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Guia da
Gestação ao
Puerpério
Como viver cada fase com mais leveza
A todas aquelas que viveram antes
de mim, que resistiram e abriram
o caminho, mesmo em meio a tanta
opressão;
2. Gestação 13
2.1. SINTOMAS DA GESTAÇÃO 14
2.2. FASES DA GESTAÇÃO 15
3. Parto 23
3.1. GRUPOS DE APOIO 24
3.2. PROFISSIONAIS DO PARTO 25
3.3. PLANO DE PARTO 32
3.4. DATA PROVÁVEL DO PARTO 35
3.5. INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO 37
3.6. BOLSA ROTA FORA DE TRABALHO DE PARTO 44
3.7. TRABALHO DE PARTO 45
3.8. MITOS 78
3.9. INTERVENÇÕES 88
3.10. PARTO IDEAL E PARTO REAL 94
4. Pós-Parto 97
4.1. QUESTÕES FÍSICAS 99
4.2. QUESTÕES EMOCIONAIS 102
4.3. AMAMENTAÇÃO 104
Nascer é o que nos torna iguais, todo ser humano já esteve dentro de uma mulher e dela
nasceu. Por isso acredito que cada concepção, cada gestação e cada nascimento importam.
Por isso acredito que cuidar dessa mulher, desse bebê, dessa simbiose entre esses dois seres
e dessa nova família deve ser uma preocupação de todos e um fator essencial para mudar o
mundo. Afinal, o mundo de cada um de nós começa assim, então que esse início da vida seja
único e especial.
popular e individual, todos a serviço da mulher e do bebê, que são os verdadeiros protagonistas
Meu nome é Jéssica Scipioni, sou doula, e o meu objetivo é te ajudar nessa fase da sua
feminina única de criar e gerar vida, eu queria mudar tudo, queria mudar o mundo, queria mudar
Hoje acredito em uma mudança serena e tranquila. Uma mudança que começa silenciosa,
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza INTRODUÇÃO
Hoje, como boa pisciana e sonhadora que sou, ainda desejo mudar o mundo!
Mas sei que a mudança é lenta e acontece principalmente no plano individual, depende
Então hoje concentro minhas forças no que, para mim, é essencial: tocar as mulheres, na
sua individualidade! Tocar você. Porque, se tem uma coisa que aprendi sendo doula, é que não
existe certo e errado, e que cada mulher é um universo rico e, muitas vezes, inexplorado!
Estou aqui para te ajudar a desvendar a força e o poder que existem dentro de você, para
Primeiro, precisamos
enfrentada, mas esse movimento serve também para as que virão depois de nós, para o futuro,
para as nossas filhas e netas, para que elas tenham o respeito ao seu feminino, ao seu corpo, ao
seu parto, à sua vida! Eu trabalho por mim, por vocês, por nós e por elas!
Acreditando nisso, escrevi esse guia, com muitos medos, inseguranças, dificuldades, mas
também com muita confiança, carinho e muito amor... Como um filho que eu imaginei, gestei e
pari.
Esse guia faz parte da minha missão de vida, e nele você vai encontrar informações
parto e pós-parto, para que você possa se sentir mais segura, forte e preparada para percorrer
Feche os olhos, respire fundo, relaxe e seja bem-vinda! Estou muito feliz pelo nosso
encontro.
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza INTRODUÇÃO
sofrido. Nas novelas, o parto é retratado como um evento doloroso, traumático e primitivo.
Porque pode ser diferente! O primeiro passo para mudar isso é transformar a forma
Primeiro, então, vamos falar sobre a nossa realidade, e no Brasil a verdade inconveniente
Em 2010, foi feita uma grande pesquisa no Brasil sobre parto e nascimento, intitulada
Nascer no Brasil1, e foi constatado que, na primeira gestação, a maioria das mulheres quer
um parto normal quando descobre que está grávida (84,6% no setor público e 63,9% no
setor privado). Mas 44,8% no setor público e 89,9% no setor privado acabam fazendo
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza INTRODUÇÃO
cesárea.
Por que grande parte das mulheres acaba fazendo cesárea sem desejar e, muitas vezes,
sem precisar, já que apenas uma pequena taxa realmente precisaria da cirurgia? O que acontece
no meio do caminho que faz com que as mulheres desistam do parto ou sejam levadas a uma
cesariana desnecessária?
Vários fatores influenciam para que isso aconteça, desde questões mais abrangentes,
sociais, culturais e econômicas, até questões pessoais, tanto da própria gestante, quanto dos
familiares e dos profissionais da área. O buraco é muito mais embaixo, mas não vamos fazer
uma escavação.
O objetivo aqui é falar diretamente com você que está grávida ou se preparando para isso,
então vou focar nas questões pessoais: o que leva uma mulher a ter medo, a desistir do parto
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza INTRODUÇÃO
• Dinheiro, a maioria das pessoas pensa que parto humanizado é só para quem tem
A boa notícia é que basta resolver um desses “Ds” – desinformação – para que todos os
outros se resolvam ou, pelo menos, não pesem mais na escolha. As mulheres que decidem pelo
parto normal eventualmente também desconfiam da sua capacidade e têm medo da dor, mas o
Lembre-se sempre de que “É normal ter medo. Apenas não se esqueça de também ter
coragem”4.
Parto humanizado é muito mais do que um tipo de parto (parto na água, parto sem
dor, etc.) ou uma via de nascimento (vaginal ou cirúrgico), é um conceito, um novo modelo de
assistência ao parto e ao nascimento que vem sendo proposto no século XXI no mundo
todo. Ou seja, não é só uma modinha. O Brasil vem sendo pressionado internacionalmente para
promover ações que diminuam as taxas de cesárea, pois isso está diretamente relacionado à
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza INTRODUÇÃO
ideal de cesárea seria entre 10% e 15%. Porém as cesáreas vêm se tornando
cada vez mais frequentes, tanto nos países desenvolvidos como naqueles em
cada uma. Quanto mais acompanho partos, mais tenho convicção de que não existe um parto
igual ao outro, então não tem como seguir um padrão de vontades (todas as mulheres vão
querer isso) ou de tempo. O que vai guiar esse processo serão os desejos da mulher, seu bem-
seja, equipes compostas por profissionais de diversas áreas (médicos, enfermeiras, doulas, etc.),
sem hierarquia, cada um desenvolvendo o seu papel e respeitando as funções do outro, sempre
em benefício da mulher, que deve participar ativamente do processo decisório, sabendo o que
esta acontecendo em cada etapa e confiando nas pessoas que estão lhe auxiliando.
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Aline e eu, no parto do seu segundo filho, Benjamin, depois de uma cesariana.
(Eleonora de Moraes)
iniciar e evoluir naturalmente, não acelerar o parto ou agendar uma cesárea sem necessidade.
Todas as intervenções devem estar à disposição da mulher para serem usadas quando necessário
e, se estiver tudo bem, a mulher tem o direito de decidir como deseja parir.
das decisões, toda a carga de responsabilidade recai sobre os médicos; no parto humanizado,
todos os riscos e benefícios de cada opção são informados, e a decisão é feita em conjunto, não
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Uso das melhores e mais recentes evidências: nada disso é feito sem respaldo técnico
ser baseadas nas melhores e mais recentes evidências cientificas, por isso o profissional precisa
sempre estar atualizado. A medicina evolui, coisas que fazíamos há alguns anos hoje sabemos
que não devem ser feitas (p.ex. o lado que o bebê dorme, coisas que comemos), isso não é
diferente com o parto (p.ex. episio, kristeller, etc.). O atendimento ao parto também evolui.
Respeitando todos esses pontos, o parto pode ser, sim, uma experiência cheia de dúvidas,
medos, inseguranças e dores, mas também repleta de amor, respeito, confiança e transformação.
Além de tudo isso, na esfera individual, parto humanizado tem a ver com um caminho
a ser percorrido por cada uma, de acordo com seus desejos e a sua história de vida,
afinal, só você sabe o que é melhor para você, a escolha será sempre sua. Mas, para
conhece todas as opções à sua disposição e todos os riscos e benefícios que envolvem cada
uma delas.
O conhecimento liberta!
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza INTRODUÇÃO
2. Gestação
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza GESTAÇÃO
Se você fizer uma busca na internet, ou mesmo perguntar para mulheres que já estiveram
grávidas, vai encontrar uma lista de sintomas para identificar a gravidez. A verdade é que existe
Dor nos seios, dor de cabeça, náuseas, tonturas, queda de pressão, salivação, falta ou
excesso de apetite, dor no baixo ventre, cólicas, sonolência, aversão a cheiros: todos esses
sintomas podem indicar uma gestação, desde que a sua menstruação esteja atrasada. Se você
sente qualquer um ou vários desses sintomas, mas continua menstruando, você não está
Existe uma diferença entre menstruação e sangramento, mulher grávida não menstrua, mas
pode sangrar.
Então, você está em dúvida se está grávida? O primeiro passo é esperar o início do próximo
ciclo menstrual. Caso sua menstruação atrase (espere pelo menos uns cinco dias, é normal que
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza GESTAÇÃO
o ciclo varie durante o ano) e você esteja com algum outro sintoma, faça o teste de gravidez.
Deu positivo? Parabéns! Agora você deve procurar o sistema de saúde público ou privado
para iniciar o seu pré-natal e acompanhar o desenvolvimento da sua gestação. Vamos entender
em seguida o que vai acontecer com você e com o bebê nos próximos meses.
“normal”, até as 42 semanas, mas desde sempre ouvimos que são nove meses. Vamos entender
melhor isso?
Os meses são muito variáveis – entre 28 e 31 dias –, já as semanas são períodos fixos de
meio. A confusão acontece porque, quando pensamos em nove meses completos, esquecemos
Exemplificando:
Mas para ajudar com tantos números, segue uma tabela de meses X semanas de gestação7:
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Como na maioria das vezes não é possível precisar em que dia ocorreu o encontro do óvulo
seu último ciclo menstrual, isto é, o primeiro dia da sua última menstruação.
Então, se o seu último ciclo menstrual iniciou-se no dia 01/01, conte 42 semanas a partir
dessa data: 01/01 + 42 semanas = 22/10. Somente a partir de 22/10 sua gestação poderá ser
considerada pós-termo.
ultrassom. No ultrassom é possível estimar as semanas por meio de algumas medidas do bebê,
por isso quanto mais cedo é feito o exame (antes das 12 semanas), mais preciso ele é.
Como você pode ver, a contagem da idade gestacional não é tão precisa quanto
imaginamos, logo é comum dar diferença de datas entre um exame de ultrassom e outro, entre
um profissional e outro. Fique tranquila, o mais importante é ter uma noção da fase gestacional
tempo em horas, dias, semanas, etc. são uma invenção humana, o seu
bebê ainda nem sabe da existência disso tudo. Ele vive e funciona em
O primeiro trimestre da gestação vai da concepção até a 13ª semana. É a fase de formação.
Essa fase é marcada pela nidação (implantação na parede do útero) e pelo início do
nona semana, o bebê já tem braços, pernas, dedos, boca, nariz, olhos e o princípio das orelhas.
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza GESTAÇÃO
E a mãe?
emocionais começam cedo, não tem para onde correr. Nesse período, a gestação é frágil, e
o turbilhão de hormônios já diz a que veio, pois os principais incômodos (náuseas, vômitos e
Independentemente de ser uma gravidez desejada ou não, os sentimentos para a mãe são
ambivalentes, afinal, estar em total simbiose com outro ser é muito raro (só vivemos isso com
tudo bem, simplesmente acolha-os. Você não precisa estar feliz o tempo todo.
horas, pois a maior causa de enjoos é ficar muito tempo sem comer.
– Beba água. Se você ainda não tem esse costume, separe uma
garrafa de água para você e ande sempre com ela. O ideal é que uma
mulher grávida ingira pelo menos três litros de água por dia. Parece
muito, mas se você estiver sempre com uma garrafinha e for bebendo
aos poucos, nem vai perceber. Seu corpo e seu bebê agradecem.
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza GESTAÇÃO
uma enorme quantidade da sua energia vital, seu corpo está totalmente
pessoas que fazem você se sentir bem. E aceite ser também cuidada por
essas pessoas.
mais sozinha. Você e seu bebê estarão sempre juntos. Isso pode parecer
culpe por isso. Se você não gostaria de passar algum tipo de sentimento
para seu bebê, converse com ele, explique a situação, explique o que está
sentindo. Ele vai entender e ficar feliz por estar com você. Nunca duvide
também. Cada mulher tem seu tempo, respeite o seu. Quando se fala
passar, vai passar, vai passar...”. Sempre que estiver em uma fase difícil da
O segundo trimestre da gestação vai da 14ª semana até a 27ª semana. É a fase de
desenvolvimento e maturação.
Nessa fase, o embrião já é considerado feto, tem impressões digitais e começa a engolir
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza GESTAÇÃO
o líquido amniótico e urinar. Isso pode causar soluços, que são absolutamente normais. Essa é
também a tão esperada fase em que você vai começar a sentir o seu bebê e poderá descobrir
com aproximadamente 20 semanas você já vai conseguir sentir os primeiros chutes. O sistema
No final desse trimestre, o bebê já começa a treinar a respiração (coloca líquido para
dentro e para fora dos pulmões) e é capaz de sobreviver fora do útero, mas com muita ajuda.
E a mãe?
gestação. Você já está na metade do caminho, e a barriga já está mais aparente. Normalmente,
para a mulher, essa é uma fase de aproveitamento e bem-estar, de se sentir bonita e poderosa.
Seu bebê já esta tomando forma e identidade, você já sabe o sexo (ou não) e o sente mexendo-
se dentro de você. É chegada a hora de assumir o papel de mãe e deixar a posição de filha. Agora
você é a mãe e sabe o que é melhor para o seu bebê. Confie em você!
Nessa fase, você já pode começar a sentir algumas contrações de treinamento, também
conhecidas como contrações de Braxton-Hicks. Fique tranquila, elas são normais e saudáveis.
Também é normal não sentir ou não perceber essas contrações, pois em alguns casos elas
Contrações de Treinamento:
– durante uma contração, sua barriga fica dura por alguns segundos;
– essas contrações servem para fortalecer os músculos do útero para o trabalho de parto.
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza GESTAÇÃO
Um dos medos mais comuns nessa fase é o bebê nasça antes da hora (prematuro).
Dicas!
– Aproveite o dia.
até uma prática regular e acompanhada de algum exercício físico, vai te fazer
desconfortos. Ou seja, seu corpo vai lidar melhor com as mudanças ao longo
da gestação. Além disso, é uma ótima ferramenta para você ter uma melhor
você precisa receber mais do que dar, é hora de receber afeto, de ser mimada.
preparação.
O bebê já consegue abrir os olhos e enxergar certa luminosidade. Durante essa fase, o
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza GESTAÇÃO
E a mãe?
Chegou o final da gestação e, como todo final, parece que não vai acabar nunca. Mas a
Essa é uma fase de desconfortos físicos: o bebê e a barriga já estão maiores, e o peso
gera uma mudança no centro de equilíbrio do corpo da mulher, causando dor nas costas e
dificuldade para andar, dormir e respirar. O cansaço de toda a gestação começa a acumular, e a
Além disso, assim como o bebê, a mulher também começa a se preparar para o parto. O
parto não acontece de um dia para o outro, durante o final da gestação o corpo feminino sinaliza
– Pródromos (falso trabalho de parto): contrações com ou sem dor, curtas, ritmadas e
irregulares. Seu corpo está se preparando, o parto se aproxima, mas ainda não está na hora. Os
– Ansiedade.
Com a chegada da 37ª semana, um dos maiores medos fica para trás – a prematuridade –,
mas outro toma o seu lugar: o medo do parto e da separação (fim da simbiose).
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza GESTAÇÃO
gestação para fazer tudo aquilo que não conseguirá mais fazer durante
tiver outros), curtir o(a) companheiro(a). Faça uma lista com as coisas que
link você vai encontrar uma lista com 101 coisas para fazer no final da
gestação: https://www.doulaslondrina.com.br/?p=71
muito sensível, então qualquer palavra hostil vai entrar com mais facilidade
e vai ficar pairando aí dentro. Essa reta final é o momento de entrar numa
– Confie no seu corpo e no seu bebê. Esteja atenta aos sinais, mas
paciência. Não precisa ficar como uma galinha chocando o ovo, siga sua
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza GESTAÇÃO
3. Parto
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
Você descobriu que está grávida, e uma das primeiras preocupações é começar o pré-
natal. Certamente você já está fazendo o acompanhamento da sua gestação desde o início
com algum profissional de saúde, tudo corre bem, você está sendo bem cuidada. O tempo vai
passando e você percebe que, nas consultas, quase nada se fala sobre o parto, como se você
não precisasse pensar sobre isso, afinal, já existem profissionais cuidando de tudo. Como então
A maioria das pessoas no Brasil tem uma falsa crença de que a cesariana é a opção mais
segura para o nascimento. Nesse cenário, se você deseja ter um parto normal, o primeiro
empecilho que você vai encontrar provavelmente será a falta de apoio. Durante a gestação, você
terá seus próprios medos, dúvidas e inseguranças, e percorrer sozinha esse caminho em busca
Se esse é o seu caso, você se sente perdida e não sabe por onde começar, tenho uma dica:
Ao descobrir a gravidez, é como se um novo mundo surgisse à sua frente, e, com ele,
vêm as dúvidas. Na sociedade em que vivemos, a maioria das mulheres vive a gestação de
forma muito solitária, e as únicas fontes de informação são o médico e a internet. É muito difícil
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
gestação essa necessidade é ainda mais forte. Nos grupos de apoio você pode encontrar esse
do pré-natal.
Quando falamos de parto, sentir-se segura e confiante é ainda mais importante. Estar
inserida em um meio que favoreça aquilo que você acredita e deseja faz toda a diferença, pois
ao longo da gestação você vai fortalecendo a sua escolha e se sentindo mais capaz.
Os grupos de apoio têm o poder de unir duas coisas essenciais: informações de qualidade
As informações, ao longo do tempo, vão te dar a segurança necessária para que você
As pessoas vão proporcionar um meio seguro para que você possa se abrir e trocar
experiências, afinal, estão todas passando pela mesma situação, e você terá sempre um lugar
Além disso, nos grupos de apoio você pode ter uma noção mais ampla sobre a realidade
Essa rede de apoio criada na gestação ainda pode ser muito útil no pós-parto, que é um
Onde encontrar?
No site “Parto do Princípio”9 você encontra uma lista de grupos de
aberto e gratuitos. Se a sua cidade não está nessa lista, você pode
trabalhando juntos e desempenhando a sua função em benefício da mulher e do bebê, que são
O parto vai acontecer com você, no seu corpo, só você sabe tudo o que sente e tudo o que
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
te faz bem ou mal, é você quem deve ter as rédeas do parto, e os profissionais que te auxiliarão
nesse momento têm de estar com o olhar voltado para você, para o seu bem-estar físico e
emocional.
difícil – e nem é o esperado – tomar decisões, é um período de muita vulnerabilidade. Por isso
é importante confiar e sentir segurança nas pessoas que estarão ao seu lado, para que você
possa verdadeiramente se entregar para essa experiência, sem ter que ficar pensando “Mas
será que vão fazer isso comigo?”, “Será que vou sofrer alguma intervenção que não quero?”,
“Preciso decidir o que fazer agora”, “Será que eu realmente preciso fazer isso?”.
Não dá. O parto acontece na parte mais primitiva do nosso cérebro (sistema límbico), e
aquela parte mais desenvolvida (neocórtex), que pensa, raciocina e decide, mais atrapalha do
que ajuda. No parto, você precisa de pessoas que cuidem de tudo para você e que te protejam
desses inibidores.
E para que isso aconteça, primeiro você precisa se informar e construir o que é importante
PARA VOCÊ no parto, dentro da sua realidade. Depois, precisa encontrar as pessoas que se
alinhem com os seus desejos, que falem a mesma língua que você.
Ainda que seu parto seja pelo SUS, procure fazer o que for possível, informe-se, informe-
se, informe-se... Entenda o que vai acontecer com você, com o seu corpo. E pesquise sobre
como funciona a assistência ao parto pelo SUS na sua cidade. Sabemos que a realidade do
nosso Sistema Único de Saúde está longe de ser perfeita, e que a assistência é precária na
maioria dos lugares (mais um motivo para você se informar e fazer o que estiver ao seu alcance
para ser a protagonista desse momento). Mas não podemos ignorar que existe um “SUS que dá
certo ”10, e que em alguns lugares, inclusive, é mais fácil ter um parto respeitoso pelo SUS do
que no particular11 .
Dica!
Vai parir no SUS? Não desanime, não se apegue às histórias horríveis que
você conhece, cada história é única. Faça a sua parte, faça o que está ao
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
continue!
Afinal, quais são os profissionais que estão ligados ao atendimento da gestação e do parto
Obstetra13
à gestação e ao parto – 94% dos partos são assistidos por eles. O obstetra, então, acompanha
a mulher durante toda a gestação, parto e pós-parto e é o responsável pelo pré-natal clínico.
Cesarianas, procedimentos cirúrgicos e técnicas de indução só podem ser realizados por ele.
Geralmente, ele chega somente quando o trabalho de parto está mais evoluído, antes disso, o
No sistema público, o médico que acompanhará o parto será conhecido no dia, uma vez
A função do médico é cuidar da parte técnica, ou seja, estar disponível e atento para
Curiosidade..
Em outros países (Inglaterra, França, Holanda etc.), a assistência ao
intercorrências.
Pediatra Neonatologista14
Poucas pessoas pensam sobre o pediatra no momento do parto. Quando falamos neles,
já imaginamos aquele cuidado com a criança depois do nascimento, como vacinas, exames etc.
Mas te convido a pensar que esse é o profissional que primeiro vai cuidar do seu bebê. Que tipo
até os 28 dias de vida), e sua presença é obrigatória nos partos hospitalares. A maioria das
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
instituições, tanto públicas quanto privadas, dispõe de pediatras de plantão, mas, no sistema
privado, você também pode escolher um pediatra de sua confiança para compor a equipe.
A função do pediatra neonatal é observar a vitalidade do bebê – isso pode ser feito no colo
da mãe durante o pós-parto imediato – e fazer os procedimentos que julgar necessários, como
Você sabia?
A Organização Mundial da Saúde, desde
vaginal ou cirúrgico).
Anestesista
anestesista é obrigatória.
No sistema público, a disponibilidade de anestesia para o parto normal varia de lugar para
lugar (entre em contato com a maternidade ou pergunte para o profissional que acompanha o
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
Enfermeiras Obstetras
realizar partos normais hospitalares e domiciliares de baixo risco (a maioria das gestações e dos
No sistema privado, as enfermeiras obstetras são contratadas pelos hospitais para fazer
pré-natal.
Atualmente, existem enfermeiras obstetras que atendem de forma particular, ou seja, você
pode escolher uma enfermeira para te acompanhar no parto hospitalar ou no parto domiciliar.
de parto e pós-parto, avaliando o bem-estar físico e a vitalidade da mãe e do bebê (aferir pressão,
Obstetrizes
oferecido pela USP, se assemelha à formação das midwifes em outros países –, e suas funções
são semelhantes às das enfermeiras obstetras. São profissionais habilitadas para acompanhar
formação acadêmica.
Parteiras
onde o acesso ao hospital é difícil, são as únicas profissionais que atendem o parto.
Doulas
e o pós-parto. Sua função é proporcionar apoio físico e emocional durante essas fases. Quando
se fala em gestação e parto, a mulher tem à sua disposição diversos profissionais que cuidarão
da parte técnica, e a doula aparece nesse cenário para cuidar de uma outra parte que também é
essencial: a emocional. Não compete à doula fazer nenhum procedimento técnico, como exames
A doula é a única profissional de assistência ao parto que ficará o tempo todo ao seu lado,
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
dando suporte de 1 para 1. A doula pode ser contratada diretamente pela mulher. Existem
Curiosidade..
A palavra doula vem do grego e significa "aquela que serve". Apesar
É importante que você conheça o papel de cada profissional durante o trabalho de parto
e que, se possível, escolha a equipe que deseja ter ao seu lado nesse momento. Mas, acima de
tudo, saiba que você vai parir com, sem ou apesar deles. O parto é um evento fisiológico e
natural, que acontece sozinho, guiado pelo seu próprio corpo. Sendo assim, tudo que
você precisa para parir esta dentro de você, as pessoas de fora apenas te assistirão e
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
te auxiliarão nesse processo como coadjuvantes e protetores dos seus desejos, da sua
A primeira dica que tenho para te dar é: confie no seu sexto sentido, sua intuição, aquela
pulga atrás da orelha, seja lá o nome que você dá para aquela sensação de que tem algo te
Para mim, a grande função de todos os profissionais que atendem a gestação e o parto é
ser verdadeiro e transmitir tranquilidade e segurança. Se você vai ao médico e sai do consultório
A outra dica é uma lista de perguntas15 elaborada pela obstetriz Ana Cristina Duarte e pelo
Obstetra Jorge Khun, que pode te ajudar a descobrir se seu médico é realmente a favor do parto
normal:
Resposta errada: Ainda não dá para saber, depende de como o parto vai caminhando,
porque, se der algum problema, não posso deixar você e seu filho morrerem, a gente só sabe
na hora mesmo...
Resposta certa: Até 96 horas (4 dias), de acordo com o protocolo inglês, ou até 24 horas de
acordo com os protocolos mais conservadores, desde que o seu bebê esteja bem. Talvez a gente
tenha que administrar um antibiótico se, depois de algumas horas de bolsa rompida, você não
tiver entrado em trabalho de parto. E se você não entrar em trabalho de parto espontaneamente
Resposta errada: 4 horas, 6 horas no máximo, senão o bebê pode pegar uma infecção
mortal!!! E nem adianta induzir. Não nasceu em 6 horas, não nasce mais, pode fazer cesárea!
Resposta certa: Ela pode atrasar um pouco o parto e aumentar a chance do uso de fórceps.
Eu prefiro que a gente deixe essa decisão para o mais tarde possível. E se o parto puder ser sem
Resposta errada: Não! Hoje em dia a anestesia é supersegura, feita bem embaixo para
você poder ter todas as sensações, mas não sentir a dor. Eu mesmo só faço parto normal com
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
Resposta certa: A gente vai esperando e monitorando o bem-estar do bebê, pois nunca
aconteceu de um bebê ficar na barriga até a infância. Uma hora tem que nascer. Se a gente
perceber que lá dentro não está tão seguro, então a gente induz (estimula as contrações
Resposta errada: A gente induz quando completar 40 semanas, porque depois disso o
bebê pode morrer dentro da sua barriga... Ou pior... Bom, se não entrou em trabalho de parto
até 40 semanas é porque não vai mais entrar. Tem que ser por cesárea mesmo.
Resposta certa: Veja bem, a cesárea é uma cirurgia e tem os riscos de uma cirurgia. O
parto vaginal não corta seu abdômen, não implica grandes perdas sanguíneas, é um processo
fisiológico e de rápida recuperação. A cesárea é uma cirurgia cada vez mais segura, mas ainda
assim tem taxa de mortalidade quatro vezes maior do que um parto normal.
Resposta errada: Não, hoje em dia a cesárea está superdesenvolvida e, quando acontece
alguma coisa, é muito simples corrigir. Geralmente essas histórias que a gente ouve de cesáreas
que deram problema foi por imperícia de alguém. Eu mesmo nunca tive um problema mais sério
fazendo cesárea. Mesmo as hemorragias, choques e convulsões foram resolvidos com alguns
procedimentos.
Essas perguntas podem ser feitas de maneira informal. Além da resposta em si, observe a
reação do profissional quando questionado, e se ele disser que é muito cedo para falar de parto,
também fique atenta.
Depois de fazer as perguntas, avalie se vale a pena ficar com esse profissional ou se é
melhor procurar outro, que se alinhe mais com o que você espera para o momento do parto.
De qualquer forma, a escolha do médico é uma decisão muito pessoal e subjetiva. Confie
em você e nos seus sentimentos, se você sente que tem algo errado, se fica com aquela pulga
atrás da orelha, se confia desconfiando, não ignore, talvez seja interessante buscar uma segunda
opinião.
O Plano de parto é um documento elaborado pela gestante no qual ela expressa os seus
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
O plano de parto tem três funções básicas: individualização da conduta, roteiro de estudos
e educação social.
Por meio do plano de parto, a equipe que irá te assistir poderá conhecer melhor os seus
Cada profissional tem o seu jeito de atuar, e se você não demonstrar, de alguma forma, o que
é importante para você no momento do parto, ele simplesmente vai agir de acordo com o seu
padrão próprio. Lembre-se de que, por mais sensível que o profissional seja, ninguém tem o
poder de ler a sua mente e saber exatamente o que você quer ou deixa de querer.
Mas, afinal, o que é importante para você? O plano de parto também é um ótimo guia para
você fazer suas próprias buscas, informar-se, refletir e construir o que você deseja para esse
momento único da sua vida. É importante que o seu acompanhante (pessoa que estará com
você no momento do parto) participe da elaboração desse documento, pois, no dia, ele será o
Você sabia?
É um direito seu, garantido por
cidade. Imprima a lei e peça para o seu acompanhante estar com ela no
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
“A) Condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas
1. Plano individual determinando onde e por quem o parto será realizado, feito em conjunto
família.”
Apesar de recomendado desde 1996, a realidade é que o plano de parto ainda é pouco
conhecido e utilizado. Justamente por isso ele também tem seu papel social: quanto mais
mulheres elaborarem e entregarem seus planos de parto, mais ele será conhecido, e, assim,
vamos ajudando e abrindo caminho para as mulheres que parirão depois de nós, inclusive
nossas filhas. Para que, quando for a vez delas, seja diferente, seja tudo mais fácil e acessível.
Você deve entregar seu plano de parto para todos os profissionais que te assistirão: obstetra,
enfermeiras, doulas, pediatra etc. Separe uma cópia para cada um e, de preferência, destaque a
parte que lhes cabe (sublinhe ou selecione e coloque na primeira página), principalmente para
aqueles que você conhecerá na hora e que não terão tempo de se sentar para ler um plano de
parto inteiro (p. ex. equipe de enfermagem da maternidade). Se você tem uma boa relação com
esses profissionais, cada ponto do plano de parto pode ser discutido verbalmente entre vocês
durante as consultas.
Apesar de seu um direito seu, seja cuidadosa. O plano de parto não é para ser uma afronta
aos profissionais, mas simplesmente um documento que fará com que eles te conheçam melhor.
Deixe isso claro nas consultas e no próprio plano de parto.
O plano de parto é para ser uma ferramenta que te auxiliará no processo, nada mais do
que isso. A grande protagonista é você, e o parto é algo natural e incontrolável. Se prepare, mas
Não esqueça que ele não é uma carta de exigências, mas sim manifestações dos seus
desejos.
beleza.
Lembre-se de que não podemos controlar como as coisas vão acontecer, mas podemos
controlar os contornos dessa experiência, e é isso que o plano de parto vai fazer: te ajudar a
conhecer e controlar os contornos. Mas o parto nunca deixará de ser uma surpresa.
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Vou deixar para você um modelo de plano de parto disponibilizado pela OMS19, e nos
anexos deste guia você também vai encontrar um modelo completo de plano de parto.
É importante que você saiba que a data provável do parto é apenas uma estimativa, não
um ultimato do tipo “Se não nascer espontaneamente até essa data, não nasce mais”.
Lembre-se SEMPRE de que o seu bebê não sabe que dia é hoje, ele vive em outro tempo –
o tempo fisiológico – e, para ele, o que importa é nascer quando estiver pronto, maduro. Só ele e
o seu corpo sabem quando isso vai acontecer. Exame nenhum no mundo, profissional nenhum
no mundo tem capacidade para te dizer exatamente quando o seu bebê está pronto.
controlar quando o seu bebê vai nascer. Nesse quesito, ele é o rei, ele esta no comando. Dê um
Você sabia?
Apenas 5% dos bebes nascem exatamente no dia da DPP.
Mas então, porque existe essa DPP? Primeiro, porque a maioria dos bebês nasce uns dias
antes ou uns dias depois desse marco. Segundo, porque é um marco para os profissionais que
te acompanham ficarem mais atentos aos cuidados que precisam despender com você e seu
A gestação é considerada a termo entre 37 e 42 semanas, e 95% dos bebês vão nascer
Antes das 37 semanas, a gestação é considerada pré-termo, apenas 2,5% dos bebês vão
nascer nessa fase, e depois das 42 semanas, a gestação é considerada pós-termo, sendo que
A grande maioria dos bebês nasce entre as 39 e 41 semanas, ou seja, é normal e até
esperado que sua gestação passe das 40 semanas, que é a data provável de parto.
Atualmente, foi feita uma subclassificação da gestação a termo20. Ela continua sendo
considerada a termo entre 37 e 42 semanas, mas entre 37 e 38,6 é gestação a termo inicial,
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entre 39 e 40,6 é gestação a termo (a maioria das mulheres vai entrar em trabalho de parto
erro no cálculo da idade gestacional, até porque biologia não é uma ciência exata, logo esses
cálculos também não são exatos, mas estimativas que servem de norte para os profissionais da
saúde.
É muito difícil precisar o dia exato da fecundação, porque o óvulo, após liberado pelos
três dias no corpo da mulher (em alguns casos eles vivem até sete dias). Ou seja, você pode ter
tido uma relação sexual hoje, e a ovulação e subsequente fecundação ocorrer dias depois.
Por isso existe uma margem de erro nos cálculos, de duas semanas para mais ou para
menos.
Além disso, ainda que os cálculos estejam certos, pode ser que determinado bebê precise
de mais tempo para ficar maduro, ou que determinada mãe ainda não se sinta preparada para
Sendo assim, não da para ser levada em conta a idade gestacional isoladamente, outros
10%.
Primeiro, é bom deixar claro que não há indicação de cesariana por gravidez prolongada.
Se sua gestação passar das 41 semanas, você tem a opção de induzir o trabalho de parto ou
Tente, na medida do possível, não se preocupar antes da hora e confiar no seu corpo e no
seu bebê.
pré-natal sobre os riscos e benefícios da atitude expectante (esperar mais um pouco) e da atitude
de responsabilidade, vocês precisam entrar em um acordo, e você precisa pensar no que irá te
deixar mais segura e com o coração mais tranquilo. Só quem já passou por isso sabe a dificuldade
de tomar essa decisão, portanto respeite os seus limites, respeite o que você sente.
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
Os estudos mais recentes nos dizem que as induções feitas a partir das 41 semanas
diminuem os riscos para o bebê e a chance de se precisar de uma cesariana, mas esses dados
são insuficientes para indicação de indução de rotina a partir dessa idade gestacional. Isso será
algo que precisará ser conversado e acordado entre você e o profissional responsável pela sua
assistência.
O único ponto de concordância entre todos os estudos disponíveis é que, optando-se pela
conduta de esperar o início do trabalho de parto espontâneo, devem ser feitas a monitoração
fetal (de duas a três vezes por semana) e a avaliação da quantidade de líquido amniótico.
uterinas, porque o parto só tem início com as contrações constantes, ritmadas e efetivas.
A gestação prolongada é o único caso em que a indução é indicada? Não, ela também
pode ser indicada em casos de necessidade de interrupção da gestação, como diabetes, pré-
eclâmpsia grave e restrição de crescimento fetal22 . No ocidente, uma a cada quatro mulheres
tem seu parto induzido por um desses fatores23 .
Qualquer mulher pode induzir o parto? Também não, existem algumas contraindicações
24
, entre elas: placenta prévia total (quando a placenta está na frente do bebê, na parte inferior
do útero, obstruindo o orifício colo do útero), apresentação transversa (quando o bebê está
atravessado na barriga, como se estivesse deitado), tumores prévios e herpes genital ativo.
Muitos fatores influenciam o início do trabalho de parto, e até hoje os cientistas continuam
descobrindo novas informações. É importante, portanto, que você saiba que uma combinação
de fatores precisa estar no lugar antes do parto começar. E um dos fatores mais importantes é:
Antes de te dar dicas sobre induções naturais, quero que saiba que tudo tem seu tempo
certo para acontecer, e que tudo que você tentar fazer para induzir naturalmente o parto só vai
funcionar se você já estiver pronta e, principalmente, se seu bebê já estiver maduro para o parto.
Como nós não sabemos quando isso vai acontecer, não custa tentar, afinal são métodos
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Saiba que seu corpo é perfeito e que tudo acontecerá no momento certo, mas muitas
vezes é difícil lidar com os pensamentos, com os sentimentos, com a pressão da família e da
sociedade, e é mais do que natural a ansiedade bater forte nessa fase. Essas dicas podem te
Relaxe
Tente relaxar e ocupar sua cabeça e seu tempo com outras coisas. O trabalho de parto
acontece pela liberação de uma série de hormônios, dentre eles a ocitocina. A ocitocina e a
adrenalina brigam pelo mesmo espaço, se você está muito nervosa, a adrenalina está em alta e
Faça uma lista de coisas que você adora fazer: assistir um filme inteiro, uma série, ir ao
cinema, ler um livro, fazer uma hidratação no cabelo, tomar um banho bem demorado, namorar,
aproveitar os outros filhos (se tiver)... Enfim, aproveite para se despedir da sua vida de não mãe
ou de mãe de um, dois, três... De uma forma ou de outra, tudo vai mudar depois que seu bebê
nascer.
prazerosa.
Tudo que é frio faz a gente se encolher, se contrair, e isso é exatamente o contrário do que
seu corpo precisa nesse momento. Você precisa de calor, seu corpo precisa de calor, tudo que é
quente faz com que a gente relaxe e ajuda na circulação da energia. É como se você precisasse
acender uma fogueira aí dentro. Por isso a indicação desses três hots.
No banho, cuidado com a água muito quente, que pode causar um estresse no bebê.
Adicione duas gotas de óleo essencial de lavanda (direto na banheira ou no chão do box) para
Em relação ao sexo, foco no “prazeroso”, não adianta ir fazer sexo só porque leu que é bom,
você precisa desejar, estar envolvida com o momento, só assim os hormônios serão liberados. E
a notícia maravilhosa é que os hormônios liberados durante o orgasmo (ou qualquer outra coisa
que te dê muito prazer) são os mesmos que desencadeiam e comandam o trabalho de parto,
principalmente a ocitocina! Você sempre pode fazer isso sozinha também, experimente! Ahh, se
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A estimulação pode ser feita de diversas maneiras: você pode pedir para seu parceiro ajudá-la,
usar uma bomba de mama para simular a sucção do bebê no peito, ou usar seus dedos para
acariciá-los suavemente. Faça a estimulação dos mamilos por pelo menos cinco minutos e repita
Movimente-se
Caminhar, subir e descer escadas, rebolar, dançar... Qualquer movimento com os quadris
ajuda a desencadear o trabalho de parto. Mas, por favor, sem exageros. Respeite o seu corpo e
não se canse demais. Lembre-se de que o trabalho de parto pode ser longo, e você precisa estar
que seu corpo esta te pedindo: se está cansada, descanse; se está ativa, entediada, movimente-
se.
dos movimentos com a pelve serem tão benéficos para o parto, é como se a cada movimento
Alimentação25
Beba muita água e coma alimentos com fibra (frutas, verduras e legumes) para evitar a
prisão de ventre.
Frutas como kiwi, manga e mamão contêm uma enzima que pode causar contrações leves.
O abacaxi fresco é rico em bromelina, uma enzima que ajuda amadurecer e afinar o colo do
útero.
O alho também é um ótimo aliado para induções naturais, pois estimula seus intestinos, e
isso pode causar contrações. Quando seu intestino está vazio, o bebê tem mais espaço para se
mover e encaixar.
Chás
Todos os chás que você não podia tomar durante a gestação porque poderiam causar
natural, que auxilia tanto na contração quanto no relaxamento do útero (além de ser rico em
Vou deixar aqui uma receita de chá da parteira mexicana Naoli Vinaver:
Ferva 1 litro de água e adicione os seguintes ingredientes, deixando tudo abafar por
15 minutos:
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Acupuntura
que a indução por meio da acupuntura reduz o número de partos por cesariana de emergência,
Osteopatia
A osteopatia tem uma abordagem global e é capaz de identificar as causas dos problemas.
No caso da indução, pode ser muito útil para ajudar a descobrir possíveis travas fisiológicas e
Homeopatia
Procure um homeopata para te receitar a homeopatia mais indicada para você. A pulsatilla,
caulophyllum thalictroides e actaea racemosa são ótimas opções, pois estimulam as contrações
uterinas.
Muitos desses métodos, por serem naturais e benéficos não só para induzir o parto, mas
também para manter o equilíbrio e a saúde do seu corpo, que está despendendo uma energia
imensa para gerar uma vida, podem ser utilizados antes das 40 semanas. Podem, inclusive,
diminuir as chances de você precisar deles para induzir o parto, principalmente manter uma boa
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tudo que você fizer para ajudar esse movimento só trará benefícios e se refletirá no parto!
Se você já tentou os métodos naturais e ainda assim não entrou em trabalho de parto,
e/ou se você e o profissional que te acompanha decidiram induzir o trabalho de parto usando
do útero e da estimulação do início das contrações uterinas, e só podem ser realizados por
profissionais habilitados.
(descida e apresentação), por isso é importante que seja feita uma avaliação antes.
Por que isso faz diferença? Por exemplo, se o seu colo já está preparado, é indicado um
método de indução que promova as contrações, mas se o colo ainda não está maduro, primeiro
precisa ser utilizado um método que prepare esse colo (com prostaglandinas – misoprostol, p.
ex.).
Quais são os principais riscos da indução? Não funcionar e você precisar de uma cesariana,
não é um processo natural do seu corpo, portanto só na prática para saber como ele vai
Saiba que induções podem ser bem demoradas, podem durar dias, e está tudo bem, é
assim mesmo. Não pense que você vai começar a indução hoje e hoje mesmo seu bebê vai
nascer. Pode ser que sim, pode ser que seu corpo responda rápido, mas na maioria dos casos
Se essa for a sua escolha, prepare-se para isso. Indução exige muita paciência e também
o descontrole natural do parto: a indução pode ser controlada apenas no método e condução
(quantidade e velocidade de administração dos fármacos), mas a resposta do seu corpo será
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Até quando pode se continuar tentando? Assim como no parto espontâneo, não existe um
limite fixo de horas ou dias, os limites serão sempre os seus e os do bebê. Ou seja, enquanto
você e ele estiverem bem é possível continuar, por isso a monitorização fetal frequente é
imprescindível.
Descolamento de membranas
O descolamento de membranas pode ser feito a partir das 41 semanas e reduz em 40% a
necessidade de outra forma de indução. Essa porcentagem chega a 72% quando o descolamento
Como funciona?
de toque) e tentar separar as membranas que conectam a bolsa amniótica no colo do útero.
Após o descolamento das membranas, ainda pode demorar alguns dias para você entrar
em trabalho de parto, por isso ela pode ser feita no próprio consultório ou no hospital, e você
Sonda de Foley
É introduzido, no colo do útero, um cateter com uma espécie de balão, que é preenchido
com água destilada ou soro fisiológico, isso simula a pressão da cabeça do bebê
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de parto imediatamente, pode demorar alguns dias, por isso você pode fazer o procedimento e
Quando a bolsa se rompe, são liberados hormônios que estimulam as contrações, além da
cabeça do bebê descer e exercer maior pressão sobre o colo do útero, facilitando o progresso
do trabalho de parto.
No entanto, esse método não é indicado para
progressão.
A indução com Misoprostol pode ser feita quando o colo está desfavorável, mas é
prostaglandina, que irá preparar o colo do útero (amolecer) e desencadear o trabalho de parto
(4 em 4 horas; 6 em 6 horas), por isso esse método só pode ser feito em ambiente hospitalar,
Essa é uma indução farmacológica menos invasiva, porque com ela a ocitocina (que
causa as contrações) é produzida pelo seu próprio corpo, mas, por outro lado, tende a ser mais
demorada.
Estudos descobriram que doses maiores de misoprostol são mais eficazes, e a ocitocina
útero29.
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É o método mais utilizado para induzir o parto. A ocitocina sintética é um fármaco que
estimula a contração uterina e é indicada, portanto, para casos em que o colo já está favorável.
Ela pode ser utilizada em conjunto com outro método de indução que prepare o colo do útero
Ela é administrada via intravenosa, como um soro, ou por meio de uma bomba de infusão,
com controle mecânico ou eletrônico. Esse último mecanismo é mais indicado para os casos de
indução, pois é possível controlar a quantidade e a velocidade em que a ocitocina esta sendo
infundida.
A indução com ocitocina tende a ser mais dolorosa para a mulher, porque é um hormônio
sintético, não aquele produzido pelo seu corpo nas quantidades e velocidades adequadas para
você. Sem contar que, tanto no caso do misoprostol como da ocitocina, a tendência é que as
contrações venham de uma vez, em uma intensidade forte, porque não há toda a progressão
O mais comum é que a bolsa rompa-se na fase ativa do trabalho de parto, perto dos 7/8
cm de dilatação, devido à pressão da cabeça do bebê sobre as membranas. Mas pode acontecer
de sua bolsa se romper antes do trabalho de parto começar, e aí, o que fazer?
Apesar de não ser o mais comum, isso é totalmente natural, e desde que o líquido esteja
clarinho (parecido com água de coco), seu strepto seja negativo (exame do cotonete) e seu bebê
esteja se movimentando bem, não há motivos para correria, pânico ou maiores alardes. A hora
de conhecer o seu bebê está muito próxima, e, antes de qualquer coisa, respire fundo!
Sinais de alerta!
Se sua bolsa se romper e o líquido estiver esverdeado (parecido com uma
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É importante você saber que, quando isso acontece, não quer dizer que seu trabalho de
parto já começou, é apenas um sinal de que ele está próximo. O trabalho de parto só começa
com as contrações e, quando a bolsa se rompe antes, é normal que elas venham, em média,
Segundo os últimos estudos, 77-79% das mulheres vão entrar em trabalho de parto em 12
Então, Jéssica, se minha bolsa se romper antes, o que eu tenho que fazer é esperar as
Tente, na medida do possível, seguir a vida normal, pois logo as contrações virão e, em breve,
seu bebê vai nascer! Ah, não se esqueça de tomar muita, muita, MUITAAAA água durante esse
tempo, porque o líquido da bolsa se repõe, seu bebê não vai ficar "no seco"!
Sabendo que isso é normal, e que é possível esperar com segurança, converse com o
profissional que está te acompanhando no pré-natal sobre qual a conduta indicada se a bolsa
se romper fora do trabalho de parto. Dependendo da resposta, você já pode sacar se ele anda
As evidências científicas mais recentes (fev. 2017) recomendam que se espere o trabalho
O trabalho de parto envolve uma série de fatores físicos, químicos, biológicos, hormonais,
emocionais, psicológicos, sociais, culturais... Enfim, envolve você, por inteiro! Pense de forma
global, tudo influencia tudo, por isso é muito importante entender e se preparar para esse
momento, para que você se sinta segura e tenha uma experiência única e plena, que deixará
saudades!
Vários profissionais estarão te acompanhando, mas nunca se esqueça de que é você que
vivenciará essa experiência no seu corpo (e na sua alma), portanto agarre seu parto com unhas
Entenda como tudo acontece, isso te deixará mais tranquila e segura para se entregar ao
momento quando ele chegar! Quanto menos desconhecido tudo isso for para você, mais fácil
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
Mas é importante que você não confunda “conhecer com acumular informações, mantendo
o neocórtex (o pensamento) tão ativado durante o trabalho de parto que dificulta a entrega e a
introversão necessárias”.
Conheça todo o processo, mas quando for vivenciá-lo, apenas vivencie, dedique-se
3.7.1. Fases
Saiba que o trabalho de parto não acontece de uma hora para outra, como se fosse um
despertador te acordando para um dia de trabalho. Enquanto você lê este guia, muitas coisas
fazendo essa respiração enquanto observa o seu corpo, observe as sensações internas e
externas, observe as tensões, as dores, os medos. Acolha cada sensação e cada sentimento.
Durante o terceiro trimestre da gestação, conhecida como fase da preparação, o seu corpo
e o do seu bebê começam a se preparar para o parto, todo dia é uma preparação para vocês
dois.
Seu eixo de gravidade muda, o bebê já está bem desenvolvido e tem cada vez menos
espaço (o que antes era uma piscina olímpica agora é uma banheira para ele), o útero cresceu
bastante. Você se sente mais cansada, afinal está carregando um ser humano em completo
desenvolvimento e continua com todos os seus afazeres diários. Nessa fase, é bem comum
sentimentos contraditórios, do tipo: quero que o bebê nasça logo, não aguento mais estar
grávida e, ao mesmo tempo, não quero que ele nasça, tenho medo do parto e da maternidade
fisgadas na vagina (devido à movimentação da cabeça do bebê, que está cada vez mais baixa) e
Imagine que seu útero é composto por um conjunto de músculos e que, fora da gestação,
tem o tamanho aproximado de uma maçã ou pera. Durante a gestação, o útero cresce e se
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ficam cada vez mais finos. Esse processo todo pode causar dores em um ou ambos os lados do
abdômen.
Dicas!
Para aliviar essas dores, comuns no fim da gestação, você pode mudar de
Essas contrações servem para fortalecer seu útero e prepará-lo para o trabalho de parto. É
como se o seu útero estivesse fazendo musculação. Normalmente, essas contrações são
irregulares, desritmadas, curtas e sem dor. É comum também confundir essas contrações com
os movimentos do bebê. Também é comum que elas passem despercebidas. É claro que, quanto
mais consciência corporal você tem, mais fácil de perceber todas essas mudanças.
de contrai, ele se contrai por inteiro, começando no fundo do útero (parte mais alta, próxima as
costelas). Quando o bebê se movimenta, é normal o útero se contrair também, pois o útero é
um órgão muito reativo e responde a qualquer estímulo, mas nesse caso ele se contrai apenas
De qualquer forma, isso tudo é só para você saber o que significam essas sensações e ficar
tranquila de que é normal. Não há muito que fazer, a não ser seguir a vida normal e tentar não
Tente olhar para tudo isso como algo natural e saudável. Aproveite cada sensação, cada
desconforto para já ir “treinando” para o parto, encare tudo isso como uma oportunidade para
perceber e conhecer melhor o seu corpo e ir descobrindo como ele funciona e o que você pode
Jéssica, e quando devo ficar mais atenta? Se o parto ainda está longe, antes das 36 semanas,
e você perceber que essas contrações estão vindo em um ritmo mais regular, por um período
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considerável (p. ex. várias contrações por várias horas seguidas) e com dores tipo cólicas no pé
da barriga, avise seu médico ou procure o posto de saúde ou maternidade onde faz seu pré-
natal.
Pródromos
do parto. O colo do seu útero está fechado, posterior (virado para trás), grosso e tampado pelo
tampão mucoso. Conforme as semanas vão avançando, o bebê começa a descer e fazer mais
pressão sobre o colo do útero. Então começa a dança dos hormônios que vão preparar o colo
A relaxina (hormônio produzido pela placenta) encontra seu pico e atua no relaxamento
dos seus ligamentos, principalmente da pelve. Esse mesmo hormônio, junto a outros, vai
de padrão (agora são relacionadas aos pródromos ou falso trabalho de parto) e ajudam no
contrações também ajudam a trazer o colo para cima pouco a pouco, e ele então muda de forma
A palavra pródromo significa aquilo que antecede algo, o precursor, os primeiros indícios
de algo que está por vir. Nesse caso, o que esta por vir é o trabalho de parto.
Lembrando que esse “está por vir” é muito relativo e depende de vários fatores, portanto
para cada mulher vai ser de um jeito. Pode demorar dias, semanas, até meses. Cada corpo tem
seu próprio tempo, e o tempo do corpo exige paciência.
De novo, tente encarar isso como algo natural e saudável, é a última fase de preparação
para o parto. Tente pensar que nada disso é em vão, muito pelo contrário: tudo isso é necessário,
inclusive para tornar o trabalho de parto mais fácil e tranquilo. Aproveite para treinar técnicas
de alívio da dor (respiração, movimentos com a pelve, banho quente, mudança de posições) e
de controle da ansiedade (respiração lenta e profunda, exercícios físicos e atividades que te dão
prazer).
O que você pode sentir nessa fase? Contrações com ou sem dor (normalmente a cólica
vem antes ou depois da contração e pode atingir o pé da barriga e a região da lombar), curtas
(em média 20 segundos de duração), ritmadas (várias durante o dia) e irregulares (sem padrão
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
Você sabia?
O tampão mucoso é tipo uma secreção espessa (ele é meio gosmento,
Pode ser também que nessa fase você já tenha um pouco de dilatação (entre 1 e
3 centímetros). Você pode ficar assim por dias ou semanas, mas o trabalho de parto ainda
não começou, ele só tem início com as contrações efetivas, regulares e ritmadas que dilatam
“É obviamente mais agradável se seu corpo estiver trabalhando por você enquanto
você está fazendo suas tarefas, comendo, dormindo e visitando seus amigos. Você não tem
possibilidades de ficar tensa e brigar com seu corpo quando estiver ocupada com todas essas
coisas, deixando seu útero trabalhar sossegado e sem interferências. Portanto, continue sua
E então, começa o trabalho de parto... Mas, afinal, como ele começa? Como saber se estou
em trabalho de parto?
Primeiro, tenha em mente que, se você estiver com dúvida, ainda não chegou a hora.
Quando o trabalho de parto começar mesmo, você terá certeza sobre o que está acontecendo.
O trabalho de parto é basicamente dividido em três fases: fase da dilatação (fase latente e
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fase ativa), fase do expulsivo e fase da dequitação da placenta. Vamos falar sobre elas.
Fase da dilatação
Nessa fase, as contrações efetivas fazem com que o colo do seu útero seja puxado para
cima, fazendo uma força contrária à descida da cabeça do bebê (é como se o colo do útero fosse
uma gola bem apertada que precisa ser vestida na cabeça do bebê) e se abrindo.
Apesar de ser conhecida como fase da dilatação, por esse fenômeno ser o mais conhecido
por todos, não é só a dilatação que precisa acontecer. O trabalho de parto é um processo natural
e complexo, que envolve diversos mecanismos. Para o bebê nascer, o colo, que já está maduro
(amolecido e suavizado) precisa vir para frente (centralizar para formar o canal de parto), afinar
exercendo pressão sobre o colo e forçando a abertura. Sem contar que os picos de ocitocina
são atingidos na descida do bebê, por meio da estimulação dos receptores desse hormônio que
se encontram na parte baixa da vagina. Normalmente, isso coincide com a fase ativa do trabalho
de parto.
Então, quero dizer que você não deve se apegar tanto à dilatação, pois ela não é o único
fator avaliado para saber se o parto está progredindo. Pode ser que você fique horas com
o mesmo tanto de dilatação, mas, nesse tempo, o colo já tenha mudado bastante, e o bebê,
Outra coisa que quero que saiba é que essas fases não são bem definidas e variam de
mulher para mulher. Até porque o parto não é só uma questão de fisiologia, mas depende
muito do seu estado emocional, do ambiente e de fatores culturais. Às vezes essas fases podem
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se sobrepor... Enfim, cada uma vai viver essa experiência de uma forma diferente e única. Nas
Ou seja, tudo que você ler daqui para frente é para que conheça os mecanismos do corpo,
mas esteja aberta para vivenciá-los de forma inédita quando chegar a sua hora.
Essa fase de dilatação se subdivide em três estágios: fase latente, fase ativa e fase de
transição.
FASE LATENTE
Segundo o dicionário, latente é aquilo que está oculto, disfarçado, que não se manifesta
tentando achar o encaixe perfeito. As contrações são diferentes das que você vinha sentindo
antes, agora elas têm um ritmo diferente, são um pouco mais dolorosas e duram um pouco
mais. No entanto, está no começo do processo, que é progressivo e, na maioria dos casos, lento.
Esse costuma ser o estágio mais longo do trabalho de parto, podendo durar horas ou dias,
É bem comum que essa fase fique mais intensa durante a noite (quando acontecem os
picos de liberação de ocitocina e melatonina) e se amenize com o nascer do dia. O maior desafio
é lidar com o cansaço que isso tudo pode gerar. Por isso a importância de descansar o máximo
possível no fim cda gestação: a ideia é que você possa guardar energia.
Assim como a etimologia da palavra (aquilo que não se manifesta exteriormente), nessa
fase você ainda consegue seguir a vida normal, e as pessoas que não conhecem sobre o parto
possivelmente nem percebam que já tem algo acontecendo. Apesar das dores, que nesse início
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Você ainda está bem aberta ao mundo exterior (aqui você atingiu o máximo de abertura
seu corpo. Não esqueça que a orquestra do parto é comandada por hormônios, e a liberação
podem te atrapalhar.
Você sabia?
Quatro dos nossos maiores sistemas hormonais estão ativos durante o
Perda de secreções (muco e sangue – não se assuste, é um sinal de que seu colo está
dilatando).
Fique atenta: se sair muito sangue (como se fosse uma hemorragia) e se o seu bebê ficar
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Dicas!
– Tome um banho quente e demorado. Esse é um ótimo teste para
parto.
– Siga a vida normal e não fique chocando o ovo. Quanto mais você
atletas de alta performance. Tenha isso em mente. Essa é uma fase para
– Movimente-se.
E assim o trabalho de parto vai evoluindo... As contrações começam a ficar mais intensas,
o intervalo entre elas vai ficando cada vez menor, e a duração delas, cada vez maior. Até chegar
à fase ativa.
A fase latente serve, então, para preparar e fazer os últimos ajustes no colo do útero,
para iniciar a dilatação e para o bebê descer. Agora já está tudo pronto, e só faltam os últimos
centímetros de abertura.
Os últimos estudos nos dizem que essa fase costuma ir até uns 6cm de dilatação, você já
percorreu mais da metade do caminho e está muito perto de conhecer o seu bebê.
Lembre-se..
É a primeira vez que o seu corpo e o do seu bebê passam por isso, é
e tenha paciência.
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O maior desafio e o maior aprendizado nessa fase se resumem a uma palavra: PACIÊNCIA.
Tente encarar tudo isso como uma preparação intensiva para a maternidade que se
aproxima!
FASE ATIVA
A fase ativa se caracteriza basicamente por contrações efetivas, regulares e ritmadas (em
média três contrações a cada 10 minutos) e pelo final da dilatação. Agora engrenou! Seu bebê
Ao contrário da fase latente, que era frágil e que podia começar e parar, agora o trabalho
de parto está definitivamente instaurado, você já dilatou boa parte dos 10cm, e a cabeça do
bebê irá ajudar nos centímetros que faltam, ou seja, o bebê já está mais baixo, e a pressão que a
cabeça dele exerce sobre o colo faz com que a dilatação se complete. Nesse momento, também
acontecem os picos de ocitocina, fazendo com que as contrações fiquem mais próximas e mais
duradouras.
Agora você já não está mais tão aberta ao mundo exterior, pelo contrário: nessa fase você
começa um mergulho para dentro de si mesma, do qual emergirá apenas com o seu bebê nos
braços.
É preciso se concentrar nas sensações do seu corpo, que já tomam conta de você, para
lidar melhor com tudo que está acontecendo. As ondas arrebatadoras (contrações) fazem com
que seu cérebro racional se desligue um pouco e dê espaço para o cérebro primitivo (sistema
É hora de deixar seu bicho aparecer! Sem medo, é ele que vai te ajudar, são seus instintos.
Confie, você sabe o que fazer. Escute seu corpo, ele te mostra o caminho.
– náusea e vômito;
Quando perceber esses sinais, com o ritmo constante das contrações (baixe um aplicativo
no seu celular para monitorar: Contraction Timer para Android ou Contrações para IOS), é
interessante se preparar para ir ao hospital, pois a fase ativa do parto exige a monitorização por
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não precisa sair correndo, desesperada. Quando perceber esse ritmo diferente e as sensações
corporais mais intensas por pelo menos uma hora, aí, sim, pegue suas coisas com calma e vá à
maternidade.
A boa notícia, além de estar próximo do final, é que a dor não aumentará mais!
Você sabia?
“Os seres humanos têm mais propensão para partos difíceis, em
vêm do neocórtex.
fisiológico, nós vamos ver que a parte primitiva do cérebro, uma estrutura
a mulher tem que liberar para o trabalho de parto vem dessa parte
pouco polida, assume diferentes posições. Ela fica em outro planeta. Isso
prática, isso significa que temos que lembrar quais são os estimulantes
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própria, uma posição tal, na qual ela elimina os estímulos visuais. Ela se
Odent)34
FASE DE TRANSIÇÃO
A partolândia chegou! Agora você está em outra dimensão, outro tempo. É a hora que
você se despede da mulher que foi e dá espaço para o novo, para a mãe que vai nascer com o
seu bebê, por isso essa também é a hora do desespero. É como se você estivesse à beira de um
Nesse momento, é comum que você ache que não vai conseguir, que você ache que vai
morrer (de certa forma, vai), que você queira desistir, que você ache tudo isso uma loucura, que
você questione suas escolhas, que você queira acabar logo com o parto, que você peça analgesia
ou mesmo uma cesariana. Tudo isso é bem comum, praticamente todas as mulheres que eu já
vi parindo passaram por isso. E, com base nisso, posso te dizer que essa fase passa e logo chega
o expulsivo.
Michel Odent chama esses medos de “medos fisiológicos”, e até eles tem um papel no
situações de susto, medo ou frio). A adrenalina será essencial para a próxima fase do parto, o
expulsivo.
Você sabia?
O aumento da adrenalina faz com que suas pupilas se dilatem e que você
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É importante que o seu acompanhante tenha ciência sobre essa fase de transição, para
que possa te apoiar de maneira eficiente e sutil, te lembrar por que você escolheu passar por
isso e te dar a força que você acha que não tem mais! Você está completamente vulnerável,
Essa talvez seja a parte mais difícil do parto. Não tem um momento específico para
acontecer, mas, normalmente, acontece no final da dilatação (entre 8 e 10cm) e antecede o início
do expulsivo. A transição pode durar desde alguns segundos até algumas horas. Mas lembre-se:
está muito perto do fim.
“Esse momento é muito delicado (...). Semelhante ao momento do orgasmo, não pode haver
nada que a atrapalhe ou que a distraia, para deixar acontecer os impulsos involuntários que vão
As contrações são intensas, e o intervalo entre elas é pequeno. A cabeça do bebê já começa
a adentrar o canal da vagina, e isso faz com você sinta uma pressão no reto, bem semelhante
a uma vontade de fazer cocô (pode ser que seja cocô, mas na maioria das vezes é apenas a
As dores podem começar a irradiar para as pernas, e você também começa a sentir muita
pressão na vagina e no períneo. Aí você encara outro desafio: lidar com essa sensação inédita do
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“Num primeiro momento, a sensação inédita do volume do bebê durante a contração gera
contenção da pelve, que contrai os músculos do períneo (...). Trata-se de uma reação muscular à
emoção gerada pela iminência da saída do bebê, pela dimensão da sensação genital e pelo medo de
ao poder do seu corpo. Quanto mais você perceber as sensações do seu corpo e se entregar à
Instintivamente, você fará movimentos para ajudar o seu bebê nessa passagem, lembre-se
de que esse é um momento difícil para ele também, e que vocês estão juntos. Quanto mais você
relaxa a pelve e joga o seu bumbum para cima (nutação do sacro37), mais fácil para o seu bebê
começam a dar espaço às contrações de expulsão. Mas essa confusão logo acaba quando as
Fase do expulsivo
O expulsivo tem início com os puxos (vontade de fazer força). É uma vontade incontrolável
Algumas mulheres vão sentir vontade de fazer força antes da dilatação total, e tudo bem.
O importante é respeitar as sensações do seu corpo. Se seu corpo pede para fazer força, faça.
Lembra-se do que falei ali em cima? As fases do trabalho de parto podem se sobrepor,
elas não são tão delimitadas assim, ou seja, às vezes você está com 8 centímetros e já vem a
vontade de fazer força. Provavelmente, a força fará com que você dilate o que falta e seu bebê
nasça. Mas...
Cuidado!
Não é bom que você faça força antes de sentir uma vontade
INCONTROLÁVEL. Pode ser que você sinta vontade de fazer força antes
da dilatação total, mas se for uma vontade que consegue controlar, ainda
e aí, sim, empurre. Fazer força antes da hora só vai te cansar e não vai
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Outras mulheres vão atingir a dilatação total e, em seguida, já vão começar a empurrar. E
outras vão dilatar tudo e, só depois de algum tempo, vão sentir a vontade de fazer força. Esse
desmaiar. E se conseguir dormir, faça isso, será importante para repor energias para o expulsivo.
Seu bebê já está adentrando o canal de parto, chegou a hora de você literalmente expulsar
o seu bebê – não é à toa que o nome é expulsivo –, e para te ajudar nisso, seu corpo te envia um
reflexo de ejeção causado pelos altos níveis de ocitocina. São os famosos puxos, uma vontade
seu útero para cima no processo de dilatação, agora as fibras musculares saíram da porção
inferior do útero e se concentraram na parte de cima, a contração vem e empurra o seu bebê
para baixo. Essa vontade de fazer força, não passa de um reflexo natural para ajudar o seu corpo.
Assim você deve encarar o expulsivo, ninguém melhor do que você para saber quando e
de que forma fazer a força, seu corpo te diz. Mas primeiro você precisa saber que isso é possível
e acreditar na sua capacidade, e depois você precisa de concentração e silêncio para conseguir
ouvir o que seu corpo está pedindo. Por isso muitas falas e direcionamentos mais atrapalham
Eu costumo dizer que o expulsivo é o momento final do parto, aquele momento em que a
mãe que está prestes a nascer precisa ultrapassar o medo, o cansaço, a dor e encontrar dentro
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Só você pode fazer isso. É hora de bater no peito, soltar aquele grito (interna ou
externamente) e fazer o seu parto! Sem segurar nada, agora você precisa soltar tudo, se soltar,
Miriele no expulsivo
Na fase anterior (dilatação), seu corpo praticamente trabalha sozinho, não tem muito que
você possa fazer para ajudá-lo, apenas se concentrar nos comandos dele e deixar a coisa fluir
com as ondas que tomam conta de você. Essa fase pode ser comparada aos elementos mais
fluidos e etéreos – água e ar –, você sai do corpo, entra em contato com outras ondas cerebrais.
O expulsivo é o momento do parto ativo, é o momento em que você precisa estar presente
no corpo, você toma as rédeas do corpo e conduz seu bebê para fora. Por isso acontece a
liberação de adrenalina em nível ótimo (hormônio da luta ou da fuga – não fuja, é hora de lutar
pelo seu filho), para te ajudar nesse processo de fazer a coisa acontecer. Essa fase pode ser
comparada a elementos de mais força, foco, energia e coragem – terra e fogo –, você precisa
aterrar, jogar a sua força para baixo e não mais para cima!
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Você sabia?
Altos níveis de adrenalina, nesse momento, dificultam a abertura dos
esfíncteres (ânus, uretra, colo do útero e vagina). Imagine que você está
é a mesma coisa.
Esse é o momento de maior conexão entre você – seu corpo – e seu bebê – o corpo dele.
Vocês estão juntos, você precisa ajudá-lo a nascer e confiar que ele também vai te ajudar.
Mas, afinal, como fazer essa força? Será que eu vou saber?
Como eu já disse, primeiro você precisa confiar que pode e que, no momento, vai saber.
Não é um processo racional, do tipo “Ah, agora estou com 10 cm... Ah, já estou sentindo vontade
de empurrar, vou empurrar... Vou prender a respiração assim e vou fazer força assim lá embaixo”.
Você não pensa tudo isso, ou, pelo menos, não deveria pensar, você simplesmente faz.
Tá bom, Jéssica, mas e se eu não tiver essa conexão toda com o corpo e, na hora, não
conseguir fazer?
Vou te dar algumas dicas sobre a força do expulsivo, você pode praticá-las desde já (exceto
você esteja – nunca é tarde) para observar mais, entender e ouvir o seu corpo. Nele estão todas
as respostas e, por isso, elas são originais, inéditas, não há comparação, seu corpo é único.
processo instintivo – não racional). A partir da segunda/terceira força, ela fala: "Que vontade de
fazer força". Mas, no fundo, já está fazendo, e esta é a força certa para você.
Os últimos estudos perceberam que, quando a mulher tem puxos espontâneos, ou seja,
faz força sem ser conduzida pelos profissionais, ela abre a glote, faz de três a cinco forças em
uma contração enquanto expira (solta o ar) e prende a respiração apenas por curtos intervalos.
No entanto, é muito comum a prática dos puxos dirigidos, ou seja, os profissionais que
assistem o parto costumam conduzir a força da mulher da seguinte forma: “Quando vier a
contração, encha o pulmão de ar, prenda a respiração, encoste o queixo no peito e faça força
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pela Organização Mundial da Saúde38, uma vez que não traz benefícios para mulher (não há
diferenças na duração do expulsivo ou nas taxas de cesariana, laceração ou episiotomia39), nem
para o bebê. Pode, inclusive, ser prejudicial, aumentando as chances de lacerações perineais
Todos os estudos, portanto, chegam à mesma conclusão: deve ser feito o que for da
preferência da mulher. Mas como você vai preferir algo que nem sabe que pode fazer?
1. coloque uma mão sobre o diafragma (logo abaixo das costelas) e outra na vagina (se
você introduzir o seu dedo na sua vagina é melhor ainda – você pode fazer isso durante
o banho);
4. faça uma expiração forçada (como se o seu ar estivesse empurrando a sua barriga para
Essa é uma simulação de um puxo espontâneo, você inspira antes da contração e faz
força na expiração (glote/garganta aberta – enquanto solta o ar). Quando faz isso, você relaxa
a garganta e o pescoço, o que gera um reflexo de relaxamento na sua pelve, e você consegue
1. coloque uma mão sobre o diafragma (logo abaixo das costelas) e outra na vagina (se
você introduzir o seu dedo na sua vagina é melhor ainda – você pode fazer isso durante
o banho);
5. agora repita todo o processo, mas coloque uma mão sobre o diafragma e a outra
sobre a garganta;
6. perceba como sua garganta se contrai, e como a força que era para ser direcionada
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Essa é uma simulação de um puxo dirigido (manobra de Valsalva): você inspira antes da
contração, prende a respiração e faz força. Quando faz isso, você contrai seu diafragma, sua
garganta e sua pelve, e a força se divide (pescoço e vagina). Esse modo de fazer força também
funciona, durante o exercício você pode perceber que seu assoalho pélvico se movimenta para
baixo, mas repare como a força parece menos eficiente do que no teste anterior (repita se achar
necessário).
Agora você já conhece as duas formas de fazer força, sendo que a primeira é mais fisiológica,
e a segunda, mais mecânica. As duas vão te ajudar a fazer o seu bebê nascer, descubra qual
Pode ser que essa não seja a realidade em que você encontre, pode ser que você precise
de alguma intervenção (que pode interferir nesse processo mais natural do corpo), que a equipe
que assistirá o seu parto não respeite o seu puxo espontâneo ou, talvez, que você precise fazer
O importante é que você saiba que você é capaz de fazer isso, que você sabe fazer a força
necessária para colocar o seu filho no mundo! O importante é você confiar na sua sabedoria.
Muita gente pensa que, depois da dilatação total, o bebê nasce rapidamente. Bom, pode
ser que sim, mas na maioria dos casos o expulsivo não é um período tão rápido quanto a gente
imagina.
Não existe um limite de horas definido para a duração segura desse segundo estágio
(ou mais) parto com analgesia e 1 hora para segundo (ou mais) parto sem analgesia.
Ah, Jéssica, então não é possível prosseguir com o parto depois desses limites? É possível,
sim, desde que mãe e bebê estejam bem. No expulsivo, é indicado que o monitoramento fetal
E a dor?
A dor é um processo subjetivo, ou seja, cada uma vai sentir de uma forma.
O fato é que, fisiologicamente, o expulsivo não é a parte mais dolorida do parto. Isso
mesmo, muita gente imagina que essa é a fase mais difícil, mas a dor mais intensa já passou
(período de transição).
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Porque essa dor é menos intensa agora? Porque antes você só tinha a sensação das
ondas que tomavam conta do seu corpo e causavam dor, agora a contração é diferente, e a dor
também. Agora existe outra sensação que toma conta do seu corpo: a vontade de empurrar. É
Mas, como a dor é subjetiva, muitos fatores podem influenciar nessa sensação, inclusive,
questões emocionais. Se você tem muito medo do expulsivo, provavelmente, quando ele chegar,
você vai se contrair inteira, dificultar o relaxamento e a descida do bebê, e a dor pode ser maior.
Além disso, no final do expulsivo, você vai sentir outra sensação inédita: o círculo de fogo
(uma sensação de queimação e ardência). Isso acontece quando a cabeça do seu bebê já está
saindo, e o períneo está distendido ao máximo. Mas calma, essa sensação é a mais rápida de
todas, depois dela é só a alegria de segurar seu bebê pela primeira vez!
Você sabia?
A descida do bebê não é um processo contínuo, ele vai descendo e
e muito benéfico para você, uma decida suave evita lacerações, porque a
tranquila, ele nunca sobe mais do que desce, é como se ele andasse dois
E as posições?
deitada de barriga para cima. Essa é a posição menos fisiológica e que dificulta o parto tanto
Prefira sempre posições mais verticalizadas, assim você usa também a força da gravidade
a seu favor e aumenta os diâmetros da pelve, facilitando a passagem para o seu bebê. Escolha o
Se na maternidade em que você vai ter seu bebê isso não for possível (infelizmente
acontece), faça o que der dentro da sua realidade e tente abstrair as vozes e direcionamentos
externos, agora é você e o seu bebê que vão fazer isso! Confie em você, mesmo quando ninguém
mais o fizer!
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não...
Fase da dequitação
pele a pele).
Ana Keren recebendo sua filha nos braços pela primeira vez
“Quem olha acha que parto natural significa parto domiciliar ou na banheira,
na fase logo após o nascimento do bebê. Este é o momento quando a mãe tem a
capacidade de liberar os níveis mais altos de ocitocina, mais do que durante o parto,
mais do que durante o orgasmo, mais do que em qualquer outra situação. Esse pico
Além disso, por ser a ocitocina o hormônio do amor, é importante saber que o maior
pico de sua liberação ocorre imediatamente após o nascimento do bebê. Uma vez
que a ocitocina é um hormônio tímido, é preciso pensar: o que torna possível esse
condição para ele ocorrer é o contato pele-a-pele com o bebê, que a mãe pudesse
olhar nos seus olhos, sentir seu cheiro, sem qualquer distração. Mas os cientistas
tornaram isso impossível com as crenças e práticas de separar o bebê da mãe após
o parto. Isso é prejudicial. Da mesma forma, o colostro, que o bebê busca quase
imediatamente após o parto, mas que para achá-lo precisa estar nos braços da
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mãe. (...) Estamos, sempre, introduzindo rituais e crenças com o efeito de separar a
mãe do bebê, e temos que redescobrir na ciência que o bebê recém-nascido precisa,
em primeiro lugar, da sua mãe, e a mãe precisa do bebê recém-nascido. Vai levar
A dor acaba assim que o bebê nasce, mas preciso te dizer que, durante a dequitação da
placenta, você ainda pode sentir algumas cólicas (parecidas com as do início do trabalho de
parto). É o seu útero se contraindo para voltar ao tamanho normal e para expelir a placenta.
Colocar o bebê no seu peito nesse momento ajuda muito, porque aumenta a liberação de
ocitocina, que fará com que todo esse processo seja mais rápido e tranquilo.
automática. Assim que o bebê encosta no seu seio ou suga o mamilo, acontece a
secreção de hormônios que levam a uma contração uterina intensa.” (Janet Balaskas)
A contração uterina faz com que as aberturas nas quais os vasos sanguíneos da placenta
descolando do útero. Você, então, vai sentir uma coisa mole e escorregadia saindo, agora sim o
parto terminou.
Mas ainda restam alguns procedimentos a serem feitos: depois da saída da placenta, o
obstetra ou enfermeira obstetra vai examinar o órgão para ver se não ficou nenhum pedaço
lá dentro (restos da placenta podem gerar sangramentos desnecessários, dores e infecção) e
examinar a sua vagina e períneo para ver se houve alguma laceração que necessitará de sutura.
Em caso afirmativo, os pontos serão feitos com aplicação de uma anestesia local.
A dequitação da placenta pode demorar entre 30 minutos a 1 hora (às vezes até mais). O
ideal é que ela saia espontaneamente (o ambiente influenciará muito nesse momento – lembre-
se de que a ocitocina é um hormônio tímido e precisa de condições ideais para ser liberado),
puxar o cordão para acelerar esse processo pode ser muito perigoso para a mãe.
Lembre-se ainda de que, embora o parto tenha terminado, esse é um momento importante
para você, seu companheiro e seu bebê: é o primeiro encontro de vocês. O bebê estará atento
a tudo, seus sentidos estarão supersensíveis, ele olha, escuta e sente tudo pela primeira vez –
mais um motivo para manter o ambiente calmo e tranquilo. Esse é um momento de vocês, todo
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Os bebês nascem roxos (na verdade, um tom entre o azulado e o acinzentado) devido
à diferença de oxigenação dentro e fora do útero. Conforme ele vai fazendo a transição da
respiração pelo cordão para a respiração com os próprios pulmões, a cor vai aparecendo, e ele
cobertos de vérnix (quanto mais maduro o bebê, menos vérnix ele terá).
Você sabia?
O vérnix é muito importante para a proteção da pele do seu bebê, por
Ele também pode nascer todo enrugadinho, inchado e com algumas penugens, mas com
o passar dos dias vai ficando macio e menos inchado, e os pelos vão caindo.
Dependendo de como for o parto, ele também pode nascer com a cabeça pontuda. Isso
acontece porque a cabeça do bebê se molda para passar no canal de parto. Fique tranquila, em
Lembre-se de que essa transição da vida intrauterina para a vida extrauterina é muito
delicada para o bebê, quanto mais tranquila for, melhor para ele. Tudo aqui fora será novo, e os
seus sentidos estarão muito sensíveis, por isso o mais importante nesse momento é que ele
fique perto de você, esse é o único lugar que ele reconhece e onde se sente seguro.
E o pós-parto imediato?
Logo após o parto, você pode se sentir muito cansada, exausta, afinal você acabou de trazer
uma vida ao mundo, isso é uma tarefa e tanto, seu corpo despendeu quantidades enormes de
energia para fazer tudo isso acontecer. Você pode, inclusive, ter quedas de pressão e desmaiar,
Por isso é importante fazer tudo com calma. Mesmo que esteja se sentindo super bem,
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sempre levante-se devagar (primeiro sente-se, fique assim por um tempo e depois se levante) e
Alimente-se bem – alimentos nutritivos e que vão repor suas energias. Quanto mais
naturais, melhor, principalmente proteínas, verduras, frutas. Evite alimentos processados, que
vão te dar a sensação de saciedade, mas não vão te nutrir o suficiente (na maioria dos casos, a
comida do hospital não supre essa necessidade, por isso, se precisar, não deixe de pedir que
Você pode sentir cólicas toda vez que o bebê mamar, isso é normal e saudável. Sinal de que
seu útero está se contraindo e voltando ao seu tamanho original. A maior causa de mortalidade
materna é a hemorragia pós-parto, que acontece quando o útero não se contrai o suficiente e
continua sangrando além do normal. Para ajudar nesse processo, você pode fazer massagens
Você vai sangrar por alguns dias ainda – na verdade, isso depende muito de mulher para
mulher. Para algumas, o sangramento vai durar dias, para outras, pode durar semanas. Esse
sangramento, também conhecido como lóquios, é semelhante a uma menstruação com fluxo
intenso. Absorventes pós-parto ou calcinhas descartáveis serão muito úteis para esse momento.
Lembre-se sempre: agora você e seu bebê estão juntos nessa jornada da vida que se inicia.
Tudo é novo para você e para ele, e vocês vão se conhecer e aprender tudo juntos. Seja paciente
e compreensiva com você mesma. Tudo que começamos a fazer é mais difícil no início, mas, com
exatamente disso que seu bebê precisa, pois o colostro fará com que seu bebê desenvolva uma
imunidade de ferro!
Para o seu bebê, tudo é uma novidade, inclusive as sensações do próprio corpo, e a única
forma de comunicação dele é através do choro. É natural que ele chore bastante nos primeiros
dias, e ele vai chorar por tudo, não só por fome. Quanto mais vocês ficarem juntos, melhor. A
regra é: colo, colo, colo... Colo nunca é demais, principalmente nesse começo. Seu bebê precisa
de tempo para se acostumar ao mundo aqui fora, no seu colo é onde ele se sentirá seguro e
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RECAPITULANDO...
Chegamos à tão temida dor do parto! Então, peço que você feche os olhos, inspire
profundamente, observando tudo que vem à sua mente e o que sente em relação à dor do
parto, e expire lentamente, jogando tudo isso para fora. Se necessário, repita esse processo até
A partir de agora, vou falar sobre as SENSAÇÕES causadas pelo parto, as quais podem ou
não causar dor. As sensações são fisiológicas e muito semelhantes para todas, já a forma como
lidamos com essas sensações será diferente e única para cada mulher.
Não existe a “dor do parto”, existem as sensações do parto, e existe a forma como você irá
Dor é aquilo que você sente quando está doente, quando sofre um ferimento, quando
quebra algum osso, e todas essas dores estão associadas a algum tipo de sofrimento ou
desequilíbrio. São sensações geradas por fatores externos, de fora para dentro.
saudável e harmônico do seu próprio corpo. São sensações geradas de dentro para fora.
Não estou dizendo que é fácil, com certeza essas sensações (que podem incluir a sensação
O propósito da dor é te mostrar que o seu corpo não está bem, que o seu corpo está, de
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Já o propósito das sensações do parto é trazer vida (dar à luz), é abrir o seu corpo para que
o seu bebê possa nascer, é atuar no seu cérebro desligando o neocórtex (parte responsável pelo
raciocínio) e deixando as funções primitivas atuarem (sistema límbico) – esta última, talvez, seja
a tarefa mais árdua e a que torna o parto dos seres humanos mais difícil do que o dos outros
mamíferos.
Para se conectar com as partes muito escondidas de nosso ser, para investigar bem
é nossa amiga, nos leva pela mão até um mundo sutil, ali onde o bebê reside e
rompimento, provoca dor. O parto não é uma enfermidade a ser curada. É uma
uma passagem que está progressivamente forçada a se alargar. Nos filmes, você vê uma grávida
repentinamente dobrar-se com as mãos cruzadas sobre o topo do abdômen. É o diretor avisando
aos espectadores que o trabalho de parto começou. Isso, porém, nunca acontece na vida real.
Ao contrário, você sente como se estivesse sendo comprimida por poderosos músculosm no
baixo ventre ou na porção mais baixa das costas. Todos os sintomas ocorrem no nível do
quadril. Têm a forma de ondas, crescendo para formar a crista e depois diminuindo e
contração. Conforme elas se tornam mais fortes, longas e frequentes, a sensação de aperto
pode estender-se através de todo o corpo, como se houvesse um círculo de elástico grosso
e largo ao redor da pelve que a segura, aperta e depois solta novamente. Você pode estar
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sobe, contraindo-se para frente em seu abdômen, enquanto o grande músculo aperta sua parte
Por que o parto e o relato dessas sensações são tão diferentes de mulher para mulher?
Por que algumas mulheres vivem partos difíceis e dolorosos, enquanto outras praticamente não
sentem dor?
Porque o que muda não é a sensação dolorosa em si, mas a forma como reagimos a
ela, e isso é influenciado por diversos fatores, que acabam tornando a “dor do parto” única e
incomparável.
O que pode influenciar na forma como você vai sentir e lidar com a “dor”?
Alguns estudos comprovam que, quando estamos tranquilas e felizes sentimos menos
O que essa sensação dolorosa significa para você? Mais do que isso, o que todo o contexto
Saiba que a “dor do parto” é também um produto da sociedade na qual você foi criada.
Tente não pensar na dor do parto como uma maldição por ser mulher, como algo inevitável a
que você é obrigada a se submeter. A frase “Parirás com dor”, que é tão forte na nossa cultura,
pode ser também limitante e tirar de você a possibilidade de vivenciar essas sensações com
prazer e regozijo.
Rotular essa dor como “a pior dor do mundo” ou compará-la com “não sei quantos ossos
quebrando ao mesmo tempo”, além de irreal, impede que você a sinta de uma maneira única,
da sua maneira.
Já que a sensação de dor possivelmente causada pelo parto não é só fisiológica, mas sofre
influência de outros fatores, principalmente emocionais e sócio-culturais, pense sobre que tipo
de auxílio você vai desejar para se sentir mais confortável – quem te dará apoio físico e emocional
e quais métodos não farmacológicos e farmacológicos de alívio da dor você tem à sua disposição
Durante a gestação, procure limpar sua mente de referencias negativas, para que possa
encarar a dor como sua aliada e trabalhar com ela para trazer o seu filho ao mundo.
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sua sensação de dor, pois te jogará para dentro de um ciclo vicioso de tensão-medo-dor.
Vem a sensação que toma conta de todo o seu corpo, você luta contra ela, gerando tensão,
todos seus músculos ficam tensos, sua respiração muda, sua frequência cardíaca acelera, e
você contrai a pelve, fazendo um movimento totalmente contrário ao de abertura. A dor fica
mais intensa. A contração passa, mas você não consegue relaxar, porque já está com medo da
próxima contração. Ela vem, seu corpo já está tenso, a dor aumenta. E assim você entra nesse
ciclo, que fica cada vez mais forte, até que você se desconecta do seu corpo e não consegue
mais ajudá-lo.
Por isso todos os métodos não farmacológicos de alívio da dor vão girar em torno do seu
relaxamento.
Você pode conhecer e dominar diversos tipos de técnicas para lidar com a dor, mas nunca
se esqueça de que as suas armas mais poderosas estão dentro de você, porque o corpo que
gera as sensações dolorosas é o mesmo que te dá ferramentas para lidar com elas.
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AMBIENTE
O ambiente exerce influência direta sobre a sua sensação de dor. Como assim? Durante
o parto, o seu corpo libera hormônios que funcionam como analgésicos naturais. A liberação
Por isso, para lidar melhor com as sensações que vão tomar conta do seu corpo, é essencial
Um ambiente com pouca luz, silencioso e aconchegante pode fazer toda a diferença. Se
você for ter seu bebê em uma maternidade em que isso seja impossível, em que você não tenha
controle sobre esse ambiente, pelo menos tente controlar o que está ao seu alcance. Talvez
levar uma máscara para os olhos, ou mesmo usar uma toalha ou lençol no rosto para diminuir
a luminosidade. Você pode também usar fones de ouvido com uma música que te tranquilize,
para conseguir se distanciar um pouco de um ambiente hostil. Converse sobre isso com a pessoa
que você escolheu para ser seu acompanhante durante o parto, para que ela também possa te
ajudar com isso e te proteger. O chuveiro também pode ser um ótimo lugar de refúgio.
RESPIRAÇÃO
Assim como a contração, a respiração também é uma onda – ela começa, atinge seu
máximo e depois termina. Durante o parto, preste atenção às sensações do seu corpo e à sua
respiração. Uma respiração lenta e profunda te ajudará a se manter focada e relaxada. Aproveite
Pode ser que você fique intocável durante o parto. Tudo bem, somente na hora para saber
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Karine e eu
Marinna e eu
POSIÇÕES
Prefira posições verticais, assim você usa a forca da gravidade a seu favor e não comprime
os ossos do sacro e cóccix. Se você permanecer deitada durante as contrações, sua dor será
muito maior, porque o seu útero precisa fazer mais força para lutar contra a gravidade.
Alternar posições também ajuda a lidar com as sensações do parto, além de contribuir
Caminhe, fique em pé, rebole, mexa o quadril, sente-se, fique de quatro, apoie-se no seu
ÁGUA QUENTE
dor. Use a água como sua última cartada, quando as sensações estiverem muito intensas. Além
de te ajudar no alivio da dor, fará com que você consiga relaxar os músculos. Se for no chuveiro,
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deixe a água bem quentinha caindo sobre as costas; se for em uma banheira ou piscina inflável,
Juliana e eu no chuveiro
APOIO EMOCIONAL
Ter alguém ao seu lado que te apoie e não minimize as suas sensações é muito importante
e pode ser crucial para que você não desista em momentos mais difíceis. O seu acompanhante
deve se preparar para o parto tanto quanto você, pois nós só conseguimos dar apoio a alguém
quando entendemos o que está acontecendo. Se o seu acompanhante estiver com medo e
AFIRMAÇÕES
A cada nova contração, afirme mentalmente ou em voz alta: “Vem, contração, ajude-me a
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trazer meu bebe ao mundo!”, “Que maravilha, uma contração a menos, meu bebe está cada vez
mais próximo!” e “Nossa, essa foi boa!”. Essas simples afirmações fazem com que você evite a
Lembre-se de que a dor do parto é uma espécie de dor funcional, ou seja, é causada pelo
esforço muscular intenso. É uma dor parecida com a sentida pelos atletas de alta performance:
aberta para o que acontecer, não existe certo ou errado, a sua experiencia é única, e somente
você sabe e conhece os seus limites, então não se culpe se por acaso você precisar de uma
analgesia.
A analgesia, quando bem indicada e bem-feita, pode salvar a sua experiência de parto.
Então, se mesmo usando todas as ferramentas que estão ao seu dispor para lidar com as
sensações do parto você chegar num ponto insustentável, em que o trabalho de parto passa a
ser penoso, desprazeroso ou triste, você ainda pode dispor da analgesia. A ideia é que o parto
seja uma experiência plena, com momentos de contentamento e outros de mais dificuldade,
assim como a vida, mas que no final você possa dizer: valeu a pena!
É claro que, se você estiver com dor e alguém te oferecer algo para acabar com ela, você
aceitará prontamente, mas pode ser que você nem precisasse, por isso a decisão sempre tem
Preciso te dizer uma coisa sobre analgesia, para que você possa tomar uma decisão
informada: o uso da analgesia está associado a um aumento do uso de fórceps ou vácuo extrator,
dor sem controle também não é benéfica nem para mãe, nem para o bebê. Por isso é necessário
colocar na balança os prós e contras e tomar a decisão que seja melhor para você.
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Beleza, Jéssica, já entendi tudo sobre o trabalho de parto. Mas ainda tenho uma dúvida, em qual
As evidências científicas mais recentes recomendam que a mulher seja internada somente
quando estiver em trabalho de parto ativo, ou seja, com contrações a cada 3 minutos ou pelo
Um dos maiores equívocos das mulheres é ir muito cedo para o hospital, pois o parto é
um processo lento e progressivo. Estar em um ambiente hospitalar muito cedo só irá atrapalhar
a fisiologia natural do seu corpo. Além disso, quando você é internada precocemente, os
No entanto, você precisa se sentir segura onde estiver. Não adianta ficar em casa se estiver
muito preocupada, não conseguindo relaxar, por isso a importância do preparo anterior. Você
só conseguirá ficar tranquila em casa se entender o que está acontecendo com o seu corpo e
Lembre-se de que você não precisa sair correndo para o hospital se sua bolsa se romper
fora do trabalho de parto, pois isso pode te prejudicar muito. Dê um tempo para o seu corpo.
O líquido da bolsa é transparente, meio turvo, parecido com uma água de coco. Se sua
bolsa se romper e sair muito sangue (como uma hemorragia – você vai fazer xixi e sai tanto
sangue que você não consegue ver o fundo do vaso). Muito sangue é muito sangue mesmo, um
pouco de sangue é normal sair, inclusive é um bom sinal, quer dizer que o seu colo do útero está
dilatando.
Se sua bolsa se romper e você perceber um líquido esverdeado (parecido com uma sopa
Se você perceber que seu bebê está sem se movimentar por mais de 1 hora e isso não
melhorar mesmo depois de você se alimentar e se deitar do lado esquerdo. Nesse caso, é bom
3.8. MITOS
Falar de parto hoje em dia é como falar sobre a novela das 8 ou sobre política, todo mundo
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tem uma opinião e uma história para contar (na maioria das vezes trágica), mas a verdade é
que poucas pessoas realmente conhecem o processo do trabalho de parto e sabem sobre
seus reais riscos e benefícios, inclusive alguns profissionais da área de saúde que baseiam sua
não fisiologicamente.
Ah, Jéssica, então você quer me dizer que você sabe mais do que um médico obstetra ou do que
Nem pensar, longe de mim achar que sei mais do que alguém, mas uma coisa eu posso
te garantir: a forma como uma pessoa enxerga o parto é tão importante quanto o domínio do
conhecimento técnico.
Hoje temos acesso a uma ciência altamente desenvolvida, a conhecimentos precisos sobre
o funcionamento do nosso corpo, e esses saberes precisam andar de mãos dadas com a técnica.
Existe uma frase que eu gosto muito e que serve como uma luva para esse tópico: “Quem
maternidade, etc., busque em lugares ou com pessoas que realmente sabem do que estão
falando, o resto não passa de achismo. Além disso, lembre-se sempre de que, quando se fala
em parto e maternidade, estamos falando da vida, e para a vida não existem modelos certos a
serem seguidos, existe apenas aquilo que é melhor para você, dentro da sua realidade, aquilo
que deixa o seu coração em paz. Confie na sua própria sabedoria, na sabedoria do seu próprio
corpo.
Então respire fundo, abra seu coração e sua mente. Nesse tópico, pode ser que você
descubra que coisas que sempre acreditou serem verdades absolutas não o são.
O primeiro e talvez maior mito é sobre o próprio parto normal, como se parir fosse algo de
outro mundo, muito difícil e perigoso, que coloca mãe e bebê em risco desnecessário.
A verdade é que o parto normal ou parto natural, como o próprio nome já diz, é normal, é
natural, e, graças a ele, a espécie humana se perpetuou até aqui. A mudança no modo de nascer
Se o parto normal fosse tão perigoso assim, nós nem estaríamos aqui para contar história.
Sabe o que pode realmente ser perigoso? Não o parto em si, mas a assistência dada ao
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parto. Todo o processo de hospitalização e medicalização do parto foi para tornar a assistência
mais segura, no entanto o próprio parto se perdeu no meio do caminho, como se ele fosse o
vilão.
O que eu posso te dizer é que, quanto mais eu trabalho, mais percebo que o perigo está
nos olhos de quem vê, que acaba gerando mais perigo para fugir do perigo ou do seu próprio
medo do perigo. Ao desnaturalizar o parto, nós o tornamos cada vez mais arriscado. Na ânsia de
Pare para pensar... Os medos que você tem em relação ao parto dizem respeito ao
O parto envolve riscos? Claro que sim, o processo de nascer envolve riscos,
independentemente da via de parto – normal ou cirúrgico. Por isso existe a assistência, para
Então, o que se sabe hoje – não sou eu que estou dizendo, é a ciência42 43 –, é
que o parto normal é o mais seguro para a mãe e para o bebê: os índices de bebês
materno é favorecido.
Você sabia?
O parto natural beneficia a saúde da flora intestinal do bebê, diminui os
Isso para falar apenas dos benefícios físicos. O parto normal, no entanto, traz benefícios
amplamente significativos, duradouros e de longo prazo45, que englobam tanto o aspecto físico
Esse é um mito que decorre do anterior. Se o parto normal é perigoso, e esse bebê precisa
nascer de alguma forma, então temos a cesariana, que é mais segura e indolor. Eis um grande
mito.
A cesariana é uma cirurgia maravilhosa, que salva vidas e que evoluiu muito nas últimas
décadas, tornando-se cada vez rápida e segura, desde que feita quando necessário.
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Isso mesmo: uma cesariana feita sem uma indicação precisa acarreta três vezes mais
risco de mortalidade materna e duas vezes mais risco de mortalidade neonatal do que o parto
normal. Sem contar que a cesariana envolve mais riscos de hemorragia, infecções e complicações
em gestações futuras para a mãe e para o bebê, mais riscos de desconforto respiratório,
crônicos no futuro.
Sobre ela ser indolor, no momento da cirurgia realmente não existe dor, mas o pós-parto
não é bem assim. Imagine que a cesariana é a única cirurgia de médio/grande porte em que a
paciente não tem tempo de recuperação e resguardo pós-cirúrgico, muito pelo contrário, ainda
Apesar da facilidade com que é feita, a cesariana é uma cirurgia complexa (considerada
de médio a grande porte), que corta sete camadas do seu corpo até chegar no bebê. Não tem
Existem poucos casos em que a cesariana é uma indicação absoluta46 e, ainda assim, a
– prolapso de cordão (quando o cordão umbilical sai antes do bebê) com dilatação não
completa;
– herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto;
Você sabia?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dar à luz a um bebê
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Tecnicamente falando, isso não existe. Não existe a possiblidade de uma mulher não
dilatar, o que existe são corpos diferentes, com tempos e necessidades diferentes. E existe outra
coisa muito importante: dilatação e parto não dependem apenas de fatores fisiológicos.
Sabe aquela história que a gente escuta muitas e muitas vezes: “Fiz cesárea porque eu não
tive dilatação”? Então, não é bem assim. O parto não aconteceu não por falha do corpo feminino,
Na maioria dos casos, o que acontece é que as mulheres não são preparadas
de parto. Isso gera uma insegurança imensa, que acaba fazendo com que elas se dirijam para
a maternidade muito cedo, em uma fase em que ainda não há dilatação mesmo ou em que a
Outro fator a ser considerado é a falta de paciência dos profissionais, ou seja, não é que
houve falta de dilatação, na verdade houve falta de paciência para esperar o processo natural
do parto.
ele respira como a gente, ou seja, utilizando seu sistema respiratório. Mas não é assim que
acontece, o bebê respira pelo cordão umbilical, portanto ter algo enrolado no seu pescoço não
Na verdade, o bebê vai se enrolar muitas vezes no cordão, e não só no pescoço, mas
também no pé, nos braços, nas pernas... Enfim, para ele o cordão é um brinquedo.
Então, o cordão enrolado no pescoço não é impedimento para o parto normal, inclusive,
Esse mito vem da ideia de que a cabeça do bebê seria maior do que a pelve da mãe, por
Dessa ideia decorrem diversos mitos, entre eles: “Você é pequena demais”, “Sua bacia é
muito estreita”, “Seu bebê é muito grande”, “Eu não tive passagem”.
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
Reparem como sempre o defeito está no corpo feminino, assim muitas de nós carregamos
A realidade é que o parto normal é um processo natural, que foi feito para dar certo, e
longo da nossa evolução para que, mesmo com o seu super desenvolvimento, o nosso neocórtex
(cérebro que pensa, raciocina) fosse desliagado no momento do parto. Nosso corpo se adaptou
a isso.
Agora, você acha que esse corpo, que fez o parto normal ser um processo natural e
bebê que não seja capaz de nascer através do corpo da sua mãe? Isso é irreal.
Ah, Jéssica, então não existe desproporção céfalo-pélvica (esse é o nome técnico para quando a
cabeça do bebê é maior do que a pelve da mãe)? Pode acontecer, sim, uma desproporção real, mas
eu quero que você tenha bem claro na sua mente que isso é muito, muito excepcional, é mais
Outra coisa muito importante de se ter em mente é que essa desproporção real só poderá
ser diagnosticada intraparto e após a dilatação completa – no período expulsivo, que é quando
Ou seja, indicações de cesariana fora de trabalho de parto por uma possível desproporção
céfalo-pélvica são absurdas, além de muito prepotentes. Profissional nenhum é Deus ou tem
bola de cristal para saber se o bebê vai ou não passar pela pelve da mãe.
PARTO DEMORADO
“Fiquei tantas horas em trabalho de parto e não evoluiu.” Saiba que não existe um limite de
horas definido para o parto normal ("depois de tantas horas de trabalho de parto não podemos
mais esperar"), aquela ideia de 1 centímetro de dilatação por hora é uma tentativa frustrada de
controlar o que é incontrolável e de estabelecer padrões para algo impossível de ser padronizado.
Cada corpo tem um tempo, cada mulher tem um tempo próprio para parir.
Jéssica, então não existe um limite de espera? Não existe um limite temporal, o único limite
que existe é a vitalidade da mãe e do bebê, enquanto a mãe e o bebê estiverem bem, é possível
É obvio que, se o bebê não está respondendo bem ao trabalho e está dando sinais de
sofrimento, o parto precisa ser acelerado ou interrompido, e saiba que isso não acontece de
uma hora para outra, não existe registro na literatura de um bebê que estava bem e, de repente,
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
seu coração parou de bater. O bebê vai dando sinais de como está vivenciando essa experiência.
E o bebê fala com a gente como? Através dos seus batimentos cardíacos, por isso, durante
bebê.
ou seja, é como se ela fosse uma peneira com vários furinhos por onde passam, após serem
filtrados, os nutrientes para o bebê. Esses furinhos vão se fechando (calcificando). Esse é um
Portanto, o fato da sua placenta estar “velha” – eu prefiro o termo amadurecida – por si só
não é um sinal de risco. Para isso ser um sinal de alerta, outros fatores precisam ser considerados.
O seu bebê estar se desenvolvendo bem e ganhando peso é sinal de que ele está recebendo
Quero te dizer uma coisa muito importante: quando a gente fala de gestação e parto,
Eu gosto de fazer a seguinte analogia: um acidente de avião nunca acontece por uma
causa específica, por apenas um fator isolado, em todos os casos o que acontece é uma soma
de fatores que acaba gerando o acidente. Na gestação e no parto é a mesma coisa, para ser feito
um diagnóstico de risco e ser indicada uma cesariana fora de trabalho de parto, vários fatores
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“O bebê foi para a UTI, teve sequelas ou faleceu porque passou da hora”. Não, gente, isso
não aconteceu simplesmente porque o bebê passou da hora, essas fatalidades acontecem
por uma assistência falha, não por um defeito no processo de parir. Essas falas se
perpetuam justamente porque a responsabilidade recai toda sobre a mãe, quando na verdade
essa mãe e esse bebê não tiveram a assistência adequada no momento em que precisavam.
A assistência ao parto evoluiu tanto cientifica como tecnicamente para evitar que essas coisas
aconteçam, para que as intervenções sejam feitas quando necessário, por isso são importantes
um pré-natal bem feito e uma monitorização frequente no final da gestação, sobretudo nos
casos de gestações prolongadas. O risco não está em esperar, mas em esperar sem uma
assistência adequada.
Cada um deve se responsabilizar pela sua parte. Você está grávida e precisa se preparar,
entender o que está acontecendo no seu corpo para poder identificar o que são sinais de alerta e
o que são sinais normais e saudáveis. Os profissionais de saúde deveriam auxiliar nesse preparo
Quando todos os envolvidos têm clareza e assumem a sua responsabilidade, os riscos são
de responsabilidades.
Toda mulher uma hora ou outra vai entrar em trabalho de parto, e medidas em relação a
isso só deveriam ser tomadas a partir das 41 semanas, antes disso, antes disso é preciso apenas
monitorização e paciência.
Então, o primeiro ponto a ser analisado é: até quando esperaram para dizer que não
entrou em trabalho de parto? Cesarianas feitas antes das 40 semanas com base nesse motivo
não se justificam.
Na maioria dos casos, o que acontece não é que a mulher não entrou em trabalho de
Esse é um dos mitos mais toscos que existem. Sabe aquela máxima que diz que quando
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PARTO
você repete uma coisa inúmeras vezes e por muito tempo ela se torna verdade? Então, foi isso
que aconteceu. De tanto falarem que o parto normal deixa a vagina larga, isso se tornou uma
verdade para a maioria das pessoas. Mas isso não tem fundamento algum.
E nem vou entrar no mérito de esse ser um mito muito disseminado principalmente entre
os homens, como se o nosso corpo estivesse a serviço deles, a serviço do prazer masculino, como
se a nossa vagina fosse um playground. Esse é um mito criado e perpetuado pelo machismo –
Então, hoje eu quero te dizer que ISSO É MENTIRA! Sua vagina não vai ficar larga, muito pelo
contrário, o que eu mais escuto das mulheres no pós-parto é sobre a dificuldade de retomar as
relações sexuais porque a vagina fica muito apertada, muito tensa, o que faz total sentido, afinal
E por que isso é mentira? Porque o nosso assoalho pélvico é como o nosso diafragma
(alguns autores até o chamam dessa forma – diafragma pélvico), ou seja, ele é composto por
músculos grandes e fortes, que têm capacidade de relaxar e contrair, voltando ao normal depois
do parto.
A vivência do parto pode, inclusive, te trazer uma nova percepção corporal, você pode
tomar consciência sobre regiões do corpo que nunca utilizou antes, dentre elas a própria
musculatura do períneo e da vagina. Isso pode tornar a sua experiência sexual muito mais rica.
Se você se preocupa com como será o sexo depois do parto, saiba que o retorno à atividade
sexual pode ser um processo lento e difícil, não porque sua vagina vai ficar larga – longe disso,
mas principalmente porque você será outra mulher, seu corpo estará diferente, tanto físico
quanto emocionalmente.
Seu corpo se reestruturou inteiro para conseguir gerar uma vida, e leva um tempo para que
ele volte a ser um corpo só, autônomo e independente. Durante o puerpério e enquanto durar
a amamentação, seu corpo estará exposto a diversos hormônios, e seu foco, naturalmente, será
cuidar dessa vida que acabou de nascer e que depende totalmente de você. Leva um tempo
para você conseguir sair dessa relação simbiótica intensa e conseguir se abrir para o parceiro e
para a relação sexual. Isso é natural e saudável, é uma defesa do próprio corpo. É o seu corpo
te pedindo paciência.
Tente encarar o retorno da vida sexual não como uma obrigação e um peso, mas como um
processo de redescoberta que, portanto, exige calma e paciência de ambos os lados. Converse
sobre isso com o seu parceiro, e lembrem-se de que sexo é muito mais do que penetração.
Voltar à vida sexual aos poucos, com carícias e preliminares, pode ser muito benéfico. E quando
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for ter relação com penetração, abuse dos óleos vegetais ou lubrificantes, eles podem te ajudar
Aproveite que o parto deu vida ao seu corpo e redescubra-o. Para muitas mulheres, a
experiência do parto é a primeira experiência corpórea tão intensa. Nosso corpo é todo erógeno,
isto quer dizer que podemos sentir prazer no corpo inteiro, em qualquer parte dele, não só nos
órgãos genitais.
oportunidade de conhecer uma nova mulher e de descobrir o que dá prazer a essa nova mulher.
Esse é um mito muito perpetuado na nossa sociedade e que, aos poucos, vem caindo por
terra. Existe uma ideia fixa, disseminada e completamente errada de que a mulher tem a chance
de parir, mas se perder essa primeira chance da vida, já era, nunca mais! Ela estará para sempre
Como assim? Como um outro ser humano se acha no direito de tirar a possibilidade de
escolha de uma mulher e, mais do que isso, tirar a oportunidade desse bebê que está por vir
de ter uma experiência de nascimento em que ele próprio é considerado e é participante ativo?
Portanto, se você teve uma ou mais cesarianas, você pode, sim, ter um parto normal. A
única restrição é o tempo entre um parto e outro: é necessário no mínimo um ano e meio de
intervalo.
O parto normal após cesárea (PNAC ou VBAC – vaginal birth after cesarean) não só é
com a placenta – como quando a placenta se implanta muito profunda e firmemente à parede
• Lesões da bexiga: são mais prováveis com a repetição de cesáreas. O aumento do risco é
provavelmente devido às aderências, que são o tecido cicatricial que se desenvolveu depois da
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sangramento, com risco de vida, também aumenta com o número de repetição das cesarianas.
• Enfraquecimento da parede uterina. Cada incisão uterina deixa um ponto fraco na parede
Estou te dizendo que é possível, não que será fácil, e a maior dificuldade será encontrar
profissionais que te apoiem nessa escolha. Então, se você deseja vivenciar o parto, a minha dica
para você é que se informe49 , conheça a realidade obstétrica da sua cidade, busque alternativas,
encontre os caminhos e converse com pessoas que estão ou já estiveram na mesma situação
que você.
3.9. INTERVENÇÕES
Intervenções no parto natural? Mas pode? Parto humanizado não é aquele parto totalmente
natural, sem qualquer tipo de intervenção? Não, parto humanizado é muito mais do que isso, e
as vilãs da história não são as intervenções em si, mas a forma como são utilizadas. Isso faz toda
a diferença: uma intervenção bem indicada salva vidas e melhora a sua experiência de parto,
enquanto intervenções feitas por pura rotina, sem uma indicação precisa, aumentam os riscos.
3.9.1. Episiotomia
Episiotomia é um corte feito na região do períneo (músculo entre o ânus e a vagina) para
ampliar o canal de parto. Quando ela começou a ser utilizada na assistência ao parto, acreditava-
se que esse corte (o famoso “pique”) trazia mais benefícios para a mulher do que uma laceração
natural.
episiotomia de rotina (ver recomendações da OMS – anexos). Essa recomendação foi feita com
base em uma série de estudos (evidências científicas), que concluíram que a episiotomia não
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Então vamos entender como isso funciona: a episiotomia por si só é equiparada a uma
laceração de segundo grau. Existem quatro tipos (ou graus) de lacerações: a laceração de primeiro
grau atinge apenas a mucosa da vagina e, dependendo do sangramento, nem precisa suturar
(dar pontos); a laceração de segundo grau atinge o músculo da região perineal; as lacerações de
terceiro e quarto graus são consideradas lacerações graves, sendo que a de terceiro grau atinge
A esmagadora maioria das mulheres (mais de 90%) terá períneo íntegro ou lacerações de
primeiro e segundo graus. Somente menos de 10% das mulheres terão lacerações graves.
(que podem ser equiparadas, pois ambas atingem a parte muscular do períneo), não foram
A laceração natural do corpo irá acontecer exatamente onde o bebê precisa de espaço
para passar, sem contar que existem medidas que podem ser tomadas para diminuir as chances
não direcionado).
forma que o corpo encontra de desviar dos vasos sanguíneos que possam estar pelo caminho,
por isso a laceração sangra menos, dói menos e a recuperação é muito mais rápida.
Converse com seu médico sobre isso antes do parto, por aí você já vai conseguir ter
uma ideia se ele está atualizado ou não. Se você vai ter seu bebê pelo SUS, faça uma visita
à maternidade e procure saber qual a conduta deles em relação a isso. Como a diminuição
maternidades já estão se adequando. E não deixe de fazer um plano de parto, onde você poderá
3.9.2. Fórceps
Fórceps é um dos maiores medos das mulheres quando pensam no parto normal.
A utilização do fórceps diminuiu muito nos últimos tempos, e, assim como todas as outras
intervenções, não é o fórceps em si que é prejudicial, mas a forma como ele é utilizado.
o bebê de dentro da mãe. Por isso muitas mulheres tiveram experiências traumáticas de parto
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com fórceps, era uma época em que os bebês literalmente nasciam “a ferro”.
Hoje ainda existem profissionais que utilizam o fórceps de maneira errada, mas eles são
a minoria.
Então, existe uma maneira certa de usar o fórceps? Sim, o fórceps pode ser uma intervenção
benéfica, sobretudo nos casos em que o bebê “encaixa errado”, dificultando o período expulsivo
e aumentando os riscos de sofrimento fetal. São casos em que o bebê precisa nascer logo e,
antes de se partir para uma cesariana, pode-se tentar utilizar o fórceps de alívio. Nesses casos,
o obstetra consegue reposicionar a cabeça do bebê para que ele consiga completar a descida e
nascer. Ele não vai puxar o seu bebê de dentro de você (como antigamente), mas apenas auxiliar
no posicionamento, e você continuará o parto normalmente, você fará o seu bebê nascer.
Se for necessário utilizar o fórceps, é bom que você saiba que podem ficar marcas na pele
Uma boa alternativa ao uso do fórceps é o vácuo extrator (ventosa), uma intervenção
menos invasiva, mas poucos hospitais e profissionais têm acesso a esse aparelho.
vagina e, depois, retira o ar com o auxílio de uma bombinha a vácuo. Quando a ventosa estiver
firme, ele pedirá para você fazer força enquanto ele puxa a ventosa para ajudar na descida do
bebê.
Se esse aparelho for utilizado, também pode ser que a cabeça do seu bebê fique com uma
Se você tiver a oportunidade, converse com seu obstetra sobre esses procedimentos.
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3.9.3. Cesariana
A cesariana é a última opção possível de intervenção, por ser a mais invasiva e arriscada.
Quando nada mais puder ser feito, nós temos à nossa disposição o parto cirúrgico.
A cesariana é uma cirurgia maravilhosa, que salva muitas vidas, mas é, infelizmente, utilizada
Mesmo que não seja o seu desejo, é importante que você conheça e saiba que, em alguns
casos ela será necessária: aproximadamente 15% das mulheres precisarão de uma cesariana.
Não existe essa de parto a qualquer custo, pois o mais importante para todos os envolvidos é
"A cesariana é uma cirurgia de médio a grande porte. Nela são cortadas sete camadas
de tecido até chegar ao bebê. É usada geralmente uma anestesia raquidiana ou peridural, hoje
em dia raramente é necessária a anestesia geral. Depois que o bebê é retirado (e muita gente
não sabe, mas pode ser preciso usar o fórceps), a placenta também é retirada e depois é feita a
Se você precisar de uma cesariana eletiva (com data marcada), você receberá uma carta de
internação para cesariana de seu médico e irá para o hospital que escolheu. Fará a internação e
alguns exames na admissão e será preparada para a cirurgia. Se você precisar de uma cesariana
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durante o trabalho de parto, o médico reservará uma sala no centro cirúrgico e você também
será preparada para a cirurgia. Vamos falar como é o procedimento padrão e, em seguida, o que
As enfermeiras virão ao seu quarto e pedirão que você retire toda a sua roupa e coloque a
camisola. Também terá que tirar todas as joias e óculos e colocar uma touca de centro cirúrgico.
Você será deitada em uma maca e levada para porta do centro cirúrgico.
Seu acompanhante terá que entrar por outra porta, para colocar as roupas próprias para
entrar com você: uma calça, uma camiseta (que podem ser colocadas por cima da roupa), touca,
máscara e propés (tipo uma touca de pôr no pé por cima do sapato). Assim que for liberado pelo
médico, ele poderá entrar na sala com você, porém, se parecer que está demorando muito, é
bom que ele peça informação para quem está ali nos corredores. Às vezes há muito movimento,
Enquanto o acompanhante se prepara, você já estará dentro da sala onde será feita a
cirurgia. Será necessário colocar um acesso para o soro e medicamentos que você tomará
durante e depois da cirurgia. Dependendo do hospital, isso é feito na preparação para a cesariana
O anestesista irá explicar a posição que você deve ficar para ele poder aplicar a anestesi:
sentada com a cabeça entre as pernas ou deitada de lado segurando os joelhos, como em uma
posição fetal. Se você estiver em trabalho de parto, pode ser que seja um pouco difícil manter
a posição, mas tenha paciência e avise se estiver sentindo contrações. Ele irá limpar as suas
costas com um desinfetante, aplicar uma anestesia local e, em seguida, inserir o cateter. Não
se preocupe, que o que dói mais é a agulhada da anestesia local. Com o cateter instalado, você
deitará de barriga para cima, ele irá aplicar a medicação e, em questão de minutos, a anestesia
surtirá efeito. Você poderá sentir alguns incômodos, como enjoo e ânsia de vômito. Qualquer
coisa que você sentir, relate para a equipe, eles saberão como te ajudar.
Serão colocados panos sobre você e um pano cobrindo a sua visão. Esses panos são
esterilizados, por isso o acompanhante deve estar ciente de que não deve tocar em nenhum
deles. O acompanhante ficará sentado numa banqueta posicionada logo atrás da cabeceira da
O médico irá iniciar o procedimento depois de ter certeza que você está sob o efeito da
anestesia. Você pode sentir alguns chacoalhões e alguma pressão. É que não é tão simples tirar
o bebê de dentro da barriga. Pode ser também que empurrem a sua barriga para baixo. Assim
que nascer e o cordão for cortado, o bebê será entregue para o pediatra para ser examinado e
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aspirado. Depois será envolto em panos, mostrado a você e levado para a sala onde será medido,
pesado e ganhará um banho, tudo isso acompanhado pelo pai ou pelo seu acompanhante.
Enquanto isso, o médico fara a sutura de todas as camadas que foram cortadas e o curativo.
Você será passada para uma maca e ficará na sala de recuperação até que sinta novamente as
pernas. Seu acompanhante deverá ficar com você e o bebê nessa sala até serem liberados para
o quarto.
de uma cesariana e de muita alegria por finalmente conhecer o seu bebê. Tudo isso é normal, e
você não precisa se sentir culpada por nada do que estiver sentindo.
Em muitos lugares, a mulher fica com os braços amarrados em posição de cruz. Isso não
é necessário. As luzes podem ser diminuídas. O pano que está tampando sua visão pode ser
baixado, permitindo que você visualize o nascimento do seu bebê. Assim que o bebê nasce, o
corte do cordão pode ser postergado, e se for um cordão longo, o bebê pode ser colocado sobre
seu peito enquanto se espera o cordão parar de pulsar. Pode-se colocar o bebê para mamar ali
nos primeiros minutos de vida. Enquanto o médico tira a placenta e faz os pontos, você pode
ficar com seu bebê por uns momentos, até o pediatra examiná-lo. A aspiração pode não ser
necessária, embora seja feita na maioria dos casos de bebês nascidos por cesariana. Em seguida,
o bebê pode ficar no colo do acompanhante até que você esteja na sala de recuperação. Não
é necessário dar banho, medir, pesar. E a vitamina K e a vacina da hepatite podem ser dadas
até uma hora depois do nascimento, assim como o bebê pode ser pesado e medido depois. O
banho pode ser feito no quarto por vocês, ou pelo menos na sua presença, quando você puder
caminhar.
Fisicamente, você pode sentir dor no local da cirurgia e ter cólica de gases. Quando você se
levantar, poderá sentir tontura e até enjoo, e dor de cabeça também é algo comum de acontecer.
Por isso você tomará remédios que ficarão prescritos pelo médico. Geralmente, só irão liberar
para você se levantar pelo menos 12 horas depois da cirurgia. Você também ficará em jejum
pelo tempo prescrito pelo médico. No seu primeiro banho, pode ser que você precise de ajuda.
Pode ser mais difícil amamentar deitada, por isso peça ajuda sempre que precisar. Tente
descansar enquanto o bebê dorme, ele deve mamar pelo menos de 3 em 3 horas.
Não é normal você ter muito sangramento, muita dor de cabeça ou febre depois da
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cesariana. Relate qualquer coisa que você achar que não está normal.
conseguido ter seu bebê da maneira que imaginou. Saiba que, mesmo nos partos normais,
raramente as coisas saem como imaginamos. Mas este sentimento é totalmente normal, procure
A maioria das pessoas não vai entender esses sentimentos. Não tente fazê-las entender.
Novamente, fale com quem possa acolher o que você está sentindo."
Quando nos preparamos para algo, acabamos criando diversas expectativas sobre aquele
momento, sobre como gostaríamos que fosse, pensamos em todos os detalhes e criamos o
Mas, se podemos ter uma certeza em relação ao parto, é a de que as coisas não vão
acontecer da forma como você imagina, porque parto é vida, e, assim como na vida, nós não
Não sabemos se o seu bebê vai nascer com 37 ou com 42 semanas, se você terá um
trabalho de parto espontâneo ou precisará de algum tipo de indução. Não sabemos se sua bolsa
vai se romper antes do parto, ou durante, ou mesmo se vai se romper. Não sabemos se o parto
vai demorar dias, ou se vai ser rápido, se as sensações serão insuportáveis ou prazerosas. Não
sabemos se seu bebê responderá bem ao trabalho de parto ou se você precisará de alguma
E sair diferente do que você imaginou não quer dizer que será ruim, apenas que será
diferente. Pode, inclusive, ser muito mais engrandecedor do que sua mente poderia imaginar.
Nossa mente é limitada e nunca conseguirá alcançar todo o mistério da vida. A fé, seja no
que for, pode te ajudar muito durante todo esse processo, afinal o seu corpo é a morada do
divino, do inexplicável, do intangível. Toda mulher grávida carrega o divino dentro de si, carrega
Certa vez aprendi com um amigo que a grande questão não é deixar de criar expectativas.
Fazer planos, pensar e desejar nosso futuro é saudável. O problema é a gente se apegar a essa
construção como se ela fosse a única opção possível e tudo fora dela fosse ruim. Deixe a vida te
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Chegamos até aqui e quero que sabia que você está no caminho certo, buscando
informações, preparando-se e controlando aquilo que é controlável. Isso é o melhor que você
pode fazer por você, pelo seu filho, pela sua família e pela humanidade.
Aquilo sobre o qual não há controle, não tente controlar, você só irá se desgastar e deixar
de colocar energia no que realmente importa. Parto é entrega e abertura, entrega para o
Se permita viver essa experiência na sua inteireza, como ela tiver que ser, porque essa
é a sua história, e não existe uma história mais bonita do que a outra. A gestação, o parto e a
maternidade são mergulhos profundos dentro de nós e, normalmente, esses momentos da vida
O que essa gestação, o que essa nova vida veio te ensinar? Toda experiência nos traz
algum aprendizado. Cada bebê escolhe vir de uma maneira, e nosso papel é nos abrirmos para
o que a vida traz. O que esse segundo coração que bate dentro de você tem para te presentear
e te ensinar?
Ter tudo isso em mente também será muito saudável e te fortalecerá para o próximo
Parabéns, você se tornou mãe, e essa é uma das missões mais difíceis e mais lindas da vida.
Tenha certeza de que você é a melhor mãe que esse bebê poderia ter! E não se esqueça: você
se tornou mãe, não uma super-heroína, você continua sendo um ser humano cheio de medos,
inseguranças e falhas, mas também cheio de coragem, força, humildade, poder e acertos. Não
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Portanto, tudo que você aprendeu até aqui também vale para a maternidade e para a
vida. Você pode aprender um milhão de coisas, ouvir mil conselhos e receber muita ajuda, mas
a maior sabedoria de todas está dentro de você, no seu coração de mãe. Só você sabe o que é
Eu confio em você.
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4. Pós-Parto
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GUIA DA GESTAÇÃO AO PUERPÉRIO Como viver cada fase com mais leveza PÓS-PARTO
Ao contrário do que muita gente pensa, o parto não é o maior desafio, o parto é uma
Infelizmente, nossa sociedade não está preparada para apoiar essa mulher que acabou
de se tornar mãe e que agora tem um filhote totalmente dependente para cuidar. O mundo
tem sido muito cruel com as mães, pois, além de ter que dar conta de todas as transformações
na sua vida pessoal, de cuidar e alimentar um bebê dia e noite sem descanso, a mulher ainda
precisa dar conta do mundo que colocam sobre as suas costas. Precisa estar feliz o tempo todo,
fazer tudo “certo” o tempo todo, não pode perder a paciência, precisa estar sempre bonita e
arrumada, não pode se desleixar, não pode engordar demais, precisa se esforçar para voltar ao
corpo de antes, não pode deixar a casa suja ou desordenada, não pode esquecer dos outros
filhos ou do marido, tem que dar atenção especial e igual para todos. E mais um milhão de
tarefas, cobranças e pressões, tudo isso com pouquíssima ou nenhuma ajuda e apoio. Tem que
Às vezes, nós mesmas criamos ou caímos nessa armadilha e acreditamos poder dar conta
de tudo. Impossível. Você não vai dar conta de tudo. Você NÃO PRECISA dar conta de tudo. Você
precisa de cuidados também, alguém deveria cuidar de você enquanto você cuida de uma outra
Não é você que está errada e precisa fazer mais. Somos nós que erramos, todos os dias,
há séculos.
Nossa, ninguém parou para pensar que nenhum ser humano consegue passar por
isso tudo de forma saudável se não tiver ajuda e apoio? Ninguém parou para pensar que a
maternidade é tão sagrada que toda a sociedade deveria ser responsável por dar condições
mínimas para que essa mulher fizesse essa transição de forma tranquila, podendo se dedicar
Não, e ao invés disso, ao invés de ajudar, nós conseguimos tornar tudo mais difícil do que
já é: nós insistentemente diminuímos os saberes dessa mãe; pessoas que nunca tiveram filhos
se acham no direito de julgar, torcer o nariz e dizer que fariam diferente; pessoas que já tiveram
filhos esquecem-se de toda a dificuldade que já passaram e se acham no direito de saber mais
do que essa mãe que gerou, gestou, pariu e alimentou. Com isso, nós só enfraquecemos cada
vez mais as mães, que naturalmente, já estão fragilizadas com tantas mudanças e pressões.
É muito fácil culpabilizar as mães, porque elas são as maiores responsáveis pela vida de
outro ser humano, mas é difícil assumir a própria responsabilidade nisso tudo. Se as mães são
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“culpadas” por tudo de ruim que acontece na vida de um filho, nós somos “culpados” por não
Depois que seu filho nascer, você pode se sentir assim, sozinha, incompreendida e culpada.
Mas saiba que o problema não está em você e que, por mais que pareça, você não está sozinha!
Milhões de mulheres sofrem caladas todos os dias por medo de serem julgadas.
Procure pessoas que te apoiem e entendam o que você está passando, nem que seja
apenas uma. Se não encontrar esse conforto em casa, na sua família, procure fora, procure
Fisiologicamente, ele dura em média dois meses e, emocionalmente, pode variar de acordo
com a realidade e a história individual de cada mulher. Assim como no parto, o puerpério é
Imagine que seu corpo levou quase 10 meses para gerar um bebê, isso fez com que ele
passasse por modificações profundas e, agora, também levará um tempo até que ele se recupere
e volte ao seu equilíbrio. Seu corpo se abriu por inteiro e precisa se fechar aos poucos. Tenha
mulheres ficavam 40 dias em repouso absoluto e, enquanto cuidavam do bebê, alguém cuidava
delas. Sabemos que nossa realidade atual é bem diferente, mas tenha em mente que ir com
calma nesses 40 dias é essencial para a sua recuperação saudável. Peça ajuda e se deixe ser
cuidada.
Imediatamente após o parto, você pode se sentir exausta, esgotada, e isso pode causar
quedas de pressão, por isso, por mais que você se sinta bem e disposta, levante-se devagar e,
puerperais vão ajudar nesse processo. Ah, não acredito... Mais contrações? Calma, essas
contrações são leves (parecidas com uma cólica menstrual), costumam ser mais intensas durante
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Após o parto, o colo do seu útero estará edemaciado (inchado) e com pequenas lacerações.
Ele vai se regenerar natural e gradativamente e, por volta do 10º dia, já estará fechado (impérvio).
Sua vagina passará por uma crise para se regenerar, logo nos primeiros dias acontecerão
Além disso, você terá um sangramento durante alguns dias. Esse sangramento é conhecido
como lóquios, um corrimento vaginal semelhante a um fluxo menstrual intenso, que vai diminuindo
sumir. Isso também é ótimo e saudável, seu útero está se limpando. A duração varia, sendo em
média de 21 dias, mas pode se prolongar por mais tempo. O importante é observar a redução
Você pode sentir uma ardência no períneo e na vagina, principalmente no primeiro xixi
após o parto. É importante manter a higiene da região íntima, sobretudo se você precisou levar
alguns pontos (seja pela laceração ou pela episiotomia) – lave com água e sabão neutro toda a
vez que for fazer xixi ou cocô, seque bem e evite usar papel higiênico. Esses cuidados básicos
são essenciais para a cicatrização. A região pode ficar dolorida por alguns dias e os pontos
Se você teve uma cesariana, também mantenha a cicatriz bem limpa, lavando com sabonete
você sinta que perdeu o controle sobre a sua bexiga. Fique tranquila, isso é transitório e tudo
Da mesma forma, o sistema digestivo vai voltando à normalidade aos poucos, portanto
também é normal demorar uns dias para evacuar. É bem comum ficar com medo de fazer força
para esse primeiro cocô, porque a sensação é de que todos os seus órgãos vão cair. Eles não
Em média de 3 a 5 dias após o parto acontecerá a descida do leite, nesse momento você
pode sentir-se febril. O aumento da temperatura acontece pela apojadura e pela proliferação de
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Descanso (por mais ativa que seja, pelo menos nos primeiros dias tente se esquecer de
todo o resto, seu bebê já demandará demais de você), caminhadas leves, alimentação equilibrada,
Saiba que seu corpo jamais será o mesmo, assim como você também jamais será a mesma.
Quando seu filho nasceu, tudo mudou, você se transformou, você é outra mulher, e seu corpo
também é outro. Uma busca desequilibrada pelo retorno do corpo que tinha pode te causar
muita frustração, o caminho é se reconhecer e descobrir esse novo corpo e essa nova mulher.
E isso não acontece apenas após o parto, nosso corpo muda durante toda a nossa vida, faz
parte da condição de ser humano, tentar ser o que era só te desgastará e te privará de vivenciar
estética, mas também pela saúde). Nós, mamães, precisamos cuidar da nossa
nossos corpos, após a gravidez, antes mesmo de eles estarem do jeito que
desejamos e penso que grande parte dessa aceitação vem do modo como
definitivas. Portanto, quando digo que o meu corpo jamais será o mesmo,
digo (simplesmente) que não sou a mesma e que, entendendo que não sou
a mesma, fica mais fácil aceitar também um novo corpo. Não há como viver
mãe durante 24h de todos os seus dias. Não há como esconder nada disso,
porque mesmo que as olheiras passem e que o sono seja recuperado, esse
meu corpo todo. São as marcas da relação com o que de mais especial eu
tenho na vida: meu filho. Por que eu iria querer escondê-las? Alguém, em sã
Acho que não. Não consigo imaginar uma versão melhor de todo o potencial
tornamos mães.” 51
Tornar-se mãe é também enfrentar uma crise, uma crise de identidade. Sua vida mudou
completamente, seu corpo mudou, você se olha no espelho e não se reconhece mais, não sabe
quem é, muito menos quem será. Isso tudo faz parte desse momento de transição.
Você, de repente se depara com uma parte sua que até então não conhecia: a mãe, porque
por mais que a gente imagine como é ser mãe, só quando estamos nesse lugar é que sabemos
o que ele realmente significa, e é um lugar enorme, para todos os lados, os maravilhosos e os
Ser mãe é conhecer uma leveza confiante e, ao mesmo tempo, um peso julgador. E, em um
primeiro contato, tudo isso é assustador, mas é também fortalecedor, porque com o tempo vai
ficando mais fácil, você já conhece e domina melhor esse seu novo eu: o eu mãe.
Por um tempo ele toma conta, seu eu mãe é você por completo, no início não sobra muito
tempo ou espaço para ser outra coisa – mulher, profissional, esposa, amiga, filha, etc. Você tem
que simplesmente dar conta da vida de outra pessoa, você tem que dar conta do mundo.
Mas seu bebê vai ficando cada dia mais autônomo e independente, até não ser mais tão
bebê assim. Você se surpreenderá com a velocidade com que ele aprende as coisas, cada dia
é uma coisa nova. Simultaneamente, seus outros “eus” vão tendo mais tempo e espaço, vão
voltando, transformados. O papel de ser mãe é tão especial que tem a capacidade de te trazer
Por isso aquele mantra tão famoso da maternidade, “Vai passar, vai passar”, é tão real,
porque cada dia é uma conquista, a maternidade te convida a viver um dia de cada vez. Enquanto
seu bebê se desenvolve, você também se desenvolve, vocês estão juntos, vivenciando uma
Tudo isso tem também explicações fisiológicas, hormonais. A ocitocina, que alcança
seu pico logo após o parto, te preenchendo de contentamento e te levando para o céu, cai
drasticamente depois de alguns dias, em queda livre, te levando de uma vez ao inferno. Isso faz
com que você se sinta triste, melancólica, com medo, sem acreditar na sua própria capacidade.
“Será que eu vou dar conta?”, “Estou enlouquecendo!”, “Eu não vou conseguir cuidar desse
Mas, quando o dia amanhece, tudo parece melhorar; durante a noite, na escuridão, o
desespero pode vir novamente. Tente se acalmar, relaxar e se lembrar de que, pela manhã, tudo
estará melhor. Essa montanha-russa emocional é natural nos primeiros dias que sucedem ao
e tem muito a ver com o quanto de apoio e de julgamento essa mulher recebe.
Esse período de puerpério emocional costuma ser mais forte nos primeiros 30 dias e, com
o tempo, vai amenizando, mas seu corpo ainda sentirá as alterações hormonais enquanto você
estiver amamentando.
Além disso, você se depara com a maternidade real e, ao mesmo tempo que conhece
um amor imenso, vivencia um esgotamento físico e mental inéditos, que às vezes te fazem
Olhe quantas mudanças e o quão profundas e definitivas elas são. Entende? Se entende?
Para passar por isso com mais leveza, e para que não se torne algo patológico – como uma
depressão pós-parto –, é importante que você chore quando tiver vontade, mesmo que ache
que não tem motivos para isso (você tem todos os motivos do mundo). É importante que você
tenha pelo menos um lugar ou uma pessoa com quem possa falar sobre isso abertamente, sem
medo de ser julgada, ou pelo menos escrever, pintar, enfim, qualquer forma de colocar para fora
o que sente. É importante que você conheça e respeite seus limites e que aceite e peça ajuda.
Afinal, no meio de tudo isso você cuida do bebê, mas quem cuida de você?
O início da maternidade é muito solitário, é como se a sua vida tivesse parado enquanto a
vida de todas as outras pessoas continuasse a todo vapor. De uma certa forma, a sua vida parou
mesmo, mas parou porque uma outra vida te chamou, você parou para olhar e cuidar da vida.
Você não está simplesmente seguindo, você precisou parar para descobrir como você fará isso
da melhor forma, você parou para aprender a ser a melhor mãe que esse bebê pode ter. Isso é
divino, todas as pessoas no mundo deveriam reverenciar as mães pela doação de uma parte da
A nossa sociedade no geral não pensa assim, ou pode até pensar, mas não age de acordo
com isso. A pessoa que perde toda atenção e cuidado no momento em que mais precisa é a
mãe. Todas as atenções são voltadas para o bebê. A maioria das pessoas não se dá conta de que
quem precisa de cuidado é a mãe. Ela precisa de cuidado para poder cuidar.
Isso tudo pode tornar a maternidade um fardo que ela não é, ou não deveria ser, e a
mulher, a mãe, se culpa cada vez mais. Dizem que quando nasce uma mãe, nasce uma culpa
imensa e infinita. Também não era para ser assim, porque a mãe não é culpada – como alguém
que comete um crime ou algo do tipo –, a mãe é responsável por seu filho, mas ela não é a única!
Se todas essas sensações perdurarem por muito tempo e forem muito intensas, se elas
não passarem com o amanhecer do dia ou durarem dias seguidos sem momentos de melhora,
Apesar disso tudo ser normal, a parte boa e “romântica” da maternidade é predominante,
e a parte difícil só se torna mais difícil porque as mães não podem falar sobre ela.
Seja paciente com você mesma, tenha consciência de que você está passando por um
momento de transição e que, como todo momento de transição, é difícil, mas vai passar e te
Preserve pelo menos uma prática diária dedicada a você mesma, por menor que possa
parecer, algo que te dê prazer. É importante para você se lembrar de que você está aí o tempo
um filho olha para uma mãe, sobretudo nesses primeiros meses e anos, é algo arrebatador de
4.3. AMAMENTAÇÃO
Já quero começar te dizendo que amamentação não é só uma questão física, vai muito
além disso. Portanto, por mais que a gente seja levada a acreditar que amamentar é instintivo, é
natural e nós já nascemos sabendo fazer isso, a realidade não é bem assim.
A amamentação talvez seja o maior desafio da maternidade, é você doar parte do seu
corpo para outra pessoa por muito tempo e sem pausa ou descanso, em livre demanda. Tem
noção do quão exaustivo, física e emocionalmente, pode ser estar à disposição de alguém para
É muita doação, por isso amamentar é uma decisão diária, todos os dias você precisa
reafirmar o seu desejo de continuar alimentando esse bebê, afinal ele depende de você, e esse
O que torna tudo isso possível? O amor! O amor materno é algo inexplicável e imenso
justamente porque, sem ele, as mães não dariam conta. Ele por si só torna tudo possível. Mas o
que torna a amamentação mais leve, tranquila e prazerosa é a consciência das outras pessoas
sobre a sua importância, para que possam dar suporte e apoio para essa decisão diária. Para
que a mãe não precise se doar por inteiro e ainda ser julgada ou questionada por isso.
nutrir.
O bebê que nasce no tempo certo, quando está pronto e maduro para isso, já nasce com
um forte reflexo de sucção e, alguns minutos após o parto, já começa a buscar o peito. Por isso
essa primeira mamada é tão importante. Fazer uma pega correta no início da amamentação
Por outro lado, você ainda não produz leite, mas produz o colostro, que é o leite inicial e
essencial para esses primeiros dias de vida. Na verdade, o colostro é tudo que seu filho precisa,
o estômago dele é minúsculo, do tamanho de uma cereja (imagem abaixo), por isso ele precisa
de pouco, mas várias vezes ao dia. E quanto mais ele mamar, mais ele estimulará a produção do
Depois de alguns dias, seu leite vai descer, é a apojadura. A coloração é diferente, mais
ficam cheias e endurecidas) ou mastite (infecção que pode ser causada pelo não esvaziamento
frequente das mamas). Esse leite de transição é mais calórico, rico em gorduras, vitaminas e
lactose.
o leite maduro, que é aquele leite ideal para suprir todas as necessidades do seu bebê e que vai
A produção de leite também começa a se estabilizar, e seu corpo passa a produzir somente
a quantidade necessária para o seu bebê, por isso é comum você sentir que seu leite diminuiu
barriga dele na sua barriga e o apoie firme com um dos braços, segure a sua mama com a mão
em formato de C de cabeça para baixo (polegar na parte superior e os outros dedos na parte
inferior), vá passando o mamilo nos lábios do bebê até que ele abra bem a boca e só então
leve-o até a mama. O mamilo e a maior parte da aréola devem estar na boca do bebê, você
quase não vê a aréola (claro que isso varia de acordo com o tamanho da sua aréola).
– a famosa boca de peixinho, os lábios dele não podem estar voltados para dentro;
– quando o bebê engole, você consegue ver o movimento do maxilar até os ouvidos.
Se você observar que tem alguma coisa errada ou sentir dor, tire a boca do bebê e tente
colocar de novo, faça isso até sentir que está tudo bem.
A amamentação, quando feita a pega correta, não dói. Se você sente qualquer tipo de
dor durante a mamada, procure ajuda de um profissional (bancos de leite ou consultoras de
aleitamento).
E nunca se esqueça de que seu corpo foi capaz de gestar e dar vida a esse bebê, então
também é capaz de alimentá-lo. Seu leite é tudo que seu bebê precisa até os 6 meses, e os últimos
estudos recomendam que a amamentação seja mantida até os dois anos como alimentação
complementar.
Nós sabemos que a realidade é muito diferente, e amamentar por dois anos é um desafio
imenso, por isso conheça e respeite seus limites e vá até onde amamentar seja bom para vocês
Você sabia?
VOCÊ PRODUZ O ALIMENTO MAIS PODEROSO DO MUNDO?54
pelo bebê.
cresce e precisa de maior volume de leite, ele então solicitará mais vezes
juntos, todas as bactérias, vírus que entram em contato com eles são
nutricionais.”
5. Papel do Pai
Para finalizar, quero falar um pouco com você, pai. Quero te dizer que você está presenciando
um fato inédito na história da humanidade em relação a paternidade: pela primeira vez, os pais
Refletir sobre isso pode parecer assustador ou sem sentido num primeiro momento. “Para
que eu vou pensar sobre isso? Ser pai é ser pai.” Mas a relação que você vai ter com seu filho,
a forma como ele vai te ver e te reconhecer, depende só de você. E como você quer que ele te
veja? Refletir sobre tudo isso pode ser também muito transformador e libertador.
financeiramente a casa
outro momento, um
momento de reflexão
sobre a paternidade,
Jota, segurando seu filho pela primeira vez
sobre o que de fato é
ser pai. E você tem duas opções: assumir de corpo e alma essa paternidade ou se manter nesse
Ser pai é ser co-responsável por outro ser, não só financeiramente, mas em tudo. Tudo
que diz respeito ao seu filho também é responsabilidade sua – desde a gestação até sempre.
Sua mulher e seu filho não precisam da sua ajuda, eles precisam que você assuma a sua
Eu sei que isso pode parecer mais uma ladainha cheia de cobranças para os pais, mas
não é, as necessidades do processo de tornar-se pai são pouco conhecidas e, portanto, pouco
consideradas.
diferentes.
Na maioria das vezes, esse peso de ter que manter a família acaba sobrecarregando o
homem e sendo uma fuga de lidar com outras transformações, mais profundas. Ser pai também
mexe com a alma e as emoções do homem. Mas eles não foram estimulados a lidar com isso, a
Então ele se enfia cada vez mais no trabalho, e todo esse processo de gestar e parir parece
muito feminino e abstrato para ele. É uma defesa. Entenda que para ele também é difícil passar
Assim, com o passar do tempo, fica cada vez mais difícil dar apoio a alguém, sendo que ele
O relacionamento de vocês vai mudar, e a vinda de um filho pode ser uma oportunidade
para o diálogo e a preparação para os desafios que virão. Se vocês estiverem juntos, se ouvindo
Às vezes, nós cobramos muito que os homens nos escutem, mas será que nós estamos
os escutando também? Eles precisam ser ouvidos, mas, primeiro, eles precisam aprender a se
ouvir, e talvez nós, que somos constantemente atravessadas por emoções, possamos ajuda-los.
Se queremos pais melhores para os nossos filhos, se queremos filhos melhores para o mundo,
6. Anexos
Na internet você encontra diversos modelos de plano de parto. O modelo abaixo é bem
extenso, para que também sirva de roteiro de estudo, nesse caso você estuda e analisa todas as
opções do modelo e deixa apenas as que dizem respeito ao que você deseja.
À Maternidade
NOME DA MATERNIDADE
TAL, nacionalidade, profissão, com endereço à Rua XXXXXX, n. XXX, Bairro XXXXX, CEP:XXXXX-XX,
A Organização Mundial de Saúde classifica como conduta claramente útil e que deverá
ser encorajada a confecção de um plano de parto individual, determinando onde e por quem o
parto será realizado, feito em conjunto com a grávida durante a gestação, e comunicado a seu
Na expectativa do nascimento de meu filho nos próximos meses, e planejando ser atendida
nesta instituição hospitalar, venho formalizar a entrega do meu Plano de Parto. Informo, na
oportunidade, que tal documento foi redigido após dedicado estudo das evidências científicas e
reflete com precisão as minhas escolhas para o meu atendimento e o do meu filho.
O Código de Ética Médica estabelece, em seu artigo 31, que é vedado ao médico
de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade
para limitá-lo”. Isto posto, e levando-se em conta, ainda, a legislação consumerista e civil, não
restam dúvidas sobre o meu direito de decidir sobre as melhores práticas a serem adotadas no
Segue anexo o referido Plano de Parto, que deve ser levado ao conhecimento de toda a
Atenciosamente,
NOME DA AUTORA
Antes do Parto
• Gostaria que meu médico procure saber a minha opinião sobre as questões que
• Se após a minha DPP eu precisar fazer algum exame para verificar se está tudo bem,
Exames Vaginais
• Por favor, peça a minha permissão antes de descolar minhas membranas durante um
exame vaginal (toque).
• Prefiro que não sejam feitos exames de toque antes de eu entrar em trabalho de
parto.
• Prefiro ter um exame de toque somente quando estiver próxima a minha DPP.
• Eu gostaria de não ter nenhum exame de toque até eu começar a sentir os puxos.
Internação
indução.
• Se eu estiver com menos de 6cm de dilatação, gostaria de conversar com meu médico
Indução
• Estimulação da mama
• Caminhar
• Ervas
• Enema
• Óleo de rícino
• Quiropraxia
• Acupuntura
• Relação sexual
aplicam)
• Descolamento de membranas
• Ocitocina
• Rompimento da bolsa
Ambiente
(esposo, doula...)
• Em casa
• Bola de pilates
• Banheira de parto/piscina/chuveiro
• Banqueta de parto
• Barra de apoio
extremamente necessário.
Alívio da dor
• Por favor, sugiram alguma alternativa para alívio da dor se observarem que estou
muito desconfortável.
• Por favor, discutam alguma alternativa para aliviar a dor o mais rápido possível.
• Após orientação médica para o alívio da dor, gostaria de ter um tempo a sós com meu
parceiro para decidirmos qual técnica de alívio da dor eu vou querer utilizar e se vou querer
utilizar.
Estou preparada para usar estes métodos naturais para o alívio da dor
• Técnicas de respiração
• Técnicas de distração
• Hipnoterapia
• Acupressão
• Acupuntura
• Massagem
• Terapia de cor
• Relaxamento
• Aromaterapia
Outras considerações
quiser.
• Gostaria de me sentir livre para cantar, grunir, gemer ou gritar durante o trabalho de
parto.
Monitoramento
• Enquanto eu e o bebê estivermos saudáveis, prefiro não ter limite de tempo para
• Em pé
• Cócoras
• Cócoras sustentada
• Semi reclinada
• Posição de joelhos
• Quatro apoios
• Lateral deitada
Episiotomia
• Prefiro que não faça uma episiotomia, a não ser em caso de emergência.
• Aplique óleo/vaselina.
O nascimento
• Por razões espirituais ou religiosas, gostaria que a sala de parto ficasse em silêncio
• Gostaria que o nosso bebê ouvisse primeiro a minha voz e a do meu parceiro.
• Gostaria que as luzes fossem apagadas, ou se for durante o dia, que se use a luz
natural.
Puxos
• É importante para mim para empurrar instintivamente. Eu não quero que me digam
Depois do nascimento
• Desde que meu bebê esteja saudável, eu gostaria que ele fosse colocado imediatamente
em contato pele a pele sobre o meu abdômen com um cobertor quente sobre ele.
• Por favor, não me separe do meu bebê até que ele seja amamentado com sucesso
em ambos os seios.
• Por favor, adie todos os procedimentos de rotina essenciais no meu bebê (ex: tomar
Cesariana
• Se a cesariana não for uma emergência, por favor, dê a mim e ao meu parceiro um
tempo a sós para pensar nisso antes de pedir nosso consentimento por escrito.
cesariana.
• Gostaria que o bebê fosse mostrado a mim imediatamente após ter nascido.
• Eu gostaria de ter contato com o bebê assim que é possível na sala de cirurgia.
• Por favor, respeitar a minha vontade de manter silêncio durante a operação (por
exemplo, evitar "conversa" com outros profissionais na sala).
na recuperação.
• Se o meu bebê estiver saudável, gostaria que o meu parceiro fosse fonte constante
de atenção ao bebê até que eu possa ter vínculo com ele (isto é, exploração, pele-a-pele, etc.).
• Gostaria que o meu bebê seja enviado para o berçário enquanto estou em recuperação.
• Eu gostaria de ter o meu cateter e IV removido o mais rápido possível após o período
de recuperação.
• Por favor, esclarecer comigo o que eu posso esperar sentir imediatamente após o
procedimento.
• Por favor, discutir minhas opções de medicação pós-operatório para a dor comigo
• Se o bebê tiver algum problema, gostaria que o meu parceiro estivesse presente com
de imediato.
nascimento.
amamentação e do vínculo.
• Não administrar colírio para meu bebê, eu estou disposto a assinar uma renúncia
A vitamina K
• Gostaria que o meu bebê a recebesse uma injeção de vitamina K como rotina
• Não administrar vitamina K para o meu bebê, estou disposto a assinar uma renúncia
Vacinas
Bebê banho
• Por favor dar o banho em meu bebê depois de eu ter tido um tempo de vínculo com
ele.
• Nós gostaríamos de dar o nosso bebé o seu primeiro banho usando nossos próprios
produtos.
Alimentação
aleitamento materno.
recomendações e orientações.
Não oferecer o meu bebê o seguinte sem o meu consentimento (verificar todas
que se aplicam)
• Leite artificial
• Chupeta
Se a saúde do meu bebê está em perigo, eu gostaria (verificar todas que se aplicam)
• Que seja oferecido um quarto no hospital para eu ficar durante a internação do meu
• Alojamento conjunto completo de, sem separação, sem exceções, a não ser que o
• Alojamento conjunto parcial, eu prefiro ter o bebê enviado para o berçário à noite
• Eu gostaria que meu bebê ficasse no berçário e fosse trazido para mim para se
alimentar
• Eu prefiro um apartamento
quiserem
• Quero privacidade durante a minha estadia quero limitar o tempo para os meus
convidados
REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
1990, passa a vigorar acrescido do seguinte Capítulo VII "Do Subsistema de Acompanhamento
durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato", e dos arts. 19-J e 19-L:
"CAPÍTULO VII
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente.
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos direitos de que trata este artigo
constarão do regulamento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo.
práticas comuns na condução do parto normal, orientando para o que deve e o que não deve
ser feito no processo do parto. Esta classificação foi baseada em evidências científicas concluídas
• Plano individual determinando onde e por quem o nascimento será realizado, feito em
sistema de saúde
• Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e
parto
partograma da OMS;
• Métodos não invasivos e não farmacológicos de alívio da dor, como massagem e técnicas
risco de hemorragia no pós-parto, ou que correm perigo em consequência da perda de até uma
• Contato cutâneo direto precoce entre mãe e filho e apoio ao início da amamentação na
primeira hora após o parto, segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno
ELIMINADAS:
• Exame retal
• Uso de rotina da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto
do trabalho de parto
RECOMENDAÇÃO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATÉ QUE MAIS
• Métodos não farmacológicos de alívio de dor durante o trabalho parto, como ervas,
do parto
do trabalho de parto
serviço
trabalho de parto
• Cateterização da bexiga
• Adesão rígida a uma duração estipulada do 2º estágio do trabalho de parto, como por
exemplo, uma hora, se as condições da mãe e do feto forem boas e se houver progressão do
trabalho de parto
• Parto operatório
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