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Resumo
O objetivo geral do artigo foi analisar a logística colaborativa de uma empresa do ramo
siderúrgico, a Gerdau Açominas S.A.. Foram analisados o sistema logístico da empresa e os
principais critérios de escolha de um parceiro logístico. Para tanto, utilizaram-se de
entrevistas individuais e aplicação de questionários. Inferiu-se que o conceito de logística
colaborativa não é muito difundido entre os funcionários e que a empresa se utiliza bastante
de tecnologias de informação. Dentre as variáveis que mais se deseja que um parceiro
possua, foram destacados cumprimento de contratos, flexibilidade de negociação,
transparência nos processos, confiança, confiabilidade de entrega, investimento específico
em recursos humanos (treinamento e contratação), compartilhamento de informações,
comprometimento, cultura organizacional semelhante, visitas periódicas, reciprocidade,
investimento específico em tecnologia de informação.
Palavras-chave: Logística colaborativa, Indicadores de desempenho, Indústria siderúrgica.
1. Introdução
De acordo com Ellram (1990), um dos primeiros passos para o desenvolvimento de esforços
conjuntos entre empresas é compartilhar informação, e o próximo nível de competitividade
será definido pelas cadeias de suprimento entre si, e não mais pela competição entre empresas
isoladas (BOWERSOX, 2001).
O sucesso de cada firma depende, em parte, da outra, que, juntas, procuram satisfazer as
necessidades dos consumidores finais (ANDERSON e NARUS, 1990). Segundo Choi et al.
(2002), a necessidade de trabalhar em conjunto é devido a três fatores: o ciclo de vida dos
produtos está cada vez menor, impulsionado pela inovação de novas firmas no
desenvolvimento de produtos; com a tendência de customização em massa, os parceiros estão
tendo que desenvolver produtos e serviços conjuntamente, de forma a atender às necessidades
dos clientes a um preço menor; cada customização tem resultado na necessidade de investir
em ativos específicos que requerem aumento do grau de troca de informação e de confiança.
O presente trabalho se fez necessário porque, em meio a um panorama atual de processos de
abertura comercial, desregulamentação e aumento do comércio internacional, a logística
colaborativa é uma filosofia que tem se mostrado, por meio da relação de parceria entre
empresa e fornecedor, como criadora de vantagens competitivas para ambos os lados, o que
resulta em grandes benefícios para o consumidor final.
O foco deste estudo é o relacionamento entre fornecedor e indústria. O objetivo foi analisar a
logística colaborativa realizada numa empresa do ramo siderúrgico, a Gerdau Açominas S.A..
Para tanto, foram analisados o sistema logístico da empresa, assim como os principais
critérios de escolha de um parceiro logístico.
O artigo está organizado da seguinte forma e seqüência: revisão de literatura acerca de
logística colaborativa, materiais e métodos, resultados e discussão e considerações finais.
III EMEPRO – Belo Horizonte, MG, Brasil, 07 a 09 de junho de 2007
2. Revisão de literatura
Whipple, Frankel e Daugherty (2002) resumem, de forma geral, o conceito de colaboração:
alianças estratégicas, parcerias que adicionam valor, trocas relacionais, relacionamentos
cliente-fornecedor, entre outros. Estes são diferentes termos usados para capturar o conceito
de colaboração ou cooperação entre os parceiros. Isso significa que os parceiros trabalham
juntos, num ambiente de confiança, lealdade e mutualidade com o objetivo de reduzir custos,
reduzir o mal uso de equipamentos e recursos (ou melhorar o desempenho), reduzir
retrabalhos, compatibilizar capacidade, compartilhar riscos, perdas e ganhos e informações,
ao longo do tempo.
Jagdev e Thoben (2001) advogam que, desde 1995, novas formas de colaboração têm
ocasionado freqüentes relações de compartilhamento de informação na cadeia de suprimentos,
não somente de forma passiva (como troca de informações entre os parceiros), mas também
de forma pró-ativa (por meio de ações colaborativas, como planejamento em conjunto e
sincronização de atividades e processos de negócios).
Ellram (1991; 1990, pp. 62-81) advoga que os elementos de sucesso de colaboração têm base
nos fatores de natureza estratégica (contrato, conhecimento do parceiro, etc.), sócio-cultural
(comprometimento pessoal, confiança, flexibilidade, mutualidade, compatibilidade
cultural/organizacional) e tático (compartilhamento de informação, riscos e ganhos, etc.). Os
elementos estratégicos e sócio-culturais também são defendidos por (OHMAE, 1989).
Para Frankel, Goldsby e Whipple (2002), existem cinco principais fatores como críticos para
o sucesso da colaboração: (1) Disposição de inovação e mudança; (2)
entendimento/conhecimento do negócio do outro; (3) metas e objetivos comuns; (4) medidas
e incentivos apropriados; (5) compartilhamento de informação.
Já Vieira (2006) chegou a um conjunto de elementos para avaliar a colaboração na cadeia do
varejo supermercadista, como mostra o Quadro 1.
Elementos de colaboração
Estratégico
Conhecimento das dificuldades logísticas e estratégias do parceiro
Freqüência de visitas técnicas
Conhecimento das dificuldades e estratégias logísticas do parceiro
Participação da alta gerência na definição dos acordos logísticos
Ações Conjuntas
Participação das equipes em conjunto (das duas empresas) nos projetos de logística
Transparência na comunicação para resolução de contingências logísticas
Padronização e documentação de processos
Compartilhamento de Custos e Ganhos logísticos
Projetos de parceria (cross docking, cpfr etc.)
Uso freqüente de sistemas de troca eletrônica de dados
Compartilhamento de custos de entrega
Compartilhamento de Informações Logísticas e Comerciais
Troca automática de dados
Envolvimento da área comercial
Conhecimento e treinamento em logística da área comercial
Interpessoal
Reuniões logísticas
Relações de confiança interpessoal e interorganizacional, reciprocidade, flexibilidade e interdependência
Quadro 1 - Elementos de colaboração.
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Dentro de todos esses grupos, o autor chegou a conclusão que o compartilhamento de custos e
ganhos logísticos é o de menor importância para se construir a colaboração entre parceiros da
cadeia do varejo.
Os elementos de colaboração mostram que o sucesso da colaboração depende da habilidade
(interna e externa de cada empresa como casos bem sucedidos) e da disposição dos
administradores de construir significativos relacionamentos, criar a confiança (a qual permite
aumentar a reputação entre os agentes), e renunciar ao individualismo em favor de mais
parcerias colaborativas (KOGUT, 1989; NOLAN, COUGHLAN e BRENNAN, 2004).
Os elementos de colaboração quando bem aplicados, podem aumentar o desempenho logístico
de forma a satisfazer aos clientes com entregas rápidas, sem erro e completas e a um baixo
custo logístico total (MORASH, CORNELIA e SHAWNEE, 1996). Adicionalmente, os
parceiros podem alinhar outras sinergias como: aumento de entregas sem erro, cobertura de
estoque (de forma que diminua a ruptura de gôndola e mantenha os estoques em níveis
desejáveis), cumprimento da agenda de entrega, e atendimento de pedidos em períodos de
demanda alta e demanda urgente (VIEIRA, 2006).
3. Materiais e Métodos
A amostra da população analisada foi composta por dois funcionários que realizam atividades
logísticas para a Gerdau Açominas S.A..
A fim de se caracterizar como são efetuados os procedimentos inerentes à gestão logística da
empresa e para avaliar os critérios de escolha de parceiros logísticos, utilizaram-se de
entrevistas individuais que seguiam um roteiro previamente elaborado (Anexo 1).
Na questão 4 do roteiro, os entrevistados deveriam declarar, em grau de importância (notas
mais altas que correspondiam à importância maior), qual das características mencionadas
(elementos de colaboração) eles consideravam mais importantes para se firmar uma parceria
de sucesso. Após obter uma média aritmética dos valores declarados a cada variável, os
critérios para se escolher um parceiro logístico foram classificados como: muito importante (8
– 10), importante (6 – 7) e menos importante (1 – 5). Todas as variáveis são referentes à área
de logística e foram explicadas aos entrevistados para que não houvesse dúvida no momento
do preenchimento.
4. Resultados e Discussão
4.1. Caracterização da logística na empresa
A gerência de logística é separada em áreas e células que podem ser visualizadas, juntamente
com suas atribuições, no Quadro 2:
Responsabilidade Gerenciamento
De acordo com o questionário, ficou evidente que as características que mais se deseja que
um parceiro logístico possua são: flexibilidade; investimento específico em recursos humanos
(treinamento e contratação); compartilhamento de informações; confiança; comprometimento;
cultura organizacional semelhante; visitas à produção e/ou centro de distribuição do parceiro;
reciprocidade; investimento específico em tecnologia de informação. Além disso, nota-se que
o compartilhamento de custos logísticos não é considerado muito importante no processo de
escolha de um parceiro logístico. O Quadro 3 apresenta a classificação de algumas variáveis
colaborativas segundo o grau de importância numa parceria.
Muito importante
Flexibilidade; confiança;
comprometimento; Importante
reciprocidade; investimento
específico em recursos
humanos (treinamento e
contratação) e tecnologia de Interdependência;
informação; compartilhamento comunicação aberta; reuniões Menos importante
de informações; cultura periódicas; participação da
organizacional semelhante; alta gerência nos acordos de
visitas à produção e/ou ao colaboração. Compartilhamento de custos
centro de distribuição do logísticos.
parceiro.
Quadro 3 – Classificação de variáveis colaborativas segundo grau de importância.
Observa-se pelo Quadro 3 que os entrevistados declararam como mais importante as
características inerentes à colaboração interpessoal e aquelas ligadas a investimentos
específicos para atender às necessidades do parceiro. Isso demonstra um interesse em
aumentar as relações de troca e busca de maior eficiência logística. Por outro lado, a
interdependência e a frequência de reuniões foram declaradas características com menor
importância em relação a algumas já citadas do mesmo grupo (colaboração interpessoal). Isto
deixa claro a necessidade de ampliar os estudos para mais entrevistados e investigar a causa
desta disparidade nas respostas. Da mesma forma, as características vistas técnicas,
compartilhamento de informação e cultura semelhante entre as organizações revelam que os
parceiros têm buscado maior sinergia na relação e rapidez na troca de informação. No entanto,
esperava-se que uma comunicação aberta também fosse muito importante. Como era de se
esperar, o compartilhamento de custos logísticos ainda não é prioridade para os entrevistados.
Talvez esta característica pudesse ser desmembrada em compartilhamento de diversos custos
para uma melhor avaliação.
Para se escolher um fornecedor, outros dois fatores de desempenho são levados em maior
consideração: confiabilidade e custo. A confiabilidade é ainda mais relevante quando se vai
escolher um fornecedor porque a empresa não admite atrasos na entrega. Outro aspecto
avaliado para se escolher um fornecedor é a sua localização: prefere-se trabalhar com
fornecedores das cidades vizinhas à empresa, pois a garantia de chegada rápida de material
possibilita à empresa trabalhar com nível de estoque baixo.
5. Considerações Finais
A respeito do sistema logístico da Gerdau Açominas, destacam-se alguns pontos que se
tornaram evidentes ao longo das entrevistas e do estudo:
− O sistema logístico é altamente segmentado, pois suas atividades componentes estão
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