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Revista HISTEDBR On-line Resenha

Resenha do livro:
BEHRENS, Marilda Aparecida. O Paradigma Emergente e a Prática Pedagógica.
Petrópolis: Vozes, 2005.

Resenhada por:
Ligiane Aparecida da Silva
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação
Universidade Estadual de Maringá - UEM.

O PARADIGMA EMERGENTE E A PRÁTICA PEDAGÓGICA

Marilda Aparecida Behrens é pedagoga pela UFPR, mestre e doutora em Educação pela
PUC-SP e atua nas licenciaturas, na graduação em pedagogia e na formação de professores
universitários há trinta anos. Lidera dois grupos de pesquisa: ''Paradigmas educacionais e
formação de professores” e “Educação, comunicação e tecnologia”. É especialista em
metodologia do ensino superior e escreveu a obra: “O paradigma da complexidade –
Metodologia de projetos, contratos didáticos e portfólios”, publicado pela Editora Vozes
(2005), além desta sobre a qual passo agora a resenhar.
O Paradigma Emergente e a Prática Pedagógica é um livro que procura despertar
educadores para a necessidade de se renovar o ensino e a aprendizagem nas escolas e
universidades, buscando superar os paradigmas conservadores, que levam à reprodução do
conhecimento e limitam o poder de criatividade dos alunos. Explicita a influência do
paradigma newtoniano-cartesiano na educação, que materializou-se por meio das
abordagens tradicional, escolanovista e tecnicista. Chama a atenção dos leitores para a
necessidade de superação dessas práticas e introdução de uma nova visão que venha de
encontro com as necessidades e anseios do homem contemporâneo e considere o indivíduo
como parte de um todo harmonioso, no qual os seres são interdependentes e capazes de se
relacionarem, enriquecendo-se uns aos outros. A autora sugere uma aliança entre a
abordagem progressista, do ensino com pesquisa e da visão holística e acredita que essa
proposta possa dar um novo rumo à educação atual.
O capítulo I descreve o paradigma newtoniano-cartesiano, sua influência sobre a
sociedade e, consequentemente, sobre a educação, criticando sua concepção de mundo e
apresentando um novo paradigma capaz de superar o pensamento mecanicista, influenciar
todas as áreas do conhecimento e inovar a prática pedagógica das escolas e universidades.
O capítulo II concentra-se em apresentar os três paradigmas conservadores (tradicional,
escolanovista e tecnicista), procurando detalhar suas principais características em relação à
prática pedagógica, no que diz respeito à escola, ao professor, à metodologia e à avaliação.
O capítulo III esclarece a necessidade de superação dos paradigmas conservadores, que
geram a reprodução do conhecimento, pelos inovadores, que possibilitam a produção do
mesmo, propondo uma junção entre a abordagem sistêmica ou holística, progressista e do
ensino com pesquisa e expondo suas peculiaridades.
O capítulo IV oferece um modelo de projeto pedagógico desenvolvido para facilitar a
prática docente de acordo com o paradigma emergente e a autora apresenta-o como
sugestão de trabalho para professores.
O capítulo V apresenta algumas dicas para professores que pretendem modificar sua
prática de ensino e desafia-os a contribuírem para a transformação da sociedade e,

Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.35, p.321-322, set.2009 - ISSN: 1676-2584 321
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especialmente, da educação, sob a luz dessa nova perspectiva.


O Paradigma emergente e a prática pedagógica é um livro que aborda uma questão
importante a ser analisada pelos educadores: a do método utilizado nas salas de aula hoje.
Ao esclarecer as especificidades tanto dos paradigmas chamados conservadores, quanto
dos inovadores, contrapondo-os e, ao mesmo tempo, revelando a incorporação inevitável
dos primeiros pelos segundos, como se dá o “desenrolar” da própria história, procura fazê-
lo de maneira a contextualizar o leitor no período em que vive e a compreender as
necessidades que dele decorrem.
Uma prática ainda comum nas escolas é a utilização dos paradigmas conservadores
como método de ensino. No entanto, numa sociedade em constante mudança e na qual o
desenvolvimento tecnológico tem atingido até as camadas mais subordinadas, torna-se
questionável o emprego de metodologias que exijam do aluno mera passividade e não lhe
permitam o desenvolvimento da autonomia, já que o professor não é mais o único detentor
do conhecimento ao qual se tem acesso. Outra questão observada pela autora é o fato de as
pessoas estarem perdendo de vista valores que possibilitam a própria vida em sociedade,
como o respeito, a solidariedade, a preservação da natureza. Daí a necessidade de uma
prática docente que recupere esses valores e, ao mesmo tempo, conscientize o indivíduo e
o prepare para caminhar de forma autônoma.
A proposta de junção entre abordagem sistêmica, abordagem progressista e abordagem
do ensino com pesquisa busca responder a essa necessidade e a autora acredita que esta
possa dar um novo rumo à educação, à medida em que as resistências vão caindo e os
conflitos decorrentes desse período de transição vão tornando-se mais amenos. Para tanto,
afirma ser necessário um pouco de ousadia por parte dos professores e uma certa dose de
inconformismo diante da realidade, para que as mudanças ocorram de fato.
É nesse sentido que O Paradigma Emergente e a Prática Pedagógica, livro de fácil
compreensão, leva o leitor a entender que cada período da história possui suas
particularidades e exige certas modificações na sociedade e, consequentemente, na
educação.
O livro contribui para que se conheça melhor o passado da escola brasileira, o
acréscimo das abordagens utilizadas em cada período e as discussões atuais acerca da
necessidade ou não de uma reforma metodológica para que a educação acompanhe o
desenvolvimento da sociedade como um todo.

Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.35, p.321-322, set.2009 - ISSN: 1676-2584 322

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