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Políticas e Gerenciamento de Destinos

Turísticos
Aula 03
Organizações de Gerenciamento de Destinos – Responsabilidades
e Atribuições
Objetivos Específicos
• Identificar o papel do setor público e sua relação com as partes interessadas.

Temas

Introdução
1 Gerenciamento de destinos turísticos
2 Organizações de gerenciamento de destinos turísticos
3 Posicionamento do destino no mercado
Considerações finais
Referências

Professora Autora
Caroline Valença Bordini
Políticas e Gerenciamento de Destinos Turísticos

Introdução
Esta aula trata das organizações de gerenciamento de destinos – responsabilidades
e atribuições, e está dividida em três partes. Começaremos a entender as peculiaridades
do produto turístico, da experiência do viajante e de sua cadeia produtiva, como forma de
compreender todos os elementos que deverão ser gerenciados.

No segundo momento, entenderemos quais são as organizações com atuação no


gerenciamento desse produto tão singular e tão heterogêneo, como o turismo. Veremos
como as entidades públicas, privadas, mistas e a própria sociedade civil podem se organizar
na prática, a partir do exemplo do voucher único de Bonito (MS).

Por fim, estudaremos essa estrutura complexa, porém muito necessária de gerenciamento,
deve-se refletir em um posicionamento estratégico do destino turístico no mercado, por meio de
estratégias competitivas sustentáveis.

1 Gerenciamento de destinos turísticos


Para pensarmos no gerenciamento dos destinos turísticos, primeiramente, é importante
estarmos seguros sobre O QUÊ deverá ser gerenciado, para então definirmos QUEM o fará.
Portanto, devemos notar a grande diferença entre se fabricar um produto e oferecer um
serviço: um produto pode ser tocado, analisado, verificado antes mesmo do ato da compra;
um serviço, nunca.

Outro aspecto consiste na influência do termo EXPERIÊNCIA para se mensurar a qualidade


do produto turístico. As técnicas de vanguarda recomendam que sejam levados em conta os
aspectos emocionais e não somente a qualidade dos serviços turísticos. Já ouviu falar no
conceito de “economia da experiência”? Também veremos a seguir.

Por fim, pense em todos os elementos necessários para que uma viagem ocorra, desde
uma política favorável para viagens internacionais (emissivo internacional), como uma política
de vistos (receptivo internacional), até a mais básica necessidade, como o suprimento de
água nas localidades receptoras e de trânsito. Tudo isso faz parte da cadeia produtiva do
turismo que se apresenta bastante complexa e heterogênea.

Juntando esses três elementos – peculiaridades do produto; da experiência dos viajantes;


e da cadeia produtiva do turismo – teremos o retrato do que deve ser gerenciado para que
ocorra o desenvolvimento sustentável do turismo.

1.1 Peculiaridades do produto turístico


O produto turístico apresenta singularidades não encontradas nos demais setores
socioeconômicos. Algumas dessas diferenças são observadas para todos os tipos de serviços
e outras são específicas do turismo.
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Os serviços em geral têm quatro características fundamentais que os distinguem dos


produtos. Diversos autores abordam essas diferenças; vejamos o que nos dizem Kotler (apud
GARRIDO, 2006); (DIAS; CASSAR, 2005) e o Manual de Roteirização Turística, do Ministério do
Turismo (2007):

• Intangibilidade: tanger é um verbo latino que significa “tocar” e o prefixo “in”


refere-se à negação, ou seja, algo que não se pode tocar. Na composição do produto
turístico, existem elementos tangíveis, como a cama de um hotel ou o estado de
conservação de um atrativo, e intangíveis (que são a maioria), como o conjunto de
expectativas geradas pelo produto turístico no potencial comprador. Com isso, não há
como se testar, ver ou experimentar o turismo antes da compra, o que confere certa
“insegurança” no comprador.

• Inseparabilidade: os serviços são produzidos e consumidos ao mesmo tempo; não


havendo produção, estocagem, venda, consumo e recall como processos separados.

• Variabilidade: a qualidade irá variar dependendo dos profissionais, do local do


momento e das condições em que o serviço for executado. Um prestador de serviços
não pode garantir que estes sejam realizados sempre da mesma forma, de maneira
totalmente padronizada. Vale acrescentar que muito pode ser feito para diminuir
o impacto da variabilidade nos serviços turísticos, especialmente por meio da
certificação, ou seja, “[...] o processo em que uma organização independente [...]
emite um certificado demonstrando que uma organização pessoa ou serviço está em
conformidade com um padrão estabelecido” (BRASIL, 2015, p. 24). No Brasil, desde
1992, busca-se a definição dos critérios para certificação, conforme trabalho de
instituições como: Ministério do Turismo, Associação Brasileira da Indústria de Hotéis
– ABIH, Instituto de Hospitalidade – IH, SEBRAE, Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro,
Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura – ABETA,
entre outras, o que resultou em 74 normas técnicas para as atividades de alimentos
e bebidas, meios de hospedagem, turismo de aventura meios de transporte. A partir
de 2015, a certificação passou a ser trabalhada pelo MTur como uma das duas linhas
de atuação da Política Nacional de Qualificação em Turismo (PNQT).

• Perecibilidade: não há possibilidade de uso futuro ou armazenamento. O serviço se


estingue, perde a validade. Uma mesa vazia no restaurante ou um quarto vazio no
hotel podem ser ocupados em outra data, porém aquela venda não pode ser refeita e
certamente significará um prejuízo. Nesse sentido, uma política de preços diferenciada
pode atuar como fator decisivo para o sucesso dos negócios turísticos. Perceba que,
ao entrar no site de uma companhia aérea para reservar seu voo, aqueles no meio do
dia, ou em dias do meio da semana, provavelmente terão um preço mais baixo, assim
como diárias em hotéis aos finais de semana, nos destinos dos segmentos turismo de
negócios. Isso se dá por meio de cálculos matemáticos apurados que levam em conta
as tendências de procura por um serviço, em um segmento. O nome dessa técnica de
gestão é revenue management e surgiu exatamente nas companhias aéreas dos Estado
Unidos, após a entrada no mercado de empresas low cost, bem como dos sistemas

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GDS, que permitiam uma imensa distribuição da oferta de todas as companhias aéreas
para as agências de viagens, aumentando muito a competitividade no setor. Em um
segundo momento, as redes hoteleiras também aderiram ao revenue management,
como forma de maximizar seus lucros e otimizar suas vendas.

Note que essas quatro características – intangibilidade, inseparabilidade,


variabilidade e perecibilidade – não são exclusivas do produto turísticos, mas sim da
natureza do segmento de serviços, todavia são fundamentais para se estabelecer as
diferenças entre o gerenciamento de produtos e de serviços.

As peculiaridades específicas do produto turístico são a heterogeneidade: por ser


composto de muitas partes o produto pode se adaptar, atendendo a distintos segmentos
de demanda, a exemplo de destinações de “sol e mar” que atuam com eventos na baixa
temporada; a subjetividade: a satisfação é algo individual e diferente de uma pessoa para outra;
e a sazonalidade: seu consumo ocorre em determinadas épocas do ano (DIAS; CASSAR, 2005).

Essas características do produto turístico impactam muito no processo de comercialização,


por exemplo, os serviços são prestados na mesma hora do consumo, geralmente com o
cliente/turista presente nesse momento. Segundo, os turistas participam ativamente da
emolduração da experiência. Outro ponto refere-se ao peso da qualificação e das habilidades
dos recursos humanos na qualidade do produto, acarretando em sucesso ou fracasso. A
pesquisa de qualidade junto aos consumidores, além de ser permanentemente necessária,
deve ser realizada na sucessão de vivências de consumo, desde a partida até o retorno
dos viajantes. E, por último, devemos notar que também em função do grande número de
subprodutos existentes, a padronização excessiva é evitada, dando margem a novidades e
encantamentos na experiência de visitantes frequentes ou fidelizados do destino.

1.2 Peculiaridades da experiência do viajante


Podemos notar no mercado que cada vez mais as individualidades são levadas em conta
no processo de formatação de produtos turísticos, buscando-se a maximização da experiência
positiva da viagem. Como tendência temos os conceitos da economia da experiência e da
sociedade dos sonhos como modelos que deverão tomar o lugar da tradicional economia de
serviços (GÂNDARA et al., 2012).

A chamada fase da “sociedade da informação e do conhecimento” é a base que dará


lugar à economia da experiência, em que “[...] a sensação, o senso estético, a emoção e a
espiritualidade prevalecem” sobre o racional e o material” (GÂNDARA et al., 2012, p. 390).

Dessa forma, a qualidade do destino deverá estar associada à profundidade da


experiência vivida pelo turista, que não mais será mero expectador das atrações “criadas”
para os visitantes e sim será incorporado no modo de vida daquele lugar.
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[...] identifica-se a importância de o planejamento e a gestão da qualidade da


experiência na visitação de destinos turísticos considerar os aspectos emocionais
como elementos vitais, tanto na conformação de produtos e serviços quanto na
operacionalização e monitoramento de todo o processo de inter-relação entre
visitantes e visitados. (GÂNDARA et al., 2012, p. 384).

A qualidade da experiência, que tradicionalmente era mensurada em relação aos serviços,


vem sendo associada à pessoa e às suas emoções durante o consumo turístico. Essa mudança
acarreta alterações também na gestão dos destinos que devem monitorar além da qualidade
dos serviços, a qualidade emocional e conhecer a fundo os turistas, suas competências e
seus anseios. Uma ação de vanguarda consiste no monitoramento das mídias sociais, tendo-
se em vista a tendência no compartilhamento das experiências de consumo (positivas ou
negativas), o que fornece o feedback com uma velocidade muito maior do que por meio
das pesquisas. O monitoramento das mídias sociais exige um planejamento e a utilização de
ferramentas específicas, como softwares que fornecem indicadores como força, alcance e
tipo de sentimento em relação ao serviço ou ao destino turístico.

Devemos perceber a oportunidade mercadológica de formatar produtos diferenciados,


a partir das características da oferta, que refletem exatamente na vivência de cada indivíduo,
de maneira intransferível e pessoal. Um exemplo prático seria um destino de turismo de
natureza, em que, normalmente, as famílias apresentam experiências positivas com trilhas
formatadas e bastante sinalizadas, enquanto estrangeiros buscam a rusticidade e sentem-se
frustrados com um cenário padronizado.

Figura 1 – Oferta, produto e experiência no turismo

OFERTA PRODUTO EXPERIÊNCIA

• Atrativos • Formatação • Trilhas implantadas –


• Equipamentos para o mercado: sinalizadas – com
e serviços • Trekking no fluxo de pessoas.
• Infraestrutura destino“X”
de apoio 5 noites
• Trilhas rústicas.

1.3 Peculiaridades da cadeia produtiva do turismo


A aplicação do modelo de cadeia produtiva para o turismo surgiu na década de 1990,
entendendo-se a cadeira produtiva como “[...] um sistema de atividades independentes, [...]
uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar
e sustentar seu produto” (KOTLER apud GARRIDO, 2006, p. 231).

Como peculiaridades da cadeia produtiva do turismo podemos compreender a grande


dificuldade de padronizar processos, especialmente em função das características do produto
turístico, como a heterogeneidade e a sazonalidade e a diversidade de serviços.

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Por outro lado, essa grande quantidade e diversidade de elementos permitem a


flexibilização da cadeia e a possibilidade de aplicação da chamada customização em massa
dos serviços turísticos, em que há a produção em massa de serviços personalizados, ou seja,
para atender às características individuais dos clientes. A diferença dos serviços customizados
para a customização em massa está no preço, uma vez que o último consegue baixar os
custos, por atender a um número maior de clientes com as mesmas características. Na cadeia
de valor, podemos observar, além do complexo encadeamento dos elementos, a geração de
valor aos serviços turísticos, conforme apresentado na Figura 2.

Figura 2 – Cadeia de valor no turismo

Apoio institucional: ministério do Turismo, da Cultura,


do Meio Ambiente, Conselhos, bancos.

Fornecedores agrícolas e outros:


Estância alimentos, madeira, têxteis Empresas de
aduaneira comércio
Setor de construção civil Artistas
(pinturas,
músicos) Atacadistas e
Ministério Autoridade Mobiliários e equipamentos
do turismo portuária fornecedores
Fábricas de Produtos Livros, CDs,
Lojas alimentos/ manufatu- DVDs
Ministério Importações
INDIRETO

Atividades áreas rurais rados Manutenção de lojas de


dos Distribuição e
promocionais de: tecnologia
transportes Manutenção
armazenamento
Restauração Fábricas
Comunicação Vendas Fornecedores Fornecedores de: industriais
Agência de
mídia, e para para Gerencia- Postos
imigração marketing alimentos artesanato Brochuras
imprensa mento de: combustíveis
Organização Alimentos Lazer, Servi-
Acomo- Artesanato Atrativos
excursões
de viagens e Transportes e ços de
dações turísticos
e passeios
reservas bebidas apoio
Em destino

Bens
de trânsito
Na origem

Aluguel de Bares e Lojas de culturais: Centros de


Hotéis Shows
veículos restaurantes artesanato arqueologia informações
etnias,
Clubes museus, Organizações Mercearias
Artesãos
Companias Agente de

Apartamen-
DIRETO

noturnos
viagens

Ônibus festivais
Call centers Internet

tos de guias
Workshops/ culturais, turísticos
Fast food Lavanderias
oficinas de (músicas,
Companias dança,
Casas de Lojas de artesanato Bem estar e Serviços de
de Táxi
aéreas

alimentação lendas, etc) segurança e


hóspedes SPAs
itinerantes bancos
Balsas / Atrativos
ferry boat Quiosques naturais:
Operadoras Cibercafés
Hostels lagos, rios,
de viagens e Transporte recifes, Fases da
Souvenirs
turismo informal montanhas, cadeia de
relacionados
à alimentos florestas, valor
Da origem ao espécies de
No destino Planejamento
destino fauna, flora,
etc. Desenvolvimento
Materiais de Educa- Comu- Segu- Operação
Lixo Energia Água Saúde
construção ção nicação rança
Infraestrutura de apoio
Fonte: Adaptada de UNWTO (2013, p. 66).

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2 Organizações de gerenciamento de destinos turísticos


Em qualquer empresa, organização, instituição e até mesmo em nossas casas, alguém
precisa realizar as funções de gerenciamento, ou seja, organizar, planejar e executar as
atividades para que os objetivos sejam alcançados da melhor maneira. Em um destino turístico,
essa tarefa é compartilhada por alguns entes (organizações) desde a esfera internacional até
localmente e na sociedade civil.

Inicialmente, os governos viam o turismo como uma atividade privada, uma vez que as
empresas ligadas ao turismo é que se beneficiavam por meio dos lucros. Porém, a Organização
Mundial do Turismo esclarece que, em determinado momento, entendeu-se a grande
importância e magnitude econômica do turismo, principalmente pela geração de empregos e
fonte de impostos. A partir de então, o setor público começou a atuar na manutenção e proteção
de atrativos e recursos naturais, culturais e históricos em benefício de toda a sociedade, além
da regulamentação, planejamento, promoção e marketing turístico (OMT, 2003).

No processo de evolução e amadurecimento da tarefa de gerenciar os destinos turísticos,


observamos, atualmente, dois princípios norteadores: a sustentabilidade e o engajamento das partes
interessadas. A sustentabilidade significa que as ações tomadas devem garantir a permanência tanto
da atividade do turismo como de seus recursos formadores, minimizando os impactos negativos. Já
a participação permite que a sociedade civil seja ouvida e participe do desenvolvimento do turismo,
desde o planejamento e organização até das estruturas de direção e controle.

Figura 3 – Critérios para organizações de turismo e sociedade civil

GEOGRAFIA:
Internacional, nacional, estadual ou provincial, local.

PROPRIEDADE:
Governamental, semigovernamental ou privada.

FUNÇÃO OU TIPO:
Reguladora, planejadora, ordenadora, fornecedora, de comércio,
de fomento, consultora, pesquisadora, educadora, editora, etc.

SETOR:
Transporte, agentes de viagem, operações de turismo, de
hospedagem, atrações.

MOTIVAÇÃO:
Lucrativas ou não lucrativas.

Fonte: Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002, p. 82).


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2.1 O papel dos atores no desenvolvimento do turismo sustentável


Os processos participativos permeiam cada vez mais as ações de gerenciamento dos
destinos turísticos, de maneira que as organizações privadas e a própria sociedade civil
organizada têm papel importante a ser desempenhado.

Muitos benefícios surgem a partir da institucionalização dos entes responsáveis pelo


turismo, como a criação de redes, integração de recursos e, para a OMT (2003, p. 204), maior
eficiência das “[...] ações em escala, que seriam inatingíveis individualmente. Além disso, as
organizações permitem que empresas e governos tratem de questões com maior poder e
credibilidade, por força das ações coletivas.”

Podemos identificar os diferentes atores potencialmente envolvidos com a atividade


turística ou afetados direta ou indiretamente por ela (UNWTO, 2013):

Quadro 1 – Papel dos atores no desenvolvimento do turismo sustentável

ATORES PAPEL NO DESENVOLVIMENTO DO TURISMO SUSTENTÁVEL


Integrar o turismo nas políticas e acordos de desenvolvimento
Agências internacionais de
desenvolvimento Assistência financeira e técnica para o turismo sustentável e diversos
programas e projetos
Desenvolvimento e implementação da política e estratégia do turismo
Governo Federal (Ministério Integração da política de turismo com outras políticas e estratégias federais
do Turismo, demais ministérios, Legislação, normas e regulamentos relacionados ao setor
agências reguladoras, outros Planejamento e desenvolvimento da infraestrutura
órgãos públicos federais de gestão) Gestão de recursos
Comunicação, informação e marketing
Governo e órgãos públicos do Planejamento e direção da estratégia local
destino (Governo Estadual, Implementação da política e regulamentos
Conselhos Estaduais, organizações
de gestão do destino, por Gestão e desenvolvimento de infraestrutura local
exemplo: público-privadas) Apoio, coordenação e engajamento dos atores locais

Representação e influência no setor de turismo


Empresas do setor privado
(associações de profissionais Operação dos serviços turísticos
de turismo, nacionais e locais, Integração com mercado nacional e internacional
prestadores de serviços Melhoria, investimento e desenvolvimento do produto
turísticos, operadores turísticos, Criação de empregos e geração de renda local
fornecedores (ex: alimentos,
investidores) Inserção dos aspectos de sustentabilidade econômica, social e
ambiental no desenvolvimento e nas operações turísticas

Órgãos de representação de Representação dos interesses dos trabalhadores


classe e trabalhadores (sindicatos, Planejamento e desenvolvimento de recursos humanos
trabalhadores individuais do setor) Prestação de serviços confiáveis em troca dos seus salários
ONGs Locais, nacional e Representação dos interesses de diferentes partes interessadas
internacionais (ONGs para o Engajamento em planejamento estratégico e desenvolvimento
desenvolvimento sustentável,
do meio ambiente, para Coordenação dos atores e apoio à implementação
conservação, para cultura, sociais Construção de capacidades e disponibilização de expertises
e comunitárias) (especializações)

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Instituições de ensino e formação Compilação e disseminação dos conhecimentos


(universidades, faculdades, Apoio ao desenvolvimento da política e estratégia
entidades de ensino, instituições
de pesquisa, órgãos consultivos e Treinamento e capacitação
especialistas) Assessoramento e conhecimentos específicos

Engajamento no planejamento e decisões do turismo no nível local


Comunidade local (conselhos
comunitários e organizações Representação e comunicação dos interesses da comunidade local
representativas, lideranças Busca do compartilhamento equitativo dos benefícios nas
tradicionais, grupos organizados, comunidades
comerciantes locais – formais e Interação com turistas para benefícios mútuos
informais – residentes locais)
Receber recursos gastos pelos turistas
Fornecer a principal fonte de renda para o setor
Consumidores/Turistas Comportar-se de forma responsável em relação ao meio ambiente e às
(turistas individuais, redes de comunidades locais na escolha e realização das viagens
consumidores, clubes) Comunicar as informações e opiniões sobre o destino e as questões da
sustentabilidade com precisão

Fonte: UNWTO (2013, p. 19).

É interessante verificarmos o modus operandi, ou seja, a forma de atuação desses atores


tão distintos da arena turística, a partir de exemplos como o voucher unificado em Bonito
(MS). (GRECHI et al., 2010).

A Lei nº 965/95 criou o Conselho Municipal de Turismo e o Funtur (Fundo de


Turismo) para organizar e estabelecer algumas regras para a exploração da atividade
turística. O conselho tem caráter deliberativo, consultivo e de assessoramento,
respondendo pela conjunção entre o poder público e a sociedade civil. Isso fez com
que vários setores que compõem o trade buscassem uma organização mais eficiente,
com associações representativas. O Conselho instituiu o voucher único, padronizando
o mesmo modelo para todas as agências de turismo. A normatização consolidou o que
era um acordo de cavalheiros, pois todos perceberam que a Prefeitura Municipal, de
modo descentralizado, poderia ter estatísticas verdadeiras sobre a venda dos serviços
turísticos em Bonito (MS). Mais exemplos práticos podem ser consultados na Midiateca.

3 Posicionamento do destino no mercado


Com o gerenciamento participativo do turismo, o destino deve posicionar-se no mercado
de forma competitiva, utilizando mecanismos que garantam benefícios socioeconômicos e a
conservação dos recursos naturais e culturais.

Conforme destaca Borges (2010), “a qualidade de uma destinação é avaliada com base
na organização de suas atrações naturais e culturais, nos benefícios que proporcionam aos
visitantes e no estado de conservação de seus recursos turísticos.”
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Nesse sentido, a sustentabilidade se apresenta como vantagem competitiva, agregando


valor à imagem e aos serviços do destino.

Outra situação de gerenciamento participativo do turismo consiste no Programa de


Regionalização do Turismo, em que constam as competências e funções do Ministério do Turismo,
dos Órgãos Estaduais de Turismo, da Instância de Governança Regional, do Órgão Municipal de
Turismo, dos parceiros e da iniciativa privada. Acesse o material disponível na Midiateca.

3.1 Estratégias competitivas sustentáveis

Como estratégia competitiva o destino deve primar pelo “[...] desenvolvimento


sustentável, responsabilidade ética, qualidade e respeito que agregam valor e contribuem
para a consolidação de uma atividade turística voltada às preocupações com o futuro da
humanidade e do seu meio natural” (RUSCHMANN; ROSA; WIEDGENANT, 2010, p. 840).

Na competição com a concorrência direta e indireta existente em um dado mercado,


vencem aqueles capazes de fornecer a oferta com maior valor percebido pelos clientes
(MORAES, 2012). Esse valor é definido por vantagens comparativas e competitivas. As
primeiras estão nas características como clima, localização, recursos naturais, herança
cultural, atividades de lazer etc. Já as vantagens competitivas dizem respeito a como tornar
esses elementos originais em uma experiência de qualidade ao visitante.

O autor nos apresenta os três tipos de estratégias segundo Porter: a inovação, a liderança
de preços e o foco nas necessidades individuais dos clientes. Em um mundo altamente
globalizado, os destinos que se sobressaem são aqueles capazes de oferecer experiências
autênticas e únicas.

Essas estratégias só serão possíveis a partir de um sistema de gerenciamento que


consiga equilibrar as decisões e distribuir responsabilidades a todos os entes envolvidos no
gerenciamento do destino.

Vale salientar os índices apresentados pelo Fórum Econômico Mundial que compara a
competitividade em viagens e turismo dos países, a partir de 79 variáveis. Estas abrangem
diversos fatores, desde a política e regulamentação até acessibilidade e segurança no país,
passando por sua infraestrutura e recursos naturais e culturais. Os índices fornecem uma
visão valiosa para países em desenvolvimento, comparando sua competitividade no turismo.

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Para conhecer os índices e variáveis, consulte o relatório “The Travel & Tourism
Competitiveness Report” (2015), do World Economic Forum, disponível na Midiateca.

Considerações finais
Sabemos que o gerenciamento dos destinos turísticos é um tema bastante complexo, mas
conseguimos verificar os principais diferenciais que tornam o produto turístico um elemento
único para pesquisas e análise, bem como seus sistemas de gestão com participação de vários
entes, desde a esfera pública até a sociedade civil, e como toda essa movimentação consegue
se refletir em estratégias mercadológicas capazes de atrair turistas que buscam destinos
sustentáveis e privilegiam a participação comunitária.

Referências
BORGES, Marta Poggi. Sustentabilidade e competitividade: Águas de São Pedro IN: PHILLIPI
JÚNIOR, Arlindo; RUSCHMANN, Doris. Gestão ambiental e sustentabilidade no turismo.
Barueri, SP: Manole, 2010. p. 871-888.

BRASIL. Ministério do Turismo. Coordenação Geral de Regionalização. Programa de


Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil: Módulo Operacional 7. Brasília, 2007.

______. ______. Diretrizes Nacionais para Qualificação em Turismo. Brasília, 2015.

DIAS, Reinaldo; CASSAR, Mauricio. Fundamentos do marketing turístico. São Paulo: Prentice
Hall, 2005.

GÂNDARA, José Manoel et al. A qualidade da experiência na visitação dos destinos. IN: BENI,
Mario (Org.). Turismo planejamento estratégico e capacidade de gestão – desenvolvimento
regional, rede de produção e clusters. Barueri, SP: Manole, 2012. p. 383-295.

GARRIDO, Inez Maria Dantas Amor. Modelos Multiorganizacionais no Turismo: cadeias, clusters e
redes. IN: RUSCHMANN, Doris. Planejamento Turístico. Barueri, SP: Manole, 2006. p. 219-252.

GRECHI, Dores Cristina et al. Autogestão e controle de visitantes: voucher unificado em Bonito.
MS. IN: PHILLIPI JÚNIOR, Arlindo; RUSCHMANN, Doris. Gestão ambiental e sustentabilidade
no turismo. Barueri, SP: Manole, 2010. p. 913-931.

MORAES, Leonardo Nogueira. Dimensão mercadológica da sustentabilidade do desenvolvimento


turístico. IN: BENI, Mario (Org.). Turismo planejamento estratégico e capacidade de gestão –
desenvolvimento regional, rede de produção e clusters. Barueri, SP: Manole, 2012.

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Políticas e Gerenciamento de Destinos Turísticos

OMT. Organização Mundial do Turismo. Turismo Internacional: Uma perspectiva global. Porto
Alegre: Bookmann, 2003.

RUSCHMANN, Doris, ROSA, Rafaela, WIEDGENANT, Priscilla. Sustentabilidade como estratégia


de desenvolvimento: Ilha de Porto Belo SC. IN: PHILLIP JÚNIOR, Arlindo; RUSCHMANN, Doris.
Gestão ambiental e sustentabilidade no turismo. Barueri, SP: Manole, 2010. p. 811-841.

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