: Iz =   10 8 m4
12 12

x
L

46
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Programa para análise estática por EF de vigas retas - Teoria de Euler-Bernoulli
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Domingos Alves Rade Última modificação: 21/04/2014
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
clc; close all; clear

% ENTRADA DE DADOS

% propriedades físicas e geométricas dos elementos (discretização com


% cinco elementos)
% [E(N/m^2) I(m^4) L(m) q(N/m) ymax]
propriedades = [2.10e11 5/12*1e-8 0.4 0 0.005;
2.10e11 5/12*1e-8 0.4 0 0.005;
2.10e11 5/12*1e-8 0.4 0 0.005;
2.10e11 5/12*1e-8 0.4 0 0.005;
2.10e11 5/12*1e-8 0.4 0 0.005];

% número de elementos
[nb_ele,dummy]=size(propriedades);
nb_nos=nb_ele+1;

% número de graus de liberdade em nível elementar e em nível global


nb_gdl_ele = 4;
nb_gdl_glo = nb_nos*2;

% geração da matriz de conectividade - graus de liberdade ordenados segundo:

% 1: nó 1, direção y
% 2: nó 1, direção theta
% 3: nó 2, direção y
% 4: nó 2, direção theta, ...

% construção da matriz de conectividade

mat_conect=[ 1 2 3 4
3 4 5 6
5 6 7 8
7 8 9 10
9 10 11 12 ];

% condições de contorno nos gdl impostos


cond_cont=[ 1 0
2 0];

% forças externas aplicadas nos gld livres valores em Newtons


forcas_aplic= [ 3 0;
4 0;
5 0;
6 0;
7 0;
8 0;
9 0;
10 0;
11 -30;
12 0];

% CONSTRUÇÃO DAS MATRIZES ELEMENTARES E MONTAGEM DA MATRIZ DE RIGIDEZ GLOBAL


%
% CONSTRUÇÃO DOS VETORES DE ESFORÇOS NODAIS ASSOCIADOS AO CARREGAMENTO
% TRANSVERSAL DISTRIBUÍDO
%
K_glob=zeros(nb_gdl_glo);
F_glob=zeros(nb_gdl_glo,1);
%
for ii=1:nb_ele
K_ele=zeros(nb_gdl_ele);
E=propriedades(ii,1);
I=propriedades(ii,2);
L=propriedades(ii,3);

coef_flex_k=E*I/L^3;

47
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

K_ele=coef_flex_k*[12 6*L -12 6*L


0 4*L^2 -6*L 2*L^2
0 0 12 -6*L
0 0 0 4*L^2];

K_ele=K_ele'+K_ele-diag(diag(K_ele));

mat_ident=eye(nb_gdl_glo);
mat_transf=[mat_ident(mat_conect(ii,1),:); mat_ident(mat_conect(ii,2),:); ...
mat_ident(mat_conect(ii,3),:); mat_ident(mat_conect(ii,4),:)]; ...
K_glob=K_glob+mat_transf'*K_ele*mat_transf;

f_ele=zeros(nb_gdl_ele,1);
q=propriedades(ii,4);
f_ele=0*[q*L/2 q*L^2/12 q*L/2 -q*L^2/12]';
F_glob=F_glob+mat_transf'*f_ele;

end

% IMPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PELO MÉTODO DO PARTICIONAMENTO DA MATRIZ DE RIGIDEZ


%identificacao dos gdl livres e gdl impostos
gdl_livres=forcas_aplic(:,1);
gdl_impostos = cond_cont(:,1);

% construção das submatrizes de rigidez


K_ll=K_glob(gdl_livres,gdl_livres);
K_li=K_glob(gdl_livres,gdl_impostos);
K_ii=K_glob(gdl_impostos,gdl_impostos);

K_glob=K_ll;
%
% construção dos vetores de forças nos gdl livres e de deslocamentos nos gdl impostos
f_liv=forcas_aplic(:,2)+F_glob(gdl_livres,1);
d_imp=cond_cont(:,2);

% CÁLCULO DOS DESLOCAMENTOS NOS GDL LIVRES E FORÇAS DE REAÇÃO NOS GDL IMPOSTOS
d_liv=inv(K_ll)*(f_liv-K_li*d_imp);
des_global=zeros(nb_gdl_glo,1);
des_global(cond_cont(:,1))=cond_cont(:,2);
des_global(forcas_aplic(:,1))=d_liv;

disp('Deslocamentos (em metros)');


desloc_trans=des_global(1:2:nb_nos*2-1)
disp('Rotação da seção transversal(em rad)');
rot=des_global(2:2:nb_nos*2)
disp('Reacoes de apoio (em N) ');
f_imp=(K_li'*d_liv+K_ii*d_imp)

% CÁLCULO DAS TENSÕES NORMAIS DE FLEXÃO MÁXIMAS NOS NÓS

for ii=1:nb_ele
E=propriedades(ii,1);
L=propriedades(ii,3);
y_max=propriedades(ii,5);
u_e= des_global(mat_conect(ii,:));
x=0;
psi2_0=[-6/L^2+12*x/L^3 -4/L+6*x/L^2 6/L^2-12*x/L^3 -2/L+6*x/L^2];
x=L;
psi2_L=[-6/L^2+12*x/L^3 -4/L+6*x/L^2 6/L^2-12*x/L^3 -2/L+6*x/L^2];

mat_sigma(ii,1)=-E*psi2_0*u_e*y_max;
mat_sigma(ii,2)=-E*psi2_L*u_e*y_max;
end
sigma_disp1=[mat_sigma(:,1);0];
sigma_disp2=[0;mat_sigma(:,2)];
sigma_disp=(sigma_disp1+sigma_disp1)/2;
disp('Tensões normais (em N/m^2)');
sigma_disp

% plotagem dos deslocamentos


figure(1)
plot((0:nb_nos-1)*.4,desloc_trans)
title('DESLOCAMENTOS TRANSVERSAIS')
ylabel('Deslocamento (m)');
xlabel('x(m)')

48
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

% plotagem das rotações


figure(2)
plot((0:nb_nos-1)*.4,rot)
title('ROTAÇÕES DAS SEÇÕES TRANSVERSAIS')
ylabel('Rotação (rad)');
xlabel('x(m)')

% plotagem das tensões


figure
plot((0:nb_nos-1)*.4,sigma_disp)
title('TENSÕES NORMAIS')
ylabel('Tensão normal de flexão (N/m^2)');
xlabel('x(m)')

Os valores teóricos são obtidos pela resolução da equação diferencial da linha


elástica:

d 2v  x  P L  x 
 0 x  L,
dx 2 EI

PL  x  ymax
 x    0  x  L,
I

o que leva a:

P  Lx 2 x 3 
v x    0 x L,
EI  2 6 

P  x2 
 x   Lx   0  x  L,
EI  2 

 max  x    L  x 
Pymax
0 x L,
I

As tabelas abaixo permitem comparar os valores teóricos os correspondentes


obtidos pela modelagem por elementos finitos, nas posições correspondentes aos nós
do modelo utilizado.

Valores de deslocamentos (m)


x(m) teórico MEF erro(%)
0,0 0,0000 0,0000 0,0000
0,4 0,0051 0,0051 0,0000
0,8 0,0190 0,0190 0,0000
1,2 0,0395 0,0395 0,0000
1,6 0,0644 0,0644 0,0000
2,0 0,0914 0,0914 0,0000

49
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

Valores de rotações (rad)


x(m) teórico MEF erro(%)
0,0 0 0 0,0000
0,4 0,0247 0,0247 0,0000
0,8 0,0439 0,0439 0,0000
1,2 0,0576 0,0576 0,0000
1,6 0,0658 0,0658 0,0000
2,0 0,0686 0,0686 0,0000

Valores de tensões (N/m2)


x(m) teórico MEF erro(%)
0,0 7,2000×107 7,2000×107 0,0000
0,4 5,7600×107 5,7600×107 0,0000
0,8 4,3200×107 4,3200×107 0,0000
1,2 2,8800×107 2,8800×107 0,0000
1,6 1,4400×107 1,4400×107 0,0000
2,0 0,000 0,000 0,0000

É importante observar que, no exemplo em apreço, os resultados obtidos pelo


método dos elementos finitos são idênticos aos resultados teóricos porque a
distribuição de deslocamentos prevista na solução teórica é representada por uma
função cúbica, a qual coincide com a aproximação cúbica adotada na interpolação
dos deslocamentos transversais. Para outros casos de carregamento, esta
coincidência não ocorre.

50
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

3.2– Análise de estabilidade linear de colunas

Nesta seção, o Método de Elementos Finitos é formulado para a análise de


estabilidade de colunas comprimidas, com base na teoria de Euler-Bernoulli. Trata-
se, aqui, da determinação das cargas críticas de flambagem de colunas sujeitas a
cargas de compressão tais como a ilustrada na Figura 3.6.

EI(x)
L
v(x,t)

Figura 3.6

Pode-se mostrar que a energia potencial total da coluna comprimida,


ilustrada na Figura 3.6, é dada por:

L 2
 d 2v  x    dvx   
2
1 
U    E x I x     P  dx  dx , (3.31)
2 0  dx 

2
  
 

onde o primeiro termo do integrando representa a energia elástica associada à


flexão e o segundo termo representa o trabalho da força P devido ao deslocamento
vertical do ponto de aplicação desta força, provocado pela flexão.
Seguindo o mesmo procedimento detalhado na Seção 3.1, admitimos que a
coluna tenha sido dividida em um número arbitrário de elementos, sendo um
elemento típico ilustrado na Figura 3.7, com os seus respectivos graus de liberdade e
esforços nodais.

51
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

M iE  i
E

Ei xi , I i xi 
Pi E D Pi

vi  xi 
D
Vi E viE viD Vi
xi  i  xi 
 iD M iD

Li

Figura 3.7

Com base na expressão (3.31), a energia potencial total do elemento resulta


expressa sob a forma:

2
 d 2vi xi    dvi xi  
L L 2
1 i i

   
U i   Ei xi I i xi   dxi  P    dxi  Vi E viE  M iEiE  Vi D viD  M iDiD (3.32)
0
20  dx 
2
dx 2

Introduzindo a aproximação expressa em (3.7.b) em (3.32), após realização


das operações indicadas, obtemos:

Ui 
2
ui    
1 e  T e 
     
K i  Gie  Pi  uie   uie  Qie  ,
T
(3.33)

   
onde K ie  e Qie  são, respectivamente, a matriz de rigidez, dada pela Eq. (3.13) e o
vetor de esforços nodais em nível elementar, obtido a partir da Eq. (3.15) fazendo
qi  0 , ou seja:

 Vi E 
 E
  M 
Qie    Di  , (3.34)
 Vi 
M D 
 i 

 
Em (3.33), Gie  é a chamada matriz de rigidez geométrica elementar, dada
por:

d   xi T d  xi  (3.35)


 
Li
G e   P 
i i 4 4   Pi  dxi ,
0
dxi dxi

cujo elemento geral é calculado segundo:

52
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

d m xi  d n xi  (3.36)


 
Li
G e  P 
i i 4 4   Pi  dxi , m, n  1a 4
0
dx i dx i

Efetuando as operações indicadas em (3.36) obtemos a seguinte expressão


para a matriz de rigidez geométrica em nível elementar:

 6 5Li 1 10  6 5 Li 1 10 
  Li 30
 
Gie  Pi   Pi 

2 Li 15  1 10
6 5 Li  1 10  (3.37)
 
simétrica 2 Li 15 

Por conveniência, escrevemos:

G   P   P G   
i
e
i i i
e (3.37)

com:

 6 5Li 1 10  6 5Li 1 10 
  3Li 
 
Gie   

2 Li 15  1 10
6 5Li  1 10  (3.37)
 
simétrica 2 Li 15

A condição de estacionariedade da energia potencial, aplicada à expressão


(3.33), conduz a:

 0,
dU i
 
d u e  i


      
 K e   P G e   u e   Q e  ,
 i i i  i

i
(3.38)

A equação (3.38) representa as equações de equilíbrio em nível elementar.


Após a montagem das equações de equilíbrio globais a partir das equações
elementares, conforme procedimento detalhado na subseção 3.1.2 e imposição das
condições de contorno, descrita na subseção 3.1.3, considerando apenas bloqueio de
 
graus de liberdade ( U i g   0 ), as equações de equilíbrio em nível global são
obtidas sob a forma:

 

   U   0,
 K g   P G g 
 
g (3.39)

53
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

Pode-se facilmente reconhecer, em (3.39), um problema de autovalor, em que


os autovalores Pj . j  1,2,... correspondem às cargas de flambagem, e os autovetores
U   , j  1,2,... correspondem aos deslocamentos associados às cargas de flambagem.

g
j
A resolução numérica do problema (3.39) fornece os autovalores e
autovetores, valendo observar que, na prática, o dimensionamento de estruturas é
baseado apenas no primeiro autovalor, que corresponde à menor carga de
flambagem.

3.2.1 Exemplo

Utilizando o programa flambagem_coluna.m, calcular a carga crítica de


flambagem da coluna uniforme ilustrada abaixo; comparar o resultado obtido com o
valor teórico (carga crítica de Euler).

P
Dados:

L=2,0 m
Seção transversal: retangular 5,0 ×1,0 cm2
E=2,1×1011 N/m2
0,05  0,013 5
Menor momento de inércia: I=   10 8 m4
12 12
L
Solução:

Carga crítica de Euler: Pcr = 4.418,75 N

Carga de flambagem obtida com modelo de 10


elementos: Pcr = 4.416,97 N (erro = 0,04 %)

54
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

% PROGRAMA FLAMBAGEM_COLUNA.M %

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Programa para análise de estabilidade de colunas - Teoria de Euler-Bernoulli
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Domingos Alves Rade Última modificação:
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% ENTRADA DE DADOS
% propriedades dos elementos
% [A(m^2) E(N/m^2) I(m^4) L(m)

propriedades = [5e-4 2.10e11 5/12*1e-8 0.2;


5e-4 2.10e11 5/12*1e-8 0.2;
5e-4 2.10e11 5/12*1e-8 0.2;
5e-4 2.10e11 5/12*1e-8 0.2;
5e-4 2.10e11 5/12*1e-8 0.2;
5e-4 2.10e11 5/12*1e-8 0.2;
5e-4 2.10e11 5/12*1e-8 0.2;
5e-4 2.10e11 5/12*1e-8 0.2;
5e-4 2.10e11 5/12*1e-8 0.2;
5e-4 2.10e11 5/12*1e-8 0.2];

% número de elementos
[nb_ele,dummy]=size(propriedades);
nb_nos=nb_ele+1;
% número de graus de liberdade em nível elementar e em nível global
nb_gdl_ele = 4;
nb_gdl_glo = nb_nos*2;

% matriz de conectividade - graus de liberdade ordenados segundo:

% 1: nó 1, direção y
% 2: nó 1, direção theta
% 3: nó 2, direção y
% 4: nó 2, direção theta, ...

% construção da matriz de conectividade

mat_conect=[ 1 2 3 4
3 4 5 6
5 6 7 8
7 8 9 10
9 10 11 12
11 12 13 14
13 14 15 16
15 16 17 18
17 18 19 20
19 20 21 22];

% condições de contorno nos gdl impostos


cond_cont=[ 1 0
2 0
21 0];

% forças externas aplicadas nos gld livres valores em Newtons

forcas_aplic= [ 3 0;
4 0;
5 0;
6 0;
7 0;
8 0;
9 0;
10 0;
11 0;
12 0;
13 0;
14 0;
15 0;
16 0;
17 0;
18 0;
19 0;
20 0;

55
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

22 0];

% CONSTRUÇÃO DAS MATRIZES ELEMENTARES E MONTAGEM DA MATRIZ DE RIGIDEZ GLOBAL


%
K_glob=zeros(nb_gdl_glo);
G_glob=zeros(nb_gdl_glo);
%
for ii=1:nb_ele
K_ele=zeros(nb_gdl_ele);
E=propriedades(ii,2);
I=propriedades(ii,3);
L=propriedades(ii,4);

coef_flex_k=E*I/L^3;

K_ele=coef_flex_k*[12 6*L -12 6*L


0 4*L^2 -6*L 2*L^2
0 0 12 -6*L
0 0 0 4*L^2];

G_ele= [6/(5*L) 1/10 -6/(5*L) 1/10;


0 2*L/15 -1/10 -L/30
0 0 6/(5*L) -1/10
0 0 0 2*L/15];

K_ele=K_ele'+K_ele-diag(diag(K_ele));
G_ele=G_ele'+G_ele-diag(diag(G_ele));

mat_ident=eye(nb_gdl_glo);
mat_transf=[mat_ident(mat_conect(ii,1),:); mat_ident(mat_conect(ii,2),:); ...
mat_ident(mat_conect(ii,3),:); mat_ident(mat_conect(ii,4),:)]; ...
K_glob=K_glob+mat_transf'*K_ele*mat_transf;
G_glob=G_glob+mat_transf'*G_ele*mat_transf;
end

% IMPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PELO MÉTODO DO PARTICIONAMENTO DA MATRIZ DE RIGIDEZ


%identificacao dos gdl livres e gdl impostos
gdl_livres=forcas_aplic(:,1);
% construção das submatrizes de rigidez
K_ll=K_glob(gdl_livres,gdl_livres);
G_ll=G_glob(gdl_livres,gdl_livres);

% DETERMINAÇÃO DOS AUTOVALORES

carga_flamb=eig(K_ll,G_ll)

3.3– Análise Dinâmica de Vigas de Euler-Bernoulli

Nesta seção, o método dos elementos finitos é formulado para a análise


dinâmica de vigas de Euler-Bernoulli. Faremos aqui a extensão dos
desenvolvimentos apresentados na Seção 3.1 ao caso em que a viga está sujeita a
forças que variam com o tempo e/ou a condições iniciais que provocam o seu
movimento. Formularemos as equações do movimento empregando as mesmas
hipóteses adotadas na Seção 3.1, a partir das Equações de Lagrange.
Consideraremos novamente a viga mostrada na Figura 3.6, similar àquela
mostrada na Figura 3.1. Entretanto, na situação presente, admitiremos que o
carregamento transversal distribuído e os deslocamentos transversais sejam
dependentes da coordenada x e do tempo t, ou seja, q=q(x,t) e v=v(x,t).

56
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

q(x,t)

v(x,t) x

y
Figura 3.8

3.3.1 – Obtenção das equações de equilíbrio em nível elementar

A Figura 3.9 mostra um elemento finito, identificado genericamente pelo


índice i, contendo dois nós E e D, cujas propriedades relevantes são indicadas por
Li , Ei  xi  , I i xi  . Além disso qi  xi , t  e vi  xi , t  indicam o carregamento externo e o
campo de deslocamentos transversais no interior do elemento. Os graus de
liberdade e os esforços nodais elementares são agrupados nos seguintes vetores:

u  t  v
i
e
i
E
t   iE t  viD t   iD t  T (3.40)

q  t  V
i
e
i
E
t  M iE t  Vi D t  M iD t  
T (3.41)

M iE t   iE t  qi  xi , t   iD t  M iD t 
Ei  xi , I i  xi ,  i  xi 
E D
viE t  vi  xi , t  viD t  Vi t 
D

Vi E t  xi  i xi , t 

Li

Figura 3.9

Os deslocamentos transversais são interpolados pelo seguinte polinômio


cúbico:

v~i  xi , t   a0 t   a1 t xi  a2 t xi2  a3 t xi3 0  xi  Li  (3.42)

57
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

E as rotações das seções transversais resultam aproximadas pela seguinte


função quadrática:

v~ xi , t  (3.43)
 i  xi , t    a1 t   2a2 t xi  3a3 t xi2 0  xi  Li 
~
xi

As equações (3.42) e (3.43) devem satisfazer às seguintes condições:

v~i 0, t   viE t  v~i Li , t   viD t  (3.44.a)

v~i  xi , t  v~i  xi , t  (3.44.b)


  iE t    iD t 
xi x 0 xi x  L
i i i

Impondo as condições (3.44) às aproximações (3.42) e (3.43), o campo de


deslocamentos transversais resulta expresso da seguinte forma:

v~i  xi , t    1  xi viE t    2 xi  iE t    3 xi viD t    4  xi  iD t  (3.45.a)

ou:

 
v~i  xi , t    xi  uie  t  , (3.45.b)

com as funções de interpolação  i  xi  dadas pelas equações (3.8).


Visando obter as equações do movimento em nível elementar através das
Equações de Lagrange, devemos formular a energia potencial total e a energia
cinética da viga. A energia potencial já foi obtida na Seção 3.1.1, e sua expressão é
reproduzida abaixo, explicitando as dependências em relação ao tempo:

U i t      
1 e  T e  e 
2
 
ui t  K i ui t   uie  t  Qie  t  ,
T
 (3.46)

 
onde K ie  é dada pela Eq. (3.13) e o vetor de esforços generalizados é dado por:

 V E t   Li q  x , t   x dx 
 i 0 i i 1 i i 
 E 
     
Li
(3.47)
  
Qie  t   
M i t  0
qi xi , t  2 xi dxi 

 Vi D t    qi  xi , t  3  xi dxi 
L i

 0

M i t    i qi  xi , t  4 xi dxi 
D L
 0 

Admitindo que o carregamento distribuído independente de x no interior do


elemento ( qi xi , t   qi t  ), o vetor de esforços generalizados fica:

58
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

 E qi t Li 
 Vi t   2 
2   Vi E t  
 ~
 M t   i
E q t L i   ~ 
  M iE t 
e
Qi t    
 i 12 
qi t Li   V~ D t   (3.48)
 Vi t  
D   i 
 2  M ~D 
 i t 
 D qi t L2i 
M i t   
 12 

A energia cinética do elemento de viga de Euler-Bernoulli é dada pela


expressão:

2
 v  x , t  
L
1 i
Ti t     i  xi   i i  dxi , (3.49)
20  t 

onde i  xi  é a densidade linear (kg/m) do material que constitui a viga.


Introduzindo a aproximação (3.45.b) em (3.49), a energia cinética resulta
expressa sob a forma:

Ti t  
2
   
1 e  T e  e 
ui t  M i ui t  ,  (3.50)

onde:

(3.51)
 
Li
M e 
i 4 4     i  xi   xi    xi  dxi ,
T

é a matriz de massa do elemento de viga de Euler-Bernoulli, cujo elemento geral é


calculado segundo:

 
Li
M e 
i m, n     i  xi  m xi  n  xi  dxi , m, n  1a 4 (3.52)
0

Para o caso em que a densidade linear é constante no interior do elemento, a


equação (3.11) conduz à seguinte expressão para a matriz de massa elementar:

 156 22 Li 54  13Li 
  3L2i 
  L
M ie   i i 
420 
4 L2i 13Li
156  22 Li 
(3.53)
 
simétrica 4 L2i 

59
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

As equações de Lagrange são expressas segundo:

Li t  d  Li t  
    0

 uie  t  dt   u e  t 
 i   
 (3.54)

sendo Li t   Ti t   Vi t  o Lagrangeano.
Efetuando as operações indicadas em (3.54), obtemos as seguintes equações
do movimento em nível elementar:

M   u t  K    u  t  Q t 


i
e
i
e
i
e
i
e
i
e (3.55)

3.3.2 Montagem das equações de movimento globais

Os procedimentos de montagem das equações em nível elementar segue o mesmo


procedimento descrito na Seção 3.1.2, que conduz às seguintes as equações do
movimento em nível global:

M   u t  K    u  t  Q t 


g g
i
g g g (3.56)

com:

M      L  M    L  ,
n_e
g T e
i i i (3.57)
i 1

   Li T Kie   Li ,


n_e
K g   (3.58)
i 1

Q t   L  Q t . (3.59)


n_e
g T e
i i
i 1

3.3.3 Imposição das condições de contorno

Ao contrário do que ocorre nos problemas de equilíbrio (problemas estáticos),


tratado na Seção 3.1, os problemas de análise dinâmica podem ser resolvidos sem
dificuldades particulares quando o sistema estrutural estiver livre no espaço, sem
nenhuma vinculação ao sistema de referência fixo, o que significa que pode não
haver necessidade de imposição de condições de contorno. Este é o caso de
estruturas aeronáuticas ou espaciais. Nestes casos, o sistema de equações
diferenciais (3.46) pode ser processado diretamente para a obtenção das respostas
dinâmicas. Por outro lado, caso haja vinculações cinemáticas representadas por
movimentos impostos em alguns pontos da estrutura, as equações do movimento
60
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

devem ser devidamente modificadas para levar em conta tais vinculações.


Apresenta-se, a seguir um procedimento para esta finalidade.
Similarmente ao que foi apresentado na subseção 3.1.3, as matrizes e vetores
que figuram na Eq. (3.46) são particionados segundo os graus de liberdades livres e
os graus de liberdade impostos, indicados, respectivamente, pelos subscritos “L” e
“I”. Assim, as equações do movimento, que se expressam segundo:


 g 
 M   M    U  t    K    K    U  t    Q t  
g
i 
g g

g
i 
g

g
(3.60)

 g 
 M i  M    U  t   K    K    U  t   Q t  
ii
g
i
g
i
g
ii
g
i
g
i
g

Os dois blocos de equações resultantes do particionamento indicado em (5.40)


podem ser postos sob a forma:

M   U t   K    U  t   Q t   M    U t   K    U  t 


g
 
g g
 
g

g g
i i
g g
i i
g
(3.61)

Q t   M    U  t   M    U t   K    U  t   K    U  t 


i
g
i
g

g
ii
g
i
g
i
g

g
ii
g
i
g
(3.62)

A resolução das equações (3.61) e (3.62) permite determinar a resposta


dinâmica nas coordenadas livres e, subsequentemente, os esforços de reação
associados aos graus de liberdade impostos.

3.3.4 Realização de análises dinâmicas

A partir das equações do movimento globais resolução das equações (5.41) e


(5.42), podem-se computar diferentes tipos resposta dinâmica, cuja formulação é
apresentada a seguir:

Análise Modal

Para o problema homogêneo (respostas em regime livre):

M   U   t   K    U   t   0
g
 
g g
 
g
(3.63)

procuram-se soluções harmônicas do tipo:

U   t   U e 

g i t
(3.64)

Introduzindo (3.64) em (3.63), chega-se ao seguinte problema de autovalor:

61
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

 
 g  g 
 K    2 M   U   0 (3.65)
 

cujas soluções i , U i   , i=1,2, ...são, respectivamente, as frequências naturais e os


modos naturais de vibração da estrutura modelada.

Análise Harmônica

Considera-se o problema não homogêneo (respostas em regime forçado):

M   U   t   K    U   t   Q   t 
g
 
g g
 
g

g
(3.63)

com as forças excitadoras e respostas harmônicas dadas, respectivamente, por:

Q   t  Q e

g it
(3.64.a)

U   t  U e

g it
(3.64.a)

Introduzindo (5.64) em (3.63), obtém-se a seguinte relação entre as


amplitudes das forças de excitação e amplitudes das respostas harmônicas:

1
U   
 g 
  K  g 
  2 M    Q 

 (3.63)
 

Análise Transiente

O problema de análise transiente consiste na determinação das respostas


temporais da estrutura sob a ação de forças externas variáveis no tempo e/ou a um
conjunto de condições iniciais (deslocamentos e/ou velocidades) impostas no instante
inicial. Alternativamente, a excitação pode ser provocada por deslocamentos
impostos variáveis no tempo.
Nestes casos, a resolução é feita integrando as equações do movimento (5.41),
utilizando algoritmos de integração numérica, tais como os métodos de Newmark,
Runge-Kutta, Huboldt, dentre outros existentes para esta finalidade. Ao final da
integração, são conhecidos os valores dos graus de liberdade do modelo de elementos
finitos em um conjunto discreto de pontos dentro do intervalo de tempo escolhido.

62
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

3.3.5 Exemplo

Utilizando o programa viga_analise_modal.m, calcular as cinco primeiras


frequências naturais e os correspondentes modos de naturais de vibração da viga
uniforme em balanço ilustrada abaixo. Comparar os resultados com os valores
teóricos.

Dados:

L = 2,0 m
E = 2,1×1011 N/m2
Densidade:  = 7800 kg/m3
Seção transversal: retangular 5,0 ×1,0 cm2
0,05  0,013 5
Momento de inércia: Iz =   10 8 m4
12 12

x
L

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Programa para análise dinâmica por EF de vigas retas - Teoria de Euler-Bernoulli
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Domingos Alves Rade Última modificação:
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% ENTRADA DE DADOS

clc
% propriedades físicas e geométricas dos elementos (discretização com 5
% elementos)
% [A(m^2) E(N/m^2) I(m^4) L(m) rho(kg/m)]
propriedades = [ 5e-4 2.1e11 5/12*1e-8 0.4 3.9
5e-4 2.1e11 5/12*1e-8 0.4 3.9
5e-4 2.1e11 5/12*1e-8 0.4 3.9
5e-4 2.1e11 5/12*1e-8 0.4 3.9
5e-4 2.1e11 5/12*1e-8 0.4 3.9];

% número de elementos e de nós


[nb_ele,dummy]=size(propriedades);
nb_nos=nb_ele+1;

% número de graus de liberdade em nível elementar e em nível global


nb_gdl_ele = 4;
nb_gdl_glo = nb_nos*2;

% matriz de conectividade - graus de liberdade ordenados segundo:


% 1: nó 1, direção y
% 2: nó 1, direção theta
% 3: nó 2, direção y
% 4: nó 2, direção theta, ...
% construção da matriz de conectividade

63
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

mat_conect=[ 1 2 3 4
3 4 5 6
5 6 7 8
7 8 9 10
9 10 11 12];

% condições de contorno nos gdl impostos

cond_cont=[ 1 0
2 0];

% gld livres
forcas_aplic= [ 3 0;
4 0;
5 0;
6 0;
7 0;
8 0;
9 0;
10 0;
11 0;
12 0];

% CONSTRUÇÃO DAS MATRIZES ELEMENTARES E MONTAGEM DA MATRIZ DE RIGIDEZ GLOBAL

K_glob=zeros(nb_gdl_glo);
M_glob=zeros(nb_gdl_glo);

for ii=1:nb_ele
K_ele=zeros(nb_gdl_ele);
M_ele=zeros(nb_gdl_ele);
A=propriedades(ii,1);
E=propriedades(ii,2);
I=propriedades(ii,3);
L=propriedades(ii,4);
rho=propriedades(ii,5);

coef_flex_k=E*I/L^3;
coef_flex_m=rho*L/420;

K_flex=coef_flex_k*[12 6*L -12 6*L


0 4*L^2 -6*L 2*L^2
0 0 12 -6*L
0 0 0 4*L^2];

M_flex=coef_flex_m*[156 22*L 54 -13*L


0 4*L^2 13*L -3*L^2
0 0 156 -22*L
0 0 0 4*L^2];
K_ele=K_flex'+K_flex-diag(diag(K_flex));
M_ele=M_flex'+M_flex-diag(diag(M_flex));

mat_ident=eye(nb_gdl_glo);
mat_transf=[mat_ident(mat_conect(ii,1),:); mat_ident(mat_conect(ii,2),:); ...
mat_ident(mat_conect(ii,3),:); mat_ident(mat_conect(ii,4),:)];
K_glob=K_glob+mat_transf'*K_ele*mat_transf;
M_glob=M_glob+mat_transf'*M_ele*mat_transf;
end

% IMPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PELO MÉTODO DO PARTICIONAMENTO DA MATRIZ DE


RIGIDEZ

%identificacao dos gdl livres


gdl_livres=forcas_aplic(:,1);

% construção das submatrizes de rigidez


K_ll=K_glob(gdl_livres,gdl_livres);
M_ll=M_glob(gdl_livres,gdl_livres);

K_glob=K_ll;
M_glob=M_ll;

n_modos=5;
[vet,val]=eig(K_glob,M_glob);
freqs=sqrt(diag(val))/2/pi;

64
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional

[freqs,ord]=sort(freqs);
disp('Frequências naturais (Hz): '); freqs
modos=vet(:,ord);
freqs=freqs(1:n_modos);
modos=modos(:,1:n_modos);
disp('Modos naturais: '); modos

% construção dos gráficos


[n_gdl,dummy]=size(K_glob)
des_modos=modos(1:2:n_gdl,:);

des_modos=[zeros(1,n_modos); des_modos]

plot(des_modos)
legend('Modo 1', 'Modo 2', 'Modo 3', 'Modo 4', 'Modo 5')

A tabela abaixo permite comparar os valores teóricos das frequências


naturais e os correspondentes obtidos pela modelagem por elementos finitos.

Frequências naturais (Hz)


ordem teórico MEF erro(%)
1 2,0955 2,0955 0,0014
2 13,1321 13,1387 0,0500
3 36,7703 36,9024 0,3592
4 72,0552 72,9001 1,1727
5 119,1123 120,9961 1,5815

65
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

CAPÍTULO 4

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS BIDIMENSIONAIS PELO MÉTODO


DOS ELEMENTOS FINITOS

Após tratar da formulação e resolução de problemas unidimensionais pelo


MEF nos capítulos 2 e 3, neste capítulo estenderemos os princípios e procedimentos
a problemas bidimensionais. Trataremos dois tipos específicos de problemas de
interesse: problemas de Mecânica dos Sólidos baseados na Teoria da Elasticidade
linear, e problemas de Transferência de Calor. Os primeiros serão formulados pelo
processo variacional e os últimos serão formulados pelo processo dos Resíduos
Ponderados.

4.1– Elementos bidimensionais

Na literatura e nos programas comerciais para análise por elementos finitos


existem numerosos tipos de elementos que foram desenvolvidos para a resolução de
problemas bidimensionais. Com o objetivo de simplificar a apresentação deste
assunto, consideraremos, a seguir, um dos elementos mais simples.

4.1.1 – Elemento quadrilateral linear

A Figura 4.1 ilustra o elemento com quatro lados retilíneos e quatro nós,
indicados por i, j, k, l, posicionados sobre os vértices. Estes nós são rotulados no
sentido anti-horário, a partir de um deles, escolhido arbitrariamente.

y
l xl , yl 

k xk , yk 

i  xi , yi  j x j , y j 

x
Figura 4.1

Indicamos genericamente por   x , y  a variável de campo associada ao


problema, a qual assume os seguintes valores nodais:
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

i    xi , yi   j   x j , y j  k   xk , yk  l   xl , yl  (4.1)

Para este elemento, admite-se que a aproximação da variável de campo tenha


variação bilinear com as coordenadas x e y:

 x , y   a1  a2 x  a3 y  a4 xy (4.2)

Impondo as condições nodais:

i   xi , yi   a1  a2 xi  a3 yi  a4 xi yi

 j   x j , y j   a1  a2 x j  a3 y j  a4 x j y j

k   xk , yk   a1  a2 xk  a3 yk  a4 xk yk

l   xl , yl   a1  a2 xl  a3 yl  a4 xl yl

Resolvendo o sistema de equações acima os coeficientes a1 ,a2 ,a3 ,a4 podem ser
obtidos em função dos valores nodais da variável de campo i , j ,k ,l . Todavia, este
procedimento requer a manipulações algébricas complexas.
Para facilitar as operações envolvidas na modelagem de problemas
bidimensionais, especialmente as integrações que são necessárias para a obtenção
das matrizes elementares, é muito comum a formulação em termos das chamadas
coordenadas naturais, ou coordenadas intrínsecas, que levam, associadas ao
conceito de elementos isoparamétricos. Estes últimos ficam caracterizados quando as
mesmas funções das coordenadas naturais são utilizadas para, simultaneamente,
interpolar a variável de campo e representar a geometria do elemento.
Conforme ilustrado na Figura 4.2, as coordenadas naturais resultam de um
mapeamento do plano x-y no plano    ,  1    1;  1    1 com que permite
transformar um elemento quadrangular qualquer em um elemento retangular, com
lados paralelos.
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

  1
y  1
l xl , yl  
(1,1) (0,1) (1,1)
k xk , yk 
 1
(1,0) (0,0) (1,0)

i  xi , yi    1
j x j , y j  (1,1) (0,1) (1,1)

Figura 4.2

Pode-se demonstrar que as relações que representam este mapeamento são as


seguintes:

x  xi H i  ,   x j H j  ,   xk H k  ,   xl H l  ,  (4.3.a)

y  yi H i  ,   y j H j  ,   y k H k  ,   yl H l  ,  (4.3.b)

onde:

H i  ,   1   1   
1
(4.4.a)
4

H j  ,   1   1   
1
(4.4.b)
4

H k  ,   1   1   
1
(4.4.c)
4

H l  ,   1   1   
1
(4.4.d)
4

são as funções de forma, utilizadas tanto para a representar a posição de um ponto


qualquer do elemento quanto para interpolar a variável de campo no interior e nas
fronteiras do elemento.
Como vimos anteriormente, as operações necessárias para a avaliação das
matrizes elementares envolvem derivações e integrações das funções de forma em
relação às coordenadas espaciais. Assim, estas operações devem ser efetuadas
considerando a transformação do espaço de coordenadas físicas para o espaço de
coordenadas naturais.
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

Consideramos primeiramente operações de derivação parcial em relação às


coordenadas espaciais. Expressando as equações (4.3) sob a forma:

x  x ,  (4.5.a)

y  y  ,  , (4.5.b)

e aplicando a regra da cadeia da derivação, escrevemos:

    x   y


 
 x  y 

    x   y


 
 x  y 

Reescrevemos estas duas equações sob a seguinte forma matricial-vetorial:

    x y     
        x 
     x 
y     
(4.6)
    
        y 

Na equação (4.6) fica definida a matriz jacobiana associada à transformação


em apreço:

 x y 
J12     
J    11
J
 , (4.7)
 J 21 J 22   x y 
   

A transformação inversa das derivadas é expressa segundo:

       
1
     x y 
 x          R11 R12    
      x          (4.8)
  
y 
   R21 R22     
 y           

As componentes da matriz jacobiana são computadas a partir das equações


(4.3) e (4.4), da seguinte forma:

J11  
1
1   xi  1 1   x j  1 1   xk  1 1   xl
4 4 4 4

J12  
1
1    yi  1 1    y j  1 1    yk  1 1    yl
4 4 4 4
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

J 21  
1
1   xi  1 1   x j  1 1   xk  1 1   xl
4 4 4 4

J 22  
1
1    yi  1 1    y j  1 1    yk  1 1    yl
4 4 4 4

Vamos agora expressar a seguinte integração de uma função qualquer f x , y 


sobre o elemento indicado na Fig. 4.2:

I    f  x , y  dx dy (4.9)
xy

Introduzindo a transformação de coordenadas, e fazendo uso de resultados do


Cálculo Diferencial e Integral, escrevemos:

1 1
I   f x , , y , det J d d (4.10)
1 1

Para o caso de elemento retangular, com lados paralelos aos eixos


coordenados, ilustrado na Fig. 4.4, temos:

a b
J11  J12  0 J 21  0 J 22 
2 2

2 2
R11  R12  0 R21  0 R22 
a b

y
l xl , yl  k xk , yk 

i xi , yi  a 
j xj ,yj 

Figura 4.4
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

Ainda para o caso do elemento ilustrado na Fig. 4.4, utilizando a Eq. (4.8), as
derivadas parciais das funções de forma em relação às coordenadas espaciais
resultam expressas pelas seguintes equações:

 H i   H i   1   1 
 x  2 a 0     2 a 0   4 1     2a 1   
 H      H    0 2 b  1  1  (4.11.a)
 i
  0 2 b   i     1      1   
 y      4   2b 

 H j   H j   1   1 
   
x  2 a 0      2 a 0   4
1      2a 1    
 H   0 2 b  H   0 2 b  1   (4.11.b)
 j
   j    1     1 1   
 y      4   2b 

 H k   H k  1  1 
 x  2 a 0     2 a 0   4 1     2a 1   
 H      H    0 2 b  1  1  (4.11.c)
 k
  0 2 b   k     1     1   
 y     4   2b 

 H l   H l   1   1 
 x  2 a 0     2 a 0   4 1     2a 1   
 H      H    0 2 b  1  1  (4.11.d)
 l
  0 2 b   l     1      1  
 y      4   2b 

Exemplo: calculemos a seguinte integral sobre o elemento ilustrado na Figura 4.5:

ab
 H i   H i  
2 2
I         dx dy
00  x   y  

Figura 4.5
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

Considerando a integração efetuada no espaço de coordenadas naturais, de


acordo com a Eq. (4.10), e os resultados fornecidos pela Eq. (4.11.a), expressamos a
integral em apreço sob a forma:

1 1
1   2  1   2  det J d d
I   4a 2

4b 2 
11

ab
com det J  .
4
Efetuando as integrações indicadas chega-se a:

a2  b2
I
3ab

4.2 – Problemas bidimensionais da Teoria da Elasticidade

Nesta seção, consideraremos o problema de equilíbrio de sólidos no contexto


da Teoria da Elasticidade linear, conforme ilustrado na Figura 4.5, que mostra um
sólido bidimensional em equilíbrio sob a ação de cargas externas e sujeita a
restrições cinemáticas. O problema geral consiste em determinar os campos de
deslocamentos u x, y  e vx, y  de todo e qualquer ponto Px, y  , admitindo as
hipóteses tradicionais da Teoria da Elasticidade Linear (comportamento linear
elástico, pequenos deslocamentos, material homogêneo isotrópico).

v  x, y 

u  x, y 
P  x, y 

Figura 4.5
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

Relembramos que, sob estas hipóteses, a energia de deformação do sólido é


expressa segundo:

(4.12)
1
 T  dV  Wext ,
2 V
U

onde:

    x  y  xy T (4.13)

e:

    x  y  xy T (4.14)

são os vetores das deformações e tensões, respectivamente, e Wext é o trabalho das


forças externas, admitidas conservativas.
As relações entre as componentes de deformação e os deslocamentos, são:

du dv du dv (4.15)
x  y   xy  
dx dx dy dx

As equações constitutivas, relacionando os vetores de tensão e de deformação


são expressas sob a forma:

   D  (4.16)

onde, para materiais homogêneos isotrópicos:

 
 1  0 
D  E 2  1 0  (4.17.a)
1   1  2 
0 0 
 2 

para o estado plano de tensões, e:

 
E 1   0 
D    1  0 
1  1  2   1  2  (4.17.b)
 0 0 
 2 

para o estado plano de deformações.


As forças externas incluem as forças de volume,  fV  , (peso próprio, por
exemplo) e forças de superfície,  f S  , (pressões e forças concentradas). Os trabalhos
destas forças são expressos sob a forma:
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

Wext    T  fV dV    T  f S dS (4.18)


V S

onde:

 x  x
     ;  fV    fVy  ;  f S    f Sy  .
u
v   fV   f S 

Associando (4.12) e (4.18), expressamos a energia potencial total sob a forma:

(4.19)
1
 T  dV   δ  fV dV   δ  f S dS
T T
2 V
U
V S

Considerando a equação constitutiva (4.16), a Equação (4.19) assume a


forma:

(4.20)
1
 T D dV      fV dV      f S dS
2 V
T T
U
V S

Com base nesta teoria, formularemos um elemento finito bidimensional


retangular isoparamétrico, com a geometria mostrada na Fig. 4.4, utilizando as
funções de interpolação dadas pelas Eqs. (4.4). Assim, as componentes do
deslocamento nas direções x e y são representadas, respectivamente, segundo:

u  ,   H i  , ui  H j  , u j  H k  , u k  H l  , ul , (4.21.a)

v ,   H i  , vi  H j  , v j  H k  , vk  H l  , vl . (4.21.b)

As duas equações (4.21) podem ser agrupadas na seguinte relação matricial-


vetorial:
 ui 
v 
 i
u j 
 
u  ,   H i  ,  0 H j  ,  0 H k  ,  0 H l  ,  0  v j 
   
v ,   0 H i  ,  0 H j  ,  0 H k  ,  0 H l  ,  u k 
v k 
 
 ul 
v 
 l
ou:

  ,   H  ,  e , (4.22)

onde:
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

 H i  ,  0 H j  ,  0 H k  ,  0 H l  ,  0 
H  ,    H i  ,  H j  ,  H k  ,  H l  ,  (4.23)
 0 0 0 0

é a matriz de funções de forma, e

   u
e
i vi uj vj uk vk ul vl T (4.24)

é o vetor de deslocamentos nodais em nível elementar.


Associando as equações (4.15) e (4.23), o vetor das deformações resulta
expresso sob a forma:
 ui 
 
 H i H j H k H l   vi 
 0 0 0 0  u 
  x   x x x x  
j
H H k H l   j 
v
     y    0 dH i 0 j
0 0   (4.25)
   y y y y  u k 

 xy   H i H i H j H j H k H k H l H l  v 
k
 y x y x y x y x   u 
 l
v 
 l
ou:

  ,   H  ,  e , (4.26)

Considerando as Eqs. (4.11), a matriz N  ,  é obtida sob a forma:

 1  1  1 1  
  2a 0
2a
0
2a
0 
2a
0 
 1  1  1  1  
H  ,    0  0  0 0  (4.27)
 2b 2b 2b 2b 
 1   
1 

1  1  1  1 1 

1  
 2b 2a 2b 2a 2b 2a 2b 2a 

Associando as equações (4.20), (4.26), escrevemos:

U
2
    H  DH dV     eT  H T  fV dV   eT  H T  f S dS
1 e 

T T e
(4.28)
V  V S

ou:

U
2
      
 K    e  QV   QS 
1 e  T e  e  T

(4.29)

onde:
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

K   
e
88    H  DH  dV
T (4.30)
V

é a matriz de rigidez elementar, e

Q  
V
e
81   H T  fV dV (4.31)
V
e

Q  
S
e
81   H T  f S dS (4.32)
S

são os vetores de forças nodais associadas ao carregamento externo.


A condição de estacionariedade da energia potencial total, expressa segundo

dU
 0,
 
d  e 
(4.33)

leva às equações de equilíbrio do elemento triangular em nível elementar:

K        Q  Q 
e e
V S
(4.34)

Vamos detalhar as operações necessárias para o cálculo da matriz de rigidez,


dada pela Eq. (4.30), e repetida abaixo:

K   
e
  H  ,  DH  ,  dV
T (4.35)
V

Relembrando que estamos tratando problemas de elasticidade plana,


podemos escrever:

dV  t dA  tdxdy

onde t é a espessura do elemento (suposta constante) na direção perpendicular ao


plano que o contém.
Considerando a Eq. (4.10), a Eq. (4.30) pode ser reescrita sob a forma:

K     t   H  ,  DH  , det J dd


1 1
e T
(4.36)
1 1

Utilizando programas computacionais de cálculo simbólico, pode-se obter, com


relativa facilidade, as expressões analíticas dos elementos da matriz K e  .  
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

Vamos ilustrar, em seguida, o cálculo do vetor de forças nodais associadas a


carregamento de superfície. Para tanto, consideremos o elemento ilustrado na Fig.
4.6, de espessura t, que está sujeito à pressão q y na face k-l.

y
qy
l xl , yl  k xk , yk 

i xi , yi  a 
j xj ,yj 

x
Figura 4.6

Retomemos a Eq. (4.32) reproduzida abaixo:

Q  
S
e
81   H T  f S dS
S

e a adaptamos para a situação presente da seguinte forma:

 
xk
 q 
QS e  81  t  H  ,  1T  y dx
xl  0 

Expressamos o carregamento distribuído em função das coordenadas naturais sob a


forma:

qy
q y  ,     1; 1    1
2

A partir da Eqs. (4.4), obtemos:

 1  1 
0 0 0 0 0 0 
H  ,  1   2
1 
2
1  
0 0 0 0 0 0 
 2 2 

Além disso, precisamos transformar convenientemente dx e dy, notando que, nos


segmentos em que as integrações são efetuadas, temos:
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

Na face k-l:

x x x
dx  d  d  d , dado que na face k-l tem-se d  0
  

Assim, considerando as Eqs. (4.3) e (4.11), obtemos:

Na face k-l:

H i H j H k H l
dx  xi  xj  xk  xl
  1   1
  1   1

Efetuando as operações indicadas, obtemos:

a
Na face k-l: dx  d
2

Assim, temos:

T
  taq y 1   2 1 2 
1
Q S e    0 0 0 0 0 0  d
4 1  2 2 

Efetuando as integrações, obtemos:

  taq y  T
1
Q S e 
2
 0 0 0 0 0 0
2  3 3 

4.3 – Integração numérica pelo método de quadratura de Gauss-Legendre

Conforme observamos na seção precedente, a avaliação da matriz de rigidez em


nível elementar em problemas de elasticidade bidimensional envolve integrais
duplas a serem efetuadas sobre a superfície do elemento. Com os recentes avanços
no campo da informática, estas integrais podem ser efetuadas utilizando programas
de manipulação simbólica, tais como o Maple®, com relativa facilidade. Todavia,
ainda é muito usual a realização de integração numérica e, para este efeito, o
método conhecido como Quadratura de Gauss-Legendre é considerado um dos mais
convenientes, principalmente devido ao seu baixo custo computacional. Este método
é descrito a seguir.
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

Consideremos, inicialmente, a seguinte integração em um domínio unidimensional:

b
I   f  x dx (4.37)
a

Admitindo que o intervalo de integração tenha sido dividido em intervalos regulares


de largura x , a integral pode ser aproximada segundo:

N
I   f xi xi , (4.38)
i 1

onde N é um número finito.

A expressão dada em (4.39) pode ser reescrita na forma geral:

n
I   f  xi Wi , (4.39)
i 1

onde n é o número de pontos de integração, xi ,i  1,2 ,..., n são os pontos de integração


e Wi ,i  1,2,..., n são coeficientes de ponderação.

Visando obter valores padronizados dos pontos de integração e dos coeficientes de


ponderação, convém normalizar o intervalo de integração em [1; 1], o que pode ser
feito por meio de uma transformação de coordenadas apropriada, x   .

Os pontos de integração e os coeficientes de integração são determinados de modo


que a integração seja exata para qualquer integrando que seja um polinômio
qualquer de grau 2n1.

A integração deixa de ser exata quando o integrando não for desta natureza. Assim,
o método da Quadratura de Gauss-Legendre determina os pontos de integração e os
respectivos pesos de modo que o erro de aproximação seja minimizado. Os pontos de
integração são posicionados simetricamente em relação ao centro do intervalo. Este
procedimento é ilustrado a seguir.

Consideremos, por exemplo, a integração do polinômio:

y    c0  c1  c 2 2  c3 3 , (4.40)

no intervalo  1    1 .

A área sob a curva que representa y   é A  2c0  c 2 . Usando dois pontos


2
3
simetricamente posicionados em    a , propomos calcular a área da seguinte
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

forma:  
AG  y  a W  y  a W  W 2c0  2c 2 a 2 . O erro de integração é
2
 
e  A  AG  2c0  c 2  2W c0  c 2 a 2 . Como este erro deve ser nulo, devemos ter:
3
e e
 0;  0 , o que leva a duas equações, cujas soluções são: W  1, a  3 .
c0 c 2

O procedimento pode ser imediatamente estendido a integrais duplas, com base no


fato que estas integrais podem ser avaliadas computando, sucessivamente, as
integrais unidimensionais em cada coordenada. Assim, a fórmula associada ao
Método de Integração de Gauss-Legendre para integração em domínios
bidimensionais fica:

1 1 n m
I  f  , d d    WiW j f  i , j   (4.41)
11 i 1 j 1

A Tabela 4.1 fornece os valores dos pontos de integração e coeficientes de


ponderação, para diferentes números de pontos de integração.

Tabela 4.1  Pontos de integração e coeficientes


de ponderação de Gauss-Legendre
n i i Wi
1 1 0 2
1 1 3 1
2
2 1 3 1
1 0,774596669241 59
3 2 0 89
3 0,774596669241 59
1 0,8611363116 0,3478548451
2 0,3399810435 0,6521451549
4
3 0,3399810435 0,6521451549
4 0,8611363116 0,3478548451

Exemplos:

1º Exemplo: calcular a seguinte integral simples utilizando Quadratura de Gauss-


Legendre:

 
2
I   2 x 2  3 x  1 dx (a)
1

Fazemos primeiramente a transformação de coordenadas:


D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

1 3
  2x  3  x    , (b)
2 2

dx 1
cujo jacobiano é  .
d 2

Assim, a integração expressa na Eq. (a), fica:

1  1 3 
1 2
3 1
I   
2
2 1  2
    3     1 d
2 2 2  
(c)

Utilizando dois pontos de integração, a integral é aproximada da seguinte forma:

1   1 3   1  
     3  32   3  32   1 1
2 2
1 2 3 1 1
I  f  i Wi   
2  3    3  3    1  1  2  3
2 i 1 2   2 2 2 2     2  2   

ou

49
I ,
6

que corresponde ao valor exato da integral.

2º Exemplo: Utilizando Quadratura de Gauss-Legendre, calcular a integral dupla


da função

f x , y   x 2 y  x  1

nos intervalos:  1  x  2;  1  y  3 .

Primeiramente fazemos as transformações de coordenadas:

1 3
x  (e)
2 2

y   2, (f)

para as quais o determinante do jacobiano é det J  


3
.
2
D.A. Rade Resolução de Problemas Bidimensionais pelo MEF

Assim, a integração fica:

1 1
1 
2
3 1 3
3
 
2 11 2
I       2       1 dd (g)
2 2 2  

Para facilitar os desenvolvimentos reescrevemos a expressão acima sob a forma:

 
1 1
g12  g 2    g1    1 dd ,
3
I  
2 11
(h)

com:

g1     
3 1
(i)
2 2

g 2      2 (j)

Utilizando três pontos de integração na direção  e dois pontos de integração na


direção  , a integral é aproximada da seguinte forma:

I
3 3 2 2
   
  g1 i g 2  j  gi i   1 WiW j .
2 i 1 j 1
(k)

Introduzindo os valores dos pontos de integração e dos coeficientes de integração


fornecidos na Tabela 1, obtemos:

I = 24,6666 ...,

que corresponde a um erro de 1,35% em relação ao valor exato da integral.

You might also like