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Ruído; Vibrações; Iluminação

nos Locais de Trabalho

Iluminação nos Locais de


Trabalho

Manual do Formando
Curso

2
RUÍDO, VIBRAÇÕES E ILUMINAÇÃO NOS LOCAIS DE
TRABALHO
Manual do Formando

Iluminação nos Locais de Trabalho


PERFIL, DELTACONSULTORES E ISPA

Manual do Formando
Ficha Técnica
Autor: Ernesto Manuel Dias

Título: Iluminação nos Locais de Trabalho

Coordenação do Projecto: Maria da Graça Pinto e José


Garcez de Lencastre

Edição: Maio 2007

Produção apoiada por:

UNIÃO EUROPEIA GOVERNO DA REPÚBLICA PROGRAMA OPERACIONAL DO


FUNDO SOCIAL PORTUGUESA EMPREGO, FORMAÇÃO E
EUROPEU DESENVOLVIMENTO SOCIAL
© 2007 Perfil, DeltaConsultores e ISPA em parceria

 Perfil, DeltaConsultores e ISPA


Lisboa, 2007
Índice

Introdução 1 Acuidade Visual 23

Objectivos 2 Estrabismo Convergente 23

Princípios e Conceitos Gerais da Física Óptica 3 Visão Estereoscópica 23

Radiações Electromagnéticas 3 Percepção de Cores 23

Fontes de Radiações Electromagnéticas 5 Tempo de Resposta Óptica 24

Espectro Electromagnético 6 A Iluminação e a Idade 25

Análise Espectral da Luz Branca 8 Efeitos de Má Iluminação 25

Conceito de Luz 9 Tipos de Fadiga Visual 26

Corpos Luminosos e Corpos Iluminados 10 Psicodinâmica das Cores 26

Corpos Luminosos 10 Ordenação e Identificação 26

Corpos Iluminados 10 Indicação de Dispositivos de Segurança 27

Receptores de Luz 11 Criação de Contrastes 27

Corpos Transparentes, Opacos e Translúcidos 11 Efeitos Psicológicos das Cores 28

Princípios da Propagação da Luz 11 Fotometria 29

Princípio da Propagação Rectilínea 11 Grandezas e Unidades Fotométricas 29

Princípio da Independência dos Raios Luminosos 12 Fluxo Luminoso    30

Velocidade de Propagação da Luz 13 Rendimento Luminoso    30

Sistema Visual 14 Iluminância  E  32

Constituição do Olho 14 Luminância  L  33

Organização da Retina 15 Leis de Iluminação 34

Principais Funções dos Órgãos Visuais 16 Lei de Kepler 34


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Funcionamento do Sistema Visual 17 Lei do Co – Seno 35

Utilidade dos Cones e Bastonetes 18 Aparelhos de Medição 37

Sensibilidade do Olho às Radiações 19 Luxímetros 37

Analogias e Diferenças entre Olho Humano e Luminancímetros 37

Máquina Fotográfica 20 Sistemas de Iluminação 38

Defeitos da Visão 21 Tipos de Luz 38

Miopia 21 Luz Natural 38

Hipermetropia 22 Características da Iluminação Zenital 39

Presbitia 22 Precauções referentes à Iluminação Zenital 39

Visão e Trabalho 23 Características da Iluminação Lateral 39

Principais Funções Visuais no Trabalho 23 Precauções referentes à Iluminação Lateral 40


Maximização da Luz Natural em Interiores 40 Para que Serve? 61

Aferição da Luz Natural em Interiores 40 Qual o seu Tempo de Funcionamento? 61

Luz Artificial 41 Quais as Principais Características Técnicas? 62

Sistemas de Luz Artificial 41 Manutenção da Instalação de Iluminação 62

Constituição 42 Vantagens da Substituição em Grupo 62

Luminária 42 Prevenção contra Contactos Eléctricos 63

Balastro 43 Enquadramento Legal 64

Classificação das Luminárias 43 Listagem da Legislação 64

Tipo de Lâmpadas 45 Bibliografia 65

Lâmpadas Incandescentes 45 Informações 66

Lâmpadas de descarga 46

Lâmpadas de Indução 47

Iluminação para Condições Óptimas de Trabalho 48

Factores – Chave de Iluminação 48

Nível de Iluminância 48

Avaliação dos Níveis de Iluminância 49

Níveis E Uniformidades De Iluminância

Recomendados 50

Contraste das Luminâncias 51

Princípios para a realização do Contraste de

Luminâncias 52

Como aferir a adequabilidade do Contraste? 52

Distribuição da Luz 52

Como distribuir a Luz? 53

Tipos de Encadeamento ou Ofuscamento 53

Como evitar os Encadeamentos? 54

Tonalidade Cor / Temperatura de Cor das Fontes

Luminosas 54

Índice De Restituição De Cor Das Fontes

Luminosas IRC 56

Nomenclatura Internacional do IRC 57


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Defeitos e Correcção de Iluminação nos Locais

Trabalho 58

Riscos e medidas preventivas nas instalações de

iluminação 59

Efeito Estroboscópico 59

Como se Define? 59

Em que circunstâncias se pode Desencadear? 59

Que Impressões pode Transmitir? 60

Como Prevenir? 60

Iluminação em Locais com Risco de Explosão 60

Iluminação de Emergência 61
I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O
Capítulo

1
Introdução

M uitas vezes não damos a devida importância à iluminação, quer no


trabalho, quer nas nossas casas esquecendo-nos que cerca de 80% dos
estímulos sensoriais são de natureza óptica.

Geralmente, tanto trabalhadores como empregadores não estão devidamente


sensibilizados para o problema da iluminação nos locais de trabalho, persistindo a
ideia de que o trabalho nas actividades industriais não exige uma qualidade de
iluminação como a que deve existir no trabalho de escritório, por exemplo.

Com efeito, os nossos olhos poderão ajustar-se a vários graus de intensidade da luz,
mas a iluminação insuficiente irá dificultar o trabalho e assim contribuir para a
ocorrência de acidentes.

Uma iluminação correcta num determinado local de trabalho, deverá contribuir


para evitar tensões psíquicas e fisiológicas aos trabalhadores e para proporcionar
um aumento da produtividade, motivação e desempenho.

Neste capítulo, iremos tratar a temática da “Iluminação” como um elemento


essencial e necessário à segurança e saúde e que certamente poderá contribuir para
a criação de um bom ambiente de trabalho e melhoria da qualidade deste.
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Objectivos
No final da abordagem da Unidade 3 – Iluminação nos Locais Trabalho, o
formando estará apto a:

 Caracterizar os princípios e conceitos gerais relativos à Física Óptica,


primeiramente as radiações electromagnéticas, suas fontes e respectivo
espectro;

 Descrever a constituição do olho, as principais funções dos seus órgãos e o


respectivo mecanismo de funcionamento e diferenciar os principais
defeitos da visão;

 Caracterizar as funções visuais mais relevantes na execução das tarefas


laborais e definir o tempo de resposta óptica na sua realização;

 Aplicar os conceitos fundamentais de Fotometria e medir a luz com os


aparelhos de medição;

 Caracterizar os riscos e as medidas preventivas nas instalações de


iluminação bem como o modo como efectuar a sua manutenção;

 Interpretar correctamente a legislação relativa à protecção dos


trabalhadores contra os riscos decorrentes da iluminação ser deficiente
durante o trabalho.
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Capítulo

2
Princípios e Conceitos
Gerais da Física Óptica

A lguns aspectos teóricos relativos à Física Óptica são indispensáveis para


compreender as principais medidas preventivas que deverão ser
implementadas com a finalidade de minorar as consequências de uma
incorrecta iluminação dos referidos postos de trabalho.

Radiações Electromagnéticas
As radiações electromagnéticas estão presentes desde os primórdios dos tempos,
sendo a luz visível a sua expressão mais habitual.

A palavra “radiação” está relacionada com a noção de propagação de energia


no espaço, e o termo “electromagnético” revela que se trata de campos eléctricos
e magnéticos, normalmente perpendiculares entre si com variação periódica.

Isto significa como ilustra a Fig. 1, que num determinado ponto do espaço sujeito a
radiação, o campo eléctrico associado a ela varia periodicamente com o tempo,
assim como o campo magnético.

Z
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E segundo Y

B segundo Z

E e B segundo X

Fig. 1 (Radiação electromagnética)

3
I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O

As radiações electromagnéticas são constituídas por variações cíclicas e


perpendiculares entre si dos campos eléctrico e magnético, apresentam as
propriedades dos movimentos ondulatórios embora, ao contrário da generalidade
destes, não necessitem dum meio material de suporte para se propagar, podendo
fazê-lo no vácuo.

Como todos os movimentos ondulatórios, caracteriza-se pelo comprimento de


onda e pela frequência.

Define-se Comprimento de Onda e representa-se pela letra    a distância


(exprimida em metros no Sistema Internacional) que separa dois pontos em
concordância da fase, por exemplo como se vê na Fig. 2, duas cristas de onda
sucessivas.

Comprimento
Deslocamento

de onda

Distância

Fig. 2 (Comprimento de onda)

Frequência de uma radiação á e grandeza que nos informa do número de ondas


completas que se formam por segundo. Representa-se pela letra f e exprime-se no,
Sistema Internacional, em s -1 ou Hz.

Estas duas grandezas características podem ser relacionadas através da expressão:


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c=xF

Sendo

c  Velocidade da propagação da luz no vazio (m/s)

  Comprimento de onda (m)

F  Frequência (Hz)

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A emissão das radiações electromagnéticas não se faz de forma contínua mas sim
por «fragmentos» ou «partículas» de energia que se designam por quanta ou fotões.

A energia de um fotão, e consequentemente de uma radiação electromagnética é


obtida através da fórmula:

E=hxF

Sendo

E  Energia da radiação electromagnética (joules)

h  Constante de Planck (6.63 x 10 -34 joules x segundo)

F  Frequência (Hz)

Analisando a fórmula anterior, podemos concluir que a Energia de Uma


Radiação Electromagnética varia na razão directa da frequência e inversa do
comprimento de onda, o que equivale a dizer que ela é tanto maior quanto maior
for a sua frequência e menor o respectivo comprimento de onda.

Fontes de Radiações Electromagnéticas


As principais fontes de radiações electromagnéticas estendem-se desde a
electricidade (linhas de transporte, distribuição e consumo de electricidade – muito
alta, alta, média e baixa tensões), passando pelas radiofrequências (banda de
frequências em que operam os telemóveis) e microondas (usadas pelos fornos de
microondas), radiação infravermelha, luz visível, radiação ultravioleta (conhecida
pelos riscos associados às prolongadas exposições ao Sol) até às radiações
ionizantes, como é o caso dos raios X (utilizados em exames médicos de
diagnóstico

Na Fig. 3, estão representadas algumas fontes de radiação, desde aquelas que


apresentam frequências nulas ou quase – nulas (antenas emissoras de rádio) até
outras com
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frequências
mais altas
(Raios X).
Radiaçção ionizante
Radiaçção de rráádio
elééctricos e
elééctricos e

frequências e

infravermelha
microondas

ultravioleta
magnééticos
magnééticos

Radiaçção

(raios X)
Radiaçção

visíível
estááticos

alternos

Radia
Radia

Luz vis
Campo el
Campo el

magn
magn
est

Radia

Radia

Frequência
Fig.3 (Fontes de radiação electromagnética)

5
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Espectro Electromagnético
O espectro é o conjunto de ondas ou radiações electromagnéticas existentes no
Universo, que compreendem as de menor comprimento de onda (raios cósmicos,
raios gama e raios X), passando pelas ultravioletas, luz visível e infravermelhos, até
as dotadas de maior dimensão (ondas rádio), conforme ilustrado na Fig. 4.

Fig. 4 (Espectro electromagnético)

Através de um espectroscópio (ver Fig. 5),


torna-se possível não só conhecer e
analisar as várias radiações
electromagnéticas existentes, bem como
determinar as respectivas frequências e
comprimentos de onda.

Observando o espectro de luz branca (ver


Fig. 6) obtido com aquele equipamento,
poderemos verificar que se trata de um
Fig. 5 (Espectroscópio)
espectro de emissão contínuo. Este
espectro, pois é constituído por riscas
coradas que se interpenetram entre si, sendo a radiação vermelha (com maior
comprimento de onda) aquela que sofre maior desvio em relação à risca branca e, a
radiação violeta (com reduzidas dimensões do comprimento de onda) a que sofre
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um desvio menor.

O olho humano, além de não ser


capaz de separar as diferentes
radiações que constituem a luz
branca, só é sensível a um
pequeno número de radiações
emitidas no Universo, a que se dá
o nome de Luz Visível. Todas as
outras radiações são invisíveis ao
Fig. 6 (Espectro de luz branca) Homem, mas que podem ser
detectadas por intermédio das
suas propriedades térmicas, químicas, etc.

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Na Tabela 1, apresenta-se de forma simplificada, o espectro das ondas


electromagnéticas, com a indicação das frequências e comprimentos de onda das
sub – divisões desse espectro.

Tabela 1 – Valores de frequência e comprimentos de onda

Frequências Designação das Ondas Comprimentos de


 Hz  Electromagnéticas Onda  m 

3 x 1025 10-18

3 x 1024 Raios cósmicos 10-16

3 x 1022 10-14

3 x 1020 Raios gama 10-12

3 x 1018 Raios X 10-10

3 x 1016 Ultravioletas 10-8

3 x 1014 Luz Branca (Visível) 10-6

3 x 1012 Infravermelhos 10-4

3 x 1010 a 3 x 102 Ondas hertzianas 10-2 a 106

3 x 100 a 3 x 10-2 Ondas eléctricas 108 a 1012


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Análise Espectral da Luz Branca


Pode-se efectuar uma análise espectral da luz branca por intermédio de um prisma
de vidro (ver Fig. 7).
Infravermelho

ca
ran
zb
Lu

Ultra
viole
ta

3.75 x 1014 Frequências  Hz  7.5 x 1014

0.8 0.768 0.656 0.589 0.486 0.434 0.4

Comprimentos de onda  m 

Fig. 7 (Análise espectral da luz branca com prisma de vidro)

Esta análise permite obter as seguintes conclusões:

 O feixe emergente do prisma não é branco, mas contém um espectro


contínuo de cores cujo comprimento de onda está compreendido entre 0.8
m e 0.4 m (1 m = 10 -6 m);

 A luz branca contém 6 bandas de cor (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul
e violeta) cuja frequência varia entre 3.75 x 10 14Hz e 7.5 x 10 14Hz;

 As diversas cores da luz branca são determinadas pelas respectivas


frequências e olho humano não valoriza de igual modo todas as radiações
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visíveis;

 Quanto maior for a frequência de uma radiação, maior será a sua energia e
por consequência menor o respectivo comprimento de onda.

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Conceito de Luz
Do ponto de vista técnico, designamos como Luz, toda a energia radiante em
relação à qual a vista humana é sensível.

A energia radiante tem uma dupla natureza e obedece a leis que podem ser
explicadas, quer em termos de feixes de partículas (fotões), quer em termos de
ondas electromagnéticas. Há, consequentemente dois tipos de conceitos relativos à
luz.

1. Um conjunto de fotões (corpúsculos sem massa). Este conceito é


utilizado para explicar a interacção entre a luz e a matéria, da qual
resulta a mudança da forma de energia como nos casos das células
fotoeléctricas ou na luminescência;

Exemplo: (ver Fig. 8)

As células solares
transformam a energia
luminosa do sol em
energia eléctrica

Fig. 8 (Células fotoeléctricas)

2. Um conjunto de ondas transversais electromagnéticas é utilizado para


explicar a propagação da luz através de várias substâncias e alguns
fenómenos ópticos de difracção e de interferência.

Exemplo: (ver Fig. 9)

Se a luz solar (cor branca)


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atravessar as gotas de água


das nuvens,
refracta-se originando as
cores do arco - íris

Fig. 9 (Propagação da luz solar através das gotas de água das nuvens)

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Corpos Luminosos e Corpos Iluminados

Corpos Luminosos
Num quarto com janelas e portas fechadas e persianas corridas, não se vêem os
objectos que nele se encontram e por isso se diz que o quarto se encontra às
“escuras”.

Contudo, ao abrirmos as persianas ou se acendermos a lâmpada de um candeeiro


passaremos a poder observar tudo que nos rodeia.

Todas as fontes luminosas, quer naturais, quer artificiais, que sejam emissoras de
luz designam-se por Corpos Luminosos.

Existem portanto duas espécies de fontes de luz:

resultante

Sol

resultante

Lâmpada

Corpos Iluminados
São designados como Corpos Iluminados, todos os corpos que enviam uma
parte da luz que recebem.

A emissão da luz por parte de um corpo iluminado chama-se Difusão da Luz.

Tal como os corpos luminosos, os iluminados podem ser de dois tipos:


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resultante

Luz da Lua

resultante

Luz do Difusor

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Receptores de Luz
Diz-se que um corpo é receptor de luz quando se transforma sob acção dessa luz.

Os olhos do ser humano como se poderá ver na


Fig. 10, são receptores de luz. Para que os olhos
“possam ver” um objecto torna-se necessário
que este emita ou difunda luz, e esta chegue até
eles.

Mas não são só os olhos que funcionam como


receptores de luz. As plantas, por exemplo,
orientam-se também para o lado de onde vem a
luz e através destas realizam a fotossíntese. Fig. 10 (Olhos)

Também as películas fotográficas são sensíveis à


luz. São normalmente constituídas por películas de gelatina que contêm sais de
prata que enegrecem quando expostas à luz.

Corpos Transparentes, Opacos e Translúcidos


Quando um receptor deixa que a luz proveniente de uma fonte o atravesse,
permitindo a qualquer observador a visão da fonte através dele, este diz-se
Transparente. O ar, uma película de água, o vidro são exemplos elucidativos de
corpos transparentes.

Quando a luz não consegue atravessar o receptor, este diz-se Opaco. Um tecido
grosso, uma placa de madeira, uma grande quantidade de água são exemplos de
corpos opacos.

Vidro martelado ou fosco, papel vegetal ou engordurado são receptores que


deixam passar parte da luz que recebem, mas sem que se consiga ver perfeitamente
através deles a fonte de luz, e, por isso, dizem-se corpos Translúcidos.

Princípios da Propagação da Luz


A luz proveniente das fontes de luz, propaga-se segundo dois princípios
fundamentais:

 Princípio da propagação rectilínea;


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 Princípio da independência dos raios de luz.

Princípio da Propagação Rectilínea

Nos meios transparentes e homogéneos, a luz propaga-se em


linha recta.

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Este princípio pode ser facilmente observado diariamente através de:

 Feixe de luz proveniente de um holofote;

 Qualquer processo de alinhamento;

 Mira para atirar em um alvo;

 Formação de sombras;

 Formação de imagens

Se o meio for heterogéneo, a propagação da luz deixa de ser rectilínea, porque as


radiações se vão “encurvando” à medida que encontram camadas menos densas do
ar. È por esse motivo que ocorrem as miragens, sobretudo nos desertos, porque o
ar junto ao solo é muito mais quente e, portanto, faz os raios encurvarem-se mais,
provocando ao observador a ilusão de ver duas imagens: uma, a imagem real, cujas
radiações são emitidas em linha recta pelo objecto; outra, uma imagem invertida,
que parece reflectida num espelho de água.

Princípio da Independência dos Raios Luminosos

A propagação da luz numa determinada zona, não depende de


outros raios luminosos que a possam atravessar.

Este princípio poderá ser observado, aquando da iluminação de um palco por dois
feixes de luz provenientes de outros tantos holofotes. A trajectória de um raio
luminoso, conforme se pode ver na Fig. 11, não se modifica, seguindo cada um a
sua trajectória independentemente da existência de outros raios luminosos.
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Fig. 11 (Princípio da independência dos raios de luz)

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Velocidade de Propagação da Luz


A velocidade da luz é finita sendo no ar e no vazio cerca de 300000 km / segundo.
Como poderemos ver na Tabela 2, noutros meios ópticos que sejam de maior
densidade, possuem valores mais baixos.

Tabela 2 – Valores da velocidade de propagação da luz em alguns materiais

Material Velocidade de Propagação da Luz (km/s)

Água 225000

Álcool etílico 221000

Vidro comum 200000

Cristal 188000

Diamante 124000
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Capítulo

3
Sistema Visual

P ara se obter a imagem de um objecto, torna-se necessário que a luz emitida


por uma fonte transmita, a um detector, dados sobre esse objecto.Fonte de
luz e respectivo detector são dois elementos indispensáveis na construção
da imagem de um objecto.

O olho é o detector mais utilizado pelo Homem e reveste-se de grande importância


na nossa percepção do mundo. Outro exemplo de detector de luz á película
fotográfica.

Constituição do Olho
Como podemos ver na Fig. 12, externamente, o
olho é constituído por uma dobra fina de pele e
músculo designada por pálpebra a qual possui
um feixe de cílios.

Internamente, os órgãos fundamentais do olho


são (ver Fig. 13): Fig. 12 (Pálpebra)

 A córnea, superfície elíptica localizada na região polar anterior do globo


ocular;

 O cristalino, que se encontra imediatamente atrás da pupila;

 A retina, membrana que acompanha interiormente todo o globo ocular e


cuja zona posterior se chama mancha amarela ou mácula;
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 O nervo óptico, que acompanha a mancha amarela;

 A pupila, abertura circular


que se encontra no centro
da íris;

 A íris, disco colorido


rodeando a pupila;

 Os músculos ciliares que


estão ligados ao cristalino.
Fig. 13 (Órgãos internos do Olho)

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Organização da Retina
A estrutura celular da retina como poderemos constar na Fig. 14, é essencialmente
constituída por:

 Um cone e nove bastonetes (células fotoreceptoras) localizados à direita;

 Células bipolares e células horizontais (assinaladas a amarelo) localizadas ao


centro;

 Três axónios de células ganglionares pertencentes ao nervo óptico


localizados à esquerda.

Fig. 14 (Estrutura celular da retina)

Em cada retina há cerca de 100 milhões de fotoreceptores (cones e bastonetes)


que libertam moléculas neurotransmissoras a uma taxa que é máxima na escuridão
e diminui, de um modo proporcional (logarítmico), com o aumento da intensidade
luminosa. Esse sinal é transmitido depois à cadeia de células bipolares e células
ganglionares.

Existem cerca de 1 milhão de células ganglionares e são os seus axónios que


constituem o nervo óptico. Há, portanto, cerca de 100 fotoreceptores por cada
célula ganglionar; no entanto, cada célula ganglionar recebe sinais que provêm de
um «campo receptivo» na retina, aproximadamente circular, que abrange milhares
de fotoreceptores.

Entre os fotoreceptores e as células bipolares, há uma camada de células


horizontais ligadas a eles e ligadas entre si de modo que o potencial de cada uma
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delas é uma média pesada do das suas vizinhas (sendo o peso das mais próximas
maior). Cada célula bipolar recebe entradas de um fotoreceptor e de uma célula
horizontal e produz um sinal que é proporcional à diferença entre os sinais
logarítmicos produzidos pelas duas células; o que equivale a dizer que é um sinal
com muito menor gama dinâmica, porque é uma razão entre a intensidade local e a
iluminação de fundo na vizinhança, independentemente, por isso, do nível absoluto
de iluminação. Como resultado disso, áreas grandes da retina com iluminação
uniforme produzem sinais muito fracos, enquanto áreas de maior variação, como é
o caso dos contornos dos objectos, resulta em sinais fortes. Ou seja, a retina
detecta essencialmente variações de luminosidade.

O sistema de fotoreceptores responde a uma alta gama dinâmica apresentando


variações de iluminação de 1 para 1 milhão.

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I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O

Os bastonetes são apenas sensíveis a baixos níveis de iluminação mas os cones, que
são sensíveis a altos níveis de iluminação, respondem dentro de uma gama de
intensidades que varia com a iluminação média da cena observada. É isso que nos
faz sentir ofuscados quando a intensidade luminosa aumenta de repente.

As células bipolares têm uma gama dinâmica muito mais baixa e como só
necessitam de responder a um sinal proporcional à razão entre a intensidadelocal e
a iluminação de fundo, resulta para este mecanismo sensorial um efeito de
adaptação enorme.

Como as células horizontais têm uma resposta relativamente lenta, quando um


fotoreceptor detecta um objecto em movimento, elas ainda têm informação sobre
a situação anterior; e isso faz com que o sinal de saída das células bipolares, para as
células ganglionares, contenha informação útil para a detecção de movimento.

Principais Funções dos Órgãos Visuais


Observando a Fig. 15, onde numa outra perspectiva, se pode esquematizar a
estrutura principal do olho humano, iremos apresentar na Tabela 3, as principais
funções que os referidos órgãos desempenham:

Fig. 15 (Estrutura do olho humano)


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Tabela 3 – Principais funções dos órgãos

Órgãos Principais Funções

Pálpebras Proteger e cobrir os olhos

Cílios Proteger os olhos do pó e dos poluentes externos

Córnea Focar a luz através da pupila para a retina

Cristalino Projectar a imagem dos objectos na retina

Retina Reter as imagens (espécie de tela)

Mácula
Formar as imagens
(Mancha amarela)

Nervo óptico Transmitir as imagens ao cérebro

Pupila Controlar a entrada da luz no olho

Acomodar o cristalino consoante a distância a que nos


Músculos ciliares
encontrarmos dos objectos

Glândulas lacrimais Lubrificar os olhos

Canais lacrimais Drenar os olhos

Fechar ou dilatar a pupila consoante a quantidade de


Íris
luz for grande ou pequena

Funcionamento do Sistema Visual


Um olho normal funciona do seguinte modo (ver Fig. 16):
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 A luz penetra pela córnea (transparente), atravessa o humor aquoso e


chega à íris que, ao dilatar-se ou ao contrair-se controla a pupila que regula
a quantidade da luz que entra no olho;

 Na parte posterior da íris, está o cristalino que, ajudado pelos músculos


ciliares modifica ou muda de forma tornando-se arredondado, de modo a
que a imagem do objecto seja projectada na mancha amarela (mácula) da
retina;

17
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 Uma vez projectada a imagem na retina, processa-se ao respectivo


tratamento e descodificação por duas espécies de células sensíveis: cones
(sensíveis à cor) e bastonetes (sensíveis à luminosidade e aos
movimentos);

 Após a imagem ser tratada e descodificada, é transmitida ao cérebro por


impulsos eléctricos do nervo óptico.

Fig. 16 (Funcionamento do sistema visual)

Utilidade dos Cones e Bastonetes


Os cones que em termos quantitativos rondam cerca 7000000, são usados para ver
quando a iluminação é boa; à noite, por exemplo, não funcionam porque a nossa
vista não consegue distinguir cores.

Os bastonetes que por sua vez, são em quantidade muito maior, cerca de
130000000, são utilizados na penumbra em virtude de serem sensíveis à luz e ao
movimento.

Em resumo podemos dizer que:


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 Quando a luz é boa, podemos ver os objectos coloridos olhando


directamente para eles; quando a luz é fraca apenas conseguimos distinguir
as formas e os movimentos;

 Os cones estão mais distribuídos no centro da retina e os bastonetes na sua


periferia ou, mais concretamente, a densidade da distribuição dos cones
diminui do centro para a periferia da retina, enquanto que a densidade dos
bastonetes passa-se exactamente ao contrário.

18
I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O

Sensibilidade do Olho às Radiações


Como o olho humano não valoriza de igual modo todas as frequências das
radiações visíveis do espectro electromagnético, vemos umas cores melhor que
outras.

A Fig. 17, mostra-nos a Curva de Sensibilidade do Olho Humano às radiações


visíveis, quer de dia, quer à noite.

Sensibilidade relativa  % 

Comprimentos de onda  nm ]
Fig. 17 (Curva de sensibilidade do olho humano)

Da observação da referida figura, podemos extrair as seguintes conclusões:

 A sensibilidade máxima, verifica-se para um comprimento de onda


correspondente a 555 nm (1 nm = 10 -9m), isto é, somos mais sensíveis ao
amarelo – esverdeado do que a qualquer outra cor;

 As radiações com menor comprimento de onda (violeta e azul) geram


maior intensidade luminosa à noite em virtude de haver pouca luz;

 As radiações com maior comprimento de onda (amarelo e vermelho)


geram maior luminosidade de dia devido à maior quantidade de luz
existente.
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Analogias e Diferenças entre Olho Humano e Máquina


Fotográfica
Frequentemente faz-se uma comparação entre os órgãos constituintes do olho
humano e os órgãos de uma máquina fotográfica (ver Fig. 18).

RETINA

IMAGEM NA
RETINA

OBJECTO DIAFRAGMA LENTE ELEMENTO


FOTOSENSÍ
FOTOSENSÍVEL

IMAGEM NA
PELÍ
PELÍCULA

PELÍ
PELÍCULA

Fig. 18 (Semelhança entre olho humano e máquina fotográfica)

A Tabela 4, mencionada em baixo, estabelece as principais analogias existentes em


termos de funcionais, entre os diversos órgãos, quer da máquina fotográfica, quer
do olho.

Tabela 4 – Principais analogias

Órgãos Máquina Fotográfica Olho Humano

Elemento protector Obturador Pálpebras e córnea

Elemento regulador Diafragma Íris


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Elemento refractor Lente objectiva Cristalino

Elemento Acomodação por acção


Focagem
focalizador dos músculos ciliares

Elemento
Filme Retina
fotosensível

20
I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O

Apesar das analogias referidas, existe uma diferença fundamental, que é derivada
do facto de podermos tirar fotografias com deficiente quantidade de luz sem
causar qualquer tipo de dano à máquina, e não podermos usar os olhos com luz
escassa ou mal distribuída, já que estas situações poderão desencadear fadiga visual,
inflamação dos olhos, dores de cabeça, etc.

Defeitos da Visão
Todos sabemos que muitas pessoas, não vêem bem logo à nascença., necessitando
para obterem uma visão normal, de auxiliares ópticos (óculos).

Para que possamos ver nitidamente os objectos, tal como se pode constar na Fig.
19, torna-se necessário que:

 A imagem seja projectada


na mancha amarela da
retina efectuando o
cristalino a acomodação
necessária;

 A distância do cristalino à Fig. 19 (Visão normal)


retina seja adequada.

Os defeitos de visão mais correntes são a Miopia a Hipermetropia e a Presbitia.

Miopia
Neste defeito, a distância focal do olho é demasiado curta, pelo que a imagem se
forma à frente da retina dando origem que uma pessoa veja mal ao longe mas bem
ao perto. (ver Fig. 20)
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Fig. 20 (Miopia)

A miopia corrige-se com lentes divergentes (côncavas), que


colocam a imagem na retina e restituem a boa visão até ao
infinito.

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Hipermetropia
Neste defeito, a distância focal do olho é demasiado longa, pelo que a imagem se
forma para além da retina
dando origem que uma
pessoa veja bem ao longe
mas mal ao perto (ver
Fig. 21).

Fig. 21 (Hipermetropia)

A hipermetropia corrige-se com lentes convergentes


(convexas), que aliviam o esforço de acomodação, evitam a
fadiga e as dores de cabeça recolocando a imagem na retina
recolocando a imagem na retina.

Presbitia
Na presbitia ou vista cansada, a imagem também se forma atrás da retina devido ao
fraco poder de elasticidade e de acomodação do cristalino, originando que uma
pessoa tenha dificuldade de ver ao perto, a partir dos 40 anos de idade.

A presbitia pode ser compensada com lentes correctoras


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progressivas (convexas).

22
I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O
Capítulo

4
Visão e Trabalho
Principais Funções Visuais no Trabalho

D urante o trabalho as funções visuais mais importantes são:

 Acuidade Visual;

 Estrabismo Convergente;

 Visão Estereoscópica;

 Percepção de Cores.

Acuidade Visual
É a faculdade de ver claramente os objectos. Depende da capacidade de resolução
da retina e é determinada pela mais pequena distância entre dois pontos, à qual os
referidos pontos ainda são claramente percebidos.

Exemplo: Possibilidade de distinguir pequenos detalhes em trabalhos de


precisão.

Estrabismo Convergente
Trata-se do desvio do eixo principal dos dois olhos em relação ao normal.

Exemplo: Enfiar uma linha na agulha.


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Visão Estereoscópica
Faculdade de notar relevos e profundidades.

Exemplo: Avaliar as distâncias na condução de gruas, executar trabalhos a


níveis diferentes, efectuar trabalhos de relojoaria, etc.

Percepção de Cores
Faculdade em distinguir cores.

Exemplo: Reconhecer sinais de segurança e controlar superfícies coloridas,


etc.

23
I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O

Tempo de Resposta Óptica


O tempo de resposta óptica, ou seja o tempo que medeia entre a recepção de um
impulso pela vista e a resposta subjectiva é determinado pelas condições
fisiológicas dos trabalhadores.

Este tempo variável normalmente entre 0.16 e 0.30 segundos, torna-se importante
para se calcular o tempo de trabalho que deve ser atribuir a trabalhos especiais
realizados por empreitada.

A duração deste tempo deverá depender:

 Do número de decisões que o trabalhador tiver que tomar (+ decisões 


+ tempo);

 Da diferença de brilhos entre o objecto e o fundo;

 Da luminância em geral conforme se pode ver na Tabela 5.

Tabela 5 – Tempos de resposta óptica

Luminância do
Tempo de resposta
Condições campo visual
(segundos)
(cd/ m2)

32 0.182

64 0.178
Preto sobre fundo
branco
320 0.172

32 0.264
Preto sobre fundo
64 0.220
cinzento
329 0.182
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A Iluminação e a Idade
Após demorada investigação envolvendo cerca de 10000 pessoas o Dr. Fortuin
concluiu que a quantidade de luz (iluminância) necessária para a visibilidade e
leitura (efectuada a 30 cm) varia com a Tabela 6.

Tabela 6 – Variação da quantidade de luz com idade

Idade Visibilidade Leitura

10 1/3 1

20 1/2 1.5

30 2/3 2

40 1 4

50 2 6

60 5 -

Interpretando os dados apresentados na Tabela anterior podemos constar que:

 Uma pessoa de 40 anos de idade precisa para ler, o quádruplo da luz


necessária para uma criança de 10 anos;

 A mesma criança necessita para ver de 1/3 da quantidade de luz que


precisa um adulto de 40 anos.

Efeitos de Má Iluminação
Os principais efeitos são:
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 Incomodidade;

 Fadiga visual;

 Erros e/ ou enganos, os quais podem originar frustração pessoal, perdas de


tempo, menor produtividade e danos materiais;

 Acidentes de diversos tipos, como traumatismos, ferimentos ou mesmo a


morte;

 Doenças visuais como por exemplo a cegueira.

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Tipos de Fadiga Visual


A fadiga visual manifesta-se por uma série de sintomas incómodos que vão desde
uma visão “toldada” até ao piscar de olhos, à dilatação das pupilas, aos derrames,
ao ardor, aos inchaços, às irritações, às picadas, etc. e origina posicionamentos
incorrectos do corpo. Nestas circunstâncias a Segurança no Trabalho logicamente
diminui aumentando fortemente a probabilidade de ocorrência de acidentes.

A fadiga visual pode apresentar dois aspectos importantes:

MUSCULAR - Provocada por excesso de


actividade do músculo ciliar

DESFOCAGEM DO CRISTALINO
TIPOS
PERDA DE SENSIBILIDADE À LUZ

RETINIANA - Provocada pelo estreitamento do


campo visual periférico

15

Psicodinâmica das Cores


Estados de depressão ou melancolia, cansaço visual, dores de cabeça são muitas
vezes consequência de uma permanência prolongada ou realização de actividades
em ambientes em que a escolha de cores foi efectuada sem atender aos efeitos
destas.

A escolha das cores para os ambientes de trabalho deverá fundamentalmente


desempenhar as seguintes funções:

 Ordenação e Identificação;

 Indicação de Dispositivos de Segurança;


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 Criação de Contrastes;

 Efeitos Psicológicos das Cores.

Ordenação e Identificação
Certos locais, secções ou pisos de uma empresa deverão dispor de um determinado
Código de Cor, de modo que possa ser assegurado um planeamento ordenado do
trabalho e facilitar a realização de certos serviços.

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Indicação de Dispositivos de Segurança


Quando a mesma cor é sempre utilizada para assinalar um risco particular,
automaticamente haverá da parte de um trabalhador uma reacção automática e
correcta à referida cor.

Para a indicação dos dispositivos de segurança deverá ser respeitado o seguinte


Código de Cores (ver Tabela 7).

Tabela 7 – Código de Cores

Cor Significado

Vermelho Perigo – Paragem; extintores de incêndios.

Partes perigosas de máquinas ou de


Laranja sistemas de distribuição de energia, sujeitas
a cortes, rupturas ou choques.

Atenção – Perigo de queda ou


Amarelo
escorregamento.

Indicação de serviços de primeiros


Verde
socorros, saídas emergência, etc.

Azul Fornecimento instruções várias.

Púrpura Perigo de radiações.

Criação de Contrastes
A utilização de cores contrastantes, em ambientes de trabalho deverá ser efectuada
de modo a:

 Não originar encadeamentos, pintando as paredes e tectos, com cores não


brilhantes (cinzento claro, bege creme ou amarelo fosco);
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 Não causar sobrecarga local da retina, nem sobreposição de imagens,


pintando as paredes, tectos e objectos volumosos com cores que não sejam
puras;

 Identificar com rapidez, os órgãos de comando das máquinas,


nomeadamente os dispositivos de arranque e paragem, o botão de
emergência, etc.

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Efeitos Psicológicos das Cores


Para além dos efeitos físicos das cores relacionadas com o seu poder reflector, as
cores têm ainda um Efeito de Ilusão Óptica que não deverá ser menosprezado
no âmbito da segurança.

Na Tabela 8, encontram-se as principais sensações que as cores nos podem


causar.

Tabela 8 – Efeitos psicológicos da cor

Efeitos Psicológicos

Cor Distância Temperatura Psíquico

Azul Afastamento Frio Calmante

Verde Afastamento Frio/neutro Muito calmante

Excitante/
Vermelho Aproximação Quente
cansativo

Muita
Laranja Muito quente Excitante
Aproximação

Amarelo Aproximação Muito quente Excitante

Muita
Castanho Neutro Excitante
Aproximação
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Capítulo

5
Fotometria

A quando da fase de projecto ou de avaliação de sistemas de iluminação nos


locais de trabalho torna-se necessário aplicar os conceitos fundamentais de
fotometria.

Estão neste caso as grandezas necessárias para medir a luz, as correspondentes


unidades, as leis de iluminação, bem como os equipamentos mais importantes para
avaliar as condições de iluminação em meio laboral.

Grandezas e Unidades Fotométricas


As principais grandezas fotométricas são:

 Fluxo Luminoso ou Potência Luminosa [  ];

 Rendimento Luminoso [  ];

 Intensidade Luminosa [ I ];

 Iluminância [ E ];

 Luminância [ L ].
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29
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Fluxo Luminoso   
Esta grandeza, cujo símbolo é a letra grega   , é definida como a quantidade de
luz emitida (energia luminosa Wrad) por uma fonte luminosa numa unidade de
tempo  t  em todas as direcções, medida logo à saída fonte.

Obtém-se pela fórmula:


wrad
=
t

Onde:

 é o fluxo luminoso ou potência luminosa;

Wrad é a energia luminosa;

t é o tempo.

Serve para medir a potência de radiação, através da qual a luz é sentida no olho e a
sua unidade é o lúmen (lm), que representa quantitativamente o mesmo que o
Watt para o fluxo de energia.

O fluxo luminoso é um dado que normalmente é obtido dos


fabricantes de lâmpadas e aparelhos de iluminação e sua
medição requer equipamento especial.

Rendimento Luminoso   
É a relação entre a quantidade de luz produzida (lúmens) pela quantidade de
potência que a mesma “puxa” da rede.

Obtém-se pela fórmula:


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wrad
 =
wT

Onde:

 é o rendimento luminosa;

Wrad é a energia luminosa;

WT é a energia total disponível.

30
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O rendimento luminoso é um indicador importante do


consumo energético de um sistema de iluminação.

Intensidade Luminosa  I 

É o fluxo    emitido por uma fonte luminosa numa dada direcção (ver Fig. 22).


Fig. 22 (Intensidade luminosa)

Obtém-se pela fórmula:



I=

Onde:

I é a intensidade luminosa;

 é o fluxo luminoso;
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 é a relação entre uma superfície cortada numa esfera e o


quadrado do raio dessa esfera cujo ângulo sólido completo vale 4
= 12.56.

O valor I da intensidade luminosa, exprime-se em candelas com o símbolo (cd).

O valor da intensidade luminosa é fornecido pelo fabricante


das lâmpadas sendo uma candela = 12.56 lúmen.

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Iluminância  E 
É uma medida do fluxo luminoso    incidente numa determinada direcção por
unidade de superfície  S· (ver Fig. 23).

Fig. 23 (Iluminância)

Obtém-se pela fórmula:



E=
S

Onde:

E é a Iluminância;

 é o fluxo luminoso;

S é a superfície.

O valor da Iluminância E exprime-se em lux com o símbolo (lx), sendo igual a um


lúmen por metro quadrado.
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Os Técnicos de SHST servem-se do conceito de Iluminância


para adequarem o nível de iluminação com actividade a exercer
num determinado espaço.

32
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Luminância  L 
Define-se como quociente entre a intensidade luminosa  I  emitida, transferida ou
reflectida numa determinada direcção e a área  A  projectada da fonte, num plano
perpendicular a essa direcção (ver Fig. 24).

Fig. 24 (Luminância)

Obtém-se pela fórmula:

L= I = I
A S x cos 
Onde:

L é a Luminância;

I é a intensidade luminosa;

A é a área projectada da fonte.

No caso de se tratar de uma superfície difusora (radiante ou difusamente reflectora)


a luminância pode ser calculada pela seguinte fórmula:


L=

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Onde:

L é a Luminância;

 é o coeficiente de reflexão em termos de %;

 é igual a 3.14.

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O valor da Luminância I exprime-se nas seguintes unidades:

 Stilb com o símbolo (sb), que corresponde a uma candela por centímetro
quadrado caracterizando a fonte de luz;

 Apostilb com o símbolo (asb), que corresponde a 0.32 candelas por metro
quadrado quando a superfície reflectora proporcionar luz difusa.

Os Técnicos de SHST servem-se do conceito de Luminância


para determinarem o brilho de uma superfície.

Leis de Iluminação
Lei de Kepler
A lei de Kepler (ou do quadrado inverso)
estabelece que a iluminância, numa superfície que
corta perpendicularmente os raios luminosos, varia
na razão inversa do quadrado da distância da fonte
à superfície (ver Fig. 25).
I
d

P
Fig. 25 (Lei de Kepler)

É obtida através da seguinte fórmula:

I
E=
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d2
Onde:

E é a Iluminância (lx);

I é intensidade luminosa da fonte pontual (candelas);

d é a distância da fonte à superfície (metros).

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A Lei de Kepler aplica-se, quando se pretende calcular a


iluminância que chega a um plano de trabalho, distanciado de
uma luminária colocada na vertical daquele plano

Exemplo:

Uma luminária composta por três lâmpadas incandescentes de 100 Watts de


potência unitária, está colocada à vertical de um plano de trabalho. Sabemos
que o pé – direito da sala é de 3.05 m, que a altura do plano de trabalho é 0.85
m e que a intensidade luminosa de cada lâmpada é 120 cd.

Qual será o valor da iluminância que chega ao plano de trabalho?

Aplicando a Lei de Kepler temos:


Exe m p lo :
E = I / D2 = 3 x 120 / (3.05 – 0.85) 2

E = 74.4 lx

Lei do Co – Seno
Esta lei determina que a Iluminância, em qualquer superfície, é proporcional ao
co – seno do ângulo de incidência  (ângulo compreendido entre a direcção da luz
incidente e a normal à superfície no ponto de intersecção(ver Fig. 26).

r

d I

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P
Fig. 26 (Lei dos co - senos)

35
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É obtida através da seguinte fórmula:

I x cos  I
E= = x cos3 
r2 d2

Onde:

E é a Iluminância (lx)

I é intensidade luminosa da fonte pontual (candelas)

…… é o ângulo compreendido entre a direcção do raio luminoso


incidente e a normal à superfície no ponto de intersecção;

d é a distância da fonte à superfície (metros).

A Lei do Co - Seno aplica-se, quando se pretende calcular a


iluminância que chega a um plano de trabalho, distanciado de
uma luminária cujos raios incidentes formam um determinado
ângulo com a normal àquele plano no ponto de intersecção

Exemplo:

Os rios incidentes de uma luminária composta por três lâmpadas


incandescentes de 100 Watts de potência unitária, forma um ângulo de 40º
com a normal ao plano de trabalho. Sabemos que o pé – direito da sala é de
3.05 m, que a altura do plano de trabalho é 0.85 m e que a intensidade
luminosa de cada lâmpada é 120 cd.
Qual será o valor da iluminância que chega ao plano de trabalho?
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Aplicando a Lei do Co – Seno:

E = I x cos 3/ D2 = 3 x 120 x cos 340º / (3.05 – 0.85) 2


E = 33.4 lx

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Aparelhos de Medição
Na avaliação quantitativa das condições de iluminação dos locais de trabalho
existem dois aparelhos fundamentais:

LUXÍMETROS

LUMINANCÍMETROS

Previamente a qualquer tipo de medição, os aparelhos deverão


ser convenientemente calibrados.

Luxímetros
São aparelhos constituídos por uma célula fotoeléctrica e que medem as
iluminâncias.

Luminancímetros
Os Luminancímetros são luxímetros, aos quais foi adicionado um dispositivo
óptico delimitador de uma área de medição e que servem para medir as
luminâncias.
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37
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Capítulo

6
Sistemas de Iluminação

Tipos de Luz

A iluminação é assegurada por dois tipos de luz:

 Luz Natural – A luz é proveniente do Sol, sendo esta a que melhor se


adaptam os nossos olhos;

 Luz Artificial – A luz é proveniente de equipamentos de iluminação.

Todos os locais de trabalho devem dispor de luz natural


adequada a qual deverá ser complementada pela artificial que
garanta idênticas condições de Segurança e de Saúde, se não
for possível ter a luz natural.

(Artigo 8º da Portaria n.º 987/83 de 6 – 10)

Luz Natural
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Sistemas de Luz Natural


Conforme a via, pela
qual a luz solar penetra
nos interiores, assim
existem dois sistemas (Assegurada por clarabóias,
de luz natural: tectos de dupla inclinação, etc.)
Clarabóia

(Assegurada por portas e


janelas, etc.)
Janela

38
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Características da Iluminação Zenital


As principais características são:

 Custo inicial mais elevado;

 Maior distribuição da luz natural;

 Maior necessidade e dificuldade na sua manutenção;

 Maior dificuldade para a localização dos elementos de controlo da


protecção solar e da ventilação;

 Maior uniformidade e iluminância média sobre o plano de trabalho do que


a iluminação lateral;

 Adequada para locais com pé – direito elevado e grandes espaços


contínuos;

 Adequada para iluminar somente uma zona que não ultrapasse 10% da
área do piso pois pode causar problemas térmicos.

Precauções referentes à Iluminação Zenital


As principais precauções que devem ser tomadas aquando da fase de projecto de
uma edificação com este tipo de iluminação natural são:

 Evitar que a luz natural incida directamente sobre o plano de trabalho;

 Usar as paredes como fonte de reflexão da luz natural;

 Instalar uma placa sombreadora para redireccionar a luz natural.

Características da Iluminação Lateral


As principais características são:

 Muito variável com as horas do dia e com as condições meteorológicas;

 Dependente da localização das janelas;


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 Eficiente para iluminar regiões próximas ( 2 vezes a altura das janelas)


ficando escuro o resto do ambiente;

 Proporciona uma boa uma visão panorâmica do exterior;

 Pode contribuir para o ofuscamento em determinadas zonas.

39
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Precauções referentes à Iluminação Lateral


As principais precauções que devem ser tomadas aquando da fase de projecto de
uma edificação com este tipo de iluminação natural são:

 Distribuir uniformemente as janelas pela fachada da edificação;

 Atender ao facto de que os peitoris envidraçados localizados abaixo do


plano de trabalho não contribuírem para a iluminação deste;

 Instalar janelas altas com a finalidade de proporcionar maior profundidade


na distribuição da luz;

 Aumentar o nível das iluminâncias, colocando janelas em paredes


adjacentes;

 Diminuir o contraste de luminâncias entre janelas e fundo, instalando


aquelas em paredes opostas.

Maximização da Luz Natural em Interiores


É importante que se maximize a luz natural existente em espaços internos de uma
edificação, devendo para isso, serem tomadas as seguintes providências:

 Não empilhar materiais em locais que bloqueiem a entrada da luz natural;

 Conservar as janelas e clarabóias limpas, quer interna, quer externamente;

 Pintar de branco uma parede localizada defronte de uma janela, de forma a


reflectir mais luz natural para o ambiente de trabalho;

 Pintar com cores claras as paredes internas das instalações de produção;

 Colocar clarabóias nos tectos dos armazéns de modo a facilitar a entrada


da luz natural.

Aferição da Luz Natural em Interiores


Para testar se a luz natural existente no interior de uma edificação é adequada e
suficiente, deveremos adoptar os seguintes procedimentos:
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 Numa determinada divisão, calcular a área A1 do respectivo pavimento a


iluminar;

 Calcular a área A2 correspondente às janelas, clarabóias, etc. afins (fontes de


iluminação natural) que deve ser subtraída à das persianas e cortinas
opacas;

 Estabelecer a relação  = A2 / A1;

 Se 0.33    0.50  a iluminação natural é adequada;

 Se   0.33  aumentar a área das janelas;

40
I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O

 Se   0.50  diminuir a área das janelas.

Exemplo:

Aferir a iluminação natural de um escritório comercial com 50 m2 sabendo


que as superfícies das janelas somam 14 m2.

Sendo A1 = 50, A2 = 14 e aplicando a relação  = A2 / A1 temos:

 = 14/ 50

 = 0.28

Como  = 0.28   0.33; 0.50]  a iluminação natural não é adequada

Logo:

A área das janelas deve ser aumentada e instalada iluminação artificial.

Luz Artificial
Como a luz natural é variável conforme as estações do ano e as condições
climatéricas existentes, e a maior parte dos problemas serem derivados de situações
em interiores, aquela luz deverá ser complementada com iluminação artificial de
modo a estabelecer a quantidade luz necessária independentemente da iluminação
natural disponível

Sistemas de Luz Artificial


A iluminação artificial pode assumir as formas seguintes:

 Iluminação geral – Destinada a garantir uma iluminação uniforme em


todos os possíveis planos de trabalho;

 Iluminação localizada – Destinada a iluminar uma zona específica, como


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uma secretária;

 Iluminação combinada – Quando se combina a iluminação geral com a


iluminação localizada.

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Constituição dos Equipamentos de


Iluminação
Os equipamentos de iluminação têm dois componentes principais: a Luminária e
o Balastro.

Luminária
É um aparelho onde se instala uma ou mais lâmpadas e cujas funções essenciais são
a distribuição, a filtração, a protecção e a modificação da luz emitida pelas
lâmpadas. (ver Fig. 27). Os principais parâmetros a ter em conta na aquisição de
uma luminária são o custo, a eficiência luminosa, a segurança, os tratamentos
químicos, a pintura, a estética, a funcionalidade e a adequação ao ambiente.

Fig. 27 (Luminárias)

A armadura ou corpo de uma luminária é constituída por:

 Reflector – Superfície localizada no interior da luminária e que modifica a


distribuição espacial de um fluxo luminoso emitido por uma fonte de luz.
Esta superfície reflectora permite aproveitar melhor a luz das lâmpadas,
desde que se mantenha sempre limpa;
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 Difusor – Dispositivo, normalmente transparentes, que fecha a luminária


na direcção da radiação luminosa, evitando, desta forma, que a luz das
lâmpadas seja enviada directamente para os objectos ou pessoas.

Luminária inadequada ou com manutenção deficiente podem


reduzir o fluxo luminoso das lâmpadas até 60%.

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Balastro
É um dispositivo que se liga entre a fonte de
alimentação de um circuito eléctrico e uma ou
mais lâmpadas de descarga (ver Fig. 28) e tem
como principal função permitir o arranque e
limitar a corrente das lâmpadas ao seu valor
normal durante o funcionamento. Também
podem incorporar um transformador da tensão
de alimentação (elementos para optimizar o
factor de potência, ou seja, condensador).

A utilização de balastros electrónicos em Fig. 28 (Balastro)

substituição dos electromagnéticos permite:

 Obter poupanças de energia acima dos 15%;

 Eliminar do efeito de trepidação;

 Regular automaticamente o fluxo luminoso;

 Reduzir a componente da energia reactiva.

Classificação das Luminárias


Segundo a forma como a luz é distribuída, assim existem as seguintes classes de
luminárias:

 As Luminárias Directas, cujo fluxo luminoso incide directamente sobre


o plano de trabalho, originando zonas muito iluminadas e outras sombrias,
mas têm a vantagem de proporcionar menor consumode energia;

 As Luminárias Indirectas que proporcionam uma iluminação agradável e


sem encadeamento, são obtidas por reflexão total da luz nos tectos e
paredes e requerem uma boa conservação das pinturas e o uso de cores
clara. Constituem, porém, um sistema de iluminação caro, devido ao
consumo de energia eléctrica, dado que se verificam grandes perdas de luz
por absorção nas superfícies.
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Entre as luminárias directas e indirectas existem variantes intermédias que


poderemos designar por:

 Luminárias Semi – Directas – Quando 60% a 90% do fluxo luminoso é


enviado directamente para a superfície a iluminar, obtendo-se um contraste
sombra – luz não muito acentuado;

 Luminárias Difusas – Quando o fluxo se distribui uniformemente em


todas as direcções, não se criando praticamente zonas de sombra nem
encadeamentos;

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 Luminárias Semi – Indirectas – Quando 60% a 90% do fluxo é dirigida


para o tecto e grande parte do fluxo atinge a superfície a iluminar por
reflexão no tecto e nas paredes.

Na Fig. 29, está esquematizado as diversas classes de iluminarias anteriormente


referidas.

directa semi - directa

difusa

Indirecta semi - indirecta

Fig.29 (Classificação das luminárias)

Segundo a CIE (Comité Internacional de Iluminação) foi definido a


percentagem de fluxo luminoso que se deve distribuir para cima e para baixo da
horizontal segundo as diversas classes de luminária (Ver Tabela 9).

Tabela 9 – % de fluxo luminoso segundo CIE

Distribuição do fluxo luminoso relativamente à


Classe da luminária
horizontal (%)
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Para cima Para baixo

Directa 0 – 10 90 – 100
Semi – directa 10 – 40 60 – 90
Difusa 40 - 60 40 – 60
Semi – indirecta 60 – 90 10 – 40
Indirecta 90 – 100 0 - 10

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Tipo de Lâmpadas
As lâmpadas podem assumir a natureza seguinte:

 Lâmpadas Incandescentes

 Lâmpadas de Descarga

 Lâmpadas de Indução

Lâmpadas Incandescentes
Nestas lâmpadas, a corrente eléctrica ao passar por um filamento de tungsténio que
se encontra no interior do invólucro de vidro, que também contém um gás inerte,
normalmente o árgon, provoca o seu aquecimento tornando-o incandescente
gerando luz visível. Este processo implica grandes perdas de energia em forma de
calor.

Exemplos destas lâmpadas, como se ilustra na Fig. 30, são as lâmpadas domésticas
convencionais.

Fig. 30 (Lâmpadas incandescentes)

Dentro das lâmpadas de incandescência existem ainda as lâmpadas de


halogéneo, (ver Fig. 31) cuja principal diferença reside no uso de gases halogéneos
no interior do invólucro de vidro, normalmente o bromo, em vez do Árgon. Esta
tecnologia garante uma durabilidade maior a estas lâmpadas do que as de
incandescência convencional.
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Fig.31 (Lâmpadas de halogéneo)

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Na Tabela 10, vamos indicar as vantagens e inconvenientes na escolha deste tipo


de lâmpadas.

Tabela 10 – Vantagens e inconvenientes das lâmpadas incandescentes

Lâmpadas Incandescentes

Vantagens Inconvenientes

Baixo rendimento luminoso; Vida curta


Fácil instalação; Baixo custo; Bom
(aproximadamente 1000 horas);
poder de restituição da cor dos
Aquecimento excessivo relativamente
objectos iluminados
às lâmpadas fluorescentes

Lâmpadas de descarga
Nestas lâmpadas, a luz produz-se por descarga eléctrica no interior do invólucro
de vidro, que contém gases com substâncias fluorescentes e de mercúrio de baixa
pressão.

Na Fig. 32, iremos apresentar alguns exemplos de lâmpadas de descarga que


poderemos encontrar no mercado:

Lâmpada Lâmpada fluorescente


fluorescente linear compacta
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Lâmpada de vapor de Lâmpada de iodetos


mercú
mercúrio e de só
sódio metá
metálicos

Fig. 32 (Lâmpadas de descarga)

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Na Tabela 11, vamos também indicar as vantagens e inconvenientes na escolha


deste tipo de lâmpadas:

Tabela 11 – Vantagens e inconvenientes das lâmpadas de descarga

Lâmpadas de Descarga

Vantagens Inconvenientes

Custo mais elevado e índice de


Rendimento e tempo de vida maior que
restituição mais fraco que as lâmpadas
as lâmpadas incandescentes
incandescentes

Lâmpadas de Indução
A luz produz-se, por excitação electromagnética do mercúrio / gases nobres
existentes no interior de anel de vidro fechado com 2 bobinas nas extremidades.

Estas lâmpadas (ver Fig. 33) apresentam:

 Elevado fluxo luminoso;

 Arranque instantâneo;

 Excelente índice de restituição de cores;

 Longa durabilidade, na ordem das 60.000 horas;

 Podem ser alimentadas por corrente contínua;

 Aplicam-se em locais com difícil acesso (pé – direito elevado), túneis,


indústrias e postos de gasolina.
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Fig. 33 (Lâmpadas de indução)

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Iluminação para Condições Óptimas de


Trabalho

Factores – Chave de Iluminação


A iluminação deve ser adaptada às necessidades dos ocupantes, tendo sempre em
consideração as características do espaço a iluminar, o fim a que se destina e os
efeitos psicológicos que uma atmosfera iluminada pode causar nas pessoas. Através
de uma correcta combinação da luz solar com a iluminação artificial, consegue-se
obter poupanças significativas em termos de custo energético e melhorar o nosso
conforto.

Os factores que mais influenciam as condições de iluminação de um determinado


local são:

 Nível de Iluminância do local;

 Contraste de Luminâncias;

 Distribuição de Luz;

 Temperatura de Cor das Fontes Luminosas;

 Índice de Restituição de Cor das Fontes Luminosas.

Nível de Iluminância
De uma maneira geral, o nível da iluminância dos locais depende:

 Das exigências visuais das tarefas e da segurança;

 Dos aspectos psicológicos de conforto visual;

 Do grau de economia a implementar;


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 Da experiência prática.

Trata-se de um valor bastante inferior ao obtido com luz natural (oscila entre os
150 e 5000 lux) constituindo uma solução de compromisso entre o valor que seria
conveniente e as limitações de ordem técnica e económica.

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Avaliação dos Níveis de Iluminância


Na avaliação dos níveis de iluminância deveremos adoptar os seguintes
procedimentos:

 Medir com Luxímetro os níveis de iluminância máximo E máximo e mínimo


E mínimo existentes num determinado local;

 Determinar o nível de iluminância médio  E médio  através da fórmula:

E médio = (E máximo + E mínimo) / 2

 Determinar a uniformidade da iluminância geral  U1  através da fórmula:

U1 = E mínimo / E máximo

 Determinar a uniformidade da iluminância no plano de trabalho  U2 


através da fórmula:

U2 = E mínimo / E média

 Comparar os níveis e as uniformidades de iluminância com os


estabelecidos na Norma EN 12464 – 1: 2002.

É utilizada a Norma EN 12464 ou a Norma ISO 8995 visto a


Legislação Portuguesa ser omissa relativamente ao nível e à
uniformidade de iluminância recomendados para cada tarefa /
actividade
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Níveis E Uniformidades De Iluminância Recomendados


Na Norma EN 12464 – 2, são recomendados por actividade, os seguintes níveis de
iluminância (ver Tabela 12).

Tabela 12 – Níveis de Iluminância recomendados

Descrição da Actividade E (lux)

Circulação e corredores / Escadas 100/150


Garagem 150
Residências (actividades gerais) 150
Sala de leitura (biblioteca) 500
Sala de aula (escola) 300
Sala de espera 100
Escritórios 500
Sala de desenhos (arquitectura e engenharia) 1000
Editoras (impressoras) 1000
Lojas (vitrinas) 1000
Loja (Sala de vendas) 500
Padarias (sala de preparação) 200
Lavandarias 200
Restaurantes (geral) 150
Laboratórios 500
Museus (geral) 100
Indústria / montagem (actividade visual de precisão média) 500
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Indústria / inspecção (actividade de controle de qualidade) 1000


Indústria geral 200
Indústria / soldagem (actividade de muita precisão) 2000
Depósito 200

50
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Também na Norma EN 12464 – 1, aconselha-se para a uniformidade das


iluminâncias os seguintes Valores –. Limite (ver Tabela 13).

Tabela 13 – Valores limite para uniformidade de Iluminância

Locais Uniformidade de Iluminância

Geral U1 > 0.5

Plano de trabalho U2 > 0.7

Contraste das Luminâncias


É uma relação entre a Luminância do plano de fundo e a Luminância do objecto.

Obtém-se pela fórmula:


LFundo - LObjecto
C=
LFundo

Onde:

C é o Contraste de Luminâncias;

LFundo é a Luminância do plano de fundo;

LObjecto é a Luminância do objecto.

O valor do Contraste de Luminâncias C está compreendido no intervalo0 ; 1]:

 Se C = 0  Existe a mesma luminância e portanto não existe contraste ou


este é nulo;
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 Se C = 1  Existe contraste máximo (objecto negro sobre fundo branco.

Os Técnicos de SHST servem-se do conceito de Contraste de


Luminâncias para reconhecer os contornos dos objectos
segundo a quantidade luz que eles reenviam para os olhos.

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Princípios para a realização do Contraste de Luminâncias


Os princípios que se devem adoptar são:

 Todos os objectos e superfícies do campo visual devem ter brilhos


(luminâncias) diferentes;

 As superfícies do centro do campo visual não devem apresentar um


contraste superior a 3: 1;

 As relações de luminância a recomendar são (ver Tabela 14).

Tabela 14 – Relações de Luminância

Relações de Luminância Recomendadas

1 a 1/3 Entre a tarefa e o ambiente adjacente


1 a 1/10 Entre a tarefa e as superfícies
1 a 10 Entre as tarefas e as superfícies mais claras
Entre as armaduras ou janelas e as superfícies
20 para 1
vizinhas
40 para 1 Entre qualquer ponto do campo visual

Como aferir a adequabilidade do Contraste?


O contraste só é adequado se as relações entre as luminâncias estiverem
próximas da unidade

Exemplo:
Mediram-se os valores de luminância num posto de trabalho, tendo sido
determinado, os valores médios LA = 124.5 cd/m2, LB = 31.4 cd/m2 e LC =
3.1 cd/ m2 conforme esquema da figura:

Verificar se os contrastes são adequados.


A
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Aplicando a fórmula do Contraste da Luminâncias: C

CAB = LB – LA / LB = 93.1 / 31.4 = 2.96

CBC = LC – LB / LC = 28.3 / 3.1 = 9.13

Como

CAB /3 = 2.96 /3 = 0.987  1


Distribuição da Luz
As fontesCBCde/10
luz=deverão
9.13/10estar bemposicionadas
= 0.913 1 em relação à tarefa de modo a
serem evitados os reflexos, as sombras e os encadeamentos.
Verifica-se que existem contrastes adequados naquele posto de trabalho

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Como distribuir a Luz?


 Montar as luminárias à uma altura que seja a mais elevada possível para se
conseguir um grau de distribuição uniforme;

 Respeitar entre luminárias as distâncias mencionadas na Fig. 34.

•A distância  a  ou  b 
entre as luminá
luminárias
será
será o dobro da distância
entre estas, e as paredes
laterais.

•A distância longitudinal entre


luminá contíguas  S’  deve
luminárias contí
ser  a 2/3 da sua altura  h 
sobre o plano de trabalho.
•A distância entre luminá
luminárias
paralelas  S  deve ser  a 1.5
vezes a sua altura  h  sobre o
plano de trabalho.

Fig. 34 (Distância entre luminárias)

Tipos de Encadeamento ou Ofuscamento


Existem três tipos:

 Ofuscamento Absoluto – O nível de iluminância ultrapassa as


capacidades de adaptação da retina.

 Ofuscamento relativo – O nível de iluminância torna-se bastante elevado


em relação ao nível que era adaptado pela retina;

 Ofuscamento directo
ou indirecto – Causado
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1- encadeamento directo
por uma fonte luminosa
que atinja directamente 2- encadeamento indirecto
ou por reflexão, o nosso
campo visual (ver Fig. 1
1
35).
2
2

Fig. 35 (Tipos de encadeamento)

53
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Como evitar os Encadeamentos?


 Posicionar adequadamente as luminárias de modo a impedir a visualização
directa das lâmpadas, bem como um ofuscamento reflectido em superfícies
excessivamente brilhantes;

 Posicionar o posto de trabalho de modo que o ângulo entre a linha


horizontal e a linha que vai do olho à lâmpada seja superior a 30º (ver Fig.
36).

Zona sem
encadeamento

Zona com
encadeamento
30º
30º

Zona sem
encadeamento

Fig. 36 (Ângulo entre as 2 linhas superior a 30 º)

Tonalidade Cor / Temperatura de Cor das Fontes Luminosas


A Tonalidade de cor é uma característica própria da fonte luminosa, que nos
fornece a impressão de «Luz Quente», «Luz Fria» ou «Luz do Dia».

Depende fundamentalmente da distribuição espectral existente na fonte de luz e


pode ir desde a predominância de vermelhos (cor mais quente), até à
predominância de azuis (cor mais fria).

Na Tabela 15, estão representadas as impressões subjectivas que as cores de


lâmpadas de fluorescentes nos transmitem, em face dos diferentes níveis de
iluminância.

Tabela 15 – Impressões das lâmpadas fluorescentes


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Iluminância  lx  Tonalidade de cor

Quente Intermédia Fria

 500 Acolhedor Neutro Frio

500 – 1000

1000 – 2000 Estimulante Acolhedor Neutro

2000 – 3000

 3000 Artificial Estimulante Acolhedor

54
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A Temperatura de cor é o valor medido graus Kelvin  ºK  que corresponde à


temperatura do corpo negro quando este emite radiações com a mesma
cromaticidade das radiações da fonte luminosa.

Podemos dividir e relacionar as tonalidades de cor e temperatura de cor em três


grupos (ver Tabela 16).

Tabela 16 – Relação entre tonalidade e temperatura de cor

Grupo Tonalidade de Temperatura de


Utilização
de cor cor cor  º K 

Quente
Locais residenciais, de
ww (amarelo, < 3300
convívio e de descanso
vermelho)

Locais de trabalho de uma


nw Neutra (branco) 3300; 5000  forma geral

Locais com altos níveis de


Fria (branco, luz iluminância, tarefas
tw  5000
solar) específicas, climas quentes
e áridos

No Gráfico I, encontra-se estabelecido uma relação de conforto ambiental entre o


nível de Iluminância e a Tonalidade da Cor da lâmpada.

Gráfico I

Alta
750
Iluminância  lx ]

Média TO
F OR
300 lx N
CO
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Baixa

2000 3000 4000 5000 6000 Temperatura


Branca Branca Luz do de cor  º K ]
morna neutra Dia

Relação entre nível de iluminância e a temperatura de cor

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Índice De Restituição De Cor Das Fontes Luminosas IRC


É a relação que caracteriza a aptidão das fontes luminosas em não alterar a cor dos
objectos que iluminam e varia de 1 a 100.

As lâmpadas incandescentes têm um índice de restituição de cor de cerca de 100, o


que significa que qualquer tom de cor é correctamente reproduzido.

Pelo contrário, uma lâmpada de vapor de sódio, com um índice de restituição de


cor de zero, não reproduz as cores dos objectos os quais ao serem iluminados por
aquelas lâmpadas apresentam a mesma tonalidade.

Quando pensamos no espectro electromagnético da luz visível, percebemos que a


luz solar é composta de várias radiações electromagnéticas (várias cores) e funciona
como padrão, isto é, como aquela que nos dá um índice de reprodução de cores de
100%.

Recomenda-se nas mais variadas situações, a utilização de lâmpadas com índice de


reprodução de cores acima de 80.

Por outro lado, a nível qualitativo, podemos dividir os valores de índice de


reprodução de cor em três grandes grupos (ver Tabela 17).

Tabela 17 – Níveis qualitativos de restituição das cores

Índice Nível Qualitativo

 50; 80  Restituição moderada da cor

 80; 90  Boa restituição da cor

 90; 100  Muito boa restituição da cor


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Foi estabelecido pela Comissão Internacional de Iluminação (CIE) e pela


Norma DIN 5035, a existência de 6 categorias de IRC (ver Tabela 18).

Tabela 18 – Categorias de IRC segundo CIE/ DIN 5035

Tonalidade Aplicação Aplicação


Grupo IRC
de Cor indicada aceitável

Comparação de
Quente,
cores, Exames
1A 100; 90  Neutra ou
clínicos e Galerias de
Fria
pintura

Moradias, Hotéis,
Quente e
Restaurantes, Lojas,
neutra
Escritórios e
1B 90; 80  Hospitais

Indústria gráfica, de
Neutra e Fria
tinta e têxteis

2A 80; 70  Quente Indústria Escritórios

2B 70; 60  Neutra Edifícios Escolas

Indústria e
3 60; 40  Indústria grosseira
Edifícios

4 40; 20  Indústria grosseira

Nomenclatura Internacional do IRC


No sentido de as empresas fabricantes de lâmpadas fluorescentes tubulares,
adoptarem o
mesmo critério
para analisarem a O primeiro algarismo indica o
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índice de reprodução de cor,


restituição da sua
cor, deverão 8 = Índice de reprodução de cor 1B
indicar, como (IRC 80-89)
9 = Índice de reprodução de cor 1A
podemos ver na (IRC 90-100)
Fig. 37, as
seguintes Os seguintes algarismos indicam a
características temperatura de cor,

técnicas: 27 = Interna (2.700K)


30 = Branca morna (3.000K)
40 = Branca neutra (4.000K)
60 = Luz do dia (6.000K)

Fig. 37 (Características técnicas da lâmpadas fluorescentes tubulares)

57
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Defeitos e Correcção de Iluminação nos


Locais Trabalho
Na Tabela 19, iremos indicar os defeitos mais frequentes, bem como a forma de
os minimizar ou de os eliminar.

Tabela 19 – Defeitos e Correcções de iluminação

Defeitos Correcções

Aumentar a potência das lâmpadas; Aumentar o n.º de


lâmpadas; Utilizar lâmpadas de maior rendimento; Aumentar a
Baixo nível de Iluminância
luz incidente de acordo com o tipo de tarefa a executar
(Norma DIN 5035).

Aumentar os contrastes entre objectos e fundos; Escolher


Baixo nível de luminância superfícies com cores apropriadas; Aumentar o tempo de
observação.
Aumentar a luminância e os contrastes; Utilizar lentes de
Detalhes muito pequenos aumento; Escolher a cor de ambiente apropriada; Aumentar o
tempo de observação.

Alterar a posição e/ou orientação das lâmpadas; Substituir as


lâmpadas por outras de menor brilho; Substituir ou alterar as
Encadeamentos
luminárias; Mudar a posição do trabalhador, do posto de
trabalho ou do equipamento.
Aumentar a luminância evitando o encadeamento; Escolher
Contrastes fracos uma tonalidade de cor favorável; Aumentar o tempo de
observação; Aumentar a iluminação.

Tempo de observação Aumentar o contraste; Utilizar cores que chamem a atenção;


curto Utilizar formas mais facilmente identificáveis.
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58
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Capítulo

7
Riscos e medidas
preventivas nas
instalações de
iluminação

Efeito Estroboscópico

T rata-se de um efeito bastante perigoso, vulgarmente observável em muitos


processos fabris, onde poderão
existir máquinas com órgãos
móveis desprotegidos animados de UIIIIIIIIII...
(P !! )
movimentos alternados ou rotativos
rápidos (ver Fig. 38).

Fig. 38 (Máquina rotativa sem protecção)

Como se Define?
É um fenómeno de ilusão óptica, verificada quando o Período (T) do movimento
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rotativo/ alternativo de um corpo é inferior ao Tempo (T*) de permanência da


imagem na retina.

Em que circunstâncias se pode Desencadear?


Este efeito pode ser desencadeado, quando o corpo em movimento rotativo é
iluminado por lâmpadas fluorescentes alimentadas através de energia eléctrica
alternada (F= 50 Hz e T = 2 x 10 -2 s). Se, por exemplo, a velocidade de uma
máquina for elevada, e o tempo de permanência da imagem (órgão rotativo ou
alternado) na retina for T* = 1.9 x 10 -2 s, estão reunidas as todas as condições
para que o fenómeno se verifique.

59
I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O

Que Impressões pode Transmitir?


Na prática a ilusão óptica do efeito estroboscópico caracteriza-se por:

 O movimento parece mais lento do que é na realidade;

 O movimento parece dar-se em sentido contrário ao real;

 O corpo está perfeitamente imobilizado.

Como Prevenir?
Como forma de prevenção deste efeito poderão adoptar-se as seguintes medidas:

 Alimentar o sistema de iluminação geral, fluorescente, com corrente


trifásica, distribuindo as lâmpadas pelas três fases;

 Combinar luz fluorescente geral com luz incandescente local;

 Utilizar balastros electrónicos de alta-frequência para as lâmpadas


fluorescentes;

 Pintar com cores de perigo (amarelo em contraste com preto) os


resguardos amovíveis de máquinas que possuam movimentos alternados
ou rotativos.

Iluminação em Locais com Risco de


Explosão
Em locais onde existam atmosferas potencialmente explosivas como é o caso de
vapores provenientes de solventes e outros produtos químicos,a iluminação deverá
ser Anti – Deflagrante com as seguintes características técnicas:

 Instalação eléctrica anti – deflagrante;

 Colocação de lâmpadas sem arrancador, com terminais longos e grande


diâmetro de modo assegurar o máximo de contacto com os suportes e
evitar um possível arco
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eléctrico durante o arranque;

 Uso de armaduras cujo corpo


seja dotado com uma grade
de protecção em liga de
alumínio fundida e roscada ao
próprio corpo (ver Fig. 39).

Fig. 39 (Luminária de “ máxima segurança e à prova de fogo”)

60
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Iluminação de Emergência
É projectada para funcionar quando falta a iluminação normal e deverá situar-se
nas intersecções de corredores, nos pontos de mudança de direcção, nas escadas e
nas saídas.

Para que Serve?


Serve essencialmente para:

 Garantir, sem interrupção, os serviços de primeiros socorros, de controlo


aéreo, marítimo, ferroviário e outros serviços essenciais instalados durante
uma emergência;

 Sinalizar os topos dos prédios como aviso à aviação comercial;

 Possibilitar uma evacuação rápida e segura, durante uma emergência;

 Assegurar a circulação e a visibilidade da sinalização de segurança (ver Fig.


40), caso haja avaria ou corte de energia eléctrica.

Fig. 40 (Sinalização de emergência)


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Qual o seu Tempo de Funcionamento?


O tempo deve ser suficiente para:

 Garantir a segurança pessoal e patrimonial de todas as pessoas na área, até


que a iluminação normal se restabeleça, ou que outras medidas de
segurança sejam tomadas;

 Incluir, além do tempo previsto para a evacuação, o tempo que o pessoal


da intervenção e de segurança necessita para localizar pessoas perdidas ou
para terminar o resgate em caso de incêndio.

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I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O

Quais as Principais Características Técnicas?


As principais características técnicas são:

 Fontes de luz (lâmpadas) alimentadas por grupos motor – gerador ou


baterias de acumuladores, os quais devem ser impedidos de ser usados para
alimentar outros circuitos ou equipamentos;

 Iluminação em de cada circulação assegurada pelo mesmo circuito, ao


longo de todo o percurso;

 Falha de uma lâmpada, não implicar que qualquer local, fique inteiramente
às escuras;

 Circuitos de alimentação das respectivas fontes de luz não se intercalarem


com quaisquer aparelhos de corte ou protecção, excepto aqueles que
possam existir no respectivo quadro;

 Lâmpadas com uma iluminância mínima de 3 lx, suficientemente capaz de


sinalizar adequadamente as vias de fuga que devem ser utilizadas em caso
de emergência.

 Luminárias constituídas com materiais incombustíveis.

Manutenção da Instalação de Iluminação


A manutenção da rede de iluminação deve ser cuidadosamente planeada, quer por
imperativos técnicos, quer por razões de ordem financeira.

Um primeiro cuidado a ter relaciona-se com a limpeza periódica das luminárias,


com a finalidade de o rendimento das lâmpadas não possa ser afectado pelo
acumular de poeiras. Também o estado da pintura de paredes e tectos deverão ser
cuidadosamente verificados

Quando as lâmpadas, especialmente as de descarga (fluorescentes) cintilarem


contínua e intermitentemente, significa que já atingiram o tempo vida, pelo que
necessitam de ser substituídas com a maior urgência possível.
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Vantagens da Substituição em Grupo


A substituição das lâmpadas em grupo proporciona as seguintes vantagens:

 Os custos são menores na medida em que esta operação só se realiza em


intervalos de tempos regulares;

 Durante a sua realização, todas as armaduras ficam acessíveis


simultaneamente, podendo deste modo serem limpas convenientemente;

 A substituição poderá ser executada fora das horas de serviço não


interrompendo a produção;

62
I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O

 Os custos fixos da manutenção passam a ser conhecidos atempadamente.

Prevenção contra Contactos Eléctricos


Aquando da substituição de lâmpadas ou limpeza das armaduras existentes num
determinado compartimento, o trabalhador deverá respeitar as seguintes regras:

 Desligar previamente no quadro, o circuito alimentador das lâmpadas a


substituir;

 Cortar a electricidade no interruptor do compartimento;

 Assentar os pés em tapete isolante anti – derrapante (ver Fig. 41).

Fig. 41 (Substituição de lâmpadas)


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I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O
Capítulo

8
Enquadramento Legal

N ão existe legislação portuguesa específica relativa à “Iluminação nos


Locais de Trabalho”, a qual se encontra dispersa e abordada em
diversos diplomas.

Listagem da Legislação
Os requisitos referentes à “Iluminação nos Locais de Trabalho” estão referidos
nos seguintes diplomas legais nacionais:

 PORTARIA n.º 53/71, de 3/ 02 com as alterações introduzidas pela


PORTARIA n.º 702/80, de 22/09 – que estabelece o Regulamento de
SHST em Estabelecimentos Industriais;  SECÇÃO II DO CAPÍTULO
II – artigos 18º, 19º, 20º e 21º 

 D. L. 243/86, de 20/ 08 – que estabelece o Regulamento de SHST nos


Estabelecimentos Comerciais, de Escritórios e de Serviços;  SECÇÃO III
DO CAPÍTULO III – artigos 14º, 15º, 16º e 17º

 PORTARIA n.º 987/93, de 06/10 – que fixa as Normas Técnicas


relativas às prescrições mínimas dos Locais de Trabalho;  artigo 8º

 PORTARIA n.º 989/93, de 06/10 – que fixa as Normas Técnicas


relativas aos Equipamentos dotados de Visor;  alínea b) do artigo 3º
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 PORTARIA n.º 1456-A/95, de 11/120 – que fixa as Normas Técnicas


relativas à Sinalização de Segurança;  artigo 11º

 PORTARIA n.º101/966, de 3 /04 – que fixa as prescrições mínimas de


SHST nos estaleiros temporários ou móveis;  artigo 15º

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I L U M I N A Ç Ã O N O S L O C A I S D E T R A B A L H O

Bibliografia
Antunes, Fernando e Simões Neto (1986) “A Ilu m in aç ão e a Se g u ran ç a n o
Trab alh o ”, DGHST.

Centro de Projectos e Engenharia de Iluminação (1976) “Man u al d e


Ilu m in aç ão ”, Edição N. V. Philips, Eindhoven.

EDP – Electricidade Portugal “Ilu m in aç ão e m Ed ifíc io s ”, Edição DGE

Miguel, Sérgio (1998) “Man u al d e Hig ie n e e Se g u ran ç a d o Trab alh o ”, Porto


Editora.

Hopkinson, R. G. (1980)“Ilu m in aç ão Natu ral”, Fundação Calouste Gulbemkian.


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Informações
m http://www.elearning-pt.com/HST encontra-se mais informação sobre

E o conjunto de produtos desenvolvidos pela parceria em projectos diversos


relacionados com a Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho.

Para qualquer esclarecimento contacte:


Perfil Psicologia e Trabalho Lda.

Eng.º Luís Faria Vieira


Travessa da manutenção nº 4 -3º
1900-322 Lisboa

Tel.: 218 538 440


Fax: 218 535 867
E-mail: perfil@perfil.com.pt
Website: http://www.perfil.com.pt

DeltaConsultores

Eng.º José Garcez de Lencastre


Rua da Bempostinha n.º 25 CV
1150-065 Lisboa

Tel.: 218 850 051


Fax.: 218 850 246
E-mail: projectos@dlt.pt
Website: http://www.dlt.pt

ISPA

Dr.ª Sílvia Ramalho


Rua Jardim do Tabaco, 34
1149-041 Lisboa

Tel.: 218 811 700


Fax.: 218 860 954
E-mail: dfp@ispa.pt
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Website: http://www.ispa.pt

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Ficheiro: HST_MN_2-Iluminacao_v02.doc

Impresso em: 20-08-2007

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