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o VIOLONCELO de
RESTAURADO
pelo
Luthier Túlio Lima
E ARCO
por
Elias Guasti & José
Bottonni
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O VIOLONCELO DE
VILLA LOBOS
Foto deVilla-Lobos
acompanhado de seu violoncelo
e outros músicos ( Acervo Museu
Villa-Lobos)
O violoncelo que hoje se encontra restaurado no do Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro
Museu Villa-Lobos foi tocado pela última vez em sua profissão é registrada como violoncelista.
1987, no ano do centenário do compositor, em Sendo assim, é importante para o legado
um concerto realizado na sala Cecília Meireles de Villa-Lobos que o conhecimento oriundo do
para comemorar a data especial. Na ocasião, o “seu instrumento” (Arnaldo Estrella apud Pilger,
violoncelista inglês David Chew, radicado no Rio 2012, 18) seja incrementado com as mais recentes
de Janeiro desde 1981, foi o músico escolhido descobertas. Felizmente, graças a pesquisa do
para reviver o som do instrumento fundamental violoncelista e professor Hugo Pilger, advindas de
na formação musical de Villa-Lobos, tocando as sua dissertação de mestrado, intitulada “Heitor
Bachianas Brasileiras N°5 e O Trenzinho do Caipira. Villa-Lobos, o violoncelo e seu idiomatismo”
A importância do instrumento na vida (2012), uma nova hipótese a respeito da origem
pessoal e profissional do compositor é nítida de seu violoncelo pôde ser descortinada.
em sua trajetória, uma vez que o violoncelo É um fato bastante conhecido da vida de
foi seu ganha-pão durante quase trinta anos de Villa-Lobos que o compositor era uma pessoa
carreira, antes de alcançar a fama, fazendo jus ao extremamente fantasiosa, ora dizendo ora
seu talento. Villa-Lobos dava tanta importância desdizendo diversos fatos de sua biografia. Seus
ao violoncelo que, na sua carteira de trabalho relatos das viagens pelo Brasil durante sua juventude
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Palatinado, no sudoeste da atual Alemanha. Ele, Futuramente, Martin acabou por se casar
de acordo com o Dicionário de Musicologia da com a filha de seu mestre, tendo com ela sete filhos.
Baviera, nasceu no dia 3 de outubro de 1741, Sabe-se que pelo menos dois deles continuaram
filho do também luthier Simon Dihl. Apesar de o ofício do pai, perpetuando a linhagem Dihl até
podermos supor que seus primeiros ensinamentos meados do século XX, com Fritz Diehl, que tinha
uma pequena oficina de luteria em Hamburgo.
na arte da luteria foram feitos com seu pai, a
Martin morreu em 11 de Agosto de 1793, mas
morte deste em 1758 forçou-o a encontrar não se sabe a quantidade de instrumentos de sua autoria
faixas mantém essas mesmas características. Já que hoje chamamos comumente de italiana, que
a voluta do violoncelo foi feita em ácero plano, tem Stradivarius(1644-1737) como seu nome mais
sem qualquer tipo de marezzatura. O braço não é conhecido. Ainda de acordo com Túlio Lima, “as
o original, tendo sido alterado provavelmente no características mais marcantes da escola tirolesa
restauro de 1850 por Nicola Darché para adequar- estão presentes neste instrumento”, tais como a
se sonoridades diferentes daquela que inicialmente bombatura bastante alta, com arcos que se elevam
foi feito. O espelho foi feito em ébano, como bruscamente a partir da sguscia ao longo do
manda a tradição. Já as contrafaixas foram feitas em bordo, tanto no tampo quanto no fundo, dando ao
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BIBLIOGRAFIA
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Já em 1992, Túlio foi contratado, através de concurso público, pela Universidade de Brasília (UnB) como Luthier
do Departamento de Música, para construção de novos instrumentos, restauro, organização e manutenção do
acervo de instrumentos de cordas dessa Universidade, onde permaneceu até 1995, quando decidiu dedicar-se
integralmente à construção de violinos, violas e violoncelos, utilizando os métodos clássicos da liuteria cremonesa.
Em 2009 mudou-se para a cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, onde segue com seu trabalho de restauração
e construção de violinos, violas e violoncelos. Em toda sua carreira, Túlio já construiu aproximadamente 50
instrumentos de corda, que podem ser ouvidos em muitas orquestras de várias cidades brasileiras e no exterior.
Archetier responsável
ELIAS GUASTI e JOSÉ GERALDO BOTTONI são archetiers (profissionais que confeccionam arcos) com 20 anos de experiência. Ambos começaram
como aprendizes na fábrica Horst John, observando o trabalho de luthiers italianos e franceses, adquirindo assim a experiência que é hoje a base de
seu trabalho conjunto. Com o tempo, criaram um atelier, onde, confeccionam e restauram arcos para violinos, violas, cellos e contra-baixos, tendo
hoje seus trabalhos reconhecidos nacional e internacionalmente com o nome “GUASTI & BOTTONI”. Ambos os artesões são filiados a SETAS
(Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social) e a ARTEUNES (Associação dos Artesões Unidos do Estado do Espírito Santo)
O violoncelo de Villa-Lobos
está sendo apresentado ao público,
pela primeira vez após seu restauro,
no concerto de abertura do