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Implantação do Sistema de Custos no Instituto de Previdência dos

Servidores do Estado de Minas Gerais - IPSEMG

Milton Quinto de Souza Júnior (IPSEMG) milton.Souza@ipsemg.mg.gov.br


Adauton Rios de Almeida (IPSEMG) adauton.rios@ipsemg.mg.gov.br
Valéria de Aquino (PUC MINAS, Centro Universitário UNA e IPSEMG) valeria_aquino@pucminas.br

Resumo
Na adoção de um novo paradigma de gestão governamental cresce a preocupação com o
equilíbrio das finanças públicas. Após aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal
informações a respeito da situação financeira tornou-se de fundamental importância
estabelecendo novos paradigmas de relacionamento dos gestores públicos com os recursos
financeiros.
Neste contexto, o Instituto de Previdência dos servidores do Estado de Minas Gerais
(Ipsemg), em iniciativa pioneira no Setor Público, iniciou em 2005 a concepção de um
modelo que ofereça sustentação teórica ao gestor nas decisões administrativas, no controle
eficaz e eficiente das atividades públicas e que possa sobretudo assegurar accountability
perante os cidadãos.
O presente artigo tem por finalidade apresentar as diretrizes do processo de implantação do
Sistema de Custos Departamentais no Ipsemg, bem como, as ferramentas que são utilizadas e
as que estão sendo implantadas visando agilidade das informações e a demonstração de
resultados, tanto no caráter orçamentário, financeiro, econômico ou de produção integrada ao
orçamento público e à contabilidade governamental.
Palavras chave: Sistema de Custos, Administração Pública, Accountability.

1. Introdução
Atualmente, constatam-se grandes avanços no controle dos gastos públicos. Um exemplo
disso é a Lei 101/2000, que obriga, em seu artigo 50, parágrafo 3º da LRF, as entidades
públicas a manterem um sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da
gestão orçamentária, financeira e patrimonial. Neste contexto, alguns órgãos da administração
pública já começam a se movimentar procurando implementar e/ou consolidar modelos
tecnológicos, administrativos, econômicos e/ou operacionais, consentâneos às tendências
atuais.
Entre os novos modelos e paradigmas surge a figura do Accountability como novo mecanismo
de controle exercido pela sociedade, de forma a aferir se os resultados atingidos foram
condizentes com as propostas do Governo. Há necessidade, entretanto, de se institucionalizar a
sua prática e definir critérios objetivos para mensuração dos resultados. (PEDERIVA, 1998).
Essa prática pode contribuir, inclusive, para elevar a governança1, na medida em que amplia a
confiança mútua entre Estado e Sociedade. Com melhor governança, por sua vez, mais

1
“Maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos econômicos e sociais, tendo em vista o
desenvolvimento”. Definição do Banco Mundial. (Melo, 1996).
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eficiente tende a ser o governo e, conseqüentemente, mais benefícios serão gerados para a
sociedade (Melo, 1996).
A apuração dos custos de serviços executados pelo poder público, bem como sua gestão, são
de grande valor no gerenciamento estratégico das políticas pertinentes, uma vez que
propiciam ao setor público um tratamento racional ao orçamento, e concomitantemente um
acompanhamento adequado à execução dos serviços, de modo a atender o crescente número
de beneficiários com qualidade com uma estrutura de custos competitivos, além de atuar
como forma de mensuração do “Accountability”.

1.1 Informações sobre a empresa


O Ipsemg é pessoa jurídica de direito público, de natureza autárquica e que teve sua origem na
caixa beneficiente dos funcionários públicos do estado instituído pela lei 588, de 06 de
setembro de 1912. Tem como missão institucional “contribuir para a melhoria da qualidade de
vida dos seus beneficiários, em consonância com os princípios de seguridade social,
promovendo a preservação da saúde e assistência previdenciária compatíveis com as
transformações sociais econômicas e políticas” (Relatório de Gestão – 2005). O Instituto
oferece ao servidor público mineiro e seus dependentes, assistência previdenciária, médica,
hospitalar, odontológica, farmacêutica e social, na capital e no interior do Estado, através de
serviços próprios, credenciados e conveniados. Estima-se que o número de beneficiários do
Ipsemg seja de 1,5 milhões. A assistência previdenciária presta serviço de concessão de
benefícios, pagamento de seguros e pecúlio, inclusão e cadastramento de beneficiários e
aplicação de recursos do FUNPEMG (Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais).
A produtividade do Instituto, conforme relatório de gestão no exercício de 2005 foi:
• O hospital próprio do Ipsemg, Hospital Governador Israel Pinheiro (HGIP) com 534
leitos realizou 712.320 procedimentos distribuídos entre internações, consultas
Médicas e Atendimentos no SMU. Foram realizados 1.558.195 exames/serviços
complementares, 49.318 cirurgias e 264.054 outros serviços.
• A superintendência odontológica (SUODONT) com 74 consultórios individuais que
realizou 571.480 procedimentos entre Tarefa Básica e pró-labore e 270.472
atendimentos;
• A Drogaria Externa realizou 68.548 atendimentos;
• O Centro de Especialidades Médicas realizou 18.949 consultas, 17.472 consultas pró-
labore, 13.899 exames laboratoriais (coleta), 1.344 exames eletrocardiogramas e 4.096
vacinas;
• Setenta e cinco Unidades Regionais2 realizaram 121.158 consultas (tarefa básica),
46.765 consultas pró-labore, 75.461 atendimentos odontológicos e 108.517
procedimentos odontológicos.
Dada a importância do Ipsemg no cenário mineiro, a diversidade de serviços oferecidos
elevado número de beneficiários e a exigência do mercado por elevado padrão de qualidade
nos serviços em contraposição à redução da capacidade de investimento em função do ajuste
fiscal, grande desafios se apresentam e se referem, primordialmente, à modernização de seu
modelo de gestão, de forma a possibilitar a melhoria e otimização da sua atuação. Desta
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As Unidades Regionais são divididas entre Centros Regionais (26 unidades) e Agências Regionais (60
unidades) que sendo que todas prestam serviços administrativos, nove prestam serviços ambulatorial, duas
serviço odontológico e vinte e sete serviços ambulatórias e odontológicos.

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forma, o Ipsemg, iniciou em 2005 a concepção e a implantação de um modelo de Gestão de


Custos tendo como diretriz o uso de um sistema que ofereça parâmetro para suas decisões
administrativas, controle de atividades e investimentos.
A primeira etapa da implantação foi concluída no ano de 2006, com a geração de relatórios
que possibilitaram pela primeira vez a visualização dos Custos Fixos do Instituto como um
todo.
Através do crescimento dos gastos na área de saúde e as limitações impostas pelos tomadores
de serviços hospitalares torna-se necessário a adoção de um Sistema de apuração de custos
mais eficiente. Desta forma, o Ipsemg, no último trimestre de 2006, aperfeiçoou o modelo
através da implantação de novas ferramentas, com o objetivo de apuração e ajuste dos custos,
vinculados aos Sistemas Corporativos do Governo do Estado de Minas: SIAFI3, SIAD4e
SISAP5.
Conhecendo os verdadeiros custos dos serviços prestados, o Ipsemg terá condições de cortar
desperdícios, aperfeiçoar seus serviços para impulsionar o melhoramento contínuo através do
gerenciamento do custo de cada uma das suas atividades.

2. Metodologia
2.1 Sistema de custos e suas peculiaridades
2.1.1 Gestão de Custos
Serve para identificar e quantificar os recursos utilizados para a produção ou serviços. O
principal objetivo da gestão de custos é produzir informações gerenciais de forma rápida e
eficiente, e com isso permitir aos gestores a tomada de decisão baseada nessas informações.
Custo é uma medida crítica da eficiência de um processo, que resulta em um objeto ou
serviço. Determinados objetos de custo, são definidos como qualquer coisa da qual se deseja
mensurar.
Ressalta-se que o sistema de custos não está atrelado a normas ou organogramas oficiais. É
uma ferramenta gerencial, e o seu objetivo é fornecer informações.
Etapas necessárias para garantir um bom funcionamento do Sistema de Custos:
• Criar uma base comum de dados a todas as unidades da estrutura organizacional;
• Monitorar “previsto” (orçamento) vs “realizado” (despesa liquidada);
• Rastrear todo o fluxo do processo de registro de dados;
• Treinar e padronizar os gestores de cada unidade administrativa;
• Auditar o processo periodicamente.
Portanto, um sistema de custos é um conjunto de normas, condutas, fluxos e padrões, que
depende primordialmente de quem o alimenta, o homem.

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SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira: registra a contabilidade orçamentária, financeira e
patrimonial do Governo do Estado de Minas Gerais, inclusive unidades da administração direta – autarquias,
fundações e universidades. (www.serpro.gov.br)
4
SIAD - Sistema Integrado de Administração de Materiais: ferramenta que centralizar e padronizar a gestão e o
controle dos procedimentos de compras de produtos direta administração direta, autarquias e fundações no
Estado de Minas Gerais. (www.serpro.gov.br)
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SISAP – Sistema de Administração de Pessoal: ferramenta que registra o ingresso/desligamento,
movimentações funcionais e pagamento de pessoal no Governo de Minas Gerais. (www.serpro.gov.br)

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2.1.2 Sistema gerencial de custos


No gerenciamento de custos é necessário avaliar o custo para se obter a informação e o
benefício, uma vez que o custo de medição e processamento poderá se tornar maior que o
benefício, que pode ser auferido com o conhecimento de tal informação.
Para que a mensuração possa ser feita, torna-se necessário a adoção de critérios estabelecidos
previamente, visando à padronização da coleta, registro e processamento dos dados. Deve
entrar em funcionamento um sistema que detenha e organize todas as regras e parâmetros. À
qualidade das informações resultantes do processamento (output) dependerá do grau de
confiabilidade dos dados brutos, utilizados na entrada (input).
2.1.3 Implantação da primeira etapa do Sistema de Custos
Para a melhor compreensão do trabalho de custos desenvolvido no Ipsemg são necessários a
conceituação de alguns termos (Relatório de Implantação de Custos – IPSEMG, 2005)
Gasto: compromisso assumido para obtenção de produto, ou serviço. (ex: compra de matéria-
prima).
Custos: valores dos recursos utilizados diretamente na produção de um bem ou serviço
(relacionados com o processo produtivo) - ex: medicamentos, salários, etc;
Despesas: gastos com bens e serviços para a obtenção de receitas. Ex: salário da
administração, aluguéis, etc;
Custo Direto: custos que podem ser apropriados diretamente aos serviços; (mão-de-obra
direta).
Custo Indireto: utilizam-se métodos de rateios para apropriá-los; (energia elétrica);
Custo Fixo: são aqueles que não variam, dentro de certos limites, de acordo com o volume de
produção; (Depreciação, aluguel, etc.).
Custo Variável: Estão relacionados diretamente com o volume de produção; (materiais e
medicamentos).
Outros dois conceitos importantes para entender os sistemas de custos são, segundo Horngren,
Foster e Datar (2003):
Centro de custos: são agrupamentos de diferentes itens de custos. Eles podem ser abrangentes,
concentrando todos os custos de um recurso para todo o Instituto. Como exemplo, os gastos
com telefones do Instituto. Ao contrario, também podem ser restritos, tais como os gastos de
telefones na Divisão de compras;
Critérios de alocação: é um fator denominador comum para ligar um custo a um objeto de
custos.
2.1.4 Etapas de implantação do sistema de custos
Primeiramente foi necessário “arrumar a casa”, ou seja, organizar os fatos e dados
disponíveis, até então dispersos e fragmentados, numa base comum, para avaliar a
consistência garantindo a comparabilidade e análise dos mesmos por todos os responsáveis e
pela alta direção.
A primeira parte da implantação do Sistema de custos consistiu em apurar os custos
administrativos. Desta forma, a área de Gestão de Custos (GC) trabalhou com nove itens de
despesas administrativas fixas de cada Unidade Administrativa do Ipsemg, organizados em

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planilhas Excel, sendo dados desagregados e consolidados. Foram fixados critérios e


procedimentos para garantir a padronização e para sua atualização mensal. O objetivo foi
definir e disseminar procedimentos padronizados, automatizados e descentralizados para o
levantamento dos custos administrativos das unidades que compõem a estrutura orgânica com
o envolvimento e crescente responsabilidade das chefias.
A segunda etapa consistiu em definir e disseminar a metodologia para a efetiva gestão de
custos administrativos, a partir da definição de indicadores de performance para cada unidade
administrativa que compõe a estrutura orgânica do Ipsemg. Está etapa teve a função de
evidenciar a necessidade da gestão de custos como ferramenta para a tomada de decisões,
transparência, racionalização dos gastos e maior responsabilização dos gestores.
A implantação destas etapas possibilitou atingir as seguintes metas:
• Institucionalizar a prática de levantamento de custos de forma padronizada, confiável,
segura e descentralizada, nas 46 unidades administrativas da estrutura orgânica do
Ipsemg (agosto/05);
• Constituir modelo de análise e controle dos custos administrativos, a partir de
indicadores de performance e da definição e/ou incorporação de critérios já testados e
reconhecidos de padronização destes em cada uma das 46 unidades administrativas,
(proposta 2ª etapa -dezembro/05);
• Reduzir o custo administrativo ao nível considerado satisfatório pela Agência
Nacional de Saúde – ANS, para instituições similares (sem lucros, com custo
administrativo entre18% e 20% do custo total).

2.2 Levantamento dos Custos Administrativos


A área de GC promoveu em conjunto as áreas gestoras, o levantamento dos dados
desagregados de nove itens de despesas administrativas fixas de cada Unidade
Administrativa. Os dados foram organizados em planilhas Excel, com recursos do banco de
dados, vinculados a uma planilha consolidada do Ipsemg. Isso significa que alterações para
fins de atualização na planilha matriz (desagregada, por item e unidade administrativa) são
automaticamente absorvidas pela planilha consolidada.
Apresentamos o histórico do levantamento inicial por item de despesa aplicado à todos
Centros de Custos. A responsabilidade para atualização dos dados mensais é a figura dos
gestores de cada Centro de Custo.
Pessoal: a Divisão de Recursos Humanos repassou a relação dos servidores à área de GC que
readequou as informações, conferiu os dados apresentados levando em consideração os
servidores da área administrativa. As planilhas retificadas foram encaminhadas à
DVRH/Pessoal para levantar o custo total dos servidores de cada Unidade Administrativa,
incluindo salário, 13º, férias e encargos sociais.
Profissionais terceirizados: faz parte deste bloco três itens: Limpeza e Conservação (Adser),
Administrativos (Feneis) e Menores e aprendizes (Assprom). Após o levantamento do Quadro
de Distribuição dos Trabalhadores Terceirizados da Adser, Assprom e Feneis, foi elaborada
uma planilha por Unidade Administrativa afim de levantar o custo dos Terceirizados.
Observando-se que no caso do trabalhador compartilhado entre duas áreas ou mais, o seu
custo foi rateado.
Área Física: tem como objetivo avaliar custo de oportunidade do espaço físico, considerando
a hipótese de utilização do mesmo para locação a preço de mercado (custo de oportunidade).

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Foi feito um levantamento da área física de todo o Edifício Sede, por Unidade Administrativa.
No HGIP e SUODONT foi feito o levantamento da área física total por unidade, no entanto
contabilizaram-se somente as áreas administrativas, expurgando-se aquelas utilizadas pelo
serviço médico de qualquer natureza do hospital. No Ambulatório considerou-se somente a
Coordenação no 1º andar, ou seja, foram excluídos os Custos Finalísticos.
Material Permanente: foi solicitado a cada Unidade Administrativa que realizasse o
levantamento dos seus bens patrimoniais, incluindo o valor unitário, especificações e número
de patrimônio e os encaminhasse em planilha específica, conforme o modelo enviado.
Contou-se, também, com o banco de dados da Divisão de Patrimônio para complementar
informação.
Material de Consumo: tendo como base o requerimento mensal ao almoxarifado, as Unidades
Administrativas preencheram uma planilha com os itens de maiores custos, que representam
cerca de 80% do gasto total. Os demais itens, que contabilizaram em torno de 20 % do gasto
total foram apresentados, conferidos e validados pelas Unidades Administrativas. Nesse caso,
adotou-se o Princípio de Pareto, que classifica as perdas nas organizações em pouco Vital
(aproximadamente 80% do custo total) e muito Trivial (aproximadamente 20% do custo
total). As áreas foram orientadas para apresentar código, quantidade, valor unitário e global de
cada item.
Serviços Públicos:
Água: no Edifício Sede, o valor global da conta de água foi repassado à GC que calculou o
rateio dessa despesa, utilizando como parâmetros área física (30%) e o número de servidores
(70%), por Unidade Administrativa, definindo o valor através da ferramenta estatística
Análise de Regressão linear.
No HGIP e SUODONT adotou como base de cálculo as informações obtidas no custo do
edifício sede através de uma regra de três composta, foi considerada a área física (Sede),
número de servidores (Sede) e valor total (Sede), procedendo-se ao cálculo do custo.
Energia Elétrica: no Edifício Sede, de acordo com o valor global da conta de luz, à GC definiu
os valores por meio da ferramenta estatística Análise de Regressão Linear. Utilizando como
parâmetro a área física de 20%, o número de servidores de 40%, e equipamentos de
informática 40% de cada Unidade Administrativa.
Foram adotadas no HGIP e SUODONT, as informações obtidas no custo do edifício sede;
através de uma regra de três composta, procedeu-se ao calculo do custo, considerando área
física, número de servidores e valor total.
Telefonia: no Edifício Sede, à área de GC calculou a despesa com telefonia por Unidade
Administrativa utilizando a conta com arquivo do tarifador, contendo o valor das ligações de
cada ramal, acrescentado a esses valores o custo fixo por ramal de R$23,66.
No HGIP, a listagem de ramais telefônicos foram divididas, na categoria 4: ligações
autorizadas somente para telefones fixos; na categoria 5: ligações autorizadas para
interurbanos, através telefones fixos e móveis, com o valor total das fatura. Foram separados
os ramais dos setores administrativos de cada categoria através da regra de três simples
estimou-se a despesa de cada ramal considerando o nº de servidores da unidade
administrativa. Na SUODONT, o custo de telefonia foi estimado considerando-se que 20% do
valor total de servidores atuam nos setores administrativos, tendo o mesmo percentual para
despesa de telefonia calculado sobre o total da fatura.
Equipamento de Informática: no Edifício Sede, a Divisão de Informática repassou a listagem
dos equipamentos e, através dela foi elaborada uma planilha com os equipamentos de cada

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Unidade Administrativa: número de patrimônio e especificações. Posteriormente


encaminhada a cada unidade para validação dos itens e das quantidades apresentadas. Com os
números de patrimônio e especificações, foi encontrado o valor unitário e global de cada
equipamento por Unidade Administrativa. No HGIP e SUODONT, foi realizado o
levantamento dos equipamentos de informática somente dos setores administrativos. Os
valores unitário e total dos equipamentos de informática foram disponibilizados pela
Manutenção/Patrimônio para à área de GC.
2.3 Implantação das novas ferramentas de apuração de custos
O Setor Público, particularmente a administração direta, que opera prestando serviços típicos
como o Ipsemg, necessita de um sistema de acumulação de custos por processo. Isso significa
que os custos desses serviços devem ser acumulados durante um determinado período, no
caso mensal. Os custos unitários dos produtos e serviços derivam-se da relação entre os custos
das atividades e as quantidades físicas executadas.
Segundo BAUMGARTNER, citado por TOGNON (1999, p.7), “A era do empirismo na
gestão hospitalar está com seus dias contados. As ferramentas administrativas e financeiras
são cada vez mais necessárias. Hoje já se fala em planejamento financeiro, fluxo de caixa e
outras ferramentas simples, porém de grande utilidade para a administração do negócio.
Dentre estas ferramentas, a questão dos custos hospitalares também é de extrema
importância”.
Conforme disse CERRI (1998): “Não existe, pelo menos que eu conheça, hospitais que
cobrem taxas com embasamento técnico. Simplesmente os custos dos serviços são
desconhecidos. Pior ainda: regra geral, quem estabelece o preço dos serviços são os
compradores (talvez o único setor da economia onde isto ocorre)”.
Pela complexidade das atividades exercidas, principalmente os serviços hospitalares, essa
etapa teve início na identificação de todos os Centros de Custos e classificação em diferentes
grupos alocados pela ordem de rateio. Os centros foram distribuídos por similaridade
referindo-se às suas funções e funcionamento e, classificados em diferentes grupos
apresentados a seguir:
Centros de Custos Administrativos: correspondem aos centros de custos responsáveis pelos
trabalhos de supervisão, controle e informação, que atendem os Centros de Custos em
geral.Centros de Custos Serviços de Apoio: integram os serviços de apoio das áreas de saúde
e previdência trocando serviços entre si, mas trabalham principalmente para os Centros de
Custos Intermediários, Finalísticos e de Produção;Centros de Custos
Intermediários/Auxiliares: recebe serviços dos Centros de Custos Serviços de Apoio, sendo
sua função específica a de servir os Centros de Custos Finalísticos;Centros de Custos
Finalísticos: atendem às atividades-fim da área de saúde e previdência, como unidades de
internamento, centro cirúrgico e pronto-socorro;
Centros de Custos de Produção: englobam as pequenas unidades de produção subsidiárias
ou atividades paralelas do hospital HGIP ou odontológica SUODONT, com despesas
próprias.A codificação detalha a estrutura até o nível de produção - menor unidade da
organização. Cada Centro, Unidades da Administração Superior, Diretoria, Divisão, Seção e
Assessoria, receberam um código de Centro de Custo numérico. O código dos Centros de
Custos foi elaborado com base na estrutura organizacional do Ipsemg, com o intuito de
facilitar a interpretação e atender ao sistema de custo seccional. Outro fator essencial e crucial
para a apuração dos custos foi arquitetar um Sistema de Informação que permitisse a coleta
dos componentes, em formato adequado para atender o Sistema de Custos, com
confiabilidade dos dados e de sua fonte.

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Segundo Galloro & Stephani (1995), a informação é a matéria-prima essencial na condução


da apuração dos custos e no processo de tomada de decisão, dentre os vários níveis
hierárquicos.
Nesse sentido, para uma administração eficaz, o Ipsemg esta implantando novas ferramentas,
com o objetivo de apurar os Custos Variáveis, vinculadas ao Sistema Corporativo do Governo
Estado de Minas Gerais que são o SIAFI, SIAD e SISAP.
A primeira ferramenta implantada e utilizada como mecanismo de coleta e apropriação de
gastos por Centros de Custos foi o Sistema Integrado de Administração Financeira – SIAFI.
Este Sistema registra a contabilidade orçamentária, financeira e patrimonial do Governo do
Estado de Minas Gerais, inclusive Unidades da Administração direta.
Os Centros de Custos foram devidamente cadastrados no SIAFI, utilizando a Unidade
Programação e Gastos (UPG), que é um modulo de captar os custos departamentais a partir da
movimentação de empenhos e liberações financeiras registrados no SIAFI.
Com isto todo e qualquer empenho ou liberação de pagamentos do Ipsemg, através do SIAFI,
é contabilizado nos Centros de Custos que recebem os benefícios dos recursos associados.
Foram criadas UPG’s especificas para determinadas despesas realizadas pelo Ipsemg, tais
como, pagamentos de hospitais e clínicas credenciadas. Em termos orçamentários a
ferramenta propiciou a abertura dos gastos setoriais na estrutura organizacional do Ipsemg, na
classificação orçamentária chegando ao grau de elementos e itens de despesas por Centros de
Custos e na descentralização dos recursos diretamente para os Centros responsáveis pela
despesa, o que propiciou um maior planejamento orçamentário das diversas áreas envolvidas.
A segunda ferramenta, que está sendo implantada, é o Sistema Integrado de Administração de
Materiais – SIAD. É uma ferramenta para centralizar e padronizar a gestão e o controle dos
procedimentos de compras de produtos da administração direta no Governo do Estado de
Minas Gerais. O objetivo do SIAD é a coleta de todas as movimentações realizadas entre os
Centros de Custos e os seus respectivos almoxarifados. Cada Centro foi devidamente
cadastrado no SIAD e vinculado a um almoxarifado. A utilização desta ferramenta propiciará
a captação dos custos com material de consumo nos Centros de Custos, a partir da requisição
e a entrega de um material pelo almoxarifado. Outra fonte de dados importante para a
apuração e apropriação dos custos no SIAD é o controle do material permanente.
A terceira ferramenta que está sendo atualizada para apurar os custos é o Sistema de
Administração de Pessoal – SISAP. O Sistema registra o ingresso/desligamento,
movimentações funcionais e pagamento de pessoal pelo Governo do Estado de Minas Gerais.
Atualmente, o Ipsemg utiliza um sistema eletrônico interno que possibilita o processamento
das informações dos custos de pessoal nos Centros de Custos. Em relação ao Pessoal
Terceirizado, o sistema eletrônico que processa as informações dos servidores, está sendo
adaptado para gerenciamento destes, inclusive, estabelecendo regras de rateio nos casos da
prestação de serviços para mais de um Centro de Custos como: trabalhadores da limpeza.
Uma quarta ferramenta está sendo desenvolvida pela área de Custos e a Divisão de
Informática. Será um programa de gestão de custos automatizado para o seu processamento.
Uma das funções desta ferramenta é de apurar os custos dos departamentos prestadores de
serviços para outros Centros de Custos, utilizando um sistema de rateio e alocação do custo
dos Centros auxiliares, administrativos, Serviços de apoio e intermediários para os Centros de
Custos Finalísticos.
3. Conclusão

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Este estudo teve a finalidade de apresentar a experiência de um órgão público na implantação


do Sistema de Custos. Através do processamento, análise e interpretação dos dados é possível
emitir relatórios gerenciais bem como, a apuração dos Custos Finalísticos das diversas
atividades realizadas no Ipsemg.
Desde o início da implantação deste modelo pôde-se constatar que o simples fato dos
servidores tomarem conhecimento da medição dos custos das suas unidades despertou uma
reação em cadeia, de forma que a preocupação com a manutenção ou redução dos custos de
cada unidade se converteu em uma prática rotineira. Com isso já se observa uma redução dos
custos das diversas unidades e uma expectativa para que as ferramentas de gestão e controle
de custos sejam disponibilizadas, de forma a capturar a eficiência das unidades que tem
demonstrado esforço em otimizar seus resultados e identificar as unidades que trabalham com
desperdício e ineficiência, permitindo uma gestão específica para melhorar seus resultados.

4. Referências
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