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Resumo
Este trabalho verificou as contribuições dos selos e certificações sócio-ambientais para a
efetividade da responsabilidade empresarial na indústria calçadista de Franca-SP. Com a
necessidade de agregar valor aos calçados, algumas articulações emergem aliando estratégia
organizacional com bem-estar social e ambiental. Neste sentido, evidenciou-se que o uso destes
instrumentos como estratégias mercadológicas devem ter caráter inédito, para que o
consumidor escolha e compre os chamados “produtos corretos”. Sob a reflexão desse estudo,
ficou evidente que a indústria calçadista de Franca tem potencial para assumir mais
responsabilidade perante a comunidade, uma vez que os exemplos nos revelam que menos de
10% do total das 760 empresas cadastradas no Sindicato da Indústria Calçadista de Franca
tem selos ou certificações sócio-ambientais que realcem a responsabilidade empresarial do
setor.
Palavras-chave: Calçados, Qualidade, Certificações Sócio-Ambientais.
certa forma, reflete na cadeia produtiva como um todo, exigindo inovações e constantes
aperfeiçoamentos de técnicas que agreguem valor ao calçado, tal como a gestão de
responsabilidade social e ambiental que possibilitam a normalização para diversas certificações,
como a ISO 9000 referente à qualidade, a ISO 14001 sobre meio ambiente e a SA 8000 de
responsabilidade social.
Alguns produtos com certificações podem ultrapassar as barreiras de exportação, no
caso da exportação de calçados em couro, sofrem com barreiras ambientais dos importadores do
produto. Com isto, as organizações estão buscando selos e certificações sócio-ambientais,
adotando novas políticas para realizar transações no comércio internacional. De acordo com as
especificações do Inmetro (2005), a Comunidade Européia restringe a entrada de artigos
acabados com têxteis e/ou couro, em quaisquer partes tingidas com corantes azóicos, que por
clivagem redutora de um ou mais grupos azo (-N=N-), que possam liberar determinadas aminas
aromáticas, detectáveis em concentrações superiores a 30 ppm (partes por milhão), conforme
métodos de ensaio estabelecidos. Esta diretriz tem como principal objetivo proteger a saúde da
população européia que, numa exposição prolongada a estas substâncias, se tornaria suscetível a
contrair doenças cancerígenas. Com esta limitação os exportadores brasileiros solicitaram às
empresas produtoras de corantes e pigmentos, uma documentação de conformidade para que
suas marcas de produtos e pudessem ser apresentadas aos clientes importadores no ato de
negociação comercial, neste caso, as certificações facilitariam tanto aos clientes quanto aos
empresários.
Nesta via, o planejamento estratégico da gestão sócio-ambiental na indústria de
calçado deve conter características singulares do setor com estratégias e efetivas ações para
afrontar-se aos fatores do micro e macro-ambiente. Assim, conquistar consumidores mais
exigentes requer a conquista de selos e certificações que enalteçam a qualidade e a
responsabilidade sócio-ambiental.
produtos responsáveis. Para efeito de algumas certificações, a organização deve obedecer aos
padrões estabelecidos pelos órgãos de regulamentação, e se possível, implementar um modelo
capaz de suportar informações sobre o desempenho organizacional. O Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) representa um desses modelos, pois ele envolve o “[...] conjunto de
atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas para abordar problemas ambientais
atuais ou para evitar o seu surgimento” (BARBIERI, 2004, p.137).
Algumas rotulagens que expressam a Responsabilidade Ambiental através das
embalagens dos produtos, desse modo, empresas do mundo inteiro que conquistam essa
certificação pode ser reconhecida por qualquer mercado consumidor. Em 1994, cada país
estabeleceu as chamadas rotulagens ambientais, de acordo com as normas mundiais, para serem
comercializadas nos negócios verdes. As principais rotulagens ambientais são as seguintes:
Blue Engel (Alemanha), Environmental Choice Program (Canadá), EcoMark (Japão), Conselho
Nordico (Nordicswan, Noruega, Suécia, Finlândia e Islândia), Environmental Choice (Nova
Zelândia), EcoMark Program (Índia), NF-Environmente (França), Umweltzeichen (Austrália),
Eco Label (União Européia e Coréia), Stichting Milieukeur (Países Baixos), Green Label
(Cingapura), Environmentally Friendly (Croácia), Environment Friendly Prouduct (República
Tcheca), Green Mark (Taiwan) e ABNT – Qualidade Ambiental (Brasil).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas, órgão reconhecido
internacionalmente, credencia as entidades que vão exercer a responsabilidade de emissão dos
certificados para as empresas ou produtos avaliados. Credenciada pelo INMETRO (Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), a associação fundada em 1940,
possui acordo de reconhecimento com os membros do IAF (International Acreditation Forum)
para certificar Sistemas da Qualidade (ISO 9000) e Sistemas de Gestão Ambiental (ISO 14001)
e diversos produtos e serviços.
As certificações somente são emitidas após aprovações de testes de ensaios e/ou
auditorias que comprovem o status de qualidade. Para padronizar os procedimentos de
fabricação de produtos e serviços existem algumas normalizações, assim, todas as atividades
empresariais devem seguir a normalização referente à sua prática industrial. Segundo definição
do Instituto Ethos (2006), normalização se refere à “atividade que estabelece, em relação a
problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com
vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto”. A normalização está presente
em todos os procedimentos desde à fabricação de produtos até a comercialização e é composta
de objetivos econômicos, comunicativos, de segurança, de proteção ao consumidor e de
eliminação de barreiras técnicas e comerciais, conforme descrito a seguir:
Brasileira de Normas Técnicas, que através da norma NBR 14834 busca estabelecer os
requisitos necessários para a avaliação dos calçados quanto ao seu índice de conforto. Esta
certificação condiciona a emissão do Selo Conforto, visando atendendo “à demanda da
indústria do calçado, que buscava qualidade do produto e, por conseqüência, a fidelidade dos
consumidores às marcas do mercado” (ANBT, 2005), tanto a nível nacional quanto
internacional.
A norma brasileira NBR 14834 avalia o conforto dos calçados nacionais, mediante
métodos de ensaios, os quais determinam a massa do calçado, distribuição da pressão plantar,
temperatura interna, comportamento da componente vertical de força de reação ao solo, ângulos
de pronação do calcâneo durante a marcha e níveis de percepção do calce. O Selo Conforto é
uma marca de conformidade auferido ao calçado que atender aos requisitos preestabelecidos e
aprovado nos testes de ensaios específicos, sendo válido somente os ensaios realizados em
laboratórios credenciados ao Inmetro. Deste modo, para ter o selo Conforto é preciso atender as
seguintes normas:
Norma Especificidade
NBR 14835 Determinação da massa;
NBR 14836 Determinação dinâmica da distribuição da pressão plantar;
NBR 14837 Determinação da temperatura interna;
NBR 14838 Determinação do comportamento da componente vertical da força
de reação do solo;
NBR 14839 Determinação dos ângulos de pronação do calcâneo durante a
marcha;
NBR 14840 Determinação dos níveis de percepção do calce.
Quadro 2 - Normas para o Selo Conforto de Calçados
Fonte: ABNT (2006). Modelo adaptado pelos autores.
4- Metodologia
Para a realização do presente trabalho, utilizou-se da metodologia de pesquisa
bibliográfica e exploratória, conforme classificação de Lakatos (2002, p. 71) “a pesquisa
bibliográfica, ou fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao
tema em estudo”. Foram realizados levantamentos em livros, periódicos, artigos, textos para
discussão e consultas, como por exemplo, Relatório Setorial Lafis, ABNT, Associação
Brasileira das Indústrias de Calçados, Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, Instituto de
Pesquisas Econômicas e Sociais, entre outros, para obtenção de dados que sustentaram o
objetivo do trabalho, que pretendeu verificar as contribuições dos selos e certificações sócio-
ambientais para efetividade da responsabilidade empresarial na indústria calçadista de Franca-
SP. Neste sentido, buscou-se despertar que as empresas devem assumem publicamente a
responsabilidade pelo meio ambiente e pela sociedade através dos selos e certificados sócio-
ambientais.
A partir na noção bibliográfica que identifica relevância no composto
mercadológico, apresentando o fortalecimento de produtos com marcas e certificações sócio-
ambientais, procurou-se relatar as iniciativas observadas nas empresas do setor calçadista de
Franca e, num segundo momento, partiu-se para investigação qualitativa do significado dos
selos e certificações sócio-ambientais. E por fim, procurou se refletir os efeitos da utilização de
certificações como vantagem competitiva e como força motriz do desenvolvimento sustentável,
em prol do bem-estar social e ambiental.
5- Resultados
III EMEPRO – Belo Horizonte, MG, Brasil, 07 a 09 de junho de 2007
6- Considerações finais
Neste contexto, conhecer as estratégias locais de um grupo de empresários revelou o
potencial estratégico dos selos e certificações sócio-ambientais para a conquista de novos
mercados consumidores. Por conta da necessidade de agregar valor aos calçados, algumas
empresas tem-se servido dos selos e certificações sócio-ambientais para atrair diferentes grupos
de consumidores, e conseqüentemente, elevar a venda de produtos e serviços. Sob a perspectiva
teórica, foram identificadas algumas contribuições dos selos e certificações sócio-ambientais
que anunciaram a responsabilidade do empresariado calçadista de Franca-SP em promover
ações para o bem-estar social e ecológico. No entanto, ficou evidente que a indústria calçadista
de Franca tem potencial para assumir mais responsabilidade perante a comunidade, uma vez
que os exemplos nos revelam que menos de 10% do total das 760 empresas cadastradas no
Sindifranca, tem selos ou certificações sócio-ambientais. A partir da análise dos exemplos
encontrados na literatura, verificou-se que é possível aliar competitividade estratégica com
gestão sócio-ambiental, pois os selos e certificações estudados foram emitidos por órgãos
competentes como o Greenpeace, Instituto Pró-Criança e Associação Nacional de Apoio aos
Diabéticos. Portanto, tem-se a dizer de forma conclusiva que os selos e certificações sócio-
ambientais são instrumentos capazes de agregar valor à cadeia produtiva de calçados, mas para
isto, devem realmente simbolizar as efetivas ações sócio-ambientais.
7- Referências Bibliográficas
ABICALÇADOS - Associação Brasileira das Indústrias de Calçados. Disponível em:
<www.abicalcados.com.br >. Acesso em: 20 de ago de 2005.
III EMEPRO – Belo Horizonte, MG, Brasil, 07 a 09 de junho de 2007
ASHLEY, Patrícia Almeida et al. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo:
Saraiva, 2003.
SOUSA, Joana D’arc Félix de. Reaproveitamento de Resíduos Sólidos Classe 1. [mensagem
pessoal] Mensagem recebida por: <Camila do Nascimento Cultri>. Em: 23 maio 2006.