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Resumo
Este trabalho tem por objetivo principal apresentar um breve histórico sobre a graduação em
Engenharia de Produção no estado de Minas Gerais, bem como a sua expansão e o
crescimento do número de cursos. Seguindo a tendência no país, o número de cursos de
graduação em Engenharia de Produção no estado vem crescendo aceleradamente desde o
ano de 1997. O presente estudo é baseado em dados cadastrais do INEP (Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e, também, em consultas a sites das
instituições de Educação Superior mineiras.
Palavras-chave: Engenharia de Produção, Educação em Engenharia, Cursos de graduação.
1. Introdução
A Engenharia de Produção, tal como hoje é conhecida, teve seu início no século XX diante
das necessidades colocadas pelos sistemas produtivos que se tornavam cada vez mais
complexos e teve uma grande expansão a partir dos novos paradigmas de produtividade e
competitividade ditados pela economia globalizada. Originada nos Estados Unidos com o
nome de Industrial Engineering, só foi introduzida no Brasil na década de 50, com a
denominação de Engenharia de Produção.
A Escola Politécnica da USP foi uma das instituições pioneiras com a introdução de
disciplinas relacionadas à Engenharia de Produção em 1959, principalmente devido ao grande
crescimento industrial do estado de São Paulo e à instalação das indústrias automobilísticas na
região do ABC paulista. A partir da instalação de multinacionais no Brasil e do crescimento
das empresas nacionais, aliados á globalização da economia na década de 90, verificou-se
aumento na demanda por engenheiros de produção.
2. Breve histórico e crescimento da Engenharia de Produção em Minas Gerais
O primeiro curso de Graduação em Engenharia de Produção de Minas Gerais foi criado na
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), iniciando as suas atividades no início de 1998. No
segundo semestre de 1998 foi a vez da Federal de Ouro Preto (UFOP) e em 2000 da Federal
de Viçosa (UFV), da Federal de Juiz de Fora (UFJF), da União Educacional Minas Gerais
(UNIMINAS) e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET/MG).
Em 2001 também criaram seus cursos a Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade
FUMEC (Fundação Mineira de Educação e Cultura).
Atualmente em Minas, há 38 cursos de Engenharia de Produção em funcionamento (tabela 1),
com diversas ênfases tais como civil, qualidade, mecânica, gestão da informação e gestão
ambiental, sendo a grande maioria plena. A tabela 2 mostra dados gerais referentes aos cursos
até março de 2007 e permite verificar o aumento do número de cursos criados ano a ano, bem
como a relação de vagas tanto no período diurno quanto noturno e, também, o seu total por
ano.
III EMEPRO – Belo Horizonte, MG, Brasil, 07 a 09 de junho de 2007
Cursos Vagas
Ano Cursos
(acum) Diurnas Noturnas Total
1998 2 2 70 - 70
1999 1 3 - 40 40
2000 4 7 40 300 340
2001 1 8 80 - 80
2002 2 10 - 90 90
2003 3 13 120 520 640
2004 3 16 100 270 370
2005 7 23 320 490 810
2006 11 34 295 1025 1320
2007 4 38 60 170 230
Totais 38 38 1085 2905 3990
III EMEPRO – Belo Horizonte, MG, Brasil, 07 a 09 de junho de 2007
38
34
Quantidade de cursos
23
16
13
10
7 8
2 3
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Anos
Saúde/Ambiental
16%
Tradicionais
46%
A distribuição dos cursos pelas diversas regiões do estado (figura 4) mostra que a Engenharia
de Produção só não está presente nas regiões do Jequitinhonha e Alto Paranaíba.
ZONA DA MATA
TRIÂNGULO MINEIRO
SUL DE MINAS
RIO DOCE
CENTRAL
NORTE
NOROESTE
JEQUITINHONHA/MUCURI
CENTRO-OESTE
ALTO PARANAÍBA
0 5 10 15 20 25 30
do estado (44,97%) e também com maior densidade demográfica (77,92 hab/km²). Apresenta
como recursos minerais ferro, ouro, manganês, calcário, minerais não-metálicos e tem como
principais atividades os setores de: mineração, siderurgia, automobilístico, mecânico, têxtil,
elétrico, autopeças, cimento, metalurgia de alumínio/zinco, bebidas, calçados, produtos
alimentares, bens de capital, vestuário e refino de petróleo.
5 0 3 01 2
5
3
3 16
35
30
Número de cursos
25
20 Privadas
15 Públicas
10
5
0
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
Anos
2003 foi quando houve alteração na lógica do crescimento dos cursos no estado, já que antes
deste período os cursos estavam instalados predominantemente em universidades públicas e,
após este, houve uma vertiginosa expansão da Engenharia de Produção no ensino privado.
As instituições de educação superior se dividem entre públicas e privadas. Aquelas mantidas
pelo poder público se subdividem em federais, estaduais e municipais, enquanto aquelas sob a
administração de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado podem ser com ou sem fins
lucrativos. As chamadas particulares em sentido estrito, ou seja, aquelas com fins lucrativos e
maioria no país, são instituídas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito
privado. Já as instituições sem fins lucrativos podem ser, segundo o INEP: comunitárias -
instituídas por grupos de pessoas físicas ou jurídicas, inclusive cooperativas de professores e
alunos que incluam representantes da comunidade; confessionais - instituídas por grupos de
pessoas físicas ou jurídicas que atendam à orientação confessional e ideológica específicas;
filantrópicas - instituições de educação ou de assistência social que prestem os serviços para
os quais foram instituídas e os coloquem à disposição da população em geral, em caráter
complementar às atividades do Estado e sem remuneração.
Dos 38 cursos até esse ano registrados em Minas, 8 são de instituições públicas sendo todas
federais e, as demais 30 são de instituições privadas, dividindo-se entre aquelas com fins
lucrativos (particulares em sentido estrito) e aquelas sem fins lucrativos (filantrópicas,
confessionais e/ou comunitárias). Fica claro então que a grande maioria das instituições que
oferecem o curso no estado é daquelas privadas (figura 7).
21,05%
78,95%
Privadas Públicas
10,03%
89,97%
Privadas Públicas
O total de vagas oferecidas em Minas chega a 3990, sendo 1085 no período diurno e 2905 no
noturno. A oferta varia de 30 a 240 vagas somados os turnos (figura 9).
1400
1200
1000
800
Vagas
600
400
200
0
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Anos
4. Considerações Finais
Comparando-se as instituições que oferecem o curso de Engenharia de Produção, a
quantidade de vagas disponíveis e ainda o número cada vez maior de cursos criados a cada
ano, tem-se uma visão geral das características do curso de Engenharia de Produção no
estado. Se fossem consideradas todas estas características dos cursos no estado, um curso
“médio” de Engenharia de Produção em Minas Gerais atualmente teria as seguintes
características: Engenharia de Produção plena, privado, localizado na região central do estado,
com ensino presencial, regime semestral, duração de 8,8 semestres, carga horária de 3.584h,
funcionaria no turno noturno e conferiria diploma de bacharel.
O grande crescimento do número de cursos de Engenharia de Produção em Minas Gerais
pode se dever ao fato do estado representar hoje a terceira força econômica do País com um
Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de R$166,5 bilhões, sendo 9,14% gerados pela
agropecuária, 45,54% pelo setor de serviços, que teve crescimento significativo nos últimos
anos e 45,32% pelo setor industrial em 2004. Minas possui ainda localização diferenciada em
relação aos demais estados devido ao fácil acesso aos principais mercados nacionais, além de
infra-estrutura que inclui a principal intersecção rodoviária e ferroviária do país, o que agiliza
mais o processo já que se encontra na rota dos grandes fluxos comerciais nos sentidos norte-
sul e leste-oeste (fonte: www.indi.mg.gov.br – fevereiro/2007). A localização dos cursos
segue, principalmente, os eixos econômicos principais do estado, quais sejam, os eixos
determinados pelas rodovias Fernão Dias e BR-040 principalmente.
Quanto ao crescimento do ensino privado no país, verifica-se que se trata de um fenômeno
mundial tendo destaque em toda América Latina e não sendo diferente no Brasil,
principalmente no que refere ao curso de Engenharia de Produção que tem uma grande
demanda do mercado de trabalho para atender. O rápido crescimento das instituições privadas
de ensino superior, principalmente em países em desenvolvimento se deve em grande parte
pela consideração da educação como um serviço ao invés de um bem público. Registre-se que
o Brasil vem resistindo às pressões internacionais para que a Educação seja considerada como
um serviço. Caso fosse considerada um serviço, isto possibilitaria o aporte de capital
internacional e a entrada das multinacionais do ensino no país, o que poderia significar perdas
para a consolidação de um sistema genuinamente nacional de educação superior a exemplo do
que existe em paises ditos desenvolvidos.
Referências
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http://www.uniara.com.br/graduacao/engproducao/historico_da_profissao.php>. Acesso em: 15 fevereiro 2007.
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<http://www.fmep.ufjf.br/regula.htm>. Acesso em: 5 fevereiro 2007.
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<http://www.indi.mg.gov.br/perfil/regioes.html>. Acesso em: 7 março 2007.
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<http://www.dep.ufscar.br/historico.php>. Acesso em: 8 fevereiro 2007.