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APOSTILA DO CURSO

AQUICULTOR

AUTORES:
Antônio Diogo Lustosa Neto
Ricardo Nogueira Campos Ferreira
João Henrique Cavalcante Bezerra
Cássia Rosane Silveira Pinto
Marcus Borges Leite
Carlos Henrique Profírio Marques
Gabriel de Mesquita Facundo
Jamile Mota da Costa

Fortaleza – CE
2016

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REALIZAÇÃO: EXECUÇÃO:

FUNECE-CE

APOIO:

PRONATEC / UECE

Reitor Coordenador Pronatec Campo


José Jackson Coelho Sampaio Antônio Amaury Oriá Fernandes

Vice Reitor Coordenadora Pedagógica


Hidelbrando dos Santos Sores Maria das Dores Alves Souza

Pró-Reitora de Extensão Coordenadores Adjuntos


Claudina Nogueira de Alencar Antônio Cruz Vasques
Luiz Carlos Mendes Dodt
Pró-Reitor de Administração Antônio Diogo Lustosa Neto
Carlos Heitor Sales Lima Ricardo Nogueira Campos Ferreira

Diretor da UNEP Articuladora Institucional


José Nelson Arruda Filho Rejane Gomes Léa Ramos

Coordenador Geral Pronatec Secretária Geral


Plácido Aderaldo Castelo Neto Marilde Silva Jorge

Coordenador Pronatec Pesca Assessor Jurídico


Fábio Perdigão Vasconcelos Thiago Barbosa Brito

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A UECE E O PRONATEC

José Jackson Coelho Sampaio


Reitor da UECE

A lógica de uma grande política pública de educação profissional foi testada no


Ceará, por Ariosto Holanda, na raiz do sistema CVT/CENTEC. Essa lógica ganhou outros
estados e o Brasil, pela construção do PRONATEC, pelo Ministério da Educação-MEC, em
seus três eixos: disciplinas técnicas e tecnológicas a serem incorporadas como optativas
no histórico escolar de alunos do Ensino Médio; cursos técnicos e tecnológicos, para for-
mação inicial e continuada, em modalidade extensionista; e cursos profissionais comple-
tos de Ensino Médio.

A UECE, desde sua criação em 1975, incorpora em sua grade a oferta de cursos
técnicos de nível médio, na área da saúde, como Técnico de Enfermagem, seguido pos-
teriormente do Técnico em Segurança do Trabalho. Há 10 anos criamos a Unidade de
Educação Profissional-UNEP, assumindo a complexidade que essa modalidade de ensino
oferece, além de sua extraordinária capacidade de inclusão social. A existência da UNEP
nos habilitou a obter o direito de sermos ofertantes do PRONATEC, quando a oportuni-
dade surgiu.

Somos a segunda universidade pública estadual do Brasil, a primeira foi a Univer-


sidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES, a poder oferecer a modalidade da forma-
ção inicial e continuada, e isto nos orgulha. Sobretudo, por termos obtido o direito em
meio à crise político-econômica que vem afetando a capacidade de investir do poder
público, em seus níveis federal, estadual e municipal.

A UECE oferta 1.600 do PRONATEC em 41 municípios, sendo 1.460 vagas do PRO-


NATEC Pesca e 140 vagas do PRONATEC Campo para somar-se ao Sistema “S”, à Secretaria
Estadual de Educação-SEDUC, ao Instituto Federal do Ceará-IFCE e ao Instituto CENTEC,
no esforço de qualificar o poder de trabalho, a criatividade e o empreendedorismo dos
cearenses, a fim de que uma sociedade talentosa e melhor informada supere as crises
político-econômicas e nossa árdua natureza semiárida.

Há também um grande esforço institucional, devido às condições de oferta, em


tão pouco tempo, na transição 2015/16, que, esperamos, geste resposta solidária, positi-
va, efetivamente parceira, dos municípios, dos professores e dos alunos. Sigamos, pois o
caminho é belo e uma boa luz nos orienta: Lumen ad Viam!

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO A AQUICULTURA ............................................................................................................................. 9
1.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRIA DA AQUÍCOLA ............................................................................................................. 9
1.2 ESPECIALIZAÇÕES DE OPERAÇÕES AQUÍCOLAS .......................................................................................12
1.3 ESTATÍSTICA DA PRODUÇÃO ..............................................................................................................................13
2. PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS ................................................................................................................................14
2.1 TAXA DE CRESCIMENTO ESPECÍFICO...............................................................................................................14
2.2 CRESCIMENTO CORPORAL ABSOLUTO ..........................................................................................................14
2.3 SOBREVIVÊNCIA FINAL .........................................................................................................................................15
2.4 PRODUTIVIDADE .....................................................................................................................................................15
2.5 FATOR DE CONVERSÃO ALIMENTAR ................................................................................................................15
3. ASPECTOS LEGAIS, SOCIAIS E AMBIENTAIS .....................................................................................................16
3.1 QUESTÕES DE ORDEM LEGAL ............................................................................................................................16
3.2 QUESTÕES DE ORDEM SOCIAL ..........................................................................................................................24
3.3 QUESTÕES DE ORDEM AMBIENTAL .................................................................................................................25
4. SISTEMAS DE CULTIVO ...........................................................................................................................................26
5. REQUERIMENTO DE ÁGUA E SOLO PARA O CULTIVO .................................................................................29
5.1 TEMPERATURA .........................................................................................................................................................30
5.2 OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) .............................................................................................................................31
5.3 PH ..................................................................................................................................................................................32
5.4 ALCALINIDADE TOTAL ..........................................................................................................................................33
5.5 COMPOSTOS NITROGENADOS ..........................................................................................................................34
5.6 DUREZA .......................................................................................................................................................................35
5.7 TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA ................................................................................................................................35
6. SELEÇÃO DE ÁREA E CONSTRUÇÃO AQUÍCOLA ...........................................................................................39
6.1 SELEÇÃO DE ÁREA ...................................................................................................................................................39
6.2 NOÇÕES DE TOPOGRAFIA ..................................................................................................................................41
6.3 CONSTRUÇÃO DE TANQUES ................................................................................................................................42
6.3.1 TANQUES EM ALVENARIA ..................................................................................................................................42
6.3.2 TANQUES PRÉ-MOLDADOS ..............................................................................................................................42
6.3.3 VIVEIRO......................................................................................................................................................................42
7 PRINCIPAIS ESPÉCIES CULTIVADAS......................................................................................................................44
7.1 NATIVAS: ......................................................................................................................................................................44
7.2 EXÓTICAS: ...................................................................................................................................................................47

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8. ALIMENTO E ALIMENTAÇÃO ..................................................................................................................................50
9. ENFERMIDADES E BIOSSEGURANÇA ..................................................................................................................51
9.1 DOENÇAS EM PEIXES ..............................................................................................................................................51
9.1.1. DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS ..........................................................................................52
9.1.1.1 ICTHYOPHTHIRIUS MULTIFILIS ...................................................................................................................52
9.1.2 BACTÉRIAS EM PEIXES ........................................................................................................................................52
9.1.3 FUNGOS EM PEIXES .............................................................................................................................................53
9.2 DOENÇAS EM CAMARÕES ....................................................................................................................................53
9.2.1 IHHNV (INFECÇÃO VIRAL NA HIPODERME E NECROSE DO TECIDO HEMATOPOIÉTICO): ......54
9.2.2 TSV (SÍNDROME DO VÍRUS TAURA): .............................................................................................................55
9.2.3 WSSV (SÍNDROME DO VÍRUS DA MANCHA BRANCA): .........................................................................55
9.2.4 NHP (HEPATOPANCREATITE NECROSANTE): ............................................................................................55
10. ALIMENTO VIVO ........................................................................................................................................................56
10.2 IMPORTÂNCIA DO PLÂNCTON NA AQUICULTURA .................................................................................56
10.2 MÉTODOS DE COLETA PARA CAPTURA DE PLÂNCTONS. ....................................................................58
10.3 AVALIAÇÃO DA BIOMASSA PLANCTÔNICA ...............................................................................................60
10.4 FITOPLÂNCTON ......................................................................................................................................................60
10.4.1 MÉTODOS DE CULTIVO DE FITOPLÂNCTON ...........................................................................................62
10.5 ZOOPLÂNCTON ......................................................................................................................................................64
10.5.1 MÉTODOS DE CULTIVO DE ZOOPLÂNCTON .........................................................................................66
11. CULTIVO DE PEIXE EM VIVEIROS .......................................................................................................................66
11.1 PREPARAÇÃO DO VIVEIRO.................................................................................................................................66
11.2 POVOAMENTO DO VIVEIRO ..............................................................................................................................68
12. CULTIVO DE PEIXE EM TANQUE-REDE.............................................................................................................69
13. CARCINICULTURA....................................................................................................................................................70
14. MALACOCULTURA ..................................................................................................................................................76
14.1 CULTIVO DE OSTRAS............................................................................................................................................76
14.2 CULTIVO DE MEXILHÕES....................................................................................................................................77
15. PISCICULTURA ORNAMENTAL ............................................................................................................................77
15.1 ASPECTOS GERAIS DA PISCICULTURA ORNAMENTAL ...........................................................................77
15.2 PRINCIPAIS INSTALAÇÕES PARA CULTIVO DE PEIXES ORNAMENTAIS ............................................79
15.3 BOAS PRÁTICAS DE MANEJO NO CULTIVO DE PEIXES ORNAMENTAIS ...........................................80
16. INTRODUÇÃO AO PROCESSAMENTO DE PESCADO .................................................................................81
16.1 AVALIAÇÃO SENSORIAL DA QUALIDADE DE PESCADO .......................................................................81

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................. 106

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AQUICULTOR

1. INTRODUÇÃO A AQUICULTURA

1.1 Definição e História da aquícola

A aquicultura envolve o cultivo de organismos aquáticos que podem ser uti-


lizados principalmente na alimentação humana e que têm na água o seu habitat
natural. Entretanto não abrange apenas as espécies estritamente aquáticas, mas
todas aquelas que em algum momento do seu ciclo de vida dependem da água.
Segundo a etimologia da palavra aquicultura, a qual deriva-se do latim, te-
mos, Aqui = água e Cultura = Cultivo.
Definição de aquicultura é a produção pesqueira alcançada através da in-
tervenção humana envolvendo o controle físico do organismo em alguma etapa
do seu ciclo de vida e não simplesmente a captura de acordo com a Organização
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 1984). Desta maneira a
intervenção no processo de cultivo tem a intenção de aumentar a produção.

Intervenções podem incluir:


• Estocagem ou povoamento
• Alimentação
• Proteção contra predadores
• Controle de parâmetro de qualidade de água de cultivo
O principal objetivo da aquicultura é a produção de alimento, tão verda-
de que nas últimas cinco décadas a produção aquícola mundial vem crescendo,
enquanto a pesca está com recursos naturais sobrexplorados deste os anos 2000
e de acordo com as informações levantadas no último Estado da Pesca e Aquicul-
tura publicado pela Organização das Nações Unidas de Alimentos e Agricultura
(FAO, 2014) o pescado como fonte alimentar tem aumentando a uma taxa média
anual de 3,2%, sendo esse um dos fatores que contribuíram para o aumento do
consumo per capito de 9,9 kg em 1960 para 19,2 kg em 2012 por pessoa por ano,
entretanto outros elementos como a ascensão da renda familiar, urbanização e
canais de distribuição mais eficientes ajudaram a impulsionar este aumento do
consumo.

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Entretanto podem ser objetivos também da aquicultura


• Melhoria dos estoques naturais através de repovoamento de ambientes
• Produção de peixes para pesca esportiva
• Produção de organismos aquáticos para fins ornamentais
• Reciclagem de resíduos orgânicos
• Produção de organismos aquáticos para alimentação animal
• Produtos farmacêuticos ou cosméticos

Atualmente é subdividida em Maricultura, quando está utiliza-se do am-


biente marinho e/ou águas salgada e salobra* ou Aquicultura Continental, quan-
do a cultura é realizada em águas interiores ao continente, ou seja, água doce.
Ainda de acordo com os organismos cultivado divide-se principalmente em:

Algicultura (Algi = algas). É a parte da aquicultura que se desenvolve o cul-


tivo de macroalgas e microalgas.

Figura 01 - Algicultura

Fonte – Google Imagens


*Caracterização da água segundo a concentrações de sais. Água doce 0,0 – 0,5; Água salobra (Oligohalina
– 0,6 – 3,0; Mesohalina – 3,0 – 16,5; Polihalina – 16,6 – 30,0) e Água salgada (Marinha – 31,0 – 40,0; Hiper-
salina - >40,0) Malacocultura (Malaco = molusco). É a parte da aquicultura que se enquadra o cultivo de
molusco, principalmente moluscos bivalves, ou seja, mexilhões e ostras.

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Figura 02 - Malacocultura

Fonte – Google Imagens

Piscicultura (Pisci = peixe). É a parte da aquicultura em que se enquadra o cultivo


de peixes, isto é piscicultura marinha ou piscicultura continental

Figura 03 - Piscicultura

Fonte – Google Imagens


Carcinicultura (Carcini =
crustáceos). É a parte da
aquicultura em que se
enquadra principalmen-
te o cultivo de camarão

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Figura 04 - Carcinicultura

Fonte – Google Imagens

O cultivo de organismos aquáticos é uma atividade milenar, havendo registros da


criação de carpas e outros organismos pelos chineses datados de 4000 anos atrás (CA-
MARGO; POUEY, 2005).

Segundo a FAO (2008), o surgimento da aquicultura se deu quando as comunida-


des rurais perceberam que a criação de peixes constituía uma estratégia de sobrevivên-
cia e subsistência. Contudo o seu desenvolvimento se deu apenas no século passado,
quando foi possível controlar a reprodução de algumas espécies, crescendo o interesse
comercial (ZIMMERMANN, 2001). A partir da década de 80 o foco dos cultivos mudou
para produção de proteína aquática de espécies de alto valor agregado.

Mudanças como intensificação dos sistemas de produção e cultivos de peixes


de baixo valor comercial (exemplo: milkfish, Chanos chanos) convertidos em viveiros de
camarões marinhos (camarão tigre, Penaeus monodon). Provocou avanços tecnológicos,
principalmente com o desenvolvimento de rações balanceadas (alimento artificial) e uso
de equipamentos de oxigenação da água de cultivo.

1.2 Especializações de operações aquícolas

Produção de formas jovens para engorda


• Maturação: realiza a reprodução e desova de indivíduos adultos em ca-
tiveiro por meio da captura de indivíduos já sexualmente maduros ou
através da manipulação hormonal, ambiente e/ou nutricional para se
alcançar a maturação

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• Larvicultura: realiza o cultivo de indivíduos desde a fase de ovo até a


fase pós-larva ou alevinos (sem vitelo)
• Alevinagem: realiza o cultivo de pós-larvas ou alevinos até a fase juvenil

Engorda: realiza o cultivo de formas jovens até o peso comercial

Graus de especializações de uma operação aquícola pode compreender uma,


duas ou mais etapas do ciclo de vida da espécie cultiva.

Maturação Larvicultura Alevinagem Engorda Mercado

1.3 Estatística da produção

A produção aquícola mundial alcançou 66,6 milhões de toneladas em 2012,


excluindo as plantas aquáticas, sendo desses 44,15 milhões de toneladas de pei-
xes ou seja 66,3% do volume total, a qual são provenientes do cultivo de 354 es-
pécies, com cinco híbridos (FAO, 2014).

Tabela 01 - A produção mundial de grupos de espécies da aquicultura continental e maricultura


em 2012.
Aquicultura Maricultura Quantidade subtotal Valor subtotal
Continental
(Milhões de (Milhões de (Milhões (Porcentagem (Milhões (Porcentagem
toneladas) toneladas) de tonela- por volume) de Dóla- por valor)
das) res)
Peixes 38,599 5,552 44,151 66,3 87.499 63,5
Crustáceos 2,530 3,917 6,447 9,7 30.864 22,4
Moluscos 0,287 14,884 15,171 22,8 15.857 11,5
Outras es- 0,530 0,335 0,865 1,3 3.512 2,5
pécies
Total 41,946 24,687 66,633 100 137.732 100
Fonte: FAO, 2014

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A produção aquícola brasileira segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE, 2013) foi de 476.522 toneladas, desses sendo 392.493 toneladas
proveniente da piscicultura, ou seja, 82,4%, tendo como os maiores produtores os
estados de Mato Grosso, Paraná e Ceará com os respectivos volumes produzidos
75.630, 51.143, 30.670 toneladas.

Tabela 02 – Produção aquícola no período de 01.01 a 31.12, segundo as Grandes Regiões e as


Unidades da Federação - 2013
Piscicultura Carcinicultura Malacocultura
Peixes Camarão Ostras, vieiras e mexi- Outros animais
lhões aquícolas
Quantidade Valor Quantidade Valor Quantidade Valor Valor (R$1.000)
(toneladas) (R$1.000) (toneladas) (R$1.000) (toneladas) (R$1.000)
Brasil 392.493 2.020.922 64.669 765.014 19.360 58.048 4.287
Fonte: IBGE, 2014

2. PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS

2.1 Taxa de Crescimento específico

TCE = [( ln Pf– ln Pi) ÷ DC] × 100


Onde:
TCE – taxa de crescimento específico (%/dia)
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
DC – número total de dias do cultivo

2.2 Crescimento Corporal Absoluto

GPD = (Pf - Pi) ÷ DC


Onde:
GPD – ganho de peso corporal diário (g/dia)
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
DC – número total de dias do cultivo

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2.3 Sobrevivência Final

S = (POPf ÷ POPi) × 100


Onde:
S – sobrevivência final na despesca
POPf – número total de organismos no momento da despesca
POPi – número total de organismos no momento do povoamento

2.4 Produtividade

PRD = ((POPf × Pf ) – (POPi × Pi)) ÷ VT


Onde:
PRD – produtividade de organismos por área de produção (g/m3, kg/m2, ton/ha
POPf – número total de organismos no momento da despesca
POPi – número total de organismos no momento do povoamento
Pf – peso corporal úmido (g) na hora da despesca
Pi - peso corporal úmido (g) no primeiro dia de cultivo
VT – volume por área de produção (m3, m2, há)

2.5 Fator de conversão alimentar

FCA = ∑ CAp ÷ BIO


Onde:
FCA – fator de conversão alimentar
CAp – consumo alimentar aparente (g, kg) por tanque ao longo do ciclo de cultivo
BIO – biomassa ganha por unidade de cultivo, ou seja,

Termos básicos utilizados


Termos básicos utilizados
• Povoamento ou estocagem: a pratica de introduzir os organismos aquá-
ticos na unidade de cultivo
• Densidade de estocagem: número ou biomassa de organismos aquáti-
cos por área ou volume
• Biometria: Ato de mensurar o peso e/ou comprimento dos indivíduos
cultivados
• Arraçoamento: a prática de alimentar os organismos cultivados com ração

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3. ASPECTOS LEGAIS, SOCIAIS E AMBIENTAIS

A aquicultura moderna segundo VALENTI (2000), possui três pilares: a pro-


dução lucrativa, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social. Os
três componentes são essenciais e indissociáveis para que se possa ter uma ativi-
dade perene.

3.1 Questões de ordem legal

As leis podem regular:


• Espécie e locais permitidos para o cultivo
• Quantidade de agua a ser utilizada
• Qualidade dos efluentes
• Tipos de químicos e outras substancias empregadas
• Formas de cultivo, despesca, processamento e comercialização dos or-
ganismos aquáticos produzidos

Figura 05 – Influências das leis na aquicultura

Fonte: Modificado de Glenn & White, 2007

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Na constituição brasileira de 1988 no CAPÍTULO VI é inteiramente dedicado


ao meio ambiente. Neste capítulo, no Artigo 225, fica assegurado que:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili-


brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”

Como base para constituição 1988, a qual é considerada primeira constitui-


ção brasileira verde, utilizou-se como base a lei federal Nº 6.938/81, a qual dispõe
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formula-
ção e aplicação, e dá outras providências. Está prevista na lei alguns instrumentos,
dentre ele o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA

Figura 06 – Organograma do SISNAMA em instância federal

Fonte: Arquivo pessoal

Conselho de Governo – Órgão superior do sistema, reúne todos os minis-


térios e a Casa Civil da Presidência da República na função de formular a política
nacional de desenvolvimento do País, levando em conta as diretrizes para o meio
ambiente. Entretanto na pratica não existe.
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – é o órgão consultivo
e deliberativo, formado por representantes dos diferentes setores do governo (em
âmbitos federal, estadual e municipal), do setor produtivo e da sociedade civil.
Assessora o Conselho de Governo e tem a função de deliberar sobre normas e
padrões ambientais, através de suas resoluções.

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Ministério do Meio Ambiente (MMA) – órgão central, com a função de pla-


nejar, supervisionar e controlar as ações referentes ao meio ambiente em âmbito
nacional.
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-
veis (IBAMA) – encarrega-se de executar e fazer executar as políticas e as diretri-
zes nacionais para o meio ambiente.
Instituto Chico Mendes (ICMBio) - executar as ações do Sistema Nacional
de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscali-
zar e monitorar as UCs instituídas pela União.

O licenciamento ambiental é outro integrante dos instrumentos da Política


Nacional do Meio Ambiente, o qual atesta a viabilidade ambiental através dos Es-
tudos de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da
atividade proposta. O licenciamento Ambiental foi conceituado pela Resolução
CONAMA n.º 237, de 19 de dezembro de 1997, que diz:

“O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo


pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instala-
ção, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utiliza-
doras de recursos ambientais, consideradas efetivas ou potencialmente
poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degra-
dação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares
e as normas aplicáveis ao caso”.

O documento gerado é a licença ambiental, que tem prazo de validade de-


finido, em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medi-
das de controle ambiental a serem seguidas por sua empresa. Possui três etapas:
Licença Prévia: Antes de dar início, a empresa precisa requerer a Licença
Prévia (LP), que atende aos requisitos básicos exigidos pelo órgão ambiental res-
ponsável. A licença é concedida na fase preliminar de planejamento, depois de
cumpridos esses requisitos durante a localização, instalação e operação. As leis de
uso do solo municipais, estaduais ou federais também devem ser observadas pelo
empreendedor.

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Licença de Instalação: É concedida após o projeto executivo ser aprovado


com todos os requisitos atendidos. Por meio da Licença de Instalação (LI), o órgão
ambiental analisa a adequação do empreendimento ao local escolhido pelo em-
preendedor.
Licença de Operação: A licença de operação (LO) é necessária para a prá-
tica das atividades do empreendimento. Será concedida após as verificações do
cumprimento dos requisitos condicionantes, previstos na Licença de Instalação
por órgão responsável.

Além das leis de proteção ambiental, temos a Política Nacional de Recursos


Hídricos (PNRH), instituída pela lei 9433/97, tem como um de seus fundamentos o
uso múltiplo das águas.
De modo garantir que todas as demandas de água do recurso hídrico como
irrigação, indústria, aquicultura, consumo humano e dessedentação animal, sen-
do estas duas últimas prioridades em caso de escassez, a Lei da Água faz-se uso
dos instrumentos como:
Art. 5º
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
A outorga é o ato administrativo mediante o qual o poder público outorgante
faculta ao outorgado (requerente) o direito de uso de recurso hídrico, por prazo determi-
nado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato administrativo.

A outorga de água permite ao administrador do recurso hídrico realizar o contro-


le qualitativo e quantitativo minimizando conflitos entre os diversos setores usuários e
evitar impactos ambientais negativos.

Estão sujeitos a pedido de outorga empreendimentos que necessitam de:

• Derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de


água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo
de processo produtivo;
• Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insu-
mo de processo produtivo;

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• Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos


ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou
disposição final;
• Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
• Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água
existente em um corpo de água.

Para regularização aquícola, o empreendedor deve verificar a dominialida-


de das águas onde se localiza o cultivo, ou seja, as águas públicas podem ter do-
mínio do Estado ou da União.
As águas da União são aquelas que banham mais de um Estado da Federação,
isto é, fazem fronteira entre estados nacionais e com outros países. Também estão
nesta condição as águas acumuladas em represas construídas com aporte de recur-
sos da União e o Mar Territorial brasileiro que se estende até as 200 milhas náuticas.
No Estado do Ceará em 10 de março de 2015, a Lei Nº15.773 que altera a
Lei Nº13.875, de 07 de fevereiro de 2007 e cria a Secretaria do Meio Ambiente
(SEMA). Vinculada ao SEMA, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SE-
MACE tem a obrigação de executar a Política Ambiental do Estado do Ceará, ou
melhor, é responsável pela emissão da licença ambiental, independentemente da
dominialidade da água, conforme Lei Complementar nº 140/11 de 08 de dezem-
bro de 2011, e Moção nº 090, de 06 de junho de 2008, pois está previsto que as
OEMAs (organizações estaduais do meio ambiente) ou prefeituras municipais são
responsáveis pelo o processo de licenciamento ambiental.
A emissão da outorga de uso da água está encarregada da Companhia de
Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH, também independentemente da domi-
nialidade da água, tendo em vista que até 2024, o Ceará poderá emitir outorgas
de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União em território cearense.
Esta competência legal foi delegada pela Agência Nacional de Águas (ANA), por
meio da Resolução nº 1.047/2014.
Todavia, o Ceará não poderá outorgar aproveitamentos de potenciais hi-
drelétricos no estado, atribuição que permanece com a ANA. No caso das outor-
gas preventivas e de direito de uso de recursos hídricos do domínio da União com
a finalidade de aquicultura em tanques-rede, a Secretaria de Recursos Hídricos
do Ceará (SRH) terá que seguir os trâmites definidos entre a Agência Nacional de
Águas e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Figura 07 – Organograma do SISNAMA em instância estadual

Fonte – Arquivo Pessoal

Os procedimentos de licenciamento ambiental são orientados principal-


mente pelas legislações:
CONAMA: COEMA:

Resolução nº 237/1997 Resolução n° 18/2013

Resolução nº 312/2002 Resolução nº 17/2013

Resolução nº 357/2005 Resolução n° 04/2012

Resolução nº 413/ 2009 Resolução n° 02/2002

Resolução nº 459/ 2013 Resolução n° 05/2001

A atividade aquícola desenvolve-se principalmente na zona rural, desta for-


ma sendo necessário conhecimento do novo código florestal, Lei 12.651 de 25 de
maio de 2012. Assim fica entendido sobre:

• Área de Preservação Permanente: Área protegida, coberta ou não por


vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hí-
dricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar
o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar
das populações humanas.

• Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou pos-


se rural, que no caso do bioma a qual o estado do Ceará está contido
(Caatinga) e de 20% da propriedade rural.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

• Área Rural Consolidada: Área de imóvel rural com ocupação antrópica


preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou
atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do
regime de pousio.
• Interesse Social: implantação de instalações necessárias à captação e
condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos
hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade.
• Atividades Eventuais ou de Baixo Impacto Ambiental: implantação
de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes
tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água,
quando coube.
• Leito regular: a calha por onde correm regularmente as águas do curso
d’água durante o ano
• Manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujei-
tos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas,
às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conheci-
da como mangue, com influência fluviomarinha, típica de solos limosos
de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa
brasileira, entre os Estados do Amapá e de Santa Catarina;
• Salgado ou marismas tropicais hipersalinas: áreas situadas em regi-
ões com frequências de inundações intermediárias entre marés de si-
zígias e de quadratura, com solos cuja salinidade varia entre 100 (cem)
e 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a
presença de vegetação herbácea específica;
• Apicum: áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões entre marés
superiores, inundadas apenas pelas marés de sizígias, que apresentam
salinidade superior a 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), des-
providas de vegetação vascular;

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Figura 08 – Diferenças dos ambientes

Fonte – Prof. Márcio Bezerra

Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para


os efeitos desta Lei. Os manguezais, em toda a sua extensão, margens dos rios e
corpos hídricos lênticos

Figura 08 – Diferenças dos ambientes

Fonte – Prof. Márcio Bezerra

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Figura 08 – Diferenças dos ambientes

Fonte – Prof. Márcio Bezerra

3.2 Questões de ordem social

Geração de emprego e renda, principalmente em regiões rurais com pouca


atividade econômica, necessita-se de elevada mão de obra por área cultivada. A
cadeia produtiva envolve, sementes (pós-larvas, alevinos), ração, corretivos agrí-
colas, fertilizantes, equipamentos e maquinário como motobombas, tratores, ae-
radores e todo a linha de processamento e comercialização da espécie em ques-
tão.
A aquicultura requer uma infraestrutura composta de estradas para esco-
ar a produção, energia elétrica, incentiva a melhoria da educação local para for-
mação de mão de obra especializada, oferece novas oportunidades de emprego.
Além de promove a segurança alimentar, tendo em vista que a aquicultura gera
fonte proteica de alta qualidade.
Todavia pode gerar conflito de uso do solo com outros usuários locais, bem
como é uma atividade que faz uso direto da água superficiais ou subterrâneas
podem criar conflitos com outros usuários.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

3.3 Questões de ordem ambiental

A intensificação e expansão descontrolada da produção aquícola nos últi-


mos anos resultou em um aumento de impactos negativos sobre o meio ambien-
te. Pode-se citar de acordo com Boyd (2003):
• Destruição de manguezais, áreas de inundação, e outros ambientes
aquáticos sensíveis.
• Conversão de terras agrícolas a tanques aquícolas.
• Poluição da água resultante dos efluentes dos tanques de engorda.
• Uso excessivo de drogas, antibióticos, e outros produtos químicos.
• Utilização ineficiente de rações
• Salinização de terras e águas por efluentes, esgotos, e sedimentos de
águas salobras provenientes de sistemas de engorda.
• Uso excessivo de água subterrânea e outras fontes de água doce para
abastecimento de tanques.
• Propagação de doenças animais da cultura de organismos para popu-
lações nativas.
• Efeitos negativos sobre a biodiversidade causados pela fuga de espé-
cies exóticas introduzidas para produção, destruição de pássaros e ou-
tros predadores.
• Conflitos com outros usuários dos recursos hídricos e rompimento das
comunidades vizinhas.

Contudo estes impactos ocorrem devido:

• Falta de ordenamento das fazendas.


• Pouco ou nenhum controle sanitário.
• Tratamento inexistente dos efluentes.
• Fazendas não projetadas para reutilização da água.
• Inobservância de procedimentos regulares de biossegurança.
• Falta de planejamento ambiental.

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AQUICULTOR

4. SISTEMAS DE CULTIVO

Na produção aquícola podemos classificar o sistema produtivo de três


modo, (1) quanto ao uso de água, (2) quanto a intensificação da produção e (3)
quanto a utilização das espécies (EMBRAPA, 2013). A classificação mais utilizada
pelos produtores é a intensificação da produção, ou seja, sistemas extensivo, se-
mi-intensiva e intensivo.

Tabela 01. Subdivisões do sistema produtivo aquícola


Sistema de água parada ou estático
Sistema com renovação de água
Quanto ao uso de água
Sistema com recirculação de água
Sistema extensivo
Sistema semi-intensivo
Quanto a intensificação da produção
Sistema intensivo
Cultivos consorciados
Policultivos
Quanto a utilização das espécies
Monocultivos

• Sistema extensivo: é realizado em corpos hídricos lênticos, não haven-


do interferência humana no cultivo, sendo assim não há fornecimento
de alimentação suplementar, as tilápias consomem apenas o alimento
natural
• Semi-intensivo: é realizado geralmente em viveiros, neste caso se tem
intervenções humanas através de adubação e alimentação artificial, po-
dendo ou não possuir aeração artificial.
• Sistema intensivo: pode ser realizado em viveiros, tanques-redes, ca-
nais “raceway”, nessa modalidade caracteriza-se principalmente pelas
altas densidades de estocagem utilizadas.
• Monocultivo: O ambiente de cultivo é povoado por apenas uma única
espécie
• Policultivo: O ambiente de cultivo é povoado por duas ou mais espé-
cies de hábitos alimentares diferentes.
• Consórcio: O sistema de cultivo é composto por dois ou mais ambientes
de cultivos, cada qual povoado com uma espécie aquática, geralmente
uma espécie animal e outro vegetal.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Em tempo de escassez de água é importante atentar as tecnologias que


visem a redução em seu uso. O sistema com recirculação de água compreende
basicamente em seis componentes.
• Tanques de cultivo - Diversos formatos têm sido empregados, os mais
comuns ainda são os tanques circulares com dreno central.
• Filtros mecânicos – São utilizados para concentrar os sólidos decantá-
veis. Filtros mecânicos com meio filtrante de areia, cascalho ou esferas
de plástico (filtros tipo de piscina) concentram e removem os sólidos em
suspensão (partículas entre 40 e 100 micras). Para remover partículas
menos de sólidos dissolvidos (partículas < 40micra), utiliza-se em água
marinha um skimmer, ou seja, fracionador de espuma.
• Biofiltros - Os filtros biológicos recipientes preenchidos com um subs-
trato que possibilite a fixação de bactérias que realizem o processo de
nitrificação.
• Sistema de aeração - O sistema de aeração é composto por sopradores
de ar e difusores, aeradores mecânicos de diversos tipos (aeradores de
pá ou bombas de água), injeção direta de oxigênio gás e mesmo uma
combinação entre dois ou mais tipos de aeração/oxigenação.
• Sistema de bombas e tubulações– É necessárias tubulações para
realizar a movimentação da água por os ambientes do sistema de
recirculação havendo o mínimo de perdas e no ponto de menor elevação
instala-se bomba para retornar à água tratada e reoxigenada para os
tanques de criação.
• Unidade de quarentena - Ambiente fisicamente separado da unidade
de produção, e possui seu próprio sistema de recirculação (tanques, fil-
tros, biofiltros, sistema hidráulico e equipamentos de aeração). Novos
organismos no sistema realizam a quarentena e geralmente recebem
tratamento profilático e terapêutico para eliminar potenciais parasitos
ou tratar algum tipo de doença.

O uso destes sistemas em escala comercial ainda é restrito a alguns empre-


endimentos com peixes ornamentais, aos laboratórios de reprodução de tilápia e
nas larviculturas de camarão.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

O sistema de cultivo em bioflocos (BFT), ou também denominado de “zero


exchange aerobic heterotrophic culture system” (ZEAH). Segundo Browdy et al.,
(2001) a grande vantagem desse sistema é a diminuição da emissão de efluentes,
além de aumentar a produtividade em um menor espaço físico.
O sistema reduz ainda o risco de introdução e disseminação de doenças e
possui a capacidade de complementar a dieta dos animais através da produção
de alimento natural (MCINTOSH et al., 2000).
A manutenção dos flocos bacterianos adotando os procedimentos de
Avnimelec (2007) com melaço de cana de açúcar em pó para manter a relação
carbono:nitrogênio em torno de 20:1 até a formação dos bioflocos. Para isso, de-
terminou-se a quantidade de carbono adicionado a ser assimilado pelos micror-
ganismos, pela equação abaixo.

ΔCmic = ΔCH x %C x E (01)

Onde: ΔCmic - quantidade de carbono assimilada pelos microrganismos;


ΔCH – quatidade de carbono
%C - percentual de carbono presente na fonte de carboidrato adicionado e;
E - Coeficiente de conversão microbiana.

A quantidade de nitrogênio necessária para produção de novas células


bacterianas (ΔN) pela equação 2, a qual depende da relação C:N na biomassa mi-
crobiana. Segundo Gaudy (1980), a razão entre carbono e nitrogênio na biomassa
microbiana está em torno de 4.

ΔN = ΔCmic / [C/N]mic

Substituindo, tem-se que: ΔN = ΔCH x %C x E / [C/N]mic

De acordo com Avnimelech (1999), pode-se considerar os valores de %C e


E, como sendo 0,5 e 0,4, respectivamente.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Porém, uma vez que (ΔN) é a quantidade de nitrogênio necessária para pro-
dução de novas células microbianas, esta pode ser a quantidade de nitrogênio
adicionada. Ou seja, depende do teor de proteína contido na ração ofertada.

ΔN = Ração (g) x % N ração x % N excretado

Onde: Ração (g) - quantidade de ração fornecida;


% N ração - o percentual de nitrogênio na ração e;
% N excretado - o percentual de nitrogênio excretado no ambiente de cultivo.

Para se calcular a quantidade de nitrogênio na ração, utilizou-se o percen-


tual de proteína bruta (PB), substituindo-o.

% N ração = % de PB x (6,25-1) / 100

Finalmente, a quantidade de carboidrato necessária para remoção do ni-


trogênio foi calculada pela equação 05. Para isto, utilizou-se o percentual de car-
bono (%C) presente no melaço, que fica em torno de 33%.

ΔCH = ΔN / (%C x E x [C/N]mic)

5. REQUERIMENTO DE ÁGUA E SOLO PARA O CULTIVO

A qualidade da água é um fator determinante para o sucesso ou o fracas-


so de um empreendimento aquícola. Vários compostos químicos dissolvidos na
água como também os atributos físicos e biológicos se combinam para formar a
qualidade da água.
A água com características, químicas e biológicas ideais para aquicultura
vai depender:
a. A espécie escolhida para o cultivo
b. O sistema de cultivo a ser adotado
c. O nível de intensificação a ser utilizado

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Para todos os parâmetros de qualidade de água os organismos aquáticos


possuem uma faixa de conforto que permite um máximo crescimento e sobre-
vivência, fora desta faixa, dependendo do tempo de exposição, o animal pode
sofrer efeitos deletérios como redução no consumo alimentar, maior vulnerabili-
dade a doenças e menor crescimento ou até mesmo ser letal.
As propriedades da água podem ser divididas em:

• Propriedades Químicas - Nitrito, nitrato, amônia, pH, alcalinidade, dió-


xido de carbono, oxigênio dissolvido, dureza
• Propriedades Físicas - Temperatura, turbidez, cor, odor, transparência,
sólidos em suspensão
• Propriedades Biológicas - Espécies e quantidades de plâncton
• Propriedades Microbiológicas - Espécies e quantidades de patógenos

5.1 Temperatura

Tem efeito biológico (fotossíntese, respiração e decomposição), devido os


organismos aquáticos em sua grande maioria serem organismos pecilotérmicos.
Quando a temperatura da água está fora da faixa ótima, ocorre uma depressão do
sistema-imune, aliado com o fato de que a temperatura inadequada para hospe-
deiro é a temperatura adequada para patógeno, podendo causar problemas ao
cultivo.
Água dos ambientes de cultivo (viveiros, açudes, lagos) podem estratificar-
-se termicamente, o calor é absorvido mais rapidamente perto da superfície do
corpo d’água, e esta, eleva sua temperatura, tende a permanecer na superfície por
ser menos densa e a água de fundo com temperatura mais baixa fica mais densa,
desta forma formando camadas separadas.
A estratificação pode ser um problema sério principalmente para os culti-
vos em tanques-rede, pois quando ocorre a desestratificação térmica, isto é, uma
mistura brusca das camadas d’água, através de algum evento como o resfriamen-
to da atmosfera (noite/inverno), entrada de ventos fortes, ocorrência de intensas
chuvas, entrada de frentes frias. Pode acontecer da água de fundo conter compos-
tos tóxicos, caso a camada de fundo esteja em condição de anaerobiose, ou seja,
sem oxigenação.

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AQUICULTOR

Figura 08 – Diferenças dos ambientes

Fonte: Prof Alberto

5.2 Oxigênio dissolvido (OD)

Considerado um parâmetro crítico para aquicultura, em partículas em siste-


mas mais intensivos. O aumento na produção de peixes ou camarões em condições
de confinamento depende da disponibilidade de oxigênio dissolvido na água.
Processos que afetam a disponibilidade de OD.

• Atividade fotossintética: Fitoplâncton e plantas aquáticas liberam oxi-


gênio durante o dia através da fotossíntese. Deve-se evitar floração de fito-
plâncton, tendo em vista que durante o período noturno as mesmas dei-
xam de produzir OD e passam apenas consumir podendo exaurir o mesmo
nas primeiras horas do dia. Dias nublados afeta diretamente na atividade
fotossintética, pois a mesma para acontecer necessita de luz.
• Respiração: Atividade respiratória de peixes e outros organismos vivos
(bactérias, zooplâncton) presentes no sistema de cultivo consumem oxigê-
nio dissolvido na água. Assim é importante que evite densidades de esto-
cagem em excesso
• Troca de água e aeração mecânica: Renovação de água nos sistemas de
cultivo são capazes de aumentar a disponibilidade de oxigênio na água. Há
uma relação direta da renovação da água com a biomassa estocada.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

O oxigênio dissolvido na água é geralmente medido através de um oxíme-


tro digital. Os animais mostram sinal que a pode ter algum problema com OD,
como o aumento no batimento opercular (ventilação branquial), redução do nado
(letargia), subida para respirar água superficial.

Em caso no cultivo de camarões quando o OD é baixo os animais começam


a “boia”.

Tabela: Concentração de OD e efeitos sobre camarões cultivados


Concentração de Oxigê- Efeitos
nio dissolvido (mg/L)
0,0 – 1,0 Letal
1,0 – 1,5 Letal quando exposto a exposição prolongada
1,7 – 3,0 Conversão alimentar baixa, crescimento lento e residên-
cia a enfermidades reduzidas

5.3 pH

§ A faixa do pH é representada por uma escala que vai de 0 a 14, no qual o


pH 7 indica a absoluta neutralidade.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Figura 00 – Escala de pH e os efeitos nos animais cultivados

Fonte: Copilado de Luis Vinatea Arana (2003)

Fatores que levam a uma variação no pH da água


• Tipos de solo: solos orgânicos ou ácidos sulfatados
• Alimentação: excesso de alimento ofertado
• Atividade fitoplanctônica: fitoplâncton em excesso pode levar a um
aumento no pH da água (absorve CO2 da água)
• Alcalinidade: baixo poder tampão da água resulta em variações no pH
da água

5.4 Alcalinidade Total

Capacidade da água para neutralizar ácidos e manter seu equilíbrio acido-


básico (poder tampão da água), os bicarbonatos (HCO3-) e carbonato (CO3-2) são
mais abundantes e representam a maior parte da alcalinidade da água. A unidade
expressa em (mg/L CaCO3).
Alcalinidade das águas naturais gira em torno de 5 - 500 mg/L CaCO3. Em
águas subterrâneas vai depender da geologia do local em aquíferos calcários terá
uma alta alcalinidade, quando os aquíferos basálticos terão baixa alcalinidade.
A água do mar tem uma alcalinidade próxima de 120 mg/L CaCO3, para
carcinicultura marinha o ideal de ≥ 80 mg/L CaCO3

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

É um parâmetro que devesse monitorar regularmente (semanal/quinze-


nal), pois possibilita a realizar calagens preventivas, evitando, com isso a queda no
pH da água, haja vista que a tendência é que a alcalinidade da água caia durante
o cultivo, devido ao acúmulo de matéria orgânica.
Benefícios para o meio da alcalinidade alta:
• Tamponamento do pH da água;
• Aumento na produtividade primária;
• Diminuição da toxicidade de metais do solo

5.5 Compostos nitrogenados

É o principal produto de excreção dos organismos aquáticos, resultante da


digestão das proteínas. Amônia é um gás extremamente solúvel em água e quan-
do se encontra em solução, apresenta a seguinte reação de equilíbrio

NH3 + H2O = NH4+ + OH-

O equilíbrio da equação dependente do pH, temperatura e salinidade da água.


A forma não ionizada (NH3) é a mais tóxica para os organismos aquáticos,
devido ao seu tamanho molecular que a deixa permissível as membranas celulares.

• Em pH < 7, a fração de NH4+ será predominante


• Em pH > 7, a fração de NH3 aumenta, podendo atingir concentrações
tóxicas para os organismos aquáticos

Sinais clínicos de intoxicação CRÔNICA ou AGUDA por amônia:


1. Hiperatividade/convulsões;
2. Letargia;
3. Perda de equilíbrio;
4. Coma (não reage a estímulos externos)

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Intoxicação aguda em poucas horas de exposição já levam ao aparecimen-


to de sinais clínicos [NH3] água ≥ 1 mg/L. Já a intoxicação crônica os sinais clínicos
somente irão aparecer após muitos dias ou semanas de exposição, antes disso,
estresse causa distúrbios osmorregulatórios e queda na eficiência respiratória re-
tardo no crescimento e menor imunidade. [NAT] ≥ 3 mg/L e pH água > 8,
Deve-se monitorar semanalmente [NAT] em sistemas de criação
Amônia é oxidada em nitrato pela ação das bactérias quimioautotróficas
nitrosomonas e nitrobacter
O nitrito (NO2-) atravessa as brânquias pelo mesmo mecanismo de transpor-
te utilizado pelo Cl-. Para diminuir o efeito do nitrito basta adicionar NaCl à água
O excesso de nitrito pode causar a doença do sangue marrom, a hemoglo-
bina do sangue do peixe deixa de transportar OD para transportar nitrito na forma
de metahemoglobina, causando insuficiência respiratória.

5.6 Dureza

Dureza total = [Ca2+] + [Mg2+] expressa por (mg/L CaCO3), assim possuindo
a dureza cálcica e dureza magnesiana. Águas superficiais variam de 5 – 200 mg/L
CaCO3, os ecossistemas aquáticos continentais do semiárido podem apresentar
dureza > 200 mg/L CaCO3
A muda de crustáceos necessita de Ca+ presente na água, desta maneira
recomenda-se uma dureza cálcica > 50 mg/L CaCO3 para bom crescimento.
Para peixes eurihalinos cultivados em águas de baixa salinidade necessitam
de água dura. Em águas com alcalinidade muito maior que dureza podem apre-
sentar pH > 10 durante à tarde. A calagem com CaCO3 é melhor que com Na2CO

5.7 Transparência da Água

Medida da penetração de luz na água ela é utilizada como indicativo de pro-


dutividade natural primária (fitoplâncton) e concentrações de oxigênio dissolvido.
A transparência é medida com um disco de Secchi onde o ideal se encontra
entre 30-40 cm, a baixa do limite inferior, poderá sofrer problemas com oxigênio
dissolvido, e alta transparência > 40cm, há necessidade de fertilizar a água.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Figura 00 – Leitura da transparência da água com disco de Secchi

Fonte – Google Imagens

Turbidez é o oposto de transparência da água. A turbidez inorgânica pro-


vém da argila, humos e silte. E a turbidez orgânica é oriunda do fitoplâncton, de-
trito de algas, zooplâncton e material fecal de organismos cultivados.
A turbidez desejável e com plâncton (até certo limite; a depender das espé-
cies), quando a turbidez indesejável e composta por detritos orgânicos ( DBO na
coluna d’água + absorção de luz); e detritos inorgânicos (dificuldade respiratória
+ absorção de luz + assoreamento de canais e viveiros)
Deve-se monitorar a transparência da água diariamente
As análises de água e solo em aquicultura servem para o responsável técni-
co da fazenda saiba o que fazer depois do efeito pós-manejo.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Principais manejos de qualidade de água em aquicultura


1. Fertilização;
2. Calagem;
3. Aeração mecânica;
4. Troca de água;
5. Restrição alimentar;
6. Probióticos

Monitoramento rotineiro da qualidade da água permite manejar a quali-


dade de água com eficiência, permite identificar os efeitos dos manejos de quali-
dade de água aplicados ao viveiro/tanque, permite identificar precocemente pro-
blemas de qualidade de água.

A qualidade do solo é composta por seguintes parâmetros:

• Composição da textura: classificação do solo em relação a sua granu-


lometria

Figura 09 – Classificação da textura do solo

Fonte – modificado Prof. Alberto

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

• Índice de plasticidade: propriedade do solo para se deixar moldar quan-


do submetido a uma pressão permanecendo na nova forma ao ser ces-
sada a ação da força

Figura 10 – Classificação da textura do solo

Fonte – Apostila de cultivo de peixes cultivados em viveiros escavados

• Taxa de permeabilidade: capacidade do solo de deixar transpassar


água ou ar em uma maior ou menor intensidade

Classificação do solo de acordo com acidez

Tabela 02. Classificação do solo quanto a acidez


Característica pH
Extremamente acido < 4,5
Fortemente acido 4,5 – 5,0
Muito acido 5,1 – 5,5
Moderadamente acido 5,6 – 6,0
Pouco acido 6,1 – 6,5
Neutro 6,6 – 7,5

A acidez do solo pode originar:


• Substâncias toxicas a base de Fe, Al e Mn.
• Sequestro do fosforo
• Redução da dureza total e alcalinidade total
• Diminuição da nitrificação
• Aumento na quantidade de matéria orgânica não degradada
Teor de matéria orgânica na solo influência na produtividade.

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AQUICULTOR

Tabela 03. Classificação do solo quanto ao teor de matéria orgânica (MO)


Carbono Orgânico (%) Comentário
15 Solo orgânico
3,1 - 15 Solo mineral, com alta concentração de MO
1,0 - 3,0 Solo mineral, MO moderada (melhor para viveiro)
< 1,0 Solo mineral, baixa concentração de MO

6. SELEÇÃO DE ÁREA E CONSTRUÇÃO AQUÍCOLA

6.1 Seleção de área

Na avaliação para escolha de uma área para atividade aquícola, tem que le-
var em consideração diversos fatores. Existe aqueles de macro abrangência, como
aspectos políticos, sociais, econômicos, legais e os de micro abrangência, como
fatores físicos, hidrológicos e químicos.
Ações políticas são um pré-requisito importante para seleção de áreas, de-
vido a existência de incentivos ou dificuldades para implementação aquícola. Para
isso é necessária uma estabilidade política de modo assegurar que os acordos
serão mantidos.
Na visão econômica é importante avaliar o mercado consumidor:
a) Realizar um levantamento preliminar do mercado
• Locais de comercialização (mercado local, internacional)
• Preço e volume (sazonalidade)
• Requisitos de apresentação do produto (vivo, resfriado, congelado, inteiro,
esviscerado, filetado)
b) Caracterizar os canais de comercialização
• Consumidor direto
• Restaurante, supermercados, hotéis
• Distribuidores de pescado
• Exportadores

O mercado disponível pode definir o tamanho do empreendimento e o sis-


tema a ser adotado.

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A logística de produção é algo indispensável, tendo em vista que os custos


de produção estarão envolvidos. A ração corresponde por mais de 50% dos custos
as fazendas, com isso é fundamental que o local tenha disponibilidade acessível a
este insumo e com qualidade.
Outros insumos importantes são as sementes (pós-larvas e/ou alevinos),
mão-de-obra. Materiais de construções e locação de maquinário pesado para
construção. E não esquecer de verificar se na região tem a disponibilidade de
energia elétrica de boa qualidade, vias de acesso (estradas) para transporte de
insumos e escoamento da produção, plantas de beneficiamento e larvicultura,
serviços básicos como comunicação, transporte e acomodação.
No ponto de vista social tem-se de caracterizar mão-de-obra disponível. É
preferível regiões que possuam centros de treinamento. Feito a escolha definitiva
do local é importante estabelecer contato com a comunidade já nas fases inicias
de implementação do projeto para troca de informações, discussões e socialização.
Priorizar contratação de mão-de-obra local e não discriminar quanto a nível
de escolaridade do funcionário. A vantagem de poder absorver mão-de-obra pou-
co qualificada permite a abertura de oportunidade de trabalho
Do ponto de vista ambiental atentar a legislação no capítulo quatro.
Com relação os fatores de micro abrangência temos os físicos. O qual é pri-
mordial o estudo da climatologia da região, ou seja, pluviometria, evaporação,
pois o regime pluviométrico e taxas de evaporação na região determina as varia-
ções na salinidade da água e riscos de cheias ou secas.
Em caso de cultivos no mar é importante avaliar as ondas, a profundidade
do local, a velocidade dos ventos e das correntes pode demandar medidas adicio-
nais em ancoramento de infraestrutura.
Dos fatores hidrológicos é crucial o planejamento da atividade, devido a sa-
zonalidade dos períodos chuvoso e de seca, onde, no período de estiagem pode
ocorrer a redução da vazão nos locais de captação, assim inviabilizando o sistema
de produção.
Além da quantidade é importante avaliar os parâmetros de qualidade da
água para garantir a viabilidade do cultivo e sanidade dos peixes, por isso é es-
sencial que o empreendimento se localize longe de fontes poluentes como ma-
nanciais sujeitos a despejos de indústrias químicas, ou de resíduos agrotóxicos,
utilizados em plantações

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AQUICULTOR

Quando a localização do empreendimento é para fazendas de tanques-


-rede é importante avaliar as áreas de proteção de ventos e ondas, profundidade,
isto é, distância do fundo do tanque-de ao substrato de no mínimo de 4 – 5 me-
tros. O substrato deve apresentar-se firme e plano, para que não necessite de
grandes poitas (ancoramento). Em áreas de pedras, ancoramento com platafor-
mas no continente desse ser utilizado. As correntes d’água auxiliam na renovação
do oxigênio dissolvido dentro da estrutura de cultivo e remoção de metabólicos,
sendo assim é preferível uma velocidade de água menos que 60cm/s, contudo é
tolerável até 100cm/s.
Os indicadores químicos, atentar o capítulo anterior.

6.2 Noções de topografia

Este aspecto determina essencialmente a viabilidade econômica do inves-


timento no que se refere aos trabalhos de movimentação de terra. Evidentemen-
te, em terrenos de topografia praticamente plana (em torno até 2%, ou seja, um
desnível de 2m a cada 100m), tais trabalhos serão minimizados, ao passo que áre-
as acidentadas exigirão mais volume de terraplanagem onerando, consequente-
mente os custos do projeto final.
Existem, no entanto, terrenos ligeiramente acidentados (máximo de 5%)
que, por possuírem uma declividade mais ou menos constante, permite que al-
gum partido seja tomado de tais características, sugerindo a distribuição dos vi-
veiros em platôs, isto é, em níveis distintos, de modo a racionalizar e minimizar os
custos de construção.
Devem ser ainda observados quanto a este fator, à distância e a cota entre
o ponto de captação de água e o local dos viveiros, correlacionando-se essa cota
com o nível mais elevado da área dos tanques, de modo a propiciar o abasteci-
mento d’água pela ação da gravidade. É importante que na execução do levanta-
mento planialtimétrico sejam levadas em consideração não só a área de implan-
tação do projeto, mas também as margens do manancial hídrico a ser utilizado,
visando a melhor localização da tomada d’água (ou represa) que abastecerá os
viveiros. No estabelecimento do local propício para a construção de viveiro, ainda
antes deve-se estudar as particularidades relativas à tipologia do solo, devem a
princípio ser evitados locais onde o solo apresenta falhas, grandes formigueiros,
afloramento de rocha e raízes de árvores de grande porte.

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6.3 Construção de tanques

Na aquicultura são usadas diversas estruturas para a criação de organismos


aquáticos. A escolha de um destes estruturas está condicionada a diversos fatores,
tais como, espécie cultivada, fase de cultivo, tecnologia de cultivo, potencial hídri-
co, etc. Atualmente, as estruturas estáticas que mais se destacam são os tanques
de alvenaria e os viveiros de terra

6.3.1 Tanques em alvenaria

Tanques em alvenaria utilizados para a criação de organismos aquáticos


são geralmente construídos no local ou são fabricados previamente (pré-molda-
dos). No entanto, antes de compreender como se constrói um tanque em alvena-
ria é extremamente importante conhecer quais são os componentes da alvenaria
utilizados na engenharia aquícola.

6.3.2 Tanques pré-moldados

São estruturas pré-moldadas fabricadas de concreto armado, geralmente


de forma cilíndrica.

6.3.3 Viveiro

No dicionário, define-se viveiro como sendo o lugar onde se criam e se con-


servam animais vivos. Desta forma, tanques de qualquer natureza, seja de terra ou
de alvenaria, são viveiros, pois ambos são utilizados para a criação de organismos
aquáticos. Porém, na aquicultura, usualmente são chamados viveiros apenas os
construídos de terra, onde são destinados à criação, manutenção ou reprodução
de organismos aquáticos.
Os viveiros podem ser construídos sobre o solo natural, podem ser total-
mente escavados ou parcialmente escavados, também chamados semi-escava-
dos. Quanto a topografia, os viveiros podem ser de dois tipos, os de derivação e
em patamar.

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Em relação às formas, os viveiros podem ser quadrados, retangulares, cir-


culares, trapezoidais ou irregulares. Vários fatores podem influenciar na forma do
viveiro. As características do local de construção geralmente são fatores funda-
mentais. Quando a topografia e a forma do local permitem, o ideal é que os vivei-
ros sejam retangulares, pela facilidade de manejo e principalmente pela possibili-
dade de renovação mais efetiva de água.
Os viveiros são constituídos de várias estruturas (Dique, taludes de mon-
tante e de jusante, Comporta, Caixa de coleta, Abastecimento de viveiros, Canal
de abastecimento, Drenagem de viveiros. Estas estruturas podem ser internas, ou
seja, no interior dos viveiros ou externas. Nem todas as estruturas estão presente
em um viveiro. Para se saber que estruturas possuem ou não em um viveiro, é im-
portante ter o conhecimento de qual organismo será cultivado.
Viveiros de peixes e camarões possuem algumas particularidades impor-
tantes quanto a realização de um projeto. Um exemplo é a presença de caixa de
coleta. Viveiros utilizados para cultivo de peixes quase sempre possuem, ao passo
de que viveiros semi-escavados ou os construídos sobre o solo usados para culti-
vo de camarões não possuem. Nestes, a comportas de drenagem de água serve
também para a coleta dos camarões.

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7 PRINCIPAIS ESPÉCIES CULTIVADAS

Atualmente, cultivam-se as seguintes espécies nativas e exóticas tais como:

7.1 Nativas:
Pirarucu – Arapaima gigas
Hábito alimentar: Carnívoro; Limite de temperatura: 24 a 31°C;
pH ideal da água: 6 a 8; Oxigênio dissolvido mínimo: 1,5 mg/L.
Sistema de cultivo: Monocultivo
Densidade de estocagem: 100 a 300 m2 por pirarucu no primeiro ano de
cultivo

Figura 11 – Imagens do Pacu e Tambaqui

Fonte – FishBase

Pacu - Piaractus mesopotamicus e Tambaqui Colossoma macropomum


Hábito alimentar: Onívoro; Limite de temperatura: 20 a 30°C;
pH ideal da água: 6 a 8; Oxigênio dissolvido mínimo: 1,5 mg/L.
Sistema de cultivo: Monocultivo e policultivo.
Densidade de estocagem: 1 a 1,5 peixes/ m³

Figura 11 – Imagens do Pacu e Tambaqui

Fonte – FishBase

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Piau (Leporinus sp)


Hábito alimentar: Onívoro; Limite de temperatura: 18 a 30°C.
pH ideal da água: 6 a 8; Oxigênio dissolvido mínimo: 2 mg/L.
Sistema de cultivo: Monocultivo e policultivo.
Densidade de estocagem: 1 peixe/ m³

Figura 11 – Imagens do Piau

Fonte – FishBase

Curimatã (Prochilodus nigricans)


Hábito alimentar: Iliófaga; Limite de temperatura: 20 a 30°C.
pH ideal da água: 6 a 8; Oxigênio dissolvido mínimo: 1,0 mg/L.
Sistema de cultivo: Policultivo.
Densidade de estocagem: 1 peixe/ m³

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Figura 11 – Imagens do Curimatã

Fonte – FishBase

Matrinchã (Brycon amazonicus)


Hábito alimentar: Onívoro; Limite de temperatura: 18 a 30°C.
pH ideal da água: 6 a 8; Oxigênio dissolvido mínimo: 2 mg/L.
Sistema de cultivo: Monocultivo e policultivo.
Densidade de estocagem: 0,8 a 1 peixe/ m³

Figura 11 – Imagens do Matrinchã

Fonte – FishBase

Pintado (Pseudoplatystoma coruscans)


Hábito alimentar: Carnívoro; Limite de temperatura: > 22°C.
pH ideal da água: 6 a 8; Oxigênio dissolvido mínimo: > 3,5 mg/L.
Sistema de cultivo: Monocultivo.
Densidade de estocagem: 1 peixe/ m³

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Figura 11 – Pintado

Fonte – FishBase

7.2Exóticas:

Carpa cabeça grande (Aristichthys nobilis)


Origem: China;Hábito alimentar: Zooplanctófaga;
Limite de temperatura: 16 a 30°C; pH ideal da água: 6 a 8.
Oxigênio dissolvido mínimo: > 4,0 mg/L; Sistema de cultivo: Policultivo.
Densidade de estocagem: 0,8 a 1 peixe/ m³ (tanque convencional).

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Figura 11 –Carpa cabeça grande

Fonte – FishBase

Carpa capim (Ctenopharyngodon idella)


Origem: China e sudeste da Ásia; Hábito alimentar: Herbívora.
Limite de temperatura: 16 a 30°C; pH ideal da água: 6 a 8.
Oxigênio dissolvido mínimo: > 4,0 mg/L; Sistema de cultivo: Policultivo.
Densidade de estocagem: 0,8 a 1 peixe/ m³ (tanque convencional).

Figura 11 –Carpa capim

Fonte – FishBase

Carpa prateada (Hypophthalmichthys molitrix)


Origem: China; Hábito alimentar: Fitoplanctófaga;
Limite de temperatura: 16 a 30°C; pH ideal da água: 6 a 8.
Oxigênio dissolvido mínimo: > 4,0 mg/L Sistema de cultivo: Policultivo.
Densidade de estocagem: 0,8 a 1 peixe/ m³ (tanque convencional).

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Figura 11 –Carpa prateada

Fonte – FishBase

Tilápia (Oreochromis niloticus)


Origem: África, Bacia do Nilo; Hábito alimentar: Onívoro.
Limite de temperatura: 26 a 28°C; pH ideal da água: 6 a 8.
Oxigênio dissolvido mínimo: > 4,0 mg/L; Sistema de cultivo: Monocultivo
e policultivo.
Densidade de estocagem: 2 peixes/ m³ (semi-intensivo); 3 peixes/m³ (in-
tensivo); 150 peixes/m³ (tanque-rede).

Figura 11 – Tilapia

Fonte – FishBase

Camarão branco (Litopenaeus vannamei)


Origem: Leste do oceano pacífico; Hábito alimentar: Onívoro.
Limite de temperatura: 26 a 31°C; pH ideal da água: 6,5 a 9.
Oxigênio dissolvido mínimo: > 4,0 mg/L; Sistema de cultivo: Monocultivo e
policultivo.
Densidade de estocagem: 30 cam/ m2 (semi-intensivo); 100 cam/m2 (inten-
sivo);

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Figura 11 – Camarão

Fonte – Google Imagens

8. ALIMENTO E ALIMENTAÇÃO

O conhecimento do hábito alimentar dos organismos aquáticos, é essen-


cial para o desenvolvimento de rações e manejo da alimentação.

Carnívoros: São organismos que se alimentam de proteína animal.


Tucunarés, pirarucu e surubim são exemplos.
Herbívoros: Apresentam preferência por alimentos de origem vegetal, ricos
em fibras e geralmente baixa energia. A carpa capim e piapara.
Onívoros: São organismos que se alimentam de proteína animal e vegetal. A
maioria das espécies utilizadas na aquicultura possuem esse habito alimen-
tar. Tilapia, Pau, Tambaqui.
Planctófagos: Se alimentam do plâncton. Em quase todas as espécies culti-
vadas passam por uma fase planctófoga nos estágios iniciais do ciclo de vida.
Bentófagos/iliófagos/detritívoros: São organismos que se alimentam
de seres bentônicos e detritos orgânicos. A carpa comum e cascudos se
enquadram neste hábito

As rações comerciais devem conter os teores energéticos, vitamínicos, pro-


teicos e de minerais balanceados, independentemente dos alimentos naturais.
O tamanho da boca do animal vai informar qual a granulometria (tamanho
dos grânulos) apropriado para cada fase de sua vida. De maneira geral existem,
basicamente, os seguintes tipos de rações comerciais:

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• Para pós-larvas: ração em pó com teores de proteína bruta acima de 45%,)


• Para alevinos menores: ração extrusada farelada com teor de proteína
bruta entre 36% e 40%
• Para alevinos maiores e adultos: ração extrusada, com teor variando de
32% a 36% de proteína bruta
• Para peixes adultos em fase de terminação (engorda): ração extrusada
com valores de 28% a 32% de proteína bruta

A quantidade de alimento fornecido aos animais é determinada de acordo


com a variação do peso e o número de indivíduos no viveiro. Animais mais jovens
apresentam metabolismo acelerado e requerem mais energia e proteína, do os
adultos.
O manejo alimentar é importante para melhorar a conversão alimentar, isto
é, a quantidade de ração oferecida que é transformada em peso. A conservação da
ração vai depender de alguns aspectos:

• Data de fabricação e
• Estocar em local limpo, ventilado, livre de umidade e ao abrigo da luz
• Evitar o contato direto com o chão e paredes
• Deixar espaço de 20 centímetros entre as pilhas para permitir ventilação
• Manter o local livre de roedores e insetos

9. ENFERMIDADES E BIOSSEGURANÇA

9.1 Doenças em peixes

Principais doenças causadas em peixes são por parasitas, bactérias e fun-


gos.
Os parasitas, ectoparasitas, que ocorrem em sua superfície externa, ou por
endoparasitas, que ocorrem em seus órgãos internos, deixam os peixes suscetí-
veis a infecções secundárias.

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Os sinais clínicos das enfermidades são similares. No geral peixes doentes


diminuem a ingestão de alimento, apresentam natação errática, hipersecreção de
muco, dentre outros

9.1.1. Doenças causadas por protozoários

9.1.1.1 Icthyophthirius multifilis


Este protozoário infecta as brânquias, também entre as camadas da pele,
formando pontos brancos causando, popularmente conhecida como “ictio”.

9.1.1.1 Tricodina
Atacam toda superfície do corpo, brânquias, fossas nasais e córneas dos
peixes. Em condição de excesso de matéria orgânica, associado à superpopulação
de peixes geralmente ocorre as infestações.

9.1.1.1 Quilodonelose
Causa descamação e feridas. Pode comprometer a respiração através de
lesões graves nas brânquias.

9.1.1.1 Parasitas monogenéticos


As doenças provocadas pelos parasitas monogenéticos estão entre as mais
importantes para a piscicultura, resultando em elevadas taxas de mortalidade.

9.1.1.1 Lerneose
Sua ocorrência é mais comum em ambientes quentes e de água parada. O
parasita mede cerca de um centímetro e pode ser diagnosticado a olho nu ou com
auxílio de uma lupa de mão.

9.1.1.1 Branquiúrus
Várias espécies do grupo dos branquiúrus parasitam peixes, sendo popu-
larmente conhecidos como “piolhos de peixes”.

9.1.2 Bactérias em peixes

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Bactérias são microrganismos que encontram-se vivendo em equilíbrio


com os animais, todavia qualquer desequilíbrio, provoca estresse nos peixes, afe-
tando o sistema imunológico e tornando-os muito susceptíveis às enfermidades
bacterianas.
A bactéria Flavobacterium columnare atua em elevadas temperaturas e
grande concentração de minerais em suspensão na coluna d’água (silte e argila)
devido a enxurradas em período chuvoso, provoca a doença da “coluna”.
As bactérias Aeromonas causadoras da Septicemia são abundantes em
águas contendo muita matéria orgânica e baixas concentrações de oxigênio dis-
solvido. São responsáveis por elevadas taxas de mortalidade.
A Estreptococose, ou seja, a infecção por Streptococcus é considerada a do-
ença de maior impacto econômico na tilapicultura mundial. No Brasil, a doença
apresenta distribuição em todos os polos de produção, principalmente durante os
meses mais quentes do ano. Atualmente ocorre o processo de vacinação contra
a Estreptococose quando a tilápia encontra-se em estágio de alevinão, em torno
de 30g.

9.1.3 Fungos em peixes

9.1.3.1 Saprolegniose
A Saprolegniose é a micose mais comum em peixes de água doce. Apesar
de seu crescimento ocorrer com frequência em temperaturas mais amenas, entre
18ºC e 26ºC, pode manifestar-se em qualquer temperatura. A infestação por esse
fungo está relacionada à manejos inadequados.

9.2 Doenças em camarões

As enfermidades são causadas por patógenos transmissíveis (vírus, fungos,


bactérias e protozoários), enquanto que as não infecciosas são resultantes e agen-
tes abióticos (efeitos nutricionais, genéticos, ambientais e físicos).
Um desequilíbrio no ambiente de cultivo, deixam os camarões em uma
condição de estresse, alterando o estado imunológico. Nestas circunstâncias, a
população cultivada pode sofrer um ataque de patógenos.

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Fatores ambientais podem desencadear um processo infeccioso nos cama-


rões marinhos, tais como:
• Temperatura e pH extremos
• Baixas concentrações de oxigênio dissolvido
• Mudanças bruscas de salinidade
• Presença de substâncias tóxicas no cultivo.

Águas contaminadas, pós-larvas infectadas e bloons de dinoflagelados e/


ou cianofíceas, perturbam a saúde dos camarões.
As enfermidades na carcinicultura são classificadas em três níveis, baseado
no perigo para a indústria de beneficiamento e produção:

• C – 3: patógenos que causam um impacto mínimo na produção, poden-


do gerar deformidades e alterações na aparência física dos indivíduos.
• C – 2: patógenos que causam ameaça na produção, podendo afetar a
produtividade dos cultivos, o crescimento e a sobrevivência da popu-
lação.
• C – 1: patógenos que causam mortalidade em massa no cultivo, repre-
sentando uma ameaça a sobrevivência da indústria em uma determina-
da região.

A maioria das doenças virais dos camarões marinhos estão no nível C - 1.

9.2.1 IHHNV (Infecção Viral na Hipoderme e Necrose do tecido Hematopoié-


tico):

A infecção viral por IHHNV possui principais sinais clínicos, deformidades


no rostro, flagelo antenal enrugado, deformidades cuticulares e taxa de cresci-
mento reduzida no L. vannamei.

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9.2.2 TSV (Síndrome do Vírus Taura):

Este vírus apresenta na fase aguda mortalidades entre 15 e 45 dias após a


estocagem das pós-larvas no viveiro. A taxa diária de mortalidade pode alcançar
25%.

9.2.3 WSSV (Síndrome do Vírus da Mancha Branca):

O diagnóstico do vírus da Mancha Branca baseia-se na presença de man-


chas brancas cuticulares sobre o exoesqueleto. No entanto a espécie L. vannamei,
as manchas brancas podem não ocorrer ou não serem facilmente vistas a olho nu.
Os principais sintomas da infecção são:

• Camarões letárgicos, exibindo um nado lento na superfície.


• Baixo consumo alimentar
• Corpo com uma coloração rosada e pardo-avermelhada
• Cauda vermelha associada à expansão de cromatóforos (idêntico ao
Taura)
• Mortalidade de até 100% nos primeiros 3 a 10 dias, após a aparição dos
sinais clínicos.
• Manchas brancas de 0,5 a 2,0 mm de diâmetro na superfície da carapa-
ça, resultante de um depósito de sais de cálcio.

9.2.4 NHP (Hepatopancreatite Necrosante):

O NHP é causado por bactérias gram-negativas do grupo Ricktesia, que ata-


cam o hepatoprancreas inicialmente os afetados pelo NHP podem apresentar um
quadro clinico sem sintomas evidentes assintomático em seguida os camarões
cessam a alimentação e o crescimento, exibindo um exoesqueleto amolecido.

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10. ALIMENTO VIVO

A origem do nome plâncton vem do grego plankton que significa errante,


que vaga, flutua. A planctologia é o estudo dos organismos que nascem, vivem,
alimentam-se e reproduzem-se na água livre, sem necessidade de frequentar por
períodos prolongados o fundo da água, suas margens ou a vegetação, e cuja lo-
comoção não lhes permite independência dos movimentos da água. Atualmente
já existem muitas informações a respeito de organismos planctônicos ao redor do
mundo todo e estes estudos possibilitaram fazer a classificação do plâncton. O
plâncton é composto por organismos vegetais (fitoplâncton) e animais (zooplânc-
ton) e pelo bacterioplâncton.
Conceituar Plactologia é uma etapa importante na formação dos envolvi-
dos com o setor da Pesca e Aquicultura, e por se tratar de um conteúdo amplo, os
temas serão abordados de forma que os alunos compreendam principalmente a
importância do alimento vivo para os organismos aquáticos. Por isso a metodo-
logia de ensino é fundamental para que os alunos do curso tenham um melhor
entendimento em relação ao estudo do plâncton tanto sob o aspecto quantitativo
como qualitativo. As características dos ambientes aquáticos e das diferentes es-
pécies de Fitoplâncton e Zooplâncton, bem como, sua importância na constituição
da cadeia trófica dos organismos aquáticos de interesse econômico também serão
discutidas, assim como as técnicas de produção e cultivo do plâncton em geral.

10.2 Importância do plâncton na aquicultura

As zonas de maior riqueza pesqueira do mundo são aquelas onde o plânc-


ton é abundante, porque é parte essencial da dieta de pelo menos uma fase de
vida de muitos peixes. A considerável ascensão da atividade aquícola no Brasil e
no mundo faz-se necessário cada vez mais obter larvas e/ou alevinos de qualida-
de para o sucesso das fases posteriores de cultivo. Este êxito está diretamente re-
lacionado ao fornecimento de uma alimentação de qualidade e em quantidades
suficientes às necessidades específicas de cada espécie.
Em termos de importância, o plâncton constitui uma unidade básica de
produção da matéria orgânica nos ecossistemas aquáticos. Na presença de nu-
trientes adequados e suficientes, os componentes vegetais do plâncton são ca-
pazes de acumular energia solar em forma de compostos químicos energéticos a
partir da fotossíntese.

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AQUICULTOR

A composição do plâncton em lagos e em outros corpos de água (rios de


longo curso, lagoas, poças, etc.) varia em qualidade não somente de uma água
para outra, mas também dentro de um mesmo corpo de água, durante as esta-
ções do ano, e, frequentemente, de ano para ano. Essas variações são ininterrup-
tas, principalmente as quantitativas. Oscilações diurnas ocorrem e migrações do
plâncton em sentido vertical são comuns em todos os lagos. Sobre a existência de
migrações horizontais as opiniões divergem e, contrariamente a que se julga, não
parece haver muita evidência para tais migrações.
Os fatores que causam as migrações do plâncton podem ser mecânicos e
biológicos. Entre os fatores mecânicos está o peso específico do plâncton em rela-
ção ao da água, a luz e a temperatura. Talvez o fator mecânico mais importante é
a produção de correntes de convecção causadas por diferenças de densidade, em
consequência de diferenças de temperatura. A penetração da luz na água depen-
de de vários fatores, como a profundidade, quantidade e qualidade das partículas
em suspensão, teor de matéria orgânica, minerais, etc. As melhores condições lu-
minosas são sempre encontradas na camada superficial da água.
A composição química da água também é de grande importância na dis-
tribuição vertical do plâncton, principalmente o teor de oxigênio dissolvido que
é decisivo em muitos casos. Onde não há oxigênio, todo plâncton desaparece. De
acordo com algumas observações, abaixo de 10 m de profundidade não existe
mais oxigênio e o plâncton fica limitado às camadas acima dessa profundidade.
A alimentação interfere em alguns fatores biológicos, importantes na distribuição
vertical de plâncton. A influência da alimentação, ou herbivoria, sobre a distribui-
ção do plâncton é pouco definida.
A escolha de alimento vivo para alimentar os primeiros estágios larvais, em
detrimento de dietas formuladas, está relacionada com o fato de as últimas ten-
derem a agregar, ao contrário do alimento vivo que está sempre disponível na
coluna de água. Além disso, as larvas de peixe são consideradas predadores vi-
suais, e estão adaptadas para atacarem presas em movimento como acontece na
natureza. Assim, a escolha de alimento vivo é importante para as larvas de peixe.
Nos ecossistemas aquáticos naturais a perpetuação das espécies depen-
de do equilíbrio estabelecido entre os diferentes níveis da cadeia trófica. Assim,
o desenvolvimento e sobrevivência de larvas e juvenis dependem da presença
de organismos microscópicos que constituem o fitoplâncton e o zooplâncton. Na
aquicultura, os maiores problemas para o cultivo de animais marinhos a nível co-
mercial são a adequada disponibilidade e qualidade do alimento, bem como os
custos de produção deste alimento.

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10.2 Métodos de coleta para captura de plânctons.

Qualquer tipo de estudo biológico inicia-se pela coleta de organismos e


observação em campo, e a metodologia depende do objetivo das pesquisas. Os
objetivos podem ser vários, tais como classificação sistemática, distribuição es-
pacial e sazonal, relação biota/biótopo, produtividade primária e total, migração,
hábito alimentar, reprodução, constituição populacional e outros.
Tradicionalmente, as amostras de plâncton são coletadas através de redes.
Existem vários tipos de redes que variam conforme os objetivos do estudo:
• HENSEN net: para análise quantitativa do fitoplâncton;
• NANSEN net: para análise quantitativa do zooplâncton;
• INTERNATIONAL STANDARD net: para análise quali-quantitativa do zoo e
fitoplâncton;
• KITAHARA net: para análise quantitativa do fitoplâncton.

Fonte:http://meioambiente.culturamix.com/natureza/zooplancton-caracteristicas-gerais

Para os estudos quantitativos também podem ser empregadas as redes do


tipo “closing net”, cuja boca pode ser fechada de acordo com a necessidade, ou
ainda o tipo “flow meter”, que mede o volume filtrado. De acordo com os tama-
nhos de plâncton, são utilizadas diferentes malhas das:
• nº 20 – 25 (76-64N): microplâncton;
• nº 3 – 5 (333-282N): macroplâncton;
• nº 1 – 000 (417-102N): captura de larvas;
• PVC (sampler): é utilizado para nannoplâncton ou na coleta de plâncton
total para a avaliação da produtividade primária.

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Avanços na eficiência das coletas surgiram com o desenvolvimento dos sis-


temas de redes múltiplas, BIONESS no Canadá e MOCNESS nos Estados Unidos. As
redes destes equipamentos abrem e fecham ao longo da coluna d’água, confor-
me desejado. Assim é possível realizar amostragens em diferentes profundidades
e correlacioná-las com os organismos encontrados.
Outros aparatos utilizados para a coleta do plâncton são as garrafas e as
bombas. Entre as garrafas, a mais conhecida é a de Van Dorn, um recipiente ge-
ralmente cilíndrico que se introduz em posição vertical ou horizontal até a pro-
fundidade onde se deseja retirar a amostra. As bombas utilizadas para a coleta do
plâncton podem ser acionadas de forma mecânica ou elétrica.
Qualquer que seja o método de amostragem utilizado é necessário estimar
seu erro para tratar de minimizá-lo, sem que ele implique um investimento exa-
gerado de tempo e trabalho na análise da amostra. No entanto, nas amostras de
plâncton geralmente nunca são observadas distribuições comparáveis com uma
distribuição normal ou ao acaso.
Em meados de 1960, surgiu a primeira geração dos contadores eletrônicos
de plâncton, baseada nas propriedades de condutividade elétrica das células. E
no final da década de 80, surgiu a segunda geração de contadores eletrônicos
de plâncton. Usando luz para contar os organismos marinhos, o novo dispositivo
conhecido por OPC (Optical Plankton Counter) realizava medidas instantâneas de
abundância do zooplâncton ao longo do tempo e profundidade, nas quais as co-
letas eram realizadas.
Atualmente, no competitivo mundo das pescarias, a pesca vem se tornan-
do cada vez mais uma ciência, onde equipamentos sofisticados têm um papel
crucial. Os pescadores de hoje utilizam ecossondas, radares e GPS para baratear
seus custos e otimizar as capturas e estes equipamentos também são utilizados
no estudo do plâncton.
Recentemente, para a análise do plâncton tem-se utilizado as fotografias
tiradas pelo satélite LAND-SAT na detecção da área e direção do deslocamento de
marés vermelhas ou áreas de poluição, por exemplo. No entanto, as informações
do LAND-SAT são limitadas extremamente à superfície da água.
Em estudos, após as coletas de plâncton, é necessário a utilização de algu-
ma técnica de preservação e conservação. Para o Fitoplâncton pode-se utilizar so-
lução de Lugol ou solução de Transeau e para o Zooplâncton pode-se utilizar For-
malina, Formalina neutralizada com bórax, Formalina neutralizada com hexamina.

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10.3 Avaliação da biomassa planctônica

A avaliação da biomassa coletada, ou análise quantitativa do plâncton tem


sido uma das principais dificuldades no estudo desta comunidade. Os mais em-
pregados são a contagem de organismos, filtração, contagem eletrônica, fluores-
cência, Câmara de Sedgwick-Rafter, sedimentação em câmaras, volume de orga-
nismos (bio-volume), composição química, peso seco e teor de matéria orgânica,
pigmentos e adenosina trifosfato (ATP).
Dentre essas técnicas para o estudo, a mais comum para o fitoplâncton é
com a utilização de microscópio e para o zooplâncton verdadeiro a observação é
realizada com lupa. Para os dois tipos de aparelhos, a iluminação artificial deve ser
feita com lâmpadas que emitem luz natural e com um filtro azul.

10.4 Fitoplâncton

As microalgas que constituem o fitoplâncton fazem parte da base da cadeia


trófica em ambientes aquáticos e, através do processo de fotossíntese, constituem
a principal fonte de oxigênio dissolvido na água. Além de sua importância ecoló-
gica no ecossistema aquático, o fitoplâncton é também uma excelente fonte de
biomoléculas e sua utilização pode variar de acordo com a finalidade, tais como o
uso na dieta de organismos aquáticos cultivados, tratamento de efluentes indus-
triais e domésticos, produção de fármacos, cosméticos e até mesmo biocombus-
tíveis.
Na presença de nutrientes adequados e suficientes (principalmente nitro-
gênio e fósforo) o fitoplâncton é capaz de acumular a radiação solar por meio da
fotossíntese, pela qual sintetiza a matéria orgânica. Com excesso de nutrientes, o
fitoplâncton se desenvolve rapidamente, até atingir uma biomassa crítica, entran-
do em senescência e morte parcial ou total (morte súbita ou die-offs).
O fitoplâncton é o grupo de algas mais estudado e amplamente distribu-
ído. Os organismos fitoplanctônicos são encontrados em praticamente todas as
coleções de água, onde vivem flutuando livremente. No entanto, ocorrem em
maior diversidade no ambiente lacustre do que no meio marinho. As algas fito-
planctônicas são na maioria unicelulares, no entanto também são encontradas
muitas formas coloniais e filamentosas, especialmente em água doce.

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Em águas interiores podem ser encontrados representantes de praticamen-


te todos os grupos de algas. Os principais grupos com representantes no plâncton
de água doce são: Cyanophyta, Chlorophyta, Euglenophyta, Chrysophyta e Pyr-
rophyta. A predominância de um ou outro grupo em determinado ecossistema é
função, principalmente, das características predominantes do meio.
As adaptações do fitoplâncton à flutuação possibilitaram a estes organis-
mos superar as desvantagens de sua alta densidade, como por exemplo, a bai-
nha mucilaginosa, densidade, formação de gotículas de óleo, aumento da super-
fície de contato, formação de vacúolos gasosos e regulação iônica. A tendência a
afundar e as adaptações para flutuar fazem que haja um deslocamento na coluna
d’água o que melhora a captação de nutrientes, evita a ação de predadores e a
ação nociva da elevada radiação solar na superfície da água.
A taxa de renovação da água é especialmente importante naqueles am-
bientes com entrada e saída de grandes volumes de água. Neste caso, a parte
superior do reservatório é fortemente afetada, apresentando, em consequência,
baixa densidade fitoplanctônica. Em represas, a alta taxa de renovação da água é
um dos principais fatores determinantes da distribuição vertical do fitoplâncton.
O fitoplâncton também recicla o CO2 e a amônia, porém o excesso de fito-
plâncton pode ainda, levar a um aumento na ocorrência de níveis críticos de oxi-
gênio dissolvido no período noturno e causar mortandade de organismos. Outra
complicação está na decomposição do fitoplâncton, que pode levar a uma gran-
de variação nos parâmetros físico-químicos e consequentemente, a uma queda
acentuada da qualidade da água. Quanto maior a disponibilidade de nutrientes
na água (eutrofização) maior será a densidade do plâncton, a produção de O2 e
supersaturação na camada com luminosidade, o consumo de O2 à noite, a mag-
nitude de variação da concentração de O2 entre o dia e a noite, a estabilidade da
estratificação química, a instabilidade ambiental, o risco de ocorrência da Síndro-
me do Baixo Oxigênio Dissolvido baixa concentração de oxigênio dissolvido (OD),
alto dióxido de carbono livre (CO2), baixo pH e alto nitrito (NO2). Classificação dos
ecossistemas lacustres tropicais, considerando a produtividade do fitoplâncton
• Euprodutivos – > 500 g C/m2/ano
• Mesoprodutivos – 200 a 500 g C/m2/ano
• Oligoprodutivos – < 200 g C/m2/ano

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As microalgas são componentes essenciais na dieta de moluscos bivalves


marinhos como ostras, vieiras e mexilhões, sendo mundialmente empregadas na
alimentação de muitas espécies de camarões marinhos e de algumas espécies
de peixes como tilápia, carpa prateada e “milkfish”. Além de serem empregadas
diretamente (vivas, concentradas, criopreservadas, desidratadas ou liofilizadas).
As microalgas também podem ser utilizadas de forma indireta, servindo de ali-
mento a fitoplanctofágos (artemia, rotíferos, copépodes, cladóceros etc.), os quais
são comumente utilizados como alimento em larviculturas de moluscos, peixes e
crustáceos.
Apesar da existência do alimento artificial (rações) para proporcionar os
nutrientes necessários às larvas, principalmente os ácidos graxos polinsaturados
(“HUFA”), a utilização de microalgas vivas continua sendo a base alimentar das lar-
viculturas comerciais. Pois a utilização exclusiva de alimento artificial, em larvicul-
turas comerciais, pode não suprir satisfatoriamente os requerimentos nutricionais
da espécie cultivada ou não ser nem mesmo aceito por algumas espécies.

10.4.1 Métodos de cultivo de fitoplâncton

Para um crescimento ótimo as microalgas têm necessidade de uma série


de nutrientes, sendo que a quantidade requerida depende do microrganismo em
estudo. Quanto aos macronutrientes, requerem carbono, nitrogênio, oxigênio,
hidrogênio e fósforo, além de cálcio, magnésio, enxofre e potássio. Como micro-
nutrientes, geralmente requerem ferro, manganês, cobre, molibdênio e cobalto,
enquanto algumas microalgas também necessitam baixas concentrações de vita-
minas no meio de cultura.
No Brasil, a produção da microalga em nível experimental tem se torna-
do freqüente devido à necessidade de pesquisas visando o desenvolvimento e o
aperfeiçoamento dos sistemas de produção. Ainda que exista uma grande quan-
tidade de espécies que podem ser utilizadas como alimento para as pós-larvas,
são poucas aquelas que se tem conseguido cultivar de maneira satisfatória, a fim
de serem utilizadas na produção comercial de pós-larvas de camarões marinhos.
A escolha de determinada espécie algal está baseada principalmente no valor nu-
tricional da microalga, nas facilidades que permitam seu cultivo em grande escala,
bem como o tempo de cultivo necessário até que esta seja atingida, além disso,
também são importantes os custos de produção, a manutenção de uma produção
estável e de elevada qualidade.

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De uma maneira geral, os laboratórios de produção de fitoplâncton bus-


cam alcançar a maior densidade celular no menor tempo possível e com baixos
custos de produção. Atualmente, alguns laboratórios comerciais têm se preocu-
pado com a composição bioquímica e conseqüentemente o valor nutricional da
microalga para a espécie de animal cultivado.
Nas larviculturas normalmente são utilizadas misturas de microalgas, já
que existe uma grande variação no conteúdo nutricional das células. A composi-
ção bioquímica das microalgas também varia de acordo com a fase de crescimen-
to, sendo mais completa na fase exponencial por ter maior quantidade de ácidos
graxos necessários para as pós-larvas de muitos organismos marinhos.
Sistemas e métodos de produção podem ser extensivo, semi-intensivo e
intensivo. E os métodos ou tipos de cultivo são o cultivo tipo “batch” ou estacioná-
rio, semi-contínuo e o cultivo contínuo. Os meios de cultivo são empregados para
promover o crescimento e a reprodução das microalgas de maneira intensiva. Tais
meios podem ser classificados em indefinidos, semi-definidos e definidos. As cul-
turas podem ser classificadas em cultura axênica, cultura xênica, cultura mista e
cultura polialgal.
Para a avaliação do crescimento e determinação da densidade celular di-
versos métodos podem ser empregados para a determinação do crescimento ce-
lular nas culturas. Os mais conhecidos são a contagem direta ao microscópio, o
emprego de contadores de partículas e a determinação de constituintes celulares
como proteínas, carboidratos e pigmentos, por meio de espectrofotometria. Devi-
do à simplicidade e ao custo reduzido, o primeiro método é o mais utilizado, uma
vez que além da determinação precisa da densidade celular, permite ainda uma
inspeção visual do estado das células e de uma possível contaminação da cultura.
A Curva de crescimento expressa o incremento da biomassa ou do número de
organismos (densidade celular) no decorrer do tempo. Num cultivo do tipo es-
tacionário o crescimento apresenta 5 fases ou etapas distintas a Fase de indução
ou Fase Lag, Fase exponencial ou Fase Log, Fase de diminuição do crescimento
relativo, Fase estacionária e Fase de morte da cultura.
Para a estrutura de um laboratório e produção, é importante a existência
de um cepário, um setor de produção intermediário e o local para produção em
grande escala pode ser realizada ao ar livre, em salas cobertas por um teto trans-
parente, ou ainda em ambiente fechados com iluminação artificial e temperatura
controlada.

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Fonte:http://paginasustentavel.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2275:e
mbrapa-modifica-microalgas-para-produzir-enzimas-e-impulsionar-a-fabricacao-de-etanol-2g-no-
-brasil&catid=1:energia&Itemid=9

10.5 Zooplâncton

Zooplâncton é um termo genérico para um grupo de animais de diferentes


categorias taxonômicas, tendo como característica comum a coluna d’água como
seu hábitat principal.
A comunidade zooplanctônica tem sido reportada como organismos im-
portantes para a dinâmica e estruturação dos ambientes aquáticos. Estes grupos
constituem a principal fonte de alimentos para diferentes peixes. Servem de elo
entre produtores e consumidores de nível superior na cadeia trófica, também
exercem papel fundamental na reciclagem de nutrientes e decomposição da ma-
téria orgânica. Além disso, os organismos zooplactônicos desempenham um im-
portante papel na ecologia dos ambientes aquáticos enquanto componente da
manutenção da qualidade da água, através da filtragem do fitoplâncton

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No zooplâncton os Protozzoa, Rotifera e Crustacea (Cladocera, Copepoda,


Ostracoda) consituem a massa principal. Além destes representantes do plâncton
verdadeiro, existem organismos que passam apenas parte de sua existência flu-
tuando na água e outros que são essencialmente sésseis ou habitam a vegetação
aquática. Assim, larvas e ninfas de certos insetos aquáticos (Ephemeroptera, Chi-
ronomidae, Odonata) podem ser encontradas entre os organismos planctônicos,
o mesmo acontece com a fase larval de muitos peixes (ictioplâncton) e larvas de
certos moluscos.
Os ciliados que são protozoários planctônicos alimentam-se principalmen-
te com bactérias e, por sua vez, servem de alimentação a micro-crustáceos. Na
piscicultura moderna, esse conhecimento é aplicado na criação de Daphnia, um
micro- crustáceo particularmente valioso na criação de alevinos de muitos peixes.
O náuplio de Artemia é o alimento básico utilizado no cultivo de larvas de
peixes e crustáceos. Este fato é devido ao seu alto valor nutricional e boa aceitação
por parte das pós-larvas cultivadas. Podem ser comercializadas sob a forma de
cistos, biomassa congelada e/ou liofilizada.
Os principais representantes da comunidade zooplânctonica de água doce
são:

• Protozoários (flagelados, sarcodinas e ciliados);


• Metazoários:
- Rotíferos (asquelmintos);
- Cladóceros (crustáceos);
- Copépodes (crustáceos);
- Larvas e ovos de peixes e moluscos;
- Larvas de insetos (dípteros);
- Alguns vermes (turbelários e trematódeos);
- Cnidários (medusa).

Nos ecossistemas aquáticos continentais, o zooplâncton está representado


principalmente pelos:

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• Copépodos;
• Cladóceros;
• Ostracodas;
• Rotíferos;
• Protozoários (radiolários, foraminíferos e tintinídios);
• Quetognatos;
• Larvas e ovos de peixes e moluscos;
• Cnidários (Hidromedusas).

10.5.1 Métodos de cultivo de zooplâncton

Em geral, os métodos cultivo de zooplâncton são os de retirada parcial, de


retirada total, de criação contínua e de eutrofização artificial. Deve-se observar a
qualidade da água para o cultivo de zooplâncton, os valores de salinidade, tempe-
ratura, pH, razão NH3/NH4 e oxigênio dissolvido.
O método mais empregado até o momento para a produção em grandes
quantidades é o sistema de retirada parcial em tanques, porque costuma propor-
cionar maior facilidade de manutenção e manejo, além de ser o mais tradicional.
E para a utilização de naúplios de artêmia, na grande maioria das empresas,
não tem sido realizado o cultivo, apenas a eclosão dos cistos. A descapsulação de
cistos abrange três passos principais: hidratação, oxidação do córion e lavagem.
Empresas e instituições ligadas ao setor, interessadas em aumentar suas produti-
vidades, investiram em pesquisas no cultivo intensivo e semi-intensivo deste mi-
crocrustáceo.

11. CULTIVO DE PEIXE EM VIVEIROS

11.1 Preparação do viveiro

A preparação do viveiro visa disponibilizar alimento natural, ou seja, o


plâncton (fitoplâncton + zooplâncton) em quantidade e qualidade necessárias,
além de contribuir com a manutenção da qualidade da água.

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O preparo do viveiro envolve sua limpeza, calagem, adubação e enchimento.


Antes do enchimento é importante efetuar uma limpeza prévia, retirar o
excesso de vegetação e matéria orgânica. Entre os ciclos de produção, deve-se es-
vaziar totalmente o viveiro e aplicar cal virgem em toda a sua extensão, principal-
mente dentro das poças de água. É importante que o viveiro possa permanecer
vazio por no mínimo cinco dias, para total secagem pelo sol, quando for possível.
A calagem é uma técnica, na qual funciona como desinfecção e também
para melhorar a qualidade química, física e biológica da água e do solo do viveiro.
Aplicação de um composto a base de cálcio e magnésio. O aumento dos
teores de cálcio e magnésio elevam a dureza e consequentemente à alcalinidade
devido esses compostos estarem ligados aos carbonatos e bicarbonatos.
Uma análise do solo do fundo do viveiro pode expressar a necessidade ou
não da calagem. É retirada uma camada de 15 centímetros de espessura de vários
pontos do viveiro, misturados em um recipiente e retirado uma amostra para se
determinar a quantidade exata de calcário necessária para a correção do pH.

Tabela: Calagem conforme pH do solo


pH do solo do viveiro Tipo de solo – Quantidade de calcário
Argiloso Arenoso
4,5 3.000 kg/ha 1.500 kg/há
5,0 2.500 kg/há 1.500 kg/há
5,5 1.500 kg/há 1.000 kg/há
6,0 1.000 kg/ha 500 kg/ha
Fonte: Apud. Manual Criação de Peixes em Viveiros, Zimmermann, 1998

A calagem deve ser feita com antecedência de 10 dias ao enchimento, en-


tretanto podem ser utilizados quando viveiros já estão cheios, através de em sacos
imersos que permitam o escoamento do produto ou a lanço por toda a superfície
d’água.

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Figura: Calagem em um viveiro

Fonte: Gooogle Imagens

A fertilização dos viveiros pode ser química ou orgânica. É utilizada para


promover o plâncton. Assim os viveiros devem ser fertilizados previamente ao po-
voamento, visando o fornecimento de alimento natural, além de uma cobertura
contra os raios solares.
Os adubos químicos disponibilizam os nutrientes mais rapidamente em
comparação a adubação orgânica. Recomenda-se utilizar em torno de 200 quilos
de sulfato de amônio por hectare e, após sete dias, iniciar a aplicação de 150 qui-
los de superfosfato triplo por hectare, sendo metade (75 quilos) em dose única e
o restante em três aplicações de 25 quilos com intervalos de 15 dias.
No enchimento do viveiro o sistema de abastecimento deve está provido
de proteção contra entrada de outros organismos aquáticos. Ao atingir a metade
ou dois terços do total do viveiro, avalia se os parâmetros estão dentro dos pa-
drões adequados, pode-se fazer o povoamento com alevinos.

11.2 Povoamento do viveiro

As sementes (pl´s ou alevinos) devem ser adquiridas em locais com bom


padrão de qualidade. O transporte geralmente é embalado em sacos, caso um
transporte na fase juvenil ou mesmo adulta utilizam-se caixa de transporte, co-
nhecidos como transfish. Evitar alimentar os animais 24 horas antes do transporte.
A soltura ocorre quando o viveiro ainda pela metade, pode-se começar o
povoamento. Essa operação deve ser feita nas primeiras horas do dia. Os peixes

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precisam ser cuidadosamente aclimatados às condições da água do viveiro, ainda


com a embalagem fechada, entra em contato com a água do viveiro por aproxi-
madamente 20 minutos, equilibrando a temperatura, depois abra-se a embala-
gem e adicione pequenas porções de água do viveiro durante 5 minutos.
A densidade de estocagem vai depender da especialidade do cultivo, ou
seja, qual a fase do ciclo de vida do organismo, alevinagem, recria e terminação ou
engorda. Alevinagem processo em que a pós-larva ou alevino vai até juvenil (até
30 g/indivíduo). Recomenda-se em média 100 larvas/m² de viveiro. Já na fase de
recria onde ocorre o desenvolvimento de 30 a 300 g, recomenda-se até 5 juvenis/
m² de viveiro. Na engorda vai da fase de juvenil até o peso de abate (800 gramas
a 1 kg para tilápia, e acima disso para espécies nativas), recomenda-se de 1 a 3
juvenis/m² de viveiro com renovação d’água, e de 3 a 6 juvenis em viveiros com
renovação d’água e utilização de aerador.
A cada três semanas ou uma vez ao mês, é realizado uma biometria, o manejo
de captura, medição e pesagem de uma amostra dos peixes cultivados, assim o pis-
cicultor conseguirá saber se o crescimento dos peixes está dentro da normalidade.
A aeração mecânica aumento o nível de OD de um determinado corpo
hídrico, através da turbulência, aumentando área de exposição da agua com a
atmosfera, além de promover a circulação, assim levando água oxigenada para
outras áreas do viveiro. O seu uso depende da biomassa estocada, no Brasil se em
utilizado cerca de 2 a 8 cv para cada 200 a 400 kg de camarão.

12. CULTIVO DE PEIXE EM TANQUE-REDE

Até o fim da década de 90 o sistema produtivo mais utilizado no Brasil era


o semi-intensivo, todavia a partir dos anos 2000 a criação em tanques-rede come-
çou a ser mais adotada, especialmente em águas da União (SUSSEL, 2013), sen-
do esta última modalidade de cultivo uma alternativa para geração de emprego
e renda (ANA, 2005). As vantagens desse sistema produtivo são: menor variação
dos parâmetros físico-químicos da água; despesca facilitada; menor investimen-
to inicial comparando a viveiros escavados; fácil deslocamento das estruturas de
cultivo; intensificação da produção; facilidade de observação dos peixes; redução
do manuseio dos peixes; e diminuição dos custos com tratamentos de doenças
(FURLANETO & AYROZA, 2006). No que diz respeito ao investimento inicial a dife-
rença pode chega a ser de 75% quando comparamos tanque-rede com viveiros
escavados (GONTIJO et al., 2008).

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De acordo com a CODEVASF (2013) a criação em tanques-rede se subdivide


em três tipos: sistema monofásico, sistema bifásico e sistema trifásico. No primeiro
os peixes são estocados com peso unitário médio entre 30 a 50 g em tanques-rede
com malha de 15 a 19 mm e despescados quando atingirem o peso de mercado,
que no Brasil é acima de 600 g, desta forma são criados em um único tanque-rede
durante todo o ciclo produtivo, recomenda-se densidade inicial de 265 peixes/m³.
No sistema bifásico como o próprio nome indica, há presença de duas fases, de cria
e recria/terminação. Alevinos de 1 g são estocados durante 30 a 60 dias nos chama-
dos “berçário ou bolsão” de 4 m³, com malha entre 5 a 8 mm com densidade inicial
de 5.000 alevinos e quando atingirem peso médio entre 30 a 50 g, são repicados
para quatro tanques-rede onde ficam até atingirem o peso comercial. Por último
no sistema trifásico há uma separação completa do ciclo de produção, cria, recria
e terminação. A cria é semelhante as condições do sistema bifásico, entretanto ao
término desta fase os peixes são repicados para outros dois tanques-rede e perma-
necerão nesse até um peso médio de 200g, após isso são transferidos para quatro
outros tanques-rede de terminação onde serão despescados quando atingirem o
peso comercial. Em todos os tipos a densidade final gira em torno de 250 peixes/m³.

13. CARCINICULTURA

Durante a década de 80, houve a importação do camarão branco do Pacífi-


co, L. vannamei, para o Brasil. Os camarões peneídeos possuem corpo segmenta-
do, comprimido lateralmente e coberto por um exoesqueleto calcificado, consti-
tuído de quitina e proteínas, articulado por meio de membranas articulares.
Sua estrutura interna e sua função:

• Órgão linfoide: Possivelmente, responsável pela eliminação de antíge-


nos, mecanismos de fagocitose.
• Hepatopâncreas: Digestão, absorção de nutrientes, acumulador de re-
servas.
• Intestino anterior (boca, esôfago e estômago): apreensão, mastiga-
ção e estocagem temporária.
• Intestino médio: Absorção e excreção.
• Intestino posterior: Excreção.
• Brânquias: Respiração, excreção, osmoregulação e fagocitose.

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Após a reprodução e eclosão dos ovos, os camarões peneídeos apresentam


os seguintes estádios larvais:

• Náuplio - Estágio possui 5 subestádios, é microscópica, alimentando-se


exclusivamente de suas reservas vitelínicas e apresentando movimentos
intermitentes na água.
• Protozoéa - O náuplio realiza a muda e passa por uma alteração radi-
cal em sua forma e comportamento. Os apêndices torácicos passam a
desempenhar a função alimentar. Nessa fase, a preferência alimentar é
exclusivamente por fitoplâncton.
• Misis – Nesta fase o hábito alimentar onívoro, se alimentando também
de zooplâncton.
• Pós-larva - Nesta fase, o animal deixa de ser e passa a ser bentônica. As
brânquias só se formam a partir de PLXVIII, dificultando a capacidade de
osmoregulação. É comum se descrever a fase pós-larval até PLXL como
subestágio limite para a fase juvenil.

O teste de estresse avalia a saúde das PL’s e deve ser realizado ainda no la-
boratório fornecedor. Há dois tipos mais utilizados:
• Teste de estresse osmótico - Colocar 100 PL’s em um Becker com sali-
nidade 0, aguardar por 30 minutos e retornarem à salinidade de origem,
aguardar por mais 30 minutos e contar as PL’s sobreviventes.
• Teste de estresse com formalina: Colocar 100 PL’s em um becker com
formalina a 100ppm, aguardar por aproximadamente 1 hora e contar as
PL’s vivas para determinar o % de sobrevivência.

Dessa maneira temos um percentual acima de 90%, larvas de excelente


qualidade, até 85% e considerada de boa qualidade, abaixo disso de media a pés-
sima qualidade.
As PL’s devem ser estocadas em tanques berçários, abastecidos com água
com os padrões de qualidade de água adequados.

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AQUICULTOR

Tabela 00: Aclimatação das PL’s durante recepção


Aclimatação de PL’s durante recepção
Parâmetro Faixas Procedimentos
35 a 15 1 a cada 20 min
15 a 10 1 por hora
Salinidade (Baixar) 10 a 00 Consultar a próxima tabela
Salinidade (Elevar) 30 a 40 1 a cada 15 min
40 a 50 1 por hora
pH - Aumentar ou diminuir apenas 0,5 por hora
Temperatura Elevar 1°C cada 15 min
Baixar 1°C a cada 30 min

Aclimatação de PL’s durante recepção


Parâmetro Faixas Procedimentos
Salinidade (Baixar) 10 a 00 1 por dia

Aclimatação PL’s durante recepção


Parâmetro Unid Diferença máxima aceitável
Salinidade Unid 2,0
Temperatura °C 2,0
pH Unid 0,5
Fonte: MCR Aquacultura Ltda.

Uma amostragem diária de 10 PL’s de cada tanque berçário, atenderá o pro-


grama de monitoramento da sanidade das PL’s.

Tabela: Monitoramento de sanidade das PL’s.

Fonte: MCR Aquacultura Ltda.

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AQUICULTOR

Uma vez finalizado o procedimento de aclimatação, as PL’s serão estocadas


na razão máxima de 35 PL’s/litro

Tabela: Frequência alimentar em berçários

Fonte: MCR Aquacultura Ltda.

Os valores de OD deverão estar acima de 50% do valor de saturação. Valo-


res inferiores a 3,7 mg/L de OD por períodos prolongados podem provocar efeitos
negativos no desempenho zootécnico dos camarões cultivados, como seja:

• Baixo desempenho no crescimento;


• Maior predisposição para desenvolvimento de enfermidades;
• Debilidade dos camarões;
• Morte

Figura: Desenho esquemático do efeito da falta de OD no camarão

Fonte: MCR Aquacultura Ltda.

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Para o povoamento do viveiro as diferenças de parâmetros entre os am-


bientes, principalmente pH e Temperatura, antes da liberação das PL’s. Caso se
faça necessário, deve realizar a aclimatação. Porém o viveiro deve ser preparado
para receber as PL’s, através da limpeza e desinfecção das comportas.
A limpeza é pelo processo da raspagem, com uso de espátula, para remo-
ção de todos os organismos incrustantes e outras sujidades. É necessário que os
operários, usem os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), especialmente
óculos, botas e luvas.

Assentamento e vedação dos quadros de telas:


Os quadros de telas devem manter um perfeito encaixe nas ranhuras da
comporta. Após a colocação dos quadros, as possíveis folgas verificadas nas ca-
lhas podem ser eliminadas com calafetagem usando tiras de espuma ou trapos
de pano. O importante é que as possíveis brechas, por onde pode entrar animais
nocivos ao cultivo, sejam eliminadas. Após a limpeza e realizado o encaixe dos
quadros de telas na comporta de abastecimento, no sentido canal de abasteci-
mento para dentro do viveiro, deve seguir a seguinte sequência:

1ª calha - Malha de 1 mm;


2ª calha - Malha de 500 micras;
3ª calha: Stop-Logs montados (tábuas de vedação)
5ª calha (face interna da comporta) – Bolsa-Bag com malha de 250 micras
com reforço externo de 2 mm para evitar rompimentos.

Os Probióticos para o controle da matéria orgânica e prevenção de enfer-


midades em viveiros de cultivo de camarões encontrados no mercado são das
mais variadas aplicações e apresentação. Cabe ao produtor usar o protocolo de
uma marca comercial que já seja conhecida por outros produtores e que apresen-
tem resultados compensadores. As propriedades de aplicação encontradas são:

• Probióticos para qualidade do solo;


• Probióticos para qualidade da água, e;
• Probióticos para alimento;

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AQUICULTOR

Os probióticos fazem parte do processo de maturação, da água, iniciado


pela fertilização, desenvolvimento do alimento natural dentro dos viveiros, os
quais servirão durante toda a fase de engorda. Geralmente o tempo de matura-
ção é estimado entre 10 a 15 dias contados a partir da total inundação do tanque
de cultivo.

Figura: Recomendações de plâncton no cultivo de camarões

Fonte:CLIFFORD, 1994

Estaqueamento para distribuição das bandejas de alimentação: Na carcinocultura


moderna todo o processo de alimentação dos camarões durante o cultivo é reali-
zado com auxílio de bandejas.

Tabela: Recomendações de plâncton no cultivo de camarões


BANDEJAS DENSIDADE
20 / ha Até 20 camarões/m².
25 / ha 20 a 30 camarões/m².
35 / ha 30 a 40 camarões/m².
45 / ha 40 a 50 camarões/m².
50 / ha 50 a 60 camarões/m².
60 / ha 60 a 80 camarões/m²

BANDEJAS DENSIDADE
• 20 / ha Até 20 camarões/m².
• 25 / ha 20 a 30 camarões/m².
• 35 / ha 30 a 40 camarões/m².
• 45 / ha 40 a 50 camarões/m².
• 50 / ha 50 a 60 camarões/m².
• 60 / ha 60 a 80 camarões/m².

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Figura: Sugestiva tabela de alimentação

Fonte:MCR Aquacultura Ltda.

14. MALACOCULTURA

Moluscos são animais de corpo mole, possuem uma concha que protege
este corpo. Vivem na terra e na água, tanto doce, salobra e salgada). Os bivalves são
formados por duas partes ligadas e são os organismos mais cultivados no Brasil.

14.1 Cultivo de Ostras

Existe no Brasil o cultivo de duas ostras a Crassostrea rhizophorae, ou ostra


nativa e a ostra japonesa, cientificamente denominada Crassostrea gigas. As ostras
desenvolvem-se em ambientes costeiros. O mais importante é a tecnologia de
cultivo e a poluição ambiental, tendo em vista que são animais filtradores.

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AQUICULTOR

Existem vários sistemas de cultivo, podendo ser de fundo ou suspensos.


Os cultivos suspensos podem ser fixos (mesa) e flutuantes (espinhel, longline e
balsa). Existem vários equipamentos usados para engordar as ostras e que ficam
presos às estruturas de cultivo. Eles podem ser lanternas, travesseiros, caixas, ban-
dejas, etc.
A despesca ocorre por volta do sexto mês de cultivo quando ela atinge o
tamanho comercial, de 8 cm de comprimento. Após a colhidas, as ostras devem
ser lavadas, de preferência com jato de água forte. O transporte das ostras para
comercialização deve ser feito rapidamente, se possível utilizando veículos com
refrigeração.

14.2 Cultivo de Mexilhões

Mexilhão também é conhecido no Brasil como marisco, marisco-preto, ma-


risco da pedra, ostra-de-pobre e sururu da pedra. No Brasil os nomes dos mexi-
lhões mais comuns para consumo humano são: Perna perna e Mytela falcata.
A semente do mexilhão possui mais ou menos 2 cm de comprimento. Exis-
tem quatro maneiras de conseguir sementes:

• Produção em laboratórios
• Repicagem das sementes ou das pencas
• Dos estoques naturais (costões)
• Coletores artificiais

Os métodos de cultivo podem ser de fundo, estacas, suspenso fixo, sus-


penso flutuante e suspenso tipo meia-água. Quando os mexilhões crescem e fi-
cam com o tamanho de 7 a 8 centímetros, que é o chamado tamanho comercial,
realiza-se a colheita e comercialização.

15. PISCICULTURA ORNAMENTAL

15.1 Aspectos gerais da piscicultura ornamental

O aquarismo, hábito de criar peixes como animais de estimação (pet), está


crescendo cada vez mais no Brasil e, só no ano de 2008, foram exportados 41 mi-

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AQUICULTOR

lhões de peixes ornamentais. Anualmente no mundo, a aquicultura ornamental


movimenta mais de três bilhões de dólares, incluindo o comércio de animais,
plantas e equipamentos.
Esse mercado cresce mais de 10% ao ano liderado, principalmente, pelos
países desenvolvidos como Estados Unidos (EUA), Japão, Reino Unido, Alemanha,
França, Itália e Bélgica Nos EUA, a produção de peixes ornamentais está em 4º lu-
gar no setor aquícola, atrás apenas da produção de bagres, trutas e salmões.
Nos EUA, o comercio de peixes e invertebrados marinhos passou de 9 mi-
lhões de dólares em 2003 para 29 milhões de dólares em 2007. Atualmente o mer-
cado de peixes ornamentais movimenta quase US$ 1 bilhão por ano em todo o
mundo, considerando apenas o pescado, e com as atuais mudanças nas legisla-
ções, o Brasil tem um grande potencial de liderar o setor de peixes ornamentais.
O hábito de possuir um aquário, além de um hobby, funciona como uma
peça de decoração de ambientes por conta da beleza dos seus animais. Porém,
apenas 10% do mercado de peixes ornamentais marinhos são abastecidos pela
criação em cativeiro e os outros 90% dependem da pesca de indivíduos selvagens
que, em alguns casos, é feita de forma predatória, colocando em risco o futuro de
algumas espécies.
No mundo, o extrativismo cada vez mais vem sendo substituído pela pro-
dução sustentável e hoje o comércio de peixes ornamentais de água doce movi-
menta cerca de 350 a 400 milhões de exemplares por ano, sendo que deste total
aproximadamente 90% são provenientes de cultivos.
O Brasil está entre os cinco maiores exportadores de peixes ornamentais
tropicais e, a partir do final da década de 90, observou-se um aumento conside-
rável no interesse em organismos ornamentais marinhos O aquarismo comercial
envolve cerca de 1500 espécies de peixes, 500 de invertebrados e 200 de corais,
sendo que apenas 40 espécies são provenientes de fazendas de criação. Infor-
mações com dados confiáveis de produção de peixes não são fáceis de se obter,
principalmente no ramo de ornamentais, e não existem raras estatísticas oficiais
sobre o comércio ornamental no Brasil, cujas poucas informações podem ter di-
vergências.
Atividade ainda é caracterizada como pertencente ao ramo extrativista. O
avanço nas técnicas de produção em cativeiro, não só podem melhorar a produ-
ção e diminuir os custos, beneficiando o comercio, mas também os estoques na-
turais pela diminuição do esforço de pesca em animais selvagens. Além disso, as

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AQUICULTOR

novas tecnologias em sistemas de filtração, cada vez mais simples e de baixo cus-
to, estão tornando possível a fácil aquisição de um aquário e com custos cada vez
mais acessíveis. Por isso, de uma forma geral, a aquicultura de peixes ornamentais
em escala comercial precisa crescer, pois a dependência do extrativismo ainda é
bastante representativa.

15.2 Principais instalações para cultivo de peixes ornamentais

Varia conforme o sistema de produção:

15.2.1 Sistema semi-intensivo:


É o mais empregado na piscicultura ornamental Brasileira. Utiliza espécies
de baixo valor comercial e precisa de uma produção em rende escala e com cus-
tos baixos, pode ser realizada em áreas rurais, tanques externos (terra, alvenaria,
revestimentos plásticos, caixas d’água, piscinas) para reprodução, crescimento e
terminação. É necessário ter o cuidado contra predadores e competidores.

15.2.2 Sistema intensivo:


Normalmente é realizada em aquários, tanque ou caixas d’agua, e pode ser
instalado em áreas rurais ou urbanas, com criações de pequeno tamanho e com a
utilização de espécies de alto valor comercial. Nesse caso os custos são mais altos
com instalações e insumos, no entanto permite um controle maior de fatores cli-
máticos, predadores e doenças.

15.2.3 Sistema super-intensivo:


São bastante utilizados em áreas urbanas, próximas ao mercado consumi-
dor, utiliza-se sistemas de recirculação de água, ambiente controlado em todas as
fases da criação (estufas ou salas de criação com aquários, caixas d’água e outros
recipientes) . Em geral, o o investimento é maior, o criador utiliza pouca água, es-
pécies de linhagens mais valorizadas (raras e/ou exigentes), a parte de ornamen-
tais marinhos também se encontra normalmente nessa categoria.

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AQUICULTOR

ANEXO 1 - REPRODUÇÃO DE PEIXES ORNAMENTAIS DE ÁGUA DOCE


NOÇÕES BÁSICAS

15.3 Boas práticas de manejo no cultivo de peixes ornamentais

As boas práticas de manejo no cultivo de peixes ornamentais são de funda-


mental importância para o desenvolvimento da atividade. Iremos abordar os prin-
cipais pontos que devem ser atendidos e que influenciam o bem-estar de peixes,
desde a captura/aquisição até o processo de comercialização, ou seja em todas as
etapas do manejo.
A propagação artificial de peixes necessita, além do conhecimento da bio-
logia, ecologia, nutrição, fisiologia e reprodução da espécie, de cuidados espe-
ciais durante a larvicultura, pois vários fatores, tais como a má qualidade de água,
manejo inadequado e, consequentemente, o surgimento de enfermidades pode
ser mais perigoso nesse período de vida do que em qualquer outro estágio, e
qualquer maior alteração pode fazer com que as taxas de mortalidade aumentem
consideravelmente. Mundialmente, o manejo alimentar na larvicultura de peixes
geralmente é realizado com a utilização de organismos vivos como rotíferos, naú-
plios de artêmia e microalgas, sendo que estas últimas podem ser utilizadas para
o enriquecimento dos primeiros, bem como para manter os cultivos em águas
verdes. O plantel (matrizes e reprodutores), a reprodução, larvicultura e alevina-
gem são etapas de grande importância, serão temas que serão abordados com
mais detalhes, pois os peixes apresentam os mais variados tipos de características,
que variam de acordo com a espécie.
Peixes com as melhores colorações são os mais procurados nas lojas de
aquarismo, por isso são necessárias mais pesquisas envolvendo diferentes tipos
de dietas na alimentação desses peixes. Mas de maneira geral serão abordados
temas como o método de captura/aquisição de matrizes, a triagem dos peixes, o
manejo pós captura ou aquisição, manutenção da boa qualidade da água, densi-
dade de estocagem, alimentação, sanidade do plantel e medidas de prevenção de
doenças, equipamentos e outros materiais utilizados na criação, recomendações
de limpeza e desinfecção, transporte de animais escolha da espécie a ser trabalha-
da e biossegurança que envolve a atividade.
Comercializar peixes ornamentais produzidos em cativeiro tem sido lucra-
tivo e produções em pequenos espaços podem gerar lucros altos e por isso o in-
teresse de montar um negócio na área tem crescido, no entanto, a tecnologia de
produção para muitas espécies ainda é incipiente. A parte que envolve o setor

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comercial, como os aspectos legais da atividade, registros, licenças, pesquisa de


mercado, normas de exportação e importação também serão trabalhadas.

16. INTRODUÇÃO AO PROCESSAMENTO DE PESCADO

16.1 Avaliação sensorial da qualidade de pescado

Determinam o grau de desenvolvimento alcançado pelas alterações post-


-mortem no pescado, utilizando os sentidos do olfato, da visão, do gosto e do tato.
Neste método, as características do pescado somente podem ser medidas pelo
homem, então as diferenças entre indivíduos podem ocasionar variações nas respos-
tas ao mesmo nível de estímulo. No entanto, com um exaustivo treinamento, um pai-
nel de avaliação sensorial pode julgar exata e rapidamente o frescor do pescado.

A) ASPECTOS AVALIADOS NO MÉTODO SENSORIAL

PELE: BRILHANTE COM COLORAÇÃO CARACTERÍSTICA.

REGIÃO VENTRAL: FIRME COM ELASTICIDADE

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AQUICULTOR

B) ASPECTOS AVALIADOS NO MÉTODO SENSORIAL

OLHOS: CÓRNEA TRANSLÚCIDA E CONVEXA

3 DIAS 10 DIAS 18 DIAS

C) ASPECTOS AVALIADOS NO MÉTODO SENSORIAL

GUELRAS: COLORAÇÃO VERMELHO BRILHANTE, SEM ODOR DESAGRADÁVEL.

3 DIAS 10 DIAS 18 DIAS

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

D) ASPECTOS AVALIADOS NO MÉTODO SENSORIAL


VÍSCERAS E ABDÔMEN: ÓRGÃOS DEFINIDOS, ÍNTEGRO

3 DIAS 18 DIAS

E) ASPECTOS AVALIADOS NO MÉTODO SENSORIAL


• Carne: translúcida, aderida à espinha, quando filetado - os vasos capilares
são distintos.
• Odor: analisado por partes – pele, vísceras, guelras e carne.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

REFERÊNCIAS
ABCC. APOSTILA TÉCNICA DE BOAS PRÁTICAS DE MANEJO PARA CAPACITAÇÃO DE PEQUE-
NOS PRODUTORES DE CAMARÃO. 1ª Edição. 2010.

AVNIMELECH, Y. Carbon/nitrogen ratio as a control element in aquaculture systems. Aquaculture,


v.176, n.3-4, p.227–235, 1999.

BMLP. Manuais BMLP de maricultura: Cultivo de Mexilhões. 2003

BMLP. Manuais BMLP de maricultura: Cultivo de Ostras. 2003

BOYD, C.E. Water quality in warmwater fish ponds. Auburn: Auburn University, AL, EUA. 359p.
1979.

EVANGELISTA, N. P. Produtor de Carcinicultura. Instituto Centro de Ensino Tecnologico. 2008

FAO - FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION. The state of world fisheries and aquacul-
ture. 2014. Roma: FAO.

LOGATO, P. V. R. Nutrição e Alimentação de Peixes de Água doce. Viçosa. 2012

MORAIS, R. H. S. F. M; SALLUM. M. R. G. S. S. W. B; Manual de criação de peixes em viveiros. CO-


DEVASF. 2013

RODRIGUES, A. P. O; LIMA, A. F; ALVES, A. L; ROSA, D. K; TORATI, L. S; SANTOS, V. R. V. Piscicultura


de água doce: multiplicando conhecimentos. Brasília. EMBRAPA, 2013.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

ANEXO 1

REPRODUÇÃO DE PEIXES ORNAM ENTAIS DE ÁGUA DOCE

NOÇÕES BÁSICAS

Autores: Gabriel de Mesquita Facundo – Engenheiro de Pesca


Jamile Mota da Costa – Engenheira de Pesca

1. INTRODUÇÃO
1.1. Mercado
1.2. Instalações
1.3. Saúde
1.4. Qualidade de água para a reprodução
1.5. Alimentação para a reprodução
1.6. Outros fatores que podem influenciar a reprodução

2. REPRODUÇÃO, LARVICULTURA E ALEVINAGEM


2.1. “Vivíparos”
2.2. “Killifishes”
2.3. “Ciprinídeos” (Cipriniformes)
2.4. “Caracídeos” (Caraciformes)
2.5. “Anabantídeos” (Anabantóides)
2.6. Ciclídeos
2.7. “Catfishes” (Siluriformes)

3. ALIMENTAÇÃO E CRIAÇÃO DOS ALEVINOS

4. LITERATURA CONSULTADA

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1. INTRODUÇÃO

A reprodução dos peixes de aquário seria o ponto culminante do aquaris-


mo, pois, para obtê-la, o aquarista deve ter certa experiência na manutenção dos
mesmos, além de que, para muitas espécies, deve-se proporcionar condições
adequadas para que ela ocorra. Assim, o interessado deve adquirir o máximo de
informações, através de literatura, troca de idéias com criadores e aquaristas mais
experientes, “internet” e outras fontes de conhecimento.

Reprodução de peixes de aquário

1. Seleção de espécies
• disponibilidade
• facilidade de reprodução, instalações e condições requeridas

2. Seleção de estoque reprodutor com características desejadas


• coloração, forma do corpo, nadadeiras, olhos, cabeça
• saúde, vigor, alimentação

3. Condicionamento para reprodução


• temperatura, fotoperíodo (comprimento do dia)
• qualidade da água
• dieta

4. Reprodução
• temperatura, fotoperíodo
• qualidade da água
• compatibilidade dos reprodutores
• meio (substrato) de desova
• sobrevivência de ovos e larvas

5. Recuperação dos reprodutores


• separação dos sexos
• retorno ao item 3 (condicionamento para a reprodução)

6. Larvas
• seleção constante (triagem)
• crescimento e terminação
• venda ou retorno ao item 2 (seleção de estoque reprodu-
tor com características desejadas)

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1.1. Mercado

Definir a finalidade da criação: lazer (“hobby”, desafio), pesquisa (manuten-


ção de espécies raras ou não), comércio (lucro).

Criação comercial

Registro de Aqüicultor – Instrução Normativa no 5, de 18 de janeiro de


2001(IN no 5) – aqüicultores deverão fazer o cadastramento junto às Delegacias
Federais do Ministério da Agricultura de seus Estados (endereços no site http://
www.agricultura.gov.br/dfa/index.htm) – apresentar documento de identidade e
CPF (pessoa física) e CGC (pessoa jurídica), formulário preenchido (encontrados
nas delegacias do MA e ou no site do DPA http://www.agricultura.gov.br/dpa/
aquicola/aquicola27.htm ou http://www.agricultura.gov.br/dpa/aquicola/inst-
normativa04.doc, depósito da taxa anual (o pagamento do valor do registro de
aqüicultor será calculado com base no somatório das áreas de todas as Unidades
de Aqüicultura de propriedade do requerente).

Escolha da espécie ou variedade a ser criada vai depender:


• da pesquisa de mercado do local onde se pretende vender a pro-
dução. A demanda varia conforme a região (localização geográfica),
época do ano, modismos, “marketing”;
• da verificação da “concorrência” ou fornecedores habituais quanto às
espécies ou variedades oferecidas, quantidade e qualidade dos produ-
tos, periodicidade de entrega, preços;
• das condições disponíveis: qualidade e quantidade de água, clima
e a possibilidade de controle das variáveis ambientais (temperatura,
fotoperíodo), sistema de cultivo (ver “Instalações”);
• da viabilidade de desenvolvimento e crescimento do animal nessas
condições (adaptação e resistência ao manejo geral, alimentar e sani-
tário);
• da possibilidade do controle da reprodução (natural ou induzida). De-
pendendo do tipo e tamanho da produção pode-se optar pelo escoa-
mento (venda) para: atacadistas – grandes volumes, menor preço uni-
tário;

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

• lojas – menor volume, maior variedade, preço geralmente um pouco-


melhor;
• hobistas (aquaristas) especializados – produto diferenciado (espécies,
populações ou variedades mais raras, elaboradas ou “difíceis”), poucos
exemplares, preços elevados.
Obs.: Levar em consideração despesas de embalagem e frete.
Normas de exportação e importação de peixes ornamentais vivos (infor-
mações no IBAMA)
Exportação – considerar o envio de amostra de material – verificar viabi-
lidade de cumprimento do contrato (qualidade, quantidade e fornecimento regu-
lar) – planejamento (cooperativa – tradição, experiência).
Importação – todas as espécies de peixes ornamentais estão liberadas.
Para criação de alguma espécie, deve-se enviar uma carta-consulta ao IBAMA
para análise de cada caso.
o
Água mg/litro CaCO 3 (ppm) dH
Mole (macia) 0-50 3
Moderadamente mole 50-100 3-6
Levemente dura 100-200 6-12
Moderadamente dura 200-300 12-18
Dura 300-450 18-25
Muito dura Acima de 450 Acima de 25

1.2. InstalaçõesVaria conforme o sistema de produção

• sistema semi-intensivo – áreas rurais – tanques externos (terra, alve-


naria, revestimentos plásticos, caixas d’água, piscinas) para reprodu-
ção, crescimento e terminação – proteção contra predadores e compe-
tidores;
• sistema intensivo – áreas rurais/urbanas – estufas para reprodução, lar-
vicultura e alevinagem em aquários, tanques ou caixas d’água, permi-
tindo um maior controle ambiental. O crescimento e a terminação são
realizados em tanques externos (mesmos do sistema semi-intensivo);
• sistema super-intensivo – áreas urbanas – ambiente controlado em to-
das as fases da criação (estufas ou salas de criação com aquários, cai-
xas d’água e outros recipientes) – alto investimento – escolha de espé-
cies, variedades ou linhagens mais valorizadas (raras e/ou exigentes).

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AQUICULTOR

1.3. Saúde

O plantel (matrizes e reprodutores) deve ser saudável, através de sua ob-


tenção em criadores idôneos e pela realização de quarentena (imprescindível, in-
dependente da origem) e, se necessário, a aplicação de tratamentos adequados
conforme diagnósticos confiáveis. A profilaxia (prevenção), fornecimento de am-
biente ideal e manejo adequado são importantes para a manutenção da saúde e
conseqüente produção e reprodução dos peixes.

1.4. Qualidade de água para a reprodução

1.4.1. Temperatura – faixa térmica ideal para cada espécie


1.4.2. pH – determina a acidez do ambiente (água), existindo uma ampli-
tude ideal para cada espécie
1.4.3. “Dureza”
1.4.3.1. Alcalinidade – concentração total de sais em mg/L (ppm) de equi-
valente de carbonato (CO3-2) e bicarbonato (HCO3-) – é a capacidade de
neutralização das oscilações de pH (poder tampão).
Em piscicultura recomenda-se acima de 60 mg/l.
1.4.3.2. Dureza – teor de íons de Ca +2 e Mg+2 combinados a carbonatos
e bicarbonatos. Também medida em graus alemães (dHo).
1.4.3.3. Condutividade elétrica – indica a quantidade de sais (íons) dissol-
vidos na água – disponibilidade de nutrientes.
1.4.4. Compostos nitrogenados – aminoácidos (relacionados com a repro-
dução de algumas espécies), amônia (quanto mais alcalina está a água,
maior é quantidade de amônia na forma tóxica para os organismos aquáti-
cos; também é a forma mais facilmente absorvida pelos vegetais aquáticos),
nitrito (também tóxico, o sal pode diminuir seus efeitos) e nitratos (tóxico
em concentrações elevadas, utilizados por plantas palustres e terrestres).
1.4.5. Gases dissolvidos
1.4.5.1. Oxigênio – importante para os animais, vegetais e bactérias aeró-
bias (ciclo do nitrogênio)

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1.4.5.2. Gás Carbônico – importante para os vegetais, auxilia na eclosão dos


ovos de algumas espécies (“killifishes”)
1.4.6. Cloro, Flúor, Cobre – a água de torneira das cidades geralmente sofre
tratamento com produtos que, dependendo das concentrações, poderão
ser tóxicos para os organismos aquáticos. Assim, ela deve ser tratada antes
de seu uso (descanso em recipientes neutros, aeração, filtro de carvão ati-
vado, adição de produtos que neutralizam o cloro e outros metais pesados)
1.4.7. Esterilização da água – reprodução de espécies sensíveis, controle
de microrganismos e algas unicelulares – equipamentos adequados para
evitar problemas
1.4.7.1. Ozônio
1.4.7.2. Raios (Luz) ultra-violeta

1.5. Alimentação para a reprodução

Deve suprir as exigências de manutenção e fornecer elementos necessários


para o desenvolvimento dos produtos sexuais, evitando-se excessos de alimentos
inadequados, isto é, deve-se ter informações sobre a predominância do hábito
alimentar do animal (carnívoro, onívoro ou herbívoro)
1.5.1. Alimentos vivos
1.5.1.1. Vermes (tubifex, minhoca, enquitréia, microverme)
1.5.1.2. Insetos (larvas de quironomídeo – “bloodworm”, de mosquitos, lar-
vas e adultos de drosófila e mosca)
1.5.1.3. Crustáceos (artemia, cladóceros – dáfnias, copépodos – cíclopes)
1.5.2. Alimentos frescos
1.5.2.1. Origem animal (carne, fígado, coração de mamíferos, aves e peixes)
1.5.2.2. Origem vegetal (algas, verduras e legumes)
1.5.3. Alimentos industrializados
1.5.3.1. Rações (“em flocos”, granulada, peletizada, tabletes)
1.5.3.2. Alimentos desidratados (mesmos dos vivos e frescos)
1.5.3.3. Alimentos congelados (mesmos dos vivos e frescos)

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1.6. Outros fatores que podem influenciar a reprodução


1.6.1. Fotoperíodo (comprimento do dia) e temperatura
1.6.2. Estímulos químicos (feromônios), visuais, de som (vibração) ou to-
que (tato) do sexo oposto
1.6.3. Uso de hormônios – naturais ou sintéticos, na água ou no animal(injetados)

2. REPRODUÇÃO, LARVICULTURA E ALEVINAGEM

Os peixes apresentam os mais variados mecanismos de reprodução como


o gonocorístico ou bissexuado (ovuliparidade, oviparidade, ovoviviparidade, vivi-
paridade), o hermafrodita (simultâneo ou seqüencial), o partenogenético (gino-
genético), hibridogênese e superfetação.

2.1. “Vivíparos” – são representados principalmente pela família dos Poecilí-


deos (lebistes, platis, espadas e molinésias com diversas variedades de cor e formas
de nadadeira e corpo) na qual os machos possuem a nadadeira anal modificada
em órgão reprodutor (gonopódio) que permite a deposição dos espermatóforos
no poro genital das fêmeas, ocorrendo a fecundação interna, “prenhez” e parição
(as fêmeas podem armazenar os espermatóforos, podendo parir várias vezes após
uma única fecundação). Deve-se utilizar métodos que permitam a fuga dos recém
nascidos da voracidade dos adultos (telas, plantas). Os alevinos aceitam náuplios
de artêmia e alimentos finamente moídos logo após algumas horas do nascimen-
to. Outros “vivíparos” são os meio-bico (Dermogenys), tralhoto (Anableps),etc.

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Métodos para proteção dos recém nascidos


Aquário com adensamento de plantas
Uso de “maternidades” (vidro, tela)

Para a produção ou manutenção de variedades ou linhagens deve-se: se-


lecionar matrizes com as características desejadas, separar a prole por sexo (as-
sim que possível), oferecer ótimas condições de crescimento e reiniciar a seleção
de novos reprodutores. Utilizar-se de informações genéticas (herdabilidade, con-
sangüinidade, cruzamentos,etc.).
Tabela de dados reprodutivos – “Vivíparos”
Espécie Temp. pH “Dureza” Dias Número Primeira
o (ppm
( C) entre de crias alimentação
CaCO3) partos / parto
Lebiste ou 23-26 7,0 100-150 28-32 20-200 Náuplios de
guppy artêmia, ração
(Poecilia finamente
reticulata) moída
Molinésia (P. 23-28 7,5 150-180 40-70 20-60 Náuplios de
sphenops) 0,5 a 1,5 artêmia, ração
g /L sal finamente
moída
Molinésia (P. 23-28 7,8 150-180 70 20-80 Náuplios de
latipinna) 0,5 a 1,5 artêmia, ração
g /L sal finamente
moída
Molinésia (P. 23-28 7,5 150-180 60-70 30-200 Náuplios de
velifera) 0,5 a 1,5 artêmia, ração
g /L sal finamente
moída
Plati 23-26 7,0 100-150 28-42 10-80 Náuplios de
(Xiphophorus artêmia, ração
maculatus) finamente
moída
Espada (X. 23-26 7,2 100-150 28-42 20-100 Náuplios de
helleri) artêmia, ração
finamente
moída
Meio-bico 26 7,0 0,5 a 1,5 40-45 10-20 Náuplios de
(Dermogenys g /L sal artêmia, ração
pusillus) finamente
moída

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2.2. “Killifishes” – são os “ciprinodontídeos”, principalmente da família dos


aploqueilídeos, subfamília dos aploqueilíneos (Aphyosemion, Nothobranchius) e
dos rivulíneos (Cynolebias, Rivulus). Para a reprodução, preferem água ligeiramen-
te ácida e mole. São muito suscetíveis à doença do veludo (“oodinum”). Recomen-
da-se a utilização de sal (1 colher de café para cada 4 litros de água). Conforme o
comportamento reprodutivo podem ser divididos em:
2.2.1. Anuais - desova em substrato no fundo como turfa, xaxim, esfagno
(musgo), fibra de coco (bem moídos e fervidos) ou lã acrílica (podem ser coloca-
dos dentro de potes para facilitar sua coleta). Após uma ou duas semanas, o subs-
trato é coado, seco (umidade semelhante ao fumo de cachimbo) e armazenado
em sacos plásticos por período adequado a cada espécie (1 a 6 meses). Após esse
período, adiciona-se água para que ocorra a eclosão. Geralmente são oferecidos
infusórios (espécies que nascem menores) ou náuplios de artêmia (espécies que
nascem maiores).
2.2.1.1. Aradores (Nothobranchius) – desovam na superfície do substrato

2.2.1.2. Mergulhadores (Cynolebias) - “mergulham” dentro do substrato,


que deve ter uma maior profundidade.

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2.2.2. Não-anuais - desova em substrato na superfície da água, raízes de


plantas flutuantes, ninhos artificiais confeccionadas de lã acrílica presa em flutua-
dores (isopor, cortiça), em plantas submersas. O ninho ou ovos são colocados em
recipientes à parte para incubação em água, que dura de 10 a 21 dias para os
rívulos e afiosêmions (média de 14 dias). A alimentação é semelhante aos anuais.
2.2.3. Semi-anuais - desova facultativa no fundo e na superfície (Fun-
dulopanchax). O tempo de incubação é geralmente intermediário entre os não-
-anuais e os anuais (45 dias ou mais).

Tabela de dados reprodutivos – “Killifishes”


Espécies Tempo pH “Dureza” (ppm Número Tipo de desova
(C) CaCO3) de ovos
Australe 24 6,5 20-50 200-300 Não-anual
(Aphyosemion australe)
Bivitato (A. bivittatum) 24 6,5 20-50 200-250 Não-anual
Blue gularis (Fundulo- 24 6,5 20-50 100-200 Semi-anual
panchax sjoestedti) (facultativo)
Lineatus 25 6,5 80-120 100-150 Não-anual
(Aplocheilus lineatus)
Nigripínis 18 6,2 10-50 50-80 Anual (mergu-
(Cynolebias nigripinnis) lhador)
Rívulo (Rivulus 25 6,8 80-100 100-150 Não-anual
cilindraceus)

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Aquário de desova de não-anuais e semi-anuais

2.3. “Ciprinídeos” (Cipriniformes) – são as carpas, kinguios, barbos,


dânios e rásboras. Normalmente desovam em cardumes. Os ovos podem ser
adesivos a substratos como plantas submersas, raízes de plantas flutuantes ou
ninhos artificiais (carpa, kinguio, rásbora arlequim). Os ovos não adesivos são
produzidos pelos dânios (paulistinha, dânio leopardo, pérola, gigante), indo ao
fundo e alojando-se entre pedras e seixos. Os barbos e outras espécies de rás-
bora são dispersadores de ovos, onde parte se adere a substratos e parte vai ao
fundo (semi-adesivos). Retira-se os pais. De um a quatro dias ocorre a eclosão,
espera-se mais três ou quatro dias para a absorção do saco vitelínico, iniciando-
-se a alimentação com infusórios, náuplios de artêmia ou ração finamente moída,
dependendo do tamanho da pós-larva.

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Ovos adesivos

Kinguios e carpas

Rásbora arlequim

Ovos não adesivos

Dânios

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Tabela de dados reprodutivos - Cipriniformes


Espécie Temp. pH “Dureza” Número Tipo de Primeira
o (ppm
( C) de ovos ovos alimentação
CaCO3) Eclosão
Kinguio >15 6,8 100-150 1000- Adesivos “Água verde”,
(Carassius 3000, 3- “infusórios”,
auratus) 4 dias alimento
líquido para
ovíparos
Rásbora 28 5,5 20-60 50-250, Adesivos, “Infusórios”,
arlequim a 24-30 na parte alimento
(Rasbora 6,0 horas inferior de líquido para
heteromorpha) folhas ovíparos e
largas náuplios de
artêmia
Dânios, 22-24 6,8 100-150 100-400, Não “Infusórios”,
paulistinha – a 24 horas adesivos alimento
Danio 7,0 – de líquido para
(=Brachydanio) fundo ovíparos e
náuplios de
artêmia
Barbo 26-28 6,5 80-120 150-300, Semi- Náuplios de
sumatrano a 36 horas adesivos artêmia,
(Capoeta 6,8 – plantas ração
tetrazona) e fundo finamente
moída
Taníctes 18-24 7,2 100-150 50-150, Semi- Náuplios de
(Tanichthys 24 horas adesivos artêmia
albonubes) – plantas
e fundo

Ovos semi-adesivosBarbos, tanícts e outras espécies de rásbora

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2.4. “Caracídeos” (Caraciformes) – em aquários, são representados prin-


cipalmente pelos tetras. Para a reprodução, geralmente são mais exigentes, em
relação aos cipriniformes, quanto à qualidade da água (mole e ácida). O par se
afasta do cardume e acasala perto de plantas ou áreas livres (alguns, como os
rodóstomos, acasalam-se em cardume). Os pais são retirados.Os ovos são semi-
-aderentes aos substratos (plantas, ninhos artificiais), podendo cair ao fundo e
são sensíveis à qualidade de água e à luz.
A incubação leva de 24 a 36 horas e no 5o ou 6o dia já absorveram o saco
vitelínico, devendo-se iniciar a alimentação adequada ao tamanho das pós-lar-
vas (infusórios, alimento líquido para ovíparos, microverme, náuplios de artêmia).

Tabela de dados reprodutivos - Caraciformes


Espécie Temp. pH “Dureza” Número Tipo de Primeira
o (ppm de ovos ovos alimentação
( C) CaCO3) Eclosão
Neon verdadeiro 23-24 5,5 0-40 80-120, Semi-adesi- “Infusórios”,
(Paracheirodon a 24 vos– plan- alimento líquido
innesi) 6,0 horas tas para ovíparos
e fundo
Neon cardinal 28 5,5 0-40 80-120, Semi-adesi- “Infusórios”,
(Paracheirodon a 24 vos – plan- alimento líquido
axelrodi) 6,5 horas tas e fundo para ovíparos
Tetra preto 25 6,8 100- 150-250 Adesivos “Infusórios”, alimen-
(Gymnocorym- 150 to líquido para oví-
bus paros e náuplios de
ternetzi) artêmia
Mato Grosso 25 6,5 50-80 100-150 Semi- “Infusórios”,
(Hyphessobry- adesivos alimento líquido
con – plantas para ovíparos e
eques) e fundo náuplios de artê-
mia
Tetra Congo 25 6,0 <80 >300, 6 Semi-ade- Náuplios de
(Phenacogram- a dias sivos– de artêmia
mus interruptus) 7,0 fundo

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2.5. “Anabantídeos” (Anabantóides) – têm como característica principal


um órgão respiratório suplementar chamado labirinto, que lhes permite aproveitar
o oxigênio diretamente do ar. Os mais conhecidos (beta, tricogáster, colisa, paraí-
so) são da família dos osfronemídeos. Os machos têm um comportamento territo-
rial, sendo agressivos com sua própria espécie quando em aquários de tamanho
inadequado. Para a reprodução, deve-se elevar a temperatura para 26-28oC (24-
25oC para o paraíso). Os machos constroem um ninho de bolhas, na superfície,
com uma secreção bucal. Adiciona-se uma fêmea madura (ventre abaulado, ovi-
positor aparente, listras verticais claras em betas de cor escura). Geralmente, no
dia seguinte ocorre a desova, através de abraços. Os ovos são coletados pelo
macho com a boca e colocados no ninho (beta) ou os ovos flutuam para o ninho
(tricogáster, colisa, paraíso). Retira-se a fêmea. A eclosão ocorre em 24 a 48 ho-
ras. As larvas absorvem o saco vitelínico em 3 ou 4 dias quando retira-se o macho
e inicia-se a alimentação com infusórios e náuplios de artêmia.

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Tabela de dados reprodutivos – Anabantóides


Espécie Temp. pH “Dureza” Número Tipo de Primeira
o (ppm
( C) de ovos ovos alimentação
CaCO3) Eclosão
Beta ou Peixe 26-28 7,0 150-180 100-300, Densos “Infusórios”,
de Briga (Betta 24-48 em ninhos alimento
splendens) horas de bolhas líquido para
ovíparos
Colisa (Colisa 28-30 7,0 150-180 100-200, Flutuantes “Infusórios”,
lalia) 24 horas em ninhos alimento
de Bolhas líquido para
ovíparos
Tricogáster 26-28 6,8- 120-150 200-600 Flutuantes “Infusórios”,
(Trichogaster 7,0 24-48 em ninhos alimento
trichopterus, T. horas de Bolhas líquido para
leeri) ovíparos
Paraíso 22-24 7,0 150-180 250-300, Flutuantes “Infusórios”,
(Macropodus 24-30 em ninhos alimento
opercularis) horas de Bolhas líquido para
ovíparos

Acará bandeira

Acará disco

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Acará severum Ramirezi

2.6. Ciclídeos – apresentam cuidado de um ou ambos os pais, conforme


os hábitos reprodutivos podem ser divididos em :
2.6.1. Desova em substratos (folhas, pedras, troncos, ladrilhos, cano de
PVC) em locais abertos - bandeira, disco, oscar, Cichlasoma spp.
2.6.2. Desova em substratos em locais fechados ou protegidos (escon-
derijos – cavernas de pedra, conchas, vasos, casca de coco) - vários ciclídeos
anões – Apistogramma spp, Pelvicachromis spp.

Kribensis

2.6.3. Incubadores bucais – vários ciclídeos africanos dos gêneros Pseu-


dotropheus, Labeotropheus, Haplochromis.

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As pós-larvas (depois da absorção do saco vitelínico) podem ser alimenta-


das com náuplio de artêmia e ração finamente moída. As pós-larvas de algumas
espécies têm como primeiro alimento exógeno uma secreção (muco) da pele-
dos pais, sendo recomendável mantê-los juntos por um período de pelo menos
algumas semanas (acará disco, uaru). Nas outras espécies, os substratos com
desova e a própria desova (incubadores bucais) são separados dos pais e desen-
volvidos artificialmente. Isto acaba acelerando uma nova desova, podendo-se
aumentar a produção.

Tabela de dados reprodutivos - Ciclídeos


Espécie Temp. pH “Dureza” Número Tipo de Primeira
o (ppm de ovos desova alimentação
( C) CaCO3) Eclosão
Acará bandeira 26-28 <7,0 <100 >1000, Superfície Náuplios de
(Pterophyllum 48-72 plana vert., artêmia,
scalare) horas ambos alimento
cuidam da líquido para
prole ovíparos
Acará disco 28-32 5,5 <80 150-400, Superfície Muco da
(Symphysodon a 48-60 plana vert., pele dos
aequifasciata) 6,5 horas ambos pais, náuplios
cuidam da de artêmia,
prole alimento
líquido para
ovíparos
Oscar, Apaiari 26-30 7,0 150- 500-800 Superfície Náuplios de
ou Acará-Açu 180 plana, artêmia,
(Astronotus ambos ração
ocellatus) cuidam da finamente
prole moída
Acará festivo 25-28 6,8 100- 250-350 Superfície Náuplios de
(Mesonauta = 150 plana, artêmia,
Cichlasoma ambos cuidam ração fina-
festivum) da prole mente
moída
Kribensis 25-28 7,0 150- 100-250, Teto de Náuplios de
(Pelvicachromis 180 72-96 caverna, artêmia,
pulcher) horas ambos cuidam ração fina-
da prole mente moída
Auratus 25-28 7,5- 150- 10-50, Incubação Náuplios de
(Melanochromis 8,5 200 saem da bucal, fêmea artêmia,
auratus) boca cuida da ração
com 3 prole finamente
semanas moída

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AQUICULTOR

2.7. “Catfishes” (Siluriformes) – os mais comumente encontrados são as co-


ridoras, limpa-vidros, cascudos e bagres (mandis). As coridoras desovam em grupos
(uma fêmea e vários machos). Após uma substancial troca de água, a fêmea limpa
os possíveis locais de desova como pedras, plantas e vidro do aquário. Imediata-
mente antes da desova a fêmea pressiona sua boca no ventre de um dos machos
(posição em “T”) e inicia a postura. Os pais são retirados, ocorrendo a eclosão em
três a cinco dias. Levam cerca de 24 horas para absorver o saco vitelínico, quando
devem ser alimentadas com náuplios de artêmia e ração finamente pulverizada.
A família Loricariidae (cascudos e limpa-vidros) tem quatro tipos básicos de
comportamento reprodutivo que são: 1) reprodução em locais abertos sem cui-
dado parental (limpa-vidros Otocinclus eParotocinclus), 2) reprodução em locais
abertos com cuidado parental (Sturisoma e Farlowella), 3) carregadores externos
(embriões ligados ao lábio inferior dos machos – Loricariichthys) e
4) reprodução em locais protegidos (cavernas)(cascudos dos gêneros Hy-
postomus, Ancistrus, Peckoltia, Panaque). Os cascudos geralmente são reprodu-
zidos aos pares. Deve-se condicioná-los para a reprodução alimentando-os com
abobrinha, pepino, ervilhas, quironomídeos (“bloodworm”) e artêmia congelados
e pastilhas de spirulina (ração comercial com algas), fornecendo-se troncos e es-
conderijos (túneis de pedra ou tubos de PVC) onde ocorre a desova. O macho
cuida dos ovos, larvas e alevinos. Oferecer alimentos de origem vegetal macios
(pedras com algas, vegetais cozidos e amassados), náuplios de artêmia e ração
finamente pulverizada.

Posição em “T”

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Macho de Ancistrus cuidando dos ovos Os machos de Ancistrus cuidam da prole até ela
atingir por volta de 1 cm

Par de Sturisoma desovando. O macho (à direita) dedica-se sozinho aos cuidados com aos ovos.

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AQUICULTOR

Tabela de dados reprodutivos - Siluriformes


Espécie Temp. PH “Dureza” Número Tipo de Primeira
o (ppm de ovos desova alimentação
( C) CaCO3) Eclosão
Limpa-fundo ou 23-24 <7,2 <180 >200, 3-5 Ovos adesivos Náuplios de
Coridoras dias em plantas e artêmia, ração
(Corydoras spp) superfícies finamente
planas (vidro) pulverizada
Cascudo ancistro 23-27 5,8- 100-150 120, 4-5 Túneis de Alimentos
(Ancistrus spp) 7,8 dias pedra ou ca- macios ,
nos picados ou
de PVC, esmagados à
macho cuida base de
dos ovos e vegetais,
larvas náuplios de
artêmia
Limpa-vidro 25 7,0 100-150 100-150 Superfícies Rotíferos,
(Otocinclus vitta- planas, folhas, folhas de
tus) pedras; não alface
apresentam esmagada,
cuidado introduzir
parental pedra com
algas
Tamboatá ou 24-25 7,0- 100-150 100-200 Ninho de Náuplios de
Caborja 7,2 bolhas artêmia, ração
(Callichthys, finamente
Haplosternum) moída

3. ALIMENTAÇÃO E CRIAÇÃO DOS ALEVINOS

Início da alimentação – os filhotes dos “vivíparos” e dos “killifishes” geral-


mente já nascem prontos para ingerirem seus primeiros alimentos (adequados
ao tamanho da boca). Os outros ovíparos, geralmente possuem o saco vitelínico
(reserva de alimento endógena) após a eclosão, ficando alguns dias para ab-
sorverem o vitelo e terminarem essa fase de desenvolvimento, estando prontos
para iniciarem com a alimentação exógena. É uma fase de transição bastante
crítica. Deve-se monitorar a qualidade e quantidade de alimento de tamanho
adequado e a freqüência de seu fornecimento para que não hajam deficiências
ou excessos, ambos prejudiciais e até mortais. A primeira por não suprir as exi-
gências nutricionais do animal e a última por deteriorar a qualidade da água.

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AQUICULTOR

Alimentos industrializados – líquidos ou em pó, específicos para filhotes de


peixes ovíparos ou vivíparos. Ficar atento, pois deterioram rapidamente.
Alimentos vivos – infusórios (protozoários ciliados) e rotíferos cultivados
em “água velha” mais folhas de vegetais secos; microvermes cultivados em reci-
pientes com uma papa de farinha de aveia e leite e náuplios de artêmia obtida de
cistos de resistência secos (vendidos no comércio) postos a eclodir em água salga-
da e aerada (dentro de 24 a 48 horas conforme a temperatura e luz) no momento
adequado, os náuplios devem ser separados das cascas dos cistos, coados, lava-
dos em água doce e só assim fornecidos aos peixes em quantidades que possam
ser consumidos antes de morrerem (vivem algumas horas em água doce).
Os alimentos devem ser fornecidos várias vezes ao dia e em pequenas
quantidades.
Conforme os animais forem crescendo deve-se fornecer alimento de qua-
lidade e tamanhos adequados, assim como espaço suficiente para não impedir
o desenvolvimento, realizando um desbaste ou dividindo em mais aquários os
peixes de tamanho semelhante para evitar o canibalismo. Nessas triagens faz-se
uma seleção das características desejada (descartando-se os defeituosos ou fora
de padrão). O manejo será diferenciado dependendo da espécie criada (ex.:beta –
quando os machos começarem a se diferenciar devem ser colocados em recipien-
tes individuais; lebiste – os machos vão sendo separado das fêmeas para evitar
acasalamentos não programados).
A qualidade da água deve ser mantida nas melhores condições em todas as
fases do desenvolvimento, através de trocas parciais freqüentes (ficar atento quan-
to à temperatura e pH), utilização de filtro de esponja “maduro”, isto é já coloniza-
do pelas bactérias que completarão o ciclo do nitrogênio, alimentação suficiente
e adequada (qualidade, quantidade, tamanho). A adição de plantas aquáticas e
pequenos caramujos pode ajudar na manutenção da qualidade da água pelo con-
sumo de nutrientes e restos de alimentos – desde que eles sejam originários de
fontes confiáveis para não introduzirmos doenças, predadores ou competidores.

4. LITERATURA CONSULTADA

Vida no Aquário – 3 volumes – Editora Três


Peixes (You & Your Aquarium) – 1 volume – J B Indústrias Gráficas S.A.
Guia de Mantenimiento y Cría – Vol. 1 – Trichos; Vol. 2 – Banderitas; Vol. 5 – Lebistes – D. Car-
nevia y G. Dittrich – Indice SRL.

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Tropical Freshwater Aquária – George Cust & Peter Bird – Bantam Book – Grosset & Dunlap,
Inc. - 1972
A Fishkeeper’s Guide to Fish Breeding – Dr. Chris Andrews – Salamander Book Limited, London
– New York – 1986
Aquarium Fish of the World – Atsushi Sakurai et al. – Chronicle Books, San Francisco – 1993
Exotic tropical Fishes – Expanded Edition (Looseleaf ) – Herbert R. Axelrod; Cliff W. Emmens;
Warren E. Burgess; Neal Pronek; T.F.H. Publications, Inc. – 1996
Biologia da Reprodução de Peixes Teleósteos: Teoria e Prática – Anna Emília de M. Vazzoler –
Editora da Universidade Estadual de Maringá – 1996
Criação de Peixes de Aquário – Inês Scheurmann - Editorial Presença, Lisboa – 1997
Apostila do “1o Curso Internacional de Criação de Peixes Ornamentais do Instituto de Pesca” –
Daniel Carnevia – 31/03 a 02/04 de 2000
Panorama da Aqüicultura – Vol. 11, no 63 – jan/fev – 2001
Panorama da Aqüicultura – Vol. 12, no 71 – mai/jun – 2002

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Geral

Vida no Aquário – 3 volumes – Editora Três


Peixes (You & Your Aquarium) – 1 volume – J B Indústrias Gráficas S.A.
Dr. Axelrod’s Mini Atlas of Freshwater Aquarium Fishes – Dr. Herbert R. Axelrod et al. - T.F.H.
Publications, Inc. – 1987
Aquarium Fish of the World – Atsushi Sakurai et al. – Chronicle Books, San Francisco – 1993

Reprodução de peixes ornamentais


Breeding Aquarium Fishes, book 2 – Dr. Herbert Axelrod - T.F.H. Publications, Inc. –1971
Breeding Aquarium Fishes, book 3 – Dr. Herbert Axelrod & Lourdes Burgess - T.F.H. Publica-
tions, Inc. –1973
Breeding Aquarium Fishes, book 4 – Dr. Herbert Axelrod - T.F.H. Publications, Inc. –1976
A Fishkeeper’s Guide to Fish Breeding – Dr. Chris Andrews – Salamander Book Limited, London
– New York – 1986
A Criação de Peixes Tropicais – Earl Schneider - Editorial Presença, Lisboa – 1989
Exotic tropical Fishes – Expanded Edition (Looseleaf ) – Herbert R. Axelrod; Cliff W.Emmens;
Warren E. Burgess; Neal Pronek; T.F.H. Publications, Inc. – 1996 Conteúdo: Plantas de aquário,
Criação comercial de peixes tropicais, Peixes tropicais (Fichas em ordem alfabética), Manejo do
aquário
Biologia da Reprodução de Peixes Teleósteos: Teoria e Prática – Anna Emília de M. Vazzoler –
Editora da Universidade Estadual de Maringá – 1996
Criação de Peixes de Aquário – Inês Scheurmann - Editorial Presença, Lisboa – 1997
Breeding Aquarium fishes – A Complete Introduction – Herbert R. Axelrod – T.F.H. Publication
Inc

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APOSTILA DO CURSO
AQUICULTOR

Saúde

Enfermedades de los Peces Ornamentales – Daniel Carnevia – Editorial Agrovet S.A., Buenos
Aires, Argentina – 1993
Doenças Infecciosas e Parasitárias de Peixes – Mauricio Laterça Martins – BoletimTécnico no
3 - 2a edição – Centro de Aqüicultura da UNESP – Jaboticabal – S P – 1998
Principais Parasitoses e Doenças dos Peixes Cultivados – Fernando Kubitza & Ludmilla M. M.
Kubitza – 3 ed. rev. – Jundiaí - 1999

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