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Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região - 1º Grau

Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região - 1º Grau

O documento a seguir foi juntado ao autos do processo de número 0020889-74.2017.5.04.0702


em 28/07/2017 11:39:34 e assinado por:
- EDUARDO CAZZAROTTO MOUSQUER

Consulte este documento em:


https://pje.trt4.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
usando o código: 17072811104217000000040090972

17072811104217000000040090972
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO TRABALHO DA
VARA DO TRABALHO DE SANTA MARIA/RS.

ANGELO ARMANDO CHARÃO ANCINA JUNIOR, brasileiro,


solteiro, desempregado, portador do RG 3079833541, inscrito no
CPF sob nº 005.735.880-07, residente e domiciliado a Rua Conde
de Porto Alegre, nº 804, casa 1, Bairro Rosário (centro), CEP
97.015-110, na cidade de Santa Maria/RS, vem por meio de seu
procurador devidamente qualificado à presença de Vossa
Excelência, pelo rito sumaríssimo Art. 852-A CLT, propor a
presente;

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

em face de MEU ESCRITÓRIO BAR – VITOR MECINA, com


estabelecimento localizado a Rua Do Rosário, nº 420, Bairro
Rosário, CEP 97.010-430, Santa Maria/RS, pelos fatos que passa a
expor.

I. DO CONTRATO DE TRABALHO:

O reclamante foi contratado em 05/03/2016 para trabalhar para o


reclamado na atividade de cozinheiro com jornada de trabalho determinada,
das 19h à 1h de segunda a sexta, recebendo o salário de R$ 1.800,00 (mil e
oitocentos reais) por mês.

Assim, o reclamante trabalhou até a data em que foi demitido em


22/03/2017 sem ter recebido valor algum relativo ao período trabalhado. Ou

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seja, passou todo o período trabalhado e a reclamada não anotou a CTPS do
reclamante formalizando a relação de emprego ocorrida.

II. DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS:

A prestação de serviço ocorreu na atividade de cozinheiro no Bar Meu


Escritório o qual é de propriedade de VITOR MECINA o contratante reclamado,
neste período o reclamante teve a prestação de serviços em uma jornada de
trabalho diária ocorrida das 19H a 1h de segunda a sexta feira.

Tendo o reclamante trabalhado além da jornada diária de trabalho na


quinta feira e sexta feira até às 2h, ou seja, trabalhando estas horas a titulo de
Hora Extra.

No desempenho da prestação de serviços laborou como cozinheiro da


produção de lanches em geral (xis, pastel, bata frita), ainda, realizava as
atividades de garçom servindo e alcançando bebida aos clientes consumidores
do estabelecimento.

Ou seja, possui jornada de trabalho de 30h semanais, com desempenho


de 2h extras por semana, ainda, no período de Janeiro/2017 até dia 15 de
Fevereiro/2017 o estabelecimento ficou fechado e o reclamante ficou em
“férias”, ocorre que neste período de recesso ficou sem receber salário.

III. DO VINCULO DE EMPREGO:

Durante o período trabalhado de aproximadamente 12 meses e


17 dias, o reclamante trabalhou exclusivamente para a reclamada, sendo que a
natureza empregatícia jamais foi reconhecida por esta, a qual se utilizou dos
serviços.

Ou seja, na prestação de serviço ocorrida a reclamada foi de fato


empregadora direta do reclamante, tendo no período trabalhado

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indiscutivelmente existido relação de emprego com evidente cumprimento dos
requisitos do Art. 2º CLT e Art. 3º da CLT, ou seja, a prestação de serviços
ocorreu com pessoalidade na pessoa do reclamante, não eventualidade já que
trabalhou diariamente de Segunda a Sexta (5 dias na semana) de forma
permanente, com onerosidade, ou seja, mediante salário no valor de R$
1.800,00 (mil o oitocentos reais) por mês trabalhado, subordinação pela
delimitação da prestação de serviços e jornada de trabalho, bem como,
supervisão da reclamada (VITOR MECINA). Ainda, basta salientar para
corroborar o fato que o reclamante no período sempre trabalhou com
exclusividade para a reclamada.

Neste sentido, esclarece a doutrina;

O requisito da subordinação é aquele estado de dependência real criado por


um direito, o direito do empregador de comandar, dar ordens, donde nasce
a obrigação correspondente do empregado de obedecer a estas ordens,
sempre, é claro, nos limites legais e ético-morais, segundo Paul Colin,
citado por Délio Maranhão. Para a configuração da natureza sinalagmática
(obrigações contrárias e equivalentes) e onerosa (à prestação de trabalho
corresponde à contraprestação salarial) é preciso que haja pagamento de
salário.

É sabido que a relação de emprego tem como elemento caracterizador


essencial a relação subordinada entre empregado e empregador. Não
apenas a subordinação adquire a conotação subjetiva, no sentido de que o
empregado tem de cumprir ordens emanadas do empregador, como
também no sentido objetivo, consistindo na inserção do trabalho
desempenhado pelo empregado dentro dos fins econômicos da empresa.
Este último aspecto é de extraordinária relevância porque enquadra-se
dentro da noção de contrato-realidade, tal como exposto por Mario de La
Cueva, segundo a qual, a relação de emprego de empresas se estabelece
com a sua própria execução. Para o referido autor, é o próprio trabalho e
não o acordo de vontades que determina a existência do contrato, sendo
sua essência a venda da força de trabalho subordinada e não a consciência
de integração na empresa. A consensualidade nasce do acordo de realizar
atos de trabalho, adquirindo matizes objetivas em face dos modos de
produção adotados na realidade econômico-social. Pelo que foi exposto,
nota-se que a consensualidade, nela inserida a subordinação, dirige-se ao
concreto, à realização de atos de trabalho, consistindo numa das facetas
das relações de produção. (FRANCISCO ROSSAL DE ARAÚJO, in
REVISTA TRT - 4ª Região, nº 27, p.34/35).

IV. DO ADICIONAL NOTURNO:

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Conforme se verifica o reclamante trabalhou diariamente das 19h às 1h
como cozinheiro em período noturno, tendo recebido salário de R$ 1.800,00
(mil e oitocentos reais).

Em tal período o reclamante não recebeu o Adicional noturno o


qual tem direito por trabalhar em jornada de trabalho noturna, pois conforme se
verifica é devido ao trabalhador que trabalha a noite o Adicional Noturno no
percentual legal 20% sob o valor da Hora Diurna nos termos do Art. 73 da CLT.

Vajamos que a interpretação do art. 73 da CLT, deve ser


teleológica e sistemática, ou seja, considerando o bem jurídico tutelado pelo
legislador, não apenas a vida familiar e social do trabalhador, notadamente
prejudicada pelo trabalho noturno a partir das 22h e até às 5h do dia seguinte.

Ou seja, é devido ao reclamante o pagamento de adicional


noturno no percentual de 20% sob o salário recebido, ou seja, 3 horas noturnas
diárias trabalhadas dentro da jornada, diferença de R$ 7,20 (sete reais e vinte
centavos por dia trabalhado), multiplicado pelos 240 dias de serviços prestados
no período trabalhado de 05/03/2016 a 22/03/2017, que totaliza no valor de R$
1.728,00 (um mil setecentos e vinte e oito reais), com reflexo em INSS no valor
de R$ 138,24 (cento e trinta e oito reais e vinte e quatro centavos) e FGTS no
valor de R$ 138,00 (cento e trinta e oito reais).

V. DAS HORAS EXTRAS:

O reclamante trabalhou para a reclamada em jornada de trabalho


compreendida das 19h até às 1h de segunda feira a sexta feira, ocorre que,
nas quintas e sextas sempre trabalhou até às 2h, ou seja, uma hora a mais da
jornada de trabalho por dia, ou seja, 2 horas extras semanais que o reclamante
não recebeu e que são devidas no percentual total de 92 horas extras no
contrato de trabalho que totaliza no valor de R$ 1.656,00 (mil seiscentos e
cinquenta e seis reais), com reflexo em INSS no valor de R$ 132,48 (cento e
trinta e dois reais e quarenta e oito centavos) e FGTS no valor de R$ 132,48

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(cento e trinta e dois reais e quarenta e oito centavos), com acréscimo do
Adicional Noturno de 20% nas horas integrais no valor de R$ 331,20 (trezentos
e trinta e um reais e vinte centavos), com reflexo em INSS no valor de R$26,49
(vinte e seis reais e quarenta e nove centavos) e FGTS no valor de R$ 26,49
(vinte e seis reais e quarenta e nove centavos).

VI. DOS PEDIDOS:

Ante todo o exposto, requer a condenação da reclamada nos seguintes


pedidos:

a) O reconhecimento do vinculo empregatício existente entre as partes,


no período compreendido entre o dia 05 de março 2016 a 22 de março
de 2017 e seus efeitos legais em reflexos e verbas rescisórias, sendo a
Reclamada condenada a pagar ao Reclamante as seguintes parcelas.

1. Com a condenação nas seguintes verbas: Verbas rescisórias do período


trabalhado, sendo elas Saldo de Salário 22/30 no valor de R$ 1.320,00
(mil trezentos e vinte reais) com reflexo em INSS no valor de R$ 105,60
(cento e cinco reais e sessenta centavos) e FGTS no valor de R$ 105,60
(cento e cinco reais e sessenta centavos); Aviso prévio indenizado no
percentual de 33 dias no valor de R$ 1.980,00 (mil novecentos e
oitenta reais) com reflexo em INSS no valor de R$ 178,20 (cento e
setenta e oito reais e vinte centavos) e FGTS no valor de R$ 158,40
(cento e cinquenta e oito reais e quarenta centavos); 13º Salário 10/12
(2016) no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) com reflexo
INSS no valor de R$ 120,00 (cento e vinte reais) e FGTS no valor de R$
120,00 (cento e vinte reais); 13º Salário 3/12 (2017) no valor de R$
450,00 (quatrocentos e cinquenta reais) com reflexo em INSS no valor
de R$ 36,00 (trinta e seis reais) e FGTS no valor de R$ 36,00 (trinta e
seis reais); Férias Simples 12/12 + 1/3 (05/03/2016 a 04/03/2017) no
valor de R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais); Férias
Proporcionais 1/12 + 1/3 (05/03/2017 a 22/03/2017) no valor de R$

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200,00 (duzentos reais); Férias Indenizadas 1/12 + 1/3 (Aviso Prévio)
no valor de R$ 200,00 (duzentos reais); FGTS do período (05/03/2016 a
22/03/2017) no valor de R$ 2.160,00 (dois mil cento e sessenta reais);
Multa 40% FGTS no valor de R$ 864,00 (oitocentos e sessenta e quatro
reais);

1.2 Ao pagamento do adicional noturno no percentual de 20% sob o


valor da Hora de trabalho, em virtude da prestação de trabalho noturno
entre 22h á 1h no valor de R$ 1.728,00 (um mil setecentos e vinte e oito
reais), com reflexo em INSS no valor de R$ 138,24 (cento e trinta e oito
reais e vinte e quatro centavos) e FGTS no valor de R$ 138,00 (cento e
trinta e oito reais);

1.3 O reconhecimento das Horas Extras realizadas no percentual de 92


horas extras no contrato de trabalho que totaliza no valor de R$ 1.656,00
(mil seiscentos e cinquenta e seis reais), com reflexo em INSS no valor
de R$ 132,48 (cento e trinta e dois reais e quarenta e oito centavos) e
FGTS no valor de R$ 132,48 (cento e trinta e dois reais e quarenta e oito
centavos), com acréscimo do Adicional Noturno de 20% nas horas
integrais no valor de R$ 331,20 (trezentos e trinta e um reais e vinte
centavos), com reflexo em INSS no valor de R$26,49 (vinte e seis reais
e quarenta e nove centavos) e FGTS no valor de R$ 26,49 (vinte e seis
reais e quarenta e nove centavos);

1.4 Condenação da Reclamada no pagamento de vale transporte de


todo o período percentual de 240 dias trabalhados multiplicado pelo
preço da passagem de R$ 3,30 (três reais e trinta centavos), no valor
total de R$ 816,00 (oitocentos e dezesseis reais);

1.5 Proceder nos recolhimentos previdenciários incidentes sobre a


remuneração percebida pelo Reclamante, assim como sobre as parcelas
não recebidas e não indenizadas a serem deferidas nesta decisão;

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b) O pagamento da multa prevista no artigo 467 da CLT, ou seja,
50% das verbas rescisórias no valor de R$ 5.966,90 (cinco mil
novecentos e sessenta e seis reais e noventa centavos), caso a
Reclamada não venha a pagar as verbas rescisórias incontroversas
na data do comparecimento a Justiça do Trabalho;

c) Pagamento da indenização prevista no Art. 477 § 6° e §8° da CLT no


percentual do maior remuneração recebida, ou seja, R$ 1.800,00 (mil
e oitocentos reais);

d) Honorários de assistência judiciária, em conformidade com a Lei nº


5.584/70 e Enunciados 219 do TST, bem como em razão do art. 133
da CF e Lei 1060/50.

Diante de todo o exposto, requer:

a) A notificação da Ré para, querendo, comparecer a audiência de conciliação


a ser designada por este juízo e, se desejar, apresentar defesa nos termos
legais, sob pena de revelia e a confissão ficta;

b) O benefício da justiça gratuita, por ser pessoa pobre, no sentido legal do


termo, não dispondo de recursos para atender as despesas processuais sem
privar-se dos meios necessários à própria subsistência e de seus familiares,
nos termos do art. 790, § 3º, da CLT;

c) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


requerendo desde já a realização de perícias, inspeções judiciais, oitiva de
testemunhas e depoimento pessoal do representante legal da reclamada;

d) a intimação dos órgãos competentes - DRT, INSS, MPT – a fim de que


tomem conhecimento acerca do desrespeito aos direitos trabalhistas aqui
evidenciados.

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Dá-se a causa o valor provisório de R$ 24.826,08 (vinte e quatro mil oitocentos
e vinte e seis reais e oito centavos).

Termos em que,
pede o deferimento.

Santa Maria, 28 de julho de 2017.

_________________________________________
EDUARDO CAZZAROTTO MOUSQUER
OAB/RS 84.796

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