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Edna Possan
Universidade Federal da Integração Latino-Americana
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Estudo dos efeitos da lixiviação de cal no concreto de enchimento da casa de força da UH Itaipú View
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Resumo:
Palavras chave: desempenho, NBR 15575, vida útil, durabilidade, qualidade da construção.
Abstract:
The development of new technologies, construction processes and building materials associated
to competitive demands of the industry has fostered the construction of buildings increasingly slender
and economic. However, with industrial progress and the growth of cities, and consequently with the
increase of urban pollution, buildings began to be exposed to extremely unfavorable environments.
Thus, over time many buildings began to show degradation levels higher than desired, presenting
problems related to quality and durability, characterized by premature aging, mainly due to the
appearance of pathological manifestations. These problems affect the aesthetics, safety, use and
durability of buildings. These facts have called the attention of Brazilian constructors to carry out the
project for durability, better control of the design and execution of new buildings and, above all, the
need for constant monitoring and/or maintenance of existing buildings. In this sense, the recently
published performance standard (NBR 15575: 2013), aims to improve the quality of new housing. For
this, takes into account the durability and useful life of structures and parts, suggesting the
mathematical modeling as a tool for estimating the lifetime and performance analysis. This paper
1. INTRODUÇÃO
1 Desabamento de edifico em reforma, ocorrido em 27 de agosto de 2013, em São Mateus,São Paulo, SP. Dez mortos e 26 feridos.
2 Desabamento de laje, ocorrido em 11 de fevereiro de 2013, em São João da Barra, RJ. Dez feridos e duas vítimas fatais.
3 Desabamento de marquise, ocorrido em 14 de fevereiro de 2013, em Belo Horizonte, MG. Uma vítima fatal.
4 Desabamento de três edifícios, ocorrido em 25 de janeiro de 2012, centro do Rio de Janeiro. Cinco pessoas morreram.
5 Desabamento, ocorrido em 21 de fevereiro de 1998 no Rio de Janeiro, RJ, vitimando oito pessoas.
Tendo em vista que o concreto é o material de construção mais consumido no mundo, sendo
predominante mos sistemas estruturais da maioria das construções brasileiras, cabe neste texto fazer
referência a esse material de construção.
Destaca-se que no início do desenvolvimento e difusão do concreto armado, as estruturas eram
projetadas utilizando bom senso e experiência profissional, onde a principal característica controlada
era a resistência à compressão (R), que durante muito tempo foi tida como fonte única e segura das
especificações de projeto (POSSAN, 2010).
Com o passar dos anos, ocorreram grandes mudanças nos materiais de construção, ambiente de
exposição e procedimentos de cálculos. Verificou-se que o concreto armado apresentava limitações e
que somente o parâmetro resistência (R) era insuficiente para atender às exigências de projeto. Então
se enfatizou a durabilidade (D) destas estruturas e dos seus materiais constituintes, aliando
posteriormente este conceito ao desempenho (DES) das mesmas, ou seja, ao comportamento em uso.
Contudo, ainda faltava inserir nos projetos a variável “tempo”, surgindo então os estudos de vida útil
(VU). Atualmente, fatores como competitividade, custos e preservação do meio ambiente estão
novamente impondo mudanças na maneira de se conceber estruturas, exigindo que estas sejam
projetadas de forma holística, pensando no seu ciclo de vida (CV) e nos custos associados (CCV -
Custo do Ciclo de Vida). A partir do CCV vários estudos podem ser conduzidos, com destaque às
estimativas de custos de manutenção ao longo da vida útil, estudos de impacto ambiental, entre outros,
auxiliando na seleção da melhor alternativa de projeto para novas estruturas ou de manutenção, reparo,
reabilitação ou destinação final para estruturas existentes. Com isso o projeto para a sustentabilidade
Desempenho pode ser definido como o comportamento em uso. No caso de uma edificação
pode ser entendido como as condições mínimas de habitabilidade (como conforto térmico e acústico,
higiene, segurança, entre outras) necessárias para que um ou mais indivíduos possam utilizar a
edificação durante um período de tempo.
O desempenho pode variar de um indivíduo para o outro, pois depende das exigências do usuário (na
concepção) ou dos cuidados no uso (manutenção). Também depende das condições de exposição do
ambiente em que a edificação será construída, como temperatura, umidade, insolação, ações externas
resultantes da ocupação etc.
Mas como estabelecer o desempenho de uma edificação? Segundo a NBR 15575-1 (2013)
internacionalmente é comum estabelecer o desempenho por meio da definição de requisitos
(qualitativos), critérios (quantitativos ou premissas) e métodos de avaliação, os quais sempre permitem
a mensuração clara do seu cumprimento.
O estabelecimento do desempenho de uma edificação se dá por meio de critérios de
desempenho que segundo a NBR 15575-1 (2013) são especificações quantitativas dos requisitos de
desempenho (qualitativos), expressos em termos de quantidades mensuráveis, a fim de que possam ser
objetivamente determinados. Esta prevê para edifícios habitacionais 12 critérios de desempenho (ver
tabela 1) baseados na norma ISO 6241 (1984) e adaptados para a realidade
brasileira.
Segundo a Norma, para que uma edificação tenha um desempenho adequado deve-se buscar
junto ao usuário a captação dos requisitos de desempenho. Com base nestes requisitos qualitativos
(segurança, resistência, conforto, boa estética, etc.) devem-se estabelecer os critérios de desempenho
(estabilidade estrutural, resistência ao fogo, conforto térmico e acústico, durabilidade, etc) por meio de
resoluções normativas prescritivas vigentes.
Destaca-se que as Normas prescritivas estabelecem requisitos com base no uso consagrado de
produtos ou procedimentos, buscando o atendimento às exigências dos usuários de forma indireta. Já
4. DURABILIDADE
De acordo com a ISO 13823 (2008), durabilidade é a capacidade de uma estrutura ou de seus
componentes de satisfazer, com dada manutenção planejada, os requisitos de desempenho11 do projeto,
por um período específico de tempo sob influência das ações ambientais, ou como resultado do
processo de envelhecimento natural.
O conceito de durabilidade associa-se diretamente à vida útil. Refere-se às características dos
materiais e/ou componentes, às condições de exposição e às condições de utilização impostas durante
a vida útil da edificação. Destaca-se que a durabilidade não é uma propriedade intrínseca dos
materiais, mas sim uma função relacionada com o desempenho dos mesmos sob determinadas
condições ambientais. O envelhecimento destes resulta das alterações das propriedades mecânicas,
físicas e químicas, tanto na superfície como no seu interior, em grande parte devida à agressividade do
meio ambiente. Para Mehta e Monteiro (2008) “uma vida útil longa é considerada sinônimo de
durabilidade”.
A durabilidade é essencialmente uma visão retrospectiva do desempenho de uma estrutura. A
expectativa de que uma estrutura pode ser durável ou não só pode ser avaliada por meio da utilização
de modelos que representem os processos de deterioração a que está suscetível, de forma que, para
garantias do projeto, requer-se a utilização de metodologias de previsão de vida útil (fib 53, 2010).
De maneira geral, vida útil consiste em mensurar a expectativa de duração de uma estrutura ou
suas partes, dentro de limites de projeto admissíveis, durante seu ciclo de vida12, sendo definida pela
ISO 13823 (2008) “como o período efetivo de tempo durante o qual uma estrutura ou qualquer de seus
componentes satisfazem os requisitos de desempenho do projeto, sem ações imprevistas de
manutenção ou reparo”. De forma mais simples a NBR 15575 (2013) define vida útil como “uma
medida temporal da durabilidade de um edifício ou de suas partes”.
Com isso, destaca-se a importância do manual do usuário no qual devem estar descritas as
atividades e a frequência das ações de manutenção necessárias para a garantia da VUP da edificação,
similar ao já difundido na indústria automobilística, onde ao se comprar um veículo o proprietário
recebe um manual que indica o tempo ou a quilometragem necessária para cada ação de manutenção.
Caso o usuário descumpra esses limites ele perde a garantia do produto, pois a indústria
automobilística entende que sem as manutenções indicadas não é possível garantir a “vida útil” do
automóvel.
Normalmente, a Vida útil é expressa em anos, sendo estabelecida pela maioria das Normas e
Códigos do concreto (ver Tabela 2) uma vida útil de projeto (VUP) mínima de 50 anos para a maioria
das estruturas e 100 anos para estruturas civis, como obras de infraestrutura, pontes, viadutos,
barragens entre outras.
Segundo a norma, dentre os aspectos supraditos, os itens “a” e “b” são essenciais para que o
edifício construído tenha potencial de atender integralmente a VUP, sendo que a implementação destes
depende do projetista, incorporador e construtor. Já os itens “c”, “d” e “e” são essenciais para que se
atinja efetivamente a VUP e dependem dos usuários. No entanto, para que esses itens possam ser
cumpridos, é fundamental que estejam informados no manual de uso, operação e manutenção do
edifício, a ser entregue pelo empreendedor aos usuários.
Na tabela 4 apresenta-se um quadro resumo das incumbências ou responsabilidades de cada
interveniente (responsável) da edificação, mostrando que para se alcançar o desempenho requerido é
necessário que todos os envolvidos na cadeia da construção civil, do fornecedor de materiais aos
usuários da edificação, desenvolvam corretamente seu papel.
Ressalta-se que a análise do CCV exige visão sistêmica e multidisciplinar, pois além do
conhecimento em engenharia são necessários conhecimentos básicos em ciência dos materiais,
processos estocásticos e engenharia econômica.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Fortaleza: Gadioli Cipolla Comunicação, 2013, 308p.
FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON. FIB Bulletin 34. Model Code for Service Life
Design, February 2006.
GARCÍA-ALONSO , M. C.; ESCUDERO, M. L.; MIRANDA, J. M.; VEGA , M. I.; CAPILLA, F.;
CORREIA, M. J.; SALTA, M.; BENNANI, A.; GONZÁLEZ, J.A. Corrosion behaviour of new
stainless steels reinforcing bars embedded in concrete. Cement and Concrete Research, 37, p.1463–
1471, 2007.
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P.J.M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. São Paulo:
IBRACON, 2008.
NACE International - The national association of corrosion engineers. Corrosion costs and
preventive strategies in the United States. Publication n. FHWA-RD-01-156, 2002. Disponível em
http://www.nace.org/nace/content/publicaffairs/cocorrindex.asp. Acesso em 5 de abril de 2012.