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Você vai dizer que há uma certa futilidade na minha argumentação, que ela se
baseia num raciocínio circular, estúpido mesmo: em marketing o que faz
sucesso é o que as pessoas compram porque faz sucesso. Certo.
Absolutamente certo. É estúpido, mas é assim que funciona.O poder está no
símbolo. Moda (isto é: imitação) conta. Vá tirando as cascas da (pseudo)
erudição e academicismo dessa coisa e, lá no fundo, você vai encontrar seres
humanos inseguros imitando outros idem. Nada tem valor intrínseco em
marketing. Percepção de valor é uma noção arbitrária e essa é uma das coisas
mais difíceis das pessoas entenderem. A mente humana associa sucesso a
mérito. Se está fazendo sucesso, é porque deve ter algum mérito. Eu digo: mas
se está fazendo sucesso, é porque é bom em fazer sucesso. E o que é preciso
para isso? Ter apelo para a mente humana. Ponto.
Desista, porque você nunca vai conseguir puxar o fio dessa meada.
Eu insisto: é a mente.
Normalmente não nos sentimos bem com essas coisas assim tão destituídas
de valor intrínseco . Nenhum marketeiro gosta de admitir isso. Pergunte e ele
vai dizer que acredita mesmo que tem o produto que está promovendo é
realmente o melhor, que ele jamais aceitaria falar bem de um produto em que
não acreditasse de fato, blablablá. Mas não existe esse negócio de qualidade
intrínseca. Isso é lenda. O animal humano vive mergulhado num oceano de
percepções. Nós somos o que percebemos, e isso quer dizer que todos
vivemos num mundo virtual, um mundo de nossa própria fabricação. Para o
marketeiro, não tem sentido falar em realidade “real”; toda realidade é virtual
para ele. Tudo é percepção, e estar consciente disso é o melhor que podemos
fazer para não sermos manipulados.