1- Leia os textos abaixo e delimite o assunto comum entre eles.
2 - Estabeleça o tema de cada um dos três textos.
Texto I -Educação e cidadania
“Conhecer é poder”, disse o filósofo Hobbes. E, de fato, só o homem dotado de conhecimento e de consciência é que desenvolve as seguintes capacidades: não aceita um mundo pronto para uso e consumo e está sempre em defesa de um eficiente processo educacional. O indivíduo que conhece, que questiona, não aceita um mundo de “segunda mão”. Não aceita o mundo já pensado e definido por outros. Não aceita fórmulas prontas e explicações dadas por certas ideologias sociais dominantes. Se o brasileiro dominasse mais o conhecimento, por exemplo, não aceitaria as disparidades sociais, a proliferação dos miseráveis, o aumento da violência e da corrupção, a aglomeração de crianças nas ruas, a falência do sistema de saúde e, principalmente do ensino público. Assim, não aceitar é pensar a própria realidade. E poder pensar é sentir-se mais cidadão. Uma sociedade que desenvolve a capacidade de pensar e de escolher o próprio mundo é porque tem como prioridade a educação dos seus cidadãos. Poder escolher é um exercício que se faz diariamente nos bancos das escolas. Exercício em que a principal regra é lutar contra a ignorância daqueles que nos querem manter passivos e acuados na nossa própria angústia existencial. Só o investimento na educação é que tira as pessoas da ignorância e fornece- lhes o conhecimento e o direito de escolher a própria realidade e atuar sobre ela. O país que tem como prioridade a educação do seu povo favorece o crescimento existencial do próprio homem e a formação de uma verdadeira cidadania. Célia Regina Cavícchia Vasconcelos
Texto II – Por que somo ignorantes
Não existem menino de rua – o que existe de fato são meninos fora da escola. E é justamente a partir daí que se deve entender não apenas o massacre do Rio, o marco na história da violência no Brasil, mas um de nossos principais gargalos ao desenvolvimento: educação. Por que não se investiu em educação básica? Há várias explicações. E nenhuma delas é dinheiro – já que sobravam recursos para usina nucleares, pontes, estradas, etc. Uma delas, porém, é medo. Educação significa cidadania. E cidadania, reivindicação. Melhor, portanto, deixar o populacho na ignorância. A ignorância não é privilégio da “esquerda” ou da “direita”. Quantos líderes sindicais acompanham os debates e as decisões sobre ensino, freqüentando as comissões no Congresso ou o Ministério da Educação? Detalhe: os filhos de trabalhadores estudam (quando o fazem) em escola pública. Melhora-la é, portanto, melhorar o nível de vida. Na sua alienação, preferem lutar basicamente por aumento salarial, algo logo comido pela inflação. Peguem-se os dirigentes da toda-poderosa Fiesp. Eles são capazes de dizer qual a taxa de inflação há dois anos. Mas se perguntarmos sobre qual a percentagem de crianças que deixam a escola antes de concluir o primeiro grau, vão se sentir tão à vontade como se dissertassem sobre a vida sexual dos macacos no Punjab, na Índia. Só alguns empresários sabem a verdadeira relação entre ensino básico e o desenvolvimento econômico. E que trabalhador sem escola significa menos lucro. Mas daí à ação vai uma longuíssima distância. Alguém consegue imaginar um presidente da Fiesp pressionando o secretário da Educação ou ministro sobre como usar melhor as verbas? Ou fazendo propostas concretas sobre como poderia haver um entrosamento entre os setores público e privado para melhorar o ensino? Vai demorar algum tempo, mas dirigentes empresariais e sindicais vão acabar se convencendo. Até porque não tem jeito: fora da escola não há solução. Há assassinatos. Gilberto Dimenstein – Folha de São Paulo
Texto III – Vai demorar
Todos sabemos que a parte mais importante de um prédio não são as paredes. Tampouco é a cobertura. A essência de uma obra é a fundação, um maciço de alvenaria que se enterra no solo. Se ela é mal feita, todo o resto será inconfiável. A construção de um país sólido também depende de um bom alicerce. Assim como no prédio, a base de uma nação não está à vista de todos. Encontra-se enterrada na cabeça de seus habitantes. Refiro-me à educação. Precisa ser consistente, sólida. Do contrário, a grande nação não passará de uma utopia. Ou voltando à nossa metáfora, não será um prédio de paredes rachadas e sob risco de desmoronamento. No Brasil, desde os jesuítas da era colonial, a educação jamais foi uma prioridade real. Nossa história, aliás, é marcada por uma espécie de culto à ignorância. O acesso às letras costuma iluminar mentes. E uma sociedade vazada de luz perde a aparência bovina. Pensa, questiona, reivindica. Daí a preferência pela manutenção do modelo das trevas. Ora por descaso, ora para obter mão de obra barata, ora para manter invisíveis os desvios do regime, ora para pôr antolhos no eleitorado. Professor, Fernando Henrique disse outro dia que 1996 será o ano da educação. Bom, muito bom, ótimo. Nunca é tarde para começar. Mas é bom que se diga: vai demorar até que tenhamos níveis aceitáveis de educação. Mencione-se, por eloqüente, o exemplo do Japão. Os japoneses lançaram as bases de seu desenvolvimento há 136 anos (1860), com a revolução educacional Meiji. Eliminaram-se, já naquela ocasião, os maiores focos de analfabetismo. Nosso atraso impõe uma dificuldade adicional. Para recuperar o terreno, precisamos reforçar o alicerce sem pôr a casa abaixo. É como calçar sapatos sem desgrudar do chão a planta dos pés. Se Fernando Henrique cumprir a palavra, talvez comecemos a notar alguma diferença dentro de 20, talvez, 30 anos. E o Brasil de nossos tataranetos pode ter uma edificação segura. Se o presidente ficar na retórica... Josias de Souza – Folha de São Paulo
4 - Escolha um dos quatros temas abaixo e escreva uma dissertação entre 25 e 35
linhas. Você pode-se apoiar nas idéias dos textos lidos. Obs.: Lembre-se de que o texto deverá ter um parágrafo para introdução, dois ou três, para desenvolvimento e 1 para conclusão. a) Para ser cidadão é necessário ter educação. b) A necessidade do investimento no processo educacional no Brasil. c) A educação é o prefácio da vida (Guizot). d) Educação e cidadania