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O Snoezelen e as terapias alternativas

instrumentos para a igualdade de oportunidades

Aida Ferreira (Assistente Social, Docente na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias)


Amélia Martins (Assistente Social, Directora Técnica do Lar Santa Beatriz da Silva)

A apresentação do tema, “O Snoezelen e as terapias alternativas instrumentos para a


igualdade de oportunidades,” implica do nosso ponto de vista, uma abordagem teórico-
prática, que permita evidenciar o “princípio da igualdade de oportunidades”, o
usufruto desse princípio pelos cidadãos idosos em geral mas, no caso aqui apresentado,
aos que estão em situação de institucionalização no Lar Santa Beatriz da Silva,
localizado em Fátima, e ainda, as práticas de “terapias alternativas e snoezelen” que
proporcionam bem estar físico, psíquico e social, sobretudo aos idosos com dependência
física e em situação de demência.
O tema será desenvolvido em três pontos:
1 – A Igualdade de Oportunidades – uma construção social;
2 – O cidadão idoso institucionalizado e a igualdade de oportunidades no Lar
Santa Beatriz da Silva;
3 – Práticas não discriminatórias: implicações técnicas, tecnológicas e económicas.
Os desafios...
O tratamento destes 3 tópicos será abordado não de forma estanque, mas numa relação
constante entre a teoria e a realidade vivida no Lar.

1 – A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES – UMA CONSTRUÇÃO SOCIAL;

Cada ser humano é único, pela sua combinação genética, pelas suas características
físicas, pelas suas capacidades físicas, intelectuais, artísticas entre outras, pela influência
do meio familiar e social em que nasceu, pela riqueza adquirida ou, no extremo, pela
pobreza e exclusão social vivida já na vida intra-uterina, ou até antes, devido às
condições sociais dos pais biológicos.

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Assim, segundo F. Oppenheim “Não tem sentido afirmar que «todos os homens são iguais».
Alguns podem ser quanto a uma característica particular; todos, não. A única característica que
é comum a todos é a «natureza humana»”; mas isto é uma afirmação tautológica” (1991: 598).
Mas, pelo facto de a natureza ser comum, porque pertencemos à espécie humana, não
significa que se conheça a própria natureza humana, pois tal como afirmou Hannah
Arendt, conhecer a natureza humana é como tentar apanhar a própria sombra.
Os seres humanos vivem em sociedade onde existem regras que devem ter um carácter
igualitário, obedecendo a critérios justos, este é o aspecto mais importante. Não
interessa tanto saber se o tratamento de duas pessoas é igual em relação a uma
determinada regra, pois esta pode na sua concepção não ser igualitária. A igualdade só
pode ser entendida como uma construção social com um determinado marco histórico e
percurso mais ou menos lento, consoante os grupos sociais que têm vivido a
desigualdade social e foram, e (ou) ainda são objecto de atenção ao longo de pouco mais
de um século.
No século XIX, a intervenção do Estado emerge como garante da igualdade para
alcance da liberdade, passando pela prática obrigatória da solidariedade como conceito
político, mas, permanecendo paralelamente, a fraternidade como expressão voluntária
do humanismo que sempre existiu ao longo dos séculos.
O Estado assume um papel fundamental na estruturação e integração das instituições.
A esfera pública, de que as instituições são parte integrante, baseia-se na defesa do
princípio da igualdade resultante da organização humana e de princípios de justiça,
consagrados na estrutura política das sociedades democráticas. Tal como afirma H.
Arendt, “A vida política baseia-se na suposição de que podemos produzir a igualdade através da
organização” (Arendt, 1978:387).
De acordo com F. Oppenheim “O princípio da Igualdade, ou melhor, do nivelamento das
oportunidades aplica-se (...) à redistribuição do acesso a várias posições na sociedade e não à
atribuição dessas mesmas posições.” (1991:604). Assim, as pessoas têm hipoteticamente o
mesmo ponto de partida e a sua posição final dependerá das suas capacidades,
alcançando-se o nivelamento através de um processo de competição.
Reconhece-se contudo, que a igualdade de direitos não equaliza os mais desfavorecidos
relativamente aos mais privilegiados, tornando-se necessária a concessão de privilégios
jurídicos e de benefícios materiais àqueles. É neste sentido que os programas head start

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são extrinsecamente igualitários pois resultam num nivelamento das oportunidades, no
acesso à instrução que tem consequências no estatuto social e na possibilidade de
aquisição de um conjunto de bens sociais ao longo de toda a vida.
A regra da “igualdade de oportunidades” é inigualitária porque proporciona
oportunidades e vantagens a quem carece delas e não àqueles que já as possuem. Há
assim uma distribuição desigual dirigida aos mais desfavorecidos em comparação com
os mais privilegiados. Neste aspecto aproxima-se da noção de “igualdade proporcional”
em que a quantidade de benefício está ligada à “característica pessoal especificada pela
regra: quanto maior for a característica tanto maior será a parte.” (Ibid.,: 600).
Assim acontece no Lar, os idoso tem acesso a todo o tipo de terapia, actividades de
animação e ocupação, entre outras, havendo uma distribuição desigual, no sentido em
que proporciona mais vantagens àqueles que possuem características pessoais de maior
dependência.

O nivelamento de oportunidades para todos os idosos em Lar depende nesta óptica da


capacidade dinâmica, inovadora e criativa de quem dirige as instituições.
É neste sentido que uma competição saudável entre elas vai permitir uma maior
igualdade de acesso aos bens que cuidam e transformam um olhar acomodadamente
nebuloso, num olhar vivo de bem estar, e, uma momice facial num sorriso de alívio
onde a beleza está no significado captado pelo cuidador atento.
Quando o idoso já não consegue comunicar, como acontece na fase do Alzheimer em
que o declínio cognitivo já é grave, e é, segundo Garrett (2007), insensível ao meio que o
rodeia e à forma como as pessoas se relacionam com ele, os cuidados prestados evitam
o recurso à contenção física e a medicamentos que prejudicam o doente. Daqui resulta,
que a não discriminação mesmo em função da percepção que o idoso tem ou não
relativamente ao tratamento, deve ser mantida. É através desta distribuição desigual,
que há um nivelamento das oportunidades pela redistribuição e acesso a vários bens,

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concretizando-se assim o princípio da equidade através do “Bem Estar Social”
traduzido, segundo Boaventura Sousa Santos, (1992), no total de bem estar fornecido
por determinada sociedade.
No que respeita a estudos recentes a oferta dos cuidados prestados em Lares, são
assumidos em 81,9%, pelo terceiro sector (Guerreiro, citado por São José:2006).
O Lar de Santa Beatriz da Silva que apresentamos em seguida entra nesta percentagem.

2 - O CIDADÃO IDOSO INSTITUCIONALIZADO E A IGUALDADE DE


OPORTUNIDADES NO LAR SANTA BEATRIZ DA SILVA;

Entendemos por "concretização da igualdade de oportunidades" o processo mediante o


qual o meio físico e os diversos sistemas existentes no seio do Lar, tais como serviços,
actividades, informação e documentação, são postos à disposição de todos, sem
discriminação.
Tal prática traduz-se no planeamento da vida do lar de acordo com as necessidades
diagnosticadas clínica e socialmente. Todos os recursos têm de ser colocados ao dispôr
de todos de forma a garantir que sejam concedidas as mesmas oportunidades de
tratamento, incluindo sempre que possível a participação activa dos idosos, seus
familiares e serviços da comunidade.

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Interessa agora procedermos à caracterização dos idosos do Lar, segundo: as idades; o
género; o rendimento; o nível de dependência.
Neste ano, 2007, “Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos”, em que se
propõe uma sociedade inclusiva sem discriminação de sexo, origem racial ou étnica,
religião, deficiência, idade. O cidadão idoso encontra-se incluído na “categoria” idade
podendo esta ainda apresentar sub-categorias a partir do patamar da idade da
aposentação, 65 anos ou outra, consoante cada país e a classificação de vários autores.1
Nas alterações relacionadas com a idade estão a presença de factores de risco e a
ocorrência de doenças crónico-degenerativas, (hipertensão; diabetes; AVC; problemas
de locomoção; etc.)
Gráfico 1: Doenças crónico-degenerativas e outras mais frequentes

doenças crónico-degenerativas e outras mais


frequentes
Artroses
incontinência Urinária
demência senil
diabetes
11%. AVC 4% 13% artroses
problemas de locomoção
18%
Dislipidémia
incon. uri
problemas neurológicos
21%
Hip. 4% problemas psiquiátricos
5%
6% 4% 5% 4% 5% oncológicos
Hipertensão
Sequelas AVC
problemas gástricos

Fonte: lar Santa Beatriz da Silva

que determinam para o idoso os graus de dependência, traduzidos na perda de


autonomia e a dificuldade de realizar as AVD, interferindo na sua qualidade de vida.
Os idosos apresentam os seguintes agrupamentos de idades.

1
Em França a classificação de “aposentado” unifica as idades. Sendo a 3ª. Idade dos 65 até aos 75 anos e a 4ª. Idade
a partir dos 75 anos.
Outra classificação cronológica considera o idoso jovem dos 65 aos 74 anos; o idoso médio dos 75 aos 84 anos e o
idoso idoso a partir dos 85 anos.
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Tabela 1: Idosos segundo as idades

Idades N.º de utentes %


Até aos 60 anos 3 4
Dos 61 aos 70 anos 6 7
Dos 71 aos 80 anos 30 37
Dos 81 aos 90 anos 32 38
Mais de 90 anos 12 14
Total 83 100%

Fonte: Lar Santa Beatriz da Silva, 2007

Tabela 2 : Idosos segundo o sexo


Género N.º de utentes %
Masculino 19 22,89%
Feminino 64 77,11 %
Total 83 100 %
Fonte: Lar Santa Beatriz da Silva, 2007

Verifica-se na tabela 1 que a percentagem mais elevada, 38% corresponde a idosos


entre os 81 e 90 anos. Os idosos com 71 e mais anos corresponde a 89%.
A tabela 2 revela que 77,11% são mulheres, o que estará em parte de acordo com a
esperança de vida mais elevada do sexo feminino, mas existem outras razões, como por
exemplo o facto de as mulheres solteiras após aposentação, terem o ideal de viver junto
ao Santuário de Fátima, para aí se dedicarem ao Voluntariado. Inscrevem-se no Lar, no
sentido de prevenir situações de doença e/ou dependência futura.

Segundo o nível de rendimento:


Tabela 3: Valores das pensões de reforma

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Pensões em € Nº %
< 300 30 36%
301 – 400 36 44%
401 – 500 7 8%
501 - 600 5 6%
> 600 5 6%
Total 83 100%
Fonte: lar Santa Beatriz da Silva

Na Tabela 3 o nível de pensões até 300 €/mês atinge os 36%, havendo no entanto,
situações com valores inferiores, como por exemplo: 138,10€; 218,67€, entre outros
valores.
Como vemos apesar da generalização do sistema de pensões português no que diz
respeito à sua extensão, uma franja significativa dos pensionistas idosos têm ainda
rendimentos próximos ou inferiores aos limiares de pobreza.
Este factor traduz as desigualdades vividas nas etapas de vida anterior, sobretudo no
acesso a bens, como a educação, emprego, sistemas de protecção social, realçando-se
ainda as desvantagens quanto ao género. Verifica-se que as mulheres idosas têm
pensões de valor inferior às dos homens.
Para caracterizar os idosos residentes no Lar segundo o nível de dependência
utilizámos o Método Geronte, o Índice de Barthel e os Relatórios Médicos.
Na conjugação dos resultados surgiu a seguinte classificação:

Tabela 4 – descrição dos níveis de dependência


Níveis Descrição dos níveis N.º %
1 Totalmente independente 10 12%
2 Dependente apenas no banho 20 25%
3 Dependente no banho e higiene diária 7 8%
4 Dependente no banho, higiene diária e apoio na 4 5%
alimentação
5 Dependente no banho, higiene diária, apoio na 12 14%
alimentação e vestir
6 Dependente no banho, higiene diária, apoio na 19 23%
alimentação, no vestir e nas transferências
7 Dependente a todos os níveis 11 13%
Total 83 100%

7
Gráfico 3 – Avaliação da dependência
1 Totalmente independente
Avaliação da dependência

2 Dependente apenas no banho

3 Dependente no banho e higiene


diária
13% 12%
4 Dependente no banho, higiene
23% 25% diária e apoio na alimentação

5 Dependente no banho, higiene


diária, apoio na alimentação e
14% 8% vestir
5% 6 Dependente no banho, higiene
diária, apoio na alimentação, no
vestir e nas transferências
7 Dependente a todos os níveis

Podemos verificar que a maior dependência dos idosos está relacionada com o banho
(25%), higiene diária, apoio na alimentação, no vestir e nas transferências (23%).
A capacidade funcional segundo Lima-Costa, Barreto e Giatti (2002) é uma das grandes
componentes da saúde do idoso e vem emergindo como um factor chave para a
avaliação do seu estado de saúde. Entendemos, no Lar Santa Beatriz da Silva que as
políticas de igualdade de oportunidades devem promover o bem-estar de todos na
distribuição segunda as necessidades dos tempos de atenção, tratamento e de
acompanhamento.
Esta é uma questão-chave, uma vez que grande parte do debate acerca da igualdade e
da justiça repousa, em última análise, sobre como tornar iguais “coisas” – no caso,
situações de pessoas – que são na realidade intrinsecamente diferentes? Dependentes e
independentes.

3 – PRÁTICAS NÃO DISCRIMINATÓRIAS: IMPLICAÇÕES TÉCNICAS,


TECNOLÓGICAS E ECONÓMICAS. OS DESAFIOS...

A participação no ambiente snoezelen é por nós entendida como promoção de


igualdade.
Desde alguns anos que o conceito Snoezelen revolucionou a terapia em países como a
Holanda, Bélgica, Alemanha; Itália, entre outros. Alguém o definiu acertadamente como
o despertar sensorial através da própria experiência sensorial. É uma actividade

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primária dentro de um espaço onde o ambiente criado a partir da iluminação difusa e
da música proporciona calma e segurança, estimulando os sentidos.
No Lar, o snoezelen foi introduzido desde Outubro de 2005. Alimentámos o sonho,
procurámos formação e desenhámos o projecto. As dificuldades económicas inerentes a
uma IPSS tinham de ser ultrapassadas com ousadia e criatividade. Assim recorremos à
Fundação Calouste Gulbenkian, que de imediato abraçou o nosso projecto pela sua
originalidade. O maior benefício do snoezelen é a própria experiência sensorial gerada
neste ambiente de relaxamento, descontracção e lazer com efeitos terapêuticos
resultantes da estimulação e da relação de confiança com o cuidador.

As terapias alternativas a que nos referimos são concretamente a arte-terapia e dentro


desta a musicoterapia. Recorremos à expressão artística como instrumento terapêutico:
cantar, dançar, desenhar, pintar, esculpir, recitar, representar e escrever no sentido de
resgatar a dimensão integral do homem. No Lar servimo-nos sobretudo do desenho, da
pintura e da modelagem. “o interesse voltado especialmente para a imagem, a criatividade
toca de forma significativa em questões como a: transformação da pessoa, identidade,
comunidade, cultura, espiritualidade”(Berg, 2000:122), abrangendo quer homens quer
mulheres, quer dependentes quer independentes.
O recurso às metáforas e ao simbólico, através da expressão artística, permite aos idosos
com alguma resistência à expressão verbal, a possibilidade de mostrarem os seus

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sentimentos de uma maneira alternativa, como por exemplo os idosos que sofreram
AVC, ou doentes de Alzheimer, como mais adiante noutro painel poderemos verificar.
A imagem pode também ser muito útil no caso das afasias, quando o indivíduo tem
tendência a racionalizar, ou quando se encontra num impasse em terapêutica verbal.
Contudo, estas expressões constituem-se como uma abordagem complementar à
terapêutica convencional.
Vejamos o caso do Sr. José (sequelas de AVC e insulino-dependente). Qual a sua
expressão no início do processo e passados 10 meses…

Tabela 4 – Análise dos aspectos formais da expressão plástica


Categorias de Pré-intervenção Pós-intervenção
análise (Dez de 2006) (Set. 2007)
Descrição sucinta No trabalho não existe linha de A pintura possui mais riquezas
do trabalho base. Utilizou o espaço sem e variedade de elementos,
coerência e sem rumo utilizou bem o espaço do papel,
fez um coração, o seu coração
Criatividade O desenho é limitado Pintura mais criativa,
variedade de elementos
Omissões ou Não identifica nenhum Incluiu o elemento principal –
inclusão de elemento coração
elementos Escolhe o lápis de cera Escolhe o pincel e a tinta
Outras As linhas são descontínuas, As linhas são bem definidas, a
características embora haja reforço e poucas disposição e sobreposição de
quebras, há variação na pressão elementos é pacífica
do lápis
Cores Desenho quase monocromático Trabalho muito mais colorido
Registo de Reflecte tensão, desconforto, Reflecte menos tensão, gosto
Observação mas vai expressando vontade em que outros também
de continuar e de escolher mais apreciem, valorizem,
cores

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Com as doenças crónico-degenerativas a comunicação verbal torna-se cada vez mais
difícil. Nestas situações, a musicoterapia é uma proposta alternativa na forma de
comunicação.
Esta consiste na utilização da música e/ou dos elementos musicais (som, ritmo, melodia
e harmonia) num processo estruturado para facilitar e promover a comunicação, o
relacionamento, a aprendizagem, a mobilização, a expressão e a organização (física,
emocional, mental, social e cognitiva) para desenvolver potencialidades e /ou recuperar
funções do indivíduo de forma que ele possa alcançar melhor integração intra e
interpessoal e consequentemente uma melhor qualidade de vida. (Bruscia, 2000:286). A
Intervenção musicoterapêutica é desenvolvida pelo Conservatório de Música de
Ourém-Fátima e é inteiramente financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian desde o
dia 2 de Maio de 2007. A igualdade de oportunidades passa pela organização do grupo
em função do nível de dependência (dependentes vs independentes). Proporcionando a
todos o mesmo bem adaptado as características pessoais. Promovemos pequenos
concertos em que uns actuam para os outros e todos juntos assistem a concertos
realizados no Lar pelos alunos do Conservatório.

A experiência tem-nos demonstrado que a estimulação sonora-musical é um excelente


meio de integração social e consequentemente na vida do Lar. Para elaborar o plano de
trabalho definimos os objectivos, métodos e técnicas a utilizar, avaliando os seguintes
aspectos:
Nível de dependência
Se ouve música ou ouviu (no passado) e que música
Sabe tocar algum instrumento
Canta ou cantou – memória musical - retratando ambientes e vivências sonoras
passadas e “resgatando” pontos saudáveis. (Bruscia, 2000).

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Gosta e pratica ou praticou outras formas de expressão artística (dança, pintura,
desenho, modelagem, etc)
Autores como Wells (1954, cit. In Bowberger, e Cotter, 1993) e Niesenbaum (1999)
referem que a musicoterapia é eficaz no trabalho com idosos tornando-os mais activos e
melhorando a sua mobilidade. Constitui também um enorme contributo para o
equilíbrio bio-psíco-social dos idosos.

Apresentamos de seguida a tabela que utilizamos na avaliação das sessões de


musicoterapia (45 a 1 h. cada sessão)

Tabela 5 - Avaliação de aspectos próprios da musicoterapia: 1ª sessão


Idosos
Expressão Gestual Escala Likert (1 a 5)
1 2 3 4 5
1 Estabelece contacto ocular quando alguém lhe fala ou
X
se dirige a ele
2 Manifesta expressões gestuais de acordo ao contexto
X
(canto, sorriso, desmotivada…)
Expressão corporal
3 Aceita o contacto corporal quando se lhe estende a
X
mão
4 Emite algum tipo de resposta corporal (membros X

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inferiores ou superiores, cabeça…) quando se canta o
seu nome ou se “bate” um ritmo
Expressão sonora
5 Emite sons vocais para comunicar X
6 Explora e executa fontes sonoras X
Expressão musical
7 Une-se ao canto quando se canta uma canção
X
conhecida
8 Realiza acompanhamento rítmico de acordo com o
X
contexto musical dado
9 Estabelece diálogos sonoros X
10 Interpreta e realiza silêncios após uma indicação X
11 O seu discurso sonoro apresenta variações de
X
intensidade (vocal ou musical)
12 Permanece sentado enquanto recebe estímulos
X
musicais
13 Mostra condutas aceitáveis socialmente (evita a
agressividade física e verbal, a salivação, etc..) durante X
a musicoterapia
14 Observações:
D. Etelvina (Invisual) Mostrou-se sempre desconfiada, não interagiu; perguntou
porque é que agora estava ali um músico… embora reticente, quer continuar…

Objectivos da sessão: compreender a sensibilidade musical.

1- Nada; 2 – Pouco; 3 – Às vezes; 4 – Muitas vezes; 5 - Sempre

Tabela 6 - Itens avaliados 8ª sessão


Idosos
Expressão Gestual Escala Likert (1 a 5)
1 2 3 4 5
1 Estabelece contacto ocular quando alguém lhe fala ou
X
se dirige a ele
2 Manifesta expressões gestuais de acordo ao contexto
X
(canto, sorriso, desmotivada…)
Expressão corporal
3 Aceita o contacto corporal quando se lhe estende a
X
mão
4 Emite algum tipo de resposta corporal (membros
inferiores ou superiores, cabeça…) quando se canta o X
seu nome ou se “bate” um ritmo
Expressão sonora
5 Emite sons vocais para comunicar X
6 Explora e executa fontes sonoras X
Expressão musical
7 Une-se ao canto quando se canta uma canção
X
conhecida
8 Realiza acompanhamento rítmico de acordo com o X

13
contexto musical dado
9 Estabelece diálogos sonoros X
10 Interpreta e realiza silêncios após uma indicação X
11 O seu discurso sonoro apresenta variações de
X
intensidade (vocal ou musical)
12 Permanece sentado enquanto recebe estímulos
X
musicais
13 Mostra condutas aceitáveis socialmente (evita a
agressividade física e verbal, a salivação, etc..) durante X
a musicoterapia
14 Observações:
D. Etelvina (Invisual) gosta de cantar sobretudo músicas religiosas, gosta de ouvir
essas mesmas músicas acompanhadas à viola pelo Terapeuta; bate palmas e
responde ao que lhe é solicitado…

Objectivo da sessão: motivar ao canto acompanhado com instrumento

Concluindo: a diferença entre os seres humanos não é obstáculo à construção da


igualdade no acesso a bens que proporcionem maior bem-estar, físico, psíquico,
emocional a todos os seres humanos, especialmente aos cidadãos idosos, sem qualquer
tipo de discriminação assente na idade, género, situação económica e nível de
dependência.
Quando os idosos residem em Lares a igualdade de oportunidades deve ser garantida
através de pessoal qualificado e meios técnicos e tecnológicos que proporcionem a
melhor qualidade de vida possível, a todos sem discriminação.
No caso das IPSS, a obtenção desses meios depende da capacidade das direcções em
captar verbas através de projectos credíveis e inovadores.
O snoezelen, a arte terapia e a musicoterapia constituem-se como meios que
desenvolvem a comunicação, o relacionamento, a participação e reduzem a medicação
devendo ser proporcionado a todos sem qualquer tipo de discriminação.
O esforço do Lar e de todos os que aí trabalhem manterá a dignidade do cidadão idosos
através da igualdade de oportunidades como princípio de justiça social e de ética
profissional e política.

Referências Bibliográficas

Arendt, H. (1978). O Sistema Totalitário, Lisboa. D. Quixote.

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Berg, R. (2000). Arte Terapia e Transformação Social , Rio de Janeiro. Clínica Pomar.

Bowberger, R. & Cotter V.W. (1993). Musicoterapia para Pacientes Geriátricos - El


Paciente Geriatrico In Thayer, E., Gaston et al. Tratado de Musicoterapia Paidós e
Psiquiatria, Psicologia e Psicossomática (283 – 294). México: Editorial Paidós.

Bruscia, K. (2000). Definindo Musicoterapia. 2ª ed. Rio de Janeiro. Enelivros.

Carvalho, S., A Liberdade e a Igualdade em Kant: fundamentos da cidadania,


http://www.fmd.pucminas.br/Virtuajus/ano2_2/A%20Liberdade%20e%20a%2
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http://www.euclides.net/noticias.php?id=408, acedido em 25 de Set. 2007.

Garrett, C. (2007). Alzheimer, Essencial da Saúde, Vol.,05, Porto: Faculdade de Medicina da


Universidade do Porto. Hospital de São João. EPE.

Gramstrup, E.O Princípio da Igualdade, http://www.hottopos.com/videtur17/erik.htm


(acesso em 24/09/16)

Lima-Costa M., Barreto, S. e Giatti, L. (2003). Condições de saúde, capacidade


funcional, uso de serviços de saúde e gastos com medicamentos da população
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Amostra de Domicílios 2003 in http://www.scielo.br/scielo. Acesso em: 21 de
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Netto, M. (2002). Gerontologia: A Velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada. Rio de


Janeiro. Ahteneu.

Nisenbaum, E. (1999). La Musicoterapia en la Tercera Edad. In Aguiar, R. e Nisenbaum


E., In Musicoterapia – Superando Fronteiras. Rio de Janeiro. CC&P.

Oppenheim, F. (1991). “Igualdade” in Bobbio N., et al., Dicionário de Política, vol. 1 e 2,


Brasília: Editora Universidade de Brasília. Linha Gráfica Editora.

São José, J. e Wall, K. (2006). “Trabalhar e Cuidar de um Doente Dependente: Problemas


e Soluções” in Protecção Social, Cadernos Sociedade e Trabalho, VII, Lisboa:
MTSS/DGEEP.

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