You are on page 1of 115

M U S IL /ERDMANN

Sobre la estupidez
«VOCES»
consejo editor JUAN BARJA
JO SÉ MANUEL CUESTA ABAD
FÉLIX DUQUE
JOAQUÍN GALLEGO
FERNANDO GUERRERO
JULIÁN JIM ÉN EZ HEFFERNAN

Reservados todos los derechos. N o se p erm ite rep rod u cir, alm acenar
en sistem as de recu p eración de la in fo rm a c ió n n i tran sm itir alguna
p arte de esta p u b lica ció n , cu alq u iera que sea el m ed io em pleado
—electrón ico , m ecán ico, fo to cop ia, grab ación , etc.—, sin el p erm iso
previo de los titulares de los d erechos de la p ro p ie d a d intelectual.

t ít u l o o r ig in a l : Uber die Dummheit


(R obert M usil, Prosa und Stücke, Kleine Prosa, Rowohlt, 19 78 )

© F é l ix D u q u e , del P ró logo , 2 0 0 7
© ROLAND BREEUR, d e la In tro d u cció n , 2 0 0 7
© R ow ohlt V er la g G m b H , R ein bek bei H am bu rg, 19 7 8
del texto de R ob ert M usil

© A bada E d it o r e s , s . l ., 2 0 0 7
de la presente edición, para todos los países de lengua española

Plaza de Je sú s, 5

2 8 0 1 4 M adrid
tel: 9 14 2 9 6 8 8 2
fa x: 9 1 4 2 9 7 5 0 7

www. abadaeditores. com

diseño E stu d io J o a q u ín G a lleg o

p ro d u c c ió n GUADALUPE GlSBERT

ISBN 978-84-96258-99-0
depósito legal M -3 8 17 0 -2 0 0 7

p reim p resió n E scarola L eczinska


im p resió n L avel
M U SIL/ERDMANN
Sobre la estupidez

prólogo
FÉLIX DUQUE

introducción
ROLAND BREEUR

traducción
FRANCISCO DE LARA LÓPEZ

«VO CES»
A B A D A EDITORES
Prólogo
DEJARSE DE TONTERÍAS ES UNA ESTUPIDEZ
F é l i x D u q ,u e

S e ría u n a estupidez p re te n d e r re su m ir o a n ticip a r cu an to el


lecto r —si avisado—p o d rá en c o n tra r in m ed iatam en te tras sal­
tarse c o n tr a n q u ilid a d estas m al co rtad a s p a la b ra s m ías; y
p e o r q u e d a ría y o , in c lu so , si el le c to r —g e n e ro so y p acien te
en c a m b io — d e c id ie r a le e r la s : si lo h ic ie re an tes, a ú n m e
c a b ría el c o n su e lo de p e n s a r q u e q u izá las aceptase co m o
liviano ap eritivo p ara en fren tarse lu ego al ju g o so en tran te y a
los dos su cu le n to s p la to s p r in c ip a le s ; m as si lo h ic ie ra d e s­
p ués (e sp e ro q u e n o lo h aga, q u e p a ra eso h e situ ad o estas
m is o cu rren cias co m o prólogo) , segu ro q u e su b e n ev o len cia se
me to rn a ría en h u m illa c ió n (p o r su p arte, n o q u erid a) de m i
« y o » , ya que el lecto r —de p ro n to , crítico y rig u ro so —p o d ría
c o m p a r a r e n to n c e s, post festum, la d ista n c ia q u e va de la
d e fe n sa de las to n te ría s exp u esta e n este p ró lo g o a las p r o ­
fundas refle xio n es actuales de u n p r o fe s o r flam en co experto
en fe n o m e n o lo g ía , a las in tu ic io n e s fu lg u ra n te s q u e hace
seten ta añ os e x p u siera an te u n p ú b lic o de o b re ro s u n p o eta
6 FÉLIX DUQUE

vien és (a v e c e s , p ú d ic a m e n te d isfra z a d o de re p u ta d o n o v e ­
lista) y, en fin , a la s o c a r r o n e r ía de o tr o p r o fe s o r , a le m á n
esta vez, y b u e n h e g e lia n o (a m é n d e e d it o r de las o b ra s de
L e ib n iz ), q u e hace cien to cu aren ta añ o s escrib ía ya c o n m ás
g a rra y gracia que m u ch o s p lu m ífe ro s de h oy, tan m ed iático s
com o efím ero s.
¿ Q u é h a c e r, p u e s ? B ie n , p r im e r o in te n ta ré escu ch ar al
le n g u a je , y lu e g o a m is c o n g é n e re s, y a m í m ism o en h o ra s
bajas, a fin de d e ja r p o r lo m en o s situ ad o en los tercio s este
p a v o ro so p r o b le m a c o n c u e rn o s (a c la ra ré p o r e stú p id a
p ed an tería, y p ara evitar ser tild ad o de basto y de am igo de las
corridas de toros, que la expresión es de Nietzsche, en la creen ­
cia estú p id a de que q u ien es le e n estas cosas que n o s traem o s
en tre m uleta y capa n o lo ib a n a sab er).
P ara em pezar, las con feren cias de n u estro p o eta-n o velista
y de n u estro p ro fe s o r h egelian o tie n e n u n m ism o títu lo : Über
die Dummheit. T r a d u c ir lo c o m o Sobre la estupidez es, p o r c ie rto ,
cosa ab solu tam en te co rrecta. Y , sin em b argo , los respectivos
cam p o s sem án tico s n o p u e d e n su p e rp o n e rs e c o n fa c ilid a d .
Eine Dummheit es m ás b ie n « u n a t o n t e r ía » , dumm vale co m o el
ad jetivo « t o n t o » y Dummkopf (lite ralm e n te: « cab eza t o n ta » )
vale p a ra el c o rre sp o n d ie n te sustantivo. E s verd ad q u e tan to
M u sil c o m o E r d m a n n a m p lía n p o d e ro sa m e n te ese s ig n if i­
cad o, e n tre c ru z á n d o lo así c o n ac e p c io n e s q u e, en esp añ o l,
v ie n e n b ie n d ife r e n c ia d a s . P e ro , e n to d o caso, dumm se u sa
c o m ú n m e n te e n u n se n tid o m u c h o m ás d é b il, e in c lu so
c a riñ o s o , c o m o e n la m ad re q u e en la c o n fe re n c ia de E r d ­
m a n n llam a « t o n t it o » a su p e q u e ñ o . ¿ S e im ag in an V d s. que
le h u b ie ra llam ad o « e s t u p id illo » ? E tim o ló g ic am en te , dumm
rem ite a stumm: « m u d o » , co m o se ap recia aú n m e jo r p o r el
té rm in o in glés dumb. T a m b ié n M u sil (au n q u e en este caso n o
sea c o rre c ta la e tim o lo g ía ) ace rca derisch o terisch a töricht, es
d e c ir: « s o r d o » a « l e l o » . E x p re sa d a e n lo s añ o s tre in ta , la
DEJARSE DE TONTERIAS ES UNA ESTUPIDEZ 7

id ea de q u e la Dummheñ ten ga q u e v e r c o n esos d efectos c o r ­


p o ra le s n o d eja de te n e r p a ra n o so tro s reso n a n cia s in q u ie ­
tantes, cu an d o p en sam os en las m ed id as de « h ig ie n e ra c ia l»
que ya p o r en ton ces se estaban p ractican d o .
P o r n u estra p arte, o sea, p o r la de n u estra matergenitrix: la
le n g u a la tin a , es c o n v e n ie n te a p r o x im a r sem án ticam en te
dumm al am p lio cam po cen trad o en el stupor: el efecto p r o d u ­
cid o e n q u ie n co n te m p la u n p r o d ig io de tal m a g n itu d o
fu erza que lo d eja estupefacto, o sea, « p a s m a d o » , litera lm en te
« s in h a b la » (co m o el dumm-dumb g e rm á n ic o ). D esd e el re s ­
pecto ob jetivo, ese fe n ó m e n o p ro d ig io so es estupendo, y p u ed e
llegar a ser in clu so estupefaciente si aquel que al p ro n to se quedó
m ud o de asom bro ante él llega a p erd er su capacidad de ju ic io ,
d e já n d o se in u n d a r p o r su efecto e m b ria g a d o r hasta se n tir
que fo rm a u n a sola y m ism a cosa c o n ese fe n ó m e n o estu ­
p e n d o . S i n o tien e ya o jo s p ara n ad a d istin to n i p resta a te n ­
ció n a n ada que n o tenga que ver c o n ello , ju z gán d o lo tod o a
p a rtir de ese cen tro irresistib le, d ecim o s en ton ces que es u n
« m e n te c a to » : mente captus, o sea, que está captado en su m ente,
poseído p o r ello. Todavía p od ríam o s arriesgarnos a descender u n
p o co m ás, hasta los m ism ísim o s M iste rio s de E leu sis, r e c o r ­
dando que tam bién ellos, con sus súbitas y violentas apariciones
de luces y son id os extraños, dejaban estupefacto al in iciad o , al
epoptés: lo d ejab an , e n sum a, so rd o p o r el estru en d o y m u d o
p o r el aso m b ro . Y , en efecto, mystérion (« a q u e llo sobre lo que
hay q u e c a lla r » ) p ro c e d e d el v e rb o g rie g o rrvjjd « q u e d a rs e
m u d o » , p rim e ro ; « g u a rd a r s ile n c io » , después.
S ea co m o fu e re , es o b vio q u e el c o rre la to sem án tico de
dumm, el « m e n te c a to » , rem ite a u n a p o sesió n p o r u n a fuerza
e x tra ñ a y s u p e r io r , q u e p u e d e d e ja r m u d o al así p o se so ,
h a cerlo h a b la r sin to n n i so n c o m o u n « l e l o » o in c ita rlo a
d e c ir to n te ría s c o m o u n « b o b o » . E n to d o caso, se trata de
a lg u ie n a q u ie n , p o r así d e c ir, se le h a sacado de sus casillas.
8 FÉLIX DUQUE

P u es b ie n , lo sign ificativ o d el caso p ara n o so tro s, los h is p a ­


n o h ab lan tes, es que el p o b re así afectad o, y au n e n fe rm o (de
infirmus: que h a p e rd id o la firm eza, q u e ya n o es d el to d o él),
p u e d e ser n o m b r a d o de m u ch as m a n e ra s, ya q u e n u e s tro
id io m a es p r ó d ig o e n d e n o m in a c io n e s p a ra c u a n to aten te
c o n tra la c o rd u ra , la sensatez o el b u e n o b ra r. P ero en n in ­
g ú n caso p o d ría m o s lla m a r a ese d esd ich ad o « e s t ú p id o » . Y
ello sí q u e da qué p en sar.
P ara u n té rm in o cercan o a dumm o Dummkopf b ie n p o d r ía ­
m os en cam b io ech ar m an o del ad jetivo « e s t ó lid o » , de stul-
tus. E l t é r m in o p ro c e d e se g u ra m e n te de la a m p lia fa m ilia
in d o e u ro p e a que da en latín stare (y en castellano: « e s t a r » ) , y
rem ite a u n a e x p e rien c ia an áloga a la d el estu p o r, a sab er: la
de q u ed arse litera lm en te parado, ató n ito ante lo p ro d ig io so o
in e s p e ra d o , c o m o c u a n d o d e c im o s: « A l e n te ra rm e m e
q ued é de u n a p ie z a » . D e n uevo , co m o se ve, se trata aq u í de
u n fe n ó m e n o d e posesión. A lg o m e em b a rg a , m e « s u je t a » y
« s u b y u g a » , h a c ie n d o de m í lu e g o u n m e ro ju g u e te q u e se
d eja llevar p o r aq u ello que se h a ad u eñ ad o de m í.
U n b u e n e je m p lo de stultus lo te n e m o s en el fa m o so y
rad ical apotegm a del Kohelet o « P r e d ic a d o r » del Eclesiastés: Stul-
torum infinitus numerus est, « e l n ú m e ro de los tontos es in fin it o » .
N atu ra lm en te, tal aserto n os resu lta u n tan to exagerado : y es
q u e —p e n sa m o s— el n ú m e r o d e lo s h o m b re s n a c id o s hasta
ho y d eb ie ra ser en to d o caso fin ito , d ad o q u e el tiem p o que
va d el p r im e r h o m b re a n o so tro s lo es ta m b ié n . A s í q u e, de
estar de acu erd o c o n S a lo m ó n (el p re su n to K o h e le t), h ab rá
q u e c o n c e d e r q u e, afortiori, la to ta lid a d de lo s h o m b re s e x is­
tentes e n el p asad o y en el p resen te , in c lu id o s V d . , le c to r, y
yo m is m o , r e d a c to r de este p r o lo g u illo , s o n , so m o s y soy
irrem ed iablem en te to n to s... salvo el au to r de la m agna a firm a ­
c ió n , el cual se p recia de que en su m en te hay m u ch a cien cia
y sab id u ría m ien tra s co n fiesa a la vez h ab erse dado al v in o ...
DEJARSE DE TONTERÍAS ES UNA ESTUPIDEZ 9

y a la lo cu ra , co n lo cual ya n os hace sosp echar u n tanto de su


ju ic io (e n los d os s e n tid o s: de su cap a c id ad de ju z g a r y del
ju ic io negativo lanzado co n tra la h u m an id ad toda).
Y , e n fin , ¿ a q u é se d eb e tan in fin it a m e n t e e x te n d id a
e s tu ltic ia ? S a b e m o s, ta m b ié n , la resp u e sta o fre c id a p o r el
o p ú sc u lo sag rad o : se d eb e a q u e lo s h o m b re s n o sab en que
to d o es v a n id a d (o m e jo r , n o lo sab rem o s basta d esp u és de
leíd o el Eclesiastés: la p réd ic a de u n d esen gañ ado d el m u n d o ).
V an id ad de v a n id a d e s... ¿T a m b ié n lo será, pues, la sen tencia
m ism a del K o h e le t ? N o p arece. A l m en o s en su caso. P ues él
n o s c o n fie s a q u e e ra p r o p io de m en te c ato s el p e rs e g u ir en
d em asía el estu d io (algo q u e « fa tig a al h o m b r e » , d ice), las
riquezas o lo que fu e ra . A s í p ues, la estulticia se d eb ería a ese
ansia de demasía, a ese p e re n to rio deseo de darse a ..., de e n tre ­
garse p o r en tero a algo (co n in d e p e n d e n c ia de que su c o n te ­
n id o sea b u e n o o m alo ), en lu gar de con ten tarse, de c o n fo r ­
m arse c o n lo q u e u n o es p o r naturaleza (o lo q u e p a ra el
K o h e le t es lo m ism o : p o r d o n a c ió n g ra tu ita de D io s ), p o r
u n lad o , y de segu ir los con sejos del sab io, p o r o tro . 1
E l estó lid o , al p ro n to m u d o y so rd o , in m ó v il ante a q u e ­
llo que lo ap asio n a, se m o verá lu eg o d a n d o tu m b o s, sí: mas
n o lo s d a rá p o r él m is m o , sin o p o r la fu e rz a q u e en él
in m o ra . P o r ello , co n él n o valen desde lu ego razon es. T o d o
cu an to se d ig a e n c o n tra de su m en tecatez servirá m ás b ie n
p ara re fo rz a r ésta. Y , en cam b io, si se in ten ta atraer su aten ­
c ió n h a cia o tras cosas s e n tirá m ás b ie n d e sc o n fia n z a an te
q u ien es le q u ie re n ap artar de su teso ro . P o r cierto , n o todos
lo s p o seso s h a n de ser vistos c o m o to n to s. T a m b ié n hay, ha
h ab id o idiotas sagrados (desde Ió n a P arsifal). E n efecto, la idea
de p o se sió n in tro d u c e u n im p o rta n te m atiz moral en n uestro
sujeto. Pues p osesos h u b o (parece que se trataba de e p ilé p ti­
cos, e n su m a y o ría ) q u e , en vez de se r te n id o s p o r to n to s,
fu e r o n re v e re n c ia d o s c o m o seres sag rad o s, p o se íd o s co m o
IO FÉLIX DUQUE

estaban p o r el d io s: s o n lo s p o etas y lo s p ro fe ta s q u e, en su
theía manía —P la tó n dixit—, d ic e n p o r inspiración las v e rd a d e s
s u p e r io re s , ved ad as al c o m ú n de lo s m o rta le s . E n c a m b io ,
p ara el rig o ris m o b in a r io sa lo m ó n ic o (o D io s o el m u n d o ),
todos somos tontos —al m e n o s, de n a c im ie n to —, llev a d o s c o m o
estam os ab initio de nuestras p asio n es sin tin o .
A l re sp e c to , d e b e ría m o s —d ig o y o , c o n to d o r e s p e t o -
c o rre g ir pedem aliquantulum al R ey S a lo m ó n y ser m en o s ra d ic a ­
les. Pues q u ien se d eja llevar p o r u n a m o r ab sorben te, d e so r­
d en ad o, será m ás b ie n u n loco o u n c rim in a l, a m en os q u e el
« d e s o r d e n » a lo s o jo s h u m a n o s se d eb a e n c am b io a u n
O rd e n su p e rio r, d iv in o . P ero en am bos casos se trata de u n a
pasión total. Q u ie n así p ro c e d e b ie n p o d r ía ser visto en to n ces
c o m o u n santo o co m o u n (a p re n d iz de) d e m o n io , p e ro n o
c o m o u n tonto. E ste, el to n to de veras, es aq u e l ser tan d éb il
que se deja ir con todos los vientos. P erson ificación de la inercia,
to d o le p arec e b ie n , de to d o re c ib e u n im p u lso , basta q ue
u n a fuerza distinta lo gana para su causa. P or cierto, H egel, en
su Ciencia de la lógica, se ha fija d o p o r u n m o m en to en este e le ­
m en to alógico p o r excelencia: en la necedad. E l ú n ico m ed io de
resistir a la razón —dice— es n o ten er n ad a en absoluto que ver
c o n ella. Pues, al « ig u a l que u n p añ u e lo lib rem en te su sp en ­
d id o en el a ire n o es a g u je re a d o p o r u n a b a la , [ ...] así u n
esp íritu en teram en te d éb il está m ás segu ro fre n te al esp íritu
fu e rte q u e o tro m ás c e rc a n o a é s t e » . P o r e llo , añ a d e, lo
n o b le n o p u e d e e je r c e r so b re lo estultoy lo innoble el m e n o r
in flu jo . Y ya es sign ificativo que aq u í E legel —al igual que h ará
M u sil— ligu e la falta de seso c o n la d ep ravació n m o ra l. G o m o
en el O sc u ro de E fe so , de lo que se trata es de escuchar al lógos,
de d ejarse p o s e e r y g u ia r p o r él, en lu g a r d e o cu p arse de (o
m ás exactam ente: de estar ocupado por) cosas baladíes.
Sea com o fu e re , p reciso es co n fesar que el to n to , el stultus
(n o el b o b o , n i el le lo , a h o ra lla m a d o fin a m e n te « d is m i-
DEJARSE DE TONTERÍAS ES UNA ESTUPIDEZ II

n u id o p s íq u ic o » ), lo es p o rq u e qu iere. Q u ie re esto, aquello o


lo de m ás allá. Y adem ás se goza creyendo que todos los dem ás
o b ran así. C o m o observó agudam en te T o m ás de A q u in o : cum
ipse est insipiens, omnesstultos aestimat, « c o m o él m ism o es u n in se n ­
sato, estim a que to d o el m u n d o es t o n t o » . S i se ve so b re c o ­
gid o p o r algo o algu ien su p e rio r a él es p o rq u e desea ser arras­
tra d o p o r e llo , d esea g o zar de algo q u e él, si se h u b ie ra
q u ed a d o en su m e z q u in o ser y o b r a r , ja m á s alcan z aría. Y
ad em ás, ve « n o r m a l » su c o n d u c ta p o r el h e c h o de q u e
—segú n él q u iere c re e r— to d o s o b ra n de la m ism a m an era , a
sab er: llevad os de su interés. U n in te rés q u e desquicia, segú n el
K o h e le t . P o r eso , p a ra ser sab io b a staría c o n d e ja r de ser
m en tecato, es d ecir, n o h ab ría sin o que ab an d o n ar las p a sio ­
nes desm edidas y aceptar los lím ites que a u n o le son p ro p io s,
y q u e v ie n e n adem ás fija d o s en g e n e ra l p o r lo s diez m a n d a ­
m ie n to s y aseg u rad os y c o n so lid a d o s p o r el temor al Señor (u n
te m o r q ue, segú n el lib ro de los Proverbios, es el in ic io de toda
sab id u ría). A s í hablaba el S e ñ o r P red ic ad o r: « T e m e a D io s y
gu ard a sus m an d a m ie n to s, p o rq u e eso es el h o m b re t o d o » .
D e a c u e rd o c o n lo d ic h o , h a b rá q u e r e c o n o c e r, p u es,
que sabios tan d isp ares com o H e rá c lito , S a lo m ó n o H egel (y
ta m b ié n el P la tó n de Las leyes) in siste n e n q u e la d ife re n c ia
en tre la sensatez y la idiotez (au n q u e sea u n a « sa n ta lo c u ra » )
resid e aq u í sim p lem en te en la e le c c ió n p o r p arte del in d iv i­
d u o de q u ié n haya de ser su poseedor: si las in n ú m e ra s —y
b anales— ten tacion es d el m u n d o o la razó n o el dios, que tan
b u e n o s con sejos n os da p o r b o ca de filó so fo s, p ro fetas y san ­
tos. L a lib e rta d , de h a b e rla (p u es q ue L u te r o so sten d rá que
en tod o caso som os co m o u n caballo velis nolis m o n tad o ya p o r
u n jin e te , sin o p c ió n p o r n u estra p a rte ), estaría tan sólo en
la e le c c ió n primera, y ab so lu ta . L u e g o , n o h a b ría m ás q u e
d ejarse g u ia r p o r a q u e llo q ue a u n o lo p o see y a lo que u n o
am a. C o m o decía o tro sabio, A g u stín de H ip o n a : diligeetquod
12 FÉLIX DUQUE

visfac, « a m a y haz lo q ue q u ie r a s » . O , d ich o de o tro m o d o :


ama a tu amo, escoge a q u ié n q u ieres que te monte.
P ues b ie n , tras n u e stra e x c u rsió n p o r el ab ig arra d o p a i­
saje de p o seso s, b o b o s , le lo s, m en te c ato s, estu ltos e id io tas
vario s, só lo u n tip o h a b rilla d o hasta a h o ra p o r su au sen cia.
Y a lo h a n ad ivin a d o : a q u í falta ju sta m e n te el tem a de q u e se
o cu p arán a su m o d o E rd m a n n y M u sil. Falta el estúpido.
Y es q ue, p ara ser estú p id o , hace falta estar muy poseído de sí
mismo, y n o de n ad a a je n o , com o le pasa al to n to . A l respecto,
decía fa m o sa m e n te S c h e llin g e n su Filosofía de la revelación que
existe u n p u n to de n o r e t o r n o p a ra la ra z ó n , cu a n d o ésta,
sú b ita m e n te, se q u ed a in m ó v il, ríg id a y quasi attonita (re c u é r­
dese lo d el « e s t ó l i d o » q u e se q u e d a « d e u n a p ie z a » ) , al
p ercatarse de que ella se d eriva de la existencia sin p o d e rla en
cam b io p o se e r, sin d a r ju s ta m e n te ra z ó n de ella. Extasis de la
razón. Esta sale e n to n c e s , p o r así d e c ir , de símisma, v io le n ta ­
m en te enajenada a su p a re c e r (y co n tra su p arece r), cu an d o en
realid ad está sien d o forzad a a volver a la raíz que la constituye.
Pues b ie n , el e stú p id o es aq u e l q u e se e n c ie r ra en su ra z ó n
co m o si de u n a tro n e r a o n id o de a m e trallad o ra s se tratara,
d is p a ra n d o d esd e ese c e n tro in m u ta b le a to d o lo q u e se
m ueve, re d u c ié n d o lo a sus estrechas e n te n d e d e ra s. A d v ié r ­
tase que, ju sto p o r ello , el estúpid o es la co n trah ech u ra ab so ­
lu ta d el t o n to . P o r eso —d ic h o sea de p aso — éste cae p o r lo
g e n e ral b ie n (¿ q u ié n n o h a h ech o el to n to u n a vez —m uch as
veces— e n su v id a ? , ¿ q u ié n n o se h a d e ja d o lle v a r p o r el
cap rich o de u n in sta n te ?). E n cam b io, el estúpido le cae fatal
a to d o el m u n d o . L e cae m al in c lu s o a lo s o tro s e stú p id o s,
co n tra el insipiens tom ista, que p ien sa to n tam en te (a lo m e jo r,
n o tan to n tam en te) que tod os so n de su c o n d ic ió n . E l estú ­
p id o es u n egoísta trascendental.
P ero , ¿d e d ó n d e ha salid o este p e rso n a je , que se revuelve
co n tra la p r o p ia e tim o lo g ía d el stupor, desde el m o m en to en
DEJA RSE DE TONTERÍAS ES UNA ESTUPIDEZ 13
que al estúpid o n ad a le con m u eve n i arrastra, salvo su propia e
in a lie n a b le e stu p id e z ? H a s u r g id o ... de D esca rtes. B u e n o ,
digam os m e jo r: D escartes ha levantado la caza, sin saber m uy
b ie n en d ó n d e n os m etía y qué con secu en cias ten d ría su ala­
banza. .. al buen sentido.
L e a m o s las p a la b ra s in ic ia le s d e l Discurso del método: « E l
b u e n sen tid o —la razó n , aclarará lu eg o — es la cosa d el m u n d o
m e jo r re p a r tid a » . N u e stro d em o crático p re d ic a d o r an u n cia
así el n u evo e v a n g e lio : Razón para todos (c o m o si d ijé ra m o s :
« C a f é p a ra t o d o s » ) . ¿ Y de d ó n d e saca n u e stro filó so fo —el
p a d re d el racionalismo, n o se o lv id e — ta n b u e n a n o tic ia , que
b a rre de u n p lu m azo (n u n ca m e jo r d ich o ) a to d o s lo s a n ti­
guos íncubos: dioses, d em o n io s, p asion es, banalidades, p e q u e -
ñeces y otras m in u cia s sin g ra d u a c ió n ? L a sa c a ... de aq u ello
que tod o el m u n d o con fiesa volontier: « P o rq u e , p o r lo co m ú n
—dice n u estro sabio—, cada u n o está tan con ten to de su razón
que n o q u isiera m ás de la que ya t ie n e » .
A lo que se lee, p arece que tod a esa gente del co m ú n está
rad icalm en te en c o n tra de lo que antes vim os d efen d id o p o r
sabios antiguos y m o d e rn o s. S egú n n u estro discursivo am igo,
n ad ie q u erría ten er u n a cantidad m ayor de razón (si así p u d iera
decirse: u n a sesera m ás g ra n d e ). P o r con sigu ien te, ésta, c o n ti­
n ú a n uestro sab io: « e s n atu ralm en te igual en todos los h o m ­
b res, sólo que n o sab en a p lic a r la » . A s í p ues, p arece q u e hay
dos tip o s de sab er: las reglas d el sab er (u n iversales y n ecesa­
rias) y la a p lic a c ió n d e ese sab er al m u n d o (q u e es en cada
caso p artic u lar: cosa litera l y etim o ló gicam en te de « p a r t ic u ­
la re s » , es d ecir, de idiotas). N o es pues cuestión de caletre, sino
d ejuerza de voluntad y de decisión, el que seam os m ás sabios o más
ton tos: en esto, al m en os, coin cide n uestro ilustre fran cés con
lo s o tro s sab ios q u e en el m u n d o h a n sid o (e n esto —d ig o —,
d e ja n d o ap a rte, c la ro está, lo s fe n ó m e n o s in v o lu n ta rio s de
p o sesió n , o de co n stitu ció n genética, com o d iríam o s hoy).
14 FELIX DUQUE

Pues b ien , adviértase que, co n estos p ren o tan d o s, n uestro


estúpido está —p o r fin — a p u n to de salir a escena p ara can tar en
so litario su aria di bravura. ¿ Q u é es, en efecto, el estúp id o, sin o
aq u el ser del común que c o n fu n d e su razón , la que él tien e, co n
la razón universal, esa q u e —p o r d e c irlo c o n A ta h u a lp a Y u p a n -
q u i— « n o es de naide y es de t ó o s » ?
A q u í h abrá que h ila r u n p o co m ás fin o . U n a cosa es que
u n o esté co n ten to de la razón que siente o b ra r en él: ¿c ó m o
ib a a ser de o tro m o d o ? P o d rá d esd e lu e g o e n v id ia r lo s
co n o c im ie n to s, la fam a o la riq u eza de otras p erso n as: p e ro
lo h a rá d esd e su p r o p io baremo-, in c lu so c u a n d o re c o n o z c a
q u e él es m uy lim itad o en c o m p a ra c ió n c o n otras « p o r t e n ­
tosas c a b e z a s » , e n v id ia rá a esa g e n te , ju z g a n d o so b re e llo
desde su leal saber y e n te n d e r (¿d esd e d ó n d e , si n o ? ) . Y otra
cosa, b ien d istin ta, es que u n o c o n fu n d a esa razón de la que
él participa (la plus partagée, d ice D escartes) c o n su p ro p ia razón ,
ya q u e —a fir m a — él no quiere te n e r o tra n i te n e r m ás. L e vale
c o n la q u e tie n e . ¿ Q u é ha h e c h o , c ó m o « ju z g a » n u e stro
h o m b re del c o m ú n ? Ese tal c o n fu n d e las reglas co n su aplica­
ción, la fac u ltad de ju ic io c o n lo s p r e ju ic io s . S u p a rtic u la r
modo de ver las cosas es c o n s id e ra d o p o r él c o m o el punto de vista
supremo de la razón (p a sa n d o in c o n g r u e n te m e n te d el aserto
negativo: « N a d ie es m ás que n a d ie » a la a firm a c ió n : « f o soy
so lam en tej;o » , de m o d o que tod o lo dem ás y todos los dem ás
se rá n ju z g a d o s y v a lo ra d o s seg ú n se a c e r q u e n a tan excelsa
ecuación , es d ecir, a la c o n fu sió n entre ju ic io s form ales y p r e ­
ju ic io s de c o n te n id o ). Y aq u í, com o en el caso de la ecu ación
« p o s e s ió n - e n t r e g a » , da e n el fo n d o ig u a l si el lle n a d o , las
aplicaciones de la razó n al m u n d o y a la existen cia del estú p id o
so n b a n a le s o excelsas. E s m ás, y d á n d o le la v u e lta al a r g u ­
m e n to a n t e r io r de H e g e l, b ie n p o d r ía d e cirse q u e cu a n to
más excelsas sean las virtu d es que d e fie n d e n u estro in su frib le
eg o ísta , cu a n to m ás c o n fu n d a el M u n d o o N o - Y o c o n su
DEJARSE DE TONTERÍAS ES UNA ESTUPIDEZ 15

« Y o - y o » , tan to m ás e stú p id a se v o lv e rá su p o s ic ió n . P ues


tam b ién D escartes, n u estro p ro b o racio n a lista , hace —sin ir
m ás lejo s, al in ic io d el Discurso— p ú b lic o exam en de c o n c ie n ­
cia y p ro p ó sito de e n m ien d a, co n fesan d o lo ton to que él fue
al dedicarse a viajar, a le e r fábu las, novelas e h isto rias varias,
al estu d iar co n los jesu itas y le e r a filó so fo s de siglos p re té ri­
tos, etc., etc., en lu gar de temer al nuevo Señor, o sea: al bonsens, y
en vez de se g u ir lo s p ru d e n te s c o n se jo s e m a n a d o s de esa
razón com o reglas para la dirección del espíritu, las cuales —m ira p o r
d ó n d e — so n dictadas p o r el p ro p io D escartes, su p ro fe ta , al
igu al que el K o h e le t lo era de Y aveh D io s.
T e n g am o s c u id a d o ah o ra , p o r q u e si llevam os este ra z o ­
n a m ie n to al e x tre m o , te n ta d o s e starem o s de d e c ir que el
K o h e le t, lo m ism o que D escartes co n su Discoursy, co n ellos,
to d a la le g ió n de p red ic ad o res que n os e x h o rtan a ser sabios
s ig u ie n d o sus c o n s e jo s y a p r e n d ie n d o de sus c o n fe sio n e s
so b re su pasad a v id a, lle n a de estu lticia y to n te ría , ten tad os
—d igo— estaríam os de d ecir que tod os esos sujetos que hablan
en n o m b re de D io s o de la R azó n (de lo que sea, co n tal de
q u e sea A b s o lu to y q u e m a n d e in c o n d ic io n a lm e n te ) so n el
prototipo —ta m b ié n él, a b so lu to — d el Estúpido. G e n te desde
lu ego p elig ro sa, q ue hace c o in c id ir su p r o p io p u n to de vista
—d esatentos esos tales a todas las circu n stan cias relativas desde
las que h a b lan o esc rib e n — co n el d el A b so lu to , y que dicta­
m in a n q u e to d o s lo s d em ás d e b e n ate n e rse a lo que ello s
d ic e n , m áx im e (m á x im o tru c o ) si q u ie n lo d ice ya n o es
n a d ie a je n o (a u n q u e sea u n d io s o u n a s e ñ o ra estu p en d a),
s in o ... la R azó n m ism a que está en to d o s. S ó lo que —según se
in te lig e y se lee en tre lín e as— está m ás en q u ie n así lo dice y
así lo d icta q u e e n q u ie n e s lo esc u c h a n , h a la gad o s n o o b s ­
tan te p o r tan e stu p e n d o d e s c u b rim ie n to , a sab er: q u e todos
somos iguales. S ó lo q ue q u ie n lo dice es más igu al que aquellos a
q u ie n e s se lo d ice (de lo c o n tr a r io , ¿ p a r a qué se e rig iría en
i6 FELIX DUQUE

gu ía in telectu al y e s p iritu a l? ), y de q u ien es p id e o b ed ien cia a


la R azó n . A su razó n , sin aten d er a otras razon es.
¿ Y p o r q u é se c ree a esa n u eva casta de p r e d ic a d o r e s ?
M u sil n os lo rec o rd a rá , c o n sutil iro n ía : « S i la estupidez n o
se p a r e c ie r a tan to al p ro g re s o , el ta le n to , la esp eran z a o la
m e jo ra , n ad ie q u e rría ser e s tú p id o » . C a m b ie n V d s. « e s t u ­
p id e z » p o r bon sens y « e s t ú p id o » p o r « p e r s o n a razonablej
(b ien ) aplicada», y atien d an a las con secu en cias.
A sí que, pace H egel, y visto a d ó n d e n os ha llevado la razón
c a rte sia n a (o al m e n o s, su a r g u m e n ta c ió n ad hominem p a ra
g a n a r a d e p to s), q u izá vaya s ie n d o h o r a —y a d e la n to así m i
m o d esta p r o p o s ic ió n — de q ue in su fle m o s u n b u e n n ú m e ro
de tonterías, de q ueren cias y creen cias banales en nuestras vidas
y en n u e stro s sab eres, de q u e n o s d e je m o s lle v a r, si n o p o r
tod os, sí p o r los vien to s que n os resu lten m ás apetecibles, en
lu g a r de desear q ue n o s posean p o r e n te ro . Y m ás, si creem o s
q u e q u ie n n o s p o see so m o s Nosotros m ism o s. Y p e o r a ú n , si
—co m o recu erd a tam b ién M usil— ese « N o s o t r o s » n o es sin o
la h in ch azó n teratológica, la liga vana —p ero m uy efectiva— de
m u c h o s « y o e s » , satisfe ch o s de q u e , sin d e ja r de se r ello s
m ism os, ú n ico s e irrep etib le s —faltaría más—, co n cu erd an sin
e m b a rg o c o n sc ie n te y v o lu n ta ria m e n te en d e c ir las m ism as
cosas, p e n s a r las m ism as id eas y h a c e r las m ism as acc io n e s,
so b re to d o c u a n d o u n excelso « Y o - y o » , c u a n d o u n G u ía
rep resen ta, en e cu ació n in ten sísim a, eso que ello s q u isie ra n
lleg ar a ser algú n día, a saber: u n o s p erfecto s estúpidos.
R e c u e rd e n V d s. eso que H e id e g g e r (u n sabio en m uchas
cosas, p e ro n o en ésta) d ijo al fin a l de su c o n fe re n cia de F r i-
b u rg o so b re El origen de la obra de arte: Wirwollen unsselbst, o sea:
« N o s q u e re m o s a n o so tro s m is m o s » . P u es vaya. Y o p ie n so
m u y al c o n tra rio q ue, c o n tal de q u e n in g ú n q u e re r su b yu ­
gue a lo s o tro s n i lo s ab so rb a p o r e n te ro , m e jo r h a b ría sido
p r e g u n ta r a ese « N o s o t r o s » p ro d ig io s a m e n te a rra c im a d o
DEJARSE DE TONTERÍAS ES UNA ESTUPIDEZ 17

p o r q u ie n se a rro g a ser el m e jo r « Y o » en el acto de d ecir y


o rd e n a r « N o s o t r o s » , que m e jo r h a b ría sido p reg u n ta r u n o
a u n o —d ig o — q u é es lo que a ellos, haciendo distingos, les apete­
cería , en vez de ex h o rtarles a co n ten ta rse co n dejarse lle n a r
p o r el vien to d el « N o s o t r o s » . D ig o yo que m en o s p eligroso
y m ás sabroso h ab ría sido d ecir: Wirwollen... « N o s o tro s q u ere­
m os. . . » , p o r ejem p lo , ir al cine, o u n b u e n filete con patatas,
o c u alq u ier o tra cosa, y o t r a ... c o n tal de que n in g ú n q u erer
sub yu gu e a lo s o tro s, n i lo s ab so rb a p o r e n te ro . Y a se sabe:
p en sam os y hacem os m uchas ton terías (al igu al que en Las mil
y una noches de P a so lin i se n os dice que la verd ad es la sum a de
m uch os su eñ o s). P ero lo hacem os, lo d eb eríam o s h a cer apli­
cadamente. P u es en ese m ism o le n g u a je a le m á n , cu an d o u n a
p erso n a, o la gente de u n gru p o , le p ro p o n e a otra hacer algo
en co m ú n , le p regu n ta ed u cad am en te: Wollen wir... ? P o r caso:
« ¿Querernos ir a c e n a r ? » , en vez de n u estro : « ¿ Q u ie r e s ven ir
a cen ar con nosotros? » . Y m en o s si exigim o s: « N o s o tro s q u e ­
rem os que tú, p o rq u e esen cialm en te ya eres Nosotros, vengas a
c e n a r » . Sustituyan la cena p o r la in sc rip c ió n en el P artid o, y
v e rá n a d ó n d e llev a n tod as estas p ré d ic a s de id e n tific a c ió n
forzosa.
P o r eso, n o se fíe n cu an d o alg u ien les p id a que se dejen de
tonterías y h agan lo q u e tie n e n que h a c er, q u e se aten gan a lo
que m an d a D io s o el D e b e r o la R azó n o la Raza o la N atu ra­
leza (c u a lq u ie r A b s o lu to v ale, c o n tal de q u e ello s se n o m ­
b r e n a sí m ism o s D e le g a d o s S u p re m o s de la C o sa ). M u ch o
c u id a d o . P o s ib le m e n te haya d etrás u n a b so lu to estú p id o .
Dixit, et salvavit animam (insipientem) meam.
Introducción
LA ESTUPIDEZ TRANSCENDENTAL*
R o lan d B reeu r

E n su ensayo sobre la estupidez R o b e rt M u sil señala el hecho


de que los sabios n o rm alm en te p re fie re n h ablar sobre la sab i­
d u ría en lu g a r de h a cerlo sob re la estupid ez. E n co n se c u e n ­
cia, cu an d o el « d is c íp u lo de H egel y p r o fe s o r en la U n iv e r ­
sid ad de H a lle » Jo h a n n E d u a rd E rd m a n n an u n cia e n 18 6 6
su tem a, éste es recib id o c o n carcajadas. ¿ P o r q u é ?
U n a de las raz o n es, tal c o m o el p r o p io E rd m a n n r e c o ­
n o c e , p o d r ía s e r q u e el tem a de la e stu p id e z n o s re c u e rd a
n u estro s p ro p io s d efecto s. E l p ro c e so de « v o lv e rn o s sen sa­
to s » es desde lu ego la rg o : en la estupidez llegam os a p e rc ib ir
cierto s « s o n id o s de la an tigu a p atria, q u e n o s agrad an com o
el d ia le c to p a t r io la rg a m e n te n o e s c u c h a d o » . D e esta
m an era , n os re ím o s c o n cierta m elan c o lía: « a s í h em o s sido
tam b ién n o so tro s m is m o s » , o « e s to p u d o h a b e rn o s pasado
de n i ñ o s » . Y al m ism o tie m p o e n c o n tra m o s p la c e r e n las

Texto trad ucido del neerland és p o r Fran cisco L o m b o de L eó n .


20 ROLAND BR EEU R

e stu p id eces, p o r q u e p re c isa m e n te so n la p r u e b a d ire c ta de


q u e h e m o s a b a n d o n a d o ese e sta d io . P o r lo d em ás, esto
ex p lic a p o r q u é se c u e n ta n tan to s ch istes so b re « t o n t o s » :
so n la c o n fir m a c ió n de n u e stra p r o p ia s u p e r io r id a d (e n el
sup u esto de q u e al m en o s hayam os e n te n d id o el chiste).
Pero la estup id ez tam b ién p u ed e e n fa d a rn o s. A l ser p r e ­
cisam en te e x p re s ió n de ig n o r a n c ia e in m a d u re z , d e sp ie rta
im p acien cia en aq uellos que tie n e n u n a com p leta y lib re d is­
p o s ic ió n so b re su cap acid ad de ju ic io . D e h e c h o , d e t e r m i­
nadas fo rm a s de estupidez, en tan to q u e n o están al servicio
de la s u p e rio rid a d y del ju ic io de los « p o d e r o s o s » (M u sil),
ya no se ex p e rim e n ta n co m o d ivertid as, sin o m ás b ie n com o
e x p re s ió n de in s o le n c ia , im p e r tin e n c ia , d e sc a ro , etc. L o s
p ro p io s estú p id os se e n c u e n tra n así in d e fe n so s, y a m en u d o
so n o b je to de to d o tip o de c rític a s. M u s il d ir á so b re e llo s
q u e « s u e v id e n te fa lta de re siste n c ia e x cita fe r o z m e n te la
im ag in a ció n , c o m o el o lo r de la san gre el deseo de c a z a » .
¿ D e d ó n d e p ro v ie n e esa ir r ita c ió n , esa im p ac ien cia y esa
« c r u e ld a d e n f e r m iz a » ? ¿ S e d eb e tal vez a q u e el « p o d e ­
r o s o » ya n o está tan segu ro de su s u p e r io r id a d ? ¿ N o se se n ­
tirá el « p o d e r o s o » , q u e tan segu ro está de la verd ad y de su
capacidad p ara e n c o n tra rla en c u alq u ier circu n stan cia, am e ­
n azado p o r la e stu p id e z ? N o p u ed e ser casu alid ad q ue to d a
la gra n literatu ra haya sen tid o siem p re u n a fascin ació n esp e­
cial p o r lo gro tesco , p o r lo id io ta o lo estú p id o en el sen tid o
m ás extrem o de la p alab ra . C erv a n tes, H ö ld e r lin , F la u b e rt,
T h o m a s M a n n , P ro u st. ¿ P o r q u é ? ¿ P o r qué fascin a la estu ­
p id e z ? ¿ Q u iz á p o r q u e en r e a lid a d es m u c h o m ás q u e u n a
sim p le etapa en el d e sa rro llo d el p e n sa m ie n to , y lo am enaza
siem p re desde d e n tr o ?
E n este en sayo in tr o d u c t o r io m e g u sta ría m o stra r hasta
q u é p u n to la estupidez, en lugar de d ejarse a rra stra r hasta lo
negativo d el p en sam ien to , co in cid e antes b ie n c o n la estru c-
LA ESTUPID EZ TRANSCENDENTAL 21

tu ra m ism a del p en sam ien to : n o hace sino expresar el sin sen ­


tid o del p en sam ien to com o tal. P ara p ro tegerse de la estu p i­
dez n o basta, p u e s, c o n p o s e e r la v e rd a d y « s im p le m e n t e »
p en sar. L a sola verd ad n o o fre ce n in g u n a garan tía co n tra la
estupid ez; ella m ism a es som etid a a u n c rite rio que n o tien e
p ied ad : aq u ello que M u sil llam a « lo sig n ific a tiv o » . L o re a l­
m en te c o n tr a r io a la estu p id ez n o es el c o n o c im ie n to n i la
verdad, sin o lo relevante, lo in teresan te, lo valioso.
L a estupidez m uestra m uchas sim ilitu d es c o n la su p ersti­
c ió n ; a u n q u e u n o sep a q u e su c re e n c ia está in fu n d a d a o
equivocada, siem p re regresa; hay que h acer u n esfuerzo extra
p ara n o re n d irse an te ella. S ab e r qué es v erd ad n o hace d es­
a p a re c e r la s u p e rs tic ió n ; y el p r o b le m a c o n la estu p id ez se
e n cu e n tra en la m ism a lín e a : sab er q ué es verd ad n o o frece
g a ra n tía alg u n a p a ra p ro te g e rse de ella . L a estu p id ez n o es
ajen a a u n d eseo n atu ra l de c o n o c im ie n to y de verd a d , sin o
que lo ro e apriori desde d en tro . E lla es n u estro d estin o , y esta
in e lu d ib le fin a lid a d d el p e n sa m ie n to da al traste c o n n u e s ­
tro s b u e n o s p r o p ó s ito s de p e r m a n e c e r sie m p re fie le s a la
verd ad . Y p recisam en te p o rq u e la estupidez siem p re d aña lo
transcendental de n u e stro p e n sa m ie n to , d eb e ría h a cer ad o p tar
a la filo so fía cierta m od estia o, cu an d o m en os, cierta cautela.
E l estú p id o n o se q u ed a an clad o sin m ás en el cam p o de los
« t o n t o s » , esto es, el de u n o tro c o n c re to y e v en tu a lm en te
fic tic io . L a estu p id ez tien e u n status tra n sce n d e n ta l. P o r eso
D eleu ze, en su lib ro Diferenciaj repetición, d eja caer la sigu ien te
p regu n ta: « ¿ C ó m o es p o sib le la n eced ad (y n o el e r r o r ) ? » 1.
E sto es lo que m e p ro p o n g o in vestigar en esta in tro d u c c ió n .

I G ilíes D eleuze, Difference et repetition (en lo sucesivo: D R ), París, P U F , 19 6 8 ,


P- 197-
22 ROLAND BR EEU R

i . E s t u p id e z y e r r o r

D e acu erd o c o n u n m o d o trad ic io n a l de p en sar, la estupidez


v ie n e e x p lic a d a e n té r m in o s d e e r r o r . U n b o n ito e je m p lo
p o d r ía ser el sig u ie n te : en La montaña mágica c u en ta T h o m a s
M a n n c ó m o , a raíz d e l trá g ic o fa lle c im ie n to d el p r im o de
G a sto rp , F ra u S to e h r n o p u ed e d ejar de su sp ira r p o rq u e en
la cerem o n ia se in terp rete cu an d o m en os la Erótica de B e e th o -
v e n 2. Este e r r o r se vuelve esp ecialm en te estú p id o , sien d o n o
la ú ltim a de las razon es el h ech o de que la dam a en cu estión
n o se dé cuen ta en segu id a de qué p u ed a ser in co rre cto en lo
que acaba de d ecir.
F ra u S to e h r q u e r ía p o r su p u e sto d e c ir « l a H eroica> >,
p e r o e r r ó . Y es e stú p id a p o r q u e n o cae e n se g u id a e n la
cu en ta de que ha erra d o , de que se ha eq u ivo cad o . D esd e ese
p u n to de vista, la estu p id ez se p re s e n ta sie m p re c o m o u n a
desviació n c o n resp ecto a la p o sic ió n exacta y co rre cta sob re
algo o sob re el c o n o c im ie n to de algo. D e lo que se sigue que
siem p re p u ed e ser c o rre g id a.
P o r tan to, las exp resio n es estúpidas p o d ría n ser en p r in ­
cip io re tro tra íd a s a e x p re sio n es q u e a d o le c e n de u n d efecto
de v isió n . E se d efecto es an te to d o de n atu raleza accid en tal,
e m p íric a o casu al; tra tá n d o se de u n d efec to de e d u c a c ió n ,
a p r e s u ra m ie n to o te m p e ra m e n to ir r e fle x iv o , s ie m p re hay
u n a m a n e ra d e ra s tre a r la d e sv ia c ió n y e x p lic a r su o r ig e n .
P e n se m o s e n e x p re s io n e s d e l tip o « P la t ó n fu e u n césar
r o m a n o » , « B é lg ic a es la capital de F r a n c ia » , « e n 1 4 9 2 tuvo
lu g a r la batalla de W a te r lo o » , etc. Tales exp resio n es d e sp ie r-

2 « L a señora Stoe h r llo ró con pesadum bre al ver en lo que se había convertido
aquél que fu e Jo a c h im . « ¡U n h éro e, u n h é r o e !» , exclam ó repetidas veces y
pro p u so qu e era preciso tocar en sus fu n erales la « e r ó tic a » de B eeth o v en »
(T h om as M an n , Der /¿íuberberg, F ran k fu rt am M ain , Fischer, 19 8 8 , p. 5 8 8 ).
LA ESTUPID EZ TRANSCENDENTAL 23

tan even tualm en te n uestra in d ig n a ció n , p e ro al fin a l q uedan


co m o algo m u y in o c e n te , p u es n o en v an o sig u en te n ie n d o
algo tra n q u iliz a d o r: sabem os in m ed iatam en te que son e r r ó ­
neas, y tam b ién p o r q u é. T a l estupidez « d e s a r m a » (M u sil),
tien e algo in g e n u o , p u e ril e in o c en te.
¿ Q u é p re su p o n e este m o d e lo ?
E l m o d o « t r a d ic io n a l» de p e n sa r que se h alla en la base
de esta fo rm a m ás b ie n in o c en te de estupidez se ilu stra p e r ­
fectam en te de la m an o de K a n t y D escartes. K a n t escrib e en
alg ú n lu g a r de su A n t r o p o lo g ía : « L a c a re n cia de ju ic io sin
in g e n io es estu p id ez (stupiditas)¿>3. E n c a m b io , el m ism o
defecto p e ro c o n h u m o r es m ás b ie n la «AIbemlie¡f» , la « c h i­
fla d u r a » . N o s sen tim o s in c lin a d o s a a firm a r que q u ie n dice
estu p id e ce s c o n h u m o r n o es e n re a lid a d e s tú p id o , p o r la
sim p le raz ó n de que sabe que n o debe ser to m ad o en se rio .
E n tan to q u e es c o n sc ie n te d e q u e lo q u e a firm a n o es
c o rre c to , n o p u e d e ser acu sado de estu p id ez. A p esar de su
ig n o r a n c ia , él sabe s a lir al p aso de la s itu a c ió n , n o m in ­
tie n d o , sin o h a cien d o r e ír a los dem ás.
A l c o n tr a r io , el to n to a u té n tico n o tie n e c o n c ie n c ia de
su p r o p ia e stu p id e z , y n o se da c u e n ta d e q u e lo q u e d ice
está eq u iv o c ad o , fu e ra de lu g a r o es co m p le ta m e n te id io ta .
Su s ju ic io s so n in c o rre c to s , y él n o se da cu en ta de e llo . L a
estu p id ez in d ic a a q u í u n a care n cia (Mangel) de u n a co rre cta
c o m p r e n s ió n ; u n h o m b re es e stú p id o p o r q u e n o es c o n s ­
cien te de esa caren cia. E n otras p alab ras, u n ju ic io estú p id o
es la exp resió n de u n e rr o r in con scien te. A h o ra b ien , ¿q u é es
un erro r?
E n la cuarta meditación, d e d ic a d a a la p ro b le m á tic a de lo
v e rd a d e ro y lo fa lso , D escartes se p r o p o n e b u sca r el o rig e n

3 Im m an u el K A N T , Schriflen zur Anthropologie, Geschichtsphilosophie, Politik und Pädagogik


2 , W erkausgabe B a n d X I I, Fran k fu rt, S u h rk am p , 1977» P* 5* 6 -
24 ROLAND BR EEU R

d el e r r o r en el ju ic io . L as razoiies p o r las q ue m e eq uivoco o


y e rr o n o p u e d e n b asarse en el h e c h o de q u e yo sea t r a ic io ­
n ad o p o r m i cap acid ad de ju z g a r, sin o de que yo a veces m e
eq u iv o q u e en el ju ic io . G u a n d o ju z g o m al n o soy la víctim a
de u n c e re b ro m al p r o g r a m a d o , n o es eso lo q u e m e g u ía
m al en el ju ic io . L a tercera meditación ha e lim in a d o to d a d u d a
sobre un p o sib le « g e n io m a lig n o » y u n « D io s e n g a ñ a d o r» ,
con la p ru eb a de la co m p leta p e rfe c c ió n de D io s : en efecto,
E l n o p u ed e en g a ñ arm e « p o r q u e en cada m e n tira o en gañ o
se halla algo de im p e r f e c c ió n » 4. S i au n así m e c o n fu n d o se
debe sim p le m e n te al h e ch o de que yo le d oy u n a m ala a p li­
cación a aq u ello que E l m e ha d ad o. E l e r r o r aparece cu an do
creo o juzgo firm e m e n te so b re algo que d espués de to d o n o
p a re c e e x is tir. E n este s e n tid o , el e r r o r es sig n o de u n
d e fe c to ( « d e f e c t u m » , A T V II 5 4 )- Q u iz á m e a p re s u ré
dem asiad o en m i ju ic io , o presté d em asiad a p o ca aten ció n a
lo q ue realm en te era v e rd a d e ro . E n el co m ie n z o d el Discurso
del método d ic e D esca rtes q u e c ie rta m e n te n o hay n a d a tan
b ie n re p a rtid o c o m o el b u e n se n tid o o la san a ra z ó n . P ero
au n así n o es su fic ie n te q u e la raz ó n sea sana: « lo p rin c ip a l
es ap licarla b ie n » (A T V I, 2 ).
D e ah í la « t a r e a » de ilu m in a r b ie n a la v o lu n ta d a la
h o ra de e m itir ju ic io s , « s in ju z g a r m ás que de las cosas que
el e n te n d im ie n to le rep resen ta co m o claras y d istin ta s» (A T
V I I , p- 6 2 ; U D , p . 2 6 5 ) . Y de h e c h o , esto c o n fo r m a en
cierto sen tid o el n ú cleo d el « p ro y e c to c a r te s ia n o » . L a cuarta
meditación se c ie r r a c o n la o b se rv a c ió n q u e tan b e lla m e n te
re su m e su a m b ic ió n filo s ó fic a : « P o r lo d em á s, n o só lo h e
a p re n d id o h o y lo q u e d eb o evitar p a ra n o e r r a r , sin o ta m ­
b ié n lo q u e d eb o h a c e r p a ra alcan zar el c o n o c im ie n to de la
v e rd a d » (ibid.).

4 René Descartes, Meditación TV, edición de Adam y Tannery (AT VII, p. 54)*
LA ESTUPID EZ TRANSCENDENTAL 35

L a c o n c e p c ió n cartesian a p re su p o n e que el p en sam ien to


está in sp ira d o p o r u n a n aturaleza m ás p ro fu n d a o tra n sc e n ­
d e n ta l, lo cu al se m a n ifie s ta en la c o n v ic c ió n de q u e existe
u n a in c lin a c ió n in te r io r que p o r ad elan tad o o rd e n a el p e n ­
sa m ie n to a la v e rd a d . D esc a rtes lla m a a esta in c lin a c ió n el
b u e n sen tid o o la sana razó n ( « le b o n s e n s » ). P recisam en te
p o rq u e la cap acid ad de este b u e n sen tid o n os p e rm ite d ife ­
r e n c ia r lo c o rre c to de lo fa lso , estam os ta m b ié n e n c o n d i­
cio n es de e m itir ju ic io s c o rre c to s. E n este sen tid o , el e r r o r
m ism o es a ú n m ás a c c id e n ta l o e m p ír ic o y n o d a ñ a a la
b u en a d isp o sic ió n d el p en sam ien to . D a m ás b ie n testim o n io
de u n d efecto de clarid ad en la ra z ó n y tal vez de u n defecto
de b u e n a v o lu n ta d , lo q u e ta m b ié n e x p lic a p o r q u é e n lo s
m o d elo s trad ic io n a les la b ú sq u ed a de la v erd ad está siem p re
im p regn ad a de p ro fu n d a s co n n o tac io n es m o rales.
G u an d o co n tem p lam o s la estupidez com o u n a p ro lo n g a ­
ció n del e rro r, esa co n n o tació n se en cu en tra ya ahí: u n ju ic io
estú p id o es u n ju ic io falso c o n resp ecto a algo de lo cual yo
debería haber visto su corrección , o al m en os m i in co rrecció n .
U n n iñ o o los « p u e b lo s p rim itiv o s» n o son estúpidos, p o r la
sen cilla razó n de que n o h a n d escu b ierto aú n su verd a d era
n atu raleza in te r io r . N o so n (aú n ) capaces de c o n o c e r lo
co rrecto . Sus e rro re s e in gen u id ad es son antes b ie n exp resio­
nes de lo que M u sil llam a la «estu p id ez f r a n c a » 5.
P ero u n ad u lto q u e se eq u iv o c a sin d arse c u en ta de ello
n o es in o c e n te : d e b e ría h a b e r lo sab id o m e jo r o , p o r lo
m e n o s, h a b e r sid o u n p o c o m ás c u id a d o so c o n su ju ic io .
Fu e d em asiad o p re c ip ita d o y n o d io el su ficien te testim o n io

5 T al com o M u sil señala más adelante, tales erro res tien en in clu so u n carác­
te r p o é tic o , p u e s a veces g e n e ra n exp re sio n e s d el tip o : « I n v ie r n o : Está
com pu esto de n ie v e » o « ¿ Q u i é n era S a n P e d r o ? : C an tó tres v eces» , que
se apoyan en prácticas pertenecien tes al arte de la poesía, com o la elipsis, la
m eto n im ia, la c o n d e n sa ció n ...
26 ROLAND BR EEU R

de b u e n a v o lu n ta d c o m o p a ra ev itar e r r o re s , o c o m o p a ra
e n ju ic ia r de u n m o d o q u e h ic ie se ju s t ic ia a su n a tu ra le z a
in t e r io r y a su « a m o r p o r la v e r d a d » . A la vista q u e d a q u e
q u ie n c o n d e v o c ió n d escu b re u n a v erd a d , ta m b ié n lo tie n e
b ie n m erec id o .
D escartes d e n u n c ia ta m b ié n la « s u t ilid a d » de bastan tes
f iló s o fo s : « L o s filó s o fo s s o n tan su tiles q u e sab en e n c o n ­
t r a r d ific u lta d e s en las cosas q u e a lo s d em á s h o m b re s les
p a re c e n e x tre m a m e n te c l a r a s . . . » (A T X I , p . 3 5 )- M ás de
una p re su p o sic ió n p u e d e lle g a r a c o n fu n d ir a n u estra c o m ­
p re n sió n . Se trata, n o ob stan te, de p re su p o sic io n e s que son
adulteradas p o r los sen tidos, p o r las ilu sion es y p o r las c re e n ­
cias a d h e r id a s p r o c e d e n t e s d e las o p in io n e s de lo s d em ás
p e ro q ue p u e d e n ser p u rific a d a s c o n ayuda d el trata m ien to
a d e c u a d o , el m é to d o c o rre c to y ev itan d o de m a n e ra c o n s ­
tante c u a lq u ie r c o n ta g io . De ah í q ue el o rig e n de la e stu p i­
dez se co n v ierta en algo tan lo calizad o c o m o in o fe n s iv o . D e
igu al m o d o q u e lo s n iñ o s p u e d e n a p r e n d e r a e s c r ib ir y a
s o lu c io n a r p r o b le m a s m a te m á tic o s, así t a m b ié n p u e d e
c u a lq u ie r in d iv id u o in tro d u c irs e en el ap re n d iz a je de n u e ­
vos y a ce rta d o s c o n o c im ie n t o s c o n r e la c ió n a sí m is m o , el
m u n d o y D io s. G ra c ia s a este c o n o c im ie n to estará en m e jo ­
res c o n d ic io n e s de p o d e r d is tin g u ir lo v e rd a d e ro de lo n o
v e r d a d e r o , y e v ita r así c o m e n t a r io s a b s u r d o s . L o e s e n c ia l
yace p o r tan to en esta s e g u rid a d de q u e u n m é to d o p u e d e
d e sp e rta r n u e stro im p u lso in n a to p o r c o n o c e r la ve rd a d y,
sob re to d o , lib e ra rn o s de c re e r in g e n u a m e n te en o p in io n e s
p reestab lecid as. S ie m p re q u e se ten ga el m éto d o co rre cto es
p o s ib le a p r e n d e r , c o m o B o u v a r d y P é c u c h e t, c u a lq u ie r
cosa: an a to m ía , físic a , filo s o fía , q u ím ic a o g u ita rra .

E s e n esta lín e a e n la q u e E rd m a n n p u e d e a fir m a r ta m b ié n


q u e la estu p id ez n o es u n a m e ra d esg racia, c o m o lo es p o r
LA ESTUPID EZ TRANSCENDENTAL 27

ejem p lo u n a ceguera de n acim ien to : esto ú ltim o « h a c e de la


estup id ez algo in c u ra b le , m ien tra s q ue, segú n n u estra c o n ­
c e p c ió n , p u e d e ser e n m e n d a d a c o m o tod o v ic io » . E l e stú ­
p id o es algo así c o m o u n e m b u ste ro , y d a m u estras de u n a
m ala volun tad . E l ign o ran te p u ed e al m enos p o sp o n e r su j u i ­
cio. A lg o que am enza, según n os advierte M u sil, con dejarn os
paralizados.
L a estu p id ez d eb e, p o r tan to , d ife re n c ia rs e de las d e fi­
cien cias m en tales o de las p a to lo g ía s: q u ie n su fre retraso
m en tal n o es resp on sab le de sus lim itacio n e s, n o es capaz de
h acerlo m e jo r, desviándose así de lo « n o r m a l» . A d em ás, su
esp íritu en cu alq u ier caso n o está orien tad o a la verdad y, p o r
tan to , n o p u e d e ser ed u cad o e n el c o n o c im ie n to n ecesa rio
p ara fu n c io n a r en so cied ad . P o r el c o n tra rio , u n e stú p id o ,
siem p re que tenga d iscip lin a y b u e n a volun tad, p u ed e alcan ­
zar u n a fo rm a de in teligen cia que se vuelve in dispensable para
las fu n c io n e s so cia les. L o q u e h ace, p o r o tra p a rte , que el
estúpid o n o tenga excusa n in g u n a : es, pues, n o rm al, tan sólo
u n p o co p erezoso o de m ala vo lu n tad .
S in em b argo , la fro n te ra en tre lo n o rm a l y lo p ato ló gico
n o es del tod o im p erm eab le. ¿ D ó n d e clasificam os p o r e je m ­
p lo a las p e rso n a s m en ta lm e n te d éb iles y q u e, sin em b argo ,
p arecen estar en con sicion es de fu n c io n a r b ie n en so cied ad ?
E n c o n tra p o sic ió n a la clase de los deficien tes m entales, tales
com o los « id io t a s » y los « im b é c ile s » 6, aquéllos están d em a-

6 S o b re esta d iferen cia en clases, c fr. S . J . G o u ld , TheMismeasure ofMan, N ueva


Y o rk , N o rto n & G o m p an y, 1 9 9 6 , P- *8 8 : <<A com ien zos de nu estro siglo,
la clasificació n de la d eficien cia m en tal suscitó u n saludable debate. D e u n
c o n ju n to de tres catego ría s, do s o b tu v ie ro n u n a a c ep tació n g e n e ra l: lo s
idiotas eran incapaces de alcanzar u n d o m in io plen o de la palabra, y tenían
edades m entales in fe rio re s a los tres añ os; los im béciles n o p o d ían alcanzar
u n d o m in io p le n o de la escritu ra, y sus edades m entales variaban entre los
tres y los siete a ñ o s » .
28 ROLAND BR EEU R

siad o « r e t r a s a d o s » c o m o p a ra ser e stú p id o s —si b ie n , de


n u e v o , n o s o n s u fic ie n te m e n te e stú p id o s co m o p a ra ser
au ténticos retrasad os o su b n o rm ales—.
E l n o rte a m e ric a n o H . H . G o d d a rd , in v estig ad o r je f e de
la Vineland School for Feebleminded Girís and Boys, e n N u eva Je r s e y ,
lle g ó in c lu s o a f o r ja r e n este c o n te x to u n t é r m in o q u e ha
v e n id o a se r m u y c o n o c id o e n el m u n d o a n g lo s a jó n y q u e
p rete n d ía d e lim ita r p recisam en te el co n fu so te rrito rio de los
« h ig h -g ra d e d efectiv es» , a saber, lo s « morons» . Estos co n sti­
tuyen algo así co m o u n p u en te en tre lo p a to ló g ico y lo n o r ­
m al, y a m e n a z a n s e ria m e n te c o n p o n e r e n c u e s tió n esta
e stricta d ife r e n c ia . D e a h í q u izá el e n é r g ic o e sfu e rz o q ue
m an tien e p o r detectar a estas p erso n as a través de p ru eb as de
co eficien te in telectual y situ arlos aparte del resto de ciu d ad a­
n os n o rm ales. Y p a ra c o n tr ib u ir a la p ro te c c ió n de la so c ie ­
d a d n o r te a m e r ic a n a c o n tr a su d e t e r io r o , e n 1 9 1 2 lle g ó a
h a cer in d ag acio n es ju n t o a su asistente en E llis Islan d « c o n
el o b je to de o b se rv a r las c o n d ic io n e s en q u e se rea liz ab a el
c o n tro l de in m ig ra n te s y o fr e c e r su g e re n c ia s p a ra la m e jo r
d etecció n de los d eficien tes m e n ta le s » 7.

2. L O S CÉLIBES DEL PENSAM IENTO

E n re su m e n : p ara el m o d o clásico de p en sar, la estupidez es


u n a d esviación em p írica y accid en tal que n o p ro d u ce n in g ú n
dañ o a la estructura real, p ro fu n d a y tran scen d en tal d el p e n ­
sam ien to, y que, desde lu eg o , n o p u ed e p o n e rla en cu estión .
E l co n n a tu ra l im p u lso h acia la verd ad , y el a m o r p o r ella, se
ve apenas atu rd id o p o r la d istracció n accid en tal y su p erficial,
el can san cio o las lesio n es físicas, p e ro n o q u ed a p aralizad o .

7 IbúL, p. 195.
LA ESTUPIDEZ TRANSCENDENTAL 29

P o r tan to, tam b ién el p en sam ien to debe ser co n sid erad o
u n « ó r g a n o n a t u r a l» . E n o tras p a la b ra s, la re la c ió n c o n
aq u ello que n o p erten ece al o rd e n m ism o d el p en sar, co n el
afuera, q u ed a d e fin itiv a m e n te a n c la d a e interiorizada en u n a
activ id ad q u e ya estaría « f o r m a lm e n t e » e n p o s e s ió n de la
v e rd a d . N o so la m e n te es « e l b u e n se n tid o la cosa m e jo r
rep artid a del m u n d o » ; adem ás, es u n a garan tía p ara e n c o n ­
tra r la verd ad , p u es se expresa a sí m ism o en la verd ad y está
o r ie n ta d o c o rre c ta m e n te h a c ia ella . P o r eso el « m é t o d o »
sirve an te to d o p a ra g u a rd a r al e s p ír itu d e l « a f u e r a » y de
aq u ello que desvía n u estro p en sam ien to de su recta o rie n ta ­
c ió n (el cu erp o , las cosas m ateriales, etc.). E l m étodo crea de
esta m an era la ilu sió n de en señ arn o s a p en sar; o crea sin más
la ilu sió n de q u e, m ed ian te él, el p en sam ien to ap ren d e algo
y se d e s a rr o lla o d e sp lie g a . P e ro tal c o m o , p o r e je m p lo ,
señ ala el f iló s o fo fra n c é s G ilíe s D eleu ze en su lib r o so b re
Niet&chej la filosofía, ese p en sam ien to es m eram en te reactivo, y
p o r tanto n o es afirm ativo n i creativo. ¿ P o r qué n o ? P o rq u e
él en sí m ism o n o crea n ad a , se o r d e n a h a cia v erd a d es que
tie n e n la fo rm a de ab straccion es c o n valid ez g e n e ral, que él
ha « a d q u i r i d o » so b re la base de u n a o b e d ie n c ia g e n e ra l a
p rin c ip io s. L o distintivo aq u í es que los p rin c ip io s son calca­
dos de los h ech os fácticos, o, en otras p alabras, que lo tra n s­
cen den tal y aq u ello que el p en sam ien to tien e de iure es calcado
de lo que es m era m e n te e m p íric o y cuya validez es exclusiva­
m en te defacto.
P o r ello , el p r in c ip io g e n e ral válid o es el de u n a u n ific a ­
c ió n cada vez m ay o r, el de la su b o rd in a c ió n a la u n id a d y el
d estierro de la m u ltip lic id a d : el p en sam ien to se erige com o
u n a cap acid ad u n ific a d o r a q u e p o r n atu raleza se o rd e n a en
u n a fu era u n ific a d o , esto es, en lo s ob jeto s. D e esta m an era
llegam os p o ste rio rm e n te a la id ea (al m en o s de acu erd o co n
D e le u z e ), p o r e je m p lo e n K a n t , de q u e el p e n s a m ie n to
30 ROLAND BR EEU R

in ten ta re d u c ir apriori tod a m u ltip lic id a d a u n a u n id a d cada


vez m ás g ra n d e y ab stracta. T o d o estím u lo s e n so ria l (« d a t o
se n s ib le » ) es p o r ello co n sid era d o co m o el p u n to de p artid a
de u n a sín te sis, q u e p a rte de lo s ó rg a n o s s e n so ria le s y t e r ­
m in a en el p e n s a m ie n to c o n c e p tu a l ( « Y o p ie n s o » ) . P o r
e je m p lo : la m u ltip lic id a d de lo s ó rg an o s y exp erien cias s e n ­
s o ria le s , el o íd o , el o lfa to , el tacto , e tc ., q u e d a so m e tid a a
u n a c a p a cid ad se n s o ria l d o m in a n te , p o r e je m p lo la v isu a l.
E ste es el « s e n s u s c o m m u n is » c o m o « c o n c o r d ia fa c u lta -
t u m » (D R , p . 1 7 4 )- T o d a s las e x p e r ie n c ia s están de este
m o d o su p ed itad as a la de v e r, y c o n trib u y e n al su rg im ie n to
de u n a rm ó n ic o cam p o visu al. P ero en este cam p o crece u n a
nueva y m ayo r u n id a d , la de u n o b jeto co n c re to . Y o « r e c o ­
n o z c o » al p e r r o d el v e c in o en lo q u e o ig o , h u e lo y v e o . E l
ó rg an o del « r e c o n o c im ie n to » o frece la p o sib ilid a d de llevar
a cabo u n a síntesis a u n n ivel su p e rio r, id e n tific a n d o o lo c a ­
lizan d o u n o b je to p a rtic u la r d e n tro del cam p o . E sta id e n t i­
fic a c ió n se con vierte en la fu n c ió n real de los ó rg an o s sen so ­
ria le s. E l cam p o se o rg an iza así en té rm in o s de o b je to s co n
p ro p ied ad es: lo que h u elo y oigo es captado com o p ro p ie d a d
d el ú n ic o p e r r o . Y p recisam en te sob re esta síntesis trab aja el
p e n s a m ie n to (el c o n c e p to ). E l o b je tiv o es e n to n c e s h a c e r
tam bién con verger todos los órganos en u n a u n id ad y arm o n ía
—yen d o desde los sentidos, a través de la im agin ación y el re c o ­
n o c im ie n to , hasta el p e n s a m ie n to —. L a v e rd a d es e n to n ces
« e x p re sa d a » en u n ju ic io , que hace explícita la relació n entre
el o b jeto y las p ro p ied ad es, y que to m a la fo rm a de S es P ; lo
q u e ta m b ié n se expresa en u n a te n d e n c ia a re d u c ir esa re la ­
c ió n co n la realid ad a u n a relac ió n c o n « o b je to s c o n c re to s» .
L a c o rre sp o n d e n c ia es « o b je tiv a d a » y la v erd a d es c o n te m ­
p la d a en té r m in o s de p r o p o s ic io n e s . E n su m a, el m o d e lo
d eterm in a la naturaleza y el v alo r de la verd ad . D e esta fo rm a,
el p e n s a m ie n to se d e s a rro lla seg ú n u n estricto m o d e lo de
LA ESTUPIDEZ TRANSCENDENTAL 31

« c o n d ic io n e s tra n sc e n d e n ta le s» (las « estru c tu ra s a p r io r i»


d el e n te n d im ie n to y de la ra z ó n ). P e ro , c o n tin ú a D eleu ze,
este m od elo tran scen d en tal y kan tian o está fu n d ad o sobre u n
h ech o esp ecialm en te trivial y e m p íric o : el re c o n o c im ie n to 8.
E n con secu en cia, to d o a lo que el p en sam ien to invita o su s­
cita es e n b u e n a m e d id a « e s p o n tá n e a m e n te » in te g ra d o en
u n im p u lso al reconocimiento. Esto im p lica in evitablem en te que
cada n u evo in te n to de a d q u ir ir c o n o c im ie n to n o h ace de
hecho m ás que c o n firm a r determ in ad as estructuras y c o n o c i­
m ien to s ya a d q u irid o s, o b ie n sim p lem en te crear las expecta­
tivas de que p u e d e n ser co n firm ad o s.
N o es c asu alid ad q u e estos p r in c ip io s d e te rm in e n ta m ­
b ié n e n g r a n m e d id a el (actu al) p e n s a m ie n to f ilo s ó fic o .
¿ Q u é tip o d e p r o b le m a s y c u e stio n e s so n tra ta d o s to d avía
p o r la m ayo r p arte de los filó so fo s actu ales? Se trata de p r o ­
blem as cuya verd ad d ep en d e de la p o sib ilid a d de e n c o n tra r­
les u n a s o lu c ió n . D e te rm in a d a s p reg u n ta s y cu estio n es so n
estim ad o s c o m o a b su rd o s se n c illa m e n te p o r q u e se d esvían
de la exigen cia dogm ática de p r o p o rc io n a r u n a « a p o rta c ió n
fu n d a m e n ta l» a la so lu c ió n d el p ro b le m a : sólo esas cu e stio ­
nes m erece n ate n ció n , las que c o n tie n e n la ilu sió n de e n ca­
m in arse hacia so lu c io n e s reales. E sto g e n e ra la fo rm u la c ió n
fa ta l de c u e stio n e s d e l t ip o : « ¿ e s B e r g s o n u n h e id e g g e -

8 « P e r o ju sta m e n te es p rec iso re p ro c h a r a esa im agen d el p e n sam ien to el


h a b e r fu n d a d o su su p uesto d erech o so b re la extra p o la c ió n de cierto s
hechos, y de hechos particu larm en te insignifican tes, la ban alidad cotidiana
en p erson a, el reco n o c im ien to ; com o si el pen sam iento n o deb iera buscar
sus m odelos en aventuras más extrañas o más com prom etedoras. T om em os
el ejem plo de K a n t [...] E n la p rim era edició n de la Crítica de la razónpura, des­
crib e detallad am en te tres sín tesis qu e m id e n el ap o rte resp ectivo de las
facultades pensantes y que cu lm in an en la tercera, el reco n o cim ien to . Esta
se expresa en la fo rm a del objeto cu alq u iera com o correlato d el Y o pien so
con el cual se relacio n an todas las facu ltades» (D R , p . 17 b ). Véase tam bién:
« E s claro que K a n t calca así las estructuras llam adas transcendentales sobre
los actos em p írico s de u n a con cien cia p sico ló g ica» (D R , p p . 17 6 - 17 7 )*
32 ROLAND BR EEU R

r ia n o ? » , « ¿ a fir m a tam bién el "fin de la m etafísica” ? » , « ¿ e s tá


ju s tific a d a la lectu ra que D eleu ze hace de S p in o z a ? » , etc.
P a ra D e le u z e , esto c o n stitu y e re a lm e n te la « a u t é n tic a
p la g a » de la filo s o fía 9. Y co m o el m o d e lo de estos c o m e n ta ­
d ores su p o n e p o r d efecto que la so lu c ió n tam b ién liq u id a ría
el p r o b le m a , se d e s p ie rta la s a tis fa c to ria ilu s ió n de q u e la
filo so fía p u ed e reg istrar u n p ro g re so (D R , p . 2 0 5 ) .
D e le u z e , p o r su p u e sto , n o n ie g a q u e en la filo s o fía el
en cu en tro y la exp erien cia de la verd ad n o p u ed a ser separada
de la fo rm u la c ió n de los p ro b lem as, p e ro sí niega que el se n ­
tid o y la verdad de los p rob lem as deba d ep en d er de su p o s ib i­
lid ad de ser solu cio n ad os (D R , p . 2,0 7). Esta fo rm a de p en sar
tie n e algo g ro te sc o y re d u c e p o r n e c e sid a d ( « e s t r u c t u r a l­
m e n te » ) la n aturaleza de los p ro b lem as en cuanto tales a algo
p u e ril: se trata siem p re de p ro b lem as q u e inse a n ticip a n u n a
p o sib le so lu c ió n . C o n sid e re m o s p o r ejem p lo el uso bastante
p u e ril de algunas « p a la b ra s clave» en las llam adas « p u b lic a ­
cion es c ie n tífic a s » : se trata de p seud o con cep to s que d e te rm i­
n a n el cam p o o d o m in io d o n d e u n artícu lo o u n lib ro desa­
rro lla su investigación: « m in d -b o d y , externalism , sem antics,
m e a n in g » : ante tod o c o n firm a n que el p en sad o r n o d isp o n e
de lo s p ro b le m a s p o r sí m is m o 10. S i p re te n d e re a liz a r u n a
« in v e s tig a c ió n » te n d rá n ecesariam en te que « c o n e c ta rs e » a
u n o de estos d o m in io s y estar en c o n d ic io n e s de p ro b a r que
él tam b ién p u ed e llevar a cabo u n a « fin e an d o rig in a l co n tri -
b u tio n to the actual d e b a te » .
E ste m o d o de p e n sa r se vuelve cada vez m ás n o rm a tiv o y
« m o r a l » , tan to e n in s p ir a c ió n c o m o e n a s p ir a c ió n : en
n o m b re de esa cap acid ad n atu ra l p a ra e n c o n tra r y c o m u n i-

9 G . D eleuze, Qu’est-cequelaphilosophie?, París, M in u it, 1 9 9 1 , p . 3 3 .


10 « C o m o si n o p erm a n e c ié ra m o s esclavos, en tanto n o d isp o n em o s de los
pro b lem as m ism os, de u n a p a rticip ació n en los problem as, de u n derecho
a los p ro b lem as, de u n a gestión de los p ro b le m a s» (D R , p p . 2 0 5 s.).
LA ESTUPID EZ TRANSCENDENTAL 33

car lo co rrecto en todas partes y en tod a o casió n , en n o m b re


de la « r e c t it u d d e l p e n s a m ie n t o » , e m p re n d e ese p e n s a ­
m ie n to u n a a u té n tic a cru zad a c o n tra to d o lo q u e m u e stre
sig n o s de « o s c u r a n t is m o » . C o n la a siste n c ia de có d ig o s
gen erales de p e n sa m ie n to , gram áticas de con cep tos, etc.,ese
p e n sa m ie n to se e rig e en u n a esp ecie de tr ib u n a l tra n s c e n ­
d en tal que « a b u c h e a » a los dem ás señ alan d o sus in s u fic ie n ­
cias in telectu ales (sus « p a r a d o ja s » , « fo r m a s in co rrectas de
a r g u m e n t a c ió n » , e tc .), su c a re n c ia de « b u e n a v o lu n t a d »
(ello s « e x tr a v ía n » a los d em ás), etc. E n u n a p a la b ra , se les
c u lp a de e stu p id e z . P e ro n o es casu al q u e ta m b ié n y so b re
to d o la e stu p id e z sea r e tr o tr a íd a a q u í a la e x p re s ió n de u n
e r r o r : esa r e d u c c ió n tie n e , p o r su p u esto , algo tra n q u iliz a ­
d o r, p u es sem ejan te estupidez siem p re p u ed e ser co rre g id a.
¿ Q u é o tra cosa es esta estupidez sin o u n a c o n firm a c ió n de,
o m e jo r , u n h o m e n a je a su p r o p ia s u p e r io r id a d in te le c ­
t u a l? : el e r r o r es « e l tro p ie z o d el b u e n s e n tid o » , n o tien e
n in g u n a fo rm a p r o p ia de existen cia: « c a re n te de fo rm a , da
a lo fa lso la fo r m a de lo v e r d a d e r o » . L a estu p id ez se n o s
p resen ta así co m o u n a especie de tra sto rn o : to m a r algo falso
c o m o v e r d a d e r o . E l « b u e n s e n t id o » , p u e s, se m a n tie n e
in ta c to , só lo q u e se e n c u e n tr a e x tra v ia d o . G o m o se ve, en
esta a p r o x im a c ió n a la e stu p id e z , la m ism a d is p o s ic ió n
tra n s c e n d e n ta l a lo v e rd a d e ro n o es p u esta en c u e s tió n .
P e ro , a d ec ir de D eleu ze: « e s p reciso in v e rtirlo t o d o » (D R ,
p . I 9 5 ) : la estupidez misma es de naturaleza transcendental.
Y se ve claram ente en lo siguien te: q u ien en n o m b re de la
verd ad q u iera com b atir la « e stu p id e z » sólo aviva la ilu sió n de
estar in teresado en esa verd ad . N ad a le gu iará salvo su « b u e n
se n tid o » o su « lu z n a tu r a l» : n o obstante, esa ilu sió n co n sti­
tuye ju stam en te el n ú cleo de su « im a g e n del p e n sa m ie n to » ,
a sab er, la ilu s ió n de q u e ese in te ré s p o r la v e rd a d sería tan
in o c e n te c o m o lo es c u a lq u ie r c a p a cid ad n a tu ra l. Y , sin
34 ROLAND BR EEU R

e m b a rg o , n o p u e d e im p e d ir q u e las v erd ad es q u e en salza a


m e n u d o se p re se n te n c o m o algo c are n te p o r co m p le to de
cu alq u ier v alo r, algo fu e ra de lu gar o sin relevan cia algu n a, o
b ie n com o un a en u m e ració n de clichés u obviedades. S itu á n ­
dose p o r en cim a de la exigen cia de lo relevante y lo sig n ific a ­
tivo, em p o b rece su con cep to de lo verd a d ero hasta tra n s fo r­
m a rlo p re c isa m e n te e n aq u e llo q u e p re te n d ía co m b a tir: las
o p in io n e s 11. L a « re c titu d del p e n s a m ie n to » , su o rto d o xia, se
q ueda al fin a l en sim ple doxa12.
E n alg ú n lu g a r d ice P ro u st so b re lo s crítico s de arte que
so n des célibataires de l ’art, « c é lib e s d el a r t e » : n o crean n ad a que
ten ga el v a lo r de aq u e llo m ism o q ue, segú n a firm a n , apela a
su s e n tim ie n to y de lo q u e d ic e n e x tra e r su in s p ir a c ió n .
M u ch os p en sad ores son p o r ello « c é lib e s de la filo s o fía » . E n
té rm in o s de D eleu ze: « s o n in cap aces de h acer n acer el acto
de p e n sa r en el p e n s a m ie n to » (D R , p . l 8 l ) . Su s o p in io n e s
tam p o co d an o rig e n a n in g ú n p e n sa m ie n to : ¿ Cuál es entonces el
valor de sus verdades? V erdad es sin n in g ú n valor, clichés, o p in io ­
n es « a cad é m ic a m e n te c o rre c ta s» ; éste es el verd a d ero c o m ­
p o n e n te esen cial de la estupidez.

3. « P r a x is d e la e s t u p id e z »

C o n s e c u e n te m e n te , n o s o tr o s te n e m o s la v e rd a d q u e n o s
m e r e c e m o s , d e p e n d ie n d o d el m o d o de m e d ir n o s c o n las
ex ig e n cia s d e la re a lid a d . La verdad no tiene ningún sentido fuera de

11 « L a filo s o fía n o tie n e n n in g ú n m ed io p a ra realizar su p ro yec to , qu e era


r o m p e r co n la doxa¿> (D R , p . 175)*
12 « L a im agen del p en sam ien to n o es sin o la fig u ra b ajo la cual se unlversaliza
la doxa elevándola al nivel racional. Pero se sigue siendo p risio n ero de la doxa,
ya que sólo se hace abstracción de su con ten id o em p írico , y se con tinú a c o n ­
servando el uso de las facultades que le co rresp o n d e n [ . . . ] » (D R , p. 17 b ) .
LA ESTUPIDEZ TRANSCENDENTAL 35

este principio. E l a u té n tic o am ig o de la v e rd a d es aq u e l q u e la


so m ete al m ás d u ro e x am en , el e x a m e n d e l s e n tid o y d el
valo r. P o r co n sig u ien te , el verd a d ero te rrito rio de la estu p i­
dez n o es el d e l e r r o r o la in d ife r e n c ia h a c ia la v e rd a d : su
« c o m p o n e n te e se n c ia l» es u n a in d ife re n c ia , torpeza y o fu s ­
cació n co n re la c ió n al v a lo r de u n a verd ad , c o n re la c ió n a lo
q u e , u n a vez m ás, M u s il lla m ó « l o s ig n ific a t iv o » ; a q u e llo
que tien e sen tid o en u n a verd ad , y aq u ello que n o ; p ues hay
verdad es que p u e d e n n o te n e r sen tid o y e rro re s que p u e d e n
te n e r algo de d ig n id a d .
D e a c u e rd o c o n M u sil, la estu p id ez d eb e ser c o m p r e n ­
d id a desde lo q ue él d e n o m in a la « in e fic ie n c ia » : la e stu p i­
dez a p u n ta a u n a « in c a p a c id a d » g e n e r a l p a ra m a n te n e r
re la c ió n c o n d e te rm in a d a s v e rd a d e s, v a lo re s y d e sa fío s.
E x p re sio n e s o « in s u lt o s » tales c o m o « h o r r i b l e » , « e n f e r ­
m iz o » , « in s o le n t e » , etc., ap u n tan tam b ién a la in cap acidad
p a ra d e s tr u ir el v a lo r de to d o a q u e llo q u e « n o n o s p arece
b i e n » . « E l u so de estas p alab ras es la e x p re sió n de rech azo
m ás s im p le y p e o r q u e se p u e d a e n c o n t r a r , es el in ic io de
u n a ré p lic a y ya su f i n » . L a estupidez tien e algo destructivo,
reactivo o d efen sivo , basado en u n a « to s q u e d a d » que c o n s­
tituye la sin gu larid ad de lo que E rd m a n n llam ó la « p ra x is de
la e stu p id e z » .

B u rla rs e d el v a lo r de las cosas cuyo sig n ific a d o n o p o d e m o s


c a p ta r es u n a m a n e r a de e x c lu ir la s d e m i m u n d o , u n a
m a n e ra de estrech a r el cam p o de lo que cu en ta y de lo que
está en ju e g o e n m i e x isten c ia c o n r e la c ió n a lo q u e p u e d o
so b re llev ar y ag u an tar (de ah í, c o m o v erem o s, la id e n tific a ­
c ió n que E rd m a n n hace de la estup id ez c o n lo « lim ita d o de
sus p u n to s d e v is t a » ) . E se e s tre c h a m ie n to s ig n ific a f in a l ­
m e n te u n a d is m in u c ió n de la r e s p o n s a b ilid a d , esto es, de
m i n ecesid ad de alcan zar y c o m p re n d e r las cosas vitalm en te.
36 ROLAND BR EEU R

J u n t o al u so de lo s « i n s u l t o s » , e x iste n m u ch as o tras
m an eras de lo g ra r la « n e u tr a liz a c ió n » g e n e ral o de b u rla rse
de estos valo res. Una de ellas se basa en la propagación de opiniones.
E n efecto , u n a o p in ió n se q u ie re n e u tra l co n resp ecto a
n u estra re la c ió n resp o n sab le c o n el ser: u n a o p in ió n n u n ca
m e c o m p ro m e te , es o p aca y p esad a c o m o u n a p ie d ra . U n o
n o tie n e q u e formarse o p in io n e s , las ad o p ta. P o r tan to , éstas
n o se d an c o m o u n e m p e ñ o o r ig in a l p o r e n te n d e r lo q u e a
u n o le o c u rre , n o su rg en d el esfuerzo p o r d eterm in arse co n
re la c ió n a alg u n a a flic c ió n , p o r e je m p lo . A l c o n tr a rio , u n a
o p in ió n ayuda ju sta m e n te a e n c u b rir la n ecesid ad de ello .
T o m e m o s el sig u ien te e je m p lo : hace p o c o escu ché e n la
rad io la reacción de algu ien a q u ien se le p id ió que com en tara
un a pieza m usical. L a p erso n a en cu estión n o parecía co n o ce r
o reco n o cer la pieza; adem ás, p o r lo visto, ése n o era su estilo
de m ú sica . S u re a c c ió n fu e so rp re n d e n te m e n te la de estar
m olesto e irrita d o , en el sentido de « o d io ese tip o de m úsica,
es u n a p u ra m ezcla de estilos, n o tien e estru ctu ra , n o tien e
nada de auténtico, e t c .» . E n respuesta a esto u n colega intentó
e x p lica rle la im p o rta n c ia de aq u e lla m ú sica, su e stru ctu ra
in tern a, refin am ien to , sutileza e inventiva. A l o que el oyente
resp o n d ió que todos estos argum entos p o d ía n ser verdad y que
él n o ju z g ó si la m ú sica era m ala o b u e n a , sin o que s im p le ­
m en te él n o p o d ía sop ortarla. N o estaba « a b ie rto a e lla » . P o r
su p u esto, u n o p u ed e p regu n tarse p o r q u é esta falta de a p e r­
tu ra causa tan ta ir r ita c ió n , p e ro eso es o tro p ro b le m a . L a
cuestión es: ¿d ó n d e está la estupidez en este caso?
A l in ten tar ju stific a r su reacción y falta de co m p ren sió n o
de receptividad hacia esa m úsica, el oyente afirm ó que ésa era
sim plem en te su o p in ió n , y que n o p o d ía h acer nada en con tra
de ella: era m ás fu e rte q u e él. S u te m p e ra m e n to , carácter y
p erso n alid ad se negaban a to le rar y escuchar ese tipo de cosas.
P ero , a la vez, él n o q u ería cu estion ar y d iscu tir la verdad de lo
LA ESTUPID EZ TRANSCENDENTAL 37

que el colega le o fre c ía . D e ah í la estupidez: esa re fe re n c ia al


p ro fu n d o y opaco o rig en de su tosca reacción es sim plem ente
u n a m a n e ra de n e u tra liz a r to d o el v a lo r de v erd a d de esa
m úsica. E l n o q u iere d iscu tir esa verd ad , al c o n tra rio , acepta
su rea lid a d (« p u e d e q ue sea v e r d a d » ), p e ro sólo después de
h ab er p ro fan ad o o estropeado su valor.
E l o b je tiv o de e x p re sa r o p in io n e s en este c o n texto está
claro : en p r im e r lu g a r, es u n a m an e ra de escapar al riesgo y
a la in evitable acu sació n de estar « e n u n e r r o r » . M i o p in ió n
n o se d ir ig e a n in g u n a v e rd a d , p o r lo tan to n o p u e d e ser
fa lsa . D e este m o d o , e lu d o el p e lig r o de ser acu sad o y la
n ecesid ad de asu m ir esa resp o n sab ilid ad . P ero la m an era de
im p o n e r esto es el n ú c le o de la estupid ez: re d u c ir u n ju ic io
a la e x p re s ió n de u n a o p in ió n es u n a m a n e ra de n e g a r el
h e c h o de q u e la v e rd a d e n cu an to tal p u e d a estar e n ju e g o .
Y , p o r o tra p a r te , lo s c o m e n ta r io s y lo s p e n s a m ie n to s d el
o tro q u ed a n re d u c id o s a p alab re ría.
U n a vez m ás, lo que co n sigo c o n ello n o es u n a n e u tra li­
za c ió n de la v e rd a d c o m o tal. L o q u e b ago es p ra c tic a r u n a
e sp ecie d e epoché d e c u a lq u ie r co sa q u e p u e d a s u g e rir u n
v a lo r, u n s ig n ific a d o o u n sen tid o en cuyo con texto su rg en
las v erd a d es ( « p u e d e q u e lo q u e d ices sea v e rd a d , p e ro n o
tien e sen tid o p a ra m í » ) . G o m o fe n o m e n ó lo g o , yo lla m a ría
a esta n e u tr a liz a c ió n u n a r e d u c c ió n a la e stu p id e z . E s u n
c o r t o c ir c u ito , c o m o d ir ía M u s il, u n o b stá cu lo p a ra q u e la
v e rd a d n o p u e d a f lu i r n i b r illa r . Y m ás a ú n : re c la m a r el
d ere ch o y la lib e rta d de e m itir y p ro p a g a r las o p in io n e s que
tie n e cada cu al n o es sin o u n a m a n e ra de re cla m a r el d e re ­
cho a p rac tic ar esta re d u c c ió n sin trab a algu n a.
38 ROLAND BR EEU R

4. U n a m a n e r a b a ja d e pen sa r

A lr e d e d o r de 1 9 2 0 A rta u d m an tuvo u n a am p lia c o rre sp o n ­


d en cia c o n el e d ito r Ja c q u e s R iv iè re . E 1 m otivo fu e la n e g a ­
tiva p o r p arte de este ú ltim o a p u b lic a r u n cierto n ú m e ro de
p o e m a s d e l to d av ía jo v e n p o e ta . F in a lm e n te , lo q u e se
p u b licó n o fu e r o n los p oem as, sin o las cartas. Estas son tam ­
b ié n in te re s a n te s en la m e d id a e n q u e s e ñ a la n la e n o rm e
falta de e n te n d im ie n to , in c lu so im p a c ie n cia , de R iv iè re , lo
cu al es c a ra c te rístic o d e l m o d o « t r a d i c io n a l» de p e n s a r,
c o m o m u e stra n sus o b se rv ac io n es acerca de las « d e s v ia c io ­
n e s » d el jo v e n a u to r.
E n sus cartas, en efecto, se a firm a la id ea de u n a fu n c ió n
del p en sam ien to au tó n o m a, provista de su p ro p ia naturaleza
y de u n a b u e n a v o lu n ta d . « A r t a u d n o es de b u e n a v o lu n ­
t a d » , o su p e n s a m ie n to está extra v iad o d e b id o a sus m ales
c o rp o ra le s: las d ificu ltad es que ex p e rim en ta su p en sam ien to
son p a ra R iv iè re de n atu ra lez a acc id en ta l y ex tern a . A rta u d
d eb e a p r e n d e r a o r ie n t a r c o n p a c ie n c ia su p e n s a m ie n to , a
e n d ere zarlo y a a rtic u la rlo m e jo r ; d eb e a p re n d e r a exp resar
sus p en sam ien to s de u n a fo rm a más precisa.
P ero lo que « e l c a so » A rta u d sugiere n o p u ed e red u cirse
sin m ás a las p re m isa s de la im a g e n d o g m ática: n o se trata
aq u í de la id ea de que las capacidades supuestam ente n a tu ra ­
les sean obstaculizadas y paralizadas en su actividad p o r fa cto ­
res extern o s (cu erp o , m u n d o , etc.): la am enaza p ro v ie n e del
p e n sa m ie n to m ism o y es in h e r e n te a su « n a t u r a le z a » . P o r
ello , ap u nta a u n p en sam ien to que am enaza co n lib erarse de
su im a g e n d o g m átic a, p u es « A r t a u d d ice q u e el p ro b le m a
(p ara él) n o es o rie n ta r su p en sam ien to n i m e jo ra r la e x p re ­
s ió n de lo q u e p ie n sa , n i a d q u ir ir a p lic a c ió n y m é to d o , o
p erfec c io n ar sus p oem as, sino simplemente llegar a pensar algo>> (D R ,
p . 1 9 1 , cu rsivas m ía s). N o está en c o n d ic io n e s de p o d e r
LA ESTUPIDEZ TRANSCENDENTAL 39

som eter su p en sam ien to a las exigencias del m o d o trad icio n al


de p en sar, n i de articu larlo en fu n c ió n a u n a o rie n ta ció n a la
o b jetivid ad y a las rep resen tacio n es. E l da testim o n io de « la
te rrib le re v e la c ió n » de u n p en sar q u e se desata de la im agen
que co m ú n m en te ten em os de él, u n p en sar en el que la se n ­
sib ilid a d ya n o se som ete al « se n tid o c o m ú n » y en el q u e el
p en sam ien to n o se deja atar p o r el reco n o cim ien to . D em u es­
tra así q ue u n p e n sa m ie n to a rtic u la d o , y e n c ie rto sen tid o
coh eren te, debe ser con q uistad o y a d q u irid o : es d ecir, crea­
d o . « P e n s a r es c r e a r » , dice re p e tid a m e n te D e le u z e . Es
« e n g e n d ra r p en sam ien to en el p e n sa m ie n to » (D R , p . 192)■
N o se trata en ú ltim a in stan cia de e r ig ir el p en sam ien to
e s q u iz o fré n ic o e n u n a n ueva « im a g e n d el p e n s a m ie n to » :
A rta u d n o es n in g u n a alternativa a D escartes. E n sus p ro p io s
c o m e n ta rio s so b re la o b ra de A rta u d , D eleu ze q u iere h a cer
ver, más bien , que a pesar de la fragilid ad de la diferen cia entre
el p e n sa m ie n to n o r m a l y sus « fo r m a s n e g a tiv a s» , la e s q u i­
z o fr e n ia q u e e n c a rn a A rta u d n o es n in g ú n h e ch o h u m a n o
c o n tin g e n te , sin o q u e re p re se n ta , en ú ltim a in sta n c ia , la
p o s ib ilid a d de to d o p e n s a r en c u a n to tal, las « d ific u lta d e s
de d e re c h o q u e c o n c ie r n e n y a fe c ta n a la esen cia de lo que
sign ifica p e n s a r » (D R , p . 19 1) . E l p r o p io p en sam ien to n o es
n in g u n a cap a cid ad n a tu ra l q u e p u e d a ser a cc id e n ta lm e n te
desviada de su c a m in o : esta d esv ia c ió n y extravío es en sí
m ism a u n p en sar, el cual ap u nta a u n a in capacidad o rig in a ria
p a ra so m eterse a las llam adas « c o n d ic io n e s tra n sc e n d e n ta ­
l e s » . T o d o p e n sa m ie n to flo ta p o r e n c im a de u n « f o n d o
im p e r s o n a l» («u n fo n d » ), q u e c o n tin ú a a m e n a zan d o y
en ton tece hasta la trivialid ad c u alq u ier idea p r o fu n d a 13.

13 « A l o p e rar b ajo todas las fo rm as, la in d iv id u a ció n com o tal es inseparable


de u n fo n d o p u ro al que hace su rgir y arrastra con sigo. [...] C o n el in d iv i­
du o, ese fo n d o sube a la su p erficie p e r o , sin em bargo , no ad qu iere fo rm a
40 ROLAND BR EEU R

E n o tra s p a la b ra s , a q u e llo q u e n o tie n e s e n tid o e n el


p e n s a m ie n to n o p u e d e se r c o m p r e n d id o e n té r m in o s de
p e rv e rsió n n i com o u n a señal de desviación de n u estra a p e r­
tu ra n a tu ra l a la verd a d : p u es, a p esar de to d o , las o p in io n e s
n o v e rd a d e ra s p u e d e n ta m b ié n te n e r s e n tid o . E s la v e rd a d
m ism a la q u e tie n e q u e se r so m e tid a a la p re g u n ta p o r el
se n tid o . A lg u n a s verd ad es n o tie n e n v alo r, ¿ p o r q u é ? E n tre
o tra s co sas, p o r q u e lo s p r o b le m a s q u e ella s p la n te a n s o n
falsos. L a p reg u n ta p o r el sen tid o debe p o r tan to ser f o r m u ­
lada ya en el p ro b le m a m ism o , y n o en la so lu c ió n . B e rg so n
señ alaba c ó m o la a rtic u la c ió n del p ro b le m a g e n e ra u n s e n ­
tid o p r o p io y u n tip o p r o p io de verd ad y de p e n s a m ie n to 14.
E l sen tid o se baila ya en el p ro b le m a m ism o , y la estupidez es
en ton ces tam b ién , co m o a firm a D eleu ze, « la facu ltad de los
falso s p r o b le m a s » , a p u n ta n d o en to d o caso a u n a m a n e ra
« b a ja » de p e n sa r. E n u n c o n o c id o p asaje de su Niet&chej la
filosofía lo resu m e del sigu ien te m o d o :

La estupidez es una estructura del pensam iento com o


tal: no es una form a de equivocarse, sino que expresa

n i figu ra. Está allí, m irán d o n o s fijam en te, au nq u e sin o jo s. E l in d iv id u o se


distingue de él, p e ro él n o se distingue del in d ivid u o , con tin ú a abrazándose
a lo qu e se divorcia de él. E s lo in d eterm in ad o ; p e ro en tanto que con tin ú a
abrazando la d eterm in ac ió n , es com o la tie rra p ara el zapato. A b o r a b ien ,
lo s an im ales e n cie rto m o d o están p recavid o s c o n tra ese fo n d o [ ...] N o
o c u rre lo m ism o c o n el Y o (Je) y el Y o (Moi), m in a d o s p o r lo s cam po s de
in d ivid u ació n que los trabajan, ind efen sos con tra u n ascenso del fo n d o que
les tiende su espejo d efo rm e o d efo rm an te en el que todas las fo rm as, ahora
pensadas, se d isu e lven » (D R , p. 19 7 )-
14 « L a verd ad es que se trata, en filo so fía y tam bién en o tro s lugares, de encon­
trar el p ro b lem a y, p o r con siguiente, de plantearlo más qu e de resolverlo. [...]
P lan tear el p ro b le m a n o es sim p lem en te d e scu b rir, es in ven tar. E l descu ­
b r im ie n to c o n c ie r n e a a q u ello qu e ya existe, actu al o v irtu a lm e n te ; él
estaba, pues, seguro de llegar tarde o tem p ran o . L a in v en c ió n le da el ser a
aquello que n o era; ella p o d ría n o h ab er llegado n u n c a » , en : H . B ergso n ,
Lapenséeetle mouvant, A lean , 19 3 9 , p p . 5 l s *
LA ESTUPIDEZ TRANSCENDENTAL 41

por derecho el sinsentido del pensam iento. La estupi­


dez no es un erro r ni una sarta de errores. Se conocen
pensam ientos im béciles, discursos im béciles con strui­
dos totalm ente a base de verdades; pero estas verdades
son bajas, son las de un alma baja, pesada y de plom o. La
estupidezj, más profundamente, aquello de lo que es síntoma: una
manera baja de pensar. He aquí lo que expresa p or derecho
el estado de un espíritu dom inado por fuerzas reactivas.
Tanto en la verdad com o en el e rro r, el pensam iento
estúpido sólo descubre lo más bajo, los bajos errores y
las bajas verdades que traducen el triunfo del esclavo, el
reino de los valores mezquinos o el poder de un orden
establecido (NP, p. 12 o ).

E n el d iálo g o Recherche de la vérité, D escartes establece u n a c o n ­


tra p o sic ió n en tre dos p erso n ajes: el sabio Epistemon y el ig n o ­
ran te Eudoxa. S u m é to d o , tras la tabula rasa y la lib e ra c ió n d el
in n e ce sa rio lastre de la tra d ic ió n , tien e co m o ob jetivo lleg ar
c o n au to n o m ía a la verd a d . M as co m o en rea lid a d en filo s o ­
fía n o se trata en p r im e r lu g a r de « s a b e r » tem as, tam p o co
se trata de b u scar la verd ad tal co m o hace el p u ro e in o cen te
Eudoxa, esto es, co m o u n ig n o ra n te a u tó n o m o : n o es la v e r ­
dad lo que in sp ira al p en sad o r, sin o las categorías de lo in te ­
resan te, lo llam ativo o lo relevan te; só lo ellas d e cid e n sob re
el éxito o el fracaso de u n p ro yecto filo só fic o .

A s í p u es, la estu p id ez se cara c te riza, p o r u n la d o , p o r su


m era fo rm a reactiva de p en sar: se som ete a las exigencias del
sensus communis, p ersig u ien d o solam en te verdades y seguridades
q u e ya n a d ie cu estio n a , q u e so n tan to p o lític a co m o a ca d é­
m ic a m e n te c o rre c ta s (y q u e e n cu a n to tales se p re se n ta n
co m o « p r o g r e s is ta s » ) . L o cu al explica tam b ién la p r e fe r e n ­
cia p o r té rm in o s im p re c is o s , p u es tal c o m o señ ala M u sil:
42 ROLAND BR EEU R

« c u a n to m ás vaga es u n a p alab ra, tanto m ayor es la am p litu d


de a q u e llo a lo q u e se la p u e d e r e f e r i r » . P re c isa m e n te p o r
esta ten d en cia a lo vacío o gen eral, y en ú ltim a instancia al c li­
ché, el p en sam ien to p ro p io de la estupidez se caracteriza p o r
u n a reca lcitran te in cap acid a d p a ra cap tar el te n o r esp ecífico
d el con texto d o n d e se hace válida u n a o p in ió n o u n a verdad.
D e ah í, p ues, su c e rril in d ife re n c ia , in c o m p re n sió n e in s e n ­
s ib ilid a d re sp ecto a las c irc u n sta n c ia s e sp ecíficas de las que
d eterm in ad o s hechos y verdades to m an prestado su valo r. D e
este m o d o , la estupidez n o tien e que v er c o n u n a d eficien cia
en el co n o cim ie n to , sin o m ás b ie n , com o dice E rd m a n n , co n
u n c o n o c im ie n to fu e r a de lu g a r. « P u e s a q u e l m in e r ó lo g o
q ue, tras caerle a u n o de sus am igos u n a p ie d ra en la cabeza,
c o r r ió fe r v o r o s a m e n te h a c ia él, m ir ó la p ie d r a y e x cla m ó :
¡G r a n i t o ! » tie n e c o n se g u rid a d m ás c o n o c im ie n to q u e su
víctim a, p e ro lo em p lea en u n con texto eq u ivocad o.
O to m e m o s este o tro e je m p lo : u n a m u je r c o n tó q u e
h ab ía p ro h ib id o a su h ijo a p ren d erse de m e m o ria la tabla de
m u ltip lic a r. P en saba q ue su h ijo d eb ía ser creativo y a p r e n ­
d e r a u tó n o m am en te, a través de p eq u e ñ o s tru co s, a calcu lar
las s o lu c io n e s en cada o c a sió n , u n a y o tra vez. T al o b se rv a ­
c ió n tie n e algo de e s tú p id o , n o tan to p o r q u e la m a d re n o
p e rcib a que trab a ja r la m e m o ria es u n a c o n d ic ió n p ara f o r ­
m as m ás c o m p le ja s de c á lc u lo . A h í se e q u iv o c a la m a d re ,
p e ro esta eq u iv o c ac ió n es in o c e n te , asen tada m era m e n te en
la ig n o ra n c ia . L o estú p id o se basa antes b ie n en el h ech o de
q ue ella, en d e fe n sa de su o p in ió n , m a n te n g a d iverso s c li­
chés y lo s a p liq u e a u n cam p o d o n d e están fu e r a d e lu g a r:
que su h ijo deba a p re n d e r a ser au tó n o m o n o es en sí m ism o
n in g ú n p ro b le m a , p e ro la exigen cia de au to n o m ía y creativi­
dad n o es ad ecu ad o en el con texto de a p re n d e r las tablas de
m u ltip lic a r. L o s cam p os esp ecíficos d el a p re n d e r a calcu lar y
d el a p r e n d e r a se r a u tó n o m o so n to m a d o s el u n o p o r el
LA ESTUPIDEZ TRANSCENDENTAL 43

o tro , y en esta c o n fu sió n se escon de lo gro tesco . U n a estu p i­


dez sem ejan te, p recisam en te p o rq u e se asien ta en u n a in d o ­
le n c ia c o n respecto a la sin g u larid ad de cada p ro b le m a esp e­
c ífic o , a la c o m p le jid a d de cad a c o n te x to y cada situ a c ió n ,
d eja en tod os los cam pos algu n a víctim a. A sí, G in n y B ro w n -
W aite, d elegad o re p u b lic a n o en F lo r id a , p en só (a la luz d el
c o m p o r ta m ie n to de C h ir a c c o n r e la c ió n a la p o lític a de
B u s h en Ira k ) q u e E E . U U . d e b e ría r e p a t r ia r a lo s G I q u e
ca y e ro n d u ra n te la in v a s ió n de N o r m a n d ía (6 de ju n io de
1 9 4 4 ) . « N u e s t r o s so ld a d o s d e b e n d esc a n sa r en su p r o p ia
m ad re p a tria en lu g a r de en u n a tie rra que n o rin d e n in g ú n
respeto p o r la m e m o ria de los am erican o s que m u rie ro n p o r
F r a n c ia » . T ie n e q u e existir u n co n sid era b le p o d e r de atrac­
c ió n c o m o p a ra q u e esté tan e x ten d id a la te n d e n c ia a n eg a r
la c o m p le jid a d y p e c u lia rid a d de cada cam p o. A los p o lítico s
se les p regu n ta sus o p in io n e s sobre el fú tb o l, y al futbolista se
le p id e que m o vilice a la gen te p ara que vaya a vo tar co n tra la
e x tre m a d e re c h a . A l in fr a v a lo r a r la p e c u lia r id a d de cada
co n texto esp ecífico de sig n ific a d o , cada « c o n o c im ie n t o » o
ju ic io so b re la rea lid a d va a d q u irie n d o cierto carácter imagi­
nario. C o n ello se se n eu traliza sin m ás el im p acto de la re a li­
dad (o sea, es reactivo), en lu g a r de en fren ta rse a ella.

5. E s t u p id e z e in d iv id u a c ió n

A veces p o d e m o s m a ra v illa r n o s , d ic e E rd m a n n , de q ue
alg u ien que n o sabe n ad a sob re u n d eterm in ad o tem a « ju z ­
gue, sin em b argo , c o n tanta ligereza de m o d o c o n d e n a to rio .
N o d e b e ría m o s s o r p r e n d e r n o s . C o m o ta m p o co de q ue
rech ace ser llevad o a u n a m e jo r c o m p re n sió n . N o ju z g a tan
p e r e n to r ia m e n t e a p e sa r de su falta de c o m p r e n s ió n , sin o
d e b id o a e l la » . S e g ú n E r d m a n n , la estu p id ez va u n id a en
44 ROLAND BREEUR

se n tid o estricto a la estrechez de m ira s: la c o in c id e n c ia y la


re d u c c ió n d el c o n o c im ie n to al p r o p io y lim ita d o p u n to de
vista. L o vem os to d o a través d el o jo de la ce rra d u ra de n u e s­
tra co rta p ersp ectiva, y n o estam os en c o n d ic io n e s de ju z g a r
« in te lig e n te m e n te » n i de e n te n d e r, p o r tan to , los tem as en
fu n c ió n de con textos b ie n d ife re n c ia d o s: « E l ca rn ic e ro que
estafa al ric o p ara p o d e r d arle m ás de lo legal al p o b re tal vez
se v a n a g lo r ie in c lu s o de se r ta n s im p le ; el m ie m b r o d el
ju r a d o q u e d ice "in o c e n te ” p o r q u e las leyes p en ales so n tan
estrictas o el p r o f e s o r q u e , in v ita d o a u n a r e c e p c ió n , cree
te n e r q u e so lta r u n a c o n fe r e n c ia n o so n in te lig e n te s, p u es
n o sab en d is t in g u ir » .
P e ro eso s ig n ific a ta m b ié n q u e la lim ita d a c re e n c ia sin
reservas e n la exactitu d de las p ro p ia s co n v iccio n es da te sti­
m o n io de u n d eseo de p r o te g e r s e c o n tr a la e x ig e n c ia de
d ife r e n c ia r , y e n este s e n tid o , c o m o ya h e m o s v isto , n o se
d istin g u e de la s u p e r s tic ió n . L a estu p id ez y la s u p e rs tic ió n
tie n e n eso e n c o m ú n , q ue n in g u n a de las d os q u ed a s u p r i­
m id a n i p o r el c o n o c im ie n to de lo q u e es v e rd a d e ro n i p o r
la c o r r e c c ió n de lo q u e es fa ls o . T ie n e n el m ism o o r ig e n :
am b as q u ie r e n c o n ju r a r , en u n a su e rte d e a q u e la rre satá­
n ic o , la am enaza de lo ab su rd o o el secreto d eslizam ien to de
aq u e llo que n o tien e sen tid o .
A l n o p o d e r ser red u cid o a u n e rro r, lo grotesco sigue fas­
c in a n d o , o al m e n o s in q u ie ta n d o , de la m ism a m a n e ra que
u n a su p erstició n sigue estando activa au n q u e se haya p ro b a d o
su e q u ivo c ació n . E n lo gro tesco la c o n c ie n c ia flo ta de n uevo
h acia a rrib a ap o yán d o se en aq u e llo en lo q ue creem o s y que
n os m an tien e firm es, p o r p oco evidente que esto sea.

D e este m o d o , la estupidez tien e a m e n u d o u n tim b re com o


d e a flic c ió n : n o p u e d e sin m ás se r r e c tific a d a , p u e s n i se
p u e d e d etectar in m e d ia ta m e n te el o rig e n de lo gro tesco , n i
LA ESTUPID EZ TRANSCENDENTAL 45

cabe re d u c irlo a u n defecto o caren cia de ideas o visio n es. L a


estupidez es, c o n fre c u e n c ia , p a rtic u la rm e n te c o m p leja y se
apoya en u n co m p licad o ju e g o de p resu p o sicio n es, verdades,
o p in io n e s y p ro fu n d a s co n v icc io n e s que h an id o c re cie n d o
ju n t a s hasta lle g a r a c o n v e rtirs e e n u n o rg a n is m o m o n s ­
tr u o s o . Y ese o rg a n is m o m o n s tru o s o n o c o n c ie rn e m e r a ­
m e n te a n u e s tr o « c o n o c i m i e n t o » , sin o q u e ju s ta m e n te
fo rm a parte de lo que somos. A l fin y al cabo, lo que som os es el
r e fle jo d el m o d o e n el q u e n o s re la c io n a m o s c o n lo re a l.
E xiste, p o r tan to , u n estrecho v ín c u lo en tre la estupidez y la
in d iv id u a c ió n , esto es, el p ro c e so e n el q u e u n « s u je t o » se
vuelve in d e p e n d ie n te . E n am bos casos se p o n e de m an ifiesto
el m o d o e n el q ue u n su jeto se a fir m a o d e s a rro lla so b re el
tra s fo n d o d e u n p o s ib le s in s e n t id o : el p e n s a m ie n to r o m ­
p ie n d o las atadu ras de la u n ific a c ió n .
N o es casu al q u e E r d m a n n in te n te p e n s a r u n v ín c u lo
in te r n o e n tre la estu p id ez y la lim it a c ió n d e lo s p u n to s de
vista, o, e n re su m id a s c u en tas, e n tre a q u é lla y la estrech ez
m e n ta l. P o r eso e n fatiza e x p líc ita m e n te el h e c h o de q ue la
c u lp a de la estu p id ez n o se e n c u e n tra e n u n a c a re n c ia de
c o n o c im ie n to (re co rd em o s al « m in e r ó lo g o » de E rd m a n n ),
sin o en u n a in cap acid a d p ara p e rm a n e c e r ab ierto y re la c io ­
n arse del m o d o ad ecu ad o co n aq u ello que ese p u n to de vista
hace añ ico s, esto es, c o n u n a re a lid a d q u e excede y traspasa
m i estrech o m u n d o . L a e stu p id ez tie n e q u e v e r c o n lo que
los fran ceses lla m a n u n homme borne y lo s in gleses la narrowness
ofmind: p e r o ¿ q u é se q u ie re d e c ir c o n e s to ? E s c rib e E r d ­
m a n n lla m a tiv a m e n te : « l a lim it a c ió n de u n a p e rs o n a n o
con siste en q u e lo p o n g a to d o e n re la c ió n c o n las ideas que
viven en ella o e n que lo su b o rd in e a los p u n to s de vista que
ella sostien e —si n o h ic ie ra esto, n o ju z g a ría en ab so lu to , n o
sería n i estú p id o n i in te lig e n te —, sin o en que el n ú m e ro de
dichas ideas y p u n to s de vista es m u y re d u c id o , sien d o ésta la
46 ROLAND BR EEU R

razó n p o r la que el círcu lo visual que ellos co n fig u ra n sea tan


lim ita d o y e s t r e c h o » . ( 3 0 6 )

C o m o q u ed a claro p o r lo d ic h o hasta a q u í, la estu p id ez n o


c o n c ie rn e m era m e n te al te rre n o de n u estro s co n o cim ie n to s
y o p in io n e s, sino que se cristaliza en una persona entera.
P erm íta n m e ah o ra ilu stra r el v ín c u lo en tre la estupidez y
la in d iv id u a c ió n de la m an o de algu n os ejem p lo s tom ad o s de
P ro u s t. E ste v ín c u lo es in te re s a n te e n la m e d id a e n q u e
m u e stra q u e c u a lq u ie r in d iv id u a c ió n de u n a c o n c ie n c ia
o p e ra d a en u n a p e r s o n a c o n c re ta h a d e se r cap tad a c o m o
u n a fo rm a de « c ris ta liz a c ió n » a lre d e d o r de lo que n os am e ­
naza, de lo q u e h ace a ñ ic o s n u e s tro p u n to d e vista, y de lo
que p e rm a n e c e extrañ o e in d ife re n te al m u n d o in te r io r . L o
p e rso n a l es el resu ltad o de u n p ro c eso de asim ilació n y s e d i­
m e n ta c ió n q u e la p r o p ia p e r s o n a n o tie n e e n su p o d e r , y
q u e p o r e llo am en aza c o n sta n te m e n te c o n p o n e r e n c u e s­
tió n to d o lo q u e h a sid o alcan zad o y lo g ra d o . P recisam en te
p o r esta razón , la am enaza co n tra lo im p ercep tib le está esen ­
cialm en te u n id a a la m an era en la que el in d iv id u o se c o n s o ­
lid a c o m o p e rso n a con creta.
E n los d iálo g o s de A la recherche du tempsperdu cada p erso n aje
en ca rn a u n a fo rm a de estupid ez: N o r p o is es la estupidez del
« e s p ír it u g u b e r n a m e n t a l» , B r ic h o t la d el a ca d é m ico
p ed an te, G o tta rd la d el to rp e c ir u ja n o , O d ette la de la v u l­
ga r d am a de so cied ad , m ien tra s q u e M m e . V e r d u r in ilu stra
có m o la estupidez va siem p re a la p a r de la c ru eld a d , etc.
M as n o p o r ello es G o tta rd « in in t e lig e n t e » . A l f in y al
cab o , « a q u e l g r a n im b é c il e ra u n g r a n c ir u ja n o » . Y e n lo
que resp ecta a N o r p o is , su estup id ez tam p o co es u n a m a n i­
fe sta c ió n d e u n a c a re n c ia de e n te n d im ie n to o in s tru c c ió n ,
p u es e n su te r r e n o , el d e la d ip lo m a c ia , es u n e x p e rto . S in
e m b a rg o , su estu p id ez se rev ela e n el h e c h o de q u e ese
LA ESTUPID EZ TRANSCENDENTAL 47

terre n o p u ed a d e fin ir en su totalid ad a su p e rso n a en cuanto


tal. L o que él es c o in c id e co m p letam en te c o n los ju ic io s que
él m ism o em ite d en tro del cam po de la d ip lo m acia y que son
elo gia d o s en lo s salon es. S in em b a rg o , estos ju ic io s se c o n ­
vie rte n in m ed iatam en te en g e n e ralid ad es im b éciles, p e d a n ­
tes y com p letam en te vacías, a p u ro g é n e ro : (en el estallido de
la g u e rra d e 1 9 1 4 ) <<se d a n sín to m a s q u e s e ría ex ag erad o
to m a r de m o d o trágico p e ro que co n vien e to m ar en s e r io » .
O « l a fa m o sa Kultur, q u e co n siste e n a se sin a r a m u je re s y
n iñ o s in d e fe n s o s » , etc.
N o rp o is cree, quizá c o n razó n , que la retó rica d ip lo m á ­
tica p u ed e salvar a los g o b ie rn o s; p ero su estupidez estriba en
el hech o de que com ien za a creer que aq uello que p reg o n a es
g ra n lite ra tu ra . E ste Don Quijote de la d ip lo m a c ia va v o lv ié n ­
dose caduco d e n tro de su p e q u e ñ o m u n d o , que len tam en te
se va c e rra n d o de tal m o d o a lo rea l q u e co m ien z a a p e rd e r
cu a lq u ie r con tacto c o n lo q u e de v erd a d tien e im p o rta n c ia :
se ha vu elto « e s t r e c h o » . A h o r a b ie n , es ju s to esta estrechez
la que com ien za a d e te rm in a rle co m o p e rso n a y com o in d i­
v id u o . E l n o la p o see, sino que la es sin mas; le da rea liz ació n en
su c o m p o rta m ie n to , sus expectativas y sus co stu m b re s. Este
v ín c u lo en tre la estu p id ez y lo in d iv id u a l tien e cierta m e n te
algo de so b re co g e d o r, p ues deja v er co n qué fuerza la estu p i­
dez c o in cid e c o n la m an era en q u e u n a p erso n a se co m p o rta
y d ete rm in a in c o n sc ie n te m e n te su vid a. L a p erso n a aparece
sim p le m e n te c o m o la c rista liz a c ió n de u n n ú m e ro de o p i­
n io n e s y estrechos p u n to s de vista q u e le ayudan a ah uyen tar
lo r e a l15. S u vid a p arece haberse q u ed ad o oxid ad a en to rn o a
e q u iv o c a c io n e s, m a le n te n d id o s y te rq u e d a d e s, si b ie n so n
ellas las que p u e d e n m a n te n e r firm e a la p e rso n a . Sus c o n -

15 U n ejem plo fascin an te es la fig u ra de C a rm e n , en la gran novela de M iguel


D elib es Cinco horas con Mario.
48 ROLAND BR EEU R

viccio n es « r a c io n a le s » y sus « v e r d a d e s » p u e d e n ser acaso el


fru to de p ro fu n d a s refle x io n e s, p e ro éstas sólo h a n sido f o r ­
m adas en u n in te n to p o r ap lacar el « f o n d o » irra c io n a l. E n
este sen tid o , la estup id ez (la del o tro o la n u estra) n o s c o n ­
fr o n ta c o n la p r o fu n d a v u ln e r a b ilid a d de cad a p e r s o n a . Y
p recisam en te d eb id o a ese vín cu lo que m an tien e con la a m e ­
naza p ro c ed e n te de lo real, la estupidez tien e algo de in q u ie ­
tan te o intranquilizador. E n o tras p a la b ra s, la estu p id ez es la
e x p re s ió n d e u n in te n to p o r a h u y e n ta r lo a m e n a zan te e
im p e r s o n a l d e ese « f o n d o » . Y d e b id o a ello se ex p re sa
c o m o u n a fo r m a de v io le n c ia : e x c lu y e n d o o a b s o rb ie n d o
to d o lo q u e a su m a n e ra p u e d a h a c e r q u e la v u ln e ra b ilid a d
d el in d iv id u o y de su m u n d o sean con vocadas.
L a estupidez se da a m e n u d o , co m o M u sil tan b ellam en te
m u e stra , ju n t o a la a g re s ió n y a la c r u e ld a d . P e rm íta n m e ,
p a ra t e r m in a r , ilu s tr a r lo de la m a n o d e l p e r s o n a je de
P ro u s t, M m e . V e r d u r in : la estu p id ez d e M m e . V e r d u r in ,
u n a vez m ás, n o c o in c id e co n u n d efecto en la c o m p re n sió n
o en las ideas. M u y al c o n tra rio , ella se m u estra e x tra o rd in a ­
r ia m e n te creativa a la h o r a de c o n s o lid a r su « s e le c to c í r ­
c u lo » , su « c l a n » . T o d a su vid a tra n sc u rre en u n a c re a ció n
de in trig as y suspicacias, aco gien d o a d eterm in ad o s in vitados
« e s tra té g ic o s» y p ro h ib ie n d o la en trad a a elem en to s d eslea­
les o p elig ro so s. T ie n e u n gusto « d is t in g u id o » , au n q u e sólo
sirva p ara el reclu tam ien to de im p o rtan tes « e fe c tiv o s » . P ero
es d esp iad a d a: p u es tan p r o n to c o m o sien te q ue alg u n o de
sus e le m e n to s p u d ie r a a b a n d o n a rla , o q u izá te n e r v ín c u lo s
c o n el m u n d o a r is to c r á tic o re a l, su v e n g a n z a es d ia b ó lic a
(co m o p o r e je m p lo c o n tra S w an n , y d esp u és co n tra C h a r -
lu s). C o n esta ven ganza c o n ju ra la fra g ilid a d de su « c l a n » , y
c o n esta c ru e ld a d , co m o d iría D eleu ze, « s e realiza el sabbat
de la n e c e d a d y la m a ld a d » (D R , p . 1 9 8 ) . A l lí d o n d e su
m u n d o m u estra fisu ras, su estup id ez es de n u evo avivada en
LA ESTUPID EZ TRANSCENDENTAL 49

u n a tira n ía d esvergon zad a, ir r a c io n a l y veh e m en te, y en u n


an sia de revanch a. E n esta tira n ía p o n e a p ru eb a la fid e lid a d
y o b e d ie n c ia in c o n d ic io n a l de sus m ie m b ro s, en u n a suerte
d e c o n s p ir a c ió n su sten ta d a e n las m u r m u r a c io n e s y e n la
co n d e n a g e n e ra l d el m ie m b ro reb e ld e . L o que p u ed e p a r e ­
cer m ás alarm an te de to d o es el h ech o de q u e esta o b e d ie n ­
cia de sus m ie m b ro s tra n sc u rra de u n a m an era e x tra o rd in a ­
riam e n te esp on tán ea y c o n el voraz entusiasm o de u n a ban d a
de a n tr o p ó fa g o s q u e se p r e p a r a n a h u r ta d illa s p a ra u n a
e s p lé n d id a c o m id a . E n su m a : « E l p a isa je de lo t r a n s c e n ­
d e n ta l se a n im a ; e n él se d e b e n in t r o d u c ir el lu g a r d el
tira n o , d el esclavo y d el im b é c il» (D R , p . 19 6 ) .

C o n c l u s ió n

¿ D e d ó n d e p r o v ie n e e n to n c e s n u e s tra fa s c in a c ió n p o r la
estu p id ez? T an to E rd m a n n com o M u sil p o n e n el acen to en
el h e ch o de q u e la estu p id ez n o p u e d e ser re d u c id a a m e ra
ex p re sió n de u n d efecto de c o n o c im ie n to o de ideas. E n este
sen tid o , d ich a fa sc in a c ió n n o c o in c id e c o n u n m e la n có lico
in te ré s p o r u n estado su p era d o de n u e stro d e sa rro llo in te ­
le c tu a l: la e stu p id e z g o lp e a n u e s tr o p e n s a m ie n to desde
d em a siad o cerca c o m o p a ra ser m e ra m e n te u n a c o n fir m a ­
c ió n de n u estra p r o p ia s u p e rio rid a d . T o d o s som os u n p o co
estú p id o s, segú n M u sil. A s í, en cada u n o de n o so tro s to d a ­
vía se e n c u e n tra n « r e s t o s » de ese estad io o r ig in a r io ( E r d ­
m a n n ), resto s q u e n o se h a n d e s a r r o lla d o y q u e de vez en
cu an d o re su e n a n « c o m o u n a cu erd a que se hace v ib r a r » .
P arece c o m o si n u e stro p r o p io p e n sa m ie n to se h u b iese
d e s a rro lla d o a lr e d e d o r d e estos resto s, lo s cu ales de vez en
c u a n d o v ie n e n a p e r tu r b a r n u e stra a p e rtu ra a la v e rd a d :
suena u n a n o ta falsa.
50 ROLAND BR EEU R

Y quizá esto expliq u e, según E rd m a n n , p o r qué « c u a n d o


se n a r r a n to d o tip o de e stu p id e c e s, sea ju s ta m e n te ésta o
a q u é lla la q u e n o s d e le ita m ás q u e las o tras y n o s v ie n e a la
cabeza u n a y o tra v e z » ( 3 2 0 ) .
L o q u e n o s atrae en la estu p id ez, p o r ta n to , es p re c is a ­
m en te u n an sia y u n deseo de estos restos, de algo que n o se
deshace en lo g e n é ric o d el in telecto y d el c o n o c im ie n to , u n
d eseo de lo « t o ta lm e n t e in d iv id u a l» . E s este d eseo p o r lo
s in g u la r el q u e h a g e n e r a d o tan ta g r a n lite r a tu r a , c o n u n
in te ré s e sp e c ífic o p o r lo e stú p id o , c o m o e n « e l id ea l de la
lim it a c ió n d e D ic k e n s, la m a d re N ic k le b y » , c o m o e n lo s
retratos que F la u b e rt realizó de B o u v a r d y P écuch et, o com o
en las m agistrales d escrip cio n es que P ro u st n os hace de N o r -
p o is, M m e. V e r d u r in y o tro s.
P o r lo d em ás, es evid en te q u e n o to d o s n ecesitam os ser
grandes poetas para q u ed ar desconcertados ante lo sin gular de
la estup idez. A n te s al c o n tra rio , p u es, co m o dice E rd m a n n :
« E s e gozo p o r la in d iv id u a lid a d h a llevad o a algu n os que n o
so n p oetas n i están, p o r tan to, en c o n d ic io n e s de crear tales
m a g n ífic o s eje m p la re s, sin o q u e d e b e n b u scárselo s p o r ah í,
a e n ta b la r c o n v e rsa c io n e s in te r m in a b le s c o n u n a cabeza de
p o llo , q u e n o alb erga m ás ideas en sí q u e aq u ella h o n o ra b le
señ ora, sólo p ara in ten tar m eterse en su p ie l» ( 3 2 1) .
ROBERT MUSIL
Sobre la estupidez
Conferencia impartida en Viena el día 11
j repetida el día 1 7 de marzo de 1^37
por invitación de la Federación Austríaca del Trabajo
S eñ o ras y S e ñ o re s,

q u ie n se a r r ie s g u e a h a b la r so b re la estu p id ez c o r r e h o y el
p e lig ro de lle g a r a s u fr ir p e rju ic io s de m o d o s diversos; pues
p u ed e ser in te rp re ta d o co m o u n a a rro g a n c ia p o r su p arte e
in clu so co m o u n esto rb o p ara el d e sa rro llo de su ép oca. Y o
m ism o e s c r ib í h ace ya v a rio s a ñ o s: « S i la estu p id ez n o se
p a r e c ie r a ta n to al p r o g r e s o , el ta le n to , la esp eran z a o la
m e jo r a , n a d ie q u e r r ía ser e s t ú p id o » . E sto fu e en 1 9 3 1 ¡y
n ad ie se atreverá a p o n e r e n d u d a q u e el m u n d o h a asistido
tam b ién desde en ton ces a p ro g re so s y m ejo ras! D e ah í que se
vaya h a cien d o in aplazable p reg u n ta r: ¿ q u é es p ro p iam en te la
estu p id ez?
T a m p o c o q u is ie r a o m it ir q u e , en m i c a lid a d de p o e ta ,
c o n o z c o la estu p id ez d esd e m u c h o a n tes, e in c lu s o p o d r ía
d ecir q u e, en ocasion es, he m an ten id o c o n ella u n a re la c ió n
de c o m p a ñ e r is m o . T a n p r o n to c o m o a u n h o m b re se le
a b re n lo s o jo s p a ra la p o e sía , se ve e n fre n ta d o , p o r a ñ a d i­
du ra, a u n a resistencia apenas d escrip tib le y que p arece p o d e r
54 ROBERT M USIL

to m a r c u a lq u ie r fo rm a : sea ésta p e rso n a l, co m o la h o n o r a ­


b le de u n p r o fe s o r de h isto ria de la lite ra tu ra q ue, aco stu m ­
b ra d o a ap u n tar a d istancias in c o n tro la b le s, falla el tiro e n el
p re s e n te de m o d o d e sa stro so ; sea ésta de u n a g e n e ra lid a d
aérea, c o m o la tr a n s fo rm a c ió n d el ju ic io c rític o p o r m ed io
d el m e rc a n til, desde q u e D io s , en su b o n d a d p a ra n o so tro s
d ifíc ilm e n te c o m p re n sib le , ta m b ié n c o n c e d ie ra el len g u a je
de los h o m b res a los cread ores de p elícu las so n o ra s. Y a an te­
r io r m e n te he d escrito tales fe n ó m e n o s en m ás de u n a o c a ­
sió n , y n o es n e c e sa rio re p e tir o co m p le ta r lo d ich o e n t o n ­
ces (algo q ue, en vista de la p ro p e n s ió n a la gran d eza que hoy
to d o p resen ta, sería al p a re c e r in clu so im p o sib le ): baste co n
p o n e r de relieve com o u n resu ltad o segu ro que la escasa se n ­
sib ilid a d artística de u n p u e b lo n o se m an ifiesta tan só lo en
los m alos tiem po s y de u n m od o gro sero , sin o tam b ién en los
b u e n o s y d e to d o s lo s m o d o s p o s ib le s , d e su e rte q u e só lo
existe u n a d iferen c ia de grad o en tre la o p re sió n y la p r o h ib i­
c ió n y lo s d o c to ra d o s h o n o r ífic o s , los n o m b ra m ie n to s aca­
d ém ico s y las co n cesio n e s de p re m io s.
S ie m p r e h e so sp e c h a d o q u e esa m u ltifo r m e h o s tilid a d
h acia el arte y el fin o esp íritu p o r parte de u n p u eb lo q u e se
v a n a g lo ria de su a m o r al arte n o es o tra cosa q u e estu p id ez
—tal vez u n t ip o e s p e c ífic o d e ella , u n a estu p id ez e s p e c ífi­
cam en te artística y quizá in c lu so afectiva; u n a estu p id ez, en
to d o caso , q u e se m a n ifie s ta de m o d o tal q u e a q u e llo q u e
llam am o s a m o r p o r el arte sería a la vez estup idez artística—,
y h o y, la v erd a d sea d ich a, tam p o co veo d em asiad os m otivos
p a ra a b a n d o n a r esta o p in ió n . N a tu r a lm e n te , n o se p u e d e
c u lp a r a la estu p id ez de to d o aq u e llo q u e d e fo rm a u n a t e n ­
d e n cia tan c o n su m a d am en te h u m a n a c o m o es el arte; ta m ­
b ié n d eb e q u e d a r esp acio p a ra las d istin tas clases de falta de
carácter, tal y com o h an m ostrad o sobre tod o las experien cias
de los últim o s añ os.
SO BRE LA ESTUPIDEZ 55

N o estaría p e rm itid o o b je tar, p o r o tra p arte, que el c o n ­


cepto de estup id ez está a q u í de m ás, p u esto que él se re fie re
al e n te n d im ie n to y n o a lo s s e n tim ie n to s , m ie n tra s q u e el
arte d e p e n d e de estos ú ltim o s . T a l cosa se ría u n e r r o r .
In c lu so el go ce estético es ju ic io y s e n tim ie n to . Y les ru e g o
m e p e rm ita n n o sólo re c o rd a r que K a n t h ab la de u n a fa c u l­
tad de ju i c i o estético y de u n juicio d e g u sto , s in o ta m b ié n
re p e tir las a n tin o m ias a las que este ú ltim o co n d u ce:

• T e sis: E l ju i c i o de gu sto n o se fu n d a e n c o n c e p to s,
p u e s, de lo c o n t r a r io , se p o d r ía d is p u ta r so b re él (d e c id ir
p o r m ed io de p ru eb as).
• A n títe s is : E l j u i c i o de gu sto se fu n d a en c o n c e p to s,
p ues, de lo c o n tra rio , n o se p o d ría n i siq u iera d iscu tir sobre
él (asp irar a u n ac u erd o ).

A l resp ecto, m e p re g u n to si u n ju ic io sim ila r, co n u n a a n ti­


n o m ia s im ila r , n o se e n c u e n tra ta m b ié n e n la base de la
p o lític a y d el e m b r o llo de la v id a e n g e n e ra l. Y , a llí d o n d e
h a b ita n el ju ic io y la raz ó n , ¿ n o cabe e sp e ra r ta m b ié n a sus
h e rm a n as y h e rm a n ita s, las distin tas fo rm a s de la estu p id ez?
H asta aq u í p o r lo que respecta a su im p o rta n c ia . E ra sm o de
R o tte rd a m esc rib ió en su d elicio so y todavía actual Elogio de la
necedad q u e, si n o fu e ra p o r ciertas estupid eces, el h o m b re n i
siq u iera n acería.

M u c h o s m a n ifie s ta n ta m b ié n te n e r u n p r e s e n tim ie n to d el
d o m in io , ta n d e s h o n r o s o c o m o e n o r m e , q u e la estu p id ez
ejerce so b re n o so tro s, m o strán d o se am able y c o n sp ira d o ra -
m e n te s o r p r e n d id o s c u a n d o se e n te r a n d e q u e a lg u ie n en
q u ie n c o n fía n tie n e in te n c ió n d e c o n ju r a r a ese m o n s tru o
llam á n d o lo p o r su n o m b re . N o sólo p u d e ex p e rim en tar esto
de m o d o p e r s o n a l, sin o q u e p r o n to c o m p ro b é ta m b ié n su
validez h istó ric a c u a n d o , en la b ú sq u ed a de p red eceso res en
56 ROBERT M USIL

la c o n sid e ra c ió n de la estupidez —de lo s q ue, s o rp re n d e n te ­


m en te, p o c o s he lleg ad o a c o n o c e r, ¡p u es, segú n p arece, los
sabios p r e fie r e n e sc rib ir sob re la sa b id u ría !—, u n am igo e r u ­
d ito m e en v ió la e d ic ió n de u n a c o n fe r e n c ia im p a rtid a en
1 8 6 6 p o r j o h a n n E d u a r d E r d m a n n , d is c íp u lo de E íe g el y
p r o f e s o r e n la U n iv e r s id a d de H a lle . D ic h a c o n fe r e n c ia ,
titu lad a Sobre ¡a estupidez, em p ieza ya d ic ie n d o que el a n u n c io
de la m ism a fu e re c ib id o en tre risas; y desde que sé que esto
p u ed e o c u r r ir le in c lu so a u n h e g elian o , estoy c o n ven cid o de
q u e hay algo e s p e c ia lm e n te p a r t ic u la r e n ese c o m p o r t a ­
m ie n to de lo s h o m b r e s h a c ia q u ie n e s p re te n d e n h a b la r
sob re la estup idez, p o r lo q u e m e e n c u e n tro m uy in se g u ro ,
c o n v e n c id o de h a b e r d e sa fia d o a u n a fu e rz a p s ic o ló g ic a
e n o rm e y p ro fu n d a m e n te escin d id a.
P re fie ro , p o r e llo , co n fe sa r ya de an tem an o la in fe r io r i­
d ad en la q u e m e e n c u e n tr o c o n re sp e c to a esa fu e rz a :
ig n o ro lo que ella sea. N o he d escu b ierto n in g u n a te o ría de
la estu p id ez c o n cuya ayu d a p u d ie r a p r e te n d e r salvar el
m u n d o . A d ecir verd ad , n o b e h allad o u n a sola in vestigación
q ue, d en tro de los lím ites de la cautela cien tífica, haya hech o
de ella su o b je to y n i siq u ie ra u n acu erd o al que se haya lle ­
gad o , m al que b ie n , a te n d ie n d o a su co n cep to en el estudio
de asuntos em p aren tad o s. E sto p u ed e d eb erse a m i ig n o r a n ­
cia, p e ro es m ás p ro b a b le q ue la p re g u n ta « ¿ q u é es la estu ­
p id e z ? » se c o r r e s p o n d a ta n p o c o a lo s h á b ito s de p e n s a ­
m ie n to actuales c o m o las p regu n ta s acerca de lo q ue sean la
b o n d a d , la belleza o la e lectricid ad . A p esar de e llo , el deseo
de fo r m a r s e este c o n c e p to y de r e s p o n d e r tan s o b ria m e n te
c o m o sea p o s ib le a esa c u e s tió n p r e lim in a r de to d o v iv ir
atrae en n o p o ca m ed id a . P o r ese m o tivo , tam b ién yo caí u n
día en la p regu n ta sob re q ué será « r e a lm e n te » la estupidez y
n o so b re las fo r m a s e n q u e a la rd e a , cosa esta ú ltim a cuya
d e s c rip c ió n c o n v ie n e m u c h o m ás al d e b e r y al talen to p r o -
SO BRE LA ESTUPIDEZ 57

p ío s de m i o fic io . Y , co m o n o q u e ría p ro c u ra rm e ayu da de


m o d o p o é tic o n i p o d ía h a c e rlo d e m o d o c ie n t ífic o , lo
in ten té del m ás in g e n u o de los m o d o s, tal y com o es n atu ral
sie m p re en estos casos, tra ta n d o sim p le m e n te de p e rs e g u ir
lo s usos de la p alab ra « e s t ú p id o » y de su fa m ilia , b u scan d o
los ejem p lo s m ás usuales y esfo rzán d o m e en au n ar lo que iba
a n o ta n d o . P o r d esgracia, u n p ro c e d im ie n to así tie n e sie m ­
p re algo de caza de la m a rip o sa b la n c a : se p e rsig u e d u ra n te
u n tie m p o lo q u e se cree o b se rv a r s in p e r d e r lo de vista;
p e r o , c o m o d esd e d ir e c c io n e s d istin ta s se a p r o x im a n co n
pasos zigzagueantes to talm en te iguales m arip osas totalm en te
p arecid as, p ro n to n o se sabe si tod avía se está p e rsig u ie n d o a
la m ism a. D e este m o d o , tam p o co lo s ejem p lo s de la fa m ilia
de la estupidez p e rm itirá n siem p re d isc e rn ir si efectivam ente
g u a rd a n to d av ía e n tre sí u n a r e la c ió n o r ig in a r ia o b ie n ya
m era m e n te extern a, y si, de im p ro v iso , n o llevan a la c o n s i­
d e ra c ió n de u n lad o p ara o tro , p o r lo que n o resu ltará n ada
fá c il m e te rlo s a to d o s e n el m ism o saco y a fir m a r q u e éste
p erte n e ce efectivam en te a u n estú p id o .
E n tales c ircu n stan cias, sin em b a rg o , casi da igu al cóm o
se em p iece, así q ue p e rm íta n m e em p ezar de u n m o d o cu a l­
q u ie r a ; y lo m e jo r será h a c e rlo c o n la d ific u lta d in ic ia l de
que q u ie n p rete n d e d is c u rrir sob re la estupidez o asistir a tal
discu rso co n p ro v ech o debe p re s u p o n e r de sí m ism o que n o
es estú p id o , d e ja n d o ve r, p o r tan to , que se tien e p o r in te li­
g e n te, a p e sa r d e q u e tal cosa es g e n e ra lm e n te c o n sid e ra d a
co m o u n sign o de estupidez. S i ab o rd am o s ah o ra la cu estión
de p o r q ué se c o n sid e ra estú p id o d e ja r v er que u n o es in te ­
lig e n te , se im p o n e p o r de p ro n to u n a resp uesta que p arece
cu b ie rta p o r el p o lvo de lo s m u e b le s de n u e stro s m ás a n t i­
gu os p red ece so res, ya que ésta sostien e q u e es m ás p ru d e n te
n o m o stra rse in te lig e n te . E s p r o b a b le q u e esa p r u d e n c ia
p r o fu n d a m e n t e d e s c o n fia d a y h o y a p r im e r a vista in c o m -
58 ROBERT MUSIL

p re n sib le p ro v e n g a de u n o s tiem p o s en lo s q u e, rea lm en te,


lo m ás in te lig e n te p ara el d éb il era n o ser co n sid era d o in te ­
lig en te : ¡su in te lig e n c ia p o d ía am en azar al fu erte! L a e stu p i­
dez, p o r el c o n tra rio , a rru lla a la d esco n fian z a; « d e s a r m a » ,
co m o se d ice aú n h o y en d ía. H u ella s de esta an tigu a viveza y
de ese h acerse p asar p o r to n to se e n c u e n tra n efectivam en te
tod avía en algun as relac io n es de d e p e n d e n cia , en las que las
fuerzas están d istrib u id as tan d esigu alm en te q ue el m ás d éb il
b u sca su salvació n fin g ie n d o ser m ás estú p id o de lo q u e es.
D ich as hu ellas se m u estran , p o r eje m p lo , en la llam ada astu­
cia a ld e a n a , y ta m b ié n e n el tra to d e lo s sirv ie n te s c o n lo s
b ie n h a b la d o s se ñ o re s de la casa, en la r e la c ió n d el so ld a d o
c o n el s u p e r io r , d e l a lu m n o c o n el m ae stro y d el n iñ o c o n
los p ad res. A q u ie n tien e el p o d e r le ir r ita m en o s si el d éb il
n o p u e d e q u e si n o q u ie re . L a estu p id ez in c lu so le « d e s e s ­
p e r a » , es d e c ir , le su m e in c o n fu n d ib le m e n te en u n v a n i­
doso estado de d eb ilid a d .
¡E sto c o n c u e r d a p e r fe c ta m e n te c o n el h e c h o de q u e la
in te lig e n c ia le « e x a s p e r e » c o n fa c ilid a d ! E sta es, c ie r t a ­
m en te , ap reciad a en el su m iso , p e ro só lo m ien tra s va u n id a
a u n a lealta d in c o n d ic io n a l. E n el m o m e n to e n q ue le falta
este certificad o de b u en a con d u cta y n o es ya seguro que sirva
al p ro vech o d el señ o r, n o se la suele llam a r in teligen cia, sin o
m ás b ie n im p e r tin e n c ia , d esca ro o m a lic ia ; y a m e n u d o
resu lta c o m o si ésta a ten ta ra, c u a n d o m e n o s, al h o n o r y la
a u to rid a d d el p o d e r o s o , in c lu so c u a n d o n o am en aza r e a l­
m en te a su se g u rid a d . E n el cam p o de la e d u c a c ió n , esto se
m an ifiesta en el hecho de que el alu m n o rebeld e p e ro capaci­
tado es tratado c o n m ayor b ru sq u ed ad que aquel que n o o b e ­
dece p o r sim p le estup id ez. E n el de la m o ra l, h a c o n d u cid o
a la id ea de que u n a vo lu n tad tien e que ser tanto más m alvada
cu an to m e jo r sea el sab er c o n tra el q u e actúa. N i s iq u ie ra la
ju stic ia se h a lib ra d o to talm en te de este p re ju ic io p e rso n a l y,
SO BR E LA ESTUPID EZ 59

en la m ayoría de los casos, co n d en a c o n especial in clem en cia,


en cuan to « a s tu ta » y « d e s a lm a d a » , la ejecu ció n in teligen te
de u n c rim e n . E n lo q u e respecta a la p o lítica , q u e cada cual
extraiga los ejem p lo s de d o n d e los en cu en tre.
P ero ta m b ié n la estu p id ez —h a b rá q u e o b je ta r a q u í—
p u e d e e x a sp e ra r, y d esd e lu eg o n o ap a cigu a , n i m u ch o
m en o s, en todas las circu n stan cias. P o r d ec irlo b revem en te:
suele h acer p e rd e r la p acien cia, au n q u e en casos ex cep cio n a­
les p ro v o c a ta m b ié n c ru e ld a d ; y lo s rep u g n an te s excesos de
esa c ru e ld a d e n fe rm iz a , c o r r ie n te m e n te d e sig n a d o s co m o
sadism o, p resen tan en n o p ocos casos a p erson as estúpidas en
el p ap el de víctim as. E v id e n te m e n te , esto se d eb e a q ue caen
p resas de la p e r s o n a c r u e l m ás fá c ilm e n te q u e o tr o s ; p e ro
ta m b ié n p arec e d eb erse a q u e su evid en te falta de re s is te n ­
cia excita fero zm en te la im ag in a ció n , com o el o lo r de la sa n ­
g re el d eseo d e caza, y la atrae c o n h alago s h a cia u n a tie rra
d esierta en la q u e , si la c ru e ld a d va « d e m a s ia d o l e jo s » , es
sim p le m e n te p o r q u e n o e n c u e n tra ya en n in g u n a p a rte u n
lím it e . E sto c o n stitu y e u n rasg o de s u fr im ie n to e n el q u e
in flig e s u fr im ie n t o , u n a d e b ilid a d in m e rs a e n su to s q u e ­
d ad ; y, a u n q u e la in d ig n a c ió n p riv ile g ia d a de la c o m p a sió n
o fe n d id a ra ra vez p e rm ita a p re c ia rlo , e n la cru eld a d , com o
e n el a m o r , h a c e n fa lta d o s q u e se a v e n g a n . D e b a t ir esto
sería, c ie rta m e n te , de n o p o c a im p o r ta n c ia e n u n a h u m a ­
n id a d tan aq u ejad a de su « c o b a r d e c ru e ld a d c o n tra los m ás
d é b ile s » (s ie n d o ésta la t r a n s c r ip c ió n m ás u su a l d e l c o n ­
cepto de sad ism o ) c o m o la de n u e stro s d ías; p e ro c o n s id e ­
ra n d o lo p e rse g u id o en su lín e a p r in c ip a l y tras u n a rá p id a
c o le c c ió n de lo s p r im e r o s e je m p lo s , ta m b ié n lo q u e se ha
d ic h o al re sp e c to d eb e s e r te n id o c o m o u n e x c u rso y, en
c o n ju n t o , n o p u e d e sacarse de e llo m ás c o n c lu s ió n q u e la
sigu ien te: que p u ed e ser estú p id o h a cer gala de in teligen cia,
a u n q u e ta m p o c o es s ie m p r e in te lig e n t e g a n a rse fa m a de
6o ROBERT M USIL

e s tú p id o . N a d a de esto p u e d e se r g e n e ra liz a d o , o la ú n ic a
g e n e ra liz a c ió n a d m isib le ya en este p u n to d e b e ría ser ésta:
¡q u e lo m ás in te lig e n te e n este m u n d o sería hacerse n o ta r lo
m en o s p o sib le! Y , a d e c ir verd ad , n o h a n sid o pocas las veces
que se h a p u esto este p u n to fin a l a to d a sa b id u ría . N o o b s ­
tan te, es to d av ía m u c h o m ás c o m ú n h a c e r só lo u n u so a
m edias o sim b ó lic o -rep resen ta tiv o de este m isán tro p o re su l­
tado, algo que d irig e la co n sid e ra c ió n a la esfera de los m a n ­
d am ien to s de m o d e stia sin te n e r que a b a n d o n a r d el to d o el
ám b ito de la estupidez y la in te lig e n cia .
T a n to p o r m ie d o a p a r e c e r e s tú p id o c o m o p o r el de
o fe n d e r el d e c o r o , m u c h o s h o m b re s se c o n s id e r a n c ie rta ­
m en te in te lig e n te s, p e ro n o lo d ic e n . Y c u an d o se ven f o r ­
zados a h a b la r de e llo , lo p a ra fra se a n d ic ie n d o de sí m ism o s
algo así c o m o : « Y o n o soy más estúpido q u e o t r o s » . M ás
c o rrie n te todavía es ob servar de m o d o d esin teresad o y o b je ­
tiv o : « B i e n c re o p o d e r d e c ir q u e p o s e o u n a in te lig e n c ia
n o r m a l» . A v e c e s , el c o n v e n c im ie n to so b re la p ro p ia in t e ­
lig e n c ia sale a r e lu c ir ta m b ié n d e m o d o in d ir e c t o , c o m o
p o r e je m p lo e n la lo c u c ió n : « ¡ Y o n o d e jo q u e m e to m e n
p o r e s t ú p id o !» . T a n to m ás n o ta b le es el h e c h o de q u e n o
só lo el h o m b r e p r iv a d o e in d iv id u a l se vea e n sus p e n s a ­
m ie n to s c o m o su m a m e n te in te lig e n te y b ie n d o ta d o , sin o
q u e ta m b ié n el h o m b r e q u e in flu y e e n la h is t o r ia , ta n
p ro n to tie n e el p o d e r p a ra e llo , d ice o m a n d a d e c ir q u e es
in te lig e n te , in s p ira d o , resp etab le, elevad o , c lem en te, e sco ­
g id o p o r D io s y lla m a d o a h a c e r H is t o r ia m ás allá de to d a
m e d id a . T a m b ié n t ie n e a b ie n d e c ir lo d e o tr o p o r cu yo
r e fle jo se sien te ilu m in a d o . E sto se co n serv a p e trific a d o en
títu lo s y trata m ien to s c o m o M ajestad , E m in e n c ia , E x c e le n ­
cia, M a g n ific e n c ia , M e rc e d y o tro s sim ila re s, si b ie n ap en as
con serva ya u n a lie n to de c o n c ie n c ia ; a u n q u e vuelve a m o s ­
tra rse de in m e d ia to c o n p le n a v ig e n c ia c u a n d o el h o m b re
SO BRE LA ESTUPIDEZ 6l

h a b la h o y c o m o m asa. D e m o d o e s p e c ia l, u n a c ie rta clase


m e d ia - b a ja d e l e s p ír itu y d e l a lm a p ie r d e to ta lm e n te el
p u d o r an te su n e c e s id a d d e p r e s u m ir ta n p r o n t o c o m o ,
b a jo la p r o t e c c ió n d e l p a r t id o , la n a c ió n , la secta o la
c o r r ie n t e a rtístic a , le está p e r m itid o d e c ir « n o s o t r o s » en
lu g a r de « y o » .
C o n u n a reserva ob via y q u e p u e d e d ejarse de la d o , esta
p r e s u n c ió n p u e d e se r lla m a d a ta m b ié n v a n id a d , y, e n
efecto , el alm a de m u ch o s p u e b lo s y estados está h o y d o m i­
n ad a p o r sen tim ie n to s en tre los q u e la van id a d ocu p a in n e ­
g a b le m e n te u n lu g a r p r i o r i t a r i o . S in e m b a rg o , e n tre la
e stu p id e z y la v a n id a d existe d esd e s ie m p r e u n a r e la c ió n
ín tim a q u e ta l vez n o s p r o p o r c io n e u n a p is ta . H a b it u a l­
m e n te , u n h o m b r e e stú p id o da la im p r e s ió n de se r v a n i­
d o so sim p le m e n te p o r fa lta rle la in te lig e n c ia de o c u lta rlo ;
p e r o e n r e a lid a d n o se p re c is a s iq u ie r a de e llo , p u e s el
p aren tesco en tre la estu p id ez y la v a n id a d es in m e d ia to : u n
h o m b re v a n id o so p ro d u c e la im p re s ió n de q u e hace m en o s
de lo q u e p o d r ía ; es c o m o u n a m á q u in a que p e rm ite q ue su
v a p o r se escape p o r u n a fu g a . E l v ie jo r e fr á n : « a o rg u llo y
estu p id ez d e l m ism o á r b o l v erá s c r e c e r » n o s ig n ific a sin o
esto, co m o ta n b ié n la ex p re sió n de q u e la v an id a d « c ie g a » .
E n e fe c to , lo q u e aso ciam o s c o n el c o n c e p to de v a n id a d es
la e x p e cta tiv a d e u n r e n d im ie n t o d is m in u id o , ya q u e la
p a la b r a « v a n i d o s o » s ig n ific a e n su s ig n ific a d o p r in c ip a l
casi lo m ism o que « v a n o » . Y d ich a d is m in u c ió n d el r e n d i­
m ie n to se e sp e ra ta m b ié n d o n d e éste es en v e rd a d r e n d i­
m ie n to : la v a n id a d y el ta le n to están r e la c io n a d o s m u tu a ­
m e n te e n n o p o c o s caso s; p e r o e n to n c e s te n e m o s la
im p r e s ió n de q u e se p o d r ía r e n d ir m ás si el v a n id o so n o se
ob stacu lizase a sí m ism o . E sta p e rtin a z id ea de la d is m in u ­
c ió n d e l r e n d im ie n t o se re v e la rá e n lo q u e sigu e c o m o la
id ea m ás g e n e ra l q u e ten em o s de la estup id ez.
62 ROBERT M USIL

M as, com o es sab id o, el c o m p o rta m ie n to van id o so n o se


evita p o r q u e p u e d a se r e s tú p id o , s in o so b re to d o p o r q u e
p e rtu rb a el d e c o ro . « Q u i e n se elogia, se e n v ile c e » , dice u n
p ro v e rb io , y sig n ifica que la ja c ta n c ia , h a b lar m u ch o de u n o
m ism o y alabarse n o sólo se co n sid era p o co in te lig e n te, sin o
ta m b ié n in d e c o r o s o . S i n o vo y e r r a d o , las e x ig en cia s de
d e co ro a las que se o fe n d e de ese m o d o fo r m a n p arte de las
m u ltifo rm e s exigencias de reserva y d istan ciam ien to d estin a­
das a p ro te g e r la p ro p ia p re su n c ió n , p o r lo que se p resu p o n e
q u e ésta n o es m e n o r e n el p r ó jim o q u e en u n o m ism o .
Estos m an d am ien to s de distancia p ro h íb e n tam b ién el uso de
palabras d em asiado sin ceras, reg u lan los saludos y trata m ien ­
tos, n o p e rm ite n co n trad ec ir a o tro sin p e d ir disculpas o que
u n a carta em p iece c o n la p alab ra « y o » ; en resu m e n , exigen
la observan cia de ciertas reglas p ara que en n in g ú n caso « n o s
acerq u em o s d e m a sia d o » u n o s a o tro s. S u m isió n es alla n ar y
n ivela r el trato , fac ilita r el a m o r al p r ó jim o y el a m o r p ro p io
y tam b ién m an ten er, p o r así d e c irlo , u n a tem p eratu ra m ed ia
en las relacio n es h u m an as. Tales p recep to s se en cu e n tra n en
tod a socied ad , m ás aú n en las p rim itivas que en las altam ente
civilizadas, e in clu so la socied ad an im al, carente de p alabras,
las c o n o ce , c o m o se d esp ren d e fác ilm en te de m uch as de sus
cerem o n ias. S in em bargo , según estos m an d am ien to s de d is­
tan cia n o sólo está vedad o alabarse a sí m ism o , sin o tam b ién
alabar im p o rtu n am en te a los otros. D ecirle a algu ien a la cara
q u e es u n g e n io o u n san to sería casi tan escan d alo so co m o
a firm a rlo de u n o m ism o , d el m ism o m o d o que, p ara la se n ­
sib ilid a d actual, em b a d u rn a rse la cara y m esarse los cab ellos
u n o m ism o n o sería m e jo r q u e in su lta r al p r ó jim o . U n o se
c o n fo r m a c o n a p re c ia r q u e n o es m ás e stú p id o o p e o r que
los dem ás, co m o ya se ha m e n c io n a d o antes.
A l p arece r, lo que en situ acio n es de o rd e n q ueda d escar­
tado so n las e n u n c ia c io n e s d esm esu rad as y desco n sid erad as.
SOBRE LA ESTUPIDEZ 63

Y si an tes h a b lá b a m o s d e la v a n id a d p o r la q u e p u e b lo s y
p a rtid o s se v an ag lo rian b o y de su in sp ira c ió n , d eb em os a ñ a ­
d ir ah o ra que la m ayoría, en el d isfru te de la vid a —igu al que
el m eg aló m an o p a rtic u la r en sus e n so ñ acio n e s—, n o sólo ha
tom ad o en a rrie n d o la sab id u ría, sin o tam b ién la v irtu d , p o r
lo que cree ser valien te, n o b le , in ven cib le, p ío y b e llo ; y que
u n a p a r tic u la r te n d e n c ia en el m u n d o es q u e lo s h o m b re s,
cu an d o se p re s e n ta n e n g ra n n ú m e r o , se p e r m ite n to d o lo
q u e les está p r o h ib id o in d iv id u a lm e n te . E stos p riv ile g io s de
u n N o so tro s acrecen tad o casi p ro d u c e n h o y la im p re s ió n de
q u e la c re c ie n te c iv iliz a c ió n y d o m e stic a c ió n de la p e rs o n a
in d iv id u a l d eb e se r c o m p e n sa d a c o n u n p r o p o r c io n a l
au m en to de la b a rb ariz ació n de las n acio n es, los estados y los
gru p o s id e o ló g ic o s. E vid en tem en te, se m an ifiesta en ello u n
tra s to rn o afectivo , u n tra s to rn o d el e q u ilib r io afectivo que
p re c e d e , en el fo n d o , a la o p o s ic ió n e n tre el Y o y el N o s ­
o tro s , así c o m o a to d a v a lo r a c ió n m o r a l. P e ro , h a b rá q u e
p reg u n ta rse , ¿sig u e sien d o esto estu p id ez ? ¿S ig u e te n ie n d o
esto todavía algo que ver c o n la estu p id ez?
¡R esp etad os oyentes! ¡N a d ie lo p o n e en d uda! P ero antes
de re sp o n d e r a ello p erm íta n m e to m ar alien to c o n u n e je m ­
p lo b ie n am ab le. T o d o s n o so tro s —en esp ecial n o so tro s, los
h o m b res, y en especial tod os los escritores fam osos— c o n o c e ­
m os a esa dam a que n os q u iere c o n fia r a tod a costa la novela
de su vid a y cuya alm a, al p arece r, se h a en c o n trad o siem p re
e n circu n stan cias in teresan tes sin que n o ob stan te esto haya
dad o lu g a r a éxito alg u n o ; éxito q u e, sin em b argo , esp era de
n o s o tr o s . ¿ E s esa d a m a e s tú p id a ? A lg o p ro c e d e n te de la
a b u n d a n c ia de las im p r e s io n e s a c o stu m b ra a s u s u r r a r n o s :
¡sí, lo es! P ero la co rtesía y ta m b ié n la ju s tic ia n os o b lig a n a
c o n ce d e r que n o lo es d el to d o n i siem p re. E labla m u ch o de
sí m ism a y, e n g e n e r a l, h a b la m u c h o . Ju z g a c o n m u ch a
d e t e r m in a c ió n y so b re to d o s lo s a su n to s. E s v a n id o s a e
64 ROBERT M USIL

im p e rtin e n te . A m e n u d o n os a le c cio n a . H a b itu a lm e n te n o


está c o n te n ta c o n su v id a a m o ro sa y, en g e n e ra l, la v id a n o
acaba de satisfacerle. P ero ¿acaso n o hay o tro s tip o s de p e r ­
sonas a los q u e se p u ed e a trib u ir to d o o la m ayo ría de esto ?
H a b la r m u c h o de sí m ism o es, p o r e je m p lo , t a m b ié n u n
vicio de lo s egoístas, de lo s in q u ie to s e in clu so de u n cierto
tip o de m e la n c ó lic o s. Y to d o ju n t o se p u e d e a tr ib u ir e sp e ­
c ia lm e n te a lo s jó v e n e s ; c ie rta m e n te , fo r m a p a rte de ello s
co m o sign o s de c re c im ie n to el h a b la r m u ch o de sí m ism o s,
ser van id o so s, aleccio n a r y n o estar d el to d o con ten tos co n la
vid a; p resen tar, en u n a p alabra, exactam ente las m ism as d es­
viacio n e s de la in te lig e n c ia y el d e c o ro sin q ue p o r ello sean
estú p id o s o m ás estú p id o s de lo q u e están d e te rm in a d o s de
m o d o n a tu ra l p o r el h e c h o , ju s ta m e n te , de q u e tod avía n o
h a n lleg ad o a ser in teligen tes.
¡S e ñ o r a s y se ñ o re s! L o s ju ic io s d e la v id a c o tid ia n a y su
c a ra c te ro lo g ía su e le n ser exactos, p e ro a v e c e s so n ta m b ié n
e rró n e o s . N o h an su rg id o en aras de u n a d o ctrin a correcta,
sin o q u e re p r e s e n ta n tan só lo m o v im ie n to s a n ím ic o s de
a p ro b a c ió n y d efen sa. P o r e llo , tam b ién este ejem p lo en señ a
s o la m e n te q u e algo p u e d e se r e stú p id o p e r o q u e n o tie n e
p o r qué serlo , que el sign ificad o cam b ia según el con texto en
q u e algo se p re se n ta , y q u e la estu p id ez está d e n sa m e n te
e n tr e te jid a c o n o tro s e le m e n to s sin q u e se vea p o r p a rte
a lg u n a el h ilo q u e p e r m ite d e sc o se r el te jid o de u n so lo
t ir ó n . In c lu s o la g e n ia lid a d y la estu p id ez se e n c u e n tra n
in d is o lu b le m e n te u n id a s. E l q u e esté p r o h ib id o , b a jo p e n a
de ser c o n sid e ra d o e stú p id o , h a b la r m u ch o y h a b la r m u ch o
de sí es algo que la h u m a n id a d elud e de u n a p e c u lia r fo rm a :
m ed ia n te el p o eta. A él le está p e rm itid o c o n ta r en n o m b re
de la h u m an id ad que le ha gustado la co m id a o que el sol está
e n el c ie lo ; le está p e r m itid o a b r ir su c o ra z ó n , d iv u lg a r
secretos, h acer con fesio n es, d ar cuentas de sí m ism o d esco n -
SO BRE LA ESTUPIDEZ 65

sid e ra d a m e n te ( ¡p o r lo m e n o s así h a c e n m u c h o s p o e ta s !);


y en to d o e llo p a re c e c o m o si la h u m a n id a d se p e r m itie r a
excep cio n alm en te algo que, de o tro m o d o , se p ro h íb e .
A s í, ella h a b la de sí m ism a in c e sa n te m e n te y, c o n la
ayuda d el p oeta, ha co n tad o ya m illo n e s de veces las m ism as
h istorias y aventuras, v arian d o tan sólo las circu nstan cias, sin
q u e de e llo haya re su lta d o p a ra ella n in g ú n p ro g re s o o
gan an cia de sen tid o . Y en to n ces, ¿ n o d eb ería ser ella, en el
u so q u e hace de su p o e sía y en su a d a p ta c ió n de la m ism a a
d ich o u so , tam b ié n sospechosa de estu p id ez ? Y o , p e rs o n a l­
m en te, n o lo c o n sid e ro en ab solu to im p o sib le.
E n tre los cam pos de ap licació n de la estupidez y la in m o ­
ralid ad —e n te n d ie n d o este ú ltim o vocablo en el sen tid o m ás
g e n e ra l y h o y p o c o h a b itu a l q u e e q u iv a le p rá c tic a m e n te a
falta de e sp íritu , p e ro n o de in te lecto — existe, en tod o caso,
u n a e n re d a d a id e n tid a d y d ife r e n c ia . Y esta p e rte n e n c ia
m u tu a es sin d u d a p a re c id a a la q u e J o h a n n E d u a r d E r d -
m an n expresa en u n sign ificativo pasaje de su ya citada c o n ­
feren c ia, al d e c ir que la to sq u ed ad es « la p raxis de la estu p i­
d e z » . D ic e E r d m a n n : « ( . . . ) las p a la b ra s n o s o n la ú n ic a
m a n ife s ta c ió n de u n estad o m e n ta l. E ste se m u e stra a s i­
m ism o en las acc io n es. A s í ta m b ié n en el caso de la e stu p i­
dez. L la m a m o s to sq u e d a d n o só lo a ser e s tú p id o , s in o a
actuar estú p id am en te, a co m eter estu p id eces» —es d ecir, a la
p ra x is de la e stu p id e z — « o a la estu p id ez en a c c ió n » . E sta
ca u tiv a d o ra a fir m a c ió n n o s e n se ñ a , n ad a m e n o s, q u e la
estupidez es u n e r r o r afectivo —¡p u es la tosqu ed ad lo es!—. Y
esto n o s re c o n d u c e d ire c ta m e n te e n la d ir e c c ió n de a q u e l
« t r a s t o r n o a f e c t iv o » , u n « t r a s t o r n o d el e q u ilib r io a fe c ­
t iv o » que ya p u d o ser m e n c io n a d o a gran d es rasgos sin que
le e n c o n trá se m o s u n a e x p lic a c ió n . T a m p o co la ex p lic a c ió n
q u e subyace a las p alab ras de E rd m a n n p u ed e c o in c id ir del
todo co n la verd a d , p u es, p re sc in d ie n d o de que se re fie re al
66 ROBERT M USIL

h o m b re in d iv id u a l tosco y n o p u lid o , en c o n tra p o sic ió n a la


« f o r m a c i ó n » , y q u e, p o r ta n to , n o ab arca todas las fo rm a s
de ap licació n de la estupidez, la tosqu ed ad tam p oco es m e ra ­
m e n te u n a e stu p id e z , n i la estu p id ez m e ra m e n te u n a t o s ­
q u e d a d , y, de ese m o d o , q u e d a m u c h o p o r e x p lic a r so b re
la r e la c ió n e n tre afecto e in te lig e n c ia c u a n d o se u n e n p a ra
fo r m a r la « e stu p id e z a p lic a d a » , re la c ió n que d eb e p rim e ro
ser sacada a la luz p o r m ed io , u n a vez m ás, de varios ejem p los.

P ara que lo s c o n to rn o s d el co n cep to de estupidez destaq u en


ad ecuad am en te es n ecesario , antes de nada, p o n e r en du da el
ju ic io de que la estupidez es m eram en te o sobre to d o falta de
in te lig e n c ia ; c o m o ta m b ié n b a sid o m e n c io n a d o ya, la id ea
m ás g e n e ra l q u e ten e m o s de ella p arec e ser la de u n fracaso
en las más diversas actividades, la de u n a sim p le carencia c o r ­
p o ra l y esp iritu al. E n n u estro s dialectos locales hay u n e je m ­
p lo m u y expresivo de e llo : la d e sig n a c ió n de la so rd e ra , esto
es, u n defecto c o rp o ra l, c o n las palabras «derisch» o «ten.sc/i»,
que p ro b a b lem en te sign ifica «tórisch»1 y se acerca, p o r ello , a
la estupidez. P ues exactam en te d el m ism o m o d o q u e en este
caso, el re p ro c h e de estup id ez es u sad o p o p u la rm e n te ta m ­
b ié n en m u ch o s o tro s. S i u n d ep ortista se relaja o com ete u n
e r r o r en el m o m e n to d ecisivo, d ice d esp ués: « ¡E s ta b a co m o
a t o n t a d o !» o b ie n : « ¡ N o sé d ó n d e te n ía la c a b e z a !» , p o r
m ás q u e la p a r t ic ip a c ió n de la cabeza en la n a ta c ió n o el
b o x e o p u e d a c o n s id e ra rs e , c u a n d o m e n o s, u n tan to r e d u ­
c id a . D e la m ism a m a n e r a , e n tre c h ic o s y c o m p a ñ e ro s de
d ep o rte se llam a to n to al que se m ueve c o n torp eza, au n q u e

I Derisch y terisch so n palabras dialectales que sign ifican « s o r d o » , si b ie n su p r o ­


n u n c ia c ió n es m u y sim ila r a la de la p a lab ra tórisch, que sig n ifica « t o n t o » ,
« n e c io » ; de ahí que M usil constante u n a cercanía entre ambas y que esto le
sirva de ejem plo para m ostrar que la estupidez es vista generalm ente com o u n
defecto natural. [N . del T .]
SO BR E LA ESTUPIDEZ 67
sea u n H ö ld e r lin . T a m b ié n hay situ a c io n e s de n e g o c io s en
las q u e u n a p e r s o n a p o c o astuta y c a re n te de e s c rú p u lo s es
to m ad a p o r to n ta . E n c o n c lu s ió n , éstas so n las estu p id eces
c o rre sp o n d ie n te s a fo rm a s de in te lig e n c ia m ás antiguas que
las h o n rad as hoy p ú b licam e n te; y si n o estoy m al in fo rm a d o ,
en la época alto germ án ic a n o sólo las co n c ep c io n es m o rales
estaban re la c io n a d a s c o n la g u e rra y la lu ch a , sin o ta m b ié n
las n o c io n e s de lo q u e sig n ific a b a ser e x p e rto , e x p e r im e n ­
tado o sab io, es d ecir, los con cep tos in telectu ales. D e m o d o
que tod a fo rm a de in te lig e n cia tien e su fo rm a de estupidez,
e in clu so la p sic o lo g ía an im al ha d escu b ierto en sus p ru eb as
de in te lig e n c ia q u e es p o sib le a tr ib u ir a to d o « t ip o de r e n ­
d im ie n to » u n « t ip o de e stu p id e z » .
P o r eso, si se q u isiera bu scar el co n cep to m ás g e n e ra l de
la in te lig e n c ia , re s u lta ría de estas c o m p a ra c io n e s algo así
com o el con cepto de la eficien cia, y tod o lo que es in eficien te
p o d r ía en to n ces ser llam ad o ta m b ié n o c a sio n alm e n te estú ­
p id o ; en re a lid a d es lo q ue o c u r r e in c lu so c u a n d o a la e f i ­
c ie n c ia p r o p ia de u n a estup id ez n o se la llam a lite ra lm e n te
in te lig e n c ia . Q u é tip o de e fic ie n c ia ten ga p r io r id a d e n u n
m o m e n to co n creto y lle n e co n su c o n te n id o el co n cep to de
in te lig e n c ia y el de estu p id ez es algo q ue d e p e n d e de la
fo rm a de vida. E n tiem pos de in seg u rid ad p erso n al, se a ce n ­
tuarán en el concepto de inteligencia la astucia, la violen cia, la
agudeza y la agilid ad c o rp o ra l, m ien tra s que en tiem p o s más
e sp iritu a liz a d o s —q u e ta m b ié n p o d e m o s lla m a r b u rg u e se s,
c o n las reservas p o r desgracia n ecesarias—, éstas serán re e m ­
plazadas p o r el trab a jo in telectu al. D ic h o m ás exactam en te,
d eb ería reem p lazarlas el trabajo esp iritu a l su p e rio r, p e ro en
el cu rso de las cosas h a resu ltad o de ello la p re p o n d e ra n c ia
del ren d im ien to del intelecto, p re p o n d e ra n c ia que la solícita
h u m a n id a d lleva escrita en el r o s tr o v acío b a jo la d u ra
fre n te : y así h em o s llegado a que h o y la in te lig e n cia y la estu-
68 ROBERT M USIL

p id e z , c o m o si n o p u d ie r a ser de o tra m a n e ra , se r e fie r a n


ú n icam en te al in telecto y al grad o de su eficien cia, a p esar de
que esto es m ás o m en o s u n ila te ra l.
L a id ea g e n e ra l de in e fic ie n c ia que se re la c io n a desde el
p r in c ip io c o n la p alab ra estú p id o —tan to en el sign ificad o de
la in e fic ie n c ia p a ra to d o , c o m o e n el s ig n ific a d o de u n a
in e fic ie n c ia c u a lq u ie r a — tie n e ad em ás u n a c o n s e c u e n c ia
realm en te im p re sio n a n te , a saber, que « e s t ú p id o » y « e s t u ­
p id e z » , al sig n ific a r la in cap acid ad g e n e ral, p u e d e n su stitu ir
a to d a p a la b ra q u e d eb a d e sig n a r u n a in c a p a c id a d esp ecial.
Este es u n o de los m otivos p o r lo s q u e el rec íp ro c o re p ro ch e
de estu p id ez está h o y tan e sc a n d a lo sa m e n te e x te n d id o (e n
o tro c o n te x to , ta m b ié n la causa de q u e el c o n c e p to sea tan
d ifíc il de d elim ita r, co m o n u estro s ejem p lo s h an m o strad o ).
B a sta c o n e c h a r u n vistazo a las a n o ta c io n e s q u e u n o
en cu e n tra en los m árg en es de n ovelas c o n ciertas p re te n s io ­
n es q u e h a n p e r m a n e c id o la r g o tie m p o e n el trá fic o casi
a n ó n im o de las b ib liotecas de p réstam o . E n este caso, d o n d e
el le c to r está a solas c o n el p o eta, su ju ic io se expresa p r e fe ­
ren tem en te c o n la p alabra « ¡e s t ú p id o !» o co n sus eq u ivalen ­
tes, co m o « ¡t o n t o !» , « ¡a b s u r d o !» , « ¡in d e c ib le e stu p id ez !»
y s im ila r e s . A s im is m o , so n éstas las p r im e r a s p a la b ra s de
in d ig n a c ió n c u an d o en re p re se n ta c io n e s teatrales o e x p o s i­
cio n es de cu ad ros el h o m b re actúa en m asa co n tra el artista y
se escand aliza. A q u í h a b ría q u e re c o rd a r tam b ién la p alab ra
« fcítscb» , que en tre lo s p r o p io s artistas es m ás ap reciad a que
c u a lq u ie r o tra c o m o p r im e r ju ic io ; sin q ue, p o r o tra p arte,
se p u ed a, que yo sepa, d e te rm in a r su co n cep to y ex p licar su
p osible u tilid ad , excepto m ed ian te el v erb o «aerlcííscfren», que
en el uso d ialectal sig n ific a tan to c o m o « v e n d e r p o r d eb ajo
de su p r e c io » o « m a lv e n d e r » , «fufsc/i» tie n e , p o r tan to , el
sig n ific a d o de m e rc a n c ía excesivam en te b a rata o tira d a de
p re c io , y yo creo q ue este sen tid o , p o r su p u esto tra d u c id o a
SO BRE LA ESTUPIDEZ
69

lo e sp iritu a l, se p u e d e su p o n e r cada vez q u e, in c o n s c ie n te ­


m en te, se usa esa p alab ra de m o d o c o rre cto .
Puesto que los sign ificad os de m ercan cía tirada de p recio ,
baratija, están in clu id o s en esa p alab ra fu n d am en talm en te en
el se n tid o , re la c io n a d o c o n ello s, de m e rc a n cía in e fic ie n te ,
in ú til, y com o la in e fic ie n c ia e in u tilid a d fo rm a n tam b ién la
base p ara el uso de la p alabra estú p id o, apenas resulta exage­
rad o a firm a r que ten d em o s a tild a r co m o « e n cierto m o d o
e stú p id o » todo aquello que n o n os parece con ven ien tem en te
dispuesto —especialm ente cu an d o, p o r lo dem ás, lo co n sid e­
ram o s de elevado n ivel in telectual o estético—. Y a la b o ra de
d e te rm in a r ese « e n cierto m o d o » es sign ificativo que el uso
de las ex p re sio n es de estupidez esté ín tim a m e n te atravesado
p o r u n segu n d o uso que c o m p re n d e las ex p re sio n es, ig u a l­
m en te im p erfecta s, p a ra lo in fa m e y lo m o ra lm e n te re p u g ­
n an te. Esto d irige n uestra m irad a a algo que ya antes le b ab ía
lla m a d o la a te n c ió n : al d e stin o c o m ú n de lo s co n c e p to s
« e s t ú p id o » e « i n d e c o r o s o » . P u e s n o só lo «fa'ísc/i», u n a
e x p re s ió n estética de o r ig e n in te le c tu a l, sin o ta m b ié n las
p a la b ra s m o ra le s « p o r q u e r í a » , « r e p u g n a n t e » , « h o r r i ­
b l e » , « e n f e r m iz o » e « i n s o l e n t e » s o n c rític a s artística s y
ju ic io s ru d im e n ta rio s, au n q u e n u cleares, sob re la vid a. M as
quizás estas expresion es c o n ten gan todavía u n esfuerzo in te ­
lectu al, u n a d iferen cia de sig n ificad o , p o r m ás que sean u t i­
lizadas sin d iferen cia algu n a; en ton ces surge fin a lm e n te p o r
ellas la e x c la m a c ió n ya casi m u d a : « ¡ Q u é i n f a m ia !» , q u e
su stitu ye to d o lo dem ás y se re p a rte el d o m in io d el m u n d o
c o n la exclam ación : « ¡Q u é e stu p id e z !» . Pues está claro que
estas d o s p alab ras p u e d e n s u p lir o c a sio n a lm e n te a tod as las
d em ás, ya q u e « e s t ú p id o » h a a d o p ta d o el sig n ific a d o de la
in e fic ie n c ia gen eral, e « in f a m e » el de la v u ln e ra c ió n de las
costum bres; y si se escucha lo que los h o m b res dicen hoy un os
de o tro s , p arece que el a u to rre tra to de la h u m a n id a d , tal y
7° ROBERT M USIL

co m o se va fo r m a n d o d esc u id ad a m en te a p a r t ir de las r e c í­
p rocas fo to grafías de g ru p o , está com p uesto ú n icam en te p o r
las variacion es de estas dos palabras de c o lo r feo e in d efin ib le .
T a l vez valga la p e n a r e fle x io n a r so b re e llo . S in d u d a,
am bas re p re s e n ta n el n iv e l in fe r io r de u n ju ic io q ue n o h a
lleg ad o a fo r m a r s e , de u n a c rític a to ta lm e n te d esa rticu la d a
todavía, que sien te q u e algo está m al p e ro que n o lo g ra in d i­
car q u é . E l u so d e estas p alab ra s es la e x p re s ió n de rech azo
p e o r y m ás sim p le q u e se p u e d a e n c o n t r a r , es el in ic io de
u n a ré p lic a y ya su fin . E sto tien e algo de « c o r t o c ir c u ito » y
se co m p re n d e m e jo r cu an d o se tien e en cuen ta que estúpido
e in fa m e , m ás allá de lo q u e s ig n ifiq u e n , se u sa n ta m b ié n
c o m o in s u lto s . P u e s, c o m o es sa b id o , el s ig n ific a d o de lo s
in su lto s n o ra d ic a tan to en su c o n te n id o co m o en su u so ; y
p u ed e que a m u ch o s de n o so tro s n os gu sten los b u rro s, p e ro
n o s e n fad a rem o s si alg u ien n os llam a así. E l in su lto n o su s­
tituye a aq u e llo q ue rep resen ta, sin o m ás b ie n a u n a m ezcla
de re p re s e n ta c io n e s , se n tim ie n to s e in te n c io n e s q u e él n o
lo g r a de n in g u n a m a n e r a e x p re sa r, sin o ta n só lo s e ñ a la r.
D ic h o sea de p aso, esto es algo que co m p arte co n las palabras
de m o d a y lo s e x tr a n je r is m o s , s ie n d o ésa la ra z ó n de q u e
éstos p arez can im p re sc in d ib le s in c lu so c u an d o se lo s p u e d e
s u stitu ir p e rfe c ta m e n te . P o r ese m o tiv o hay en lo s in su lto s
algo que en fad a e n o rm e m e n te y q u e c o n c u e rd a ciertam en te
c o n su in te n c ió n , p e ro n o c o n su c o n te n id o . D o n d e esto se
m uestra co n m ayo r clarid ad es tal vez e n las b u rlas y m ofas de
la e d a d t e m p r a n a : u n n iñ o p u e d e d e c ir « ¡ B u s c h ! » o
« ¡M o r i t z ! » 2 y c o n ello , a causa de ciertas asociacion es secre­
tas, e n fu re c e r a o tro .

2 W ilh elm B u sch ( 1 8 3 2 - 1 9 0 8 ) , u n o de lo s m ás célebres poetas satíricos a le ­


m anes, com pu so h isto rias ilustradas en verso , sien d o con sid erad o p o r ello
u n p re c u rso r d el cóm ic. S u o b ra más con ocid a es Max undMoritz ( 18 6 5 ) , h is ­
to ria m o ralizan te de dos n iñ o s que h acen travesuras a person as respetables
SO BRE LA ESTUPIDEZ 71

L o que p u ed e decirse de los in su lto s, m ofas, p alabras de


m o d a y ex tra n jerism o s p u ed e d ecirse tam b ién de lo s chistes,
lo s tó p ic o s y las p a la b ra s de a m o r . L o c o m ú n a to d as estas
p alabras, p o r lo dem ás tan d iferen tes, es que están al servicio
de u n afecto y que es ju sto su falta de exactitud y de o b je tiv i­
dad lo que las capacita p ara su p lan tar en el uso cam pos en te­
ro s de p alabras m ás ajustadas, objetivas y exactas. A l p arece r,
en la vid a existe a veces n ecesid ad de ellas y debe respetarse el
v a lo r de d ich a n ecesid ad ; p e ro , sin d u d a algun a, lo que o c u ­
r r e e n tales casos es e stú p id o , y d e a m b u la , p o r así d e c irlo ,
p o r los m ism o s cam in o s que la estupid ez. D o n d e m ás cla ra ­
m en te p u e d e estu d iarse esta re la c ió n es en u n e je m p lo c lá ­
sico de a t o lo n d r a m ie n to : el p á n ic o . G u a n d o algo p ro d u c e
so b re u n h o m b re u n efecto d em a siad o fu e rte p a ra él, ya se
trate de u n so b re salto r e p e n tin o o de u n a p r e s ió n p síq u ic a
co n tin u a, p u ed e o c u r r ir que éste haga de rep en te « a lg o ato ­
lo n d r a d o » . P u e d e em p eza r a b e r r e a r d el m ism o m o d o en
que lo h a ría u n n iñ o , p u ed e h u ir « a cieg as» de u n p e lig ro o
p re c ip ita rse e n él ta m b ié n « a c ie g a s » , o p u e d e a rra s tra rle
u n a e x p lo siva te n d e n c ia a la d e s tr u c c ió n , el in s u lto o el
la m e n to . E n d e fin itiv a , e n lu g a r de la a c c ió n ú t il q u e su
situ a c ió n r e q u e r ir ía , p r o d u c ir á u n s in n ú m e ro de accio n es
q u e sie m p re p a r e c e r á n , y m u y a m e n u d o se rá n e n e fe c to ,
in ú tile s e in c lu s o c o n tr a p r o d u c e n te s . G o m o m e jo r se
c o n o c e este tip o d e c o n tr a e je m p lo es m e d ia n te el « t e r r o r
p á n ic o » ; p e r o si la p a la b ra n o se e n tie n d e e n u n se n tid o
d em asiad o re s trin g id o , p u e d e h a b larse ta m b ié n de p á n ico s
de la ira , de la avidez e in c lu so d e l c a riñ o y p u e d e ser a p li­
cada ta m b ié n a to d o aq u e llo en lo q ue u n estado de excita­
c ió n , de fo r m a ta n in te n sa c o m o ciega y a b su rd a , n o lo g ra

de la so cied ad d el m o m en to y qu e acaban sie n d o m o lid o s co m o g ra n o y


com id os p o r las ocas. [N . del T .]
73 ROBERT M USIL

e n c o n tra r satisfa cció n . Q u e existe u n p á n ic o de la valen tía,


q u e se d ife r e n c ia d e l p á n ic o d e l m ie d o so la m e n te p o r la
in v e rsa d ir e c c ió n de su e fe c to , es algo q u e u n h o m b re tan
in g e n io so co m o valien te ya observó hace tiem p o .
L o q ue o c u rre cu an d o so b revien e el p á n ic o es visto p s i­
c o ló g ic a m e n te c o m o u n a in te r r u p c ió n de la in te lig e n c ia y,
e n g e n e ra l, d e las fa c u lta d e s e s p iritu a le s m ás elevad as, en
cu yo lu g a r a p a re c e n m e c a n ism o s p s íq u ic o s m ás a n tig u o s ;
p e r o se m e p e r m it ir á a ñ a d ir q u e , c o n la p a rá lis is y el b l o ­
q u eo del in telecto , en estos casos n o se da tan to u n a caída en
la a c c ió n in s tin tiv a c o m o m ás b ie n u n a caíd a q u e atraviesa
ese á m b ito y c o n d u c e hasta u n in s tin to de la u rg e n c ia
e x tre m a y basta u n a ú ltim a fo r m a e x tre m a y u rg e n te de la
acc ió n . Este m o d o de actuar tien e la fo rm a de u n a total c o n ­
fu s ió n , n o tie n e p r o p ó s ito a lg u n o y p a re c e a b a n d o n a d o
tan to p o r la ra z ó n c o m o p o r c u a lq u ie r in s tin to sa lv a d o r;
p e ro su p ro p ó sito in co n scien te es el de su stitu ir la calidad de
las accion es p o r su n ú m e ro , y su astucia, en absoluto m e n o r,
se basa en la p ro b a b ilid a d de q u e en tre c ie n in te n to s ciegos,
que so n b o leto s sin p re m io , se e n cu en tre tam b ién u n o p r e ­
m ia d o . U n h o m b re en su a to lo n d ra m ie n to , u n in secto que
choca c o n tra la ven tan a cerra d a hasta q u e, casu alm en te, « s e
p r e c ip it a » al a ire lib r e p o r u n a q u e está a b ie rta , n o h a c e n
o tra cosa e n su c o n fu s ió n q ue lo que la técn ica b é lica lleva a
cab o c o n p r e m e d it a c ió n c a lc u la d o r a c u a n d o « c u b r e » u n
objetivo co n u n a ráfaga o u n a salva, o in clu so cu an d o em plea
u n p ro y ec til de m etralla o u n a g ran ad a.
E sto , d ic h o de o tr o m o d o , s ig n ific a p e r m it ir q u e u n a
a c c ió n in te n c io n a d a sea s u s titu id a p o r u n a v o lu m in o s a , y
n ad a hay tan h u m a n o com o reem p lazar la ín d o le de las p a la ­
b ra s o a c c io n e s p o r su c a n tid a d . A h o r a b ie n , e n el u so de
p alab ra s vagas hay algo m u y s im ila r al u so de m u ch as p a la ­
b ras, p ues cu an to m ás vaga es u n a p alab ra , tan to m ay o r es la
SO BRE LA ESTUPIDEZ 73

am p litu d de aq u ello a lo que se la p u ed e re fe r ir, y lo m ism o


p u e d e d ecirse de la falta de o b je tiv id ad . S i éstas so n e stú p i­
das, en ton ces la estupidez está relacio n ad a, a través suyo, con
el estado de p á n ic o , y el uso d esm esu rad o de este re p ro c h e y
sim ilares tam p oco d ife rir á m u ch o de u n in te n to p síq u ico de
p o n e r s e a salvo c o n m é to d o s a r c a ic o - p r im it iv o s y, c o m o
p u e d e d ecirse c o n raz ó n , e n fe rm iz o s. Y , efectivam en te, en
el u so c o rre c to d e l re p ro c h e de q u e algo sea u n a a u té n tica
estupidez o u n a in fa m ia n o sólo se d eja ver u n a in te rru p c ió n
de la in teligen cia, sin o tam b ién u n a ciega ten d en cia a la d es­
tru c c ió n y la h u id a ab su rd as. Estas p alab ras n o so n tan sólo
in s u lto s , sin o q u e su stitu ye n a to d o u n a rre b a to o fe n s iv o .
C u a n d o algo sólo se p u ed e expresar m ed ian te ellas, está p r ó ­
x im o el acto de v io le n c ia . R e to m a n d o e je m p lo s ya citad o s,
en tales casos lo s cu ad ro s (y n o en cam b io q u ie n los h a p in ­
tad o ) s o n atacad os c o n p a ra g u a s, o se a r r o ja n lo s lib r o s al
su elo , com o si de ese m o d o se les p u d ie ra extraer el ven e n o .
P ero tam b ién está p resen te la p re sió n d eb ilitad o ra que a n te ­
ced e a este acto y de la q ue él d eb e lib e r a r : u n o « c a s i se
a h o g a » d el e n fa d o ; « n o h ay p a la b ra s » excep to ju sta m e n te
las m ás g e n e rales y p o b re s de se n tid o ; u n o se q u ed a « e s t u ­
p e fa c to » , n ecesita « d e s a h o g a rs e » . ¡E ste es el grad o de estu ­
p e fa cc ió n , o m e jo r: de irre fle x ió n , q ue p reced e al estallido!
Im p lic a u n grave estado de in su fic ie n c ia , y al fin a l la e x p lo ­
s ió n su ele v erse in tr o d u c id a p o r la e x p re s ió n p r o f u n d a ­
m e n te d iá fa n a de q u e algo « y a se p asa de e s t ú p id o » . E ste
algo, sin em b argo , es u n o m ism o . E n u n a ép oca en la q u e se
v alo ra tan to p o se e r u n a en erg ía g ra n d e y resu elta es n ecesa­
r io a c o rd a rse ta m b ié n de a q u e llo q u e se le p a re c e tan to
co m o u n a gota de agua a otra.

¡S e ñ o r a s y se ñ o re s! A m e n u d o se h a b la h o y e n d ía de u n a
crisis de la h u m a n id a d , u n a crisis de esa c o n fian za que hasta
74 ROBERT MUSIL

a h o r a se sigu e d e p o s ita n d o en la h u m a n id a d . Se p o d r ía
h a b lar tam b ién de u n p án ico que está a p u n to de su p lan tar a
la seg u rid ad de que som os capaces de d ir ig ir n u estro s a su n ­
tos de u n a m a n e ra lib re y ra c io n a l. Y n o d eb em o s e n g a ñ a r­
n os al resp ecto , p u es estos dos co n cep to s m o ra les y tam b ién
a r tís tic o -m o r a le s , la lib e rta d y la ra z ó n , h e re d a d o s de la
ép oca clásica del c o sm o p o litism o alem án com o em blem as de
la d ig n id a d h u m an a, n o h a n gozado de b u en a salud ya desde
m ed ia d o s d el siglo X IX o u n p o co después. Se h a n id o « r e t i ­
ra n d o de la c ir c u la c ió n » p au la tin am en te, n o se ha sab ido ya
m u y b ie n « q u é h a c e r » c o n ello s, y el que se haya p e rm itid o
q u e se e n c o ja n de esta m a n e r a n o es tan to m é r ito de sus
e n e m ig o s c o m o de sus a m ig o s. P o r eso ta m p o c o d e b e m o s
e n g a ñ a rn o s re sp e c to al h e ch o de q u e n o s o tro s , o lo s q u e
ven gan tras n o so tro s, n o p o d re m o s v o lv er a estas ideas in a l­
te ra d a s; n u e stra ta re a , y el se n tid o de las p ru e b a s a q u e se
v e rá s o m e tid o el e s p ír itu , será m ás b ie n —y ésta es la tarea,
p en o sa al tiem p o que alen ta d o ra y ra ra vez co m p re n d id a , de
to d a g e n e r a c ió n — lle v a r a cab o el s ie m p re n e c e s a rio , e
in c lu s o m u y d e se a d o , trá n s ito a lo n u e v o c o n las m e n o re s
p érd id a s p o sib les. Y p uesto que se ha o m itid o h acer el tr á n ­
sito a ideas que a u n tiem p o con serven y tra n sfo rm e n —tr á n ­
sito que d eb e te n e r lu g a r e n el m o m e n to o p o r tu n o —, tan to
m ás n ecesarias so n , en esta tarea, rep resen tacio n es q u e ayu ­
d en a d e fin ir lo que sig n ifiq u e v e rd a d e ro , ra c io n a l, s ig n ifi­
cativo, in te lig e n te y ta m b ié n , a la in v ersa, lo que s ig n ifiq u e
estú p id o . P ero , ¿q u é con cep to o qué con cep to p arcial p u ed e
fo rm a rse de la estupidez cu an d o se tam b alean lo s con cep tos
de in te le c to y s a b id u r ía ? G o m o p e q u e ñ o e je m p lo de lo
m u c h o q u e las c o n c e p c io n e s se m o d ific a n c o n el tie m p o ,
q u ie ro a d u c ir sim p lem en te que en u n m an u al de p siq u iatría
a n tig u a m e n te m u y c o n o c id o , la p re g u n ta «¿Q ^ué es j u s t i ­
c i a ? » y la resp u e sta « ¡ Q u e se castigu e al otro!» s o n citadas
SO BRE LA ESTUPIDEZ 75

co m o u n caso de im b e c ilid a d , m ie n tra s q u e h o y fo r m a n la


base de u n a c o n c e p c ió n del d erech o am p liam en te deb atida.
M e tem o, p o r tanto, que n i siq u iera las m ás m odestas c o n si­
d era cio n es p o d r á n lle g a r a c o n c lu s ió n algu n a si antes n o se
in d ica p o r lo m en os u n n ú cleo n o sujeto a cam bios te m p o ­
rales. D e este m o d o , s u rg e n to d av ía v aria s cu e stio n e s y
co m en tario s.
N o tengo n in g ú n d erecho a p resen tarm e com o p sicólogo
n i p re te n d o h a c e r lo , p e ro e c h a r c o m o m ín im o u n rá p id o
vistazo a esta c ie n c ia es lo p r im e r o e n lo q ue a lg u ie n en
n uestra situ ació n esp erará e n c o n tra r ayuda. L a an tigu a p s i­
co lo g ía d istin g u ía e n tre sen sació n , v o lu n ta d , se n tim ie n to e
im a g in a c ió n o in te lig e n c ia , y p a r a e lla estaba c la ro q u e la
estupidez es u n g ra d o exigu o de in te lig e n c ia . S in em b a rg o ,
la p sic o lo g ía actual h a restad o im p o r ta n c ia a la d ife r e n c ia ­
c ió n elem en ta l en tre facu ltad es p síq u icas, h a re c o n o c id o la
d e p e n d e n c ia y c o m p e n e tr a c ió n r e c íp r o c a de las d istin tas
actividades de la p siq u e y, c o n e llo , ha h ech o que sea m u ch o
m en os fácil re sp o n d e r a la p regu n ta de qué sig n ifiq u e p sic o ­
ló gicam en te la estupid ez. P o r su p u esto , p ara las c o n c e p c io ­
nes actuales existe tam b ién u n a relativa au to n o m ía de la acti­
v id a d in te le c tu a l, p e r o , in c lu s o e n las c o n d ic io n e s m ás
tra n q u ila s , la a te n c ió n , la c a p a c id a d de c o m p r e n s ió n , la
m e m o ria y d em ás, casi to d o lo q u e p e rte n e c e al in te le c to ,
d e p e n d e ta m b ié n p r o b a b le m e n te de las p r o p ie d a d e s de la
facu ltad afectiva; a lo q ue se sum a, tan to en la viven cia e m o ­
cio n ad a co m o en la esp iritu alizad a, u n a segu n d a c o m p e n e ­
tra c ió n de in te lig e n cia y afecto que es casi in d iso lu b le . Y esta
d ific u lta d p a ra d is t in g u ir en el c o n c e p to de in te lig e n c ia
e n tre in te le c to y s e n tim ie n to se r e fle ja ta m b ié n , n a t u r a l­
m ente, en el con cepto de estupidez. C u a n d o , p o r ejem p lo , la
p sico lo gía m édica d escrib e el p en sam ien to de los d eficien tes
m en tales c o n p alab ras c o m o : p o b r e , im p re c is o , in cap az de
76 ROBERT M USIL

ab stracció n , vago, le n to , fá c il de d istraer, su p e rficia l, u n ila ­


teral, ríg id o , co m p lic ad o , excesivam ente m óvil, d istraíd o , es
fá c ilm e n te v isib le q u e estas c u a lid a d e s a p u n ta n e n p a rte al
in telecto , en parte al sen tim ien to . D e ahí que p u ed a d ecirse:
la in te lig e n c ia y la estu p id ez d e p e n d e n tan to d e l in te le c to
c o m o d el s e n tim ie n to , y d e c id ir q u é « e s tá m ás e n p r im e r
p la n o » —si, p o r ejem p lo , la d eb ilid ad de la in te lig e n cia en la
im b e c ilid a d o la p arálisis d el sen tim ien to en algu n os d is tin ­
g u id o s r ig o r is ta s m o r a le s — es algo q u e d e ja re m o s p a ra lo s
esp ecialistas, m ie n tra s q u e n o so tro s, lo s p ro fa n o s , ten em o s
que c o m p o n é rn o sla s de u n m o d o algo m ás lib re .
H a b itu alm en te , en la vid a se co n sid era estúpida a la p e r ­
son a cuyo cereb ro « e s u n tanto d é b il» . P ero , adem ás, existen
tam b ién las m ás diversas d esviacion es esp iritu ales y p síqu icas
p o r las q u e in c lu so u n a in te lig e n c ia en b u en as c o n d ic io n e s
in n ata s p u e d e verse tan im p e d id a , e sto rb a d a y c o n fu n d id a
q u e vaya a p a r a r fin a lm e n te e n algo p a ra lo q u e el le n g u a je
só lo tie n e a d is p o s ic ió n de n u evo la p a la b ra estu p id ez. E sta
p alab ra abarca, p o r tan to, dos tip o s en el fo n d o m u y d is tin ­
tos: u n a estupidez fra n c a y sen cilla y o tra q ue, de m o d o algo
p a ra d ó jic o , es in c lu so u n sign o de in te lig e n c ia . L a p rim e ra
se debe sob re to d o a u n in telecto d é b il; la segu n d a m ás b ie n
a u n in te le c to q u e só lo es d e m a siad o d é b il resp ecto a algo ,
sien d o esta ú ltim a, c o n m u c h o , la m ás p elig ro sa.
L a estupidez fra n c a es u n p o co d u ra de m o lle ra y tien e lo
que suele llam arse « m a la s e n te n d e d e ra s» . E s p o b re en ideas
y p alabras y to rp e en su u so . P re fie re lo o rd in a rio p o rq u e se
le q ued a grab ad o firm e m e n te m ed ia n te su frecu e n te re p e ti­
c ió n , y u n a vez h a c o m p r e n d id o algo n o está d isp u e sta a
d ejar que se lo arre b aten tan ráp id a m e n te , que lo an a licen o
n i siq u ie ra a d is c u r r ir ella m ism a al re sp e c to . ¡E n g e n e ra l,
tie n e n o p o c o e n c o m ú n c o n las r o ja s m e jilla s de la vid a!
C iertam e n te, su p en sar es a m en u d o in d e fin id o y, ante n u e -
SOBRE LA ESTUPIDEZ 77

vas ex p e rie n c ia s, sus p en sam ien to s p e rm a n e c e n fá c ilm e n te


sile n c io so s; p e ro , a cam bio, se atien e p re fe re n te m e n te a lo
que se p u e d e ex p e rim en tar m ed ian te lo s sen tid o s, a lo q ue,
p o r así d e c ir, p u e d e con tar c o n lo s d ed o s. E n u n a p alab ra ,
se trata de la q u e rid a «estup idez c l a r a » , y si n o fu e ra a veces
tan créd u la, vaga y a la vez tan in c o rre g ib le co m o p ara lleg ar
a h acer d esesp erar, sería una fig u ra d el tod o en can tad o ra.
N o m e voy a n egar la p o sib ilid ad de a d o rn a r d ich a fig u ra
co n alg u n o s ejem p lo s que la m u e stran tam b ién d esde o tro s
án gulos y q u e h e extraíd o del Tratado de Psiquiatría de B le u le r 3:
u n im b é c il expresa lo que n o so tro s d esp ach aríam o s c o n las
p a la b ra s « m é d ic o a la cabecera d el e n f e r m o » c o n la f ó r ­
m u la: « U n h o m b re q u e sostiene la m an o de o tro q u e yace
en la cam a y adem ás hay tam bién u n a m o n ja » . ¡E s el m o d o
de ex p re sió n de u n p rim itivo p in ta n d o ! U n a criad a de pocas
luces c o n sid e ra u n a b ro m a p esada p r o p o n e r le que lleve sus
a h o rro s al b a n c o , d o n d e p ro d u ciría n in tereses. ¡N ad ie iba a
ser tan to n to com o p ara guardarle a u n o el d in e ro y en cim a
pagarle algo p o r e llo !, contesta, y en ello se expresa u n m o d o
de p e n s a r c ab allere sco , una re la c ió n c o n el d in e ro q u e, en
m i ju v e n tu d , p o d ía observarse tod avía de fo rm a esp o rád ica
en an cia n o s d istin g u id o s. De u n tercer im b écil, fin a lm e n te,
se co n sid era sin tom ático que a firm e que u n a m o n ed a de dos
m a rc o s p o se e m e n o s valor q u e u n a d e u n m a rco y d os de
m ed io p u es —he aq u í su argum ento— ¡h a b ría que cam b iarla y
en ton ces se o b ten d ría m enos! ¡E sp e ro n o ser el ú n ico im b é ­
cil en esta sala que está totalm ente de acu erd o co n esta teo ría
d el v a lo r p a ra p e rso n a s que n o p re sta n a te n c ió n cu a n d o
cam b ian d in e r o !

3 A . B reu ler, Lehrbuch derPsychiatrie, B erlín , Sp rin ger, 19 16 . H ay dos traducciones


castellanas: Tratado de psiquiatría, trad. de Jo s é M aría de Villaverde (con p rólogo
de S a n tia g o R a m ó n y G ajal), M a d rid , G a lp e , 19 2 4 » y Tratado de psiquiatría,
trad . de A lfre d o G u erra Miralles, M adrid, Espasa-C alp e, 2I 967 - [N . d e lT .]
78 ROBERT MUSIL

P ero v o lvien d o de n uevo a la re la c ió n co n el arte, la estu­


p id ez se n c illa es a m e n u d o v e rd a d e ra m e n te u n a artista. E n
vez de c o n te sta r a u n a p a la b ra e stím u lo c o n o tra p a la b ra ,
c o m o era m u y h a b itu a l h ace u n tie m p o e n d e te rm in a d o s
e x p e rim e n to s, re sp o n d e c o n frases en teras, y, dígase lo que
se d ig a, estas frases c o n tie n e n algo así c o m o p o e sía . Paso a
r e p e t ir a lg u n o s e je m p lo s , n o m b r a n d o p r im e r o la p a la b ra
e stím u lo :

« E n c e n d e r: E l p an ad ero en cien d e la leña.


In v iern o : Está com puesto de nieve.
Padre: U n a vez m e tiró p o r las escaleras.
B o d a: Sirve de en treten im ien to .
Ja r d ín : E n el ja r d ín hace siem pre b u e n tiem p o .
R e lig ió n : C u an d o u n o va a m isa.
¿Q u ié n era G u illerm o T ell?: L o representaron en el bosque;
había m u jeres y n iñ o s disfrazados.
¿ Q u ié n era San P e d ro ? : C an tó tres ve ces» .

L a can d id ez y g ra n p lasticid ad de tales respuestas, la su stitu ­


c ió n de r e p re s e n ta c io n e s m ás elevadas p o r la n a r r a c ió n de
u n a sen cilla h isto ria , la im p o rta n c ia o to rg ad a a la n a rra c ió n
de lo s u p e r flu o , d e c irc u n sta n c ia s y a ñ a d id o s y, p o r o tra
p arte, la c o n d e n sa c ió n ab rev iad o ra, c o m o en el e je m p lo de
S a n P e d ro , son prácticas an tiq u ísim as de la p o esía; y, si b ie n
c re o q u e el exceso de to d o e llo , tal y c o m o está e n b o g a ,
ace rca al p o e ta al id io ta , ta m p o c o p u e d e d e ja r de r e c o n o ­
cerse el e le m e n to p o é tic o q ue hay e n este ú ltim o , cosa q u e
ilu m in a p o r qué el id io ta p u e d e ser rep resen tad o en la p o e ­
sía co n u n a p e c u lia r co m p lacen cia.
A esta estu p id ez fr a n c a se le o p o n e de u n m o d o to ta l­
m en te m a n ifie sto la estu p id ez m ás elevada y c o n p re te n s io ­
n es. Esta n o es tan to u n a falta de in te lig e n cia com o m ás b ie n
su fra c a so p o r el h e c h o de to m a rse la lib e r t a d de re a liz a r
SO BRE LA ESTUPIDEZ 79

activid ad es q u e n o le in c u m b e n ; y p u d ie n d o te n e r e n sí
todas las m alas p ro p ie d a d e s del in telecto d éb il, tien e adem ás
todas aq u ellas q u e causa u n á n im o d e se q u ilib ra d o , c o n tra ­
h e c h o , de a g ilid a d d e sig u a l: en sum a, q u e se d esvía de lo
sa lu d a b le . P e ro c o m o n o hay á n im o s « n o r m a liz a d o s » , lo
q u e en esa d esv ia ció n se expresa, d icho m ás c o rre cta m e n te,
es u n a in te ra c c ió n in su ficien te en tre las u n ilateralid ad e s del
s e n tim ie n to y u n in te le c to q u e n o basta p a ra r e fre n a rla s .
E sta estup id ez m ás elevada es la verd ad era e n fe rm e d a d de la
fo rm a c ió n (p e ro , p a ra salir al paso a u n m a le n te n d id o : ella
sig n ific a falta d e fo r m a c ió n , fo r m a c ió n fa llid a , fo r m a c ió n
m a l re a liz a d a , d e s p r o p o r c ió n e n tre m a te ria y fu e rz a de la
fo r m a c ió n ) , y d e s c r ib ir la es casi u n a ta re a in fin it a . E sta
estup id ez se extien d e in clu so hasta la más elevada e s p iritu a ­
lid a d ; p u es si la au tén tica estup id ez es u n a artista silen cio sa,
la estupidez in teligen te es la que coopera en la m ovilidad de la
v id a e s p ir itu a l y, so b re to d o , e n su in c o n s ta n c ia y fa lta de
resultados. H ace ya años que escribí de ella lo sigu ien te: « N o
existe p e n sa m ie n to sign ificativ o algu n o que la estup idez n o
sep a u t iliz a r ; p u e d e m o v erse p o r tod as p a rte s y p o n e rs e
to d o s lo s vestid os de la verd a d . L a verd ad , p o r el c o n tra rio ,
tie n e en cada caso só lo u n vestid o y u n cam in o y está s ie m ­
p re en d e s v e n ta ja » . L a estu p id ez aq u í in d ic a d a n o es n in ­
gu n a e n fe rm e d a d m en tal y, sin em b argo , es la m ás p elig ro sa
e n fe r m e d a d de la m e n te , la e n fe rm e d a d q u e h ace p e lig r a r
in clu so la vid a.
C ie r ta m e n te , d e b e ría m o s o b se rv arla ya en cada u n o de
n o so tro s y n o esp erar a re co n o c e rla en sus gran d es ir r u p c io ­
n es h is tó r ic a s . P e r o , ¿ c ó m o r e c o n o c e r la ? ¿ Y q u é estigm a
in e q u ív o c o p o d e m o s im p r im ir le ? L a p siq u iatría u tiliza ho y
com o p rin c ip a l sign o distintivo de los casos que trata la in c a ­
p a c id a d p a ra d esen vo lverse en la v id a, el fraca so an te todas
las tareas q u e ésta p o n e o, sú b itam en te, an te u n a tarea en la
8o ROBERT M USIL

q u e n o se e sp e ra b a tal fra c a so . T a m b ié n en la p s ic o lo g ía
e x p e rim en tal, que se o cu p a sob re to d o de p erso n as sanas, se
d e fin e la e stu p id e z de m o d o a n á lo g o . « D e c im o s q u e u n
co m p o rta m ie n to es estú p id o cu an d o n o es capaz de realizar
u n a tarea a u n c u a n d o se d a n to d as las c irc u n sta n c ia s p a ra
e llo , in c lu id a s las p e r s o n a le s » , escrib e u n c o n o c id o r e p r e ­
sen tan te de u n a de las m ás recien tes escuelas de esta cien cia.
E ste sign o d istin tivo de la cap acid ad de actu ar c o n o b je tiv i­
dad, esto es, de la eficien cia, es d el to d o adecuado cu an d o se
a p lic a a lo s « c a s o s » p a te n te s de la c lín ic a o d el d e p a r t a ­
m e n to de e x p e r im e n ta c ió n c o n s im io s ; p e r o lo s « c a s o s »
que se pasean en lib ertad hacen n ecesarias algunas ad icion es,
ya q u e e n e llo s el c o rre c to o e r r ó n e o « r e a liz a r u n a t a r e a »
n o es sie m p re tan ev id en te. P o r u n a p a rte , e n la cap a cid ad
p a ra c o m p o rta rs e sie m p re tal y c o m o lo h a ría u n a p e rs o n a
lista en las circu nstan cias dadas está p resen te ya toda la a m b i­
g ü e d a d s u p e r io r de la in te lig e n c ia y la e stu p id ez , ya q u e el
co m p o rta m ie n to « a p r o p ia d o » , « c o m p e t e n te » , p u ed e u t i­
liz a r a q u e llo de lo q u e se o c u p a p a ra su v e n ta ja p e r s o n a l o
b ie n p o n e r s e al s e rv ic io d e e llo , y el q u e h ace u n a de esas
cosas suele c o n sid e ra r estú p id o al que hace la otra (m ien tras
que m éd ica m en te es só lo estú p id o q u ie n n o p u ed e h a cer n i
lo u n o n i lo o t r o ) . Y , p o r o tra p a r te , ta m p o c o se p u e d e
n e g a r q u e u n c o m p o rta m ie n to q u e n o v ie n e al caso , e
in clu so u n o p o c o co n v en ien te, p u e d e n ser a m en u d o n e c e ­
sario s, ya que la ob jetivid ad y la im p e rso n a lid a d , la su b je tivi­
dad y la falta de c o n v en ien cia están em p aren tad as en tre sí, y
d el m ism o m o d o que la su b jetivid ad d esp reo c u p ad a es r id i­
cu la, u n c o m p o r ta m ie n to to ta lm e n te o b je tiv o es, n a t u r a l­
m e n te , im p o s ib le de v iv ir e in c lu s o de p e n s a r; e q u ilib r a r
am bas cosas es p recisam en te u n a de las d ificultad es p rin c ip a ­
les de n u estra cu ltu ra. Y , p o r ú ltim o , se p o d ría o b je tar que,
e n ocasion es, n ad ie se c o m p o rta tan in te lig e n tem en te com o
SOBRE LA ESTUPIDEZ 8l

sería p reciso y q ue, p o r tan to, cada u n o de n o so tro s es estú ­


p id o , si n o s ie m p re , d esd e lu e g o sí de vez e n c u a n d o . H ay
que d ife re n c ia r, p o r ello , en tre fracaso e in cap acid ad , en tre
estu p id ez o c a sio n a l o fu n c io n a l y c o n stan te o co n stitu tiva,
en tre e r r o r y falta de in telecto. E sto es de lo m ás im p o rtan te,
p u es las c o n d ic io n e s de la v id a so n h o y d e tal m o d o , tan
p o c o claras, tan c o m p le ja s, tan c o n fu sa s, q u e la estu p id ez
o c a s io n a l d el in d iv id u o p u e d e d a r lu g a r fá c ilm e n te a u n a
estup id ez con stitu tiva de la g e n e ra lid a d . A s í, la o b servació n
se d irig e , fin a lm e n te , m ás allá d el ám b ito de las cu alid ad es
p e rs o n a le s , h a c ia la v is ió n de u n a so c ie d a d q u e ad o le ce de
d e fe c to s m e n ta le s. C ie r ta m e n te , n o es líc ito a p lic a r a las
so cie d a d e s lo q u e tie n e lu g a r r e a l- p s ic o ló g ic a m e n te e n el
in d iv id u o y, p o r tan to , tam p oco las en ferm ed a d es m en tales
n i la estu p id ez; p e ro h o y, sin d u d a, d e b e ría p o d e r h ab larse
e n m u ch o s se n tid o s de u n a « im it a c ió n so c ia l de d e fecto s
m e n ta le s» ; los ejem p lo s de ello so n d el tod o in o p o rtu n o s.

N a tu ra lm e n te , c o n estas ad ic io n es h e m o s vu elto a so b re p a ­
sar el ám b ito de la e x p lica c ió n p sic o ló g ic a . E sta n o s en señ a
que u n p en sam ien to in teligen te tien e d eterm in ad as cu alid a­
des, com o la clarid ad , la exactitud, la riq u eza, la so lu b ilid ad
a p esar de la solidez y m uchas otras que p o d ría n en u m erarse;
y que estas cu alid ades son en p arte in n atas y en p arte a d q u i­
rid a s ju n t o c o n lo s c o n o c im ie n to s de lo s q u e u n o se a p r o ­
p ia , c o m o u n a e sp ec ie de h a b ilid a d de p e n s a m ie n to ; de
m o d o que u n b u e n in telecto y u n a cabeza h á b il v ie n e n a sig ­
n ific a r lo m ism o . N o hay m ás q ue su p e ra r la in d o le n c ia y la
p re d is p o s ic ió n , sien d o esto algo q u e p u e d e e n tre n a rse ; y la
extrañ a p alab ra « d e p o r te m e n ta l» n o expresa tan in a d e c u a ­
dam en te aq u ello de lo que se trata.
E n c a m b io , el ad ve rsario de la estu p id ez « in t e lig e n t e »
n o es tanto el in telecto com o el e sp íritu y tam b ién el án im o ,
82 ROBERT MUSIL

sie m p re q u e u n o n o se lo im a g in e tan só lo co m o u n m o n -
to n c ito de se n tim ie n to s. P u esto q u e lo s p e n sa m ie n to s y los
sen tim ien to s se m u even co n ju n tam en te , p e ro ta m b ié n p o r ­
que en ellos se expresa u n a m ism a p erso n a, p u e d e n ap licarse
tan to al p e n s a m ie n to c o m o al s e n tim ie n to c o n c e p to s tales
co m o el de estrechez, am p litu d , m o v ilid ad , sen cillez o fid e ­
lid a d ; y a u n q u e la c o n e x ió n q u e re su lta de ello n o esté del
to d o cla ra to d avía, basta p a ra p o d e r d e c ir q ue e n el á n im o
hay ta m b ié n in te le c to y q u e n u estro s sen tim ie n to s n o están
exentos de re la c ió n c o n la in te lig e n cia y la estupidez. C o n tra
esa estupidez hay q u e actu ar m ed ian te el ejem p lo y la crítica.
L a c o n c e p c ió n a q u í ex p u esta se a p a rta de la o p in ió n
c o r r ie n te —q u e n o es e n a b so lu to falsa, p e r o sí e x tre m a d a ­
m e n te u n ila t e r a l—, se g ú n la cu al u n á n im o p r o f u n d o y
a u té n tic o n o p re c is a d e l in te le c to , q u e in c lu s o lle g a r ía a
c o n t a m in a r lo . L a v e rd a d es q u e e n las p e rs o n a s se n c illa s
ciertas cu alid ad es valiosas, co m o la fid e lid a d , la co n stan cia,
la p u reza de sen tim ien to s y sim ilares, se p resen ta n sin m ez­
cla, p e ro esto es así so lam en te p o rq u e la co m p eten cia de las
d em ás es d e m a sia d o d é b il. Y a an tes h e m o s to p a d o c o n u n
caso lím ite de ello en la im ag en de la am able d eb ilid a d m e n ­
tal. N a d a m ás le jo s de m i in te n c ió n q u e d e g ra d a r el á n im o
b u e n o e ín te g r o c o n estas a p re c ia c io n e s —¡su c a re n c ia es
in c lu s o re s p o n s a b le e n b u e n a m e d id a d e la estu p id ez m ás
elevada!—, p e ro actualm ente es m ás im p o rta n te todavía an te­
p o n e r le e l c o n c e p to de lo s ig n ific a tiv o , algo q u e, p o r
su p u esto, m e n c io n o sólo de fo rm a co m p leta m en te u tóp ica.
L o sig n ific a tiv o u n ific a la v e rd a d q u e p o d e m o s p e rc ib ir
e n e llo c o n las c u a lid a d e s d e l s e n tim ie n to q u e go zan de
n u estra c o n fian za , llevá n d o lo a algo n u evo , a u n a c o m p re n ­
sió n , p e ro tam b ién a u n a d e c isió n , a u n ren o v a d o em p eñ o ,
a algo que tien e co n te n id o esp iritu al y p síq u ico y « e x ig e » de
n o s o tr o s o de o tro s u n c o m p o r t a m ie n t o . D e m o d o q u e
SO BRE LA ESTUPIDEZ 83

p o d r ía d ecirse, y esto es lo m ás im p o rta n te en re la c ió n co n


la estupidez, que lo sign ificativo es accesible a la crítica tanto
p o r la p a rte d el in te le c to c o m o p o r la d el s e n tim ie n to . L o
s ig n ific a tiv o es ta m b ié n lo c o n t r a r io tan to de la estu p id ez
com o de la tosqu ed ad y la d e sp ro p o rc ió n gen eral en q u e los
afectos, en vez de in sp ira rla , aplastan h o y a la razón d esapa­
rece e n el c o n c e p to de la sig n ific a tiv id a d . P ero ya h e m o s
h a b la d o b astan te de él, in c lu s o q u izá m ás de lo q u e cabe
h a c erlo de m an era resp o n sab le. P u es, si se tuviera que a ñ a ­
d ir algo m ás, sólo p o d ría ser que c o n to d o lo dicho n o se ha
dad o todavía n in g ú n sign o que p e rm ita re c o n o c e r y d is tin ­
g u ir lo sign ificativo, y que tam p o co p o d ría darse fácilm en te
u n o que fu e ra d el tod o satisfacto rio . S in em bargo, esto ju s ­
tam en te n o s c o n d u ce al ú ltim o y m ás im p o rta n te re m e d io
co n tra la estupidez: la m od estia.
T o d o s n o so tro s so m o s o c a sio n a lm e n te estú p id o s; ta m ­
b ié n te n e m o s q u e actu a r o c a sio n a lm e n te de m o d o ciego o
sem icieg o , de lo c o n tra rio el m u n d o n o se m o v ería ; y si de
lo s p e lig r o s de la estu p id ez se q u is ie r a d e d u c ir la reg la :
« A b sten te de ju zgar y d e c id ir en tod o lo que n o com p ren das
s u fic ie n te m e n te » , n os q u e d a ría m o s d el to d o ríg id o s. P ero
esta situ a ció n , de la que h o y tan to se h ab la, se p arece a u n a
q u e, en el ám b ito d el in te le c to , n o s es fa m ilia r d esde hace
tiem p o . Pues, com o n u estro co n o c im ie n to y n uestra capaci­
d ad s o n in c o m p le to s , e n el fo n d o n o s vem o s o b lig a d o s a
e m itir ju ic io s a la lig e r a en to d as las cie n cia s, si b ie n n os
esforzam os y hem os ap ren d id o a m an ten er este e rro r den tro
de u n o s lím ites co n o cid o s y a c o rre g irlo cuando hay ocasión,
de m o d o q u e n u estra activid ad re c u p e ra la c o rre c c ió n . E n
re a lid a d , n ada im p id e a p lic a r este m o d o de ju z g ar y actuar,
exacto y o rg u llo so a la vez q u e h u m ild e , ta m b ié n a o tro s
ca m p o s; y creo que el p r in c ip io : actúa tan b ie n com o puedas
y tan m al com o debas y sé siem p re con scien te de los m árg e-
84 ROBERT M USIL

n es de e r r o r d e tu a c c ió n , s u p o n d ría ya h a b e r avanzado u n
b u e n trech o h acia u n a p ro m e te d o ra fo rm a de vida.
P ero co n estas in d ic ac io n e s hace ya rato que he llegad o al
fin a l de m is co n sid era c io n es, q ue, co m o ya h e an u n cia d o en
m i d efen sa, sólo se d eb en to m a r co m o u n estudio p re v io . Y ,
c o n el p ie en la fro n te ra , d eclaro n o estar en c o n d icio n e s de
seg u ir ad elan te; p ues c o n u n solo paso m ás allá d el p u n to en
q u e n o s d eten em o s n o s sald ríam o s d el ám b ito de la e stu p i­
dez, q u e es ta n v a ria d o y e n tr e te n id o in c lu s o en la te o ría ,
p ara lle g a r al re in o de la sab id u ría, u n a re g ió n d esierta y p o r
lo g e n e ra l evitada.
JOHANN EDUARD ERDMANN
Sobre la estupidez
[Berlín, 18 6 6 ]
H o n o ra b le asam blea,

p ara ju s tific a r m i p e tic ió n de in d u lg e n c ia , p e ro n o sólo p o r


ello , debo em pezar h ab lan d o de las p en u ria s en las que m e vi
a tra p a d o c u a n d o c o m p r o b é e n la lista de c o n fe re n c ia s de
este añ o p u b licad a en los p e rió d ic o s q u e el tem a elegid o p o r
m í estaba fija d o irrevo cab lem en te. A q u é llas era n tan gran d es
q ue, a veces, cu an d o la tan reiterad a p reg u n ta « ¿ y p rete n d e
U d . h a b la r sob re la e s tu p id e z ? » era rep etid a co n h ila rid a d ,
m e p a re c ía estar m u c h o m ás c erc a d e n o h a c e rlo . C ie r t a ­
m e n te , n u n c a c o m p a rtí u n r e p a r o q u e o tro s e x p re sa b a n :
que el o b jeto fu e ra p e q u e ñ o e in sig n ific a n te y que a lo sum o
u n tra ta m ie n to jo c o s o p u d ie r a h a c e r algo c o n él. S ie m p re
m e p areció su ficien tem en te g ra n d e ese p o d e r c o n tra el que,
según n os d icen , in clu so los dioses lu ch an en vano, y del todo
serio si fu e ra v erd a d eso de que g o b ie rn a el m u n d o . L a d if i­
cu ltad estaba e n algo m u y d istin to . S i n o cu rsé lo s estu d io s
de filo s o fía in ú tilm e n te , d e b e ría sab er q u e to d a in v e stig a -
88 JOHANN ED. ERDMANN

c ió n p r o fu n d a d eb e e m p e z a r fo r m u la n d o la e se n cia de su
o b je to . P ara e llo , esos m ism o s estu d io s, así co m o la elevada
con sign a de re c o n o c e r el á rb o l p o r los fru to s, m e en se ñ a ro n
q u e , p a ra d a r c o n d ic h a fó r m u la , d e b ía p re s ta r a t e n c ió n a
lo s efec to s de lo q u e se p r e te n d e d e f in ir . S in e m b a rg o , al
h acer esto, resu ltaba ya de p o r sí grave q ue la estupidez ten ga
efectos tan diversos co m o el e n o jo y la risa; p e ro lo p e o r era
que estos dos efectos, m ás que desvelar, ocu ltan la esen cia de
su causa, p u es q u e algo sea e n o jo s o o ris ib le n o m a n ifie s ta
qué y cóm o sea u n o b je to , sin o m ás b ie n cuál es la c o n d ic ió n
de q u ie n lo observa. P ara d esc u b rir la esen cia de la estupidez
a p a rtir de sus efectos se la d eb ería in vestigar ju sta m e n te allí
d o n d e se la e n c u e n tr a ta n p o c o e n o jo s a o r is ib le c o m o la
salida d el sol p o r el E ste, p o r sen tir que es lo m ás n o rm a l del
m u n d o . P e ro , p o r m ás celo sam en te q ue bu scaba, n o era en
a b so lu to fá c il h a lla r u n a situ a c ió n d e este t ip o . N o es q u e
escasearan las estupideces, al c o n tra rio , las ten ía al alcance de
la m an o sin levan tarm e de m i e s c rito rio ; y, de h a b e r puesto
u n p ie e n la calle, h a b ría n caíd o sob re m í a m o n to n e s. P ero
n in g u n a de estas d os clases era de las q u e b u scab a, p u es las
p r im e r a s m e e n o ja b a n y las seg u n d as m e p ro v o c a b a n ris a .
U n a casu alidad p u so ante m is o jo s lo q u e a la p ostre ya a p e ­
n as e sp e ra b a e n c o n t r a r . F u e a m ás de v e in te m illa s de m i
ciu d ad , m u y cerca d el lu g a r en el q u e a h o ra m e e n c u e n tro ;
y, com o lo que h allé en ton ces co n stitu irá el p u n to de p artid a
de m i in v e s tig a c ió n , m e h e visto o b lig a d o a h a c e r p r e v ia ­
m en te esta c o n fe s ió n p a ra e x p lic a r p o r q ué les in v ito a q u e
m e a co m p a ñ e n hasta el lu g a r d el hallazgo.
E n la sala de e sp e ra de la e s ta c ió n d e fe r r o c a r r ile s de
H a m b u rg o , u n a fa m ilia m u y n u m e ro sa m e h abía llam ad o la
aten ció n . P rim e ro p o rq u e de su con versación se d ed u cía que
v ia ja b a n a K y r it z c o n m o tiv o de u n a fie sta fa m ilia r , y ese
n o m b re m e traslad ó a aq u el tie m p o in o fe n siv o en el q u e yo
SO BRE LA ESTUPID EZ 89

y m u ch o s c ie n to s m ás n o s se n tía m o s tan fe lic e s de q u e u n


h abitan te de B e r lín p u d ie ra lla m a r a K yritz su p atria. A este
in te ré s re tro sp e c tiv o se le u n ió p r o n to o t r o : se g ú n ib a n
en tra n d o m ás viajero s en la sala, el m uch ach o jo v e n , a todas
lu ces u n b e n ja m ín ta rd ío , ib a p e r d ie n d o cada vez m ás su
aspecto alegre y m ira b a casi m ied o sam en te a tod o el que lle ­
gaba: fin a lm e n te, cu an d o m uy p o co antes de la p artid a en tró
de go lp e en la sala to d a u n a m u ch ed u m b re, n o p u d o c o n te ­
n erse m ás: « P e r o , ¿q u é va a h a c e r to d a esta gen te a casa del
ab u elo de K y r it z ? » . Las carcajadas de los h e rm a n o s m ayores
y la exclam ación : « ¡P e r o qué t o n t o !» n o tu v iero n , p o r f o r ­
tu n a, co n secu en cias terrib le s. « D e ja d en paz a m i t o n tito » ,
d ijo la m ad re, y le d io u n beso en sus ru b io s bu cles que tuvo
el efecto h a b itu al de este tip o de beso s: el m u ch ach o m iró a
su a lre d e d o r c o n la m ira d a rad ia n te y cada rasgo de su b e llo
ro stro p regu n taba: ¿ n o ten ía yo ra z ó n ? Este m uchacho co n s­
t itu irá el p u n to de p a rtid a de m i estu d io ; d eb erá serv irm e
co m o lo q u e p o d r ía lla m a rse , u tiliz a n d o u n a e x p re s ió n de
B a co n , u n caso cru cial, u n a instantia o u n experimentum crucis.

N o só lo lo s d e sp iad a d o s h e rm a n o s , sin o ta m b ié n la m ad re
llam ó to n to al c h iq u illo , y m e tem o q u e n o so tro s les dam os
la ra z ó n a am b o s. ¿ P o r q u é ? C ie rta m e n te , n o só lo p o rq u e
su alm a esté totalm en te colm ad a p o r el viaje a casa d el ab uelo
y a trib u y a e r r ó n e a m e n te el m ism o d e stin o a to d o v ia je r o .
P ues im ag in e m o s a u n m u ch ach o viajan d o al m ism o tiem p o
de K y r itz a B e r lín q u e, d esp u é s d e lle v a r sen ta d o casi dos
h o ras en el vag ó n c o n la m ad re, está del todo so rp re n d id o de
e n c o n t r a r a tan tas p e rs o n a s e s p e ra n d o en N e u sta d t, y q ue
m ás tard e, al lle g a r el tre n de W itten b erg , p ie rd e la calm a y
90 JOHANN ED. ERDMANN

p re g u n ta : « ¿ Q u é v an a h a c e r to d as estas p e rs o n a s a B e r ­
l í n ? » . E ste m u ch ach o n o p a re c e rá tan e stú p id o , n i m u ch o
m e n o s , c o m o m i v ia je r o a K y r itz , e in c lu s o q u izá n o lo
p arezca e n a b so lu to . ¿ D e d ó n d e p ro c e d e esta d ife re n c ia de
j u i c i o ? N a d ie la p r e te n d e r á e x p lic a r b a sá n d o se e n n u e stra
p re fe re n c ia p o r B e r lín o en u n d esafecto h acia la re g ió n de
P rie g n itz , y sí p o r el h e c h o d e q u e B e r lín sea ta n g ra n d e y
K y r itz ta n p e q u e ñ o . P o r e x tra ñ o q u e p arez c a q u e la m e ra
d ife re n c ia de m ag n itu d n o sólo m o d ifiq u e , sin o que in clu so
constituya la c o n d ic ió n de n u estro ju ic io sob re la estupidez y
su con trario, así es, y centenares de experiencias lo co n firm an .
S i, v ia ja n d o p o r u n p u e b lo m u y, m u y p e q u e ñ o , c o m e n ta ­
m os que lo s an cia n o s árb o les so n allí p re c io so s y u n ca m p e ­
sin o n os contesta: « O sea, que ustedes tam b ién se h a n e n te ­
rad o ya de q u e n u estro alcalde q u iere ta la r lo s » , y si, an te el
Théâtre du Luxembourg, u n c iu d a d a n o r e s p o n d e al m ism o
c o m e n ta rio d ic ie n d o : « e s u n a in d ire c ta so b re los p lan es de
re m o d e la c ió n d el B a r ó n H a u sm a n n , ¿ v e r d a d ? » , lo q u e el
cam p esin o de L eim b a c h o de L o d e rsle b e n y el épicier p a risin o
h a n d ic h o es lo m ism o y, sin e m b a rg o , a q u é l n o s p a re c e rá
estú p id o c o n to d a certeza y éste tal vez n o . S i re fle x io n a m o s
sobre estas exp erien cias y a la vez ten em os en cuenta, au n q u e
n u n c a p u e d a h a c e rse s u fic ie n te m e n te , lo s g u iñ o s q u e n o s
o fre ce n las len guas —la alem an a cu an d o h abla de Beschränktheit,
la fran cesa cu an d o dice homme borné, la in glesa c o n su narrow-
nessofmind—, esto n o s c o n d u c irá h acia lo c o rre c to : la lim it a ­
c ió n de u n a p e r s o n a n o c o n siste e n q u e lo p o n g a to d o en
re la c ió n co n las ideas que viven en ella o en que lo su b o rd in e
a sus p a rtic u la re s p u n to s de vista —si n o h ic ie r a tal cosa, n o
ju z g a r ía e n a b so lu to , n o s e ría n i e stú p id o n i in te lig e n te —,
sin o en q u e el n ú m e r o de d ich as id ea s y p u n to s de vista es
m u y re d u c id o , sie n d o ésta la ra z ó n p o r la q u e el c írc u lo
v isu a l q u e e llo s c o n fig u r a n sea tan lim ita d o y e stre c h o .
S O B R E L A ESTUPIDEZ 91

C u a n to m ás se m u ltip lica n d ich o s p u n to s de vista, m ás in te ­


ligen te se vuelve la p erso n a ; cu an to m ás se red u ce su n ú m e ro
y, p o r e n d e , se estrech a el c ír c u lo v isu a l, m ás e stú p id a se
vuelve. P o r eso la estupidez tam p o co tien e n ad a que ver co n
la fa lta d e c o n o c im ie n to s , o só lo e n la m e d id a e n q u e el
in c re m e n to de lo s c o n o c im ie n to s p u e d e h a cer in c re m e n ta r
el n ú m e ro de lo s p u n to s de vista. P u ed e, p e ro n o n e ce sa ria ­
m e n te d eb e. P u es a q u e l m in e r ó lo g o q u e, tras c ae rle a u n o
de sus a m ig o s u n a p ie d r a e n la cabeza, c o r r ió fe r v o r o s a ­
m e n te h a c ia él, m ir ó la p ie d r a y e x c la m ó : « ¡ G r a n i t o ! » ,
te n ía seg u ram en te m u c h o s m ás c o n o c im ie n to s q u e aq u e lla
o tra p e rso n a q u e llevó al h e rid o a su casa, p e ro el p u n to de
vista exclusivam en te m in e ra ló g ic o al que su b su m ió el trágico
a c o n te c im ie n to h ace d ifíc il a fir m a r q u e fu e r a el m ás s e n ­
s a to '. S i n o s im a g in a m o s u n n ú m e r o cada vez m e n o r de
p u n to s de vista, es d ecir, el estrech am ien to p ro g re sivo de su
sum a, d el c írc u lo visu a l u h o riz o n te , lleg am o s fin a lm e n te a
u n p u n to en el q u e el rad io de las ideas co in cid e co n su c e n ­
tro , en que n o es p o sib le p en sar ya u n a lim ita ció n m ayor, u n
v o lv e rse to d av ía m ás e s tú p id o , h a b ie n d o d a d o , p o r ta n to ,
c o n la fo r m a n u c le a r de la e stu p id e z . E l p u n to c e n tra l de
tod os los p u n to s de vista, el que tod os ellos p re su p o n e n p o r ­
que sólo m ed ian te él son suyas las ideas de u n h o m b re , es el
p r o p io yo . P o r eso los griego s in v e n ta ro n p ara el estú p id o la
e x p re sió n « id io t a » y p ara la estupid ez, « id io t is m o » , se ñ a ­
lan d o de este m o d o a la p artic u la rid a d co m o la esen cia de la
m ism a, y serían dig n o s de en vid ia p o r ello si su e x p re sió n n o
fu e ra desde hace m u ch o tam b ién n u estra y si n o tu viéram o s
—co m o , d esde lu eg o , tam b ién ellos y o tro s p u eb lo s— la a ce r-

I T ra d u c im o s gescheidt in d istin ta m e n te p o r « in t e lig e n t e » y p o r « s e n s a to »


d ep en d ie n d o d el con texto, sien d o esta u n id a d en tre in teligen cia y sensatez
lo qu e E rd m a n n co n trap o n e a la estupidez. [N . d el T .]
92 JOHANN ED. ERDMANN

tada e x p re sió n « s im p le » , q ue, e n o p o s ic ió n a toda c o m p le ­


jid a d (del cen tro , ra d io , c írc u lo , e tc .), ap u n ta a aq u el q u e lo
c o n s id e r a to d o so la m e n te de u n ú n ic o m o d o . D a d o q u e
p a ra q ue u n p u n to de vista sea n u estro tien e q u e añ a d írsele
el p r o p io yo, de m o d o q u e al ad op tar aq u él ya siem p re te n e ­
m os d os y c o n s id e ra m o s , p u es, de m o d o d o b le , el sim p le
to ta l se ría a q u e lla p e r s o n a p a ra q u ie n , c o m o p a ra n u e stro
m u ch ach o la id ea de K y ritz , el p r o p io yo fu e ra el ú n ic o o jo
de la cerra d u ra p o r el que m ira r a ese ric o salón al que lla m a ­
m os m u n d o . P o r con sigu ien te, la estupidez d eb ería d efin irse
co m o el estado m en ta l en que el in d iv id u o se c o n sid e ra a sí
m ism o y la re la c ió n con sigo m ism o com o ú n ic o criterio de la
ve rd a d y el v a lo r; o , d ic h o m ás b rev e m e n te : en q ue lo ju z g a
tod o sólo a p a rtir de sí m ism o .
E x a m in e m o s a h o ra la c o r r e c c ió n de esta d e fin ic ió n d el
con cep to en las m an ifestacio n es de la estupidez y, en p rim e r
lu g a r, e n c ó m o se m a n ifie s ta d e suyo a través d el h a b la . L o
p r im e r o q u e su ele lla m a rle la a te n c ió n a c u a lq u ie ra e n el
trato c o n p erson as lim itadas es la in c o n d ic io n alid ad y u n iv e r­
salid ad de sus ex p re sio n e s, que c o n fie r e n a éstas u n aspecto
co rta n te y d e n e g a to r io . A l lí d o n d e el sen sato exp resa u n a
ligera duda, éste dice: « e sto n o es a sí» o « e s o n o fu n c io n a » .
D o n d e aq u él dice « m e p a r e c e » , éste d ice « y a se s a b e » . E n
vez d el « a lg u n a s v e c e s» , a éste se le oye d e cir « s ie m p r e » , en
vez de « a lg u n o s » , se oye « t o d o s » . S i e n n u e stro tie m p o ,
q u e tan to esfu e rzo p o n e en la estad ística, a lg u ie n q u is ie ra
reg istrar cu án tos « s e » , « s ie m p r e s » y « t o d o s » con su m e u n
h o m b re sim ple en u n añ o, se so rp re n d e ría de que algo así sea
p o s ib le sin a so c ia c io n e s de c o n s u m id o re s . Se co m ete u n a
in ju s tic ia c o n la p e rs o n a lim ita d a c u a n d o se llam a ex a g e ra ­
c ió n a esta ráp id a gen eralizació n . N o se trata de u n a n egació n
in te n c io n a d a de algo q ue u n o sabe a cien cia cierta. A través
de su o jo de la c e r r a d u r a , c o m o lo h e lla m a d o hace u n
SO BR E LA ESTUPIDEZ 93

m o m en to , él n u n ca ve otra cosa que lo que ya vio la p rim e ra


vez; p a ra él es efectivam en te lo m ism o v e r algo u n a vez, o
m u ch as, o s ie m p re , y esa m ism id a d es lo q u e él exp resa al
d ecir « s ie m p r e » cu an d o el sensato d iría « d o s o tres v e c e s» .
Y del m ism o m o d o que el estúpid o n o lim ita la validez de sus
ju ic io s, sin o que la acrecien ta m ed ian te dichas am p lific a c io ­
n es, tam p o co estatuye n in g ú n lím ite resp ecto a lo s o b je to s
sobre los que ju zga. N o sólo d en iega de u n m o d o totalm ente
gen eral, sin o tam b ién acerca de to d o . E n u n o s p o co s m in u ­
tos es capaz de d isc u tirle a u n o c ó m o se debe c o n s tru ir u n a
casa, a u n segu n d o cóm o debe tratarse u n a en ferm ed a d , a u n
te rc e ro c ó m o h ay q u e s o lu c io n a r u n a c u e stió n de p o lític a
eu rop ea, y n o le desconcierta en absoluto escuchar que el p r i­
m ero al que aleccionaba es u n g ra n a rq u itecto , el segun do u n
célebre d o cto r y el tercero u n im p o rta n te estadista. A algunas
p e rso n a s m ás sensatas les s o rp r e n d e escu ch ar tales ju ic io s
c o n d e n a to r io s en b o c a de a lg u ie n q u e n o se h a o cu p a d o
n u n c a de d ich as m aterias. P re c isa m e n te p o r eso está tan
in fo r m a d o . S i a lg u ie n p asea p o r u n sa ló n , p r o n to se da
cu en ta de que su p u n to de m ira se m o d ific a a cada p aso , los
o b jeto s se desplazan en tre sí y se o cu ltan m u tu am en te ah o ra
de u n m o d o , ah o ra de o tro , p o r lo q u e ja m á s p u e d e n a b a r­
carse to d o s c o n la m ira d a . E sto n o le pasa n u n c a a q u ie n ,
m ira n d o só lo a través de u n p e q u e ñ o o r ific io , lo ve to d o
co m o en u n a p in tu r a , q u e m u e stra de u n a vez a q u e llo que
co n tien e. Q u e su p eq u eñ o agu jero es sólo el p ro p io yo es algo
q u e estos n e g a d o re s sab elo to d o a c o stu m b ra n a d e c irn o s
explícitam en te ellos m ism os al fo rm u la r sus decid id os ju ic io s
siem p re co m o sigu e: « ¡Y o n o lo h a r ía !» , « ¡ Y o esto lo bago
de o tro m o d o !» . N o se les o cu rre que, en verdad, tal cosa n o
p o see d em a siad a im p o r ta n c ia . Y n o se trata m ás q u e de u n
g iro ap aren tem en te positivo de las m ism as expresion es n ega­
tivas cu an d o, en u n a d iscu sió n p ro fu n d a , p o r ejem p lo acerca
94 JOHANN ED. ERDMANN

de q u e algo n o se h ace o n o está b ie n , se escu ch a la ré p lic a


triu n fa l: « P e r o , ¿ c ó m o ? S i yo eso lo hago sie m p re » . A lg o así
h ace e n m u d e c e r al in sta n te . Q u e ad em ás re fu te , es ya o tra
cuestión , desde lu eg o . P o r cierto, n o es casual que, tal y com o
o c u rre en lo s g iro s re c ié n m e n c io n a d o s, los ju ic io s de estos
au daces n e g a d o re s d is c re p e n de lo s ju ic io s de lo s d em ás y
c o n sid e re n sus actos d esfav o rab lem en te , n i que estos q u e lo
saben to d o , lo sep an siem p re ad em ás de o tro m o d o y m e jo r
q ue lo s d em ás, hasta el p u n to de q u e a lg u n o s de ello s so n
in cap ace s de c o n c e d e r algo sin u n « n o » o u n « p e r o » . Y
cu an d o u n o de éstos oye d e c ir que B e r lín es m ás g ra n d e que
S p an d au , p o r lo m en o s lo rectific a d ic ien d o que en realid ad
Sp an d au es m ás p eq u eñ o que B e r lín . Esto n o es casual, sin o,
segú n n u e stra fó r m u la , d el to d o n e c e sa rio : él se e n c u e n tra
to ta lm e n te so lo en su o jo de la c e rra d u ra , p o r eso es cie rto
que n ad ie ha visto lo que él ve. A d em ás, p ara p o d e r a p ro b a r
las o p in io n e s y los actos de los otros ten d ría que p o n erse ante
la ventana p o r la que éstos m ira n atentam ente, p o r en cim a de
sus h o m b r o s ; e n p ocas p alab ra s, te n d r ía q u e c o n s id e ra r las
cosas desde u n a óptica distinta a la acostum brada y, p o r tanto,
c o n s id e ra rla s de u n m o d o c o m p le jo , n o sim p le . P o r ese
m otivo, cuanto m ás sim ple es u n a p erson a, más tien de ú n ic a ­
m en te a criticar. L o s más in teligentes saben h acer esto m e jo r,
p e ro ta m b ié n cosas m ás d ifíc ile s. S i b ie n só lo lo s m aestro s,
los m ás in teligen tes, saben hacer, adem ás de eso, lo más d ifí­
cil de to d o : elo giar com o es d eb id o . U n o de los m ás gran des
m im os que ha ten id o B e r lín m ostraba hasta qué p u n to era u n
m a e stro e n q u e, c u a n d o se h a b lab a d el m ás m íse ro a cto r,
sabía elo g ia r u n m o vim ien to de las m an os o de los dedos del
in fe liz que n ad ie m ás h abía ap reciad o.

P ero las p alabras n o so n la ú n ic a m a n ife sta ció n de u n estado


m en ta l. E ste se m u e stra asim ism o e n las a cc io n es. A s í ta m -
SO BRE LA ESTUPIDEZ 95

b ié n en el caso de la estupidez. L lam am o s tosqu ed ad n o sólo


a ser estú p id o, sin o a actuar estú p id am en te, a co m eter estu ­
pideces o a la estupidez en acción . L a elección de la expresió n
está m otivada p o r la c o n sid e ra c ió n d el m aterial in fo rm e , en
b ru to o to sco , y d e p e n d ie n d o d e si se p ie n sa en la m a te ria
b ru ta del artesan o o en la del artista, en lu gar de tosco se dice
basto o g r o s e r o , n o p u lid o , p e r o sie m p re o p o n ie n d o estos
estad os a aq u e l en q u e la p e rs o n a ya está fo rm a d a , c o m o la
c o lu m n a a p a r t ir d el m á rm o l. F o r m a r , e d u c a r, sig n ific a
m o d e la r, y p o r ello las fo rm a s o lo s m o d o s (d esign ad as en
algu n o s id io m a s c o n u n a sola p alab ra ) exp u lsan lo tosco, lo
desbastan, F ac ie n d o su rg ir del h o m b re sin fo rm as al h o m b re
e d u ca d o , y d el h o m b re tosco y basto a u n o de re fin a d o s
m od o s y form as exquisitas. M i d erech o a d e fin ir la tosquedad
com o la estupidez en acc ió n o la p raxis de la estupidez —algo
que atestiguan , u n a vez m ás, lo s usos lin g ü ístico s al d esig n ar
de igual m o d o al co n trario de am bas: pues fin o , lo co n trario
de e stú p id o , c o in c id e c ie rta m e n te c o n r e fin a d o , p u l i d o -
q u ed a cla ra m e n te d e m o stra d o al c o m p r o b a r q u e, siem p re
que criticam os algo com o tosco, lo que nos m olesta en ello es
que sólo se haya te n id o en cu en ta al p r o p io yo y su p o s ic ió n
e x c e p c io n a l; p e r o ju s ta m e n te e n eso co n sistía la estu p id ez.
N o voy a p o n e rm e fácil la d em o stració n reco rd an d o a los que
le p arten a algu ien los dien tes y se so rp re n d e n de que sea tan
sen sib le, p ues a ello s n o les ha d o lid o en ab so lu to , sin o que
to m aré m is ejem p lo s de d o n d e ya ha em pezado el p ro ceso de
fo r m a c ió n o m o d e la d o q u e d e b e rá e x tra e r d el m á rm o l en
b ru to , sin la b ra r, la estatua de los d ioses, esto es, de los (ya)
fo rm ad o s. E s regla en tre éstos que n o esté p e rm itid o co n tra ­
d e c ir o in t e r r u m p ir a o tro y q u e, de h a c e r tal cosa, se lo
ac o m p a ñ e c o n u n a fó r m u la de d isc u lp a . ¿ E s acaso tan sólo
u n a c o n v e n c ió n casual q u e el in c u m p lim ie n to de esta regla
aparezca co m o algo g ro sero y tosco, co m o u n aten tado c o n -
96 JOHANN ED. ERDMANN

tra los b u e n o s m o d a le s ? E n ab so lu to , p ues e n tal caso tien e


lu g a r u n v e rd a d e ro a te n ta d o , u n a v io la c ió n d el d e re c h o
to ta lm e n te p a r tic u la r . D e c o n fo r m id a d c o n el d ere ch o d el
que to m a p r im e r o la p alab ra, q u ie n in ic ia u n a co n versació n
y es el p r im e r o e n e x p re sa r su o p in ió n so b re u n o b je to se
a d u e ñ a de lo s o íd o s de lo s q u e le esc u c h an co m o de u n a
b u e n a p resa y los tien e en p ro p ie d a d . Q u ie n le co n trad ice o
in te rru m p e n o respeta d icha p ro p ie d a d . A c tú a com o si fu era
el ú n ic o d ere ch o h ab ien te, es d ecir, de u n a m an era estúpida.
S e c o m p o rta c o m o si a q u e llo d e lo q u e ya d is p o n e el q u e
h a b ló p r im e r o fu e r a to d av ía u n b ie n sin d u e ñ o , y c o m e te ,
p o r tan to , u n a in ju s tic ia . T o d o esto lo m o d ific a la fó rm u la
de d isc u lp a . L a in ju s tic ia d esa p a rece, p u es m e d ia n te d ich a
fó r m u la se r e c o n o c e el d e re c h o d e p r o p ie d a d d el o t r o ; el
o p in a r d istin to o in t e r r u m p ir se c o n s id e r a e n to n c e s u n a
e x cep ció n , es d e c ir, se hace el in te n to de a rre b atarle al o tro
el d erech o de d isp o sic ió n sobre el o b jeto y la aten ció n de los
q u e escu c h an p o r la vía d e l c o m e rc io leg a l y n o p o r la d el
asalto v io le n to . Y si u n o p id e p e r m is o p a ra o p in a r de o tro
m o d o , n o se p o d rá h a b la r ya de to sq u ed a d , dado q u e acaba
de d a r m u estra de n o a n te p o n e r su p ro p ia v o lu n ta d a to d o .
R esu lta de g ra n in te rés v e r ah o ra c ó m o van a u m en ta n d o las
exigen cias d e p e n d ie n d o de si, en los p ro ceso s de fo rm a c ió n
de la im ag en de los d ioses, ésta se escu lp e sólo a p a rtir de lo
a b so lu ta m e n te b asto o b ie n ya de lo p a rc ia lm e n te b a sto .
C u a lq u ie ra c o n u n m ín im o de fo rm a c ió n está de acu erd o en
q ue resu lta in c o n v e n ie n te in te r r u m p ir u n d iscu rso . Q u ie n
p o see u n a fo r m a c ió n m ás elevada o q u izá la m ás elevada de
tod as exige m u c h o m ás. S c h le ie r m a c h e r d ice en u n e scrito
ded icad o al en salzam ien to de las p erso n as cultas y a la g u e rra
c o n tra la tosq u ed ad q u e « s ó lo hay u n a cosa in c o n v e n ie n te y
que o fe n d e al p u d o r, la in te r ru p c ió n de c u alq u ier estado de
á n i m o » . D u r a n te m u c h o tie m p o m e p a re c ió e x tra ñ a esta
SO BRE LA ESTUPIDEZ 97

sen ten cia d el resp etad o v a ró n , hasta q ue, p o r desgracia a m i


costa, exp erim en té su verd ad de m o d o ro tu n d o . E n u n salón
p a ris in o , u n a d am a fra n c e sa h a b ía en tab lad o c o n m ig o u n a
con versación en alem án . L o que decía m e resultaba m uy in s ­
tructivo y m e atraía en gra d o su m o , p e ro , co m o se d e s a rro ­
llab a m u y le n ta m e n te , m e p e r m ití exp resar u n a fó rm u la de
a te n c ió n en fra n c é s, en vez de en a le m á n . E n u n a b r ir y
cerra r de o jo s, la con versación se in te rru m p ió y en la m irad a
de aq u e llo s o jo s o scu ro s le í las p alab ras de S c h le ie rm a c h e r:
« ¡In s o le n te ! ¡H as in te rru m p id o u n estado de á n im o !» . L o s
o jo s c o lé ric o s de a q u e lla d am a te n ía n ra z ó n . E lla h ab ía
h a b lad o c o n m ig o so lam en te p a ra p ra c tic a r el a le m á n y,
p u esto que h a b ía in ic ia d o la co n v e rsa c ió n , n o p o d ía d isc u ­
tirse su d ere ch o a e llo , m ie n tra s q u e yo n o ten ía n in g u n o a
c o n v e rtir su c o n v e rsa c ió n en u n m e d io de a p re n d iz a je p ara
m í. H a n pasado veinte años desde aquella velada y todavía hoy
m e avergüenzo de m i to sq u ed ad . Y cu an d o , al p re g u n ta r yo
p o r algo, alg u ien m e contesta en o tro id io m a , quizá p ara no
olvid ar su fran cés, m e m olesta, n atu ralm en te, que n o respete
las reglas del ju e g o a las que llam am os b u en o s m od ales y que,
ten ien d o yo la m an o , en vez de m an ten er el co lo r, cam bie de
p alo y m e la ro b e ; p e ro se m ezcla en m i en fad o la c o n fe sió n
a rre p e n tid a : « h o y recib es el p ago p o r lo q u e q u eb ran ta ste
aquel día en la ru é St. L a z a re » .
P ero m i c o n sid e ra c ió n de las m an ifesta cio n es de la estu ­
p id ez n o sólo resu ltaría in c o m p leta, sin o que se p o d ría sos­
p ech a r que om ito lo que n o co n cu erd a c o n m i d e fin ic ió n , si
sile n cia ra q u e n o sólo se c o n sid e ra estú p id o y tosco el d ecir
n o y c o n tr a d e c ir , sin o m u y a m e n u d o ju s t o lo c o n t r a r io ;
algo , p o r c ie rto , q u e n o sería m ás p r o d ig io s o q u e el h e ch o
de q ue el m ism o so l a b la n d e la c e ra y e n d u re z c a el b a r r o .
N a tu ra lm e n te , n o hay q u e p e n sa r aq u í en la resp u esta a f ir ­
m ativa de p re g u n ta s p a ra las q u e se esp erab a u n a resp u esta
98 JOHANN ED. ERDMANN

n egativa; p o r e je m p lo , los b u e n o s m o d a les n o ex ig en q u e a


la p re g u n ta « ¿ V e r d a d q u e soy r e p u g n a n t e ? » se re s p o n d a :
« S í , m u c h o » . E ste tip o d e casos p e r te n e c e n to d avía a la
c a te g o ría a n t e r io r ; q u ie n re s p o n d e « s í » está en re a lid a d
c o n tra d ic ie n d o , a sab er: la esp eran za d el q u e p reg u n ta . M e
re fie ro ah o ra a los casos en q u e la a p ro b a c ió n de a firm a c io ­
n es to ta lm e n te s in c e ra s es p r u e b a de lim it a c ió n y fa lta de
b u e n o s m o d a les. S i a lg u ie n cu en ta q u e en su ú ltim a cacería
n o só lo atravesó de u n t ir o al c o rz o al q u e a p u n ta b a , sin o
q u e m ató ta m b ié n a u n a n im a l q u e estaba tras éste y al q ue
n o h abía visto, le en fad a ría m ás si yo d ijera « e n to d o caso, es
algo q u e p u e d e p a s a r » q u e si m o viese la cabeza e n señ al de
d u d a . E sto ú ltim o só lo m o s tr a r ía q u e a m í n u n c a m e ha
pasado algo así, acrecen tan d o p o r ello lo in só lito del caso. A l
re sp o n d e r de aquel m o d o , hago co m o si quedase in d e te rm i­
n ad o si el o tro n o estará co n ta n d o algo im p o sib le hasta que
y o n o dé carta legal a la p o sib ilid a d d el caso, co m o si su h is ­
to ria de u n a cac ería in só lita só lo p u d ie ra ser efectivam en te
co n sid era d a tal m ed ian te m i c e rtific a d o . L o p e o r de tod o es
c u a n d o el q u e así c e r tific a , c o m o o c u r r e ta n a m e n u d o ,
tien e ad em ás la p a sió n g e n e ralizad o ra antes m e n c io n ad a. S i
u n o de estos sa b e lo to d o está sen ta d o cerca , ¡ya p u e d e u n o
n a r ra r la m ás bella de las aventuras ja m á s vivid a, el e p iso d io
m ás in te re sa n te de u n in s ó lito viaje p o r las m o n tañ as! P r i ­
m ero aclarará que p ro b a b le m e n te tod o pasó com o lo n a r r a ­
m os, co n lo que se n os estará d ic ie n d o c o n u n a m irad a c o n ­
d escen d ien te que n u estra h isto ria p erte n e c e desde en ton ces
a las d ig n as de c ré d ito . D esp u é s ju s t ific a r á este ju ic io d e c i­
sivo: « E n las m on tañ as se su elen e x p e rim en tar todos los días
cosas de lo m ás in s ó lit a s » . Y la p e rso n a en cu estió n todavía
se s o rp re n d e rá de que n o le d em o s las gracias p o r h a b e rn o s
a rro ja d o a este « s e » c o m ú n en el que n ad ie es ya n ad a esp e­
cial y p o r h a b e r in se rta d o n u estra aven tu ra m ás p reciad a en
SO BRE LA ESTUPIDEZ 99

a q u e llo q u e o c u r r e to d o s lo s d ías, en lo c o tid ia n o . P e ro ,


¿ a d o n d e he id o a p a r a r ? Y ¿ d ó n d e se h a q u ed ad o m i lin d o
m u c h ach o ? H asta ah o ra sólo m e ha con testado a la p regu n ta
de p o r qué su m ad re le llam ó to n to y qué es la estupidez; sin
e m b a rg o , q u ie r o fo r m u la r le a ú n o tra q u e m e p re o c u p a .
¡V ayam os r á p id o tras él! A ú n n o h a b rá lle g a d o a P rie g n itz
desde que lo d ejam o s; creo que lo en co n trarem o s a este lado
de Ñ au en .

P o r desgracia, n o es p o sib le n eg a r que la m ad re ten ía m o ti­


vos p ara lla m a r to n to a su m u ch ach o . P ero , en to n ces, ¿ p o r
q u é le d io u n b e so ? L a respuesta está en que le llam ó « t o n ­
t it o » y n o , p o r e je m p lo , « t o n t o b a r b u d o » . P u es lo que
h u b ie ra o fe n d id o y en fad ad o a la m ad re de h ab erlo dicho u n
h ijo co n b arb a, la p u ed e d eleitar al tratarse del p e q u e ñ o , del
n iñ o . Esta edad —que utiliza n o rm a lm e n te tod o aq u ello de lo
que se a p ro p ia , ya se trate de alim en to d el cu erp o o d el e sp í­
ritu , sólo p ara su p r o p io p ro v ec h o , p ara crecer y n o todavía
p ara re p ro d u c irse , es d ecir, p ara acrecen tarse y favorecerse a
sí m ism a, n o todavía a la h u m a n id a d — tien e el p riv ileg io del
e g o ísm o ; p o r eso d e b e ría in d ig n a r n o s e n el ad u lto lo que
n os p arece en can tad o r en el n iñ o : que el nuevo traje n eg ro y
lo s pasteles h agan d el e n tie rro de su m ad re u n día de fiesta.
E ste p riv ile g io se e x tie n d e ta m b ié n al eg o ísm o in te le c tu a l
(id io tism o ) que hace d el p r o p io yo el ú n ic o p u n to de m ira ;
p o r eso le está p e rm itid o al n iñ o ser estú p id o, ru d o y m a le ­
d u c a d o . N a d ie v io la este p r iv ile g io ; n o lo hace el re fr á n de
q u e lo s n iñ o s in te lig e n te s m u e re n p re m a tu ra m e n te , n i lo s
u so s lin g ü ís tic o s , q u e h a n h e c h o d e « l i s t i l l o » y « s a b i­
h o n d o » p alabras re p ren so ras, n i la m ad re sensata que du da
IO O JOHANN ED. ERDMANN

de si n o d e b e rá m a n d a r a Ju a n it o al m é d ic o p o rq u e h o y se
c o m p o rta c o n m u c h a e d u c a c ió n . T o d o s n o so tro s n acem o s
estú p id o s y ru d o s, sólo la vid a n os sazona y p u le , sien d o ella
q u ie n ejerce en realid ad el p ap el que la fábu la atribuye in ju s ­
tam ente a las m adres oso. P ero , com o ese p roceso se d e sa rro ­
lla sólo grad ualm en te, q u ed an en cada u n o de n osotros más o
m en os partes sin p u lir, restos de esa estupidez o rig in a ria que
d u ra hasta q u e c o m e te m o s la m a y o r de ellas: c o n s id e ra r
inaceptables todas las otras. C o m o la sim pleza es en la in fa n ­
cia el estado n atu ral, co n el fin de que desaparezca toda a p a­
rie n c ia de c rític a , se la a c o stu m b ra a lla m a r in g e n u id a d , si
b ie n to d o el m u n d o sabe q u e se trata de lo m ism o , p u es
cu an d o u n ad u lto se m u estra sim p le o hace estup ideces se le
llam a in g e n u o eu fe m ísticam e n te. P uesto que la edad in m a ­
d u ra d iscu lp a la estup id ez, lo q u e la m ad re h izo al a ñ a d ir el
d im in u tiv o fu e aten u ar su ju ic io . A l a in versa, de ap licarlo a
u n ad u lto , este añ ad id o h a ría m ás fu erte el re p ro c h e , p u es le
agregaría el de la in m ad u rez. E n m i ju v e n tu d creíam os ten er
q u e lim p ia r c o n san gre esa p alab ra que en b o ca de la m ad re
serv ía de lis o n ja a p a c ig u a d o ra . A fo r t u n a d a m e n t e , n o he
te n id o que ser á rb itro en tre aq u ella g e n e ra c ió n a la que h oy
se le a trib u y e h a b e r sid o d e m a sia d o d e lic a d a re sp e c to al
« c o n c e p to r o m á n tic o d el h o n o r » y aq u ellas q u e p r e fie r e n
to m a r c o m o divisa el dictum d el p o e ta : « T a m b ié n el m a m e ­
lu c o e x h ib e v a le n tía , p e r o la p ie l san a es el o r n a m e n to d el
h é r o e » 2. S in e m b a rg o , hay algo de lo q u e estoy se g u ro :
ten íam o s d erech o a c o n sid e ra r el p red icad o d e la estupidez,
re fo r z a d o o n o c o n la a ñ a d id u r a d el de la ju v e n t u d , c o m o

2 Se trata de una modificación de dos versos de Schiller pertenecientes al


poema Der Kampfmit dem Drachen («La lucha con el dragón»), que dicen ori­
ginariamente: «También el mameluco exhibe valentía / pero la obediencia
es el ornam ento del cristiano». [N. del T.]
SO BR E LA ESTUPIDEZ IOI

u n grave in s u lto , p u es ya n o éra m o s n iñ o s y, d el m ism o


m o d o que el ser p u e ril, la estupidez es u n v icio en el ad u lto,
y n ad ie debe p e r m itir que le cargu en c o n u n vicio.
Esta a firm a c ió n es re p re n d id a con acritud p o r aquellos que,
cu a n d o a a lg u ie n le e x asp era la estu p id ez de u n a p e rs o n a ,
siem p re salen c o n que la p o b re n o p u ed e h acer n ad a al re s ­
p ecto , que la estu p id ez es u n in fo r tu n io c o m o ser ciego de
n a c im ie n to o tu e r to . E sta a le g a c ió n , de la q u e se se g u iría ,
p o r cierto , que u n o tam p oco p o d ría en fad arse de su p ro p ia
estu p id ez , n o es só lo ile g ítim a , sin o q ue adem ás se basa en
u n a co n cep ció n a la que le devolvem os red o blad o el rep ro ch e
de dureza: ella es cruel, pues hace de la estupidez algo in c u ra ­
b le , m ie n tra s q u e, segú n n u e stra c o n c e p c ió n , p u e d e ser
e n m e n d a d a c o m o to d o v ic io . ¿ C ó m o o c u rre tal c o sa ? E l
n iñ o , al ser sólo u n o , u n ser ú n ic o con ceb id o p ara su p ro p io
p ro v e c h o , p o d ía , o m e jo r , te n ía q u e c o n s id e ra rlo to d o de
m o d o sim p le , es d e c ir, a p a r tir de u n ú n ic o p u n to . P ero él
n o p erm an ece sien d o ese U n o : el n acim ien to de h erm an o s le
co n vierte en el h e rm a n o m ayo r; el in greso en el co leg io , en
alu m n o de p r im e r cu rso . T al vez lleg u e m ed ian te su a p lic a ­
c ió n a ser el p r im e r o de la clase, m ien tra s que su to rp eza le
h aga o c u p a r e l ú ltim o lu g a r e n las clases de b a ile . E n u n
breve in stan te le está dada u n a m u ltitu d de p u n to s de m ira a
p a r t ir de lo s cu ales p u e d e c o n s id e r a r el m u n d o de a r r ib a
abajo (en la clase) y de abajo a rrib a (en las clases de b a ile). E l
jo v e n será tan in te lig e n te com o estos p u n to s de m ira se d is­
tin g an en tre sí o, m e jo r, co m o él sea capaz de d istin g u irlo s3.
L o m ism o vale p ara el ad u lto . C o n cada n uevo círcu lo que se

3 Erdm ann realiza aquí un juego de palabras intraducibie a partir de gescheidt


(inteligente) j scheiden (separar, diferenciar). Nosotros podríamos hacer el
juego entre «distinguir» y «distinguido», pero creemos más adecuado
m antener para gescheidt el térm ino «inteligente». [N. del T.]
102 JOHANN ED. ERDMANN

a p ro p ia se hace m ás c o m p le jo : al artesan o se le añade el c iu ­


d ad an o , a am b os el m a rid o , p a d re , co n c eja l, q u é sé y o ... S i
d istin gue los d istin tos p u n to s de vista que esto p o n e a su d is­
p o s ic ió n , en to n c e s d eja de ju z g a r de m o d o sim p le ; p e ro si
lo s c o n fu n d e en aq u e l p u n to en q u e to d o s ello s c o n flu y e n ,
en el p ro p io yo, y p e rm ite que, en lu g a r d el ciu d ad an o o del
p ad re, d ecid a siem p re este m ism o y m e ro yo , en ton ces n o es
in te lig e n te 4. E l c a rn ic e ro q u e estafa al ric o p ara p o d e r d arle
m ás de lo le g a l al p o b r e tal vez se v a n a g lo rie in c lu so de ser
tan s im p le ; el m ie m b r o d el ju r a d o q u e d ic e « in o c e n t e »
p o rq u e las leyes p en a le s so n tan estrictas o el p r o fe s o r q u e,
in v ita d o a u n a re c e p c ió n , cree te n e r q u e so lta r u n a c o n fe ­
re n c ia n o so n in te lig e n te s, p u es n o sab en d is tin g u ir. P e ro ,
¿ q u é es lo q u e lleva a u n o a d is tin g u ir y ser in te lig e n te y al
o tro a c o n fu n d ir y ser e stú p id o ? E sto n os co n d u ce al v e rd a ­
d e ro b a lu a rte de la e stu p id e z , tras el cu al ésta, se g ú n la
am arga y v e rd a d era sen ten cia de T alb o t, resiste in clu so a los
dioses.
G o m o el a b su rd o c o n stitu y e u n lím ite in c lu s o p a ra el
p o d e r d iv in o , hay algo a lo q u e la o m n ip o t e n c ia ta m p o c o
p u e d e im p o n e r s e , a sa b e r: la v o lu n ta d , p u es u n a v o lu n ta d
fo rz a d a s e ría u n q u e r e r s in q u e r e r . S i la estu p id ez fu e ra ,
p u es, v o lu n ta d p r o p ia , e n to n c e s estaría ta m b ié n c la ro q ue
ella es in v e n c ib le in c lu so p a ra lo s d io ses y p o r q u é lo es. E l
m ism o h ech o de que to d o el m u n d o diga lo c o n tra rio h abla
a fav o r de ello , p ues, co m o es sab id o , lo que tod o el m u n d o
dice casi n u n c a es verd ad . Y lo hace in d u d a b le la exp e rien cia
q u e n o s g rita , en vo ces tan altas q u e casi basta lo s so rd o s
p u e d e n o írla s, q ue al estú p id o b ie n le g u sta ría ser considerado

4 Un nuevo juego de palabras entre entscheiden y gescheidt. Entscheiden (decidir)


puede entenderse literalm ente como «dejar de distinguir» y, por tanto,
no ser inteligente (gescheidt). [N. delT.]
SOBRE LA ESTUPIDEZ 103

in te lig e n te, p ero q u e q u iere ser estú p id o. H ágase u n a vez el


in te n to de in stru ir a u n h o m b re lim itad o. M ien tras que esto
só lo sig n ifiq u e c o m u n ic a rle u n n u evo c o n o c im ie n to , n o
p o n d rá in co n ven ien te, in clu so le p arecerá m u y b ie n q u e se
c o lo q u e u n n uevo u te n s ilio en aq u e l saló n cu yo in t e r io r
espía. P ero tan p ro n to com o se trate de no m ira r sólo a tra ­
vés de su agujero, sin o de p o n erse ante un a ven tan a o quizá
in clu so de pasar p o r u n a p u erta abierta, d irá: « ¡D e aq u í no
m e m u e v o !» . ¿ Q u ié n n o se ha to p ad o ya alg u n a vez co n
alg u n o de esos q u e h a b ía d e c id id o a p o d íc tic a m e n te so b re
u n a cuestión de p o lítica o de in te rp retació n de las leyes p o r
estar la cosa más clara que el sol, p ero que, al h acérsele u n a
o b je ció n , la rechaza d icien d o que le dejen en paz, que n o es
estadista o ju ris ta y n o e n tien d e n ada del a su n to ? G u a n d o
vivim os algo así p o r vez p rim e ra , acostum bram os a s o rp re n ­
d e rn o s de que a lg u ie n q u e re c o n o c e no sab er n ad a de u n
asu n to ju z g u e , sin e m b a rg o , co n tan ta lig e re z a de m o d o
c o n d e n a to rio . N o d eb eríam o s so rp re n d e rn o s. G o m o ta m ­
p o c o de que rech ace ser llevad o a u n a m e jo r c o m p re n s ió n .
N o ju z g a tan p e re n to r ia m e n te a p e sa r de su falta de c o m ­
p re n sió n , sino d eb id o a ella. Q u ie n en tien d e algo, es d ecir,
q u ie n lo ha p o n d e ra d o en tod os sus aspectos, n o se atreve a
p r o fe r ir u n ju ic io com o irrefu tab le hasta m uy tarde. N in g ú n
m atem ático cree h o y en la cu a d ra tu ra del c írc u lo , p e r o el
cauteloso reco n o ce que algo falla todavía en las d em o stracio ­
nes de su im p o sib ilid a d . E l lim itad o san cion a algo así y p ara
n o te n e r q ue c a m b ia r lo s o rg u llo so s ju ic io s c a te g ó ric o s y
ap od ícticos p o r los m odestos ju ic io s hip otéticos y p ro b le m á ­
tico s, p a ra n o te n e r q u e re n u n c ia r al arg u m en to p re fe rid o
de tod a p e rso n a lim itad a , a lo « m á s claro que el s o l» , huye
de la co m p re n sió n , q u iere p e rm an ece r sim ple y p erm an ece
sim p le. S i q u isiera ser de o tro m od o , sería de o tro m o d o . S i
to m a ra la r e s o lu c ió n de c o n s id e ra r exactam en te la fo r m a
io 4 JOHANN EO. ERDMANN

hasta en to n ces sim p le en q u e ju z g a b a , e h ic ie ra , p o r tan to ,


o b je to de ella, se h a b ría d u p licad o m ed ia n te esta re so lu c ió n
y h a b ría d e ja d o , c o n e llo , de ser sim p le . L o s dos p u n to s de
vista q ue te n d r ía a h o ra le d a ría n ya, e n vez d el m e ro p u n to
c e n tra l de an tes, u n r a d io , es d e c ir , u n círculo v isu a l; d ich o
b rev e m e n te , sería o tr o . L a a fir m a c ió n de q ue n o s lib ra m o s
de n u e stra sim p leza al h a c e rn o s c o n scien tes de ella d evien e
casi u n a triv ia lid a d si, e n lu g a r de sim p leza, d ec im o s in g e ­
n u id a d , pues to d o el m u n d o sabe q u e u n a in g e n u id a d c o n s­
cien te es im p o s ib le , p o r el m ism o m o tiv o q u e n o se p u e d e
v e r u n a h a b ita c ió n o s c u ra c o n la lu z e n c e n d id a . P o r eso
Sócrates c ifra su sab id u ría en el c o n o c im ie n to de sí m ism o y
en el c o n o c im ie n to de q u e él n o sabe n a d a . E n t r e este n o
sab er d e l m ás sab io de lo s a te n ie n se s y el sa b e rlo to d o de
algu n o s e ru d ito s teb an o s se e n c u e n tra n lo s in fin ito s p e ld a ­
ñ o s de lo s m ás o m e n o s in te lig e n te s q u e r e c o n o c ie r o n lo
p o c o q u e sa b ía n . P e ro n i s iq u ie r a se p u e d e esca lar al m ás
b a jo de esos p e ld a ñ o s sin la r e s o lu c ió n de h a c e r fre n te a la
p r o p ia estu p id e z , c o n siste n te e n m e d ir lo to d o a p a r t ir de
u n o m is m o . S i c o n te m p la r el p r o p io se m b la n te in t e r io r
fu e r a tan fá c il c o m o c o n te m p la r el se m b la n te c o r p o r a l en
cu a lq u ie r esp ejo , en to n ces, d el m ism o m o d o que hay p ocos
que n o sep an c o n bastan te exactitu d qué aspecto p resen ta n ,
tam b ién la m ayo ría de p erso n as c o n o c e ría su in te r io r . P ero
el g ra n n ú m e r o d e a q u e llo s q u e n a d a c r itic a n ta n to y c o n
m ay o r rig o r co m o lo s defectos de los que ellos m ism os a d o ­
lecen p ru e b a q ue es n ecesa rio p a ra tal cosa algo m ás q u e u n
p e q u e ñ o e sp e jo de m a n o . L a d ific u lta d ra d ic a en q ue u n o
m ism o tien e que ser esp e jo ; en q u e es n ecesaria, p o r tan to ,
u n a d u p lic a c ió n de sí m ism o , u n salir de sí m ism o , al que se
p o d ría lla m a r u n in te lectu a l salirse de sus casillas en el q ue,
al d e p e n d e r sólo de la p ro p ia v o lu n tad , n ad ie p u ed e ayu d ar­
n o s y q u e p o r tan to cad a u n o d eb e lle v a r a cab o c o m p le ta -
SO BRE LA ESTUPID EZ 105

m en te so lo . N o es só lo que n a d ie p u e d a h a c e rn o s m ás fá cil
d ich a re so lu c ió n , sin o q u e tam p o co p u ed e ap o y arn o s en su
rea liz ació n ; in c lu so n o so tro s m ism o s la d ificu lta m o s, tan to
m ás cu an to m ás tie m p o la v am o s a p la z a n d o . C o m o to d o ,
tam b ién el n o q u e re r d evien e h á b ito , y la exp e rien cia de que
m uchas p erso n as se vu elven m ás estúpidas cu an to m ás viejas
so n se explica p o r q u e , cu an to m ás tiem p o se h a p u esto u n o
co m o c rite rio p a ra to d o , m ás d ifíc il es d e ja r de h a c e rlo . D e
m o d o que, sin d a rle la razó n a los que h acen de la estupidez
u n a en fe rm e d a d de la que u n o n o tien e la cu lp a, tam b ién yo
p o d r ía h a b la r de u n a estu p id ez in c u r a b le , p e r o só lo e n el
sen tid o en q u e tam b ién algu n o s vicio s se vu elven in cu ra b le s
cu an d o u n o d esap ren d e a querer en m e n d a rlo s.
Q u e la e stu p id ez es u n v ic io y es m ala v o lu n ta d ex p lica
ta m b ié n y ju s t ific a p o r q u é n o s e n fa d a m o s c o n e lla . S in
e m b a rg o , tan to m ás in e x p lic a b le e ir r e s p o n s a b le p a re ce
a h o ra q u e n o s d e le ite . T o d o el m u n d o c o n c e d e rá q u e la
estup id ez n o s h a re g o c ija d o n o só lo en el teatro , sin o ta m ­
b ié n en la v id a y n o s ó lo s ie n d o n iñ o s in m a d u r o s , sin o
ta m b ié n a d u lto s, y q u e e x p e r im e n ta r ía m o s m u c h a m e n o s
d iversión si n o existiera. E n to n ces, si es u n vicio lo que tanto
n o s re g o c ija , p a re c e q u e cae m o s p e lig r o s a m e n te cerca d el
m e fis to fè lic o « e s q u e m i p la c e r e n eso h a llo » 5. C ie r t a ­
m en te, n u estro reg o cijo en la co n te m p la c ió n de la estupidez
tie n e m u ch o de m e fis to fè lic o ; p a ra em p ezar, está la aleg ría
p o r el m al aje n o —q u e n o sólo p ad ec en los chicos de la calle
q u e se m o fa n d e c u a lq u ie r d e fe c to fís ic o , sin o ta m b ié n el
h o m b re d e m u n d o c u a n d o c o n fie s a q u e in c lu so e n la d e s­
g ra cia d el m e jo r am ig o h ay algo q u e n o n o s d esa g rad a— y,
ad em ás, el o rg u llo de estar p o r e n c im a de tal s im p lic id a d y

5 Gfr. Goethe, Fausto, prim era parte, escena en el jardín de Marta, verso
final. [N. del T.]
io 6 JOHANN ED. ERDMANN

q u ié n sabe qué o tro s m alicio so s im p u lso s. P ero ese re g o cijo


n o m an a só lo de fu en tes tan im p u ras. L a sim pleza fu e n u e s­
tro estado p rim itiv o , d el que algunas circu n stan cias tu viero n
q u e a y u d a rn o s a s a lir y a p a r t ir d e l cu al n o s o tr o s m ism o s
tu vim o s q u e e s c u lp ir n o s . P o r eso , c u a n d o tro p e z a m o s c o n
ella, lo q u e o ím o s so n so n id o s de la an tigu a p atria, que n os
ag ra d a n c o m o el d ia le cto p a trio la rg a m e n te n o escu ch ad o .
T e n e m o s de n u e v o an te n o s o tr o s el tie m p o e n q u e n o s
estaba p e r m itid o se r e s tú p id o s , e n q u e q u izá , c o m o m i
p e q u e ñ o d e K y r itz , in c lu so re c ib ía m o s u n cu rso al q u e n o
aco stu m b ra a in s c r ib ir n o s n u estro p o s te rio r v o lv ern o s se n ­
satos; y n o só lo recib e u n o tales regalos de la p ro p ia m ad re,
c o m o a q u é l, s in o d e la m a d re de to d o s lo s n iñ o s , de F o r ­
tun a, cuya p re d ile c c ió n p o r los estúp id os es p ro v e rb ia l. Y no
lo es sin ra z ó n , p u es resu lta b ie n c o n o c id o q u e el estú p id o
actúa de m a n e ra n ad a circu n sp ecta —ya q ue, com o el so n á m ­
b u lo so b re el teja d o o B lo n d e l6 e n su c u e rd a , n o m ira a su
a lr e d e d o r — y, sin e m b a rg o , lo g r a a m e n u d o su m eta; d el
m ism o m o d o que los estú p id os, al igu al q u e los n iñ o s, n o se
le sio n a n n i siq u ie ra cu an d o se d an de n arices, m ien tras que
algunas p erso n as sensatas se las ro m p e n au n cu an d o caen de
esp ald as. ¡ Y e n esa A r c a d ia n a c im o s ta m b ié n n o s o tro s !
¿ C ó m o , a p esar de tod a la n ostalgia en trem ezclad a, n o ib a a
d e le ita rn o s te n e r n o tic ia de e lla ? A esto hay que su m a r que
n u estro v o lvern o s sensatos fu e u n p ro c eso grad u al, de m od o
que en tod os n o so tro s se e n c u e n tra n restos de lo co n tra rio .
U n a parte de la estupidez que ap reciam o s actúa so b re dichos
restos exactam en te de la m ism a m a n e ra e n q u e u n a cu e rd a

6 Erdm ann se refiere aquí, con toda evidencia, a Charles Blondín (1824-
1897), acróbata y funambulista francés que alcanzó fama mundial al cruzar
por un cable de 335 metros las cataratas del Niágara en 1859. Más tarde repi­
tió el número con variantes, como llevar los ojos vendados, cargar a un hom ­
bre a su espalda o llevar a su empresario subido en una carretilla. [N. del T.]
SO BRE LA ESTUPIDEZ 107

que se hace v ib ra r actúa sob re la cu erd a del m ism o to n o . E n


esto p o d r ía e n c o n tr a r s e el m o tiv o , p o r lo m e n o s c o n f r e ­
cu en cia, de p o r q u é cu an d o se n a r r a n to d o tip o de e s tu p i­
d eces, sea ju s ta m e n te ésta o a q u é lla la q u e n o s d e le ita m ás
que las otras y n o s v ien e a la cabeza u n a y o tra vez: sen tim o s
q u e algo así p o d r ía h a b e rn o s p asad o de n iñ o s ta m b ié n a
n o so tro s; el q u e es verd a d eram e n te sin c e ro co n fiesa, tal vez
ru b o riz á n d o se , que algo así p o d ría p asarle todavía h oy en u n
m o m e n to de flaqu eza.
S in em b argo , hay tam b ién u n d eleite en la estupidez
en el que n o se m ezclan n i el v en en o de la altivez y la alegría
p o r el m al ajen o n i la am argu ra d el re cu erd o n ostálgico o la
verg ü en za y q u e, p o r lo tan to , es p u r o gozo a to d o s lo s re s ­
p ectos. C o n siste en la sen sació n de estar sacand o p ro vech o ,
de vo lverse u n o m ás in te lig e n te gracias a la c o n te m p la c ió n
de la estu p id e z . S i esta n u ev a fig u r a —q u e sería, p u e s, m u y
p a re c id a a lo q u e o c u r r e c u a n d o , al a ce rcarse u n c u e rp o
e lé c tric a m e n te n egativo a o tr o , c o n v ie rte a este ú ltim o en
eléctricam en te p o sitivo — p u d ie ra explicarse tam b ién a p a rtir
de n u e stra d e fin ic ió n , te n d ría m o s , e v id e n te m e n te , u n a
n ueva p ru e b a de su exactitu d. L lam áb am o s lim itad o o estú ­
p id o a aq u el cuyo c o sm o ram a o a g u jero de la c e rra d u ra p o r
el q ue m ira el m u n d o , o su h o riz o n te , tie n e n u n d iá m e tro
c e ro , d e m a n e ra q u e las cosas n o e n tra n en su círculo visu al,
sin o q u e só lo se su b su m e n b a jo el ú n ic o punto de vista d el
p ro p io yo. H ay u n a cosa q ue, c o n tod a certeza, n o se p o d rá
n e g a r al re sp e c to de d ic h o p u n t o : q u e só lo existe u n a vez;
to d o s lo s d em ás p u n to s de vista e n q u e a lg u ie n se co lo ca
p u e d e n ser a d o p ta d o s a sim ism o p o r o tro s , m ie n tra s que
a q u é l es d el to d o p e c u lia rm e n te su yo . E sto n o só lo exp lica
p o r q u é las p alab ra s « p e c u lia r » o « s in g u la r » e ra n exacta­
m en te tan m al vistas com o « e s t ú p id o » en tre los jó v en es sus­
c e p tib le s e n m i é p o c a de e stu d ia n te , s in o p o r q u é se dice
io 8 JOHANN ED. ERDMANN

sie m p re q u e u n h o m b re sim p le es a lg u ie n o r ig in a l. J u s t a ­
m en te p o rq u e lo es p u ed e u n a p e rso n a esp ecialm en te estú ­
p id a p o se e r u n a g ra n fu erza de atracc ió n p ara el ob servad o r
ag u d o , y hay h o m b re s in te lig e n te s e in clu so in g e n io so s que
se c o m p la c e n e n el trato c o n d ich as p e rso n a s o rig in a le s, es
d e c ir, c o n los estú p id o s y toscos. L as m u jere s, co m o e n e m i­
gas d eclarad as de la to sq u ed a d , n o lo e n tie n d e n y a co stu m ­
b ra n —in clu so las m ism as q ue se h a n casado c o n u n h o m b re
e s tú p id o — a a c u sa r a lo s h o m b re s de b u s c a r ese tra to só lo
p ara h acerse co n scien tes de su p ro p ia su p e rio rid a d in te le c ­
tual. N o se n egará q u e esto es así en realid ad , com o tam p oco
que algu n os de los que c e d ie ro n a esa in c lin a c ió n se h u n d ie ­
r o n p o r e llo . S in e m b a rg o , n o d eb e o lv id a rse q u e es u n
im p u lso m u ch o m e jo r el que con d u ce a o tro s hacia ese in te ­
rés, a sab er, el p la c e r p o r to d o lo in d iv id u a l, q u e es e n el
h o m b re u n d é b il r e fle jo d el p la c e r p o r to d o ser c o n q u e el
am ab le so l b r illa so b re lo s b u e n o s y lo s m alo s. D o n d e se ha
d ad o este gozo p o r lo in d iv id u a l —q u e llevó a b u sc a r lo m ás
in d iv id u a l de to d o , el in d iv id u a lis m o e n sí m ism o , q u e se
h alla m ás cerca d el id io tism o , o eg o ísm o in te lectu a l, q u e de
u n sim p le h o m ó n im o — p u e d e n re su lta r de su estu d io a fe c ­
tuoso y, p o r ello , p r o fu n d o ob ras m aestras, co m o el id eal de
la lim it a c ió n de D ic k e n s, la m a d re N ic k le b y , y el le c to r
p u e d e lo g r a r r e fle x io n a r so b re este p e rs o n a je in m o r ta l sin
im p u lso m alicio so alg u n o . E se gozo p o r la in d iv id u a lid a d ha
llevado a a lg u n o s q u e n o so n p oetas n i están , p o r ta n to , en
c o n d ic io n e s de c re a r tales m a g n ífic o s e je m p la re s, sin o q ue
d eb en b u scárselo s p o r ah í, a en ta b la r co n v ersa cio n es in te r ­
m in ab les c o n u n a cabeza de p o llo , que n o alb erga e n sí m ás
id eas q u e a q u e lla h o n o r a b le s e ñ o ra , só lo p a ra in te n ta r
m eterse en su p iel. L o que u n o gana al lo gra rlo n o es u n m ero
p la c er, sin o u n a p ro vech o sa fo rm a c ió n , u n a a m p lia c ió n del
h o rizo n te visual. P ara lo g ra rla , todos aco n sejan tratar co n las
SO BRE LA ESTUPIDEZ 10 9

m ás d istintas p erso n as, viajar y q u ién sabe cuántas cosas m ás,


p ero sólo co n el fin de que p rim e ro se conozcan otros p un tos
de vista y d esp u és se ap re n d a a a p lic a rlo s. L o q ue garan tiza
m ás g a n a n c ia es, n a tu ra lm e n te , el co n tacto c o n q u ie n e s
p o s e e n u n g ra n n ú m e ro de p u n to s de vista hasta e n to n c e s
d e s c o n o c id o s p a ra n o s o tro s y so n , p o r e llo , m u c h o m ás
in teligen tes q u e n o so tro s m ism os. S in em b argo , tras ellos, y
m u ch o m ás que lo s casos in te rm e d io s, v ie n e n aq u ello s q ue,
si b ie n so stie n e n ta n sólo u n o s p o c o s o u n ú n ic o p u n to de
vista, se trata de u n o que n ad ie h ab ía ad op tad o hasta e n to n ­
ces, es d e c ir, las p erso n as o rig in a le s. In clu so p u ed e o c u r r ir
que q u ie n sólo se alim en ta de u n a ú n ic a id ea n os resulte más
p ro vech o so q u e el m u y in te lig e n te, p u es, p a ra que n u estros
p en sam ien to s se u n ie ra n fo rm a n d o u n a cad ena, n o s faltaba
ju sta m e n te u n p u n to de vista q u e este ú ltim o n u n ca h u b ie ra
ad op tad o. P erm íta n m e re m e m o ra r c o n ag rad ecim ien to algo
que yo m ism o exp erim en té hace m u ch os, m uch os añ os. S i al
h acerlo p o n g o u n p o co en evid en cia a u n a b ie n h e c h o ra , m e
co n su ela que ésta fu e ra tan gu apa que n o p u ed e p e rju d ic a rle
en m o d o algu n o . E stan d o en u n a recep ció n , h ab lan d o sobre
d os h e rm a n o s , a lg u ie n d ijo q u e éstos e ra n e x tr a o r d in a r ia ­
m e n te id é n tic o s . « S í » , d ijo u n a jo v e n c ita , « p e r o so b re
to d o el m ás m a y o r » . E sta o b se rv a c ió n , e n to d o caso s o r ­
p ren d en te , m e h a dado m uch o que p en sar. A l p rin c ip io sólo
d e d u je de e llo q u e la jo v e n se h a b ría fija d o m u ch o m ás a
m en u d o y m ás exactam ente en el h erm an o m ayor, algo en lo
q u e n o ib a e r r a d o . S in em b a rg o , se v o lv ió m u y im p o rta n te
p a ra m í ta m b ié n en o tro resp ecto . M e m o stró lo estú p id as
que p u e d e n ser —que n ad ie tem a p o r m i parte u n c rim e n de
lesa m ajestad c o n tra el b e llo sexo: sólo q u ería d ec ir lo estú ­
p id a s q u e p u e d e n ser— in c lu so las reglas g e n e ra le s q u e n o s
v e n d e n com o axiom as lógico s o m atem áticos. Y a cu an d o era
u n m u c h a c h o m e escam aba, p e r o m e lo r e p it ie r o n tan to
no JOHANN ED. ERDMANN

tiem p o q ue al fin a l d ejé que m e h icieran creer que cada cosa


es id én tica a sí m ism a. A h o r a m e percataba de que, si la id e n ­
tid ad y la d u alid ad so n in co m p atib le s, aquella lin d a p e rso n a
ten ía toda la razón cu an do se fijaba sólo en el h erm an o m ayor
e ig n o ra b a al m e n o r . A ella, p u es, debo ag rad ecer sab er hoy
algo que hasta en to n ces sólo h ab ía in tu id o : que cada cosa es
u n a co n sigo m ism a, p e ro n o es id én tica a sí m ism a. H e aq uí
u n o de lo s m u ch o s e jem p lo s que cada cual p u ed e ex tra er de
su p ro p ia e x p e rie n c ia . E llo s m u e stra n que casi n ad a am p lía
tan to el h o riz o n te visu a l co m o m ir a r a veces d e n tro de u n o
verd ad eram en te estrecho y que n ada contribuye tanto a n u e s­
tra ilu stra ció n com o v er o escuchar verdaderas estupideces de
vez en cu an d o.
¿ A c a s o n o h a b rá sid o ésa la in te n c ió n de la a s o c ia c ió n
c ie n tífic a al p e r m itir m e d iv u lg a r a q u í las m ías p o r en ésim a
vez?
INDICE

Prólogo.- Dejarse de tonterías es una estupidez 5


F é l ix D uque

Introducción.- La estupidez transcendental 19


R o lan d B reeur

Sobre la estupidez 51
R o bert M u s il

Sobre la estupidez 85
JO H A N N E D U A R D E r DM ANN

You might also like