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JUSTIFICATIVAS PARA VIABILIDADE DA RESOLUÇÃO

A) INTRODUÇÃO:

Conceitualmente, é fundamental que se considere a disposição e não o descarte


dos resíduos. Descarte é definido como ato ou efeito de se livrar de alguma coisa
que não tem mais serventia ou não se deseja mais ou, ainda, descarte é qualquer
coisa que se encontre à parte, por ter sido rejeitada ou posta de lado. Por outro
lado, disposição é definida como colocação metódica, arranjo, posição ocupada por
vários elementos, forma de emprego, uso. Assim, o descarte é realizado de maneira
aleatória, sem maiores cuidados, sendo que o maior interesse é se livrar do resíduo.
Já no caso da disposição, a ação é realizada de maneira ordenada e o objetivo é
utilizar o resíduo e não apenas eliminá-lo. (Pires, A.M.M & Mattiazzo, M.E., 2008).

Dentro das opções de disposição, a reutilização de resíduos é, sem dúvida, a opção


mais interessante sob o ponto de vista econômico, ambiental, e, muitas vezes,
social. A reciclagem de resíduos representa um benefício inquestionável: a
minimização do problema ambiental que representa seu descarte inadequado.
(Pires, A.M.M & Mattiazzo, M.E., 2008).

Alem de representar uma prática muito interessante de reciclagem, a utilização de


resíduos, contribui para a economia de recursos não renováveis e economia de
energia.

O descarte de resíduos, mesmo em aterros sanitários adequadamente controlados,


pode não representar uma solução definitiva, pois alem da longevidade desses
aterros é limitada, sejam urbanos e/ou industriais, principalmente porque a geração
de resíduos é grande e constante. A manutenção de um aterro dentro dos padrões
de qualidade é onerosa, exigindo grande investimento por parte do poder público ou
do setor privado. (Pires, A.M.M & Mattiazzo, M.E., 2008).

Alem disso, a aumento nas restrições ambientais, que ocorrem pelo aumento do
conhecimento e novas tecnologias, podem inviabilizar os aterros até então
considerados regulares, comprometendo sua viabilidade, criando inclusive gerando
novo passivo ambiental.

A reciclagem de resíduos para uso agrícola é uma prática utilizada em vários


países. O exemplo mais conhecido mundialmente é o uso de resíduos orgânicos
urbanos como fertilizante ou condicionadores de solo, como o lodo de esgoto e
compostagem do lixo. (Pires, A.M.M & Mattiazzo, M.E., 2008).

Entretanto, existem alguns resíduos, como os de origem Industrial, que poderiam


ser reciclados como matéria prima para a fabricação de fertilizantes micronutrientes.

A principal vantagem do uso de resíduos, sob o ponto de vista agronômico está


relaciona-se com o fornecimento de nutrientes neles contidos.
Nota-se também, que tanto o solo, como as fontes primárias de nutrientes, os
minérios, contém elementos não desejados, sendo seus limites máximos, já
estabelecidos em legislação específica.
Diferente dos resíduos orgânicos, os de origem industrial apresentam
concentrações bastante elevadas de nutrientes de interesse agronômico, tornando-
se assim uma fonte potencial de matéria prima para a fabricação de fertilizantes. O
conceito de utilização também se difere daquele dos resíduos orgânicos uma vez
que o principal foco é utilização do nutriente contido para satisfazer as exigências
nutricionais das culturas e não o descarte de um rejeito ou resíduo no solo agrícola.

Esta diferença de foco e, em se tratando de micronutrientes, resulta em doses


extremamente mais baixas do que aquelas utilizadas pelos resíduos orgânicos,
sejam eles urbanos ou mesmo daqueles gerados pela agropecuária como os
estercos, chorumes, restos culturais, etc. e agroindustrial (vinhaça, torta de filtro,
fuligem, etc.)

Sendo as doses tão baixas, os eventuais contaminantes contidos nos resíduos


representam um aporte que muitas vezes menores do que aqueles gerados pela
própria água de irrigação.

Apesar das vantagens apresentadas pela utilização de resíduos, sob os diversos


pontos de vista, não se pode deixar de avaliar, dentre outros os seguintes aspectos:

1. Os micronutrientes contidos nos resíduos podem não estar em proporções


adequadas para uso direto para a nutrição vegetal;
2. Os micronutrientes neles contidos podem não estar numa forma química
disponível para as plantas;
3. Existe a possibilidade da presença de contaminantes inorgânicos e orgânicos
em quantidades potencialmente tóxicas;
4. Falta de conhecimento das características dos resíduos;
5. Regulamentação para utilização com critérios técnicos seguros para a saúde
humana, meio ambiente e sustentabilidade da agricultura.
6. Existência de mecanismos que possam fiscalizar a utilização dos resíduos ns
processos industriais dentro dos critérios definidos.

Assim, a correta caracterização de resíduos úteis à agricultura deve ser normalizada


como forma de se determinar os padrões mínimos de qualidade, os critérios para
sua utilização e, até mesmo, como forma de coibir a utilização de materiais
impróprios como matéria prima para a obtenção de micronutrientes.

B) VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


COMO FERTILIZANTE

A possibilidade da utilização de resíduos como matéria prima para a fabricação de


fertilizantes micronutrientes deve ser avaliada em diferentes etapas, levando-se em
conta alem dos aspectos técnicos da utilização, a legislação pertinente ao assunto.

O potencial de utilização de um determinado resíduo para a fabricação de


fertilizantes deve ser avaliado inicialmente em função da concentração do nutriente,
ou nutrientes, contidos. Desta forma é necessário que o material apresente um teor
mínimo de nutrientes de interesse agronômico apresentados na tabela abaixo:

TEORES MÍNIMOS DE MICRONUTRIENTES ADIMITIDOS NOS RESÍDUOS

NUTRIENTE COBRE (Cu) MANGANÊS(Mn) MOLIBDÊNIO (Mo) ZINCO (Zn)


Único 15% 15% 3% 15%
Combinado* 1% 1% 1% 8%
* PARA PRODUTOS COMBINADOS O TEOR MÍNIMO DA SOMA DOS TEORES DEVERÁ SER DE
15%.

Alem disso, os materiais deverão ser originados de processos controlados, onde


existam sistemas de produção capazes de garantir as características desses
materiais dentro dos padrões que o caracterizaram. Estes controles devem ser
observados nos geradores e são independentes daquelas avaliações e análise
necessárias na Indústria de micronutrientes para a utilização como matéria prima
nos processos de fabricação de fertilizantes

A avaliação dever ser feita para cada produto e para cada processo de fabricação.
Quando houver um mesmo resíduo gerado com o mesmo processo, a partir de
matérias primas semelhantes a outro, já aprovado como fonte de nutriente, o teste
de eficiência agronômica poderá ser dispensado. Porem, o processo de
caracterização e avaliação deve ser feito individualmente por origem do resíduo de
forma que a aprovação e os controles possam ser feitos caso a caso.

As etapas da avaliação compreendem a caracterização dos resíduos e do processo


de geração, a eficiência agronômica do resíduo como fonte de nutriente, viabilidade
industrial de utilização, viabilidade econômica de uso e definição dos critérios sob os
quais os resíduos poderiam ser utilizados, alem da viabilidade de fiscalização da
normalização.

Importante destacar que a utilização dos materiais pela Indústria de micronutrientes


possibilita uma utilização bastante segura, pois:

• A Indústria utilizará o material juntamente com outras matérias primas de


forma a obter um fertilizante completo e adequado, em temos de nutrientes,
para as diversas exigências das culturas em diversos locais e estágios de
desenvolvimento da planta. Desta forma os teores presentes serão ajustados
de forma técnica.
• A Indústria já dispõe de diversos mecanismos de controles de qualidade para
exercer sua atividade, sendo muito simples a adequação às novas exigências
geradas pela utilização destes materiais.
• Para exercer a atividade Indústria já é fiscalizada pelos diversos órgãos de
controle da atividade seja no aspecto do Meio Ambiente, como do Trabalho e
Saúde Ocupacional, Ministério da Agricultura, Receita Federal, Estadual e
Municipal, etc. Ou seja, já existe uma série de procedimentos regulatórios
que norteiam o desenvolvimento das atividades industriais e comerciais,
permitindo um controle rigoroso de todo o processo, materiais utilizados,
comercialização, etc.

B.1) USO DE MICRONUTRIENTES NA AGRICULTURA.

B.1.1) DADOS DE MERCADO

O conhecimento sobre as deficiências de micronutrientes nos solos brasileiros já


são conhecidas desde a década de 1950 à partir dos experimentos realizados pelo
Instituto de Pesquisa IRI-IBEC com o clássico delineamento de pesquisa Todos
menos Um e pelas pesquisas do IAC. Na década de 1970 com a criação da
Embrapa realizando pesquisas na região do Cerrado brasileiro e o conhecido
trabalho do Prof. Alfredo Scheid Lopes que analisou 518 amostras de solos dessa
região, mais dados foram acrescentados no conhecimento sobre o assunto.

Com a base de conhecimento gerada pela pesquisa brasileira e a forte expansão da


área cultivada na região central do Brasil é que o consumo de micronutrientes
aumentou a partir da década de 1990, devendo ser considerado o grande esforço
das empresas produtoras, dos profissionais de assistência técnica e de pesquisa na
divulgação e ampliação do uso de micronutrientes para superar as barreiras de
produtividade impostas pelas suas deficiências.

Diante da escassez de informações quanto ao consumo de micronutrientes,


Yamada (2004), em trabalho abordando o uso de micronutrientes no Brasil efetuou
uma estimativa consultando 18 empresas produtoras de fertilizantes chegando aos
valores da Tabela 01. A partir de 2004 a ANDA vem coletando os dados de
produção de micronutrientes e que completam a tabela.

Nota-se que houve um acentuado aumento no consumo entre 2000 e 2004, período
em que se caracterizou por uma forte expansão do plantio de soja nos cerrados,
amparado por uma eficiente difusão dos benefícios do uso de micronutrientes
nestes solos e que foi seguido de uma redução no consumo após 2005. Essa
redução pode ser atribuída ao uso de micronutrientes nas adubações anteriores em
doses superiores às quantidades exportadas pelas culturas, como será comentado
adiante, no item Recomendações – Taxas de aplicação, e assim, ocorre um
acúmulo dos nutrientes no solo e o diagnóstico eficiente da sua fertilidade indica que
os micronutrientes podem ser reduzidos ou mesmo dispensados por um período.

Os gráficos da Figura 01 a seguir permitem visualizar melhor este comportamento,


principalmente ao notarmos que a quantidade de micronutrientes proporcionalmente
ao total de fertilizantes aumentou de menos de 0,50% para quase 2,0% dos
fertilizantes, vindo a declinar posteriormente para o patamar médio de 1,0% do total
de fertilizantes.

Consumo de micronutrientes Relação


em t de produto micronutrientes/total de fertilizantes
500.000 2,0%

400.000
1,5%
300.000
1,0%
200.000
100.000 0,5%

- 0,0%
1990
1996
1998
2000
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008

1990
1996

1998

2002

2003
2004
2005
2000

2006
2007
2008
Anos

Figura 01 – Consumo de micronutrientes em toneladas de fertilizantes e proporção em


relação ao consumo total de fertilizantes

B.1.2) ESTIMATIVAS DE CONSUMO POR HECTARE

A Tabela 02 a seguir refere-se ao consumo de fertilizantes por estado conforme as


estatísticas da ANDA.
Tabela 02 – Consumo total de fertilizantes por estado – em toneladas

Estados Produto ---------------------------------- Nutrientes ------------------------- ------- Fórmula média ----------


N P2O5 K2O Total N P K NPK
RS 2.701.277 296.100 422.704 438.253 1.157.057 10,96 15,65 16,22 42,83
SC 662.237 117.190 83.788 83.643 284.621 17,70 12,65 12,63 42,98
DF 43.710 4.797 7.891 6.294 18.982 10,97 18,05 14,40 43,43
ES 327.863 53.743 23.058 48.897 125.698 16,39 7,03 14,91 38,34
GO 2.183.066 191.826 388.714 377.320 957.860 8,79 17,81 17,28 43,88
MT 4.020.419 233.586 710.411 718.821 1.662.818 5,81 17,67 17,88 41,36
MS 1.068.196 88.365 201.933 196.808 487.106 8,27 18,90 18,42 45,60
MG 3.125.242 488.999 385.059 494.603 1.368.661 15,65 12,32 15,83 43,79
PR 3.418.221 367.546 592.091 573.557 1.533.194 10,75 17,32 16,78 44,85
RJ 67.993 8.323 5.763 11.008 25.094 12,24 8,48 16,19 36,91
SP 3.848.884 606.991 434.761 709.354 1.751.106 15,77 11,30 18,43 45,50
TO 208.593 14.944 38.448 38.388 91.780 7,16 18,43 18,40 44,00
AL 269.030 36.150 16.616 48.445 101.211 13,44 6,18 18,01 37,62
BA 1.521.238 138.838 198.047 233.317 570.202 9,13 13,02 15,34 37,48
CE 37.404 7.219 3.136 5.641 15.996 19,30 8,38 15,08 42,77
MA 335.734 14.301 58.919 62.772 135.992 4,26 17,55 18,70 40,51
PB 52.646 7.103 2.643 9.331 19.077 13,49 5,02 17,72 36,24
PE 224.492 30.459 15.697 37.065 83.221 13,57 6,99 16,51 37,07
PI 147.125 8.092 25.429 25.343 58.864 5,50 17,28 17,23 40,01
RN 68.476 9.507 6.130 12.092 27.729 13,88 8,95 17,66 40,49
SE 43.749 6.957 5.606 7.691 20.254 15,90 12,81 17,58 46,30
AC 5.070 776 771 493 2.040 15,31 15,21 9,72 40,24
AP 5.692 523 787 1.129 2.439 9,19 13,83 19,83 42,85
AM 5.877 748 601 987 2.336 12,73 10,23 16,79 39,75
PA 155.281 12.325 18.427 25.171 55.923 7,94 11,87 16,21 36,01
RO 46.923 3.424 9.242 6.139 18.805 7,30 19,70 13,08 40,08
RR 14.555 1.998 2.528 2.282 6.808 13,73 17,37 15,68 46,77
Total BRASIL 24.608.993 2.750.830 3.659.200 4.174.844 10.584.874 11,18 14,87 16,96 43,01
Fonte: Anda (2008)

Na Tabela 03 destacamos dos dados do IBGE a área plantada e colhida de 18 das


mais importantes culturas: Algodão herbáceo, Amendoim, Arroz, Banana, Batata,
Cacau, Café, Cana-de-açúcar, Feijão, Fumo, Laranja, Mamona, Mandioca, Milho,
Soja, Sorgo, Tomate e Trigo.. Estas culturas representam o consumo de cerca de
93% do total de fertilizantes conforme trabalho de Cunha e Prochnow, 2009 ainda
não publicado.
Portanto, a área plantada com estas 18 culturas totalizam 62.115.522 ha e como
representam o consumo de 93% do total de fertilizantes, podemos considerar que
em 2007 o consumo médio foi de 368,4 kg de fertilizante por ha. Se o mesmo
cálculo for efetuado para os micronutrientes teremos uma média de apenas 4,0
kg/ha de micronutriente (produto). Como o micronutriente não é aplicado em toda a
área plantada, a seguir faremos uma estimativa mais realista do uso de
micronutrientes.

B.1.3) ESTIMATIVAS DE APLICAÇÃO

Seria injusto determinar a dose de micronutriente utilizada por hectare calculando a


média correspondente ao consumo total do Brasil e por isso, vamos fazer na Tabela
04 uma restrição para a área que utiliza micronutrientes, considerando apenas os
seguintes estados e a respectiva área aplicada:
Considerando então que é somente a área acima que também utiliza cerca de 93%
dos micronutrientes, para o ano de 2007 em que o consumo de micronutrientes foi
de 265.000 t, teremos um consumo de 14,0 kg ha-1 de fertilizante micronutriente.
Esta taxa média de utilização por hectare é coerente com a o principal meio de
aplicação dos micronutrientes que é a sua mistura no fertilizante NPK, sendo na
maior parte adicionado na taxa de 30 kg t-1, mesmo que em alguns casos cheguem
a 40 ou 50 kg t-1. Ao se considerar a taxa média de adubação de NPK para a
maioria das culturas na faixa de 400 kg ha-1, teremos, portanto, uma dose de
micronutrientes de 12 kg ha-1 (30 kg t-1 X 0,400 t ha-1 = 12 kg ha-1).

Esse valor nos permitirá efetuar outras considerações a respeito das doses de
nutrientes e o máximo de contaminantes que seriam adicionados ao solo nas
avaliações adiante.

Como não contamos com estatísticas para a quantidade de nutrientes utilizados,


apenas a informação da quantidade de produto, temos que recorrer a uma
estimativa da concentração média de micronutriente no fertilizante micronutriente,
considerando os principais produtos vendidos e que são ponderados na Tabela 05 a
seguir:
Considerando a média de nutrientes contidos nos fertilizantes micronutrientes,
calculada anteriormente e, baseado nos limites estabelecidos pela Instrução
Normativa 27 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (IN 27) para os
limites máximos de contaminantes admitidos em fertilizantes, foram calculados os
valores MÁXIMOS que podem estar contidos nos produtos como vemos na Tabela
06 a seguir:

Tabela 06 – Estimativa das quantidades máximas de contaminantes adicionadas ao solo considerando


a quantidade e o teor médio dos fertilizantes micronutrientes
-1
Produto médio Zn B Cu Mn Soma Dose kgha
7,6% 3,7% 2,0% 5,3% 18,6% 14,0

IN 27 IN 27
IN 27 Limite Aporte
Contaminante máximo Valor máx. Anos para
limites considerado máximo
mg kg-1 por Admitido -1 -1 atingir VP *
calculados mg kg g ha
% de micro mg kg-1
Arsênio (As) 500 9295 4000 4000 55,9 537
Cádmio (Cd) 15 279 450 279 3,9 667
Chumbo (Pb) 750 13943 10000 10000 139,8 1030
Cromo (Cr) 500 9295 9295 129,9 1154
Mercúrio (Hg) 10 186 186 2,6 385
* VP = Valor de prevenção, considerando a proposta de Resolução CONAMA ou CETESB (2005).

Nota-se pelos dados acima que mesmo considerando que os fertilizantes com
micronutrientes contenham o máximo de contaminantes definido na IN 27 e que
todo o aporte de contaminantes associados aos micronutrientes permaneçam na
camada de 0-20 cm de solo arável, sem considerar nenhuma extração ou dispersão
para uma camada mais profunda, para ser atingido o Valor de Prevenção
estabelecido pela CETESB e também conforme proposta em tramitação no
CONAMA, seriam necessários de 385 a 1154 anos de uso contínuo de
micronutrientes no mesmo local. Essa situação pode ser considerada absurda e
prontamente descartada de qualquer realidade prática. Em primeiro lugar é que ao
se adubar com micronutrientes as dosagens aplicadas são muito superiores às
quantidades extraídas pela cultura e assim os nutrientes se acumulam no solo em
um período curto e a partir daí, com monitoramento adequado da fertilidade do solo,
serão necessárias tão somente aplicações ocasionais de manutenção. Como o uso
de micronutriente é um fator de custo nas adubações, não se pode dizer que serão
usados quando é constatado que seu uso não trará nenhum benefício agronômico.
Esse quadro de aumento da fertilidade pode ser melhor compreendido no item
Diagnóstico do Solo e ajuda a explicar as causas da redução de consumo de
micronutrientes, apesar da área plantada aumentar.

B.1.4) COMPARAÇÃO COM IRRIGAÇÃO – CONAMA 357

Podemos ter como comparação os parâmetros definidos para a qualidade da água


pelo CONAMA através da Resolução 357. Considerando o cultivo de Feijão irrigado,
bastante comum na área de cerrado, utilizando os valores estabelecidos na Classe
3 da resolução citada, teremos as adições máximas de contaminantes indicadas na
Tabela 07 a seguir.

Nota-se que no caso do Cádmio, a nosso ver o mais importante contaminante que
pode estar contido nos fertilizantes, um único ciclo de irrigação para atender a
demanda de água desta cultura poderá contribuir com um aporte 7,7 vezes maior
que a utilização de micronutrientes enquadrados até o máximo estabelecido pela IN
27. Com exceção para o chumbo, a irrigação poderá contribuir com um aporte de
contaminantes maior para todos os outros elementos.

B.1.5) AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE

Para iniciar e melhor entendimento, a definição de Fertilidade conforme a


International Phosphate Industry Association e traduzido por Malavolta (1978 apud
Malavolta, 2006, p. 512) é a seguinte:

“capacidade global de um solo para garantir de modo contínuo o crescimento das plantas e
a colheita fornecendo-lhe um suprimento suficiente de nutrientes e de água, oferecendo às
raízes condições favoráveis ao seu desenvolvimento, a fertilidade é a resultante de diversos
componentes: químicos, físicos, fisíco-químicos e biológicos.”. Como avaliação da fertilidade,
ao conhecermos a capacidade do solo em atender o suprimento de nutrientes, também deve
ser entendido como o conhecimento da falta destas condições.

Raij (1991, p. 1) em seu livro Fertilidade do Solo e Adubação faz uma introdução
bastante pertinente para compreendermos melhor a necessidade de adubarmos os
solos pobres e o conhecimento e tecnologia desenvolvida em nosso país para o
aproveitamento destes solos de baixa fertilidade e que atualmente é um modelo
para o mundo todo:

“Solos férteis permitiram o desenvolvimento de civilizações e a criação de riquezas em


inúmeras regiões do mundo. Ainda hoje isso acontece, enquanto ainda há terras virgens a
serem conquistadas.

Contudo o advento da agricultura científica ampliou as fronteiras e derrubou os limites que a


baixa fertilidade natural do solo impunha ao desenvolvimento da agricultura em vastas
regiões. Assim, muitas terras, outrora consideradas impróprias para cultivos. Podem ser hoje
ocupadas com atividades agrícolas.”

A avaliação da fertilidade do solo se inicia pelo teste dos melhores métodos de


análise, calibração dos resultados obtidos que devem apresentar correlações
suficientemente adequadas com as respostas das plantas na absorção dos
nutrientes ou aumento de produção e definição de classes de teores que
correspondem a probabilidade de se obter respostas pelo uso de determinado
nutriente.

Os gráficos apresentados na Figura 02 a seguir de Galrão (1999 apud Lopes, 2009,


p.5) demonstram os resultados obtidos com diferentes métodos de análise de solo
para o Cobre e indicam o valor em que a produção atingiu 95% da produção
máxima. Este valor é considerado como valor crítico, sendo utilizado como
referência para elaboração de tabelas de interpretação e a avaliação da fertilidade
do solo. Deve ser lembrado que diferentes centros de pesquisa podem utilizar como
referência diferentes valores, ora considerando 90% da produção máxima, ora como
100% além de indicarem métodos de análise diferentes, como poderá ser visto nas
tabelas reproduzidas adiante.
Figura 02 – Relações entre rendimentos relativos de soja e teores de cobre no solo
em diferentes extratores antes do 2º. e 3º. cultivos nos tratamentos onde o nutriente
foi aplicado a lanço antes do 1º. cultivo. (Galrão, 1999 apud Lopes, 2009, p.5)

Estes modelos de calibração permitem, a partir dos dados das curvas estabelecer
tabelas para classificação dos teores dos nutrientes nos solos como serão
apresentadas a seguir e que ainda assim podem ser alteradas no decorrer do tempo
a medida que mais dados de pesquisa são obtidos.

Galrão (2004, p.191) apresenta os valores para a interpretação dos resultados de


análises de solo para os solos de Cerrado, reproduzidos na Tabela 08.

Tabela 08 - Interpretação de resultados de análise de micronutrientes em solos de Cerrado


Boro (B) Cobre (Cu) Manganês (Mn) Zinco (Zn)
Classificação
(água quente) --------------------- Mehlich 1* --------------------------
para o nutriente
---------------------------------------- mg dm-3 -------------------------------------
Baixo 0 a 0,2 0 a 0,4 0 a 1,9 0 a 1,0
Médio 0,3 a 0,5 0,5 a 0,8 2,0 a 5,0 1,1 a 1,6
Alto > 0,5 > 0,8 > 5,0 > 1,6
Fonte: Galrão (2004)
* Mehlich 1 (HCl 0,05 mol L-1 + H2SO4 0,0125 mol L-1), na relação solo:solução de 1:10 e com cinco minutos de
agitação

Para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pode ser seguida a Tabela
09 abaixo proposta pela Comissão de Química e Fertilidade do Solo em 2004,
indicando ainda valores específicos para algumas culturas:

Tabela 09 - Interpretação dos teores de micronutrientes no solo para o Rio Grande do Sul e Santa
Catarina
Boro (B) Cobre (Cu) Zinco (Zn) Manganês (Mn) Ferro (Fe)
Classificação
(água Oxalato de
para o HCl 0,1 mol L-1 Mehlich-1
quente) Amônio a pH 3,0
nutriente
------------------------------ mg dm-3 ----------------------------- g dm-3
Baixo < 0,10 < 0,20 < 0,20 < 2,5 -
(1)
Médio 0,1 a 0,30 0,20 a 0,40 0,20 a 0,50 2,5 a 5,0 -
Alto > 0,30 > 0,40 > 0,50 > 5,0 > 5,0 (2)
Fonte: CQFS – RS/SC (2004)
Notas:
(1)
Para a videira o teor adequado varia de 0,6 a 1,0 mg dm-3.
(2)
Este valor pode estar relacionado com a ocorrência de toxidez por Ferro em algumas variedades de Arroz
irrigado.

O Instituto Agronômico introduziu no Boletim Técnico 100 - Recomendações de


Adubação e Calagem para o Estado de São Paulo (Raij et al., 1996) os valores para
interpretação das análises de solo, sendo acrescentando as indicações de Abreu,
2009 dos valores para classificação como muito alto e tóxico como pode ser visto na
Tabela 10.
Tabela 10 - Interpretação de resultados de análise de micronutrientes em solos para o estado de São
Paulo
Manganês
Classificação Boro (B) Cobre (Cu) Ferro (Fe) Zinco (Zn)
(Mn)
para o (água quente) DTPA(1)
nutriente
---------------------------------------- mg dm-3 ---------------------------------------
Baixo(2) 0 a 0,20 0 a 0,20 0a4 0 a 1,2 0 a 0,50
Médio(2) 0,21 a 0,60 0,30 a 0,80 5,0 a 12,0 1,3 a 5,0 0,60 a 1,20
Alto(3) 0,61 – 1,20 0,81 – 1,50 12,1 – 24,0 5,1 – 9,0 1,21 – 2,40
Muito Alto(3) 1,21-3,0 1,51 – 15,0 24,1-60,0 9,1 – 50,0 2,41 – 15,0
(4)
Tóxico(3) >3,0 >50,0 >100,0 ? >130
Fontes: Raij et al. (1996) e adaptado de Abreu (2009)
Notas:
(1)
análises determinadas com a extração por uma solução de DTPA
(2)
valores indicados por Raij et al. (1996)
(3)
valores indicados por Abreu (2009)
(4)
indicados por Abreu (2009) considerando condições de baixo P e K e drenagem inadequada.

B.1.6) DIAGNÓSTICO DOS SOLOS

Com base nos conhecimentos adquiridos na pesquisa brasileira a partir de 1960 e a


evolução dos métodos de análises de solos, conseguimos compreender muito bem
a situação dos solos pobres, como avaliar a fertilidade e estabelecer
recomendações de adubação econômicas e eficientes.

O ESTADO NATURAL DOS SOLOS

Lopes e Abreu (2000) abordando a evolução histórica do uso de micronutrientes,


destacam que ao fim da década de 1950 alguns trabalhos mostraram respostas
positivas ao seu uso em diversas culturas, destacando os trabalhos do IBEC
Research Institute, com apoio da Fundação Rockfeller. Estes trabalhos com as
culturas de Milho, Soja, Algodão e Pastagens foram o alerta para a necessidade de
aplicação de micronutrientes para certos solos e culturas.

Ainda conforme estes autores, como levantamento marcante da situação de


micronutrientes nos solos sob vegetação de Cerrado, destaca-se o trabalho de
Lopes (1975) apresentado como tese de mestrado na Universidade de Carolina do
Norte. A Tabela 11 resume os resultados deste trabalho que, usando os valores
para o Nível Crítico e extrator aceitos à época da sua realização e para o extrator
utilizado, identificou satisfatoriamente as deficiências destes nutrientes na região
pesquisada, com ênfase no alto percentual de amostras com Zinco abaixo deste
valor.
Tabela 11 - Resumo dos teores(1) de alguns micronutrientes em 518 amostras superficiais de
solos virgens sob cerrado no Brasil Central (inclui 16 amostras sob mata)
Amostras abaixo
Nível Crítico Amplitude Mediana
Micronutriente do nível crítico
mg dm-3 % mg dm-3 mg dm-3
Cobre 1,0 70 0,0 – 9,7 0,6
Zinco 1,0 95 0,2 – 2,2 0,6
Manganês 5,0 37 0,6 – 92,2 7,6
Ferro - - 3,7 – 74,0 32,5
Fonte: Lopes e Cox e Lopes (1977 e 1983 apud Lopes e Abreu, 2000, p.273)
(1)
Teores solúveis em solução de HCl 0,05N + H2SO4 0,025N

Apresentado por Lopes (2009) com base em mapa do IBGE de 2000, a distribuição
dos solos sob cerrado no Brasil é predominante na área central, embora possam
existir áreas ao Norte como em Roraima, Pará e Amapá, Nordeste como no
Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia e sudeste como Minas Gerais e São Paulo.

Figura 03 – Solos sob “cerrado”, conforme IBGE (2000 apud Lopes, 2009, p. 9
Lopes (1984) também apresentou os resultados de seus trabalhos de mestrado e
doutorado na publicação Solos sob “cerrado”: características, propriedades e
manejo pela Associação Brasileira para a Pesquisa da Potassa e do Fosfato. Para
uma detalhada compreensão, apresentamos os principais dados com relação aos
micronutrientes.

Iniciando pelo Zinco que se revelou como a principal limitação para o bom
desenvolvimento agrícola das culturas nesta região, fato confirmado por diversas
pesquisas que serão discutidas posteriormente.

Nota-se que 95% das amostras continham Zinco abaixo do Nível Crítico
considerado na época (1 ppm ou 1 mg/dm3). Deve ser ressaltado que atualmente o
Nível Crítico para estes solos conforme Galrão (2004) é de 1,6 mg/dm3 para o
extrator Mehlich 1. O Zinco evidenciou ser o micronutriente mais deficiente de todos
e notou-se uma grande ênfase nos trabalhos de pesquisa para avaliar a resposta a
este nutriente e desenvolveu-se um amplo uso nas adubações.

Distribuição dos teores de Zinco


28,5%
30,0%
25,5%

25,0% Nível Crítico (NC)


Frequência

20,0%
16,0%

15,0%
9,0% 10,0%
10,0%
4,5%
5,0% 2,0% 1,5%
0,5% 1,5% 1,0%

0,0%
<0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 >1,2
Teor de Zn no solo
Figura 04 – Distribuição dos teores de zinco

LOPES ainda enfatiza neste trabalho que os baixos níveis de Zinco devem estar
relacionados com o baixo teor de Zinco “total” em função do material de origem e
ainda cita que respostas a adubações com Zinco foram obtidas em diversas
localidades com milho (Igue e Gallo, 1960; Freitas et alii, 1960; Britto et alii, 1971;
Pereira et alii, 1973; N.C.S.U., 1974), arroz (Souza e Hiroce, 1970; Carvalho et alii,
1975; Galrão et alii, 1978; Galrão e Mesquita Filho, 1981), SORGO (Alvarez et alii,
1978), alface (Fontes et alii, 1982); soja e algodão (Britto et alii, 1971), mandioca
(Perim et alii, 1980), soja perene (França et alii, 1973), café (Kupper et alii, 1981).
Para o Cobre, para o qual também foi considerando como Nível Crítico 1 ppm ou 1
mg/dm3, 70% das amostras apresentaram-se deficientes. Como não eram todos os
solos que se apresentavam deficientes, muitos experimentos com omissão de
Cobre na adubação não apresentaram respostas ao seu uso, a maioria deles sem
menção ao teor de Cobre no solo. Apenas dois trabalhos apresentavam dados de
análise com resultado ao redor de 0,9 ppm de Cu extraível e esta falta de resposta
sugere que o Nível Crítico para Cu estaria abaixo do valor considerado de 1 ppm.

Distribuição dos teores de Cobre


27,5%
30,0% Nível Crítico (NC)
25,0%
19,5%
Frequência

20,0%

15,0% 11,7% 12,2%

8,6%
10,0%
5,5% 5,0%
2,5% 2,5% 3,5%
5,0% 1,5%

0,0%
<0,25 0,5 0,75 1 1,25 1,5 1,75 2 2,25 2,5 >2,5
Teor
Figura 05 – Distribuição dos de Cobre
teores no solo
de cobre

Conforme Galrão (2004) o Nível Crítico para Cobre, após trabalhos mais recentes
de calibração como mostrados anteriormente nos gráficos e definido na tabela
citada é de 0,80 mg/dm3 para o extrator Mehlich 1.

Somente com a expansão dos plantios para áreas com Cobre deficiente,
principalmente Bahia e Maranhão, é que seu uso aumentou nas adubações, assim
como devido a uma evolução no uso de análises de solo com micronutrientes e
experimentos mais recentes nestes solos com Cobre classificado abaixo do Nível
Crítico.

Conforme ainda LOPES, o Ferro parece estar em níveis adequados para a maioria
das culturas e sua omissão nos trabalhos de pesquisa não afetou o crescimento ou
produção de várias culturas. Considera ainda que os dados disponíveis não
permitem avaliar o Nível Crítico para este nutriente.
Distribuição dos teores de Ferro
25,0% Nível Crítico (NC)
19,5%20,0%
19,0%
20,0%

Frequência
15,0%
11,0%
10,5%
8,0%
10,0%

2,5% 3,5% 4,0%


5,0% 1,5%
0,5%

0,0%
<5,0 10 15 20 25 30 35 40,0 45 50 >50
Teor de Fe no solo

Figura 06 – Distribuição dos teores de ferro

Para o Manganês este autor considera que o valor de 5,0 ppm para o Nível Crítico
deve estar acima do valor adequado pois este valor é considerado para solos com
pH 6,0. Assim, apesar de 37% dos solos apresentarem resultados abaixo deste
valor, considera que a possibilidade de deficiência deste nutriente é mínima.
Acrescenta ainda que em condições de calagem excessiva, onde o valor do pH se
elevará acima do adequado poderá ocorrer a sua deficiência, assim como em
condições de solo com excesso de umidade que favorecerá condições de redução
para este elemento.

Distribuição dos teores de Manganês


36,5%
40,0%
Nível Crítico (NC)
30,0%
Frequência

20,0%
20,0%
11,9%

7,0%
10,0% 6,5% 4,5%
3,0% 2,5% 3,0% 2,3% 2,8%

0,0%
<5,0 10 15 20 25 30 35 40,0 45 50 >50
Teor de Mn no solo

Figura 07 – Distribuição dos teores de manganês

Apesar destas conclusões, nos dias atuais o uso de Manganês tornou-se freqüente
devido principalmente ao cultivo em outras áreas de cerrado mais pobres em
Manganês que a área pesquisada por este autor, mas também devido as causas
previstas como o uso excessivo de calagem na camada superficial reduzindo a sua
disponibilidade e umidade alta devido a compactação dos solos. Outra causa
aparente do aumento do seu consumo é o aumento do plantio de culturas
transgênicas que tem se mostrado mais deficientes neste nutriente.

Com relação ao Boro, LOPES (1984) comenta que a sua disponibilidade ainda não
havia sido avaliada e que os resultados de pesquisas não permitiam conclusões
definitivas, encontrando-se falta de resposta em alguns casos e aumentos de
produção em outros e na maioria sem dados de análise para uma melhor explicação
para os resultados.

Vendrame (2007) mais recentemente avaliando solos com pastagens no cerrado de


três regiões, entre Goiânia_GO e Barra do Garças-MT, Distrito Federal e nos
municípios de Unaí e Paracatú-MG encontrou solos deficientes principalmente em
Zinco, Cobre e Manganês entre as 54 amostras coletadas da camada de 0-20 cm.
Relacionou as quantidades disponíveis (extraídas com DTPA) com os teores totais
dos elementos e com características dos solos como textura, mineralogia e variáveis
químicas. Mais uma vez o Zn foi considerado o mais freqüentemente limitante ao
desenvolvimento das pastagens nestas regiões de cerrado. Na Tabela 12 encontra-
se um resumo da classificação das amostras. Na Figura 08 encontramos a
distribuição das amostras conforme os seus teores em DTPA.

Tabela 12 – Número de amostras classificadas com teores Baixo, Médio ou Alto, conforme os
teores extraídos em DTPA
Micronutriente Baixo Médio Alto
Cobre 6 24 24
Zinco 18 29 7
Manganês 6 28 20
Ferro 1 2 51
Fonte: adaptado de Vendrame (2007)

Figura 08 – Distribuição das amostras conforme o teor disponível em DTPA – Vendrame, 2007
B.1.7) SITUAÇÃO ATUAL DOS SOLOS CULTIVADOS

YAMADA (2004) abordando a experiência brasileira com micronutrientes,


apresentou dados obtidos com a Fundação MT e que demonstram a situação de
fertilidade quanto aos micronutrientes, considerando o resultado de 2770 amostras
de solo no ano de 2002 nas áreas monitoradas, resultando na Tabela 13.

Tabela 13 - Níveis de micronutrientes em 2770 amostras de solo coletadas pela Fundação


MT em 2002
Classificação Boro (B) Cobre (Cu) Manganês (Mn) Zinco (Zn)
para o
nutriente % do total em cada classe
Baixo 61,7 15,1 2,3 11,4
Médio 30,0 28,2 9,8 8,5
Alto 8,3 56,7 87,9 80,1
Médio (ppm) 0,30 – 0,50 0,50 – 0,80 2,0 – 5,0 1,1 – 1,6
Fonte: Leandro Zancanaro – Fundação MT (2004 apud Yamada, 2004 p.09)

Notamos que os solos cultivados apresentam uma situação bastante diferente da


situação original dos solos de cerrado, devendo-se principalmente ao uso adequado
de fertilizantes com micronutrientes destacando-se principalmente:

Zinco: inicialmente 95% dos solos foram considerados deficientes e nos solos
cultivados, principalmente devido a grande ênfase dada para a sua utilização,
apenas 19,9% apresentavam resultados considerados como Baixo ou Médio.
A maioria destes solos já podem ser cultivados sem a adubação com Zinco,
exigindo apenas o seu monitoramento e acompanhamento do estado
nutricional das culturas para novas aplicações de manutenção deste estado
de fertilidade atingido.

Cobre: 43,3% das amostras encontravam-se com teores Médio ou Baixo e


portanto, apresentam também uma redução comparando aos 70%
inicialmente encontrados por LOPES (1983), refletindo também a menor
ênfase dada ao seu uso a partir dos experimentos realizados. Deve
novamente ser ressaltado que os experimentos podem ter sido realizados em
locais em que o teor de Cobre não estivesse deficiente e que novos ensaios
realizados na condição de deficiência foram positivas as repostas obtidas ao
uso deste nutriente como será exemplificado posteriormente.

Manganês: Apenas 12,1% das análises podem ser consideradas como


deficientes neste nutriente, valor também abaixo do percentual encontrado
por LOPES, já citado, que encontrou 37% das amostras como deficientes. A
despeito deste baixo percentual, provavelmente por motivos já citados como
calagem excessiva, compactação dos solos e cultivo de variedades de soja
transgênicas tem exigido com maior freqüência o seu uso.
Boro: Estes dados da Fundação MT demonstraram que 91,7% das análises
estavam deficientes neste nutriente e revelam a necessidade de uma maior
atenção a esse nutriente, onde deve ser considerado também a cultura,
sendo essencial o seu uso em Algodão.

Outro levantamento que demonstra a situação de fertilidade dos solos foi realizado
por ABREU et al. (2005) e embora não separe as amostras exatamente pelo seu
uso agrícola ou com outros tipos de uso que podem estar relacionados com os
extremos superiores encontrados, revelaram valores de deficiências na mesma
direção, como apresentado nas Tabelas 14 para o estado de São Paulo e Tabela 15
referente as amostras analisadas de outros estados.

Tabela 14 - Níveis de micronutrientes em 7816 amostras de solos do estado de São Paulo


analisadas no laboratório do IAC
Classificação Boro (B) Cobre (Cu) Ferro (Fe) Manganês (Mn) Zinco (Zn)
para o Água Quente ----------------- DTPA em solução pH 7,3 -----------------
nutriente % do total em cada classe
Baixo 37 7 1 8 20
Médio 55 26 16 26 21
Alto 6 21 30 16 51
Muito Alto 2 46 53 50 8
Médio (ppm) 0,21 – 0,60 0,30 – 0,80 5 -12 1,3-5,0 0,6 – 1,2
Fonte: Abreu et alii, 2005

Tabela 15 - Níveis de micronutrientes em 5614 amostras de solos de outros estados (20)


analisadas no laboratório do IAC
Classificação Boro (B) Cobre (Cu) Ferro (Fe) Manganês (Mn) Zinco (Zn)
para o Água Quente ----------------- DTPA em solução pH 7,3 -----------------
nutriente % do total em cada classe
Baixo 43 16 1 24 33
Médio 42 26 12 27 20
Alto 10 18 27 11 16
Muito Alto 5 40 60 38 31
Médio (ppm) 0,21 – 0,60 0,30 – 0,80 5 -12 1,3-5,0 0,6 – 1,2
Fonte: Abreu et alii, 2005

Tanto para os solos do estado de São Paulo como para os outros estados, o maior
percentual de solos considerados deficientes (Baixo ou Médio) é com relação ao
Boro, concordando com os dados apresentados por Yamada (2004) e para os
outros micronutrientes tivemos os seguintes resultados:

Zinco: para os solos do estado de São Paulo 41% estavam deficientes e 53%
nos outros estados. Esses resultados são superiores aos encontrados pela
Fundação MT mas já bem abaixo dos percentuais encontrados em solos sem
cultivo. Como neste universo de amostras não há nenhuma separação
quanto ao seu uso, podem existir muitas amostras de áreas de uso não
intensivo e sem um adequado acompanhamento da sua fertilidade. Deve-se
notar o elevado percentual de amostras com teores classificados como Muito
Alto, de 8% em São Paulo e 31% nos outros estados, demonstrando o
intensivo uso de Zinco e também devido a grande variabilidade dos solos
contidos neste universo.

Cobre: para o Cobre foram encontradas 33% e 43% das análises com teores
Baixos ou Médios para o estado de São Paulo e para os outros,
respectivamente. Nota-se também uma redução comparado com o
percentual de 70% apontados por LOPES (1983), devendo ser considerado o
uso de outro extrator neste levantamento e classificação por teores mais
baixos, 0,80 mg/dm3. Devido a diversidade de solos analisadas no IAC,
encontram-se também um percentual alto de análises com teor muito alto,
acima de 1,6 mg/dm3.

Manganês: como esperado devido a formação dos solos do estado de São


Paulo, apenas 34% apresentaram resultados Baixo ou Médio, enquanto que
para os outros estados este percentual foi de 51%. De qualquer forma, este
levantamento revela uma situação com mais solos deficientes que o
levantamento apresentado por LOPES (1984) e talvez esteja mais coerente
com o aumento no uso de Manganês nas adubações. Como consequência
também da origem dos solos de São Paulo, 50% apresentaram resultados
considerados como muito alto, enquanto para os outros estados foi de 38%.

Ferro: Foram baixos os percentuais de solos com Ferro baixo ou médio e


assim como para o Manganês, é mais fácil encontrar solos com teores muito
altos e portanto, até onde é atinge o nosso conhecimento, o uso do Ferro
como fertilizante ainda não é uma realidade, exceto em alguns casos muito
específicos.

A síntese da classificação dos teores nestas análises de solo podem ser vistas na
Figura 09 a seguir, apresentado por LOPES (2009) e pode ser resumido por
apresentar um percentual muito alto de análises com Boro deficiente, cabendo ainda
à pesquisa estabelecer melhores indicações para o seu uso, seguido do Zinco que é
usado com mais freqüência, porém os percentuais de solos deficientes em
Manganês e Cobre já são próximos. Tão importante quanto as deficiências é
entender que existem para Cu, Fe, Mn e Zn, um percentual alto de solos com teores
altos ou muito altos e que dispensam o uso de micronutrientes e que o diagnóstico
adequado contribuirá para que não ocorra um uso indiscriminado e desnecessário.
Baixo M édio Alto M uito Alto
60
89,0
50

40

36,7 41,1 46,1


30

15,3
20

10

0
Boro Cobre Ferro Manganês Zinco

Figura 09 – Distribuição das classes dos teores de micronutrientes em 13.416 análises


de solo de 21 estados, obtidas no Laboratório do IAC, Campinas – SP (Fonte: Abreu et
al., 2005 apud Lopes, A.S, 2009)

B.1.8) DADOS DE RECOMENDAÇÕES – TAXAS DE APLICAÇÃO

Recomendações de micronutrientes para o Estado de São Paulo

Conforme o Boletim Técnico 100, Raij et al. (1996), “as deficiências de


micronutrientes em culturas representam uma preocupação crescente, já que elas
vêm-se acentuando, podendo acarretar sérios prejuízos na produtividade. O cultivo
em solos de baixa fertilidade, a calagem e o aumento da produtividade, são fatores
que têm favorecido o aumento das deficiências de micronutrientes.”.

Ainda conforme os autores, a análise de solo para micronutrientes introduzida nesta


publicação será um importante instrumento para orientar a adubação e como
existem grandes diferenças entre espécies vegetais, nas tabelas de adubação das
culturas são considerados os casos em que ocorreram deficiências, principalmente
para Zinco e Boro e em poucos casos para Cobre e Manganês.

Na Tabela 16 resumimos as indicações para o estado de São Paulo, de adubação


com micronutrientes para as principais culturas, conforme Raij et al. (1996).
Tabela 16 - Recomendações de micronutrientes para o Estado de São Paulo – Boletim 100 - IAC
CULTURA RECOMENDAÇÕES
Zinco no solo < 0,6 3,0 kg Zn/ha
Aumentar para 1,2 kg se
Algodão <0,21 1,0 kg B/ha
algum sintoma de
(p.109) Boro no solo
deficiência tiver se
0,21-0,60 0,5 a 1,0 kg B/ha
manifestado
Arroz < 0,60 3,0 kg de Zn/ha
Zinco no solo
(p.48-50) 0,6-1,2 2,0 de Zn kg/ha
Batata < 0,21 2,0 kg de B/ha
Boro no solo
(p.225) 0,21 – 0,60 1,0 kg de B/ha
Brócolos, Couve-flor e Aplicar juntamente com os
3,0 a 4,0 kg de B/ha
Repolho (p.175) demais adubos de plantio
< 0,50 2,0 kg de Zn/ha Aplicar 2 kg/ha de
Zinco no solo
Café 0,60 – 1,2 1,0 kg de Zn/ha Manganês quando o teor
(p.100) < 0,21 1,0 kg de B/ha no solo for menor que 1,5
Boro no solo
0,21 – 0,60 2,0 kg de B/ha mg/dm3
Cana-de-açúcar Zinco no solo 0 – 0,5 5,0 kg de Zn/ha
(p.238) Aplicar 4 kg/ha de Cobre quando o teor no solo for de até 0,2 mg/dm3
Citros (p.134) 2 kg de B/ha em pomares com sintomas intensos de deficiência de Boro.
Eucalipto Zinco no solo <0,6 1,5 kg de Zn/ha
(p.257) Boro no solo <0,21 1,0 kg de B/ha
Feijão Zinco no solo <0,6 3,0 kg de Zn/ha
(p.194) Boro no solo <0,21 1,0 kg de B/ha
Forrageiras 0 – 0,5 2 a 5 kg de Zn/ha Doses maiores para
Zinco no solo
(p.270-271) 0,6 – 1,2 0 a 3 kg de Zn/ha capineiras e fenação
A adubação pode ser
<0,6 4,0 kg de Zn/ha
Mandioca dispensada se plantada em
Zinco no solo
(p.228) rotação após cultura
0,6 – 1,2 2,0 kg de Zn/ha
adubada
Milho <0,6 4,0 kg de Zn/ha
Zinco no solo
(p.56) 0,6 – 1,2 2,0 kg de Zn/ha
Na suspeita de ocorrência de deficiência de micronutrientes realizar análise
de solo e foliar e constatada a deficiência aplicar 5 kg de Zn/ha e/ou 2 kg de
Soja
Cu/ha e/ou 1 kg de B/ha
(p.202)
Em solos deficientes em Manganês (teor no solo até 1,5 mg/dm3) aplicar 5
kg de Mn/ha
Fontes: Raij et al. (1996)

Nota-se que as dosagens recomendadas são baixas, da ordem de 1 a 5 kg/ha para


Zinco, de 0,5 a 4,0 kg/ha para o Boro e em casos esporádicos para Cobre na ordem
de 2,0 a 4,0 kg/ha e Manganês de 2,0 a 5,0 kg/ha.

Ressalte-se também a recomendação de acompanhamento dos níveis de fertilidade


do solo que indicará a necessidade ou não de aplicação de micronutrientes.
Deve ser considerado que a medida que novos conhecimentos são obtidos e que a
produtividade agrícola aumenta em função de variedades mais produtivas, métodos
mais eficientes de controle de pragas e doenças e do manejo agrícola, as
necessidades de correção das recomendações tornam-se freqüentes, embora este
seja um processo muito lento, onde os pesquisadores procuram através de
repetições dos experimentos ou novas observações ficarem seguros para
recomendar novas dosagens.

Como exemplo deste processo de atualização, destacamos informação do


Suplemento Agrícola de 15/07/2009 indicando a possibilidade para o aumento da
produtividade da cana-de-açúcar com o uso de micronutrientes, devido a expansão
desta cultura para solos pouco férteis. Segundo o responsável pela pesquisa,
Estevão Vicari Mellis do IAC, houve ganhos expressivos de produtividade pelo uso
dos micronutrientes, da ordem de 17% para o Zinco, 14% para o Molibdênio e 12%
para o Manganês. É de se esperar que em função dos resultados obtidos, novas
recomendações serão introduzidas para a adubação da cultura.

B.1.9) Recomendações de micronutrientes para os solos do Cerrado

O mais recente e mais atualizado trabalho sobre recomendações para o uso de


micronutrientes no cerrado é de Galrão (2004), inserido na publicação “Cerrado:
correção do solo e adubação” e que dispensa maiores comentários sobre a
importância do uso agrícola desta região do Brasil e sobre os conhecimentos
adquiridos pela pesquisa para o manejo eficiente e econômico de solos que a cerca
de 50 anos eram considerados imprestáveis.

Segundo o autor “a aplicação de micronutrientes nos solos de Cerrado constitui uma


prática indispensável para a obtenção de altos rendimentos...”.

Com base nas informações disponíveis para as principais culturas ou usando o bom
senso na falta de informações mais precisas, Galrão (2004) recomenda como uma
adubação básica de correção para os micronutrientes as dosagens indicadas na
Tabela 17.

Tabela 17 - Recomendações Gerais para adubação com micronutrientes para os solos de cerrado
Classe de teor Boro Cobre Manganês Molibdênio* Zinco
no solo: Baixo 2 kg/ha 2 kg/ha 6 kg/ha 0,4 kg/ha 6 kg/ha
Para culturas anuais, as doses indicadas podem ser parceladas em 3 partes iguais e aplicadas no
sulco de semeadura em cultivos sucessivos sendo esperado um efeito residual para 4 a 5 cultivos.
Para solos com teores classificados como Médio, aplicar no sulco de plantio das culturas anuais
¼ da dose acima recomendada.
Se o teor do nutriente no solo estiver classificado como Alto, não é necessária a sua aplicação.
* Para o Molibdênio não existem valores para classificação da análise de solo.

O autor ainda apresenta informações específicas para diversas culturas quanto ao


uso de dose na cova para culturas perenes, adubação de formação e para
adubação foliar.
Para a Soja, cultura que utiliza o maior volume de fertilizante no Brasil, as
recomendações conforme EMBRAPA (2006) são baseadas nos resultados da
análise de solo da Tabela 18 e as dosagens de micronutrientes encontram-se na
Tabela 19.

Tabela 18 - Limites para a interpretação dos teores de micronutrientes no solo, extraído por dois
métodos de análise, para culturas anuais, nos Cerrados em mg dm-3
Métodos
Níveis no
Água Quente --------------Mehlich -------------- -------------- DTPA --------------
solo
Boro Cu Mn Zn Cu Mn Zn
Baixo <0,3 <0,5 <2,0 <1,1 <0,3 <1,3 <0,6
Médio 0,3 – 0,5 0,5 – 0,8 2,0 – 5,0 1,1 – 1,6 0,3 – 0,8 1,3 – 5,0 0,6 – 1,2
Alto >0,5 >0,8 >5,0 >1,6 >0,8 >5,0 >1,2
Embrapa, 2006 – pg. 62

Tabela 19 - Indicação da aplicação de doses de micronutrientes no solo em kg ha-1


Teor no solo B Cu Mn Zn
Baixo 1,5 2,5 6,0 6,0
Médio 1,0 1,5 4,0 5,0
Alto 0,5 0,5 2,0 4,0
As doses indicadas são para aplicação a lanço e o efeito residual atinge, pelo menos, um período
de 5 anos. Para aplicações no sulco de semeadura, usa-se 1/3 da indicação a lanço por três anos
sucessivos.
Embrapa, 2006 – conforme Sfredo, Lantmann e Borkert, 1999. pg. 62

B.1.10) RESULTADOS DE EXPERIMENTOS

Como relatado no início, os trabalhos de pesquisa com micronutrientes se iniciaram


na década de 1960 e ganharam impulso após 1970, principalmente com a criação
da Embrapa e a ocupação do cerrado brasileiro.

Para permitir muito mais um conhecimento de doses de aplicação do que


propriamente dos resultados, as vezes notáveis de aumento de produtividade
obtidos, vamos comentar alguns experimentos importantes e que marcaram o
desenvolvimento da tecnologia de aplicação de micronutrientes.

Hiroce et al. (1971) relata que ensaios de adubação com macronutrientes em


Batatinha em solos orgânicos do Vale do Paraíba no Estado de São Paulo não
apresentavam respostas satisfatórias e em ensaio preliminar com aplicação de
micronutrientes conseguiu-se uma produção quase três vezes superior à
testemunha. Em ensaio realizado em 1965 os tratamentos com Boro apresentaram
respostas na produção e a total ausência de sintomas visuais de deficiência que
eram similares aos causados por vírus, sendo então relatado pela primeira no país,
a ocorrência de falta de Boro em batatinha. O resultados estão na Tabela 20.
Tabela 20 - Produções de tubérculos e teores de boro nas folhas de batatinha
------------ Ensaio I ------------ ----------- Ensaio II------------
Tratamentos Produção Teor Foliar B Produção Teor Foliar B
-1 -1 -1
kg ha mg kg kg ha mg kg-1
NPK 14800 28 6400 14
NPK + B 22300 40 16400 23
NPK + Zn 14100 29 7000 15
NPK + Cu 14500 20 6200 16
NPK + Mo 13900 28 5700 15
NPK + Fé 15200 29 5900 17
NPK + Mn 12100 30 7300 16
NPK + todos micros 25700 38 15900 22
Adubação (kg ha-1): 160 de sulfato de amônio; 240 de superfosfato simples; 150 de sulfato de potássio;
20 de bórax, 20 de sulfato de cobre, de ferro e de manganês; 10 de sulfato de zinco e 0,5 de molibdato
de sódio.

Silva et al. (1982) avaliando o efeito de doses de boro em um solo considerado


deficiente em Leme-SP, com doses crescentes e por quatro anos na cultura do
algodão, observou respostas positivas e com tendência para aumentar com o nível
de produtividade, considerando que em condições favoráveis para a boa formação
de carga no algodoeiro, deve crescer a necessidade das plantas em boro. Além dos
efeitos sobre a produtividade conforme dados da Tabela 21, outras características
se mostraram influenciadas pelo boro como: precocidade, teor de boro nas folhas,
peso dos capulhos e maturidade da fibra algodoeira. Descreveu ainda os sintomas
típicos da falta de boro no algodoeiro, principalmente nos pecíolos como sendo:
“anéis concentricos de coloração escura, com engrossamento do tecido, pilosidade
mais intensa e necrose interna da medula”. Apresenta ainda várias descrições de
alterações nas folhas, flores e outras partes da planta.

Tabela 21 – Produtividade de algodão anualmente nos ensaios de adubação boratada no sulco


de plantio em solo Leme-SP
Dose de B Safra 1976/77 Safra 1977/78 Safra 1978/79 Média
kg ha-1 ................................................... kg ha-1 ...................................................
0,00 2.208 1.999 2.497 2.237
0,50 2.736 2.383 3.381 2.844
0,75 - 2.320 3.333 2.817
1,00 2.952 2.268 3.515 2.908
1,25 - 2.217 3.435 2.816
1,50 2.789 2.341 3.515 2.891
2,00 2.805 2.196 3.268 2.752
Fonte: Silva et al. (1982)

Em trigo cultivado em solo orgânico de várzea, Galrão (1988) obteve aumentos


significativos de produção como pode ser visto na Tabela 22. A dose de 2 kg ha -1 de
Cu, aplicado apenas antes do primeiro cultivo, aumentou a produção em 1.012,
1.536, 976 e 1.228 kg ha-1 e reduziu a esterilidade masculina em 76, 72, 74 e 64%
respectivamente no primeiro, segundo, terceiro e quarto cultivo.
Tabela 22 – Produção de grãos e esterilidade masculina do trigo em função de doses de cobre
Cu Cultivo
aplicado 1º. 2º. 3º. 4º. 1º. 2º. 3º. 4º.
-1
kg ha --------Produção de grãos kg ha-1 -------- -------- Esterilidade masculina % --------
0 3280 4242 2633 3910 18,4 15,9 11,2 12,4
2 4292 5778 3609 5138 4,3 4,4 2,9 4,5
4 4175 5793 3828 5040 4,9 4,8 3,2 4,0
8 4097 5400 3692 5166 4,5 4,7 3,8 3,0
16 4507 5467 3745 5236 4,0 4,3 3,3 2,9
Fonte: Galrão (1988)

Avaliando o uso de cobre por três cultivos de soja, Galrão (1999) não obteve
respostas apenas na primeira safra. Com as doses de 1,2 e 2,4 kg ha-1, aplicadas a
lanço apenas antes do primeiro cultivo, obteve as máximas produtividades. Outros
métodos de aplicação como a aplicação anual no sulco de semeadura nas doses de
0,4 e 0,8 kg ha-1, 2,4 kg ha-1 aplicado nas sementes e 0,60 kg ha-1 por aplicação via
foliar também apresentaram respostas positivas no 2º. e 3º. Cultivos, sendo os
resultados destacados na Tabela 23

Tabela 23 - Métodos de aplicação de Cobre e avaliação da disponibilidade para a Soja em um solo de


Cerrado
Teor de Cu no solo
Produtividade kg ha-1
(Mehlich-1) - mg dm-3
Tratamentos
1º. 2º. 3º. 2º. 3º.
Cultivo Cultivo Cultivo Cultivo Cultivo
1. Testemunha 2320 2940 2570 0,2 0,1
-1
2. 0,4 kg ha de Cu (lanço – inicial) 2300 3050 2670 0,4 0,2
3. 1,2 kg ha-1 de Cu (lanço – inicial) 2310 3440 3220 0,7 0,5
4. 2,4 kg ha-1 de Cu (lanço – inicial) 2360 3390 3130 1,3 0,7
5. 4,8 kg ha-1 de Cu (lanço – inicial) 2300 3410 3100 1,7 1,2
6. 0,4 kg ha-1 de Cu (sulco – anual) 2330 3430 3190 0,3 0,2
7. 0,8 kg ha-1 de Cu (sulco – anual) 2320 3340 3200 0,3 0,2
8. Foliar 5 g L-1 de Sulfato (20 DAE)(1) 2300 3310 3220 0,3 0,3
9. Foliar 5 g L-1 de Sulfato (20+40 DAE) 2400 3390 3110 0,3 0,3
10. 0,8 kg ha-1 de Cu (Semente – anual) 2250 3380 3140 0,5 0,8
Fonte: Galrão (1996). (1)DAE = dias após a emergência. No tratamento 10 foi utilizado óxido de cobre e
em todos os outros a fonte foi sulfato de cobre. As aplicações foliares foram feitas com solução de sulfato
de cobre de 5 g L-1.

Neste trabalho, o autor demonstra que o suprimento de cobre pode ser feito de
diferentes maneiras e a comparação dos custos e viabilidade operacional podem
influir na decisão para escolha do mais adequado. Deve ser observado que o uso de
doses menores no sulco ou foliares, apesar dos resultados semelhantes, acarretam
teores no solo ainda baixos, considerando como valor para o nível crítico o valor
determinado neste trabalho de 0,5 mg dm-3 no extrator Mehlich-1.
Embora a maior enfase ao uso de micronutrientes ocorra para os solos de cerrado,
deve ser lembrado que áreas pobres em micronutrientes podem ocorrer em
qualquer região, sendo necessário para isso apenas que o material de origem seja
pobre em algum dos nutrientes ou altamente intemperizados ou ainda tenham
sofrido um processo contínuo de extração e exportação com colheitas sucessivas e
o uso da análise de solo ou monitoramento das culturas são instrumentos eficientes
para a avaliação da necessidade de uso dos micronutrientes.

Importante destacar aqui a situação dos solos dos chamados tabuleiros costeiros do
Nordeste do país e cultivados com cana-de-açúcar e que apresentam com
freqüência respostas ao uso de micronutrientes. Marinho (1988) relata que
deficiências de manganês cobre e zinco são observados nesses solos e em
diversos experimentos obtiveram respostas ao uso dos micronutrientes como
demonstrado nas Tabelas 24.

Tabela 24 - Efeito da calagem e manganês aplicados em superfície em cana-soca em dois locais


da Usina Santo Antonio em Alagoas – t ha-1
----------- Quitunde ---------- ------ Chã de margarida ------
Tratamentos
Cana Açúcar Cana Açúcar
Testemunha 51,94 7,20 70,85 9,83
-1
2 t de calcário ha 75,02 10,56 80,34 11,51
-1
4 t de calcário ha 77,25 10,56 73,40 10,27
-1
6 t de calcário ha 74,48 10,76 78,86 11,44
-1
4 t de calcário + 7,5 kg Mn ha 92,09 12,88 78,27 11,02
Fonte: Adaptado de Marinho (1988). Todos os tratamentos receberam igualmente N, P, K, Cu, Zn e Fe.

Os resultados apresentados na Tabela 24 mostram uma elevada resposta ao uso de


calcário e ao manganês em Quitunde enquanto que no local Chã margarida as
respostas ocorreram apenas para o uso de calcário. Nesta publicação, o autor não
faz outras referências quanto aos teores de Mn no solo ou foliar em ambos os locais
e que poderiam auxiliar no entendimento dos resultados obtidos.

Este mesmo autor ainda apresenta respostas ao uso de cobre em quatro locais,
destacando-se os resultados obtidos na Usina Peixe em 2 safras na Tabela 25.
Tabela 25 - Efeito de doses de cobre sobre as produções de cana e açúcar na Usina Peixe – t ha-1
--------- Cana planta --------- --------- Cana soca ---------
Doses de Cu – kg ha-1
Cana Açúcar Cana Açúcar
0,0 46,7 6,1 82,9 11,2
2,5 93,6 12,2 101,5 13,9
5,0 85,2 11,3 100,7 13,7
10.0 101,2 13,5 103,4 14,3
20,0 82,3 11,4 104,8 14,8
40,0 68,1 9,4 106,9 15,5
Fonte: Adaptado de Marinho (1988).

Galrão (1984) utilizando a técnica de exclusão de um nutriente em cada tratamento,


confirmou os excepcionais resultados esperados para a aplicação de Zinco como
mostram os dados da Tabela 26 seguir.

Tabela 26 - Produção em kg ha-1 de grãos em um latossolo vermelho-escuro de textura argilosa


em resposta a omissão de micronutriente
Cultivos
Tratamentos 1º. 2º. 3º. 4º. 5º. 6º. Total
Arroz Arroz Milho Soja Milho Milho 6 safras
Completo 1.170 2.001 6.513 1.956 5.530 5.091 22.261
Menos B 1.191 1.813 6.141 2.092 5.098 5.031 21.366
Menos Co 1.179 2.158 6.351 2.075 5.428 5.162 22.353
Menos Cu 1.156 1.772 6.991 2.154 5.577 5.346 22.996
Menos Fe 1.210 2.046 6.714 2.025 4.873 5.490 22.358
Menos Mn 1.196 2.041 6.649 2.149 5.320 5.562 22.917
Menos Mo 1.188 1.891 6.606 2.065 5.314 5.700 22.764
Menos Zn 118 477 4.608 1.744 4.360 4.315 15.622
Fonte: Galrão (1984)

Importante destacar que os micronutrientes foram utilizados apenas antes do


primeiro cultivo, e seus efeitos se prolongaram por 6 safras seguidas. Após a
operação de calagem e preparo do solo foi feita aplicação também a lanço de
Fósforo (400 kg ha-1 de P2O5), Potássio (150 kg ha-1 de K2O) e Enxofre (60 kg ha-1),
sendo a seguir aplicada a mistura de micronutrientes conforme cada tratamentos e
nas seguintes quantidades por hectare: 1,2 kg de B; 2,0 kg de Co; 4,0 kg de Cu,
10,0 kg de Fe; 6,0 kg de Mn, 0,25 kg de Mo e 6,0 kg de Zn.

O Zinco foi o único micronutriente que ao ser omitido da adubação provocou


decréscimo acentuado na produção dos 4 primeiros cultivos, porém, foi menor e não
significativo nos dois últimos, e os autores relatam desconhecer a causa do
aumento relativo da produção nos tratamentos sem Zinco, principalmente nos dois
últimos anos e algumas suposições foram comentadas: a) mineralização da matéria
orgânica do solo; b) associações endomicorrízicas; c) formação de complexos
orgânicos solúveis; d) aumento da quantidade absorvida do zinco nativo do solo por
vários motivos; e) parte do Zinco suprida por fornecimento nos fertilizantes e
calcário.

A falta de resposta aos outros micronutrientes pode estar relacionada aos teores
suficientes encontrados naturalmente naquele solo que eram de: 0,9 ppm de Cu,
57,6 de Fe, 5,0 de Mn e 0,4 de Zn que foi o único a se apresentar deficiente. Para
os outros micronutrientes não foram feitas as análises.

Produção em 6 safras em resposta a omissão de


micronutriente
Completo
8000 Menos B
6513 Menos Co
6000 5530 5091 Menos Cu
kg/ha

4608 4360 4315


4000 Menos Fe
2000 2001 1956
1744 Menos Mn
1170
0 118 477 Menos Mo
Arroz Arroz Milho Soja Milho Milho Menos Zn

Culturas - Safras

Figura 10 – Produção em resposta a omissão de micronutriente. Galrão (1984)

Como principal conclusão o autor relata que: “A dose de zinco (6,0 kg ha-1), aplicada
a lanço, apenas no primeiro ano de condução do experimento, foi suficiente para
manter boas produções nos seis cultivos.” Podemos admitir, portanto, que a dose
média anual suficiente para se obter as mais altas produções é de 1,0 kg de Zn ha-1.

Yamada (2004) relatou os resultados obtidos pela Fundação MT/PMA também com
experimentos de omissão de nutrientes como mostrado na Tabela 27 a seguir.

Tabela 27 - Efeitos do B, Cu, Mn, Zn e de uma mistura de todos os micronutrientes


na produtividade da soja
Produtividade
Tratamentos
kg ha-1 %
Completo (C) 3492 100
Completo – Boro 3336 95
Completo – Cobre 3242 93
Completo – Manganês 3072 88
Completo - Zinco 2910 83
Completo - Micros 2310 66
Fonte: Fundação MT/PMA (1999 apud Yamada, 2004, p.8)
O tratamento completo apresentou a maior produtividade e a ausência de qualquer
um dos micronutrientes resultou em uma diminuição da produção, sendo a maior
redução quando o micronutriente ausente foi o Zinco.

Lopes (2009) apresentou no gráfico da Figura 11 a seguir os resultados obtidos por


Galrão (1996) onde comparou diversas formas de aplicação de Zinco e produtos
com solubilidades diferentes em um solo que apresentava 0,30 mg de Zn dm-3.
Resumidamente o gráfico a seguir apresenta a produção obtida no 3º. cultivo e os
resultados encontram-se na Tabela 28.

Figura 11 – Produção de milho no 3º. ano, com diferentes fontes e métodos de


aplicação de Zinco em solo de cerrado, Galrão (1996)

Os resultados ano a ano e os teores de Zinco no solo encontram-se na tabela a


seguir.
Tabela 28 - Métodos de aplicação de Zinco e avaliação da disponibilidade para o Milho em um
solo de Cerrado
----- Produtividade kg ha-1 ----- ----Teor Zn no solo mg kg-1 ---
Tratamentos 1º. 2º. 3º. 1º. 2º. 3º.
Cultivo Cultivo Cultivo Cultivo Cultivo Cultivo
1. Testemunha 3880 4230 4560 0,3 0,5 0,6
2. 0,4 kg ha-1 de Zn (lanço – inicial) 5470 6380 6350 0,9 0,9 0,7
3. 1,2 kg ha-1 de Zn (lanço – inicial) 7360 7780 7620 1,2 1,0 1,1
4. 3,6 kg ha-1 de Zn (lanço – inicial) 7400 7890 7900 1,6 1,3 1,3
5. 7,2 kg ha-1 de Zn (lanço – inicial) 7200 7530 7810 2,4 2,3 2,4
6. 1,2 kg ha-1 de Zn (sulco – inicial) 5890 7870 7430 1,0 1,2 0,8
7. 0,4 kg ha-1 de Zn (sulco – anual) 4910 7140 7090 0,5 0.7 1,1
8. 0,8 kg ha-1 de Zn (Semente – anual) 6150 7680 7740 0,4 0.6 1,0
9. Foliar 1% Sulfato (3ª. e 5ª. folha) 6640 7350 7470 0,4 0,6 0,5
10. Foliar 1% Sulfato (3ª., 5ª. e 7ª. folha) 7180 7400 7420 0,5 0,7 0,7
Fonte: Galrão (1996)

Nota-se que a aplicação inicial de 3,6 kg ha -1 de Zn foi suficiente para atingir as mais
altas produtividades nos 3 anos e elevou o teor de Zn no solo a valores próximos
daqueles considerados como Nível Crítico (NC). As aplicações foliares mostraram-
se também como uma forma de suprir a necessidade das plantas no nutriente,
entretanto, os teores no solo mesmo após 3 anos continuaram abaixo do NC e o
autor não relata a dose utilizada do nutriente, apenas a taxa de diluição do Sulfato
de Zinco na pulverização.

Galrão (1991) realizou experimento com soja em solo de cerrado com cobalto e
micronutrientes aplicados apenas antes do primeiro cultivo. Neste solo, em que os
teores iniciais de micronutrientes eram, em mg kg-1: 77 de Fe; 4,0 de Mn; 0,8 de Zn;
0,2 de Cu e 0,15 de B, as respostas foram mais significativas para o Cobre, como
esperado devido ao seu baixo teor, seguido do Zn e do B. Na Tabela 29 encontram-
se os resultados de produção de grãos e teores foliares do nutriente avaliado.

Tabela 29 - Rendimento de grãos e teores foliares (entre parênteses) em função da aplicação de


micronutrientes e cobalto em solo de cerrado
Nutriente kg ha-1 1º. 2º. 3º. 4.o
0,0 2.333 2243 (14) 2765 (31) 2846 (29)
Boro
1,0 2.444 2384 (27) 2907 (53) 2953 (39)
0,0 2390 2262 2759 2852
Cobalto
0,4 2387 2364 2913 2947
0,0 2334 (2,8) 2024 (1,7) 2632 (2,6) 2664 (1,0)
Cobre
2,0 2446 (4,7) 2602 (6,5) 3041(6,3) 3135 (3,0)
0,0 2356 (62) 2316 (38) 2894 (36) 2901 (35)
Mn
4,0 2422 (70) 2310 (48) 2778 (41) 2897 (40)
0,0 2405 2298 2798 2843
Molibdênio
0,25 2372 2327 2875 2956
0,0 2295 (18) 2218 (17) 2793 (21) 2875 (30)
Zinco
6,0 2483 (30) 2408 (32) 2879 (30) 2923 (43)
Fonte: Galrão (1991)
Em sua avaliação, o autor considera que segundo Trani (1983) o Boro encontra-se
deficiente abaixo de 20 mg kg-1 e o Cobre quando abaixo de 10 mg kg-1, porém,
citando Jones Junior (1973) a faixa de suficiência para este nutriente seria de 5 a
10. Para o Zinco, cita o nível de 20 mg kg-1 como nível crítico. Para o manganês,
não encontrou aumentos significativos de produção e os teores foliares encontrados
estavam acima do nível crítico considerado por Trani (1983)

Ritchey et al. (1986 apud Yamada, 2004, p. 8) estudaram os efeitos residuais do


Zinco, observando que doses de 3 kg ha-1 aplicado apenas antes do primeiro cultivo
eram suficientes para manter a produção próxima da máxima por pelo menos 4
safras consecutivas como mostra a Figura 12.

Figura 12 – Respostas do milho e da soja a doses de zinco aplicadas


somente no primeiro cultivo em Latossolo Vermelho Escuro
argiloso Ritchey et al. (1986 apud Yamada, 2004, p.8)

Souza et al. (1998) avaliaram a resposta do milho ao Zinco, com doses crescentes
de Fósforo, visando avaliar se o aumento da dose de Fósforo afetava o efeito do
Zinco. O experimento foi instalado em condições de campo, em um Latossolo
Vermelho-Escuro textura média, localizado no município de Jaboticabal, SP. O solo
apresentava na camada de 0-20 cm teores de P (resina) de 5 mg dm -3 e teor de Zn
extraído com DTPA-TEA pH 7,3 de 0,39 mg dm-3 e portanto, classificado como
Baixo conforme Raij et al. (1996). As doses utilizadas foram de 0, 50, 100, 150 e
200 kg ha-1 de P2O5 e 0, 5, 10, 15 e 20 kg ha -1 de Zn, aplicadas no sulco de
semeadura tendo como fontes o superfosfato triplo e o sulfato de zinco
heptahidratado. Na Tabela 30 estão os resultados, também apresentados no gráfico
da Figura 13.

Os autores concluíram que o Fósforo aumenta significativamente a produção de


grãos de milho e esse efeito é mais expressivo na presença de Zn e ainda que: a
adubação fosfatada não altera significativamente as concentrações de Zn nas
folhas.
Tabela 30 – Produção de milho em função da dose de Fósforo e de Zinco e teores foliares
alcançados
Produção de
Doses de P no solo P nas folhas Zn nas folhas
grãos
Fósforo (mg dm-3) (g kg-1) (mg kg-1)
(kg ha-1)
0 2.862,8a 6,8a 1,1b 30,1a
50 5.007,8b 10,6b 1,6a 32,2a
100 5.944,6c 18,1c 1,6a 32,7a
150 6.875,7d 21,7d 1,6a 31,3a
200 7.750,7e 26,1e 1,6a 33,0a

Doses de Produção de
P no solo P nas folhas Zn nas folhas
grãos
Zinco (mg dm-3) (g kg-1) (mg kg-1)
(kg ha-1)
0 5.143,5a 16,6a 1,5a 16,1a
5 5.955,9b 16,5a 1,5a 35,0b
10 5.592,5c 16,9a 1,5a 34,2b
15 5.808,6bc 17,1a 1,5a 34,8b
20 5.941,1b 16,2a 1,5a 39,2c
Fonte: Souza et al. (1998)

8800

7800
Produção de grãos (kg ha )
-1

6800

5800

4800
20
3800 15
10
2800
5
0 0
50
100
150
-1
200
Fósforo (kg ha de P2O5)

Figura 13 – Respostas do milho em função das doses de Fósforo e Zinco. Souza et al. (1998)
B.1.11) ACUMULO DE CONTAMINANTES

Diversos experimentos atualmente tem sido conduzidos para avaliar a absorção de


contaminantes que podem estar contidos nos fertilizantes ou outros insumos e, em
geral, não demonstram haver risco com o uso de fertilizantes em dosagens
adequadas e com conteúdo conforme as exigências atuais.

No trabalho de ABREU et al. (2005) o teor médio de contaminantes encontrado em


14316 análises de solo eram muito baixos como destacado na Tabela 31. O teor
correspondente ao 3º. quartil é praticamente igual ao teor médio encontrado por
Cancela (2002 apud Abreu, 2005, p.569). Isso demonstra que em 75% dos solos os
teores de contaminantes não subiram com relação aos teores médios naturais
encontrados nos solo. Para Cd, Cr e Ni percentuais baixos de amostras mostraram-
se com teores acima do teor máximo encontrado em solos não cultivados. Para Pb
o percentual acima do teor máximo dos solos naturais é mais elevado, atingindo
19,65% demonstrando uma aumento mais difuso mas não apresenta nenhuma
hipótese para este percentual mais elevado. Conforme as conclusões dos autores, o
aumento dos teores de metais pesados no solo provocado pelas práticas agrícolas
ainda é pequeno.

Tabela 31 – Resultados de análises de solo em 8702 amostras do estado de São Paulo e 5614 amostras de
outros estados, analisadas no laboratório do IAC – Campinas.
Descrição Cd Cr Ni Pb
Teor médio no estado de São Paulo 0,02 0,03 0,18 0,85
Teor do 3º quartil no estado de São Paulo 0,02 0,01 0,19 1,00
Teor máximo no estado de São Paulo 3,4 42,9 65,1 63,9
28,5; 30,7; 25,9; 31,4; 33,5; 26; 27; 34; 46; 59;
Teores mais altos em São Paulo 3,4
39,0; 42,9 39,9; 40,3; 65,1 59; 64
Teor médio nos outros estados 0,019 0,007 0,147 0,76
Teor do 3º quartil nos outros estados 0,02 0,01 0,02 0,90
Teor máximo nos outros estados 1,31 0,80 2,0? 33,89?
Teores mais altos nos outros estados 3,4 - 34,8? 26; 38?
Teor médio nativo 0,04 0,09 0,44 0,56
Teor máximo nativo 0,09 0,22 1,85 1,21
Amostras acima do teor máximo nativo 2,29% 0,35% 0,19% 19,65
Fonte: adaptado de Abreu (2005)
Notas: teores nativos conforme Cancela (2002) citado pelo autor.

Ainda neste trabalho, esclarecem que alguns poucos casos com teores elevados
precisam ser investigados com mais atenção e como afirmado pelos autores, muitas
destas amostras com alto teor de metais pesados são provenientes de áreas de
pesquisa que receberam altas doses de lodo de esgoto, inclusive lembrado nos
debates ocorridos no Encontro Técnico (2009) pelo Dr. Berton.

Segundo os autores, estes resultados também sugerem que as aplicações de longo


prazo de adubos minerais utilizados na agricultura, não estão afetando
significativamente os teores de metais pesados nos solos e que provavelmente a
transferência de metais para a cadeia alimentar é pequena na maioria dos casos.
Considere-se ainda que este histórico reflete um período antecedente a existência
de regras limitando o conteúdo dos contaminantes nos fertilizantes, isto é: poderiam
ter sido usados fertilizantes com contaminantes acima dos limites da IN 27,
possibilidade atualmente reduzida pelo controle determinado na legislação.

B.1.12) CONCLUSÕES

O consumo de micronutrientes é baixo e representa cerca de 1% do total de


fertilizantes utilizados no país.

A taxa de aplicação também é muito baixa e não representa nenhum risco de


contaminação ao meio ambiente, tanto quanto ao próprio nutriente como com
relação aos contaminantes. Aplicação de maiores taxas não se justificam pelo seu
custo econômico como também por não trazerem qualquer benefício se o nutriente
estiver disponível em quantidade suficiente para a produção agrícola.

O histórico de pesquisa e uso dos micronutrientes no Brasil demonstram a sua


importância para viabilizar a produção em solos pobres e a existência de critérios
claros e precisos para estabelecer o seu uso quanto à necessidade, dosagens,
métodos, tempo e segurança.

Os métodos de diagnóstico disponíveis como análise de solo e folhas e


reconhecimento de sintomas visuais são bastante eficientes, acessíveis e utilizados
na agricultura atual.

A utilização é feita com base nas necessidades identificadas e existem


recomendações para o seu uso e correspondem a quantidades pequenas e que não
representam risco ao solo e meio ambiente.

Avaliação da ocorrência dos contaminantes em solos brasileiros apontam não haver


alteração significativa, demonstrando que o uso de fertilizantes há décadas não
afetou a qualidade dos solos cultivados. Com mecanismos recentes estabelecendo
limites máximos para os contaminantes, as condições para a utilização de
micronutrientes torna-se ainda mais segura e não oferece risco para a produção
agrícola.

B.2) CARACTERIZAÇÃO DO RESÍDUO

B.2.1) RESÍDUOS INDUSTRIAIS DE INTERESSE PARA A PRODUÇÃO DE


FERTILIZANTES MICRONUTRIENTES:

Baseado na apresentação: “Materiais Secundários Com Potencial de Utilização na


Produção de Fertilizantes Micronutrientes” realizada durante a 4ª Reunião
Ordinária do GT Interinstitucional sobre Uso de Resíduos Industriais
Indicados como Matéria-Prima para Fabricação de Produtos Fornecedores de
Micronutrientes Utilizados como Insumo Agrícola, pelo Engenheiro Agrônomo
Irani Gomide Filho.

B.2.1.1) INTRODUÇÃO:

Dos resíduos industriais gerados apenas parte deles apresentam potencial de uso
com matéria prima para a produção de micronutrientes. É necessário atender as
seguintes condições:
• Apresentar em sua composição teores de nutrientes em quantidades
significativas.
• Apresentar uma composição definida.
• Ser gerado em um processo industrial bem definido (matéria prima,
tecnologia, concentração, etc.), ou apresente possibilidade de segregação
dentro do estabelecimento gerador.
• Existência de controles no gerador e manipulador.
• Não apresentar, na sua geração, a possibilidade de geração conjunta de
contaminantes orgânicos. Caso contrário será necessária a remoção destes
contaminantes previamente.
• A forma química do nutriente contido deve estar numa forma disponível para
a planta, caso contrário será necessário um processamento par torná-lo
disponível.
• Apresentar viabilidade técnica de utilização na indústria de micronutrientes
como matéria prima de forma segura e possibilitar a rastreabilidade.
• Apresentar vantagem econômica na sua utilização como matéria prima, quer
seja na redução de custo do produto final, quer na economia de recursos
naturais não renováveis.

B.2.1.2)PRODUTOS DE INTERESSE:

Os resíduos que atendem as premissas anteriormente definidas são aqueles


oriundos de certos processos metalúrgicos de galvanização e de produção de ligas
de Zn, Cu, Mn e Mo. Nestes processos são gerados, involuntariamente, óxidos e/ou
óxidos silicatados destes metais.
Outros processos poderão gerar outro tipo de resíduo de interesse, sendo
necessária uma análise da viabilidade com base nos requisitos técnicos já
mencionados.

B.2.1.3)DESCRIÇÃO DE PROCESSOS DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS:

OXIDADOS DE ZINCO:

A. Cinzas De Zinco S.H.G.


Na produção de Zinco SHG 99,99%, na última etapa produtiva, os Anodos
de Zinco (Placas de metal formadas eletroliticamente) são fundidos para
formatação dos lingotes, entretanto ocorre que a superfície do zinco metálico,
em estado liquido, em contato com o oxigênio atmosférico propicia a
oxidação do zinco (Cinzas de Zinco SHG) ocorrendo desta forma a produção
involuntária do oxido de Zinco, o produto resultante é moído em moinhos de
bolas para desagregar a fração metálica (pingos) seguindo para
peneiramento com a separação do metal que retorna para fusão e o óxido
moído, classificado tem inúmeras aplicações metalúrgicas e químicas (Este
tem aproximadamente 75% de Zn e traços de contaminação de outros
metais).

B. Cinzas de galvanização:

Para o processo de Zincagem a fogo utiliza-se uma cuba, (que deve ter seu
fundo revestido de chumbo em estado líquido através de carga térmica) que
deve ser alimentada com lingotes de Zinco, onde o mesmo deve ser mantido
no estado liquido, para a imersão das peças a serem galvanizadas. À medida
que o zinco é consumido na zincagem, deve ocorrer a reposição do
mesmo na cuba. Neste processo quanto maior a espessura de zincagem,
maior será a temperatura, o que determina uma maior geração de Borra
metálica, e Cinza de galvanização, A geração da cinza de zinco vai
ocorrendo em função da oxidação do zinco metálico líquido em contato com
oxigênio atmosférico, a cinza é retirada na superfície da cuba através de
conchas, ocorrendo desta forma a produção involuntária deste oxidado de
zinco. A Borra gerada no processo poderá ser novamente fundida, resultando
lingote secundário de Zinco, e da mesma forma o metal ao atingir o estado
líquido parte será transformada involuntariamente em oxidado de Zinco,
assim sendo, quanto mais vezes se fundir o mesmo material, maior será a
quantidade de produto oxidado. Este oxidado de Zinco contem um teor de
60% a 75% de Zn.
A Borra metálica também poderá ser transformada em oxido de zinco,
através da queima em cadinhos e sublimadas para mangas, com
resfriamento, gerando um óxido de zinco de 72% a 76%.
C. Cinzas de Zamak:

A produção de ligas “Zamak” decorre da fusão associada dos metais Zinco,


Alumínio e Cobre (S.H.G. - Material Primário, Borras e Sucatas - Material
Secundário) para atender os diversos tipos de ligas solicitadas pela indústria
metalúrgica.
A produção destas ligas é feita em fornos onde através de carga térmica os
metais ao atingirem o estado líquido, são drenados para a injeção de peças,
sendo que nesta operação ocorre a formação de borras, que deverão ser
refundidas, e paralelamente ocorre a produção involuntária de óxido nas
mangas, em função do contato dos metais em estado líquido ou gasoso, com
o oxigênio atmosférico, respectivamente. O material oxidado resulta em
produto cuja composição varia de 45 a 70% de Zn.
N.B: Quanto mais vezes se fundir um metal não ferroso, maior será a
quantidade de material oxidado.
D. Lama de Galvanização:

No processo de galvanização para chapas de aço carbono a zincagem se dá


pela imersão contínua em banho de zinco metálico, que é mantido no estado
líquido através de carga térmica. O Zinco no estado líquido (superfície) em
contato com o oxigênio atmosférico provoca a oxidação do metal formando
oxidados de zinco que são retirados através de conchas. Conforme o zinco é
consumido ocorre a reposto na mesma proporção, e à medida que a solução
de zinco se contamina com o ferro, esta deve ser neutralizada com cal
formando um decantado de zinco na lama de galvanização. Este material
deve ser seco, moído e classificado, gerando um produto com concentração
entre 15 a 25% de Zn. Com baixo teor de contaminantes.
E. Zinco Decantado da Produção de Zinco S.H.G.:

Para produção de Zinco metálico S.H.G. é preciso se obter através da


solubilização do minério de Zn uma solução de Sulfato de Zinco purificada
para eletrólise. A carga circulante desta solução ao atingir uma determinada
concentração de ferro pode gerar contaminação deste no Zinco S.H.G..
Desta forma, esta solução volta para purificação ou pode ser neutralizada
com Cal gerando Zinco decantado com mais ou menos 20% de Zn e baixo
teor de contaminantes. O material deve ser seco, moído e classificado.

OXIDADOS DE COBRE:

A. Cinzas e Escorias de Cobre de Processo primário:

Para a produção de vergalhões e catodos de cobre, em forno tipo flash é


empregado o uso de minério sulfetado de cobre, sendo que a carga térmica
somente se faz necessária no início do processo, pelo fato da geração de
SO2, oriundo do minério, permite que o processo fique autógeno. Nesta
primeira fase da produção se obtém o mate de cobre com 65% de Cu que
segue para o conversor para uma nova fusão e a obtenção dos catodos e
vergalhões, e também forma um oxidado de cobre com concentração entre
25 a 40% de Cu que deve ser moído e classificado podendo retornar ao
processo de fusão, ou ser empregado como óxido de cobre.
B. Cinzas e Escorias de processo Secundário.

No processo de fusão do cobre secundário (sucata) feita em fornos rotativos,


o metal ao atingir o estado líquido (que é drenado para a formação de
lingotes) em contato com o oxigênio atmosférico, propicia a formação de
oxidados de cobre, promovendo desta forma a produção involuntária de oxido
de cobre, que deve ser moído e classificado e apresenta concentrações que
variam de 15 a 40% de Cu. NB. Quanto maior o número de fusões maior será
a quantidade de cinzas e escórias geradas.
OXIDADOS DE ZINCO E COBRE (CINZAS E ESCÓRIAS DE LATÃO E BRONZE):

A produção de ligas de latão e bronze decorre da fusão associada dos metais de


zinco e cobre para a produção dos diversos tipos de ligas solicitados pela indústria
metalúrgica. Para tanto pode ser utilizado metal primário (lingotes, catodos e
anodos), bem como metais secundários (lingotes de refusão de latão e bronze,
sucata de zinco, cobre, latão e bronze). A produção destas ligas é feita em fornos
rotativos, onde através de carga térmica os metais, ao atingirem o estado líquido,
são drenados para a formação de lingotes, sendo que neste processo ocorre a
produção involuntária de oxidados de zinco e cobre, em função do contato dos
metais em estado liquido, com o oxigênio atmosférico. A parcela oxidada, com
menor densidade se concentra como sobrenadante, sendo separada e após
esfriamento, forma a escória silicatada, pela incorporação do silício, utilizado como
auxiliar fundente. Esta escória é moída, separando-se pequena proporção de pingos
metálicos, que voltam para a fusão.
No mesmo processo, parcela dos metais, especialmente o zinco, se oxida, por
sublimação são separados e captados em sistemas de exaustão, se constituindo em
cinza de zinco, com baixa concentração de cobre e outros componentes da liga ou
contaminantes.
Note-se que em ambos os processos, a separação ocorre por diferença de
densidade, aumentando-se a concentração de zinco, em relação aos outros metais,
que ficam mais concentrados no lingote metálico.
A contaminação de chumbo e alumínio, presentes nestas ligas, se dá pela adição
proposital para fins metalúrgicos, em alguns casos, ou por presença em pequenas
proporções nos materiais de origem, sendo que em regra geral, a concentração na
partes oxidadas é menor que no lingote.
Os teores de micronutrientes nestes oxidados variam, nas seguintes faixas:
Resíduo Zn Cu
CINZAS 50-65% 1-10%
ESCÓRIAS 8-30% 1-10%

OXIDADOS DE MANGANÊS:

Na produção de ligas de Manganês o concentrado mineral passa por processo de


fusão associado com calcário e carvão para obtenção do manganês alto carbono
(forno elétrico). Nesta fase é gerado um oxidado de manganês com 20 a 25% de
Mn, nas mangas, bem como uma escória, cuja concentração esta na faixa de 15 a
30% de manganês, neste último, deve ser feita a moagem e classificação. Para
obtenção do Manganês médio carbono o material fundido passa pelo conversor com
injeção forçada de oxigênio, vindo a gerar nas mangas um oxido de 60% de Mn. Os
materiais gerados têm características de óxidos silicatados.
OXIDADOS DE MOLIBDÊNIO:

Na produção de ligas de Ferro/Molibdênio são utilizados Ferro Metálico, Trióxido de


Molibdênio e areia básica, em proporções variadas, que passam por processo de
fusão para a obtenção de ligas nas concentrações requeridas. Por ocasião do
processo de fusão é formada uma escória que será britada para separar a fração
metálica, que será formatada em nova fusão de acordo com o emprego a que se
destina, e a outra resultante é um oxidado silicatado de molibdênio com
concentração que varia de 1 a 5% de Mo, que deve ser moído e classificado.

B.2.2) ORIGEM

A origem do resíduo determina suas características e provável composição. O


detalhamento do processo gerador permitirá conhecer os elementos de interesse
que este contém, bem como dos contaminantes potenciais.

Dessa maneira, a descrição da origem do material deve conter:

• Matérias-primas utilizadas no processo industrial


• Outras substâncias adicionadas no processo
• Função de cada componente e etapa de adição ao processo
• Regime de produção: contínuo, batelada, sazonal
• Relação aproximada entre produto e resíduo gerado
• Quantidade gerada por período (semanal ou mensal ou anual, conforme
melhor caracterizar a quantidade)

Estas informações são necessárias para elaboração da análise prévia de


viabilidade, plano de disposição do resíduo, plano de amostragem e definição da
composição provável.
B.2.3) PLANO DE AMOSTRAGEM

A amostragem do resíduo deve considerar as variações possíveis de composição


devido às alterações de composição, alterações sazonais, armazenamento e
disposição do material ou ainda de alguma forma de processamento ou
beneficiamento do material para estabelecer uma forma de amostragem que o
represente, seja por amostragem contínua ou por lotes.

Para a coleta de amostras deve ser seguida a Norma ABNT 10007 – Amostragem
de Resíduos Sólidos ou instrução normativa específica em concordância com nessa
norma.

Assim, devem ser indicadas no plano de amostragem as seguintes condições:


• Amostragem contínua ou por lotes
• Local e freqüência da amostragem
• Volumes de coleta de amostras ou sub-amostras
• Número de sub-amostras
• Método de amostragem: amostrador, quarteação, embalagem e outras
informações.

B.2.4) COMPOSIÇÃO DO RESÍDUO

Com base nas informações da origem do resíduo e das necessidades para sua
avaliação como insumo agrícola, devem ser determinadas as suas características
como:

• Estado físico como líquido, pastoso, seco, etc.


• Umidade
• Propriedades físicas como granulometria, tamanho ou outras.
• Teores de nutrientes ou de outras propriedades como seu potencial corretivo
ou melhorador de propriedades físicas do solo, determinados conforme as
exigências para seu uso como fertilizante
• Teores de elementos contaminantes conforme IN 27 do MAPA.
• Determinação de outros contaminantes se a origem do material determinar a
necessidade desta avaliação como a presença de compostos ou poluentes
orgânicos persistentes (COPs ou POPs).
• Avaliação conforme Norma ABNT 10004 para definir as condições
necessárias para o transporte e armazenamento do material.

Estas informações deverão ser suficientes para elaborar a avaliação prévia de


viabilidade do uso do resíduo e o planejamento da sua avaliação agronômica.

B.2.4) APLICABILIDADE DA NBR 10.004

A autora do trabalho: “Os Resíduos Sólidos Industriais: Origem e Caracterização de


Resíduos Industriais Aplicabilidade da Norma ABNT-NBR-10004 - resíduos sólidos
classificação”, apresentado na 4ª Reunião Ordinária do GT Interinstitucional
sobre Uso de Resíduos Industriais Indicados como Matéria-Prima para
Fabricação de Produtos Fornecedores de Micronutrientes Utilizados como
Insumo Agrícola, a autora, Eng. Elvira Lídia Straus do Setor de Resíduos Sólidos
Industriais da CETESB, destaca que no procedimento para a classificação dos
resíduos industriais a pré-caracterização pode ser feita com base no conhecimento
da origem, e considerando:
• Dados de carteira
• Matérias Primas e Produtos Fabricados
• Processamento do material
• Constituintes principais do resíduo
• Poluentes potenciais (listagem C da NBR 10004/2004, POPs, materiais
controlados por legislação específica, etc.)
• Indicar a composição aproximada do resíduo e poluentes potenciais

A partir da caracterização é que se define o objetivo da amostragem para escolha


dos parâmetros de interesse e se determina o plano de amostragem e análises.

A classificação, conforme NBR 10004, tem grande importância para fins de


gerenciamento dos materiais secundários ou resíduos, sendo, portanto, uma
ferramenta que deve fazer parte da caracterização do produto, no sentido de se
definir as exigências ambientais e ocupacionais na manipulação, transporte,
armazenamento, etc.
O resíduo pode ser classificado como perigoso pela sua origem (não sendo
necessária nenhuma amostragem ou análise para essa classificação), ou por
apresentar características de periculosidade: Inflamabilidade, Corrosividade,
Reatividade, Toxicidade
Alem disso é preciso definir o objetivo para escolha dos parâmetros de interesse na
avaliação, como por exemplo, a destinação:
• Aterro resíduo perigoso,
• Aterro de resíduo não perigoso,
• Aterro de resíduo inerte (solubilidade) ou
• Tratamento térmico (Incineração, Coprocessamento)

Desta forma a aplicação da Norma deve ser feita de acordo com os conceitos
adequados.
Na mesma reunião técnica citada, na apresentação “Os setores industriais
geradores de materiais secundários e resíduos com potencial de uso em
fertilizantes contendo micronutrientes” o Engenheiro Sérgio Pompéia afirma:

• A Norma é aplicável para resíduos sólidos que terão disposição no


ambiente e visa prevenir impactos decorrentes desta disposição no solo.
• Sua aplicação em outras matérias primas (incluindo minérios e fertilizantes
naturais) levaria ao enquadramento destes como “resíduos perigosos”.
• A aplicação de seus critérios na análise de alguns produtos de consumo
humano (inclusive alimentos e suplementos minerais) também poderia levar à
sua classificação como “resíduos perigosos”.
• O controle dos órgãos oficiais (Europa, EUA e Canadá) e feito por meio da
análise do produto final.
A própria manifestação da Manifestação da ABNT sobre a aplicação da Norma
10.004:
“Conclui-se que a ABNT NBR 10.004/2004 não e uma Norma que se objetiva a
permitir ou não a utilização de resíduos sólidos, cabendo a ela tão somente
classificá-la como perigosos ou não perigosos, e assim servir como uma
ferramenta aos diversos setores envolvidos com o gerenciamento de resíduos
sólidos.”
O Anexo B.2.4 contem a íntegra da Nota Técnica da ABNT sobre a Aplicabilidade
da Norma ABNT NBR 10.004/2004.

B.3) Avaliação da Eficiência Agronômica:

A resposta das plantas à aplicação de fertilizantes é uma somatória de efeitos de


diversos fatores que atuam direta ou indiretamente, que vão desde a forma química
do nutriente em questão até a variação de temperatura do ar.
Alem disso, em muitos casos, ocorrem interações positivas ou negativas entre os
diversos fatores, tornando impossível a determinação de um valor absoluto para a
eficiência de cada fonte de nutriente.
Entretanto, é fundamental importância o conhecimento da eficiência do nutriente
presente numa determinada fonte, pois é ela que irá determinar a forma de
utilização, o retorno econômico de sua utilização, e a garantia da sustentabilidade
da atividade agrícola.
A única forma de se avaliar a eficiência de uma nova fonte é, portanto, comparar
com uma fonte padrão, já conhecida e tradicionalmente utilizada para suprir as
necessidades da cultura naquele nutriente em particular.
Esta comparação é chamada “AVALIAÇÃO DA EFICÊNCIA AGRONÔMICA”, que é
um número relativo ao efeito agronômico de uma fonte quando comparado com um
padrão, considerado referência. Os ensaios são realizados seguindo uma
metodologia padronizada, de forma que os resultados obtidos possam ser
comparados entre si e representar uma informação confiável sobre o efeito da fonte
de nutriente. Universalmente é considerado como FONTE DE NUTRIENTE quando
o resultado obtido no ensaio for acima de 60%.

O Protocolo do Ensaio de Eficiência Agronômica (já aceito pelo MAPA e Instituições


de Pesquisa Oficiais) detalhado está no anexo B3.

B.4) Estudo de Viabilidade Industrial

B.4.1) Aspectos Industriais da Produção de Fertilizantes Micronutrientes

A composição de um fertilizante micronutriente é definida em função das


necessidades das culturas, portanto existe uma grande variação nos teores de
garantia. Estes teores podem variar tanto na relação entre os diversos nutrientes
como nas concentrações, o que vai definir a composição será, portanto a
quantidade de nutrientes que será necessária para atender as exigências de uma
determinada cultura num determinado solo.
Alem dos teores de nutrientes presentes no fertilizantes a forma física também é de
fundamental importância, pois é preciso que este fertilizante possa ser aplicado de
forma uniforme numa determinada área agrícola. Como as quantidades a serem
aplicadas são muito pequenas, a forma principal de aplicação é a incorporação dos
micronutrientes em formulações com macronutrientes. Assim as composições de
micronutrientes também vão variar em função do espaço existentes nas
formulações NPK para a incorporação de micros nas doses adequadas e
recomendadas pela técnica agronômica.
Para atender as necessidades a indústria tem à disposição uma série de fertilizantes
minerais simples, fontes de diversos micronutrientes que são utilizados em misturas
e processamento industrial. Cada matéria prima apresenta características próprias e
são definidas em função das necessidades de aplicação do produto final. (anexo xx
Matéria Primas).

Fertilizantes minerais simples

O processo de fabricação dos fertilizantes simples convencionais fornecedores de


micronutrientes está apresentado de forma simplificada nos fluxogramas a seguir,
deve-se observar que toda a origem do nutriente é sempre mineral, ou seja, é
produzido a partir de minérios, o que implica em dizer que é necessário a lavra de
recursos naturais não renováveis.
Pode-se observar que existe um longo processo industrial para tornar o elemento
químico presente no minério em nutriente disponível para plantas. Outra observação
importante é que a forma química do nutriente é importante para definir a forma de
utilização (ou modo de aplicação) do produto. Existem duas grandes classificações:

1. PARA ALICAÇÃO VIA FOLIAR, FERTIRRIGAÇÃO, HIDROPONIA: o


fertilizante deve ser totalmente solúvel em água.

2. PARA APLICAÇÃO DIRETA VIA SOLO: o fertilizante deve ser insolúvel


em água, porem pode ser recomendado que uma fração seja
parcialmente solúvel em água e em determinadas situações pode ser
solúvel em água.

Em função da forma de aplicação é que se lança mão das diversas fontes


disponíveis.
Para a obtenção dos óxidos dos metais citados, o processo clássico é mostrado a
seguir, partindo do minério até chegar ao produto final. Note-se que é uma cadeia
de produção bastante complexa, demandando exploração de recursos naturais não
renováveis e grande consumo de energia seja no processo de mineração,
concentração, fusão, etc., sem falar no transporte.
Considerando que a possibilidade de uso de resíduos industriais tem interesse
somente para a fabricação de produtos para uso via solo, trataremos somente da
utilização para este fim, ou seja, fabricação de fertilizantes para aplicação direta no
solo.
Outra observação importante é que as fontes de Mn, Cu e Zn para produção de
fertilizantes para aplicação direta via solo estão, em geral, na forma química de
óxidos, que são insolúveis em água.

Fertilizantes minerais mistos e complexos:

Para produção de fertilizantes que contenham vários micronutrientes em teores


variados e que estejam adequados às necessidades das culturas, existem dois
processos possíveis:

1. Mistura física de fertilizantes minerais, podendo ou não ser granulados.


Este tipo de produto apresenta grandes limitações de formulações para uso
direto via solo, pois as fontes possíveis de utilização apresentam teores muito
elevados de nutrientes, com exceção das fontes de Boro. Alem disso, quando
granulados perdem a eficiência pela redução da superfície específica. A
possibilidade de utilização de outros materiais nesta categoria de produtos
possibilitará uma maior versatilidade de composições. A utilização destes
produtos na forma de pó tem limitações nas operações de aplicação.

2. Fertilizantes complexos: são produtos resultantes da mistura de diversas


fontes de micronutrientes que sofrem, no processo de fabricação, reações
químicas controladas que alterem a forma química dos nutrientes. Em geral
são utilizados na forma física granulada porem podem ser utilizados também
na forma de pó. Como é possível a utilização de minérios de Zn, Mn e Cu,
apresentam uma versatilidade muito grande nas composições.

No fluxograma abaixo é apresentado o processo de fabricação de fertilizantes


complexos

Importante notar que, diferente de um sistema simples de mistura, a produção de


fertilizantes complexos envolve uma série de procedimentos e controles de
processo, garantindo que o produto final esteja dentro dos padrões de qualidade
definidos.

Gestão do controle de qualidade:

A Gestão de Qualidade abrange todas as etapas do processo de fabricação


incluindo o Controle de Qualidade e a Garantia da Qualidade. O Controle de
Qualidade refere-se aos meios operacionais utilizados para atender aos requisitos
da qualidade, enquanto a Garantia da Qualidade visa prover confiança neste
atendimento, tanto internamente, para a própria organização, como externamente,
para os clientes.
1. Controle no Recebimento da Matéria-Prima:

Todos os lotes de matéria prima são amostrados e analisados por ocasião do


recebimento. Permanecendo segregados, devidamente identificados, até a
liberação para uso pelo controle de qualidade. Qualquer divergência nas
garantias, observados os limites de tolerância legais, implica na devolução ao
fornecedor.

2. Controle no Processo de Fabricação e Produto Acabado:

Durante o processo de fabricação o controle é feito por coletas de amostras


periódicas e análises. Todos os eventuais desvios são corrigidos durante o
processo. Na eventualidade de desvios acima dos padrões pré-estabelecidos
o produto é reprocessado.
3. Itens de controle:

Alem dos itens de controle de processo como temperatura, velocidade de


alimentação, tempo de residência, carga térmica, etc., é feita a análise dos
produtos propriamente ditos:
• Física: granulometria.
• Química: nutrientes totais (determinados por extração em HCl);
nutrientes solúveis num segundo extrator (determinados em ácido
cítrico ou CNA); nutrientes solúveis em água (eventual). Alem dos
contaminantes minerais (Cd, Pb, Hg, As e Cr).
• Outras exigências não regulamentadas podem ser solicitadas pelos
clientes e passarem a fazer parte dos itens de controle como: dureza,
água livre, acidez livre, etc.

B.4.2) Possibilidade de Produção de Fertilizantes Micronutrientes com uso de


Resíduos:

Pela descrição dos processos de produção apresentados no item anterior pode-se


concluir que a indústria de Fertilizantes Micronutrientes dispõe de equipamentos e
procedimentos operacionais e de controle de processo e qualidade suficientemente
complexos para assegurar a possibilidade de utilização de determinados resíduos
no processo produtivo.
A indústria está sujeita ao cumprimento de uma serie de regulamentos tanto do
ponto de vista ambiental, segurança e saúde ocupacional, fiscais, tributários, etc.,
nos níveis: federal, estadual e municipal, alem da própria regulamentação da
atividade, no caso específico pelos regulamentos e fiscalizações estabelecidas pelo
MAPA.
A utilização de resíduos pode ser encarada como uma diversificação das matérias
primas, não influindo nas instalações e procedimentos já adotados, alem da
necessidade de uma adequação no sistema de armazenagem, tendo em vista a
necessidade de segregação dos materiais utilizados no processo de fabricação.
Os procedimentos já regulamentados e implantados para o controle de produção já
permitem a rastreabilidade de todos os produtos fabricados.
B.5) Estudo de viabilidade econômica:

De acordo com o Andre Ribeiro Cotrin, na sua apresentação dentro da 4ª Reunião


Ordinária do GT Interinstitucional sobre Uso de Resíduos Industriais
Indicados como Matéria-Prima para Fabricação de Produtos Fornecedores de
Micronutrientes Utilizados como Insumo Agrícola, destaca alguns pontos
relevantes na produção dos micronutrientes:

a) Zinco:

Para se obter 1 tonelada de zinco é necessário:

• Movimentar 9 toneladas de terra


• Consumir 3000 kWh, que equivale a 1 tonelada de óleo combustível ou 3,5
toneladas de carvão mineral
• Consumir 0,2 toneladas de ácido sulfúrico além de outros reagentes que
também são oriundos de recursos naturais
• O zinco é um mineral não renovável
• Os resíduos de zinco, na sua maioria, são mais puros que os minérios.

b) Cobre:

Para minérios contendo cerca de 0,5% de cobre, se gasta de 6 a 12 mil kWh por
tonelada de cobre refinado (catodo) que chega ao mercado.
• 30% dessa energia são gastas para minerar
• 50% para se chegar ao concentrado c/ cerca de 25% de cobre

Resíduos de cobre contêm quantidades muito maiores de cobre (15 a 60%)


• Ganho direto em consumo energético
• A quantidade de elementos contaminantes é muito menor
• Menor quantidade de resíduos para dispor

Exemplo de composição e avaliação econômica:

Para ilustrar a viabilidade de uso dos resíduos industriais como fonte de matéria
prima para a produção de micronutrientes podemos utilizar uma formulação
tradicional e de ampla utilização na agricultura nacional que é o “CENTRO OESTE
REDUZIDO”, que é comercializado por todas as empresas do setor com nomes
comerciais variados. A composição do produto é apresentada abaixo:

Teores de Nutrientes (%)


S B Cu Mn Zn
3 1,6 1,6 8 12

Na tabela 1 estão apresentadas as matérias primas convencionais, os resíduos de


interesse e a composição sem e com a utilização de resíduos como matéria prima.
Os teores do produto final seriam os mesmos nas duas composições. Para efeito de
custeio foram considerados apenas as matérias primas que podem ser substituídas
por resíduos, ou seja as fonte de Zn, Cu e Mn.
O critério para o custei foi feito com base nos preços correntes atuais. Importante
destacar que existem variações que ocorrem ao longo do tempo, seja pelas
cotações internacionais dos metais, seja pelas variações cambiais.
O resultado agronômico das duas composições é exatamente o mesmo, desde que
o resíduo utilizado tenha apresentado eficiência no ensaio de “Avaliação da
Eficiência Agronômica”

Tabela 1- Composição do Fertilizante Centro Oeste Reduzido, com matérias primas


convencionais e com o uso de resíduos.

PRODUTOS TEORES (%) COMPOSIÇÃO (kg/t)


COM
S B Cu Mn Zn TRADICIONAL
RESÍDUO
MATÉRIAS PRIMAS TRADICIONAIS
Minério de Zinco 20 350
Minério de Cobre 10 160 40
Oxido de Zinco 72 70
Óxido Manganoso 50 160 20
Ulexita 10 160 160
Ácido Sulfúrico 31 100 100
RESÍDUO
Escória de Latão 3 30 400
Escória de
25 280
Manganês
Total 1000 1000

Pode-se observar, no exemplo apresentado, que, independente dos valores, a


opção pelo uso de resíduos implica na economia de 470 kg de minério por tonelada
de produto acabado, implicando numa economia direta de recursos naturais não
renováveis.
Do ponto de vista econômico, aos preços atuais, a redução do custo no produto final
seria significativa e representaria uma redução do custo de produção agrícola,
possibilitando maior competitividade e redução do preço final ao consumidor de
alimentos. Na tabela 2 e 3 são apresentado um comparativo de custo com base nos
preços atuais do ponto do nutriente, ou seja, o preço do produto é baseado no valor
do nutriente nele contido:

Tabela 2 – Custos das matérias primas tradicionais e dos resíduos industriais:

PRODUTO Teores Preço (R$/t)


Zn Cu Mn
Escória de Latão 30 3 857,96
Escória de Manganês 25 312,50
Minério de Zinco 20 525,00
Minério de Cobre 10 1.169,00
Oxido de Zinco 72 2.376,00
Oxido Manganoso 50 1.250,00

Tabela 3 - Comparação dos custos de produção com e sem uso de resíduos na


composição da formulação Centro Oeste Reduzido:

COMPOSIÇÃO kg/t CUSTO


Produtos
TRADICIONAL RESÍDUO TRADICIONAL RESÍDUO
Minério de Zinco 350 183,75
Minério de Cobre 160 40 187,04 46,76
Oxido de Zinco 70 194,04
Oxido Manganoso 160 20 200 25
Escória de Latão 400 343,18
Escória de
280 87,5
Manganês
Total 1000 1000 764,83 502,44

Pelos dados da tabela 3 pode-se observar uma economia direta de R$ 262,39 por
tonelada de produto final, comprovando a viabilidade econômica da utilização de
resíduos em substituição a parte das matérias primas utilizadas nos processos
produtivos. Alem do custo direto existe uma economia nas despesas de
gerenciamento e disposição final de resíduos.

C) Regulamentação e Critérios Para a Utilização dos Resíduos


Industriais:

C.1) Regulamentação e Controle da Produção e Comércio de


Fertilizantes:

A legislação nacional pode ser considerada uma das mais rigorosas do mundo, pois
regulamenta e fiscaliza todas as etapas, desde as matérias primas, o processo de
produção até a comercialização ao consumidor final, passando por normas para
controle de qualidade, armazenagem, transporte, propaganda, embalagem,
rotulagem, definindo os critérios e procedimento e estabelecendo sanções e
penalidades no caso de descumprimento dos regulamentos. São três níveis de
regulamento: Lei federal, Decreto Presidencial e Instruções Normativas. A seguir
passamos um resumo dos instrumentos legais destacando alguns pontos que tem
maior importância relativa ao tema, com o objetivo de demonstrar a existência de
rígido controle dos processos de fabricação e comercio de fertilizantes.

C.1.1) LEI FEDERAL:

A Lei Nº 6.894, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1980 estabelece a obrigatoriedade da


inspeção e da fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes. Define que a
competência para realizar estas funções é do Ministério da Agricultura. Determina
que as pessoas físicas ou jurídicas que produzam ou comercializem fertilizantes,
corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes ficam obrigadas a promover
o seu registro no Ministério da Agricultura, conforme dispuser o regulamento e
que os produtos referidos deverão ser, igualmente, registrados no Ministério da
Agricultura. Estabelece ainda que o Poder Executivo determine as providências
que forem necessárias ao controle da inspeção e da fiscalização previstas nesta Lei.

C.1.2) DECRETO PRESIDENCIAL:

O DECRETO Nº 4.954 DE 14 DE JANEIRO DE 2004, Aprova o Regulamento da Lei


no 6.894, de 16 de dezembro de 1980, que dispõe sobre a inspeção e fiscalização
da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes ou biofertilizantes
destinados à agricultura, e dá outras providências. Este Regulamento estabelece as
normas gerais sobre registro, padronização, classificação, inspeção e fiscalização
da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes ou biofertilizantes
destinados à agricultura.
Trata-se de um decreto com 13 Capítulos e 116 artigos, sobre os quais se destacam
os seguintes pontos que, em função de seu vínculo direto com o tema em questão,
merecem um destaque, não sendo absolutamente excludentes:

No Capítulo I, em seu artigo 2º estabelece, entre outras, as seguintes definições:


....
VII - matéria-prima: material destinado à obtenção direta de fertilizantes,
corretivos, inoculantes ou biofertilizantes, por processo químico, físico ou biológico;
....
XIV - nutriente: elemento essencial ou benéfico para o crescimento e
produção dos vegetais, assim subdividido:
a) macronutrientes primários: Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K),
expressos nas formas de Nitrogênio (N), Pentóxido de Fósforo (P2O5) e Óxido de
Potássio (K2O);
b) macronutrientes secundários: Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S),
expressos nas formas de Cálcio (Ca) ou Óxido de Cálcio (CaO), Magnésio (Mg) ou
Óxido de Magnésio (MgO) e Enxofre (S); e
c) micronutrientes: Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês
(Mn), Molibdênio (Mo), Zinco (Zn), Cobalto (Co), Silício (Si) e outros elementos que
a pesquisa científica vier a definir, expressos nas suas formas elementares;
....
Alem disso o regulamento determina no seu:

Art. 3o Compete ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:


I - a inspeção e fiscalização da produção, importação, exportação e comércio
de fertilizantes, corretivos, inoculantes ou biofertilizantes;
II - editar normas complementares necessárias ao cumprimento deste
Regulamento.

No capítulo II seção 1 que trata do registro de Estabelecimentos, torna obrigatória a


apresentação das seguintes informações documentais:
Art. 5o § 2o

.....
III - cópias das inscrições federal, estadual e municipal;
IV - cópia de registro nos Conselhos de Engenharia ou de Química;
V - licença ou autorização equivalente, expedida pelo órgão ambiental
competente;
VI - especificação das atividades, instalações, equipamentos e capacidade
operacional do estabelecimento;
VII - nome, marca, tipo e natureza física dos produtos e origem das matérias-
primas;
VIII - métodos ou processos de preparação e de controle de qualidade dos
produtos;
IX - modelo de marcação da embalagem ou acondicionamento, com
descrição do sistema de identificação do produto;
X - identificação do profissional habilitado à prestação de assistência técnica;
e
XI - prova de capacidade de controle de qualidade, aferida por meio de
laboratório próprio ou de terceiros
.....
Estabelece também:

Art. 7o As instalações, equipamentos e sistema de controle de qualidade mínimo


necessários para o registro de estabelecimento, bem como a sua classificação
quanto a categorias, serão estabelecidos em ato administrativo do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

No mesmo capítulo na seção 2 que trata do registro de produtos estabelece a


obrigatoriedade das seguintes informações:

Art. 8º § 2º
I - nome ou nome empresarial, número do CPF ou CNPJ, endereço, número
de registro e classificação do estabelecimento no Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento;
II - nome do produto e sua classificação;
III - matérias-primas;
IV - carga ou veículo ou aditivo ou microorganismo e suporte, quando for o
caso;
V - garantias do produto; e
VI - rótulo ou etiqueta de identificação e instrução de uso, quando for o caso.

Ainda entre outras diretivas prevê, nos artigos seguintes, o estabelecimento dos
procedimentos para a utilização de novos produtos e materiais secundários:

Art. 15º. Todo produto novo, nacional ou importado, que não conte com
antecedentes de uso no País, em qualquer um de seus aspectos técnicos, somente
terá o seu registro concedido após relatório técnico-científico conclusivo, emitido por
órgão brasileiro de pesquisa oficial ou credenciado, que ateste a viabilidade e
eficiência de seu uso agrícola,.....

Art. 16. Não estará sujeito ao registro o material secundário obtido em processo
industrial, que contenha nutrientes de plantas e cujas especificações e garantias
mínimas não atendam às normas deste Regulamento e de atos administrativos
próprios.
§ 1o Para a sua comercialização, será necessário autorização do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, devendo o requerente, para este efeito,
apresentar pareceres conclusivos do órgão de meio ambiente e de uma instituição
oficial ou credenciada de pesquisa sobre a viabilidade de seu uso, respectivamente
em termos ambiental e agrícola.
§ 2o Para sua utilização como matéria-prima na fabricação dos produtos
especificados neste Regulamento, deverão ser atendidas as especificações de
qualidade determinadas pelo órgão de meio ambiente, quando for o caso.
§ 3o O material especificado no caput deste artigo deverá ser comercializado
com o nome usual de origem, informando-se as suas garantias, recomendações e
precauções de uso e aplicação, sendo que a autorização para comercialização será
expedida unicamente pelo órgão central do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.

Art. 17º. O registro de produtos especificados neste Regulamento, bem como


a autorização para seu uso e comercialização, serão negados sempre que não
forem atendidos os limites estabelecidos em atos administrativos próprios, no que
se refere a agentes fitotóxicos, patogênicos ao homem, animais e plantas, assim
como metais pesados tóxicos, pragas e ervas daninhas.
Parágrafo único. Quando solicitado, o requerente deverá apresentar laudo analítico
do produto ou matéria-prima com informações sobre a presença ou não dos agentes
mencionados no caput deste artigo e os seus respectivos teores.
......

O regulamento estabelece ainda nos capítulos:

III- DA CLASSIFICAÇÃO
Seção I - De Estabelecimentos
Seção II - Dos Produtos

IV- DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA

V- DA PRODUÇÃO

VI- DA EMBALAGEM, ROTULAGEM E PROPAGANDA


Seção I - Da Embalagem e Rotulagem

Art. 31. ... os rótulos devem obrigatoriamente conter, de forma clara e legível, as
seguintes indicações:
.....
X - as informações sobre armazenamento, as limitações de uso e, se for o caso, as
instruções para o uso e transporte.
.........
Seção II - Da Propaganda

VII- DO COMÉRCIO, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE


Seção I - Do Comércio
Seção II - Do Armazenamento e do Transporte

VIII- DA INSPEÇÃO E FISCALIZAÇÃO


Seção I - Das Atividades de Inspeção e Fiscalização
Seção II - Dos Documentos de Inspeção e Fiscalização
Seção III - Do Controle de Qualidade
Seção IV - Da Amostragem e das Análises de Fiscalização e de Perícia

IX- DAS MEDIDAS CAUTELARES


Seção I - Da Apreensão
Seção II - Do Embargo

X- DAS OBRIGAÇÕES E DAS PROIBIÇÕES


Seção I - Das Obrigações

Art. 75. Sem prejuízo do disposto neste Regulamento e em atos administrativos


próprios, as pessoas físicas e jurídicas que produzam, comercializem, importem e
exportem fertilizantes, corretivos, inoculantes ou biofertilizantes ficam obrigadas a:
.....
IV - manter no estabelecimento, à disposição da fiscalização, devidamente
atualizada e regularizada, a documentação exigida neste Regulamento e atos
administrativos próprios;
V - enviar ao órgão de fiscalização da unidade da Federação onde se localizar o
estabelecimento relatório trimestral de produção, importação, exportação e
comercialização nos prazos previstos;
......
Seção II - Das Proibições

XI- DAS INFRAÇÕES E DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS


Seção I - Das Infrações e de sua Classificação
Seção II - Das Sanções Administrativas e sua Aplicação

XII- DO PROCESSO

XIII- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

C.1.3) INSTRUÇÕES NORMATIVAS:

Existe uma série de Instruções Normativas que estabelecem (ou detalham), dispõe,
alteram e aprovam, normas, métodos, procedimentos e critérios, etc., em
conformidade com as disposições do Decreto 4954 e demais regulamentos
superiores. Estas IN’s tratam de vários assuntos, dentre as quais citamos aquelas
que tratam de assuntos com relação direta com a produção de fertilizantes
micronutrientes com destaque para alguns pontos de importância para o controle da
produção e utilização de matérias primas.

C.1.3.1) IN MAPA Nº 05/2007 FERTILIZANTE MINERAL

Estabelece as definições e normas sobre as especificações e as garantias, as


tolerâncias, o registro, a embalagem e a rotulagem dos fertilizantes minerais,
destinados à agricultura.
.......
Art. 19. Para serem vendidos ou expostos à venda em todo o território nacional, os
fertilizantes, quando acondicionados ou embalados, ficam obrigados a exibir rótulos
em embalagens apropriadas redigidos em português, que contenham, além das
informações e dados obrigatórios relacionados à identificação do fabricante e/ou
importador e do produto, estabelecidas na Seção I do Capítulo VI, do Regulamento
da Lei nº 6.894, de 1980, aprovado pelo Decreto nº 4.954, de 2004, e no Capítulo III
da Instrução Normativa Ministerial nº 10, de 6 de maio de 2004, entre outras
exigências, as informações estabelecidas pelos parágrafos seguintes deste artigo.
.......
§ 10. Quando o produto, em condições normais de uso, representar algum risco à
saúde humana, animal e ao ambiente, o rótulo deverá trazer informações sobre
precauções de uso e armazenagem, com as advertências e cuidados necessários,
visando à prevenção de acidentes.
.....
Art. 26. Na produção de fertilizantes minerais mistos para aplicação via solo, foliar,
fertirrigação, hidroponia e sementes, tendo em vista o que dispõe o art. 27 do
regulamento da Lei nº 6.894, de 1980, aprovado pelo Decreto nº 4.954, de 2004, o
fabricante deverá observar o seguinte:
I - para o fechamento das formulações em 100%, não havendo divergência entre os
resultados obtidos no controle de qualidade das matérias-primas utilizadas e os
teores garantidos ou declarados destes insumos pelo fornecedor, o fabricante
poderá optar por utilizar o resultado da análise ou o teor garantido da(s) matéria(s)
prima(s);
......
VI - as ordens de produção/carregamento deverão conter, no mínimo, o número do
registro e as garantias do produto a ser formulado, a sua composição em partes por
mil ou múltiplos, a data de fabricação e o destinatário, devendo ser
numeradas/identificadas; os teores de nutrientes das matérias-primas utilizadas
deverão estar indicados na ordem de produção quando baseados nas garantias
oferecidas pelo fornecedor; quando forem utilizados os teores de nutrientes obtidos
nas análises do controle de qualidade das matérias-primas, o estabelecimento
deverá disponibilizar à fiscalização informações sistematizadas, de modo que seja
possível estabelecer a necessária correspondência entre os valores apurados nas
análises e os utilizados para o fechamento da formulação;
VII - no caso de produção direcionada ao estoque da empresa para futura
comercialização, a informação do destinatário nas ordens de
produção/carregamento poderá ser substituída por sistema de informação que
permita o rastreamento do produto quando do momento de sua expedição.
.....
C.1.3.2) IN SDA Nº 27/2006 LIMITES PARA CONTAMINANTES

Dispõe sobre limites que os fertilizantes, corretivos, inoculantes e biofertilizantes,


deverão atender no que se refere às concentrações máximas admitidas para
agentes fitotóxicos, patogênicos ao homem, animais e plantas, metais pesados
tóxicos, pragas e ervas daninhas para serem produzidos, importados ou
comercializados, aos desta Instrução Normativa.

C.1.3.3) IN SDA Nº 24/2007 MÉTODOS PARA ANÁLISE DE METAIS

Reconhece métodos para determinação de metais pesados tóxicos em fertilizantes,


corretivos agrícolas, condicionadores de solo e substratos para plantas.

Portanto o Regulamento já contempla todo o controle para a produção e comercio


de fertilizantes e também já prevê os procedimentos para a utilização de outros
produtos.

No anexo V apresentamos um resumo dos principais pontos da legislação federal e


um fluxograma das etapas, já existentes, que poderão ser usadas no processo de
regulamentação do uso de resíduos na fabricação de fertilizantes micronutrientes.

C.2) REGULAMENTAÇÃO SOBRE PREVENÇÃO E CONTROLE DA


CONTAMINAÇÃO DO SOLO

C.2.1) Legislação Sobre Prevenção e Controle da Contaminação do


solo.

A semelhança do descrito para a legislação do MAPA, pode-se destacar alguns


pontos da REGULAMENTAÇÃO sobre o Controle da Contaminação que tem
interesse direto no tema em questão, baseado no trabalho intitulado “Legislação
Federal e Estadual Sobre Prevenção e Controle da Contaminação do Solo, do
Engenheiro Alfredo Carlos Cardoso Rocca, Gerente da Divisão de Áreas
Contaminadas da CETESB apresentado na 4ª Reunião Ordinária do GT
Interinstitucional sobre Uso de Resíduos Industriais Indicados como Matéria-
Prima para Fabricação de Produtos Fornecedores de Micronutrientes
Utilizados como Insumo Agrícola.

ESFERA FEDERAL

RESOLUÇÃO CONAMA - PROCESSO 2000.000917/2006-33

“Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à


presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento
ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias, em decorrência de
atividades antrópicas.”
Art. 2º A proteção do solo deve ser realizada de maneira preventiva, a fim de
garantir a manutenção da sua funcionalidade ou, de maneira corretiva, visando
restaurar sua qualidade ou recuperá-la de forma compatível com os usos previstos.

Art. 3º As diretrizes para o gerenciamento ambiental das áreas contaminadas


abrangem o solo, saprólito e rocha, incluindo o ar e a água presentes em seus poros
ou fraturas.

Art. 6º A avaliação da qualidade do solo, quanto à presença de substâncias


químicas, deve ser efetuada com base em Valores Orientadores de
• Referência de Qualidade – VRQ,
• Prevenção – VP
• Investigação – VI.

Art. 12. Ficam estabelecidas as seguintes classes de qualidade dos solos, segundo
a concentração de substâncias químicas:

• I - Classe 1 - Solos que apresentam concentrações de substâncias químicas


menores ou iguais ao VRQ;
• II - Classe 2 - Solos que apresentam concentrações de pelo menos uma
substância química maior do que o VRQ e menor ou igual ao VP;
• III - Classe 3 - Solos que apresentam concentrações de pelo menos uma
substância química maior que o VP e menor ou igual ao VI;
• IV - Classe 4 - Solos que apresentam concentrações de pelo menos uma
substância química maior que o VI.

Da Prevenção e Controle da Qualidade do Solo

Art. 13. Com vistas à prevenção e controle da qualidade do solo, os


empreendimentos que desenvolvem atividades com potencial de contaminação dos
solos e águas subterrâneas deverão, a critério do órgão ambiental competente:
• I - implantar programa de monitoramento de qualidade do solo e das águas
subterrâneas na área do empreendimento e, quando necessário, no seu
entorno e nas águas superficiais;
• II - apresentar relatório técnico conclusivo sobre a qualidade do solo e das
águas subterrâneas, a cada solicitação de renovação de licença e
previamente ao encerramento das atividades.
§ 1° O IBAMA publicará a relação das atividades com potencial de contaminação
dos solos e das águas subterrâneas, com fins de orientação das ações de
prevenção e controle da qualidade do solo, com base nas atividades previstas na
Lei 10.165, de 27 de dezembro de 2000.

§ 2° O aporte de substâncias químicas por meio da aplicação ou disposição de


resíduos sólidos ou líquidos no solo não poderá acarretar concentrações
acumuladas acima dos respectivos VPs.

Art. 14. São procedimentos para avaliação das concentrações de substâncias


químicas e controle da qualidade do solo, dentre outros:
• I - realização de amostragens e ensaios de campo ou laboratoriais, de acordo
com os artigos 16 e 17;
• II - classificação da qualidade do solo conforme artigo 12;
• III - adoção das ações requeridas conforme estabelecido no artigo 18.

Art. 18. Após a classificação do solo deverão ser observados os seguintes


procedimentos:
• I - Classe 1: não requer ações;
• II - Classe 2: pode requerer ações preventivas, a critério do órgão ambiental
competente, incluindo a verificação da possibilidade de ocorrência natural da
substância ou da existência de fontes de poluição.
• III - Classe 3: requer identificação da fonte potencial de contaminação,
avaliação da ocorrência natural da substância, controle das fontes de
contaminação e monitoramento da qualidade do solo e da água subterrânea.
• IV - Classe 4: requer as ações estabelecidas no Capítulo V.

Art. 26. O órgão ambiental competente deverá:

• I – definir, em conjunto com outros órgãos, ações emergenciais;


• II – definir os procedimentos de identificação e diagnóstico;
• III – avaliar o diagnóstico ambiental;
• IV – promover a comunicação de risco;
• V - avaliar, em conjunto com outros órgãos, as propostas de intervenção da
área;
• VI – acompanhar, em conjunto com outros órgãos, as ações emergenciais, de
intervenção e de monitoramento;
• VII – avaliar a eficácia das ações de intervenção;
• VIII - notificar a situação da área ao Cartório de Registro de Imóveis da
Comarca onde se insere determinada área, bem como aos cadastros
imobiliários das prefeituras.

Art. 27. Devem ser considerados responsáveis pela área contaminada:

• I - o causador da contaminação e seus sucessores;


• II - o proprietário da área e seus sucessores;
• III - quem dela se beneficiar direta ou indiretamente.

Parágrafo único. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica quando sua


personalidade for obstáculo à identificação e intervenção em área contaminada.

Art. 29. O uso pretendido para uma área é declarado pelo empreendedor ou
proprietário, e é homologado pela autoridade competente com fundamento na
legislação vigente, sendo acordada pelos poderes públicos federal, estadual, distrital
e municipal, conforme a sua competência, com base no diagnóstico da área, na
avaliação de risco, nas ações de intervenção propostas e no zoneamento do uso do
solo.
Parágrafo único: A decisão sobre o uso futuro de uma área contaminada será
acordada, quando necessário, pelos poderes públicos federal, estadual, distrital e
municipal.

Art. 30. A proposta para a ação de intervenção em uma área contaminada deverá
ser submetida ao órgão ambiental competente e executada pelo responsável,
devendo obrigatoriamente considerar:
• I - controle ou eliminação das fontes de contaminação;
• II - o uso do solo atual e futuro da área objeto e sua circunvizinhança;
• III - a avaliação de risco a saúde humana;
• IV - as alternativas consideradas técnica e economicamente viáveis e suas
conseqüências; e
• V - os custos e os prazos envolvidos na implementação das alternativas de
intervenção propostas para atingir as metas estabelecidas.

Parágrafo único. As alternativas de intervenção para reabilitação de áreas


contaminadas poderão contemplar, de forma não excludente, as seguintes ações:

a) Redução a níveis toleráveis ou eliminação dos riscos à segurança pública, à


saúde humana e ao meio ambiente;
b) Zoneamento e restrição dos usos e ocupação do solo e das águas
superficiais e subterrâneas;
c) Aplicação de técnicas de remediação; e
d) Monitoramento.

Art. 31. Após a eliminação dos riscos ou a sua redução a níveis toleráveis, a área
será declarada pelo órgão ambiental competente como área em processo de
monitoramento para reabilitação – AMR

§ 1º Considera-se nível tolerável de risco à saúde humana, para substâncias


carcinogênicas, a probabilidade de ocorrência de um caso adicional de câncer em
uma população exposta igual ou superior a 100.000 indivíduos.

§ 2º Considera-se nível tolerável de risco à saúde humana, para substâncias não


carcinogênicas, aquele associado ao ingresso diário de contaminante que seja igual
ou inferior ao ingresso diário total tolerável, a que uma pessoa possa estar exposta
por toda a sua vida.

Art. 32. Após período de monitoramento, definido pelo órgão ambiental competente,
que confirme a eliminação dos riscos ou a sua redução a níveis toleráveis, a área
será declarada pelo órgão ambiental competente como reabilitada para o uso
declarado - AR.

Parágrafo único. O responsável por uma AR de posse da declaração de reabilitação


emitida pelo órgão ambiental competente deverá averbá-la à margem da matrícula
do imóvel no cartório de registro de imóveis.

Art. 35. Fica instituído o Cadastro Nacional de Áreas Contaminadas - CNAC, em


consonância com o Relatório de Atividades da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de
2000 vinculado ao Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente
Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais e Cadastro de Instrumentos de
Defesa Ambiental, sob administração do IBAMA.

§ 1º O IBAMA deverá desenvolver, implantar, administrar, disponibilizar e divulgar o


CNAC no prazo de 2 (dois) anos, em forma de relatório a ser preenchido pelos
órgãos integrantes do SISNAMA, bem como pelo responsável de uma AI ou ACI.

§ 2º Os órgãos integrantes do SISNAMA alimentarão e atualizarão o CNAC, tendo


acesso às informações nele contidas.

§ 3º O IBAMA disponibilizará pela internet, conforme etapas estabelecidas no


fluxograma do Anexo X, as informações consideradas de interesse público, sob
pontos de vista de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública, observando o
sigilo que se fizer necessário.

Art. 36. O MMA deverá, em conjunto com o Ministério da Saúde, o IBAMA e os


estados, desenvolver critérios de priorização de áreas contaminadas críticas para
reabilitação.

Art. 37. O CNAC terá como informações mínimas:

• I - Identificação da área: dados relativos à toponímia da área e


georreferenciamento, características hidrogeológicas e hidrológicas da área,
fisiografia da área;
• II - Atividade(s) poluidora(s) ativa(s) e inativa(s), fonte poluidora primária e
secundária ou potencial, extensão da área afetada, causa da contaminação
(acidentes, vazamentos, disposição inapropriada do produto químico ou
perigoso, dentre outros);
• III - Características das fontes poluidoras no que se refere à disposição de
resíduos, armazenamento de produtos químicos e perigosos, produção
industrial, vias de contaminação, impermeabilização da área;
• IV - Classificação da área em relação à etapa do gerenciamento. V - Uso do
solo atual da área e seu entorno, ação em curso e pretérita;
• V - Meios afetados e concentrações de contaminantes;
• VI - Descrição dos bens a proteger e distância da fonte poluidora; VII -
Cenários de risco e rotas de exposição;
• VIII - Formas de intervenção;
• IX - Áreas contaminadas críticas.

Art. 38. O MMA deverá:

• I - apoiar os estados e o Distrito Federal, no estabelecimento dos valores de


referência de qualidade do solo para substâncias naturalmente presentes;
• II - apoiar os órgãos ambientais e promover sua articulação com as demais
instituições afins nas atividades de gerenciamento de áreas contaminadas,
no âmbito de suas jurisdições;
• III - promover a articulação com os órgãos e instituições afins para o
desenvolvimento de tecnologias para reabilitação de áreas contaminadas;
• IV - promover a divulgação de dados e informações referentes ao tema;
• V - atuar em conjunto com os estados no diagnóstico e reabilitação das áreas
contaminadas críticas; e
• VI - promover reuniões anuais com a participação dos OEMAs,
representantes da sociedade civil e demais instituições envolvidas no
assunto, visando discutir e acompanhar a interpretação e implementação
desta resolução.

PERSPECTIVAS LEGAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO

PROJETO DE LEI Nº 368/05 EM TRAMITAÇÃO NA ALESP

• Definições e instrumentos;
• Instituição dos valores orientadores (qualidade, prevenção e intervenção);
• Instituição de sistemática de identificação e gerenciamento de áreas
contaminadas;
• Instituição do cadastro de áreas contaminadas;
• Definição de responsabilidades;
• Informação da população e outros interessados;
• Reabilitação para uso declarado com base em avaliação de risco;
• Plano de desativação;
• Articulação dos órgãos públicos competentes;
• Instituição de mecanismos financeiros para
• Recuperação das AC’s.

Quando uma área é considerada contaminada sob investigação faz-se necessário:

• Tomar todas as medidas para resguardar os receptores de risco


• Impedir: acesso, uso de água subterrânea, obras, escavações, contato com o
solo;
• Exigir: remoção de resíduos, remoção de gases monitoramento de
explosividade, ventilação de espaços confinantes, etc.;
• Acionar e comunicar outras instituições com atribuições legais e população
afetada; exigir do responsável legal as medidas cabíveis para reabilitação da
área;
• Registrar e divulgar a área no cadastro da CETESB.

C.2.2.) Valores Orientadores.

De acordo com o trabalho apresentado na 4ª Reunião Ordinária do GT


Interinstitucional sobre Uso de Resíduos Industriais Indicados como Matéria-
Prima para Fabricação de Produtos Fornecedores de Micronutrientes
Utilizados como Insumo Agrícola intitulado “Valores Orientadores Para Solos e
Águas Subterrâneas” elaborado pela Mcs. Mara Magalhães Gaeta Lemos do Setor
de Qualidade do Solo e Vegetação da CETESB, os PADRÕES AMBIENTAIS são
critérios numéricos que provém uma definição da qualidade, como por exemplo:
• PADRÕES DA QUALIDADE DO AR
• PADRÕES DE POTABILIDADE – PORTARIA 518/04 do MS

Assim, VALORES ORIENTADORES PARA SOLO E ÁGUA SUBTERRÂNEA NO


ESTADO DE SÃO PAULO, são critérios numéricos, ou seja, são instrumentos para
subsidiar gestão da qualidade, norteando as ações preventivas de manutenção da
qualidade do solo e da água subterrânea, ou as ações corretivas de controle das
áreas contaminadas. Apresentam similaridade com os PADRÕES DE QUALIDADE
DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS e PADRÕES DE QUALIDADE DO AR.

VALORES ORIENTADORES PARA SOLOS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO


ESTADO DE SÃO PAULO, Publicado no Diário Oficial do Estado de 26.10.01 e
atualizado no Diário Oficial do Estado de 13.12.05, apresenta três padrões assim
definidos:

• VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE – VRQ: É a concentração de


determinada substância no solo ou na água subterrânea, que define um solo
como limpo ou a qualidade natural da água subterrânea.

• VALOR DE PREVENÇÃO – VP: É a concentração de determinada


substância, acima da qual podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade
do solo e da água subterrânea. Este valor indica a qualidade de um solo
capaz de sustentar as suas funções primárias, protegendo-se os receptores
ecológicos e a qualidade das águas subterrâneas.

• VALOR DE INTERVENÇÃO – VI: É a concentração de determinada


substância no solo ou na água subterrânea acima da qual existem riscos
potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana, considerando um cenário
de exposição genérico.

VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE – VRQ é determinado com base em


interpretação estatística de análises físico-químicas de amostras de diversos tipos
de solos e amostras de águas subterrâneas de diversos aqüíferos do Estado de São
Paulo. Deve ser utilizado como referência nas ações de prevenção da poluição do
solo e das águas subterrâneas.

A metodologia para o estabelecimento do VRQ, leva em consideração o grupo de


substâncias:

• Substâncias Naturalmente Presentes (inorgânicas): análise e interpretação


estatística da concentração natural (percentil 75).
• Substâncias Naturalmente Ausentes (orgânicas/sintéticas): não se aplica.

Para a seleção dos pontos de coleta são adotados os seguintes critérios:

• Em áreas com pouca influência antropogênica


• Os principais tipos de solo: para este critério utilizam-se as Cartas
Pedológicas, desenvolvidas pelas diversas Instituições de Pesquisa como
IAC, EMBRAPA, etc.. As quais estabelecem a classificação com base
características de origem, relevo, composição mineralógica, composição
morfológica, etc., bem como os locais de ocorrência.

• Propriedades do solo diferenciadas

• Substâncias analisadas (18): Alumínio, Antimônio, Arsênio, Bário, Cádmio,


Chumbo, Cobre, Cobalto, Cromo, Ferro, Manganês, Mercúrio, Molibdênio,
Níquel, Prata, Selênio, Vanádio, Zinco.

As principais observações com base nos resultados das análises foram:

• Não foi verificada diferença estatística entre os conjuntos de dados das


profundidades (0-20 cm) e (80-100 cm) para: pH, granulometria, resíduo
volátil e 9 substâncias: alumínio, arsênio, bário, cobre, cromo, ferro,
manganês, níquel e zinco.
• A maioria dos resultados obtidos foram inferiores aos limites de quantificação
para 8 substâncias: antimônio, cádmio, cobalto, mercúrio, molibdênio, prata,
selênio e vanádio. Isto Inviabiliza a utilização de estatística multivariada para
essas substâncias.
• Estudos de Regressão múltipla entre as propriedades do solo e as
substâncias alumínio, arsênio, bário, cromo, cobre, ferro, manganês, níquel e
zinco foram realizados, mas os resultados não foram satisfatórios (CETESB,
2001).

VALOR DE PREVENÇÃO – VP é determinado para o solo com base em ensaios


com receptores ecológicos. Deve ser utilizado para disciplinar a introdução de
substâncias no solo, e quando ultrapassado, a continuidade da atividade será
submetida a nova avaliação, devendo os responsáveis legais pela introdução das
cargas poluentes proceder ao monitoramento dos impactos decorrentes.

O critério para o estabelecimento do Valor de Prevenção é a ECOTOXICIDADE,


para tanto se utilizam Indicadores Biológicos, pois detectam com maior
antecedência alterações que ocorrem no solo, em função de seu uso e manejo, do
que indicadores químicos e físicos, conforme foi bem demonstrado por Prof. Dr.
Marco Antonio Nogueira da Universidade Estadual de Londrina no seu trabalho:
“Ecologia (microbiana) do solo (microrganismos e elementos-traço)”,
apresentado na 4ª Reunião Ordinária do GT Interinstitucional sobre Uso de
Resíduos Industriais Indicados como Matéria-Prima para Fabricação de
Produtos Fornecedores de Micronutrientes Utilizados como Insumo Agrícola.

Para o estabelecimento dos padrões utilizou-se:


• Levantamento de critérios e valores ecotoxicológicos internacionais.
• Revisão bibliográfica de dados nacionais.
• Inclui também a realização de ensaios fitotoxicológicos.
VALORES DE PREVENÇÃO - VP- SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS:

Com base na revisão de literatura internacional, foi selecionado, para substâncias


orgânicas, como valor de prevenção, a MÁXIMA CONCENTRAÇÃO PERMITIDA -
MCP, derivada pelo INSTITUTO NACIONAL HOLANDÊS DE SAÚDE PÚBLICA E
MEIO AMBIENTE - RIVM, revisado em 2001.
A justificativa para seleção do MCP se deve:

• Utilização ensaios ecotoxicológicos preferencialmente crônicos – NOEC


(máxima concentração de nenhum efeito observado);
• 4 ou mais grupos taxonômicos ou diferentes processos do solo;
• Grande número de substâncias orgânicas; e
• Coerência com a metodologia adotada para derivação dos valores de
intervenção.

O MPC é derivado com base no Hazardous Concentration HC5. Isto significa que a
concentração é perigosa para 5% das espécies estudadas, ou de outra forma, que
95% delas são protegidas.

Quanto aos Poluentes Orgânicos Persistentes - POPs - atendendo ao estabelecido


na Convenção de Estocolmo, ratificada pelo Decreto Legislativo nº 204, de 2004 e
Decreto Federal nº 5.472, de 20.06.05 não será permitido o aporte para as
substâncias banidas.
Entretanto, os valores para VP para POPs foram incluídos, considerando que é um
instrumento para prevenção de potenciais riscos à biota e ao ser humano.

Para as substâncias que não foram derivados Valores de intervenção - VI, mas
apresentam MPC, optou-se por mantê-las na lista de VP, considerando o caráter
preventivo desses valores.

VALORES DE PREVENÇÃO - VP- SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS:

As substâncias inorgânicas estão presentes naturalmente em concentrações variam


de acordo com a gênese do Solo.

Os critérios utilizados para a definição dos Valores de Prevenção para os


contaminantes inorgânicos foram baseados:

• Metodologia de extração para a análise de acordo com: EPA 3050b e 3051.


• Revisão bibliográfica dos dados nacionais.
• Realização de ensaios fitotoxicológicos.
• Levantamento de critérios e valores ecotoxicológicos internacionais

Para substâncias inorgânicas, a CETESB, decidiu manter os valores publicados em


2001, com exceção de cádmio e chumbo. Ainda não é ideal, pois a pesquisa
bibliográfica realizada demonstrou que poucos dados científicos nacionais têm
atendido aos critérios para avaliações ambientais, como metodologia de extração,
efeitos observados e receptores estudados.
As razões para a alteração dos valores de Chumbo e Cádmio foram os ensaios
realizados na CETESB que mostraram a necessidade de diminuir o valor de
prevenção para chumbo; e em função dos novos valores de intervenção de cádmio
e chumbo serem próximos aos valores de alerta publicados em 2001.
Os Valores de Prevenção foram calculados utilizando-se as concentrações de MPA
(Máxima Adição Permitida - RIVM, 2001).

VALORES DE INTERVENÇÃO – VI:

Para o SOLO, é determinação foi calculada utilizando-se procedimento


metodológico de Avaliação de Risco à Saúde Humana para os três cenários de
exposição: Agrícola / Área de Proteção Máxima, Residencial e Industrial, sendo que
cada cenário de exposição é definido como o conjunto de variáveis sobre o meio
físico e o comportamento humano, estabelecido para avaliar os riscos associados à
exposição dos indivíduos a determinadas condições e determinado período de
tempo.

O cenário de Exposição Agrícola/Área de Proteção Máxima é aquele relacionado a


cinturões verdes e áreas rurais, onde há atividade econômica de produção agro-
silvo-pastoril. Nesse cenário, o trabalhador rural reside na área hipotética,
permanecendo durante 24 horas por dia na área e apresentando exposição para a
vida inteira.
Estão incluídos nesse cenário: fazendas, sítios, chácaras, área residenciais rurais,
pesque-pague e áreas de proteção de mananciais.

O cenário de Exposição Residencial é aquele relacionado à moradia e áreas


residenciais em áreas urbanas. Os indivíduos passam a maior parte do dia na área,
apresentando exposição para a vida inteira. A ingestão de solo, água e vegetação
contaminada é menor do que no cenário agrícola.
Estão incluídas nesse cenário: todos os tipos de moradias, desde residências
térreas, apresentando algum cultivo de vegetais, prédios e alguns estabelecimentos
como clubes, escolas, creches, hospitais, clínicas de tratamento, parques e áreas
verdes urbanas, pousadas, hotéis, motéis e asilos.

O cenário de exposição industrial é aquele relacionado a áreas onde predominam


(ocorrem basicamente) atividades industriais e comerciais cuja permanência de
pessoas ocorre em horário de trabalho.
Nesse cenário o indivíduo adulto está exposto parte do dia (horário de trabalho),
ocorrendo a presença de crianças em período restrito, como em festas e eventos
especiais.

A Avaliação de Risco foi abordada detalhadamente nas duas apresentações:


“ANÁLISE DE RISCOS TOXICOLÓGICOS” de Giuliano Marchi (CPAC. EMBRAPA)
e Luiz Roberto Guimarães Guilherme (Universidade Federal de Lavras) e
“AVALIAÇÃO DE RISCOS TOXICOLÓGICOS” de Gisela de Aragão Umbuzeiro do
CESET- UNICAMP na 4ª Reunião Ordinária do GT Interinstitucional sobre Uso
de Resíduos Industriais Indicados como Matéria-Prima para Fabricação de
Produtos Fornecedores de Micronutrientes Utilizados como Insumo Agrícola.

Já para ÁGUA SUBTERRÂNEA, adotou-se os padrões de potabilidade da Portaria


518, de 26 de março de 2004, do Ministério da Saúde - MS, complementada com os
padrões ou a metodologia presentes no Guia da Organização Mundial de Saúde
(WHO, 2004 e WHO, 2004 - Guidelines for drinking water Quality).

Estes padrões visam à proteção à saúde humana, para um consumo de água,


considerando a expectativa de vida. Tem como objetivo dar suporte ao
desenvolvimento e implantação de estratégias de gerenciamento de risco.
Nos casos em que estes valores forem excedidos, devem ser realizadas
investigações detalhadas para interpretar o significado deste fato sobre a saúde
humana e para orientar as medidas de remediação, considerando as vias de
exposição mais relevantes (WHO, 2004).

Portanto, os valores limites para água potável são conceitualmente iguais aos
valores de intervenção. No Brasil, o Ministério da Saúde adaptou estes valores,
publicando a Portaria 518/04, que contém os padrões de potabilidade.

A área será classificada como ÁREA CONTAMINADA SOB INVESTIGAÇÃO


quando houver constatação da presença de substâncias no solo ou na água
subterrânea em concentrações acima dos Valores de Intervenção, indicando a
necessidade de ações para resguardar os receptores de risco.

CONCLUSÃO:

Considerando o exposto acima com os destaques a seguir,

Considerando que a produção agrícola brasileira é limitada pela deficiência de


micronutrientes, notadamente Zinco, Manganês, Cobre, Molibdênio.

Considerando que os contaminantes inorgânicos presentes em fertilizantes existem


naturalmente nos diversos compartimentos ambientais, mesmo em ecossistemas
pouco alterados pelo homem.

Considerando que a grande maioria de fontes de matéria prima para fertilizantes


apresenta contaminantes inorgânicos em sua constituição, sejam eles orgânicos ou
minerais, naturais ou artificiais, independentemente de sua origem.

Considerando que tanto os micronutrientes como seus contaminantes inorgânicos


são originalmente constituintes de rochas sendo disponibilizados para o ambiente
por processos naturais e antrópicos.
Considerando que o uso adequado de resíduos industriais substitui matérias primas
naturais aumentando a vida útil de reservas minerais, reduzindo os impactos
ambientais que resultariam da exploração de jazidas minerais.

Considerando que o uso adequado de resíduos industriais reduz os custos de toda


a cadeia produtiva dos alimentos e demais produtos de origem vegetal e animal,
trazendo um grande benefício socioeconômico para o país

O uso equilibrado de fertilizantes não provoca a degradação do solo e das


águas e resulta em melhoria das condições edáficas e em garantia de maior
produtividade agrícola sustentável.

Considerando que impactos negativos decorrentes do uso de fertilizantes depende,


exclusivamente, da concentração de contaminantes (e de nutrientes) presentes no
produto final e da dosagem aplicada ao solo.

Considerando a existência de ferramentas de diagnóstico do status de


micronutrientes no solo.

Considerando a existência de critérios técnicos para a recomendação da utilização


de micronutrientes em termos de necessidade, doses, épocas, etc.

Considerando que o setor de fertilizantes é regulamentado e fiscalizado pelo


Ministério da Agricultura, no que tange a produção e comercio de fertilizantes, bem
como pelos órgãos ambientais.

Considerando que o controle da concentração de contaminantes na matéria-prima e


no produto final realizado pelo Ministério da Agricultura (IN-027/2006) garante a
manutenção dos padrões de qualidade dos solos.

Considerando que o uso adequado de resíduos industriais atende a um dos


preceitos da Agenda 21 dentro da política dos 3Rs (redução, reuso e reciclagem)
por meio da redução da geração de resíduos industriais e possibilidade de uso
econômico de produtos gerados involuntariamente pela atividade industrial

Considerando a existência da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos que


define entre outros:

Art. 4 A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de


princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo
Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados,
Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e
ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.

Art. 15. A União elaborará, sob a coordenação do Ministério do Meio


Ambiente, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com vigência por prazo
indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, a ser atualizado a cada 4
(quatro) anos, tendo como conteúdo mínimo:
.........
III – metas de redução, reutilização, reciclagem, entre outras, com vistas a
reduzir a quantidade de resíduos e rejeitos encaminhados para disposição
final ambientalmente adequada;

Art. 17 Metas estaduais

Art. 19 Metas Municipais.

Concluímos pela viabilidade da regulamentação do uso de resíduos industriais como


matéria prima para a fabricação de fertilizantes micronutrientes de forma segura.

C.3) REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE DA GERAÇÃO, COMÉRCIO


E UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS NA FABRICAÇÃO DE
FERTILIZANTES:

ANEXO C.3 - SUGESTÃO DE RESOLUÇÃO CONAMA.

D) REFERÊNCIAS:

ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS – ANDA. Anuário


estatístico do setor de fertilizantes 2006. Anda - São Paulo, 2007. 162p.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS – ANDA. Anuário


estatístico do setor de fertilizantes 2007. Anda - São Paulo, 2008. 160p.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS – ANDA. Comunicação


particular. Anda - São Paulo, 2009.

ABREU, C.A. Análise de micronutrientes e metais pesados em solos:


monitoramento de áreas agrícolas. Apresentação no Encontro Técnico, 4 ª reunião
ordinária do grupo de trabalho interinstitucional sobre uso de resíduos industriais
indicados como matéria prima para fabricação de produtos fornecedores de
micronutrientes utilizados como insumo agrícola. CETESB, São Paulo, 2009.

ABREU, C.A. RAIJ, B. van; ABREU, M.F.; GONZALEZ, A.P. Routine testing to
monitor heavy metals and boron. Scientia Agricola, Piracicaba, v.62, n.6, p.564-
571, 2005.

BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa


SDA 27 de 05 de junho de 2006. Publicada no Diário Oficial da União em 09 de
junho de 2006, no.110, seção 1, pg.15-16.

BRASIL, Conselho Nacional do Meio ambiente. Resolução CONAMA no. 357 de 17


de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Publicada no Diário
Oficial da União em 18 de março de 2005, seção 1, pg.58-63.
CETESB – Companhia de tecnologia de saneamento ambiental. Decisão de
Diretoria no. 195-2005-E de 23 de novembro de 2005. Dispõe sobre a aprovação
dos Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São
Paulo – 2005, em substituição aos Valores Orientadores de 2001 e dá outras
providências.

CQFS-RS/SC (COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC).


Manual de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e de
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Matéria Prima para Fabricação de Produtos Fornecedores de Micronutrientes
Utilizados como Insumo Agrícola. CETESB, São Paulo, 2009.

MARCHI, G. & Guilherme, L.R.G. ANÁLISE DE RISCOS TOXICOLÓGICOS.


Apresentação no Encontro Técnico, 4 ª Reunião Ordinária do Grupo de Trabalho
Interinstitucional Sobre Uso de Resíduos Industriais Indicados Como Matéria
Prima para Fabricação de Produtos Fornecedores de Micronutrientes
Utilizados como Insumo Agrícola. CETESB, São Paulo, 2009.

UMBUZEIRO, G.A. AVALIAÇÃO DE RISCOS TOXICOLÓGICOS. Apresentação no


Encontro Técnico, 4 ª Reunião Ordinária do Grupo de Trabalho Interinstitucional
Sobre Uso de Resíduos Industriais Indicados Como Matéria Prima para
Fabricação de Produtos Fornecedores de Micronutrientes Utilizados como
Insumo Agrícola. CETESB, São Paulo, 2009.

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MAPA Nº 5, de 23 de fevereiro de 2007. Publicado no Diário Oficial da União
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