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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ - UNIFAP

CAMPUS SANTANA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

PEDRO EUCLIDES BARBOSA DE ALMEIDA

DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE REORDENAMENTO URBANO PARA A


LIXEIRA PÚBLICA DE SANTANA.

SANTANA-AP
2014
PEDRO EUCLIDES BARBOSA DE ALMEIDA

DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE REORDENAMENTO URBANO PARA A LIXEIRA


PÚBLICA DE SANTANA.

Trabalho apresentado à disciplina Projeto


Urbano II do Curso de Arquitetura e
Urbanismo turma 2009 da Universidade
Federal do Amapá, como Avaliação
Parcial de conhecimento dos conteúdos
programáticos.

Profº. José Alberto Tostes

Santana-AP
2014
REORDENAMENTO URBANO DA LIXEIRA PÚBLICA DE SANTANA – DIAGNÓSTICO.
INTRODUÇÃO
Atualmente o termo habitação não significa apenas moradia, refere-se aos serviços e equipamentos
públicos essenciais; moradia e cidades são inseparáveis. A questão da habitação popular no Brasil
ainda é insuficiente. Historicamente, os temas habitação e serviços urbanos vêm sendo abordados,
invariavelmente, de forma setorial. Continuam sendo alvo de inúmeros estudos ainda centrados na
abordagem do consumo, seja pela avaliação do déficit habitacional, das condições de moradia ou das
formas de ocupação, mas sem a devida atenção à dimensão da qualidade e da acessibilidade à
habitação e aos serviços. A questão habitacional precisa ser enfrentada de forma articulada com as
políticas urbana, fundiária e de saneamento.
A questão da habitação no que diz respeito à política de desenvolvimento urbano, deve estar em
sintonia com o avanço civilizatório e grau de satisfação dos habitantes de uma cidade. Neste
contexto, devem ser consideradas as dimensões social e humana, e também ambiental. Não há
desenvolvimento quando o ambiente é prejudicado, os indicadores sociais pioram, a dignidade
humana é desprezada, a oportunidade de trabalho diminuída, a democracia prejudicada, a riqueza
concentrada e injustamente distribuída e a economia estagnada.
O resgate das funções sociais da cidade e pleno uso por parte da população, perpassam por
intervenções políticas que enfrentem de imediato os problemas existentes no presente e por esforços
de todos visando mudança cultural, calcada no fortalecimento da identidade local e desenvolvimento
regional. Neste caminho, a inclusão social, em seus diversos conceitos e dimensões, elege-se como
uma diretriz para políticas públicas e condução da cidade. É por isso que a existência de espaços,
equipamentos, infraestruturas e políticas adequadas, voltadas para a habitação são elementos
constitutivos obrigatórios de qualquer sociedade. Os gestores públicos devem estar atentos para a
importância desta questão na dinâmica social, investindo esforços no sentido de fazer com que a
cidade seja realmente um local repleto de opções para o bom viver e conviver.
O estudo morfológico é fundamental para a determinação de novos índices na implantação de
projetos urbanísticos. E o que se percebe nas origens do zoneamento morfológico do espaço
construído de Santana baseou-se na característica dos arruamentos ou partido urbanístico, tamanhos
de quadras e lotes, semelhanças de padrões construtivos e formas de implantação da edificação nos
lotes, que tem uma parte consolidada e outra em processo de construção. Neste trabalho
pretendemos mostrar este e outros aspetos da cidade.

CONTEXTUALIZAÇÃO
Santana teve seu início do agrupamento populacional em ilha de Santana. Localizada em frente, a
margem esquerda do rio Amazonas, em 1753. Os primeiros moradores eram portugueses e mestiços
vindos do Pará, além de índios Tucujús, comandados pelo desbravador português Francisco Portilho
de Melo, que se evadiu para esta região fugindo das autoridades fiscais paraenses em razão do
comercio clandestino de escravos e metais. De sua aliança com Mendonça Furtado obteve o título de
Capitão do então povoado de Santana, tendo que em troca, disponibilizar uma listagem de
aproximadamente 500 silvícolas tucujú sob sua guarda para trabalhar por um preço irrisório, quase
de graça, na construção da Fortaleza São José de Macapá e na agricultura, para produzir alimentos
para os trabalhadores, caso contrário teria que importar da Europa em custo alto e tempo longo de
viagem.
Os índios não acharam muita vantagem esse negócio de trabalhar como animais e de ficar longe de
seu habitat. Mudaram para terra firme. Muitos fugiram. Concentrando na ilha de Santana, Portilho de
Melo e seus agregados conviveram com a redução da força de trabalho indígena, já que a
mortalidade também foi significativa, por causa dos maus tratos e doenças devido às inadequadas
condições de trabalho. Por ordem de Mendonça Furtado foi instalado e fundado o povoado de
Santana, em homenagem a Santa Ana de quem os europeus e seus descendentes eram devotos. Em
1946, com a descoberta de Manganês em Serra do Navio por Mário Cruz, Santana experimentou um
crescimento significativo, em decorrência da instalação da ICOMI (Indústria e Comércio de Minérios).
Já no final da década de 50, foi construída a estrada de ferro do Amapá, com cerca 195 quilômetros
lineares para o transporte de pessoal e escoamento da produção de Manganês com destino ao
mercado externo.
Assim é instalado um cais flutuante em frente à Ilha de Santana, gerando empregos, atraindo
população e incentivando comércios e indústrias de pequeno porte, estimulando a criação de vilas e
ampliando a área urbana do povoado, elevando-o ao nível de distrito, em 1981, pela Lei n.º 153/81
PMM. Sendo seu primeiro agente distrital Francisco Corrêa Nobre. Em 17 de dezembro de 1987, pela
Lei n.º 7.639, Santana passa a ser mais um Município do Estado. O primeiro prefeito pró-tempore,
Heitor de Azevedo Picanço, assumiu a Prefeitura e 15 de novembro de 1988. Santana fica a 12 km da
capital Macapá. Até então, Igarapé do Lago, Ilha de Santana e Igarapé de Fortaleza são os distritos de
Santana. O segundo maior município do Estado em termos populacionais. Esse crescimento
desordenado e incontrolável começou a preocupar tanto o prefeito quanto o governador, da época.
As tendências de crescimento se polarizaram ao longo da década de 70, com ênfase nas áreas
urbanas de cotas mais elevadas, formadas pelo platô central, que hoje constitui o Centro da Cidade
de Santana (Bairro Central e Nova Brasília). Nos anos 80, o processo avança e torna Santana um dos
núcleos mais capacitados do Estado, sobre o aspecto da infraestrutura após a capital, somando-se a
isso o atrativo e a polarização dos projetos implantados, continuam as fortes pressões imigratórias,
promovendo taxas de crescimento superiores às constatadas no Estado. Somados as limitações à
adequada expansão urbana, dois fatores dificultam o desenvolvimento do núcleo urbano de Santana.
Primeiro a diminuta área disponível, segundo, suas condições topográficas adversas.
Atrelada aos seus limites naturais, sobretudo, os hidrográficos, a área patrimonial do município é de
cerca de 4.200ha, com menos de 1.000ha, em condições de ocupação urbana adequada. Desta área
ainda subtrai-se 1.200ha pertencentes ao Distrito Industrial, sendo o restante formado por 60% de
áreas baixas, sujeitas a inundação, as chamadas áreas de ressaca, portanto não oferecendo condições
apropriadas a urbanização. Assim sendo, não é difícil perceber que, o crescimento da cidade muito
cedo tendeu a pressionar as áreas baixas-ressacas, constituindo assim, grande parte do atual tecido
urbano constituído por mais de 4 (quatro) grandes bairros. A ocupação dessas áreas sobre o prisma
do urbanismo adequado e não segregador é extremamente indesejável, se agravando mais ainda
quando se verifica a situação sanitária precaríssima da cidade.

QUESTÕES CRÍTICAS
Na fragilidade institucional do Poder Público de Santana para dar conta dos desafios do uso do solo
urbano, problemas ambientais e acesso à terra e moradia decente. O Município de Santana tem um
desafio próprio, o fato de ser um polo importante de articulação regional do estado. O limbo de sua
periferia, por sua grande parte das vezes ocupadas por famílias que labutam periodicamente na zona
rural e na zona urbana, despossuídos que, embora habitando no território urbano, não conquistaram
ainda a condição de cidadãos urbanos. Em Santana são grandes os desafios do abastecimento de
água, coleta e disposição de resíduos sólidos, rede e tratamento de esgoto, pavimentação, etc.
Grande parte da população abrigada na cidade de Santana caracteriza-se por falta de qualificação e
baixa renda família.
Pauperizada, a população urbana é forçada a ocupar áreas sem mínimas condições de moradia,
sobretudo face aos estreitos espaços onde se localiza a precária infraestrutura urbana, que de forma
acelerada é pressionada pela especulação imobiliária, catalisada após a criação da Zona Franca. O
quadro gravíssimo da habitação, com déficit estimado na ordem de 60%, e sem dados mais precisos
que permitam uma caracterização mais consistente, pode ser constatado pelo grande número de
áreas de “invasão” na zona urbana, quase sempre localizada em sítios inadequados à moradia, como
as ressacas. O uso e ocupação desordenados da orla marítima é outra questão crítica alarmante.
Conhecer e fortalecer a identidade cultural local e as suas atividades econômicas compatíveis com a
preservação dos atributos naturais locais, não deve ser esquecido em nenhum momento.
A moradia adequada é uma das condições determinantes para a qualidade de vida da população. Um
domicílio pode ser considerado satisfatório quando apresenta um padrão mínimo de aceitabilidade
dos serviços de infraestrutura básica, além de espaço físico suficiente para seus moradores.

INFORMAÇÕES E DADOS
PLANTA BAIXA DO LOTEAMENTO
O Loteamento será composto por quadras com lotes de 10m x 25m, dispostas no sentido Norte/
Leste para amenizar os efeitos da insolação e aumentar a circulação dos ventos dominantes nas
edificações, tendo suas ruas com 25m de largura. Será composto por 03 quadras de 220m x 50m com
44 lotes cada; 01 quadra de 220m x 50m com 30 lotes; 02 quadras de 150m x 50m com 30 lotes cada;
01 quadra de 120m x 50m com 24 lotes; 01 quadra de 100m x 50m com 20 lotes; 02 quadras de 50m
x 50m com 10 lotes cada; 02 quadras de 30m x 50m com 6 lotes cada, 02 quadras de 250m x 50m
com 50 lotes cada, 01 quadra de 250m x 50m com 30 lotes, 01 quadra de 40m x 50m com 5 lotes e 01
quadra de 70m x 50m com 14 lotes num total de 447 lotes com uma área total de 116.665,22m 2, vias
públicas para tráfego com uma área de 122.691,98m 2, área verde com um total de 27349,62m 2 e
duas áreas destinadas a uso institucional com as medidas: Área1 = 3500m 2, destinada para a
edificação de uma escola de cursos profissionalizantes, tais como pedreiro, carpinteiro, pintor, etc.,
com o objetivo de qualificar os moradores do projeto e também do em seu entorno; Área2 = 5000m 2,
onde deve ser construída uma escola para funcionar o 1º Segmento (1ª à 4ª) do Ensino Fundamental,
estas duas áreas possuem total de 8.500m 2. As quadras estão dispostas com a distância mínima de
30m das redes de alta tensão da Eletronorte que passam pela área. Deverá ser edificado um ponto de
ônibus em área específica e estratégica do loteamento para atender aos moradores, este terá espaço
destinado a duas lanchonetes com banheiros, onde será instalado um banheiro para portadores de
necessidades especiais. Sintetizando o loteamento prevê 445 lotes de uso residencial unifamiliar, 02
lotes de uso comercial, 02 áreas institucionais além de áreas para uso de lazer com equipamentos tais
como academias ao ar livre, pistas para caminhada, pequenas áreas com equipamentos para
divertimento infantil, etc., e diversas áreas verdes de uso público, localizados conforme Projeto
Urbanístico. A área destinada a uso residencial do loteamento será completamente aberta com livre
acesso a toda comunidade da cidade de Santana. Os lotes destinados a usos comerciais, serão lotes
de esquina em duas quadras distintas.

CARTOGRAFIA DA CIDADE DE SANTANA EXIBINDO QUESTÕES COMO:


Equipamentos Urbanos: No que concerne a distribuição dos equipamentos urbanos
geradores de fluxos observa-se a sua localização preferencial ao longo das vias estruturais
centrais.
MAPA DOS EQUIPAMENTOS URBANOS E ESPAÇOS PÚBLICOS DE SANTANA

FONTE: Base Cartográfica: Unidade Estadual do IBGE no Amapá. Adaptações e destaques de


localização realizados pela PMS. Adaptado pelo Autor (2013).
Transporte Coletivo: Apesar do relevo de Santana ser bastante acidentado, as interligações de vias
para o transporte coletivo não é um obstáculo para o planejamento dos itinerários.

MAPA DE TRÁFEGO DO TRANSPORTE COLETIVO EM SANTANA

FONTE: Base Cartográfica: Unidade Estadual do IBGE no Amapá. Adaptações e destaques de


localização da Zona Urbana realizados pela PMS. Adaptação do Autor (2014).
O déficit nos serviços públicos como: abastecimento de água, rede e tratamento de esgoto e
destinação final do lixo, tem contribuído significativamente para o agravamento dos problemas de
saúde pública no município de Santana.
REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DA CIDADE DE SANTANA

Mapa do sistema de distribuição de água de Santana. FONTE: Base Cartográfica: Unidade Estadual do
IBGE no Amapá. Adaptações e destaques de localização da Zona Urbana realizados pela PMS.
Adaptado pelo Autor (2014).
Do sistema viário, mais da metade da cidade é asfaltado, o eixo estrutural da cidade é formado pelas
Avenidas Santana e H.A.C. Branco. No geral observa-se que a rede viária da cidade tem uma
hierarquia muito boa, mas falta uma melhor adequação ao sistema viário.
MAPA DAS RUAS PAVIMENTADAS DE SANTANA

FONTE: Base Cartográfica: Unidade Estadual do IBGE no Amapá. Adaptações e destaques de localização
realizados pela PMS. Adaptado pelo Autor (2013).

A rede de distribuição de energia elétrica passa às proximidades da área de estudo, fato que favorece
a implantação do projeto que estamos propondo para o sítio.
MAPA DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE SANTANA

FONTE: Base Cartográfica: Unidade Estadual do IBGE no Amapá. Adaptações e destaques de localização
realizados pela PMS. Adaptado pelo Autor (2014).
No mapa abaixo temos os principais gargalos no sistema viário de Santana
MAPA DOS FLUXOS E CONFLITOS VÁRIOS DA CIDADE DE SANTANA

FONTE: Base Cartográfica: Unidade Estadual do IBGE no Amapá. Adaptações e destaques de


localização realizados pela PMS. Adaptado pelo Autor (2013).

Analisando esse contexto, percebe-se que ações urgentes do poder público são necessárias a fim de
elevar a qualidade de vida da população santanense. Porém estas ações devem ser pensadas,
planejadas, articuladas com a comunidade. Somente desta forma, o Poder Público, poderá intervir de
maneira eficiente. Santana deve começar hoje a dar seus primeiros passos no sentido de implantar
políticas de desenvolvimento social sob a ótica da sustentabilidade. Políticas capazes de universalizar
o acesso aos chamados direitos sociais devem ser implementadas. Para esse fim, a participação da
sociedade é fundamental. A participação popular é instrumento importante para que cada cidadão
tenha seus direitos reconhecidos pelo Estado.
REFERÊNCIAS
PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE SANTANA
PICANÇO, Estácio Vidal. Informações sobre a História do Amapá: 1500 – 1900. Macapá-AP, 1981.
DESENVOLVIMENTO, local integrado e sustentável – Primeira rodada de interlocução política do
conselho da comunidade solidária – Previdência da República – Brasília –DF, 31 de maio de 1999.
REVISTA DO PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO – Ações inicias de preparação do Plano Diretor
Participativo do Município de Santana – PDP – STN – Santana-AP – Prefeitura Municipal de Santana
Vol. 8, Nº. 01, outubro de 2005.
PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO DE SANTANA – Prefeitura Municipal de Santana –
AP – 1º Volume, julho de 1993.
MARICATO, E. Exclusão social e reforma urbana. Proposta, Rio de Janeiro, ano 22, n. 62, Fase, 1994.

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