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Resumo: Este trabalho apresenta uma breve discussão sobre a transferência de calor entre
um cilindro ferromagnético inserido em um tubo e água escoando no interior deste tubo. Foram
utilizados os parâmetros físicos de um chuveiro doméstico para dimensionar um aquecedor
elétrico indutivo hipotético. Buscou-se a temperatura da água na saída do aquecedor indutivo.
Cálculos analíticos aproximados foram comparados com métodos numéricos. Para simulação
do comportamento térmico e hidrodinâmico do escoamento, foram utilizados os softwares
ANSYS Workbench, ANSYS CFX e EES. A temperatura da água medida na saída do
chuveiro foi comparada com as temperaturas da água calculadas para o aquecedor indutivo.
I. Introdução
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Figura 1: Dispositivo de aquecimento utilizando indução.
Busca-se o valor da temperatura média da água na saída do dispositivo aquecedor por indução
eletromagnética.
Γ Γ Γ (1)
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Na equação anterior, q” representa o fluxo de calor por convecção, proporcional à diferença
entre as temperaturas da superfície e do fluido, Ts e Tx, respectivamente. A constante de
proporcionalidade h é o coeficiente de transferência de calor por convecção [3], [5], [6] e [8].
Nesse trabalho o escoamento no tubo está completamente confinado. Fazendo um simples
balanço global de energia é possível determinar a temperatura média aproximada na saída [4] e
[9]. A transferência convectiva de calor total qconv está relacionada à diferença entre as
temperaturas na saída e na entrada do tubo. Considerando-se a água como um fluido
incompressível e com cp constante pode-se escrever [2] e [4]:
. . , , (3)
Onde qconv é a taxa total de transferência de calor no tubo, m é a vazão mássica, cp é o calor
específico da água, Tm,o e Tm,i são as temperaturas médias na entrada e saída respectivamente.
Esta é uma expressão geral que se aplica independentemente da natureza térmica da superfície e
das condições do escoamento no tubo.
Considerando o fluxo de calor q”s constante e distribuído uniformemente na superfície do
cilindro ferromagnético então [2] e [4]:
"
. (4)
Onde A é a área da superfície do cilindro. Substituindo (4) em (3) obtém-se a equação que
determina a temperatura média aproximada na saída:
".
, , (5)
.
V. Metodologia Numérica
A solução numérica das equações diferenciais que governam o escoamento foi realizada
através da técnica de volumes finitos. Foram utilizados os softwares ANSYS Workbench
V8.1 e ANSYS CFX V10.0. O processamento foi realizado em cinco etapas:
A. No ANSYS Workbench:
1. Modelamento do domínio do fluido;
2. Verificação da estrutura, confecção da malha superficial e da malha volumétrica;
B. No ANSYS CFX:
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3. Pré-processamento: Definição das condições de contorno e dos modelos hidrodinâmico
e térmico;
4. Solver: Resolução e acompanhamento da convergência do problema especificado nas
etapas anteriores;
5. Pós-processamneto: Foi visualizado o comportamento das variáveis do problema
através de imagens bidimensionais e tridimensionais.
Tipo Detalhe
Subsônico
Taxa de Fluxo de Massa 0,05636 kg/s
Entrada Inlet Direção do Fluxo Normal
Turbulência Média 5%
Temperatura Estática 25 ºC
Sem Deslizamento
Núcleo Wall Parede Lisa
Fluxo de Calor 846.490 W/m2
Pressão Estática 1 atm
Saída Outlet
Subsônico
Sem Deslizamento
Tubo Wall Parede Lisa
Adiabático
Tabela 3: Condições de contorno utilizadas.
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A Tabela 4 apresenta os modelos utilizados.
Modelo de Transferência
Thermal Energy
de Calor
1º k – Épsilon
Modelos de Turbulência
2º Shear Stress Transport
Tabela 4: Modelos do fluido utilizados.
Cálculo Analítico
Considerando Área Total 42,63
Aproximado
1 42,73
k - Épsilon 2 43,84
3 47,04
1 42,76
Modelos de Turbulência
• Iterações: Max. 200
• Resíduo Alvo: 1E-6
Método Numérico
2 42,67
• Convergência
3 42,96
Upwind
Conservativa
• Com Transiente 1 42,46
de Turbulência 2 42,67
• Convergência
Agressiva 3 42,96
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Figura 11: Distribuição da temperatura. Figura 12: Iso-superfície da temperatura
no cilindro ferromagnético. máxima do fluido.
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escoamento. Comparando as Figuras 13 e 14 observa-se na Figura 13 a assimetria na
distribuição da temperatura de saída devido à malha 2 estar deficiente.
VIII . Conclusões
Os valores encontrados provenientes do método numérico são mais confiáveis, uma vez
que foram levadas em consideração as características físicas exatas do dispositivo trocador de
calor, bem como a inter-relação das variáveis envolvidas no processo hidrodinâmico e térmico.
A utilização da malha de 644.593 elementos tetraédricos com ângulo interno maior que 10º
evitou a assimetria da temperatura de saída e a utilização do modelo de turbulência SST com
advecção upwind evitou as oscilações numéricas ajudando na convergência da malha mais
refinada.
Comparando os valores obtidos pelo método analítico e numérico, conclui-se que os
resultados foram satisfatórios.
O trabalho de determinar a temperatura mais correta na saída do dispositivo aquecedor por
indução eletromagnética foi facilitado com a utilização de recursos numéricos. Acredita-se que
trabalhos de otimização hidrodinâmica e térmica poderão ser facilitados com a utilização destes
recursos, auxiliando no desenvolvimento de trocadores de calor e conversores de energia mais
eficientes.
Pretende-se, no futuro, variar algumas características físicas do dispositivo aquecedor
indutivo para comparações. Os softwares de processamento numérico ANSYS Workbench e
ANSYS CFX, utilizados neste trabalho, poderão auxiliar nessas simulações.
Referências
[1] ANSYS CFX release 10.0. “Tutorial 14 – Conjugate Heat Transfer in a Heating Coil”.
2005.
[2] G. F. Hewitt, G. L. Shires and T. R. Bott. “Process Heat Transfer”. CRC Press. 1994.
[4] S. Kakaç and H. Liu. “Heat Exchangers – Selection, Rating and Thermal Design”. CRC
Press. 1998.
[5] D. Q. Kern. “Processos de Transmissão de Calor”. Editora Guanabara Koogan S.A.. 1980.
[6] F. Kreith. “Princípios da Transmissão de Calor”. Editora Edgard Blücher Ltda. 1977.
[10] R. K. Shah and D. P. Sekulic. “Heat Exchangers”. John Wiley & Sons. 1998.
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