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Manuseio hidroeletrolítico no recém-nascido

• No período fetal 95% do peso corporal é representado por água. No final da gestação,
essa percentagem cai para 75%.
• O balanço hídrico do RN está relacionado a quantidade de água corporal, o volume de
líquidos administrados e perdas hídricas. Cada uma dessas variáveis se altera pela idade
gestacional e idade pós-natal.
• Perdas hídricas: Fezes, respiração, urina e pele.
• Perdas fecais e respiratórias, habitualmente, não são as mais importantes.
Fecais : 5ml/kg/dia
Respiratórias: 7 a 14 ml/kg/dia
• Perdas urinárias podem ser significativas. Após o nascimento ocorre um aumento da
filtração glomerular, que continua aumentando nas semanas seguintes, relacionada com
a idade pós natal.
• A reabsorção de sódio está diminuída nos prematuros de muito baixo peso, com aumento
da perda de sódio na urina.
• A capacidade de excretar potássio, nos RN prematuros, é diminuída. Pode ocorrer
hipercalemia não oligúrica. A concentração urinária, também está comprometida nesses
pacientes, o que limita seu uso para avaliação da hidratação.
• Perdas hídricas da pele são as mais importantes no pré-termo. 2/3 das perdas insensíveis
são transepidérmicas. Quanto menor a idade gestacional, maior são as perdas. Ao final
da primeira semana, ocorre redução da perda insensível.
Perdas insensíveis Perdas insensíveis
Prematuridade Umidificação
Berço aquecido Cobertura plástica no berço
Fototerapia Incubadora com parede dupla
Hipertermia Ventilação com umidificação
Taquipneia
• Controle da oferta e perdas de eletrólitos devem ser rigorosas. Os prematuros extremos
apresentam perdas insensíveis excessivas e necessitam de grande quantidade de calorias
e líquidos.
• Avaliação clínica: Fontanela bregmática deprimida com suturas cavalgadas, saliva
espessa, perfusão periférica >3seg e FC >160 bpm podem ser indicativos de desidratação.
• Peso: do RN a termo e prematuros com >1.500g, deve ser mesurado diariamente. Nos
RNPT <1.500g, devem ser pesados duas vezes, se possível.
• A perda de peso normal do RNT, pode chegar a 10%. Nos RNPT, perdas >20% indica
excesso de perda hídrica, se for <2% a oferta hídrica está excessiva.
• Laboratório: Coleta de eletrólitos deve ser diário. Dosagens de ureia e creatinina, devem
ser feitas desde o início para avaliação da função renal. Hiponatremia na primeira semana
pode significar hiper-hidratação e hipernatremia desidratação.
• Balanço hídrico: Deve ser registrados todas as perdas (diurese, sonda gástrica, drenos,
etc) e aportes (medicações, soro, sangue etc). Nas crianças instáveis, deve calculado a
cada 6 horas. O aumento da densidade urinária pode indicar desidratação, se
constantemente baixa suspeita-se de hiperidratação.
• Administração de líquidos e eletrólitos: Quanto menor a IG, maior será a necessidade
de líquidos. Nos RN com asfixia e doença respiratória a oferta de líquidos deve ser
diminuída.
• Para RNT: leite materno deve ser oferecido sempre que o RN tiver condições clinicas para
uso da via enteral. Se houver necessidade de oferta de líquidos EV, pode seguir o
esquema:
1° dia de vida 60 – 80 ml/kg/dia Soro Glicosado a 10%

4-6 mg/kg/min de taxa de infusão de glicose

*Não se faz necessário acrescentar


eletrólitos, apenas cálcio (gluconato de
cálcio a 10% - 4ml/kg/dia).
2° ao 7° dia de vida Se boa diurese (1 a 2 ml/kg/h) e eletrólitos
estiverem nos limites da normalidade:
- Volume de líquidos: aumentar em 10-
20ml/kg/dia, chegando ao final da semana
com ingesta de 80-120ml/kg/dia.
- Glicose: a taxa de infusão deve ser
aumentada cerca de 10 a 15% a cada dia (1-
2g/kg/dia)
- Sódio: iniciada entre 2° e 3° dia de vida,
dependendo da diurese e níveis
plasmáticos, 2 – 4 mEq/kg/dia.
- Potássio: somente se houver boa função
renal, inicia-se entre 2° e 3° dia de vida, 1 a
2,5 mEq/kg/dia.
- Nutrição: a via enteral deve ser iniciada o
mais precocemente possível. Se não for
possível, iniciar a nutrição parenteral total
conforme indicações.

Para RNPT: Não costuma ser possível o suprimento de todas as necessidades hídricas por via
enteral. Quando a oferta de líquidos for EV, pode-se seguir o esquema.
1° dia de vida Soro deverá conter água, glicose e cálcio.
O volume varia conforme IG, peso ao
nascimento e equipamento para manter o
prematuro aquecido.
- Glicose: inicia-se a oferta com 4 a
6mg/kg/min (6 a 8g/kg/dia) e aumenta
2
progressivamente (0,5 a 1,5 mg/kg/min ou 1
a 2g/kg/dia) enquanto se manter
normoglicemia.
*Concentrações <2,5% de glicose predispõe
*Lembrar que a administração de líquidos à hemólise, devido a baixa osmolaridade. A
em excesso aumenta o risco de abertura do concentração da solução deve ser no
canal arterial, displasia broncopulmonar e máximo de 12,5% quando feita por veia
hemorragia cerebral emprematuros! periférica.
2° ao 4° dia de vida - Volume de líquidos: o aumento diário deve
ser em torno de 20ml/kg/dia, de acordo com
a clínica e laboratório.
- Glicose: alguns prematuros extremos
necessitam de volume maior de líquidos e
apresentar intolerância à glicose. Alguns
casos se faz necessário insulina para evitar
hiperglicemia.
- Sódio: com hidratação adequada, ocorre
redução do espaço extravascular de forma
isotônica, sem necessidade de reposição de
sódio.
- Potássio: 2 a 3 mEq/kg/dia a partir do 2° dia
de vida. Peso <800g = risco de hipercalemia
não oligúrica.
- Cálcio: Gluconato de cálcio 10% em volume
4ml/kg/dia (20 a 30mg/kg/dia).
*Lembrar que valores aumentados de sódio - Nutrição: iniciar a nutrição parenteral
podem corresponder à falta de fluidos e precocemente e a enteral mínima assim que
valores baixos a excesso de líquidos! possível.
5° dia em diante - Volume de líquidos: 120-150ml/kg/dia
Prematuros extremos pode necessitar de
volumes > 160ml/kg/dia.
- Glicose: Ajustada de acordo com glicemia
plasmática. (8mg/kg/dia em alimentação
parenteral associada ou não ao uso da vi
enteral).
- Sódio: 3 a 5 mEq/kg/dia. Ao final da
primeira semana, pode aumentar a
*Inicia-se fase de manutenção hídrica. Há necessidade de sódio devido a maior perda
redução na perda insensível. A necessidade urinária.
de aumento da oferta hídrica é menor, -- Potássio: 2 a 3 mEq/kg/dia
Cálcio: 20 – 30 mg/kg/dia (4ml de
devendo ser promovido o aumento do gluconato de cálcio a 10%).
volume ofertado pela via enteral.

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