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Nesse texto ele chama atenção que para entender a dinâmica de um tipo de
autoritarismo é necessário compreender os conflitos que contornam a economia e a
sociedade. Para chegar nesse contorno seria necessário saber como se dá a acumulação,
ele lança o questionamento “quem tira quanto, que quantos e de que maneira?” e
apresenta duas formas que normalmente respondem essa pergunta, “apologeticamente”
que minimiza os aspectos sociais e políticos do crescimento do capitalismo e atribui
tudo à visão técnica e guiada do investidor; e em contraponto a tese da “super-
exploração” que supõe que a acumulação é resultado direto da coação dos
trabalhadores. O autor, mais uma vez em posição cientificista, busca um espaço entre as
duas interpretações para fazer seus ensaios em caráter científico e com sobriedade,
refutando mas não anulando totalmente as duas teses. Cardoso apresenta na introdução
algumas categorias analíticas que ele usará ao longo do livro, entre elas está
desenvolvimento dependente-associado que é como ele caracteriza o desenvolvimento
econômico que houve na instituição do regime militar, tendo como desenvolvimento a
acumulação, deixando claro que a ascensão do capitalismo não tem a ver como
diminuição das desigualdades sociais, e afirmando que este não estava fadado à
estagnação, mas que ele requer abertura para o mercado internacional, contudo essa
acomodação ainda prevaleceria na forma de organização e controle econômico,
sobrando espaço para os capitais locais e estatais se desenvolverem nesse
desenvolvimento; burguesia de Estado que seriam os grupos privados que se apropriam
do controle das empresas estatais, eles seriam dirigentes não-burocráticos, no sentido de
que suas decisões ultrapassariam o quadro da empresa, e as políticas permitem uma
solidariedade de grupo; o conceito de autoritarismo é um dos pontos mais discutidos
sobre o texto, mais especificamente à preferência que o autor faz pelo termo
autoritarismo ao referir-se ao regime brasileiro, em detrimento do termo fascismo, pode
parecer à primeira vista uma defesa da ditadura, mas a distinção conceitual apresentada
pelo autor é bastante coerente em ressaltar que o fascismo está ligado a uma época
específica, e que várias das caracterizações do fascismo não estiveram presentes na
ditadura, mas deixando claro que o regime autoritário que se estabelece no país faz uso
de métodos de tortura e outras formas de repressão violenta à oposição política.