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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

INTRODUÇÃO AOS ASPECTOS GESTUAIS DA


REGÊNCIA

PROF. DR. ANDRÉ MUNIZ

POSTURA

NATAL-RN
Um dos principais aspectos extra- musicais a zelar durante a regência é a
postura, afinal de contas o regente é o fio condutor entre o coral ou orquestra e a
platéia:, e desta forma o que fizermos terá certamente reflexo no grupo, e a resposta da
platéia será imediata: regente tenso implica, em grupo "travado", e isso certamente não
causará empatia na platéia, portanto ATENÇÃO!

Eis algumas atitudes que deverão ser observadas:

1- As pernas não deverão estar juntas, como se estivesse em posição de sentido, pois
além de ser estático em excesso não permite o giro do corpo para a perfeita
visualização/comunicação com todos os elementos do grupo. O melhor é manter uma
abertura de aproximadamente 30 cm, variando conforme a altura de cada um.

2- A coluna deverá estar alinhada e ereta.

3- Os ombros ficam relaxados, pois qualquer tensão aqui causara um bloqueio no


movimento lespirat6rio, e a respiração e uma das principais armas que dispomos para
garantir uma boa condução do grupo.

4- A face deve estar calma, sem franzir a testa.

5- O olhar também é de suma importância na comunicação com o grupo, e deve inspirar


confiança, serenidade, concentração e estar em consonância com o caráter da peça

6- Os braços devem formar uma unidade, não sendo permitida a existência de


articulações contraditórias, isto é, ter movimentos diferenciados entre o braço e o
antebraço, ou entre o pulso e o antebraço. Uma das coisas mais importantes a observar
na regência é a clareza, buscando sempre um "foco" que possa ser facilmente
identificado e lido.

GESTO PREPARATÓRIO:
Um dos momentos mais importantes para a obtenção de um nível satisfatório de
performance na música é o inicio da execução, o que se faz através de um gesto
específico que chamaremos de gesto preparatório. Mas é importante ter claro que a
música já começa existir antes mesmo deste. Assim devemos ter alguns cuidados como:

1- antes de levantar os braços proceder a uma "leitura dinâmica" da partitura, ou


seja, ver em que tempo inicia a música, qual é seu andamento, qual o fraseado e
dinâmica, pois o mínirno deslize aqui significará uma dezena de compassos dúbios e
sem expressividade.

2- Somente iniciar a execução após toda a platéia encontrar-se em silêncio, e


certificar-se que todos os integrantes do grupo estão prontos e concentrados, para o
inicio da obra. Quanto ao gesto preparatório em si, este deverá incentivar a respiração
de todos os elementos, deixando claro o andamento, a dinâmica e a articulação em que
se inicia a música.
Forma como se processa o gesto preparatório é variável: ele pode ser feito
através do movimento respiratório, com um movimento de arco do spalla e através da
marcação do compasso. Para nós regentes, o último será o mais utilizado, mas tendo-se
claro que ele somente terá efeito se associado a respiração. Existem duas formas
distintas de gesto preparatório: o que utilizamos quando a música começa "in battere",
ou seja, na cabeça de um tempo. Neste caso partiremos da imobilidade dois tempos
antes, o que possibilitará a marcação do tempo imediatamente anterior como gesto
preparatório. Como exemplo vejamos o inicio de "noite feliz": a música começa no
primeiro tempo de, um compasso temário, portanto devemos partir da imobilidade no
segundo tempo, marcando o terceiro de tal forma a firmar os elementos acima citados.
A segunda forma ocorrera quando temos uma música que é iniciada em parte de tempo.
Neste caso partiremos do tempo imediatamente anterior e marcaremos com veemência
a. parte inicial deste.
A seguir encontraremos exercícios que trazem todas as possibilidades métricas
de inicio de execução nos compassos binário, ternário e quaternário. Convém praticá-las
em frente a um espelho ou com algum colega para criar tamanha solidez no ato do
mesmo que não seja necessário se pensam na hora de executá-la, pois regente que muito
se ocupa de gesto termina por esquecer a música!

MARCAÇÃO:

Toda pratica consciente de uma atividade leva a uma sistematização, que quando
é tomada como base de trabalho de diversas pessoas firma-se como técnica. No caso
especifico da regência a marcação é a base do nosso "metiér", o código que foi sendo
sistematizado ao longo de séculos de performance . Os atuais esquemas de marcação já
foram desenhados de forma sucinta no manual de orquestração de Hector Berlioz, que
dedicava todo um capitulo a condução.

Hoje, os preceitos básicos desta técnica são os seguintes:

1- indiferente do compasso todo o primeiro tempo será marcado para baixo, o penúltimo
para foro e o último para cima.

2- A regência tem o seu desenrolar dentro de um "quadrado invisível", que está


delimitado na base pela cintura, no topo pela cabeça e nas laterais pela aberturo máxima
do braço com as mãos formando um ângulo reto com os mesmos. Este limite existe pelo
fato de que na maioria do tempo os músicos lêem a regência com o uso da visão
periférica, que tem um reflexo de acomodação mais lento que a visão principal.

3- Todo o exagero deverá ser evitado, pois não contribuiu para a clareza e precisão,
viciando o grupo a somente responder com excesso de esforços.
4- Normalmente os arcos que interligam os diversos tempos na marcação de um
compasso são simétricos, a inobservância de tal coisa leva a acentuação sem sentido no
decorrer da musica.
A seguir encontramos os principais esquemas de marcação utilizados
atualmente:

Esquema de marcação: Esquema de marcação: Esquema de marcação: Compasso


Compasso Binário Compasso Ternário Quaternário

Esquema de marcação: 6/8 Esquema de marcação: 9/8 Esquema de marcação: 12/8

Observações:

1- Os compassos subdivididos serão utilizados quando o andamento for muito lento, de


tal forma a dar sustentação a rítmica da peça.
Observações:

1- Os compassos binário e ternário quando em andamentos vivos marcam-se "A UM", o


quaternário e o quinário “A DOIS”, sendo que neste último caso a parte terá do mesmo
será um pouco mais longa, ou seja, sem marcado de forma assimétrica.

2- Os compassos binários quando em andamentos lentos poderão ser marcados "A


QUATRO".

3- O número de tempos que é marcado pelo regente em cada compasso não tem
necessariamente que ser o mesmo que é indicado pela fórmula. Para evitar confusão
avisar aos músicos o número de tempos que você pretende marcar em cada compasso
desta forma: "primeiro movimento desta sinfonia "a quatro" por favor.

TERMINAÇÕES:

A Finalização de uma música pode ocorrer das mais variadas formas: com
fermata, sem fermata, em decrescendo, em crescendo, e assim por diante. Para não se
estender excessivamente no assunto trataremos das finalizações com fermata. Onde
existe a manutenção do plano dinâmico encontrado anteriormente na peça.

REGRA: Toda fermata e marcada para baixo, à altura do plano inferior de marcação
dos tempos. Após proceder a um gesto em diagonal, com vistas a enfatizar a sustentação
de emissão sonora pelo grupo. Quando chegarmos ao momento do "corte", proceder
através de um gesto em cunha, ou seja, um gesto em "V" onde a primeira parte avisa o
que vai acontecer e a segunda é a realização em si.
A sustentação que falamos acima tem Íntima ligação com fatores técnicos Com
relação ao primeiro é notório que uma fermata ao final de um Madrigal de Espírito
pastoril não terá a mesma duração de uma fermata em uma ópera romântica de Wagner,
que em seu livro "Obras em Prosa", na parte que trata da Regência ordena a sustentação
das fermatas longamente, de tal forma realçar toda sua importância expressiva (pg. 212,
ed. Francesa, Tomo IX). Com relação aos aspectos técnicos podemos dar o seguinte
exemplo: um grupo de pequenas proporções (15 pessoas), com um nível técnico
mediano, em um final apoteótico jamais poderá executar uma longa sustentação sob
pena de prejudicar a afinação e a pureza timbrística do grupo.
O fato de se proceder ao "corte" em cunha estar em consonância com a
necessidade de se preparar tudo o que devera ocorrer na performance, e também porque
os gestos circulares são por natureza infinitos o que gera imprecisão. Gostaria de frisar
no momento em que encerramos esta parte dedicada as finalizações, que ao final de uma
música onde não exista uma fermata, mas que todas as notas contidas no acorde tenham
a mesma duração poderemos proceder como se a mesma existisse: Marca-se o inicio
para baixo, e procede-se o gesto de sustentação, que será proporcional ao número de
tempos.

ESQUEMAS DE MARCAÇÃO EM LEGATO EXPRESSIVO


Quaternário

Ternário

Binário

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