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III EMEPRO – Belo Horizonte, MG, Brasil, 07 a 09 de junho de 2007
Avaliação de critérios necessários para se firmar uma parceria logística de sucesso numa indústria siderúrgica
Nathália Magna Medeiros (UFV)
nalimedeiros@yahoo.com.br
 Samuel Rossi Altoé (UFV) samuelatoe@yahoo.com.br José Geraldo Vidal Vieira (UFV)  jose.vidal@ufv.br 
Resumo
 
O objetivo geral do artigo foi analisar a logística colaborativa de uma empresa do ramo siderúrgico, a Gerdau Açominas S.A.. Foram analisados o sistema logístico da empresa e os  principais critérios de escolha de um parceiro logístico. Para tanto, utilizaram-se de entrevistas individuais e aplicação de questionários. Inferiu-se que o conceito de logística colaborativa não é muito difundido entre os funcionários e que a empresa se utiliza bastante de tecnologias de informação. Dentre as variáveis que mais se deseja que um parceiro  possua, foram destacados cumprimento de contratos, flexibilidade de negociação, transparência nos processos, confiança, confiabilidade de entrega, investimento específico em recursos humanos (treinamento e contratação), compartilhamento de informações, comprometimento, cultura organizacional semelhante, visitas periódicas, reciprocidade, investimento específico em tecnologia de informação. Palavras-chave: Logística colaborativa, Indicadores de desempenho, Indústria siderúrgica.
1. Introdução
De acordo com Ellram (1990), um dos primeiros passos para o desenvolvimento de esforços conjuntos entre empresas é compartilhar informação, e o próximo nível de competitividade será definido pelas cadeias de suprimento entre si, e não mais pela competição entre empresas isoladas (BOWERSOX, 2001). O sucesso de cada firma depende, em parte, da outra, que, juntas, procuram satisfazer as necessidades dos consumidores finais (ANDERSON e NARUS, 1990). Segundo Choi et al. (2002), a necessidade de trabalhar em conjunto é devido a três fatores: o ciclo de vida dos  produtos está cada vez menor, impulsionado pela inovação de novas firmas no desenvolvimento de produtos; com a tendência de customização em massa, os parceiros estão tendo que desenvolver produtos e serviços conjuntamente, de forma a atender às necessidades dos clientes a um preço menor; cada customização tem resultado na necessidade de investir em ativos específicos que requerem aumento do grau de troca de informação e de confiança. O presente trabalho se fez necessário porque, em meio a um panorama atual de processos de abertura comercial, desregulamentação e aumento do comércio internacional, a logística colaborativa é uma filosofia que tem se mostrado, por meio da relação de parceria entre empresa e fornecedor, como criadora de vantagens competitivas para ambos os lados, o que resulta em grandes benefícios para o consumidor final. O foco deste estudo é o relacionamento entre fornecedor e indústria. O objetivo foi analisar a logística colaborativa realizada numa empresa do ramo siderúrgico, a Gerdau Açominas S.A.. Para tanto, foram analisados o sistema logístico da empresa, assim como os principais critérios de escolha de um parceiro logístico. O artigo está organizado da seguinte forma e seqüência: revisão de literatura acerca de logística colaborativa, materiais e métodos, resultados e discussão e considerações finais.
 
III EMEPRO – Belo Horizonte, MG, Brasil, 07 a 09 de junho de 2007
2. Revisão de literatura
Whipple, Frankel e Daugherty (2002) resumem, de forma geral, o conceito de colaboração: alianças estratégicas, parcerias que adicionam valor, trocas relacionais, relacionamentos cliente-fornecedor, entre outros. Estes são diferentes termos usados para capturar o conceito de colaboração ou cooperação entre os parceiros. Isso significa que os parceiros trabalham  juntos, num ambiente de confiança, lealdade e mutualidade com o objetivo de reduzir custos, reduzir o mal uso de equipamentos e recursos (ou melhorar o desempenho), reduzir retrabalhos, compatibilizar capacidade, compartilhar riscos, perdas e ganhos e informações, ao longo do tempo. Jagdev e Thoben (2001) advogam que, desde 1995, novas formas de colaboração têm ocasionado freqüentes relações de compartilhamento de informação na cadeia de suprimentos, não somente de forma passiva (como troca de informações entre os parceiros), mas também de forma pró-ativa (por meio de ações colaborativas, como planejamento em conjunto e sincronização de atividades e processos de negócios). Ellram (1991; 1990, pp. 62-81) advoga que os elementos de sucesso de colaboração têm base nos fatores de natureza estratégica (contrato, conhecimento do parceiro, etc.), sócio-cultural (comprometimento pessoal, confiança, flexibilidade, mutualidade, compatibilidade cultural/organizacional) e tático (compartilhamento de informação, riscos e ganhos, etc.). Os elementos estratégicos e sócio-culturais também são defendidos por (OHMAE, 1989). Para Frankel, Goldsby e Whipple (2002), existem cinco principais fatores como críticos para o sucesso da colaboração: (1) Disposição de inovação e mudança; (2) entendimento/conhecimento do negócio do outro; (3) metas e objetivos comuns; (4) medidas e incentivos apropriados; (5) compartilhamento de informação. Já Vieira (2006) chegou a um conjunto de elementos para avaliar a colaboração na cadeia do varejo supermercadista, como mostra o Quadro 1.
Elementos de colaboração Estratégico
Conhecimento das dificuldades logísticas e estratégias do parceiro Freqüência de visitas técnicas
 
Conhecimento das dificuldades e estratégias logísticas do parceiro Participação da alta gerência na definição dos acordos logísticos
Ações Conjuntas
Participação das equipes em conjunto (das duas empresas) nos projetos de logística Transparência na comunicação para resolução de contingências logísticas Padronização e documentação de processos
 Compartilhamento de Custos e Ganhos logísticos
Projetos de parceria (cross docking, cpfr etc.)
 
Uso freqüente de sistemas de troca eletrônica de dados Compartilhamento de custos de entrega
Compartilhamento de Informações Logísticas e Comerciais
Troca automática de dados Envolvimento da área comercial Conhecimento e treinamento em logística da área comercial
Interpessoal
Reuniões logísticas Relações de confiança interpessoal e interorganizacional, reciprocidade, flexibilidade e interdependência Quadro 1 - Elementos de colaboração.
 
III EMEPRO – Belo Horizonte, MG, Brasil, 07 a 09 de junho de 2007
Dentro de todos esses grupos, o autor chegou a conclusão que o compartilhamento de custos e ganhos logísticos é o de menor importância para se construir a colaboração entre parceiros da cadeia do varejo. Os elementos de colaboração mostram que o sucesso da colaboração depende da habilidade (interna e externa de cada empresa como casos bem sucedidos) e da disposição dos administradores de construir significativos relacionamentos, criar a confiança (a qual permite aumentar a reputação entre os agentes), e renunciar ao individualismo em favor de mais  parcerias colaborativas (KOGUT, 1989; NOLAN, COUGHLAN e BRENNAN, 2004). Os elementos de colaboração quando bem aplicados, podem aumentar o desempenho logístico de forma a satisfazer aos clientes com entregas rápidas, sem erro e completas e a um baixo custo logístico total (MORASH, CORNELIA e SHAWNEE, 1996). Adicionalmente, os  parceiros podem alinhar outras sinergias como: aumento de entregas sem erro, cobertura de estoque (de forma que diminua a ruptura de gôndola e mantenha os estoques em níveis desejáveis), cumprimento da agenda de entrega, e atendimento de pedidos em períodos de demanda alta e demanda urgente (VIEIRA, 2006).
3. Materiais e Métodos
A amostra da população analisada foi composta por dois funcionários que realizam atividades logísticas para a Gerdau Açominas S.A.. A fim de se caracterizar como são efetuados os procedimentos inerentes à gestão logística da empresa e para avaliar os critérios de escolha de parceiros logísticos, utilizaram-se de entrevistas individuais que seguiam um roteiro previamente elaborado (Anexo 1).  Na questão 4 do roteiro, os entrevistados deveriam declarar, em grau de importância (notas mais altas que correspondiam à importância maior), qual das características mencionadas (elementos de colaboração) eles consideravam mais importantes para se firmar uma parceria de sucesso. Após obter uma média aritmética dos valores declarados a cada variável, os critérios para se escolher um parceiro logístico foram classificados como: muito importante (8  – 10), importante (6 – 7) e menos importante (1 – 5). Todas as variáveis são referentes à área de logística e foram explicadas aos entrevistados para que não houvesse dúvida no momento do preenchimento.
4. Resultados e Discussão 4.1. Caracterização da logística na empresa
A gerência de logística é separada em áreas e células que podem ser visualizadas, juntamente com suas atribuições, no Quadro 2:
Responsabilidade Gerenciamento
Logística de suprimentos Garantir todo o fluxo de entrada de materiais e equipamentos da usina Contratos com empresas de transportes ferroviários e rodoviários nos fluxos de minério de ferro, carvão, calcário, cargas fracionadas, químicos, etc Logística de distribuição Garantir todo o fluxo de saída de  produtos acabados da usina Contratos com empresas de transportes ferroviários e rodoviários nos fluxos de Perfis, PBT (placas e tarugos), e carboquímicos.
Área
Logística interna Armazenagem, carregamento e fluxos internos de produtos acabados Trânsito interno de ferrovias.

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