Autor: Estevan Rodrigues Vilhena de Alcântara - Professor de História na Escola Estadual Professor Morais
Tema: ILUMINISMO
Iluminismo
Recebe esta denominação o movimento cultural e filosófico ocorrido na
Europa, no período que vai da revolução inglesa (1688) à revolução francesa
(1789). O século XVIII é, devido a esta diretriz de pensamento, igualmente
chamado Século das Luzes. Podemos compreender isto que “ilumina” a época em
questão como a crença no desenvolvimento sem limites da razão; esta pode ser
encarada como a principal característica deste movimento, desde a qual as
demais considerações se fundamentam.
O iluminismo surgiu na Inglaterra, a partir da influência das considerações
dos filósofos empiristas, especialmente de John Locke (1632-1704); de lá,
difundiu-se para a França, local onde consolidou-se de maneira mais plena,
especialmente a partir do pensamento dos enciclopedistas, indo para a Alemanha
e Itália, países onde este movimento não obteve a mesma força de expressão.
É possível apontar duas correntes filosóficas, em especial, como as
principais influências que contribuíram para formar a mentalidade iluminista: o
empirismo inglês e o racionalismo do século XVII. A razão é encarada, pelos
pensadores do iluminismo, como a faculdade capaz de libertar o homem dos
principais inimigos de todo conhecimento e progresso: a ignorância, o
obscurantismo e a superstição. Desta maneira, estes pensadores empreendem
luta contra tudo que possa servir de obstáculo ao livre desenvolvimento de suas
possibilidades; por isso, é próprio ao movimento elaborar considerações não
apenas filosóficas, mas sobretudo de caráter social, ético, político e religioso.
A estruturação social vigente na época, bem como o excessivo poder de
decisão concedido à Igreja acerca de questões temporais, são radicalmente
criticados por estes teóricos. Assim, este pensamento invade vários campos da
atividade humana: social e político, na crítica às instituições vigentes e, em vários
pensadores, com a proposta de reformulação baseada em um despotismo
esclarecido; científico, pela consideração de que o conhecimento da natureza é o
meio eficaz para alcançar sua dominação; moral e religioso, por sua tentativa de
aclarar, “iluminar” a origem dos dogmas e das leis, propondo uma religião e moral
naturais, ditadas pela razão, no confronto com as necessidades impostas pela
natureza. Alguns dos principais representantes do iluminismo:
I. Locke: os direitos naturais
John Locke (1632-1704), filosofo inglês que defendia que todo homem
tinha direitos naturais, como a liberdade, a felicidade e a prosperidade, que
deveriam ser garantidos pelos governos. Estes deveriam nascer de um pacto com
a sociedade, que aceitaria ser governada para superar os conflitos entre os
indivíduos. Para Locke, os governantes poderiam ser destituídos caso não
correspondessem aos interesses comuns.
II. Montesquieu: a separação dos poderes
Montesquieu (Barão Charles de Secondat [1689-1755]) publicou O
espírito das leis, obra em que elogia as leis e a monarquia constitucional inglesa.
Nesse livro defendeu também a separação dos poderes do Estado que, durante o
Antigo Regime, estavam concentrados na pessoa do rei. Pela sua proposta, esses
poderes seriam subdivididos em três: legislativo, Executivo e Judiciário. Dessa
forma, pretendia evitar abusos dos governantes e proteger a liberdade individual.
III. Voltaire: a liberdade de pensamento
Voltaire (François Marie Arouet [1964-1778]) foi um dos mais destacados
escritores e pensadores iluministas. Criticou o clero católico, a intolerância
religiosa e a prepotência dos poderosos. Para Voltaire, os monarcas deviam
respeitar as liberdades individuais. O soberano tinha de ser "esclarecido", guiar-se
pela razão, agir com auxílio dos pensadores ilustrados. Há uma frase célebre de
Voltarie que expressa sua defesa da liberdade de pensamento: "Posso não
concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte
seu direito de dizê-las".
IV. Rousseau: o contrato social e o bom selvagem
Considerado o mais radical dos pensadores iluministas, Jean Jacques
Rousseau (1712-1778), mudou-se para a França em 1742, onde escreveu suas
obras. Entre elas estava O contrato social, na qual afirmava que o soberano
deveria conduzir o Estado segundo a vontade da maioria do povo. Somente assim
haveria uma sociedade mais igualitária. Em outra obra, Discurso sobre a origem e
os fundamentos da desigualdade entre os homens(1775), Rousseau celebrou as
qualidades da vida natural e atacou a corrupção, a avareza e os vícios da
1
 Autor: Estevan Rodrigues Vilhena de Alcântara - Professor de História na Escola Estadual Professor Morais
Tema: ILUMINISMO
sociedade europeia. Elogiou a liberdade dos chamados "selvagens" (os indígenas
americanos), os quais, de acordo com ele, viviam sem a falsidade e o artificialismo
dos homens civilizados. Com isso, defendeu a ideia de que as pessoas nascem
boas, mas a sociedade as corrompe.
V. Diderot e D'Alembert: a Enciclopédia
Denis Diderot (1713-1784) e Jean le Rond D'Alembert (1717-1783) foram
os organizadores da primeira enciclopédia, com 35 volumes, elaborada com o
objetivo de resumir os principais conhecimentos da época nas artes, na ciência e
na filosofia. A Igreja e o Estado não puderam ser criticados diretamente pelos
enciclopedistas, devido à censura que havia na época. A reação conservadora
levou muitos enciclopedistas ao exílio ou à prisão, e a Enciclopédia foi incluída no
Index - relação dos livros proibidos pela Inquisição. Apesar de tudo, a obra teve
grande influencia no modo burguês de pensar a política. Em linhas gerais, os
autores defendiam o racionalismo (oposição à fé nos dogmas religiosos), a
independência do Estado em relação à Igreja e a confiança no progresso humano
por meio das realizações científicas.
O pensamento econômico
Os pensadores liberais preocupavam-se também com os assuntos ligados
à economia, como a produção, o comércio e as finanças. Para eles, as pessoas
deveriam ter liberdade para escolher o trabalho e exercer o comércio.
A fisiocracia
O termo fisiocrata significa "poder da natureza". Para eles, o Estado não
deveria interferir na vida econômica. Essa ideia foi sintetizada no lema dos
fisiocratas para se referir à produção econômica: "deixai fazer, deixai passar"
(laissez-faire, laissez-passer). Para o fisiocrata, a agricultura e a mineração
geravam as verdadeiras riquezas de uma nação.
O liberalismo econômico
Muitos burgueses criticavam a nobreza e o alto clero, que viviam a custa
do Estado absolutista e da exploração dos camponeses. Foram propostas
mudanças na atividade política e econômica, que podem ser sintetizados como:
 Um país é verdadeiramente poderoso se for rico;
 Para enriquecer, um país precisa expandir suas atividades econômicas;
 Para expandir as atividades econômicas, o governo precisa garantir
liberdade aos grupos privados.
O conjunto dessas propostas ficou conhecido como liberalismo
econômico e seu principal representante foi o filosofo e economista Adam Smith
(1723-1790), que exalta a eficiência econômica e crítica ao mercantilismo. Para
ele, a economia deveria ser dirigida pela lei da oferta e da procura. Ainda
afirmava que o trabalho era a verdadeira fonte de riqueza das nações e deveria
ser conduzido pela livre iniciativa de particulares, com a redução da intervenção
governamental.
Despotismo esclarecido
Na segunda metade do século XVIII, em alguns países da Europa,
monarcas e ministros de Estado tentaram conciliar os princípios iluministas com a
manutenção do poder absolutista. Essa experiência política foi chamada de
despotismo esclarecido ou absolutismo ilustrado.
O despotismo esclarecido associou características do absolutismo e da
ilustração. Assim, os chamados déspotas esclarecidos mantiveram o poder
centralizado do estado, mas promoveram algumas reformas nos países que
governavam. Com isso, alteraram parte da forma como exerciam o poder.
2