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CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Professor FABIO SILVA SOUCONCURSEIROEVOUPASSAR

PRINCÍPIOS DO DIREITO
ADMINISTRATIVO
FONTES
Por fonte do direito pode-se compreender o fundamento de validade da ordem jurídica. É fonte de uma
norma a anterior, que lhe seja superior, tal como concebido por Kelsen. A Constituição passa a ser a
fonte das demais normas jurídicas. Para a validez da Constituição, porém, não há norma positivada,
mas uma norma hipotética fundamental,
que é pressuposta. A norma hipotética, por fim, é que confere o fundamento de validade para todo o
sistema ou ordem jurídica. Esse é o sentido formal de fonte do direito. Fonte do direito, porém, é
usualmente empregada em outro sentido, associando-a ao que produz o direito. As fontes formais
podem ser estatais (lei, jurisprudência, convenções
e tratados internacionais) e não estatais (costumes, doutrina, o poder de grupos sociais).
As fontes do direito administrativo têm sido apresentadas de forma contraditória pela doutrina.
Basicamente, a principal fonte do direito administrativo é a lei, norma escrita superior dentre todas e
impessoal, além de outros atos normativos, abrangendo, assim, desde as normas constitucionais até as
instruções, circulares e demais atos decorrentes
do poder normativo estatal.
Outras fontes, secundando a lei, inspiram o direito administrativo, a saber: a jurisprudência, a doutrina,
os princípios gerais de direito e os costumes.

REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
O direito administrativo, como dito, constitui uma disciplina jurídica vinculada ao direito público,
organizada a partir de princípios jurídicos harmonicamente reunidos. A expressão “regime jurídico--
administrativo” consagra a união dos princípios peculiares a essa disciplina, que conservam entre si
não apenas união, mas relação de interdependência.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Sob o enfoque material, objetivo, o conceito de administração leva em conta a natureza da atividade
exercida (função administrativa), e, sob o subjetivo, formal ou orgânico, as pessoas físicas ou jurídicas
incumbidas da realização daquela função.




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PRINCÍPIOS PRINCÍPIOS PRINCÍPIOS PRINCÍPIOS


EXPRESSOS NA EXPRESSOS NA BASILARES MAIS
CONSTITUIÇÃO LEI DE PROCESSO IMPORTANTES
(ART. 37 – ADMINISTRATIVO PARA
CAPUT) – ART. 2 – 9784/99 CONCURSOS
PÚBLICOS
LEGALIDADE LEGALIDADE, SUPREMACIA TUTELA
IMPESSOALIDADE FINALIDADE, INDISPONIBILIDADE AUTOTUTELA
MORALIDADE,
MORALIDADE MOTIVAÇÃO,
PUBLICIDADE EFICIÊNCIA.
EFICIÊNCIA RAZOABILIDADE,
PROPORCIONALIDADE,
AMPLA DEFESA,
CONTRADITÓRIO,
SEGURANÇA
JURÍDICA,
INTERESSE PÚBLICO

A propósito, veja a redação desse art. 2º: “a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”.

Todos esses princípios listados no dispositivo reproduzido são expressos relativamente à Lei 9.784/99,
mas alguns deles não são expressos no que se refere à CF, como, por exemplo, o da razoabilidade e o
da proporcionalidade.

Dessa forma, muito cuidado no dia da prova com questões envolvendo princípios implícitos e
expressos.

Pois bem, destacada a importância de se diferenciar princípios expressos dos implícitos, vamos
conhecer os princípios expressos da Administração Pública que constam do art. 37 da CF.

1. PRINCÍPIOS EXPRESSOS

1.1. LEGALIDADE
- Ampliação da noção de legalidade

Conforme lição de Maria Sylvia Di Pietro1, “este princípio, juntamente com o de controle da
Administração pelo Poder Judiciário, nasceu com o Estado de Direito e constitui uma das principais
garantias de respeito aos direitos individuais. Isto porque a lei, ao mesmo tempo em que os define,
estabelece também os limites da atuação administrativa que tenha por objeto a restrição ao exercício de
tais direitos em benefício da coletividade”.

Além disso, é importante que você não mais se contente com o conceito de legalidade restrito
simplesmente à observância às leis.

Essa noção está ultrapassada, pois o respeito à legalidade implica na obediência a leis, a princípios e a
valores.

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Grave: LEGALIDADE = LEIS + PRINCÍPIOS + VALORES

O princípio da legalidade assume uma abrangência maior exigindo submissão ao Direito.

Vou dar um exemplo: determinado fiscal entra num SUPERMERCADO no exercício de sua função e
identifica uma lata de milho verde com a validade vencida. Suponhamos que a lei determine o
seguinte: no caso de mercadoria com validade vencida o fiscal poderá: a) advertir por escrito o
estabelecimento; b) aplicar multa; c) interditar o estabelecimento. No meu exemplo o fiscal interditou
o supermercado por causa de uma lata de milho verde vencida. Pergunto: ele agiu de acordo com a lei?
Sim, pois a lei prevê a hipótese de interdição. Faço nova pergunta: sua conduta está de acordo com o
princípio da legalidade? Não, pois foi uma atividade desproporcional. Ele feriu o princípio da
proporcionalidade. Apesar de o ato seguir a lei, ele será ilegal por ofensa a princípio.

Com isto, promove-se uma modificação na compreensão da expressão ordenamento jurídico, antes
associada apenas às leis e agora também aos princípios e aos valores. Essa noção corresponde ao que
alguns autores e o STF denominam de bloco de legalidade.

- Atuação do administrador público x atuação do particular É importante também ficar atento


na prova com aquela comparação que os doutrinadores fazem entre a conduta do administrador
público e a do particular: enquanto os indivíduos no campo privado podem fazer tudo o que a lei não
proíbe (autonomia de vontade - princípio da vinculação negativa), o administrador público só pode
fazer o que ela permite, agindo de acordo com seus comandos (agir secundum legem3 – princípio da
vinculação positiva).

Isso significa que não existe autonomia de vontade nas relações firmadas pela Administração Pública,
uma vez que aos agentes públicos só é permitido fazer o que a lei determina.

Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal, pois as condutas dos agentes
públicos não são norteadas desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos...”.

Com base no princípio da legalidade, o agente público só pode atuar secundum legem, ou seja, de
acordo com a lei, sendo-lhe vedado agir contra legem (contrário à lei) ou praeter legem (além da lei).

Utilizando-se de exemplo para melhor esclarecer: o agente fiscal da vigilância sanitária não pune
determinado estabelecimento comercial por vontade própria, mas sim por constar em lei regra que lhe
imponha essa conduta.

- Proibição de imposição de deveres e de criação de direitos por meio de atos administrativos


É preciso também destacar que o princípio da legalidade veda que a Administração Pública, por meio
de atos administrativos (exs: portarias, resoluções, instruções normativas...), crie direitos e obrigações
de qualquer espécie, bem como imponha vedações aos administrados.

Essa ideia é extraída do art. 5º, II, da CF, cujo conteúdo preceitua que “ninguém será obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

Como exemplos: o exame psicotécnico em concursos públicos só pode ser exigido se houver
previsão em lei da sua obrigatoriedade, não bastando a simples exigência no edital. O mesmo
raciocínio vale para imposição de altura ou de idade mínima para os candidatos. Da mesma forma um
tributo só poderá ser cobrado se estiver previsto em lei.

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Na lição de Celso Antônio Bandeira de Mello4: “nos termos do art. 5º, II, ‘ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’. Aí não se diz ‘em virtude de’ decreto,
regulamento, resolução, portaria ou quejandos. Diz-se ‘em virtude de lei’. Logo, a Administração não
poderá proibir ou impor comportamentos algum a terceiro, salvo se estiver previamente embasada em
determinada lei que lhe faculte proibir ou impor algo a quem quer que seja. Vale dizer, não lhe é
possível expedir regulamento, instrução, resolução, portaria ou seja lá que ato for para coartar a
liberdade dos administrados, saldo se em lei já existir delineada a contenção ou imposição que o ato
administrativo venha a minudenciar”.

1.2. IMPESSOALIDADE
Você deve analisar esse princípio associando-o aos seguintes aspectos:
• à finalidade pública;
• ao princípio da isonomia;
• à vedação de promoção pessoal pelos agentes públicos;
• ao princípio da imputação volitiva.
• NEPOTISMO

Analisaremos cada uma dessas facetas:


- Associado à finalidade pública:
Quando o agente público exerce sua função administrativa, ele utiliza de seus poderes como
instrumentos destinados ao atendimento do interesse público.

Dessa forma, o agente público deve perseguir a finalidade expressa ou implícita na lei, não
promovendo perseguições ou favorecimentos aos administrados e aos próprios integrantes do quadro
de pessoal do Estado.

Maria Sylvia Di Pietro cita como exemplo desse aspecto do princípio da impessoalidade o art. 100 da
Constituição Federal, que trata dos precatórios judiciais: “os pagamentos devidos pelas Fazendas
Públicas Federais, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim”.

Justamente por conta desse raciocínio é que autores e bancas fazem a associação entre o princípio da
impessoalidade ao princípio da finalidade.

Inclusive, já foi objeto de concurso público questão indagando dos candidatos se o princípio da
impessoalidade é previsto expressamente na Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo
federal.

Perguntou-se isso porque no art. 2º5 dessa lei há menção expressa ao princípio da finalidade.

Diante dessa questão, duas respostas mostram-se adequadas:


1) o princípio da impessoalidade não foi previsto expressamente na referida norma, porém nela está
representado pelo princípio da finalidade;
2) o princípio da impessoalidade não foi previsto expressamente na referida norma, porém nela está
implicitamente contido no art. 2º, parágrafo único, inciso III: “objetividade no atendimento do
interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades”.

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Outra demonstração da presença implícita desse princípio na referida lei decorre das normas contidas
nos arts. 18 a 21, que contém regras sobre impedimento e suspeição nos processos administrativos
federais.

Abaixo reproduzirei esses artigos cuja leitura é importante para seu estudo, pois essa lei está prevista
no programa do seu concurso:
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou
companheiro.

Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade
competente, abstendo-se de atuar.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos
disciplinares.
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade
notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins
até o terceiro grau.

Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.

- Associado ao princípio da isonomia:


O segundo aspecto que você deve considerar no seu estudo sobre princípio da impessoalidade diz
respeito à sua associação ao princípio da isonomia (igualdade).

A Administração Pública, agindo de forma impessoal, deve tratar com igualdade os administrados que
se encontrem na mesma situação jurídica.

Você deve se lembrar do seu professor do cursinho de Direito Administrativo ou Direito


Constitucional dizendo em sala de aula que a essência da igualdade é tratar desigualmente os desiguais
na medida de suas desigualdades. Isso ocorre, por exemplo, com a reserva de vagas para portadores de
necessidades especiais nos concursos públicos.

A realização de licitações e de concursos públicos são também expressões do princípio da


impessoalidade associado à isonomia, pois oportunidades iguais são conferidas a todos aqueles que
preencherem os requisitos previstos na lei e no edital.

- Associado à vedação de promoções pessoais pelos agentes públicos:


O princípio também deve ser analisado como uma proibição aos agentes públicos de que se valham de
seus cargos, empregos ou funções para promoção pessoal ou de terceiros.

Essa regra está prevista no art. 37, §1º, da CF/88, cujo conteúdo determina que:
A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Portanto, determinada obra pública não deve ser associada ao agente público, mas sim à pessoa
jurídica. Por exemplo: “obra realizada pelo Estado de Minas Gerais” e não “obra realizada pelo
Governo Fulano de tal”.

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Não se deve deduzir dessa regra que os agentes públicos não podem se identificar na prática dos atos
administrativos. Pelo contrário, pois é direito dos administrados exigirem a identificação funcional das
autoridades administrativas, sendo dever destes se identificarem. O que não pode ocorrer é o agente
público buscar sua promoção pessoal (“tirar proveito da situação”) por meio da vinculação de seu
nome a serviços, programas, obras públicas e etc.

É preciso ter cuidado em provas com esse art. 37, §1º, CF, pois não raro as bancas reproduzem
esse dispositivo constitucional associando-o ao princípio da publicidade.

Trata-se de pegadinha, pois referida regra não dá ênfase à obrigatoriedade de divulgação – o que seria
princípio da publicidade -, mas sim à vedação da divulgação com o propósito de promover imagem de
autoridades e de servidores públicos, o que constitui ofensa ao princípio da impessoalidade.

Aplicando-se o princípio sob essa ótica, o STF manifestou-se pela constitucionalidade do inciso V do
artigo 20 da Constituição do Ceará que veda ao Estado e aos Municípios atribuir nome de pessoa
viva a avenida, praça, rua, logradouro, ponte, reservatório de água, viaduto, praça de esporte,
biblioteca, hospital, maternidade, edifício público, auditórios, cidades e salas de aula.

Na visão do ministro relator desse julgado o preceito visa a impedir o culto e à promoção pessoal de
pessoas vivas, tenham ou não passagem pela Administração. Destacou em seu voto que proibição
similar é estipulada, no âmbito federal, pela Lei n. 6.454/77 (ADI 307, voto do Min. Eros Grau,
julgamento em 13-2-08, DJE de 20-6- 08).

- Associado ao princípio da imputação volitiva:


Por fim, o princípio da impessoalidade está atrelado à Teoria do Órgão, que oportunamente será
estudada.

Tal teoria, que se baseia no princípio da imputação volitiva, preceitua que os atos praticados pelos
agentes públicos são imputados (atribuídos) à pessoa jurídica em nome da qual atua.

Dessa forma, os agentes públicos são instrumentos para manifestação da vontade da Administração
Pública.

Com base na referida teoria, se um servidor público causar prejuízo a um particular agredindo-o
fisicamente a ponto de causar-lhe lesões, a ação judicial pleiteando a reparação civil (gastos com uma
cirurgia plástica, por exemplo) será proposta contra o ente público (pessoa jurídica) em nome da qual
agiu o servidor agressor.

Se nesse exemplo o servidor for lotado na autarquia INSS, será contra esta entidade que a vítima das
lesões proporá a ação indenizatória. Posteriormente, se o INSS suportar algum prejuízo, ajuizará ação
regressiva contra o agente causador dos danos.
Ainda aplicando o princípio da imputação volitiva, merece destaque a validade dos atos praticados por
“funcionários de fato” (“agentes de fato”), que são aqueles irregularmente investidos na função pública
(ex: servidor que ingressou sem o obrigatório concurso público), mas cuja situação tem aparência de
legalidade.

Atribui-se validade aos seus atos sob o fundamento de que foram praticados pela pessoa jurídica e com
o propósito de proteger a boa-fé dos administrados.

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Imaginem um servidor que foi nomeado sem concurso público e ao longo dos anos praticou diversos
atos. Há uma irregularidade em sua investidura (ausência de concurso), o que, com base na teoria do
órgão, não invalidará os seus atos se praticados de acordo com o ordenamento jurídico, pois, conforme
já dito, consideram-se praticados pela pessoa jurídica a qual integra.

- Nepotismo
Recentemente, relacionado também ao princípio da moralidade, houve grande progresso no combate
ao nepotismo com a edição da súmula vinculante nº 13 (DJ 29/08/08), editada pelo Supremo Tribunal
Federal:

Súmula Vinculante nº 13 - a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou


por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta
em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o
ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

Analise comigo quais são as possíveis informações constantes dessa súmula que podem ser objeto de
questão de prova.

• Quem está sujeito ao nepotismo? cônjuge, companheiro e parente até o 3º grau;


Pegadinha: banca substituir “3º grau” por “2º grau”.

• Com quem ocorrem os vínculos acima para caracterização do nepotismo?: com a autoridade
nomeante ou com servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento;
Pegadinha: banca substituir “cargo de direção, chefia ou assessoramento” por “cargo efetivo”, ou
acrescentar essa expressão na assertiva, pois não haverá nepotismo se a nomeação for para ocupar
cargo efetivo (cujo ingresso se dá por meio de concurso público).

A vedação ao nepotismo está relacionada, em especial, aos princípios da impessoalidade, eficiência,


igualdade e moralidade.

• Nepotismo caracteriza-se em quais cargos/funções?: cargos em comissão ou funções de confiança.


Pegadinha: banca substituir “cargo em comissão ou função de confiança” por “cargo efetivo”,
conforme já dito acima.

• nepotismo cruzado, em que a autoridade A nomeia, por exemplo, o cônjuge da autoridade B, e esta
nomeia o irmão da autoridade A. São as designações recíprocas citadas na súmula.

Além dessas colocações, existem alguns pontos não constantes da súmula vinculante nº 13, mas que
foram discutidos e decididos pelos Ministros do STF:
• Não há nepotismo nas nomeações para cargos de natureza política, tais como os cargos de
Secretários de Governo e Ministros de Estado9, salvo se for nepotismo cruzado;
• Não há necessidade de que a vedação ao nepotismo seja prevista em lei formal, pois de acordo
com o STF a sua proibição decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37 da CF, mais
precisamente dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência.

É interessante destacar, para finalizar, que a prática de nepotismo constitui ato de improbidade
administrativa por ofensa aos princípios da Administração Pública (art. 11 da Lei 8.429/92).

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1.3 MORALIDADE
Vamos agora estudar mais um princípio, dessa vez o da moralidade...
É fundamental que você tenha em mente que a moralidade constitui requisito de validade de todo
ato da Administração Pública, acarretando a sua inobservância à anulação do ato praticado!

- Moral administrativa x moral comum


O princípio da moralidade exige que o agente público atue de forma ética, observando a moral
administrativa (moral jurídica – composta de regras de boa administração), que difere da moral
comum.

Enquanto a moral comum vincula o indivíduo em sua conduta externa, preocupando-se em diferenciar
o bem do mal, a moral administrativa está associada às relações da Administração Pública com os
administrados em geral, bem como às suas relações internas com os agentes públicos.

Celso Antônio Bandeira de Mello leciona que compreendem no âmbito do princípio da moralidade
os princípios da lealdade e da boa-fé, segundo os quais a Administração deve proceder em
relação aos administrados de forma sincera, sendo-lhe vedado qualquer comportamento que
dificulte o exercício de direitos por parte dos cidadãos.

- Observância do princípio da moralidade pelos particulares


É importante saber que o princípio da moralidade não é de observância obrigatória apenas para os
agentes públicos, mas também para os particulares que se relacionam com a Administração Pública.

Aqueles devem manter uma postura ética perante a Administração, atuando em harmonia com a moral,
com os bons costumes e com a ideia comum de honestidade.

- Instrumentos de combate à imoralidade administrativa


São diversos os instrumentos de combate à imoralidade administrativa previstos no ordenamento
jurídico pátrio, tais como a ação popular, ação civil pública e a lei de improbidade administrativa (Lei
8.429/92).

Inclusive, a citada lei foi editada para regulamentar o art. 37, §4º, da CF, cuja redação é a seguinte:
Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível.

CF, art. 5º, LXXIII: “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência”.

CF, art. 129. “São funções institucionais do Ministério Público: (...) III – promover o inquérito civil a
ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos”.

Muita atenção na prova quanto a esse dispositivo constitucional, pois as bancas costumam inverter
“suspensão dos direitos políticos” e “perda da função pública” colocando erroneamente que os atos de
improbidade geram a perda de direitos políticos e a suspensão da função pública. Atenção!!!

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1.4. PUBLICIDADE
O princípio da publicidade prevê a obrigatoriedade de divulgação dos atos praticados pela
Administração Pública produtores de efeitos externos, sendo poucas as exceções em que se admite o
sigilo (CF, art. 5º, LX: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem; art. 5º, XXXIII: “todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas
no prazo da lei sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado).

Fique ligado na prova, pois nem todos os atos da Administração Pública devem ser publicados, mas
apenas aqueles que produzem efeitos externos (exs: aposentadorias, demissões, decisões em processos
administrativos ...), ressalvando-se ainda os casos de intimidade e de interesse público.

A publicidade dos atos oficiais tem basicamente dois objetivos:


• fazer com que o conteúdo do ato chegue ao conhecimento dos administrados (divulgação), iniciando-
se a partir daí a produção de seus efeitos externos (um edital de concurso público apenas produz
efeitos externos após sua regular divulgação por meio de sua publicação, por exemplo, na Imprensa
Oficial);
• propiciar que os administrados exerçam controle sobre a validade do ato divulgado (aproveitando o
exemplo anterior, caso um candidato considere que o edital do concurso público divulgado contém
alguma ilegalidade, poderá exercer o controle de sua validade impetrando um mandado de segurança).

Já vi bancas perguntando em prova se a publicidade é elemento formativo dos atos administrativos.


Cuidado, pois não é! A publicidade é requisito para validade, eficácia (produção de efeitos jurídicos) e
moralidade do ato administrativo.

Vale chamar a sua atenção para o fato de a publicidade não se limitar à divulgação dos atos oficiais,
mas também alcançar a sua disponibilização para exame dos administrados (art. 5º, XXXIII, CF),
ressalvando-se, contudo, os atos protegidos legitimamente pelo sigilo.

Quanto à publicação dos atos em meio oficial, destaca-se que os mesmos, em regra, devem ser
publicados no Diário Oficial (no âmbito federal, por exemplo, no Diário Oficial da União).

Contudo, nem todos os municípios possuem Imprensa Oficial. Nesses casos, a divulgação será feita
por meio de jornal particular de circulação local, que funcionará a partir de sua contratação como
um meio oficial de publicações dos atos da Administração Pública.

Entretanto, não se pode esquecer que em diversos municípios sequer existem jornais de circulação
local, sendo a solução para esses casos a afixação dos atos nas sedes dos órgãos públicos municipais
(como exemplo, no prédio da Prefeitura).

Cuidado na prova, pois divulgações em imprensa particular não contratada, rádio ou televisão
não produzem efeitos jurídicos.

É o que ocorre, por exemplo, com a veiculação de notícias pela Voz do Brasil, que não será suficiente
para atender ao princípio da publicidade.

Por fim, o art. 5º, XXXIV, CF, assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder;

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b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de


situações de interesse pessoal”

O mesmo dispositivo constitucional, porém em seu inciso LXXII, prevê o habeas data como
instrumento de defesa à informação depositada em entidade pública ou privada que forneçam dados a
terceiros: “conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigilo,
judicial ou administrativo”.

1.5. EFICIÊNCIA
O princípio da eficiência tornou-se expresso na Constituição Federal de 1988 com a edição da Emenda
Constitucional nº 19/98, que o inseriu na redação do caput do art. 37, pois até tal momento era
princípio implícito (relativamente à Constituição).

Fique muito atento(a) na prova, pois é comum as bancas perguntarem se a EC 19/98 inseriu o princípio
da eficiência no nosso ordenamento jurídico.

De forma nenhuma, pois referido princípio já era de observância obrigatória, porém não constava
expressamente na CF, sendo, por isso, princípio implícito relativamente a ela. O que fez a EC 19/98 foi
torná-lo um princípio expresso ao modificar a redação do art. 37, caput, CF, incluindo explicitamente
referido princípio.

Também foi previsto expressamente na Lei 9.784/99 (lei que regula o processo administrativo no
âmbito federal).

Referido princípio veicula a obrigatoriedade de que os agentes públicos busquem em seus


desempenhos os melhores resultados possíveis, valendo também esse raciocínio para a Administração
Pública, que deve se aparelhar e se estruturar de sorte a viabilizar a eficiente atuação de seus agentes.

Por isso o gerenciamento irresponsável de recursos públicos, o que ofende o princípio da


economicidade, também constitui lesão ao princípio da eficiência.

Parte da doutrina associa o princípio da eficiência ao princípio da boa administração.

Outro reflexo desse princípio foi o acréscimo do inciso LXXVIII ao art. 5º da CF, cujo conteúdo busca
uma maior celeridade nos processos judiciais e administrativos.

Eis sua redação: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.

Outro exemplo de manifestação desse princípio é o pedido de reconsideração, previsto, por exemplo,
na Lei 9.784/99 e na Lei 8.112/90, que possibilita à autoridade que proferiu determinada decisão
reconsiderá-la, a requerimento do interessado, evitando assim a remessa do processo para órgão
superior visando à apreciação de recurso administrativo, o que certamente aumentaria o prazo de
duração do processo.

Também está relacionado à avaliação de desempenho dos servidores públicos, que pode ocasionar,
inclusive, a perda do cargo pelo servidor estável, conforme art. 41, §1º, III, CF.

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Por fim, ao inserir o princípio da eficiência na CF, o legislador constituinte previu outros mecanismos
destinados a facilitar sua concretização, tais como os §3º e 8º do art. 37:
“§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e
indireta, regulando especialmente:
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de
serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos
serviços;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo,
observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou
função na administração pública.”

“§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração


direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o
poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade,
cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.”

2. PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS
2.1. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO
Juntamente com o princípio da indisponibilidade do interesse público pela Administração, que a seguir
será abordado, é considerado um dos pilares do regime jurídico administrativo (regime jurídico de
direito público).

Trata-se de princípio geral de Direito inerente a qualquer sociedade. Está presente tanto na elaboração
das leis (função legislativa) como no momento de sua execução (função administrativa).

A atuação da Administração Pública não tem em mira o indivíduo em si, mas sim a coletividade.

Dessa forma, quando em conflito os interesses privados com os interesses públicos, estes devem
prevalecer.

Bastar imaginar, como exemplos, os institutos da desapropriação (art. 5º, XXIV11) e da requisição
(art. 5º, XXV12), em que o interesse individual é superado pelo interesse público.

Por fim, interessante destacar que alguns autores denominam esse princípio de princípio da finalidade
pública.

2.2. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO


Trata-se de outro pilar do regime jurídico administrativo, cujo conteúdo coloca os agentes públicos
como meros gestores do interesse público, não lhes conferindo o poder de disposição (de dispor, no
sentido de abdicar) sem prévia autorização legislativa.

Conforme lição de José dos Santos Carvalho Filho, “os bens e interesses públicos não pertencem à
Administração nem a seus agentes. Cabe-lhes apenas geri-los, conservá-los e por eles velar.

2.3. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

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Com base nesse princípio a atuação do agente público deve limitar-se às medidas necessárias para o
atendimento do interesse coletivo, sendo fundamental que haja uma proporção entre os meios
utilizados e o fim visado, sob pena de ilegalidade do ato.

Trata-se de princípio previsto expressamente na Lei 9.784/99 (lei que regula o processo administrativo
no âmbito federal).

José dos Santos Carvalho Filho15, citando a doutrina alemã, ensina que a observância ao princípio da
proporcionalidade exige três fundamentos:
1) adequação, significando que o meio empregado na atuação deve ser compatível com o fim
colimado;
2) exigibilidade, porque a conduta deve ter-se por necessária, não havendo outro meio menos gravoso
ou oneroso para alcançar o fim público, ou seja, o meio escolhido é o que causa o menor prejuízo
possível para os indivíduos;
3) proporcionalidade em sentido estrito, quando as vantagens a serem conquistadas superarem as
desvantagens”.

2.4. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE


De acordo com esse princípio, o agente público deve atuar dentro dos padrões normais de
aceitabilidade, valendo-se do bom senso no exercício de suas funções.

Quando a lei confere-lhe certa margem de discrição (na prática de atos discricionários), deve o
administrador buscar o resultado mais adequado para a situação enfrentada.

Isso demonstra a vinculação do princípio da razoabilidade à discricionariedade administrativa.

Da mesma forma que proporcionalidade, é princípio expresso na Lei 9.784/99.

Imagine se você for prestar um concurso para analista judiciário do TRT/SP, cuja escolaridade
exigida é qualquer curso superior, e do edital conste a seguinte exigência: mestrado em finanças
públicas.
Pergunto: há bom senso nessa exigência? Lógico que não, por isso é desarrazoada, ou seja, contrária
ao princípio da razoabilidade.

2.5. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA


Esse princípio está previsto expressamente na Lei 9.784/99 (art. 2º, parágrafo único, XIII, parte final):
“interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”.

Para preservar a boa fé do administrado, esse princípio veda (proíbe) que a Administração Pública
aplique retroativamente uma nova interpretação sobre situações praticadas com base em interpretação
anterior.

Além de estar ligado ao princípio da moralidade, o princípio da segurança jurídica tem como essência
a estabilidade das relações jurídicas.

É considerado pela doutrina, ao lado do princípio da legalidade, uma das vigas mestras do Estado de
Direito.

Porém, o princípio tem outras aplicações...

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Com base nesse princípio, admite-se que situações praticadas em desconformidade com a lei,
portanto ilegais, sejam conservadas ao invés de anuladas.

É o que a doutrina denomina de convalidação, que será estudada em momento oportuno. Nessas
hipóteses, a manutenção do ato harmoniza-se com o interesse público, pois a sua anulação causará mal
maior do que mantê-lo. Nesse choque entre os princípios da legalidade e o da segurança jurídica, feita
a ponderação de valores sobre o caso concreto, haverá prevalência daquele último.

Pense numa desapropriação de determinado imóvel em que a indenização foi devidamente paga para o
proprietário. O Poder Público loteia o imóvel e constrói casas vendidas a preços populares para
dezenas de famílias. Três anos depois, o Poder Público identifica um vício no processo
desapropriatório. Pergunto para você: o que melhor atenderá ao interesse público: cancelar a
desapropriação e desalojar todas as famílias ou convalidar o ato? Nesse confronto entre legalidade e
segurança jurídica prevalecerá, no caso apresentado, esse último princípio, obviamente se presentes os
requisitos legais para a convalidação.

Outra hipótese já analisada por STF e STJ acerca desse conflito entre princípio da legalidade e o da
segurança jurídica envolve as ascensões funcionais concedidas sob a égide da legislação
permissiva, ou seja, concedidas em período que a legislação permitia.

As ascensões foram declaradas inconstitucionais pelo STF por permitir mudança de cargo sem
concurso público. E o que fazer com os servidores beneficiados pelas ascensões em período que não
havia manifestação do STF quanto ao tema?

A decisão retrata as posições de STJ e STF pela prevalência do princípio da segurança jurídica quando
em ponderação com o princípio da legalidade nos casos de ascensões funcionais ocorridas sob a égide
da legislação permissiva, ainda que considerada a posterior declaração pelo STF da
inconstitucionalidade desta forma de provimento derivado.

A doutrina também tem associado ao princípio da segurança jurídica as súmulas vinculantes do STF,
que são estudadas no Direito Constitucional, cujo objetivo é afastar controvérsias que gerem grave
insegurança jurídica (art. 103-A, §1º, CF).

2.12. PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO


Esse princípio exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas
decisões, independentemente de serem vinculadas ou discricionárias.

Nos termos do art. 50 da Lei 9.784/99, os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação
dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
• neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
• imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
• decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
• dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
• decidam recursos administrativos;
• decorram de reexame de ofício;
• deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
propostas e relatórios oficiais;
• importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

Por fim, Maria Sylvia Di Pietro19 sustenta que “a motivação, em regra, não exige formas específicas,
podendo ser ou não concomitante com o ato, além de ser feita, muitas vezes, por órgão diverso daquele

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que proferiu a decisão. Frequentemente, a motivação consta de pareceres, informações, laudos,


relatórios, feitos por outros órgãos, sendo apenas indicados como fundamento da decisão. Nesse caso,
eles constituem a motivação do ato, dele sendo parte integrante”.

2.7. PRINCÍPIO DA TUTELA OU CONTROLE


Esse princípio está ligado à idéia de descentralização administrativa, que será objeto de estudo em
momento oportuno.
O instituto da descentralização administrativa justifica a criação das pessoas jurídicas integrantes da
Administração Indireta autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista), bem como a prestação de serviços públicos por concessionárias e por permissionárias.
O princípio da tutela representa o controle que a Administração Direta (órgãos da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios) exerce sobre os atos praticados pelas entidades da Administração
Indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista).

2.8. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA


Baseado no princípio da autotutela a Administração Pública tem o dever-poder de rever seus próprios
atos, anulando-os quando ilegais (aspecto de legalidade) ou revogando os atos válidos por motivos de
conveniência e/ou oportunidade (aspectos de mérito).
A Administração exerce seu deve-poder de autotutela de ofício (sem que seja provocada) ou mediante
provocação do interessado.
Trata-se de princípio que prevê um controle interno, pois cada pessoa jurídica da Administração
Pública, seja Direta ou Indireta, exercerá o controle de seus próprios atos.
Nesse sentido, o INSS - que é uma autarquia -, caso constate que houve vazamento dos gabaritos das
provas durante a realização de concurso público para preenchimento de cargos de técnicos
administrativos, poderá, exercendo seu poder de autotutela, anular o concurso público.
Existem duas súmulas editadas pelo Supremo Tribunal Federal que consagram referido princípio, que
são as de números 346 e 473.
Súmula 346 – A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473 - A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação Judicial.
No que se refere à anulação dos atos administrativos, a Lei 9.784/99 criou um limitador temporal para
o exercício desse dever-poder pela Administração: o prazo de 5 (cinco) anos.
Se durante esse período, a Administração não adotar as providências necessárias para anulação do ato
administrativo, não mais poderá fazê-lo, permanecendo referido ato no ordenamento jurídico por conta
do instituto da convalidação, que ainda será devidamente
estudado nesse curso.

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