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22/02/2018 ConJur - Insumo para crédito de PIS/Cofins é tudo o que for essencial, diz STJ

NÃO CUMULATIVIDADE

Insumo para crédito de PIS e Cofins é tudo o que


for essencial para atividade, diz STJ
22 de fevereiro de 2018, 17h47

Por Pedro Canário

A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça definiu nesta quinta-feira (22/2) que, para
fins de crédito de PIS e Cofins, as empresas podem considerar insumo tudo o que for
essencial para o “exercício estatutário da atividade econômica”. Com isso, declarou
ilegais as duas instruções normativas da Receita Federal sobre o assunto, por
entender que, ao restringir o conceito de insumo, o Fisco acabou violando o
princípio da não cumulatividade.

O recurso julgado nesta quinta estava afetado como repetitivo, o que significa que a
tese deve ser aplicada a todos os processos em trâmite sobre a matéria. De acordo
com o relatório de "riscos fiscais" enviado pela Receita ao Ministério do
Planejamento para elaborar a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2017, a decisão
terá impacto de R$ 50 bilhões sobre os cofres da União — clique aqui para ler mais
sobre isso.

O julgamento terminou nesta quinta, com a


leitura de voto-vista da ministra Assusete
Magalhães, que seguiu a tese da ministra
Regina Helena Costa, que abriu a divergência
em relação ao relator, ministro Napoleão
Nunes Maia Filho – depois ele aderiu ao voto
da minstra. Ficaram vencidos os ministros
Og Fernandes, Benedito Gonçalves e Sérgio
Kukina, que concordavam com o
entendimento da Receita de que só gerariam
créditos matéria prima ou outros produtos
usados no processo industrial. Entendimento da Receita ignora princípio
da não cumulatividade tributária, afirmou
Para a ministra Regina Helena, no entanto,
ministra Regina Helena Costa.
essa interpretação transforma em “ficção” o
princípio da não cumulatividade tributária,
já que obriga empresas a pagar PIS e Cofins de produtos usados na fabricação de
suas mercadorias e na prestação de seus serviços. O tributo seria pago, portanto,
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duas vezes: uma na compra dos agora considerados insumos e outra, na venda do
produto final ou na prestação do serviço.

De acordo com a relatora, a interpretação fazendária usa “técnica própria dos


impostos”, que incidem sobre renda e lucro, mas o PIS e a Cofins são contribuições
sociais cuja base de cálculo é o faturamento. “A técnica há de ser a de base sobre a
base”, disse, quando proferiu seu voto, em 2015.

Ela seguiu tese defendida na 1ª Turma pelo ministro Mauro Campbell Marques, que
a acompanhou nesta quinta. Quando saiu vencedor em discussão sobre a matéria,
ele propôs que fossem considerados insumos gastos com produtos que tenham
“essencialidade ou pertinência”. No julgamento concluído nesta quinta, Campbell
aderiu ao voto da ministra Regina Helena, para dizer que deve ser avaliada a
“essencialidade ou relevância” do gasto para a prestação do serviço pela empresa.

O ministro Herman Benjamin, presidente da 1ª Seção, não votou. Disse que só


participaria do julgamento se houvesse empate. Mas reclamou do resultado que se
encaminhava numa sessão de novembro de 2016, quando a ministra Assusete pediu
vista. Para ele, a tese definida pela ministra Regina abrirá “portões gigantescos para
a litigiosidade”, já que tratou de conceitos abstratos e diferentes para cada ramo de
atividade econômica.

Leis administrativas
Com a decisão, o STJ declarou ilegais as instruções normativas da Receita 247/2002 e
404/2004. Segundo o advogado Breno Dias de Paula, presidente da comissão de
Direito Tributário do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, as
instruções copiaram o entendimento fiscal sobre os insumos para créditos de IPI e o
trouxeram para o PIS e Cofins.

De Paula afirma que a interpretação é restrita, porque há mais fatores envolvendo a


prestação de serviços do que a industrialização. “A decisão do STJ deixou a questão
para ser resolvida no caso a caso, mas acabou com a presunção de não creditamento
com que a Receita vinha trabalhando”, disse.

O caso concreto foi o de um pedido da Anhambi Alimentos, que alegava a


ilegalidade e inconstitucionalidade das instruções normativas da Receita por
violação ao conceito de insumo das leis 10.637/2002 e 10.833/2003. A empresa tenta
se creditar do PIS e Cofins incidentes sobre a compra de água, combustíveis,
lubrificantes, veículos, exames de laboratório, equipamentos de proteção, seguro,
entre outros.

REsp 1.221.170

Pedro Canário é editor da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 22 de fevereiro de 2018, 17h47


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