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indagação pessoal
Autora: Laura Gutman
“ É verdade que cada criança vai desenvolver recursos diferentes, mas há algo
que todos nós compartilhamos: a certeza de que o mundo é perigoso e temos que
estar sempre em alerta.”
“Isto é, queridos leitores, o discurso materno. É disso que se trata. Não só como
nossa mãe nomeou suas tristezas, necessidades ou desejos, mas também como
nossa mãe nos nomeou.”
O que a autora fala neste momento é que teríamos uma infância com mais
consciência se nossos pais tivessem a coragem de se enfrentar e serem francos
consigo mesmos.
“O que teríamos precisado, para sermos criados com consonância com nosso ser
essencial, e em conexão profunda com o nosso si mesmo, é que nossa mãe nos
compreendesse. Se não tivemos uma mãe adulta e madura, compreensiva de
seus estados emocionais e da sua trama, então essa sabedoria ela não pôde
derramar sobre nós. Por isso, é pouco provável que nós, desse modo, tenhamos
abordado nossa vida em estado de total consciência.”
“Olhar para os filhos, olhar para os cônjuges, olhar para os irmãos, olhar para os
vizinhos, somente é possível se previamente fomos capazes de olhar para nossos
próprios cenários, se tivemos a coragem de questionar os discursos oficiais e se
tomamos a decisão de sairmos nus da nossa prisão para nos libertarmos das
estruturas infantis. Então, talvez, possamos perguntar às crianças o que elas
precisam de nós, em lugar de impor autoritariamente que elas se adaptem às
nossas necessidades e as obriguemos a carregar indefinidamente as pesadas
mochilas do desejo alheio.”
“ Sinto muito se alguém se decepciona com isso, mas até agora não conheci
indivíduo algum que não carregasse sobre si a incapacidade materna de
responsabilizar o filho pelo próprio desamparo. Por isso – justamente por isso -,
os adultos hoje têm uma nova oportunidade. A oportunidade de se indagarem e
de acessarem aquilo que ainda não conhecem sobre si mesmos.”