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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC

MÚSICA LICENCIATURA - SOBRAL


PROF. ISRAEL VICTOR
DISCIPLINA: PRÁTICA INSTRUMENTAL 4: CORDAS FRICCIONADAS

MIQUÉIAS GOMES FERREIRA

TRABALHO SOBRE A HISTÓRIA DO ENSINO COLETIVO DE MÚSICA E AS


PRINCIPAIS METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE CORDAS FRICCIONADAS

SOBRAL
2017
MIQUÉIAS GOMES FERREIRA

TRABALHO SOBRE A HISTÓRIA DO ENSINO COLETIVO DE MUSICA E AS PRINCIPAIS


METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE CORDAS FRICCIONADAS

Trabalho apresentado ao Curso de Música


Licenciatura em Sobral-CE da Universidade Federal
do Ceará, como requisito parcial à obtenção da
avaliação I de prática instrumental 4: cordas
friccionadas.

Prof. Israel Victor.

SOBRAL
2017
RESUMO
Estudo bibliográfico sobre o Ensino Coletivo de Instrumento Musical (ECIM), na qual levanta-se a
história deste movimento e as principais metodologias para o ensino coletivo de cordas
friccionadas. Assim a partir de leituras pertinentes se faz um levante deste conhecimento e ousa-se
escrever e até refletir sobre esta perspectiva utilizando como foco o contexto atual para o ensino de
música. Destaca-se os estudos de Cruvinel (2003) e Ying (2007) além do método Suzuki para o
ECIM de cordas friccionadas. Por fim reflete-se sobre a necessidade desta metodologia como forma
de educação musical nos ambientes específicos e na escola básica.

1 INTRODUÇÃO

Neste trabalho acadêmico, proposto como avaliação da disciplina de prática


instrumental, se discorrerá sobre a história do ensino coletivo de música e as principais
metodologias para este mesmo ensino, destacando questões pontuais como o seu desenvolvimento e
perspectivas atuais para a educação musical.
Destaca-se que este estudo e a apropriação do discurso da necessidade do ensino
coletivo de instrumento musical (ECIM), como ora é proposto discorrer, deve ser uma bandeira
levantada pelos estudantes de licenciatura em música, bem como por cada instrumentista que em
algum momento estará na condição de professor.
Para atingir o objetivo a ser alcançado foi feito uma pesquisa bibliográfica em livros,
sites, artigos acadêmicos e dissertações cuja temática é a que aqui se propõe estudar, o ECIM.
Sendo assim, foi feita uma leitura atenta em livros de história da música, cita-se alguns: História da
Música no Brasil, Vasco Mariz (2005); História & Música: Historia cultural da música popular,
Marcos Napolitano (2002), bem como em dissertações e artigos: Efeitos do ensino coletivo na
iniciação instrumental de cordas: a educação musical como meio de transformação social, Flávia
Maria Cruvinel (2003); O ensino coletivo direcionado no violino, Liu Man Ying (2007)
A leitura generalizada da história da música e a especifica como bem foi descrito acima
foi precisa para uma melhor contextualização do período e ideologias para este aprendizado durante
o espaço temporal que vem sendo desenvolvido o ECIM.
Assim, o trabalho será dividido em duas partes, na primeira traz-se uma exposição da
história do ECIM no Brasil e suas primeiras intervenções que advieram dos Estados Unidos e
posteriormente da Europa e na segunda parte destaca-se algumas metodologias (homogêneas e
heterogêneas) para o ECIM de cordas friccionada em especial o método Suzuki.

2 HISTÓRIA DO ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTO MUSICAL

Ying (2007) descreve o início do ensino coletivo de instrumentos de cordas como sendo
nos Estados Unidos e posteriormente na Europa, sendo somente em 1980 divulgada em ampla
escala a partir da Inglaterra. Menciona o interesse por música de orquestra como sendo o principal
estimulador desta metodologia ter de propagado.
Inicialmente estas aulas aconteciam fora do currículo escolar e com características bem
particulares para aquele momento, como está descrito na citação a seguir:

“Essas organizações iniciais eram consideradas atividades extracurriculares, sem lugar


estabelecido no programa da escola, e seus ensaios eram forçosamente após o turno das
aulas. Seus membros eram alunos de professores particulares. A instrumentação, no melhor
dos casos, era limitada àquela da orquestra comum de teatro, a saber, primeiro e segundo
violinos, ocasionalmente um contrabaixo e um violoncelo, trompetes, trombones,
clarinetes, flautas, percussão e piano. A finalidade dos supervisores que organizaram essas
primeiras orquestras não incluía o ensino técnico de instrumentos e nem tinha a intenção de
formar uma orquestra de alunos iniciantes. Os alunos que já tinham alguma habilidade
reconhecida eram escolhidos e reunidos na melhor formação possível, que suas diferentes
capacidades permitiram.” (BIRGE apud YING, 2007, p. 11)

A partir de 1950 o ensino de instrumentos de cordas foi implementado por professores


de coral, dando portanto continuidade a uma cultura musical das igrejas. Existiam inclusive
professores itinerante que viajavam fazendo este trabalho musical.
É desta época a propagação da metodologia ECIM com várias academias sendo abertas
com esta perspectiva de ensino, como comenta Ying (2007), tendo apresentações com até 3500
componentes. Sabe-se deste período o possível primeiro método de ensino coletivo de cordas de
Lewis Benjamim.
Assim o ensino individual e com professores particulares ganha um concorrente que
seria a metodologia de ensino coletivo de instrumentos. Neste momento na Inglaterra surge um
movimento de ensino coletivo de violino chamado “The Maidstone Moviment”, considerados por
muitos como o início da ideia do ensino coletivo de instrumentos. Vindo logo após esta
implementação em escolas públicas (Ying, 2007).
Faz-se aqui um recorte para o ensino coletivo no Brasil, inicialmente mencionando
Villa-Lobos e depois referenciando alguns precursores. É interessante dizer que este estudo é
superficial e para um melhor aprofundamento é aconselhado a leitura completa destas obras, do
referencial teórico deste artigo, bem como outras leituras complementares.
No Brasil, apesar da musicalidade anterior e da historicidade musical desta nação
(Napolitano, 2002; Mariz, 2005), o destaque inicial para o ensino coletivo de música se deve a
Heitor Villa-Lobos que em 1930 articula a maior implementação de educação musical na escola
básica brasileira a partir de uma perspectiva de aprendizagem coletiva, na qual deu o nome de
Canto Orfeónico.
Como este é um relato histórico não é pretensão adentrar aos fatos peculiares deste
processo educacional musical, coube destacar a grandiosidade e a característica comum ao ensino
coletivo.
Destaca-se também “No Brasil, nomes como Alberto Jaffé (pioneiro no Ensino Coletivo
de Cordas), José Coelho de Almeida (pioneiro do Ensino Coletivo de Sopros), Pedro Cameron,
Maria de Lourdes Junqueira, Diana Santiago, Alda Oliveira, Cristina Tourinho, Joel Barbosa, Maria
Isabel Montandon, Abel Moraes, João Maurício Galindo, entre outros, utilizam o ensino coletivo
como metodologia eficiente na iniciação instrumental.”(Cruvinel, 2003)
Por conseguinte pretendeu-se neste tópico fazer referência a onde e como se iniciou esta
metodologia de ensino e mencionar os pioneiros e principais nomes. Na seção a seguir falaremos
especificamente do ensino coletivo de cordas friccionadas, fazendo um levante da metodologia de
ensino “Método Suzuki” e refletindo estas metodologias como processo de educação musical dentro
da escola.

3 ENSINO COLETIVO DE CORDAS FRICCIONADAS: MÉTODO SUZUKI

Surge com a propagação do ensino coletivo de instrumentos musicais (ECIM) a


necessidade de pesquisas, estudos científicos e pedagógicos para uma melhor formulação desta
metodologia, bem como entender suas vantagens no ensino de música, visto que traz embutido na
sua forma de execução, a democratização deste ensino, sendo pois ofertado a um maior contingente
de interessados. Corrobora com este pensamento Cruvinel (2003) quando diz que os conceitos, as
concepções e as metodologias necessitam de pesquisas e discussões para maior aprofundamento
sobre a temática, bem como, produção de conhecimento.
Assim perguntas são importantes de serem esclarecidas como comenta Montadon

“O que dar na aula em grupo? Como dar aulas em grupo? Que material usar? Qual o
melhor número de alunos para cada grupo? Para qual faixa etária o ensino em grupo é mais
adequado? Para que nível é mais adequado?” (MONTADON, 2006, p 44).

Cruvinel (2003) em pesquisa e a partir de anais dos Encontros Nacionais de Ensino


Coletivo de Instrumento Musical (ENECIM) e de conversas com pesquisadores do assunto, relata
alguns pressupostos do ECIM: foco na iniciação musical, foco no desenvolvimento técnico-
instrumental, foco na lucratividade, foco nos aspectos de democratização do acesso ao ensino
musical (inclusão e transformação social).
Cabe destacar outro aspecto, que percebe acompanhar o ensino coletivo de
instrumentos musicais desde seu aparecimento, que é de favorecer o ensino na escola (Ying, 2007).
Cruvinel menciona esta importância e outros pesquisadores também o fazem.
Melhor argumenta-se ao descrever um contexto local de ensino de música dentro do
currículo da escola básica, mais especificamente o ensino fundamental final (6º ao 9º anos), quando
de uma pesquisa de levantamento, descobre-se que, efetivamente, 57,1% dos professores lotados
como professor de artes no município de Sobral disseram trabalhar com ensino de música (Ferreira,
2016).
Nesta pesquisa levantou-se que 100% das escolas em Sobral tem aulas de Artes no
currículo, com direcionamento da Secretaria Municipal de Educação de que estas aulas sejam
utilizadas para o ensino de artes, mesmo não o sendo como mostra o dado do parágrafo anterior,
ofertando ainda, uma formação mensal com o objetivo de formar estes profissionais (Ferreira,
2016). Portanto com o direcionamento correto esta cidade poderia se apropriar do ensino coletivo
de instrumentos musicais como metodologia de ensino de música nas aulas de artes.
Contudo este tópico tem outro foco o de referenciar o ensino coletivo de cordas
friccionadas, porém foi necessário a argumentação anterior, pois é uma discussão presente e
importante. A seguir descreveremos um dos métodos mais conhecidos de ECIM em cordas
friccionadas, no caso o método Suzuki.
Os métodos de ensino coletivo podem ser gerenciados de forma homogêneas ou de
forma heterogêneas, o primeiro quando realizado com estudantes portando o mesmo instrumento
musical, enquanto que o segundo, apresenta-se uma diversidade de instrumentos exercitando ao
mesmo tempo uma produção musical em comum.
O método Suzuki pode ser direcionado para as duas vertentes de execução, podendo
focar somente num instrumento como em vários. Este método pensado a partir de uma dificuldade
de seu idealizador Shinichi Suzuki em falar a língua alemã e percebendo a facilidade dos nativos,
mesmo as crianças de 3 anos, ao se expressar fluentemente, formulou o pensamento de que o ensino
de música poderia ter esta ideologia básica de natividade ou por assim dizer de aprendizado
acompanhado desde a tenra idade, inclusive com a participação da mãe neste processo (Ying, 2007).
Segundo Ying (2007) esta metodologia divide o tempo da experiência musical em três
partes: a educação para o senso musical: ouvir a gravação das músicas, a afinação: vocalização e ou
canto das obras e a prática do instrumento. Nota-se a simplicidade do método e pela sua
historicidade também nota-se a eficácia do trabalho elaborado por Shinichi Suzuki.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho não tem a pretensão de ser publicado, pelo menos não antes de um
aperfeiçoamento das questões levantadas. Mas apreende-se da leitura feita, e da própria escrita, as
vantagens do ensino coletivo de instrumento musical para a educação musical e até mesmo este
ensino dentro da escola básica.
Com esta pesquisa adentrou-se mais um pouco no universo do ECIM, pois mesmo
muito falado, ainda há muito que se pesquisar e entender. Contudo apreende-se de um discurso de
essencialidade desta metodologia e de uma necessidade de uma presença forte como forma de
educação musical no Brasil.
REFERÊNCIAS

CRUVINEL, Flavia Maria. Efeitos do ensino coletivo na iniciação instrumental de cordas: a


educação musical como meio de transformação social. Goiânia, 2003. Dissertação (Mestrado em
Música). UFG.

FERREIRA, Miquéias Gomes. O Ensino de Música no Município de Sobral: Levantamento sobre a


implementação da música na disciplina de Artes dentro do currículo escolar. Ceará, 2016.
Dissertação (Mestrado em Artes). UFC.

MARIZ, Vasco. História da Música no Brasil (1921). 6ª ed. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2005.

MONTANDON, Maria Isabel. Ensino Coletivo, Ensino em Grupo: mapeando as questões da área.
In: Anais do I ENECIM – Encontro Nacional de Ensino Coletivo de Instrumento Musical. Goiânia:
2004, p.44-48.

NAPOLITANO, Marcos. História & Música: História cultural da música popular. Belo Horizonte:
Autêntica, 2002.

YING, Liu Man. O Ensino coletivo direcionado no violino. São Paulo, 2007. Dissertação (Mestrado
em Artes). USP.

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