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PLANEJAMENTO URBANO NO AMBIENTE METROPOLITANO:

O CASO DO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA NA REGIÃO


METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE1
Geraldo Magela Costa Pollyanna Dias Pacheco
IGC/UFMG

RESUMO

O município de Nova Lima - RMBH tem se constituído em fronteira imediata de expansão da área
central de Belo Horizonte, caracterizada pela localização tanto de atividades terciárias avançadas
quanto de condomínios fechados para moradia ou lazer dos segmentos de alta renda da
população. Por um lado, tal processo tem se dado como uma tendência "natural" de expansão
metropolitana. Por outro lado, no entanto, há todo um conjunto de políticas locais e de legislação
urbanística dos municípios de Belo Horizonte e de Nova Lima, que têm contribuído para que tal
processo se efetive. O objetivo neste artigo é apresentar, num primeiro momento, um breve
histórico do processo de formação do eixo de expansão metropolitana na direção de Nova Lima e,
num segundo momento, analisar as políticas que têm contribuído para consolidar este eixo de
expansão. O suporte teórico-metodológico para esta segunda parte do artigo estará baseado em
autores que têm estudado as atuais tendências de estruturação do espaço no mundo capitalista,
com suas conseqüências em termos de novas políticas que estão sendo adotadas pelas
localidades na busca de inserção econômica em uma economia globalizada. Serão apresentadas
evidências empíricas desta busca de inserção, por meio da análise tanto de políticas adotadas
pela administração de Nova Lima quanto dos dados sobre a localização incentivada de atividades
do terciário superior, permitindo mostrar como o município, parte de uma realidade metropolitana,
está identificado com a busca de uma inserção econômica globalizada. Nas considerações finais
procurar-se-á analisar as interrelações e conseqüências de tais processos na estruturação e na
gestão do espaço metropolitano de Belo Horizonte.

gemcosta.bhz@terra.com.br 1
PLANEJAMENTO URBANO NO AMBIENTE METROPOLITANO:
O CASO DO MUNICÍPIO DE NOVA LIMA NA REGIÃO
METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE1
Geraldo Magela Costa 1 Pollyanna Dias Pacheco 2
IGC/UFMG

BREVE HISTÓRICO DA INSERÇÃO DE NOVA LIMA NO EIXO SUL DA


REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE

Não é novidade o intenso crescimento das aglomerações metropolitanas nos anos setenta.
Enquanto a população total brasileira experimentava naquela década taxa de crescimento anual
média de 2,48%, a população total das nove regiões metropolitanas cresceu a 3,79% a. a..
Observou-se também de forma generalizada que o crescimento das regiões metropolitanas se
deu a taxas bem maiores nos municípios periféricos do que no núcleo (Capital). Belo Horizonte
não foge a esta regra: as populações totais do núcleo e da periferia cresceram a taxas anuais
médias de 3,73% e 7,43%, respectivamente, naquela década.3

Foi um momento de intensos fluxos migratórios na direção das maiores aglomerações urbanas do
país e também de fracasso da política habitacional oficial para atender à demanda dos segmentos
populacionais urbanos de baixa renda das grandes aglomerações urbanas.

Em Belo Horizonte, boa parte do atendimento a esta demanda veio por meio da produção de
loteamentos populares, sob a responsabilidade de loteadores privados, que foram responsáveis
por abrigar grandes contingentes populacionais, especialmente migrantes. Costa (1983) registra
que apenas no período de 1975 a 1978 foram produzidos 47.030 lotes populares na região
metropolitana de Belo Horizonte. Os municípios onde a produção dos loteamentos populares se
deu de forma intensa nos anos setenta localizam-se no eixo oeste, de crescimento industrial, a
noroeste e sudoeste, áreas de influência do eixo industrial, ou na área de expansão norte (Figura
1). Naquele período 23.950 (50,9%) lotes populares foram produzidos no município de Ribeirão
das Neves (noroeste), onde a atuação daqueles loteadores se deu de forma mais intensa.

No outro extremo, 5.903 lotes acima de 1.000m2 foram produzidos naquele mesmo período.
Destes, 2.709 (45,9%) localizavam-se no município de Nova Lima no eixo de expansão sul da
Região Metropolitana.4 Nos anos setenta, enquanto a população urbana de Ribeirão das Neves
crescia a uma taxa anual média de 27,23%, a de três municípios do eixo de expansão sul (Nova
Lima, Rio Acima e Brumadinho), cresceu a uma média anual de apenas 2,50%, abaixo da média
metropolitana.

A intenção não é comparar a quantidade de lotes produzidos ou o crescimento da população


urbana em cada eixo de expansão metropolitana, mas mostrar como desde os anos setenta,
período de maior intensidade de crescimento populacional metropolitano, o município de Nova
Lima tem abrigado determinado tipo de loteamentos voltados para segmentos de alta renda da
população.

A proposição de lotes de 1.000m2 ou acima para Nova Lima já vinha desde 1976, quando o
Plambel5 elaborou o “Plano de Ocupação do Solo da Aglomeração Metropolitana de Belo
Horizonte”.6 O Plano propunha as principais diretrizes a serem adotadas nas legislações de
parcelamento ocupação e uso do solo dos municípios da Aglomeração Metropolitana, formada
pelas áreas urbanas conurbadas de oito municípios, além de Belo Horizonte: Contagem, Betim,
Ibirité, Ribeirão das Neves, Vespasiano, Santa Luzia, Sabará e Nova Lima.

Foram criadas seis diferentes tipos de zonas de expansão urbana, para as quais estabeleceram-
se os tamanhos mínimos dos lotes e as áreas a serem reservadas para sistema viário,
equipamentos e áreas verdes. Para três dessas zonas de expansão propunha-se lotes mínimos

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de 1.000, 2.000 e 5.000m2. Tais zonas estavam localizadas em áreas “onde baixa densidade era
desejada, principalmente para propósitos de preservação ambiental ou por causa de condições
topográficas muito irregulares” (COSTA, 1983: 168-169). Eram zonas destinadas, obviamente, à
ocupação por parte de segmentos de alta renda da população. Com base nas diretrizes
estabelecidas pelo Plambel e na lei federal 6766/79, foi promulgada uma lei municipal (No. 1068
de 19/12/1983) para regular o parcelamento, a ocupação e o uso do solo em Nova Lima.

Cabe aqui um parênteses para esclarecer que estas diretrizes sugerindo parcelamentos com lotes
acima de 1.000 m2, referem-se a certas áreas do município de Nova Lima: aquelas identificadas
como parte do processo de expansão a partir do núcleo metropolitano. Há no território de Nova
Lima, no entanto, várias outras formas de manifestações urbanas onde os lotes de pequena
dimensão são freqüentes e permitidos por lei.7 Algumas destas áreas urbanas já estão
consolidadas, como a sede municipal, localizada a aproximadamente 13 km do centro de Belo
Horizonte, núcleo antigo, base de suporte à mineração do ouro e ocupada por segmentos de
renda diversificados da população; outras, que apesar de ocorrerem em loteamentos ainda da
década de cinqüenta, só mais recentemente foram efetivamente constituídas, sendo em grande
parte ocupada por segmentos de baixa renda da população (Jardim Canadá); há ainda núcleos
antigos, em processo de mudança pela presença de novos moradores, a exemplo de artistas,
profissionais liberais, ativistas ambientais e todo um conjunto de “alternativos”, que desde os anos
setenta vinham buscando este tipo de ambiente como local de moradia.8

Inserido na bacia do Rio das Velhas, o município de Nova Lima apresenta um relevo bastante
acidentado, com predominância de terrenos com declividade acima de 20% e solos instáveis. Por
esta razão, o processo de expansão urbana e de “conquista” da paisagem natural só se tornaram
possíveis devido aos avanços nas técnicas construtivas, assim como às possibilidades
econômicas e financeiras dos ocupantes. Resulta também das condições topográficas irregulares
a forma fragmentada e descontínua dos assentamentos urbanos no território municipal, além de
problemas relacionados a infraestrutura, especialmente o sistema viário.

As características do relevo acima mencionadas associadas à estrutura de propriedade das


terras9, contribuíram para preservar, por um período relativamente longo, Nova Lima do processo
de expansão urbana a partir da zona sul de Belo Horizonte, que já nos anos oitenta apresentava
sinais de saturamento. A partir dos anos noventa, no entanto, intensifica-se a produção de
loteamentos, na forma de “condomínios” fechados, devida ao significativo estoque de terras e à
beleza cênica de sua paisagem natural. Assim, se nos anos setenta e oitenta a população urbana
de Nova Lima cresceu à taxa anual média de 2,50% e 2,10%, respectivamente, nos anos noventa
registra-se um crescimento anual médio de 4,07%, quando passou de 44.038 para 63.036
habitantes (COSTA, 2003: 166).10

A expansão na forma de “condomínios” é somente um lado do processo de “extravasamento” da


zona sul de Belo Horizonte sobre o município de Nova Lima. Intensifica-se também nos anos
noventa um processo de construção de edificações voltadas essencialmente para o setor serviços
na fronteira imediata com Belo Horizonte.

Este processo vem ocorrendo quase que exclusivamente na área limítrofe com Belo Horizonte, na
encosta da Serra do Curral que divide Nova Lima do município da capital. Tal processo não pode
ser entendido somente a partir de ações estratégicas da administração de Nova Lima - que, no
entanto, o incentiva como se verá na próxima secção -, mas também pela expansão da ocupação
urbana de Belo Horizonte na direção à Serra do Curral, na divisa com aquele município. As
dinâmicas tanto do mercado imobiliário quanto das atividades comerciais foram as principais
responsáveis por esta ocupação urbana.

Nos anos setenta e oitenta, são criados os bairros Belvedere 1 e 2, na forma de unidades
unifamiliares e destinados aos segmentos de alta renda da população, localizados no extremo sul
de Belo Horizonte, na encosta imediata da Serra do Curral. Também no final dos anos setenta é

2
implantado o primeiro grande shopping de Belo Horizonte, próxima aos mencionados bairros e às
margens da via de ligação da capital com a cidade de Nova Lima.

Em fins dos anos oitenta, uma modificação na lei de ocupação e uso do solo de Belo Horizonte,
permitiu a criação do Belvedere 3, agora para a ocupação essencialmente residencial mas
verticalizada e, conseqüentemente de alta densidade, em área localizada entre os bairros
unifamiliares acima mencionados e o shopping. A ocupação deste bairro foi rápida e intensa,
apesar de ainda não totalmente concluída, resultando em impactos negativos significativos,
especialmente nos sistemas viário e de transportes.

Estes fatos, somados à lógica do mercado imobiliário e iniciativas incentivadoras da administração


municipal de Nova Lima – que será explicitada mais adiante -, resultam em intensificação do
processo de extravasamento para o outro lado da Serra do Curral.

Naturalmente que esta é uma leitura da questão a partir do observador do núcleo metropolitano.
Uma leitura que se baseia na dinâmica de expansão da ocupação residencial e das atividades
comerciais a partir do centro-sul de Belo Horizonte. Daí poder-se falar em diferentes Novas Limas,
dependendo do olhar de quem está analisando. Na próxima seção será mostrada a visão da
administração municipal de Nova Lima, especialmente por meio da análise de suas ações
estratégicas e da forma como o projeto de um Plano Diretor dá suporte a elas.

GESTÃO ESTRATÉGICA EM NOVA LIMA

A gestão municipal em Nova Lima tem se caracterizado por ações estratégicas, aqui entendidas
como aquelas que se fundamentam na idéia de “empresariamento na administração urbana”
(HARVEY, 1996). São ações bem explicitadas em pronunciamentos e nas ações do Prefeito e
seus auxiliares, nos dizeres e na forma como as placas de marketing transmitem mensagens, na
legislação tributária, nas intenções expressas no Memorial de um Plano Diretor, em processo de
tramitação na Câmara Municipal.11

A idéia do empresariamento na administração urbana teria surgido como uma forma de “explorar
linhas de ação abertas aos governos urbanos diante de ampla erosão da base econômica e fiscal
de muitas das grandes cidades do mundo capitalista avançado (…). Os governos urbanos tinham
que ser muito mais inovadores e empreendedores (…)” (HARVEY, 1996: 49).12 Com base nestes
pressupostos, a tarefa da gestão urbana seria “atrair uma produção altamente móvel e flexível,
bem como fluxos financeiros e de consumo” (Harvey, 1995: 5). Para isto quatro tipos distintos de
opções, mas não exclusivos, poderiam ser adotados pelas cidades, todas elas voltadas para atrair
investimentos econômicos, atividades do chamado terciário avançado ou gastos de consumo e
que poderiam ser assim sintetizadas: a) criar incentivos e infraestrutura para a atração de
investimentos produtivos; b) melhorar o desempenho das cidades ou localidades como centros de
consumo, especialmente em torno do turismo e da cultura de massa; c) atrair funções de
comando e controle, tais como serviços financeiros e de negócios, seguros, pesquisa e
desenvolvimento e atividades administrativas em grande escala, tais como “indústrias de
escritórios”, voltadas para o armazenamento e processamento de informações, serviços
financeiros e de consultoria; e d) procurar atrair investimentos ou gastos do próprio governo, de
todos os níveis, como uma forma de melhorar o nível de emprego e renda (Harvey, 1995: 5 – 6).
Mesmo que a análise de Harvey estivesse com os olhos voltados para os países do capitalismo
avançado, não há dúvidas que muitas administrações locais brasileiras têm adotado uma ou mais
destas ações – dependendo das características econômicas de tais localidades -, visando atrair
investimentos “móveis e flexíveis” e, com isto, inserirem-se no mundo globalizado e competitivo.
Entrevistas realizadas com administradores locais na região metropolitana de Belo Horizonte,
inclusive Nova Lima, mostram que a idéia de competição por investimentos é generalizada, o que
leva a discursos sobre a necessidade de planejamento estratégico, mesmo que o seu conceito
não esteja bem entendido.

3
Em Nova Lima, as especificidades referem-se especialmente à natureza das atividades
econômicas que vinham sustentando a economia local: no início a mineração do ouro, à qual se
soma na segunda metade do século XX, mineração do ferro. “As duas principais empresas de
mineração do município são a Mineração Morro Velho (hoje Aglogold) – na extração do ouro – e a
Minerações Brasileiras reunidas (MBR), na extração do minério de ferro” (NOVA LIMA, 2002: 11).
Apesar de o território de Nova Lima abrigar aproximadamente 10% da reserva brasileira de
minério de ferro, há já no horizonte dos próximos 30 anos sinais de esgotamento das jazidas de
minério de ferro de alto teor. Quanto à extração do ouro, ela tem uma longa história em Nova
Lima, tendo sua extração sido iniciada na primeira metade do século XIX. Atualmente, no entanto,
as minas de ouro já estão quase totalmente desativadas, devido essencialmente aos altos custos
da tecnologia exigida para extração em grandes profundidades. Com isto, de acordo com o
Gerente de Projetos de Nova Lima, nos últimos 5 ou 6 anos o número de empregados da
Anglogold foi reduzido de 7.500 para 1.200.13 Estes fatos levaram à necessidade de considerar a
diversificação econômica do município desde já, de acordo com o Gerente de Projetos, o que
também foi considerado como um objetivo central do projeto do Plano Diretor, em processo de
revisão: “Conforme ficou evidenciado nos estudos realizados pelo SEBRAE, necessita Nova Lima
promover a diversificação de sua base de sustentação econômica, sobretudo porque ela é, antes
de tudo, dependente de recursos naturais não renováveis” (NOVA LIMA, 2002: 29). Há, no
entanto, uma preocupação explícita no Memorial do Plano Diretor, com as conseqüências da
diversificação econômica em relação às condições ambientais e de qualidade de vida, sugerindo
necessidade de controle sobre o crescimento populacional, especialmente via migrações, e,
principalmente o tipo de atividade econômica a ser priorizada. Nos termos expressos no Memorial:

“Assim, na medida em que seja adotada uma política de desenvolvimento econômico que
não implique em grandes fluxos migratórios e priorize a população ativa emergente de Nova
Lima, haverá efetiva contribuição ao processo de contenção da expansão demográfica. Não
caberia em Nova Lima, portanto, o modelo de desenvolvimento industrial de outros
municípios da RMBH, tendo em vista que a explosiva expansão demográfica resultante seria
inteiramente incompatível com a manutenção das características ambientais do município”
(p. 30).

A preocupação com os fluxos migratórios se estende à política social a ser adotada:

“Uma política social que induza fluxos migratórios sem vínculos com Nova Lima poderia
consolidar a condição de “município dormitório”, com o conseqüente comprometimento dos
recursos municipais, a redução dos níveis de qualidade de vida e a proliferação de
parcelamentos urbanos prejudiciais ao meio ambiente. São particularmente perigosos os
programas habitacionais de natureza social que não se vinculem estritamente à demanda
local” (p. 30).

É preciso, no entanto, relativizar esta preocupação com a atração de novos moradores para o
município. Ela refere-se essencialmente à população de baixa renda, especialmente o tipo de
migrante que tem promovido o crescimento de outros municípios da região metropolitana, como
Santa Luzia14 e Ribeirão das Neves, mencionados como exemplos indesejados pelo Gerente de
Projetos de Nova Lima.15 No outro extremo, a atração de moradores de alta renda é incentivada
especialmente por meio da criação de novos condomínios fechados no território do município.16
A proposta é a de que o crescimento econômico de Nova Lima se subordine ao conceito de
“desenvolvimento ambientalmente sustentável”. Conclui-se a “estratégia de desenvolvimento a ser
adotada” da seguinte forma:

“O plano diretor ora relatado, ao assumir esta estratégia, favorecendo um tipo de


desenvolvimento que preserve a qualidade de vida e o patrimônio ambiental do município,
consolida os fatores que o diferenciam do geral metropolitano e que o credenciam a se
transformar em centro de excelência urbana e em verdadeira reserva natural da região” (p.
30).

4
Há outras informações que contribuem para entender a preocupação em preservar o patrimônio
ambiental do município. Em primeiro lugar, existe uma imposição legal, derivada da criação da
Área de Preservação Ambiental – APA – Sul no início dos anos noventa, apesar de seu
Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) encontrar-se ainda em processo de elaboração. Nova
Lima tem 93% de seu território dentro desta APA. Além disso, é costume dizer que Nova Lima é a
“caixa d’água” de Belo Horizonte e outras partes da região metropolitana. Várias reservas de
mananciais localizam-se na APA – Sul, inclusive Nova Lima, e que são responsáveis por parte
substancial do abastecimento de água para a população de Belo Horizonte. Em segundo lugar, o
discurso do desenvolvimento ambiental sustentável e da qualidade de vida apresenta vantagens,
nos termos em que é incluído nos modelos de planejamento estratégico divulgado pelos
consultores internacionais. Ou seja, qualidade de vida e qualidade ambiental são atrativos que
dariam vantagens às localidades no processo de competição na atração de determinados fluxos
de investimentos e de consumo, além de moradores de alta renda, no caso específico de Nova
Lima, na forma de condomínios fechados. Nos termos do Memorial do Plano Diretor:

“A importância da preservação do patrimônio ambiental de Nova Lima transcende à simples


necessidade de preservação por imposição legal. De fato, é necessário que se compreenda
que o patrimônio ambiental se apresenta hoje como importante componente dos planos de
desenvolvimento econômico, seja pela atração de investimentos no turismo e no lazer, seja
pela atração de empresas que consideram o meio ambiente e a qualidade de vida fatores
positivos em suas políticas de investimentos” (p. 30).

INSTRUMENTOS DE SUPORTE À GESTÃO ESTRATÉGICA

a) Quanto ao desenvolvimento do setor terciário

As principais estratégias da gestão municipal de Nova Lima quanto à atração de atividades


econômicas dizem respeito à consolidação do município enquanto localização de serviços do
chamado terciário superior. A visão da administração municipal de Nova Lima em relação ao
processo de extravazamento do núcleo central de Belo Horizonte é utilizada como justificativa à
estratégia de incentivo para a atração de atividades terciárias. O Memorial do Plano Diretor refere-
se à competição com Belo Horizonte como fator inibidor à expansão do setor terciário em Nova
Lima, embora o município poder “se beneficiar das vantagens locacionais e fiscais que apresenta
para o reassentamento de empresas comerciais e de serviços existentes na Capital” (p. 31).
A administração aposta então na possibilidade de consolidação da região de contato com Belo
Horizonte como um centro metropolitano de comércio e serviços. Assim está explícito no Memorial
do Plano Diretor:

“…não há necessidade de muito estudo para se chegar à conclusão que Nova Lima deve se
preparar para o impacto desta consolidação, seja levando-a em consideração em qualquer
estratégia de desenvolvimento que vier a ser estabelecida para o setor terciário, seja
considerando-a na antevisão do papel que caberá aos bairros Vila da Serra e Vale do
Sereno17 no contexto do desenvolvimento do município” (p. 31)

Observa-se nesta passagem do texto do Memorial a intenção de se adotarem estratégias de


empresariamento urbano (Harvey, 1996) para que o território do município de Nova Lima dê
suporte à consolidação de um centro metropolitano identificado com as mudanças mais recentes
ligadas à inserção das localidades em um mundo economicamente globalizado e marcado por
competições. Para isto, os principais instrumentos utilizados pela administração local têm sido a
legislação tributária, associada à flexibilização no processo de negociação com os empresários
interessados em se instalarem no município.

Quanto à legislação, foi aprovada a Lei 1565/98 de 30 de junho de 1998, que institui a alíquota de
apenas 0,50%, até o final do exercício de 2003, a várias categorias de atividades do setor
serviços. Esta medida insere-se na intenção da administração de adotar incentivos fiscais
seletivos para incentivar o desenvolvimento de atividades econômicas que se enquadram no

5
contexto de exploração ambientalmente sustentável. Além desta, há outras exigências por parte
da administração local, a exemplo da geração de um certo volume de emprego e da destinação de
parte deste volume para residentes em Nova Lima.

Dados fornecidos pela Prefeitura sobre contribuintes cadastrados no período de 01/01/1990 a


30/06/1998 (data da aprovação da Lei 1565/98), revelam que nos dois bairros acima mencionados
– Vale do Sereno e Vila da Serra -, existiam registradas 74 atividades econômicas. No período
posterior a esta lei até 30/10/2002, foram registrados um total de outras 292 novas atividades
econômicas nesses mesmos bairros, perfazendo um total geral de 366. O quadro 1 especifica as
quantidades relacionadas por categorias do total de atividades registradas nos dois bairros.

Quadro 1
Atividades Econômicas por Categoria
Nova Lima – 01/01/1990 – 30/10/2002
ATIVIDADES (ordem alfabética) QUANTIDADE
Assistência técnica e conserto (s) 9
Bancos e cooperativas 4
Comércio varejista e atacadista 7
Construção civil 26
Consultoria e assessoria 89
Distribuição e representação 24
Empresa prestadora de serviços 19
Ensino (superior) 8
Factoring e cobrança 6
Hospital e clínica 16
Informática, sistemas e telecomunicações 15
Pequenas fábricas 3
Publicidade e propaganda 8
Restaurante e lanchonete 9
Serviços de arquitetura 21
Serviços médicos 53
Outras 49
TOTAL 366
Fonte: Prefeitura Municipal de Nova Lima – Relação de Contribuintes Cadastrados no período de 01/01/19990 a 30/10/2002.

Observa-se que a atividades são em sua maioria de prestação de serviços, conforme era a
intenção da estratégia proposta pela administração local. Mesmo que algumas dessas atividades
ocupem apenas salas ou andares de prédios, estes têm se caracterizado pelos avanços em
termos de disponibilidade de serviços identificados com a chamada era informacional. Outras
atividades, apesar do relativamente pequeno número de registros, são de grande porte, a exemplo
dos 16 hospitais e clínicas, das seis entidades de ensino de nível superior, além de grandes
edifícios de escritórios centrais, como a sede administrativa da Fiat Automóveis18 e da Microcity
Computadores e Sistemas.

b) Quanto ao incentivo a loteamentos/condomínios para a população de alta renda.

Não se identifica, na administração local, instrumentos ou estratégias explícitos quanto a este tipo
de incentivo. No entanto, segundo entrevista realizada com o Gerente de Projetos da Prefeitura, o
poder público local é bastante favorável e flexível à aprovação desses empreendimentos, pois
além de gerarem um significativo número de empregos para a população de baixa renda nos
serviços de apoio, abrigam um tipo específico de morador que raramente utiliza os serviços
sociais básicos municipais, como os de saúde e de educação, uma vez que sua condição
econômica lhes permite ter acesso a opções privadas. Além disso, esta posição favorável e de
incentivo está também clara tanto nas falas do Prefeito (jornais, audiências públicas de
licenciamento ambiental, reuniões, etc) e participantes de sua equipe, bem como nas placas de
marketing espalhadas ao longo das principais vias do município que enfatizam a qualidade de vida

6
e ambiental já mencionada quando se analisou as estratégias expostas no texto do Memorial do
Plano Diretor.

São hoje vários condomínios. Alguns se consolidaram como locais de moradia permanentes,
outros funcionam com sítios de fim-de-semana, outros como uma segunda moradia. Ocupam
fundamentalmente as proximidades de rodovias de uma forma dispersa, contribuindo para
desenhar um mosaico complementado por áreas de mineração, reservas de proteção
permanentes, mananciais protegidos e serras declivosas impróprias para ocupação urbana.
A recente entrada das duas maiores mineradoras (MBR e Anglogold) - que juntas são
proprietárias de 46% do território de Nova Lima -, no mercado imobiliário, além de outras
iniciativas, têm apontado na direção de uma intensificação do processo de produção de novos
loteamentos/condomínios no município. Encontram-se, por exemplo, em processo de
licenciamento ambiental o Alphaville 2, às margens da BR-040, na direção do Rio de Janeiro e um
grande empreendimento imobiliário resultante de uma pareceria entre a Anglogold, proprietária do
terreno, e a Odebrecht.

Haverá demanda para tamanha oferta? É um pergunta difícil de ser respondida. Dados do
Memorial do Plano Diretor (p. 31), revelam que existiam, em 2002, aproximadamente 26.000 lotes
vagos. Apesar deste tipo de dado merecer detalhamentos para se determinar, por exemplo, a
localização do lote de acordo com o zoneamento urbano ou o tipo de loteamento/condomínio, não
há dúvidas de que se trata de um substancial volume de imóveis vagos, considerando-se que a
população urbana de Nova Lima era de 63.036 habitantes em 2000.

Mesmo que esta ocupação se dê dentro de um horizonte relativamente longo, o seu impacto no
conjunto do espaço metropolitano será grande, especialmente em termos de sistemas viário e de
trânsito. A intensidade do impacto será ainda mais ampliada quando se considera o
extravazameneto do núcleo central da capital para Nova Lima, especialmente em termos das
atividades terciárias acima analisadas. Dados de pesquisa de origem-destino (O/D), realizada pela
Fundação João Pinheiro em 2001/2002 mostram uma ligação intensa com Belo Horizonte em
termos de local de trabalho da população ocupada: 32,93% da mão de obra residente naquele
município trabalhavam na capital (COSTA; FLORES, 2003). Isto significa um considerável
movimento pendular diário entre localidades destes dois municípios, contribuindo para evidenciar
que boa parte dos processos de expansão urbana de Nova Lima, nas formas tanto de atividades
terciárias quanto de moradia constitui de fato extensão do núcleo central metropolitano. Este tipo
de constatação leva à necessidade de discutir a questão metropolitana.

A QUESTÃO METROPOLITANA

A expressão "questão metropolitana" é ampla e diz respeito a pelo menos três processos. O
primeiro refere-se à formação da metrópole, à forma como os vários agentes e atores produzem e
reproduzem o espaço metropolitano. São as atividades industriais, a atuação do mercado
imobiliário, a intervenção do poder público por meio da provisão dos serviços urbanos e,
principalmente, do estabelecimento de normas e leis de orientação e disciplinamento do
parcelamento, da ocupação e do uso do solo. Além desses, há o processo de inserção dos vários
segmentos sociais neste espaço, seja por meio de formas legais de acesso à moradia, seja por
meio de ocupações ditas "ilegais" de espaços das cidades.

Em cada momento da formação da região metropolitana de Belo Horizonte e certamente das


regiões metropolitanas de uma forma geral, há um ou mais agente ou ator que orienta e
condiciona a formação do seu espaço.

O segundo processo fundamental da questão metropolitana é o planejamento. O órgão de


planejamento metropolitano de Belo Horizonte (Plambel) foi extinto nos anos noventa. Na
realidade, a extinção foi se dando de forma gradual desde o início dos anos oitenta, como
conseqüência tanto do abandono do planejamento em todas as escalas de gestão, quanto da
aversão ao Plambel por parte do governo mineiro da segunda metade daquela década. O Plambel

7
pode não ter cumprido de forma exemplar aquilo que se esperava de uma entidade de
planejamento metropolitano. Além disso, o Plambel era identificado com um processo de
institucionalização da RMBH que nasceu no bojo da criação, pelo regime militar, de outras
Regiões Metropolitanas brasileiras, dentro de uma concepção simétrica, centralizadora e
obrigatória.

Um outro aspecto refere-se às políticas setoriais, como as de saneamento, de transportes, entre


outras. Antes mesmo do inicio do processo de decadência, as atividades de planejamento do
Plambel já vinham sofrendo a interferência das formas de gestão dessas políticas setoriais, que
tinham concepções e atuações próprias sobre o processo de metropolização e os limites da
metrópole. Atuavam de forma independente da concepção abrangente e integradora do
planejamento metropolitano que caracterizava as ações do Plambel. Resumindo, pode-se dizer
que as complicações que levaram ao enfraquecimento do Plambel tiveram várias origens e se
generalizaram, resultando em sua extinção em meados dos anos noventa.

Poder-se-ia dizer que o Plambel precisaria mesmo morrer para renascer dentro de um novo
momento, democrático, que se anuncia após a Constituição de 1988. É a partir desse momento
que o terceiro processo, o da gestão metropolitana, passa a ser o centro da questão. A
Constituição de 1988 dá força ao (re)surgimento da autonomia municipal, em parte como
conseqüência do movimento pela democratização e em parte devido a uma concepção de
descentralização como fundamento do sistema federativo. O fato é que hoje há toda uma
experiência de gestão local, baseada tanto na idéia de participação quanto na ideologia do
planejamento estratégico, esta última voltada para a inserção das localidades, por meio da
competição, em uma economia globalizada e dominada pelas leis do mercado. Ambas as
tendências, por mais positivas que possam ser em relação ao planejamento e gestão locais,
dificultam a formação de uma consciência da questão metropolitana, ausente do capítulo sobre a
política urbana na Constituição de 1988. A responsabilidade de legislar sobre a sua criação foi
repassada para as Constituições Estaduais que, no caso de Minas Gerais, dedicou uma subseção
para tratar de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões. É criada, entre
outras instâncias, a Assembléia Metropolitana. Analisando o caso da Região Metropolitana de
Belo Horizonte, Mares Guia (2001: 14 – 15) escreve:

“A Assembléia Metropolitana – Ambel, modelo de gestão considerado dos mais avançados


entre as regiões metropolitanas do país, adotada na Região Metropolitana de Belo
Horizonte, tem sido incapaz de promover uma ação concertada entre municípios e se
mostrado inoperante na formulação e implementação de políticas necessárias ao
enfrentamento dos seus problemas comuns”.

As razões para esta incapacidade incluem, segundo a autora, a inexistência de uma consciência
metropolitana por parte da maioria dos membros da Ambel, as dificuldades relacionadas ao aporte
de recursos financeiros, a lógica própria de atuação das instituições responsáveis pelas políticas
setoriais, entre outras. O problema parece não se relacionar com a legislação. Ou seja, não há
dúvidas que a legislação recente hoje existente, associada a outras anteriores voltadas para
temas tais como a regulação dos parcelamentos urbanos (Lei Fedral 6766 de 1979), a questão
dos impactos ambientais (legislação ambiental) ou a regulamentação e ampliação do capítulo da
política urbana da Constituição de 1988 (Estatuto da Cidade), tem dispositivos importantes para o
controle do processo de produção e estruturação do espaço metropolitano.

No entanto, para que tenha eficácia, os responsáveis pela aplicação deste arsenal de legislação
necessitam de diretrizes gerais, abrangentes e integradas sobre o processo de metropolização.
Como já foi dito, existem as Assembléias Metropolitanas que representam, em sua concepção,
avanços políticos e democráticos de gestão das áreas metropolitanas. As avaliações deste tipo de
instituição têm mostrado, no entanto, que elas são ineficazes do ponto de vista da necessária
abordagem abrangente e integrada acima mencionada. Isto só poderia se dar por meio do
planejamento, que deve ser visto como um processo, com técnicos e governos cientes de que tal
processo exige trabalho constante. Ou seja, o processo de gestão exige maior clareza sobre a

8
totalidade do que é para ser gerido. O planejamento enquanto um processo é o caminho para se
produzir o conhecimento necessário à gestão eficaz. Ele inexistindo, mesmo que se tenham
legislações avançadas, política e ecologicamente corretas, o risco do caos sócio-espacial
continuará a ameaçar a metrópole.

Um bom exemplo da necessidade de um processo constante e abrangente de planejamento


metropolitano é o caso dos sistemas viário e de transportes. A expansão metropolitana na direção
sul (eixo sul) analisada neste artigo evidencia bem os riscos a que se está referindo. Não é
novidade a intensidade dos processos analisados, tanto aquele que tem resultado em
extravasamento das atividades de serviços a partir no centro-sul de Belo Horizonte, quanto o que
tem levado a novas opções de moradia para os segmentos sociais de mais alta renda,
comandado pela ação dos agentes do mercado imobiliário, às vezes associado às mineradoras e
incentivado pela administração municipal de Nova Lima. Vistos de forma isolada, cada um dos
chamados "condomínios" que proliferam neste eixo de expansão da metrópole, apresenta, em sua
maior parte, padrões de parcelamento e de inserção ambiental condizentes com o que as leis
determinam. Os parcelamentos mais recentes apresentam seus estudos de impacto ambiental e
atendem aos requisitos da legislação municipal, da lei federal de parcelamento 6766 e procuram
passar por todas as etapas do licenciamento ambiental de responsabilidade da Fundação
Estadual do Meio Ambiente (FEAM).

Tais instrumentos, por mais abrangentes e bem intencionados que sejam, não dão conta, no
entanto, de uma visão compreensiva e integrada do processo de metropolização. As análises têm
sido rigorosas para cada um dos empreendimentos específicos, mas carecem de diretrizes
resultantes de um processo de planejamento metropolitano nos termos acima mencionados.
Não é preciso ser especialista em sistemas viário e de transportes para se perceber que, na
ausência de uma análise mais abrangente do processo de metropolização e de diretrizes
estruturais de planejamento, no médio e no longo prazos há o risco de impactos negativos, de
difícil superação, sobre o conjunto do espaço metropolitano da RMBH.

9
Figura 1

Fonte: Mendonça; Costa (2003)

10
1
Professor do Programa de Pós-graduação em Geografia – IGC/UFMG
2
Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Geografia – IGC/UFMG
3
Dados obtidos de Baeninger (1992: 19 – 22)
4
Para uma análise mais abrangente da produção de loteamentos na Região Metropolitana de Belo Horizonte nos anos setenta,
consultar Costa (1983).
5
Nome dado ao planejamento da Região Metropolitana de Belo Horizonte antes mesmo de sua instituição pelo governo estadual. O
nome Plambel foi mantido para designar a superintendência (depois autarquia) estadual metropolitana.
6
Para uma análise das principais características deste Plano ver a dissertação de mestrado de Heloisa COSTA (1983), na qual está
baseada a síntese aqui desenvolvida.
7
O inciso II do Capítulo II da Lei no. 1.068 (de parcelamento, ocupação e uso do solo) especifica que os lotes poderão ter área mínima
de 125m2, observado o zoneamento do Município, constante de Plano de Uso e Ocupação do Solo.
8
Para uma análise mais detalhada destes aspectos do espaço urbano de Nova Lima, ver Costa (2003).
9
Aproximadamente 46% do território de Nova Limas pertencem a duas mineradoras (MBR e Anglogold). Esta questão será tratada
adiante neste artigo.
10
Andrade (2002) registra que, na forma de “condomínios”, foram produzidos 6.209 lotes nos anos setenta, 1.190 nos anos oitenta e
1.601 nos anos noventa, sendo que 1545 destes últimos correspondem ao loteamento do Alphaville. Cabe ainda registrar que em 2004
estão sendo aprovados dois outros grandes loteamentos deste tipo: Alphaville 2 e Vale dos Cristais.
11
Uma proposta de Plano Diretor foi enviada à Câmara Municipal em 1999. Em 2000, ainda sem ser votada, a proposta foi retirada da
Câmara para adaptações a um novo contexto de inserção metropolitana de Nova Lima. Em 2002, a proposta foi novamente enviada à
Câmara incluindo, nos dizeres de seus realizadores, as determinações constantes do Estatuto da Cidade, lei federal aprovada em julho
de 2001.
12
Não serão resgatadas neste artigo as propostas e as amplas avaliações críticas sobre o planejamento estratégico de cidades,
especialmente o chamado modelo catalão, expresso, entre outros, nos textos de Castells & Borja (1996, 1997). No entanto, algumas
referências certamente serão necessárias ao longo do texto. Para uma avaliação crítica mais completa e conclusiva ver Vainer (2000).
13
Palestra realizada em 2002 para alunos de graduação em Geografia, em trabalho de campo de disciplina por mim ministrada.
14
Santa Luzia, a nordeste da RMBH, também se inclui no intenso processo de expansão periférica desta Região, iniciado nos anos
setenta, caracterizando-se como cidade dormitório de população de baixa renda semelhante a Ribeirão das Neves, mencionado
anteriormente neste artigo.
15
Palestra realizada em 2002 para alunos de graduação em Geografia, em trabalho de campo de disciplina por mim ministrada.
16
Os condomínios fechados, apesar de ilegais, trazem vantagens para o município, especialmente por meio da cobrança do IPTU,
geralmente com alíquotas elevadas. Além disso, os gastos da Prefeitura com esses condomínios são mínimos, uma vez que suas
associações organizadas de moradores responsabilizam-se por praticamente todos os serviços “públicos”, como manutenção do
sistema viário, de parques, de jardins e, em alguns casos, dos sistemas de abastecimento de água, de coleta de esgotos e de lixo.
17
Nomes dos dois bairros localizados na zona de contato com Belo Horizonte onde as atividades terciárias estão em
processo de grande crescimento.
18
A fábrica (montadora) localiza-se no município de Betim, no principal eixo industrial da RMBH.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, L. T. de. 2002. Segregação socioespacial e vida cotidiana: o caso dos condomínios
fechados. ENCONTRO NACIONAL DA ANPOCS, 26. Anais…Caxambu, 22 a 26 de out. 2002. GT
02: Cidade, metropolização e governança urbana.
BAENINGER, R. 1992. O processo de urbanização no Brasil: características e tendências. In:
BOGUS, L.M.M., WANDERLEY, L.E.W. (Orgs.). 1992. A luta pela cidade em São Paulo. São
Paulo: Cortez Editora. p.11-28.
CASTELLS, M.; BORJA, J. 1996. As cidades como atores políticos. Novos Estudos, n. 45. São
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COSTA, G. M.; FLORRES, C. E. 2003. A expressão sócio-econômica e espacial da dinâmica
ocupacional na região metropolitana de belo horizonte – RMBH. ENCONTRO
TRANSDISCIPLINAR ESPAÇO E POPULAÇÃO DA APBEP. Campinas, 13 a 15 de nov. 2003.
Anais…Belo Horizonte: ABEP (Disponível em CD – Rom).
COSTA, H. S. M. 2003. Natureza, mercado e cultura: caminhos da expansão metropolitana de
Belo Horizonte. In: Mendonça, J. G. de; Godinho, M. H. de L. (org.). População, espaço e gestão
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Brazil. Londres: Architectural Association. (Dissertação de Mestrado). HARVEY, D. 1995. Espaços
urbanos na ‘aldeia global’: reflexões sobre a condição urbana no capitalismo do final do século
XX. (Transcrição de uma conferência proferida em Belo Horizonte, em 1995)
HARVEY, D. 1996. Do gerenciamento ao empresariamento: a transformação urbana no
capitalismo tardio. Espaço & Debates, n. 39, ano XVI. São Paulo: NERU, p. 48 - 64.

11
MARES GUIA, V. R. 2001. A gestão na Região Metropolitana de Belo Horizonte: avanços e
limites. In: Fernandes, E. (org) Direito urbanístico e política urbana no Brasil. Belo Horizonte: Del
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NOVA LIMA, Prefeitura Municipal de, 2002. Memorial do Plano Diretor de Nova Lima. Versão
encaminhada à Câmara Municipal em novembro de 2002.
VAINER, Carlos, B. 2000. Pátria, empresa e mercadoria: notas sobre a estratégia discursiva do
Planejamento Estratégico Urbano. In: Arantes, O.; Vainer, C.; Maricato, E. 2000. A cidade do
pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, p. 75 - 103.

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