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Capítulo Seilaqual

Uma Mistura Fina

Não consigo lembrar exatamente do dia, mas, se não me falha a memória, foi na terça-feira
logo depois da ópera. Era o dia da apresentação de alguns outros alunos e eu não estava nos planos
da Patrícia, aquilo não me incomodava -totalmente-, mas o caso não é esse.
Eu batia o pé nervosamente no chão, com a cabeça molemente apoiada na mão direita
encarando o vazio, ignorando a presença da professora de inglês que falava incessavelmente e batia
palmas. Tudo seria muito mais fácil se ela soubesse o quanto isso me irritava, mas eu preferia
guardar esse tipo de comentário para mim. Cruzei e descruzei as pernas várias vezes para matar o
tempo, os olhos checando o relógio do celular, acompanhando cada segundo.
Tinha planejado absolutamente tudo, sabia o que dizer, quando dizer, tinha o conhecimento
da resposta, tudo tinha que sair perfeito ou não valeria nada.
A professora dirigiu-se até sua mesa e anunciou o fim da aula. Eu suspirei aliviada enquanto
puxava minha bolsa do chão e saia da sala com um sorriso sincero estampado no rosto. Meus passos
rápidos cruzaram os corredores do prédio antigo ignorando as vozes à meu redor. Estava muito
focada para me distrair com os outros alunos que também saiam de suas respectivas salas.
Saltando os degraus brancos da escadas, cheguei ao andar térreo, esperando encontrar o
carro dos meus pais, mas eles não estravam lá- e eu não estava surpresa-. Em seu lugar estava April,
com um cigarro preso entre os dedos, os cabelos negros batendo contra a brisa leve do inicio de
noite. Eu me encostei na parede oposta a que ela se apoiava e encarei a noite, minha mente muitos
anos luz dali.
_ Para onde vai assim? - Ela disse de repente me arrancando de meu transe como um balde
de água fria.
Eu franzi o cenho e analisei minhas roupas, eu podia jurar que estava bem vestida. Vestia
uma blusa verde-escura decotada na medida certa para não ser nada demais, e uma calça comprida,
cinza, nem apertada nem justa, combinando com a blusa.
_ Não gosta? - Eu disse levantando o rosto em sua direção.
_ Ao contrário. Está muito bem, posso saber aonde está indo? - Ela sorria, aquele sorriso
doce que me acolhia mesmo sem dizer nada.
_ Mistura Fina.
_ O que? - Ela soltou um pouco da fumaça do cigarro enquanto falava.
_ É um bar.
_ Com quem você a um bar, a essa hora e com essa idade?! - April acenou intrigada para
mim.
_ Não sou tão jovem assim. - Retruquei tomando cuidado para não exagerar no tom
revoltado em minha voz.
_ Não é isso, só quero saber que tipo de companhias são essas. - Ela disse, sem baixar o tom.
Eu bufei e suavizei o rosto o máximo possível.
_ Patrícia. - Me resumi.
_ Que tipo de professora leva seus alunos para um bar?
Ouviu-se uma busina na rua, eu me virei para olhar, era o carro de meus pais, tentei
esconder o sorriso e voltei a olhar April.
_ O meu tipo de professora. - Eu disse já me virando para escuridão da rua, sabendo de
algum jeito que ela tinha sorrido.
Poucos instantes depois eu estava abrindo a porta do carro e me jogando para dentro, feliz e
aliviada de que eles não tivessem se atrasado tanto. Ajeitei os cabelos e esperei até que ele desse a
partida.
_ Então, onde é o tal do bar mesmo? - Meu pai disse me observando pelo espelho.
_ Rua Rainha Elizabeth, eu acho.
Ele assentiu e se concentrou nas ruas, deixando que o silêncio tomasse conta do carro, assim
era melhor. Deixei que minha imaginação viajasse para os confins mais distantes de minha mente,
onde meus maiores sonhos e desejos ficavam. No momento, meu sonhos e desejos não iam muito
mais longe do que estar com o Bruno, mas o caso não é esse.
Eu apoiei meu rosto nas mãos e os braços na janela, olhando as ruas passarem rapidamente,
imaginando tudo que eu sabia que não aconteceria, mas era a imaginação que não me deixa perder a
auto-estima.
Dentro de quinze minutos estávamos as portas do bar Mistura Fina, no fim de Ipanema, no
quarteirão da praia. A minha vontade era pular para fora e correr para dentro, mas sabia que se o
fizesse meu pai provavelmente ia me puxar, me pôr de volta no carro e voltar comigo para casa,
tudo isso com direito a um horrivel e tedioso sermão, aguentei firme enquanto ele fala.
_ Está com o celular?
_ Arrã. - Meus olhos pregados na porta do Mistura Fina.
_ Vai ligar quando acabar?
_ Arrã.
_ Tem créditos?
_ Arrã.
_ Até que horas você acha que vai ficar ai?
_ Arrã.
_ O que?
_ Ahn? Ah, até umas 23, eu acho. - Virei-me para sorrir, pelo menos fingir que prestava
atenção.
Meu pai me observou desconfiado e fez um sinal para que eu saísse, me despedi e saltei para
fora, atravessei a rua com cuidado e empurrei a porta preta do bar, dando para a recepção. Fábio, o
professor de baixo também estava chegando, o que significava que Zé devia estar a caminho, eu o
cumprimentei e me adiantei no balcão para comprar minha entrada.
Não hesitei em começar a subir a escada de madeira com degraus largos.
Eu cheguei no andar de cima, e olhei em volta, era diferente do que eu imaginava. O bar era
todo abarrotado de mesas retangulares muito bem postas, com talheres finos e uma cesta com pães
doces no centro, as luzes eram bem baixas e havia uma palco espaçoso, com vários fios saindo das
guitarras e baixos e se conectando em alguns amplificadores espalhados, o piano estava de lado para
a platéia, havia um balcão para que os clientes pedissem bebidas, logo ao lado, estava Bruno.
Prendi a respiração quando meus olhos pararam nele. Não demorou para que ele notasse
minha chegada, ele sorriu e acenou. Sentindo o sangue subir para cabeça e acenei de volta, com o
sorriso bobo de sempre. Não tinha coragem chegar perto e falar com ele, então me virei para
Patrícia, que conversava com Zé e Rebuzzi.
Todos foram muito receptivos, como de costume, isso distrairia meu nervosismo.
_ Aninha! - Disse Rebuzzi com aquele sorriso raro, que quase nunca víamos, apesar de ela
ser uma pessoa particularmente feliz.
_ Oi. - Eu sorri radiante. - Como estamos?
Ela iria se apresentar também, eu esperava que ele não estivesse nervosa, ela nunca ficava
nervosa.
_ Quase bem. - Disse Rebuzzi observando o palco.
_ Como assim?
_ Ah, nada demais, só aquele frio na barriga de sempre.
_ E você não vai se apresentar? - Zé bateu no topo da minha cabeça, bagunçando um pouco
meu cabelo.
_ Dessa vez não. - Eu disse sem deixar de sorrir.
_ Mas da próxima eu prometo que você e o Bruno vão cantar All I Ask of You. Na sala
cinco. - Patrícia encorajou, animada, como sempre.
Ela costumada ficar mais nervosas que os alunos em dia de apresentação, era o que mais me
divertia. Eu ri levemente e acenei com a mão dizendo para que ela não se preocupasse muito com
isso, embora eu estivesse ansiosa para cantar.
_ Ei, Bruno! - Patrícia chamou.
Senti meu rosto corar, e rezei para que estivesse escuro demais para que esse detalhe se
tornasse perceptível. Ele parou logo ao lado de Patrícia, observando os outros alunos-inclusive eu-.
_ Que foi? - Perguntou ele sorrindo o meu sorriso preferido, ajeitando os cabelos negros
com a mão direita.
_ Vai checar pra ver se o microfones estão mesmo funcionando.
_ Quê? - Zé contestou.
_ A gente nunca sabe quando elas vão querer nos pôr pra baixo. - Retrucou Patrícia
observando atentamente Luiza, a dona no colégio. Ela se virou e deu um sorriso falso na direção de
nossa professora. Patrícia franziu o cenho e voltou seu olhar para Bruno, que pareceu se intimidar. -
Vai lá.
Sem contestar, o garoto se virou e caminhou até a mesa de controles para falar com os dois
homens que estavam no controle. Uma vez mais, meus olhos não conseguiam se desprender dele
enquanto ele gesticulava e conversava.
Uma mão forte segurou meu braço e pareceu se abaixar para falar perto do meu ouvido.
_ Só você mesmo pra se interessar por esse cara. - Zé disse, acenando para o garoto
sorridente, que agora conversava animadamente com Georgette.
_ Ahn? - Eu disse franzindo o cenho sem desviar o olhar.
_ Pelo amor de Deus, olha como ele anda! - Ele parecia irritado. Sem a menor vergonha em
acenar abertamente em sua direção.
_ Não tem nada de errado com o andar do Bruno. - Meu tom baixo e abobado era evidente.
Zé me soltou, bufando enquanto se endireitava do meu lado.
_ Eu desisto.
_ É melhor assim. - Eu me virei para olhá-lo pela primeira vez, sorrindo.
_ Mas não entendo, sinceramente, não entendo.
Eu revirei os olhos e girei nos calcanhares acompanhando meu amigo na direção do
camarim do bar. Subindo uma escada discreta que passava pela cozinha havia uma salinha, com o
teto muito baixo, onde era muito claro que, pela altura, Zé não ficava confortável.
Patrícia, Fábio, Capitão, Rebuzzi e Daniel já estavam lá, conversando enquanto seus
respectivos números, não começavam. Nos unimos a eles sem ter dificuldade em entrar nos incluir
na conversa.
O camarim era todo pintado de branco, haviam algumas prateleiras e armarinhos empilhados
pelas paredes de maneira uniforme, alguns quadros e lugares onde aparentemente serviriam para se
por garrafas enfeitavam o resto. Um sofá de três lugares ocupava um espaço ao lado do espelho de
corpo inteiro pregado na parede. Duas outras portas no ponto mais distante do lugar davam para os
banheiros. Em cima da mesa haviam biscoitos, vários copos de água e algumas garrafas de cerveja
que eu sabia que pertenciam àquele lugar.
Aos poucos o resto dos alunos da Patrícia foram chegando, transformando o lugar muito
apertado em algo quase impraticável, e logo o camarim estava recheado de vozes vindas de todos os
lados. A única hora em que todas as atenções estavam focadas no mesmo lugar foi quando Daniel
bateu a cabeça no teto cheio de força em um pulo mau calculado, arrancando risadas escandalosas
de todo o aposento. Desejei que ele tivesse olhado para cima antes que pudesse fazer algo que fosse
se arrepender, como pular com toda aquela empolgação.
Não há muito o que contar desse pedaço, nesse caso, pulemos para a parte que interessa.
Estou de volta a parte central do bar, observando hipnotizada o movimento no palco, todos
aqueles que eu conhecia subindo para apresentar suas músicas de trabalho, enquanto eu assistia,
mais uma vez. Como já disse aquilo não me incomodava -totalmente-. Invejava a sorte deles.
As vozes que ficaram em destaque naquela noite foram as de Bruno -logicamente-, e a de
Zago, que eu também sempre achara muito boa. Ambos receberam elogios da mulher que se
sentava na mesa mais próxima de mim.
Bruno desceu do palco, passando por mim e sorrindo, eu o elogiei e ele foi se juntar a
Shalders para assistir o resto dos números, estávamos no fim. Após a música de Zé, eu não via mais
motivo para estar ali. Juntos subimos de volta para o camarim vazio, onde a luz e a temperatura
eram bem mais agradáveis. Definitivamente não estávamos em época para ar-condicionado.
Zé se sentou ao meu lado no sofá de três lugares, apoiando o violão na barriga e passando
um dos braços nas costas do sofá, atrás de mim. Eu me virei para ele, casualmente e conversamos
durante alguns instantes sobre a música que ele havia acabado de tocar. Eu não conhecia, e ele me
explicou um pouco da sua história e de quem a tinha feito, aquilo não levou muito tempo e o
silêncio foi inevitável, mas não me mexi ou reagi de qualquer maneira. Ele me olhava e eu o olhava
com a mente vazia, sem pensar em muita coisa, a distância entre nós devia ser algo entre dez à
quinze centímetros mas eu não me sentia desconfortável.
A porta do camarim se abriu de repente e ambos os rosto se viraram para encarar um Bruno
constrangido parado sem dar mais nenhum passo para dentro. Eu me ajeitei ereta, sentindo o sangue
subir para a cabeça, ali, debaixo das luzes de boa qualidade, eu não estava escondida.
_ Hum... eu... - Ele disse finalmente, parecendo pensativo, seus olhos castanhos passando de
mim para Zé, procurando algo melhor para lhe salvar da situação.
Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, uma avalanche de pessoas invadiu o lugar
empurrando Bruno mais para dentro e falando alto, destruindo o clima pesado anterior. Eu me
levantei e fui puxar assunto com Rebuzzi, tentando imaginar o quão confusa e constrangida a
cabeça de Bruno estava.
A apresentação havia acabado e todos estavam muito felizes e orgulhosos, menos Rebuzzi,
que sempre arranjava um motivo para dizer que tinha ido mal, apesar de ter uma voz linda. Não
percebi quando Bruno se juntou e começou a conversar conosco. Mais uma vez Patrícia tinha
arranjado uma oportunidade para fazer piada com minha altura, a muito tempo que eu deixara de
ligar para aquilo, conseguia até me divertir.
_ Ora, Aninha, mas não se sinta mal. - Ela disse. - Pelo menos o Bruno é tão baixo quanto
você, agora vocês podem ser baixos juntos!
Ela bateu palmas, se divertindo com minhas expressão se raiva misturada com vergonha. Foi
a primeira vez que eu detestei a presença da Patrícia, procurei não olhar Bruno enquanto o clima
constrangedor não passava, fitando Patrícia com ferocidade, tendo como resposta um sorriso
Logo após isso todos começaram a descer as escadas, provavelmente indo embora. Eu
esperei até que o fluxo de pessoas baixasse um pouco para que a descida pela escada apertada não
se tornasse desconfortável, mais uma vez, sem reparar que Bruno havia ficado também.
Foi logo que eu comecei a me mover para fora do camarim que as duas mãos macias do
garoto seguraram meus ombros, me fazendo parar e endurecer os braços ao longo do corpo os olhos
arregalados com a surpresa. Ele me puxou em sua direção, encostando minhas costas totalmente em
sua barriga. Os arrepios eram inevitáveis e eu tive que respirar fundo para que eu não tremesse
molemente. Bruno avançou com a cabeça por cima de meu ombro esquerdo com os lábios próximos
a minha orelha.
Eu mordi os lábios esperando ansiosamente para ouvir suas palavras, ele tinha que dizer
alguma coisa, se não tudo aquilo não faria sentido nenhum. Pudi sentir seu hálito quente quando ele
abriu a boca para recitar as primeiras palavras.
_ Mais uma coisa que temos em comum. - Ele sussurrou.
'Ora, vamos, eu sei que você pode pensar em coisa melhor!' Eu pensei irritada, percebendo
como o clima do momento havia se afogado no meu ódio. Fechei os olhos, torcendo para que ele
me surpreendesse e salvasse minha noite.
Bruno me soltou devagar, permitindo que eu andasse novamente, minha expressão de
irritação ainda não havia desaparecido. Passei pela porta, ciente da presença do garoto andando
atrás de mim, desejando que de alguma forma ele desaparecesse para que eu pudesse gritar.
Profundamente emersa em meus pensamentos ele deu o próximo passo em direção a seu
prêmio: meu infarte. Uma mão macia tocou minhas costas me retirando violentamente do meu
limbo, fazendo que, mais uma vez, uma série de arrepios percorressem minha espinha. Eu esperei
que ele retirasse o toque em seguida, mas ele não o fez. Lentamente a mão escorregou mais para
baixo e voltou a subir, segurando levemente minha nuca e acariciando o inicio de minhas costas.
Desejei que ele usasse a outra mão para algo útil, me puxasse mais para perto e me beijasse,
ao invés de ficar nesse jogo sem sentido de sedução. Porque, diabos, ele não ia direto ao ponto e me
fazia mais feliz? Mas se minha história estivesse repleta de acontecimentos justos e coisas boas não
seria boa de contar.
Ele continuo com a mão nas minhas costas, mas não passou disso. Só serviu para me deixar
mais atordoada e irritada até que a escada chegou ao fim e ele finalmente recolheu-se.
Sem o menor humor para continuar ali, eu saquei o celular e liguei para que meus pais me
buscassem, pensando no quanto eu custaria a dormir depois daquilo e no quanto eu me sentia
ridícula. Me juntei a Zé, Rebuzzi, Zago, Patrícia, Capitão e infelizmente Bruno para conversar
enquanto eu não podia ir embora. Dentro de poucos instantes eu já tinha me esquecido da raiva e da
irritação, dando lugar a alguns risadas que Patrícia sempre conseguia arrancar de mim.
Não devem ter se passado nem quinze minutos quando o celular vibrou eu meu bolso. Eu
não atendi, sabia que tinha que descer e encontrar o carro de meu pai. Me despedi de todos de uma
vez, mas fui atrasada por algumas pessoas que faziam questão de me dar dois beijinhos antes que eu
fosse, girei nos calcanhares e comecei a me dirigir para a entrada.
_ Aninha! - A voz de Bruno exclamou atrás de mim, eu ia fingir que não ouvi.
Sua mão relativamente pequena segurou meu pulso e me girou em sua direção, se inclinando
para frente. Tudo aconteceu muito rápido, mas, ainda assim, pareceu ser em câmera-lenta da minha
visão. Seu rosto se aproximava do meu e eu simplesmente não conseguia encontrar uma reação
digna, eu estava pronta para fechar os olhos, mas queria ver cada momento para poder passar em
minha cabeça com clareza depois. Ele continuava a se aproximar, parecendo decidido, tudo
afirmava o que poderia acontecer e quando o surto de entendimento chegou em meu cérebro eu tive
que sorrir, sem acreditar.
Eu podia sentir seu hálito quente perto de meus olhos quando seu rosto desviou e beijou
minha bochecha.
A vontade foi de bater. Bater com força. Arrancar do rosto dele aquele sorriso perfeito. É
sério, eu considerei a idéia de uma agressão física. Mas eu não queria criar uma confusão logo no
fim da noite. Depois de sorrir radiante -ou pelo menos fingir estar radiante-, eu me virei novamente
descendo as escadas de madeira batendo os pés com força nos degraus.
Cheguei em casa, troquei de roupa rapidamente e me joguei debaixo dos lençóis de minha
cama, ainda irritada. Prometi para mim mesma que estava acabado, eu nunca pensaria nele, prometi
que ia acabar com aquele amor naquele instante.
Essa possibilidade foi descartada logo que surgiu em minha mente, e eu dormi sorrindo.
tut

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