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INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DA SAÚDE DO PORTO

Caso Clínico:
Anemia Ferropénica

Sérgio José Pinto Teixeira


Nº 10120508

Curso: Análises Clínicas e Saúde Pública


Unidade Curricular: Educação Clínica II
Ano: 3º
Valência de Estágio: Colheitas de Amostras Biológicas
Ano Letivo: 2014/2015

Vila Nova de Gaia

Setembro, 2014
ÍNDICE GERAL

1. Objetivos e Metas.........................................................................................................1

2. Escolha do Caso Clínico.............................................................................................. 1

3. Descrição do Caso Clínico...........................................................................................1

4. Contextualização do Caso Clínico..............................................................................2

4.1. Anemia .................................................................................................................2

4.2. Anemia Ferrpénica.............................................................................................. 3

4.3. Metabolismo e Tratamento do Ferro................................................................4

4.4. Colheitas de Sangue.............................................................................................8

4.5. Parâmetros de Hematologia............................................................................ 15

4.6. Parâmetros de Bioquímica................................................................................17

4.6.1. Ferro Sérico..............................................................................................17

4.6.2. Capacidade Fixação Total Ferro............................................................18

4.6.3. Ferritina....................................................................................................18

4.7. Discussão do Caso..............................................................................................20

5. Colheita de Dados...................................................................................................... 21

5.1. Estratégias e Meios Utilizados........................................................................... 21

5.2. Bibliografia Encontrada.....................................................................................22

5.3. Bibliografia Utilizada......................................................................................... 23

6. Autoavaliação.............................................................................................................24

Sérgio José Pinto Teixeira / 10120508 I


ÍNDICE DE IMAGENS

Figura 1. Ciclo do Ferro..................................................................................................4

Figura 2. Regulação da Absorção do Ferro................................................................. 6

Figura 3. Metabolismo e Homeostase do Ferro............................................................ 7

Figura 4. Reações de um Paciente..................................................................................9

Figura 5. Cumprimentar um Paciente...........................................................................9

Figura 6. Veias do Braço...............................................................................................10

Figura 7. Local Alternativo para a Punção Venosa................................................... 11

Figura 8. Local do Local da Punção............................................................................ 12

Figura 9. Sistema "Buterfly"........................................................................................12

Figura 10. Contentores para Perfurocortantes...........................................................14

Figura 11. Homogeneização da Amostra.....................................................................14

Figura 12. Conservação Especial das Amostras......................................................... 14

II

Sérgio José Pinto Teixeira / 10120508


ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Valores de Referência RBC, Hgb e Htc por Sexo e Idade...........................2

Tabela 2. Valores de Referência Hemograma.............................................................16

III

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1. Ordem Recomendada para Retirada de Tubos de Vácuo.......................13

IV

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LISTA DE ABREVIATURAS

SGI – Sistema gastrointestinal


Hgb – Hemoglobina
Htc – Hematócrito
RCAAP – Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal
VCM – Volume corpuscular médio
DGS – Direção Geral de Saúde
CTFF - capacidade total de fixação de ferro
aPTT - (Activated Partial Thromboplastin Time) Tempo Parcial de Tromboplastina
TP - Tempo de protrombina
EDTA - ácido etilenodiaminotetracético
SIDA - Síndrome Imunodeficiência Adquirida

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1. OBJETIVOS E METAS

Este trabalho tem por objetivo principal analisar um caso clínico de uma paciente com
anemia ferropénica em tratamento com suplementos de ferro. Os objectivos secundários são:
 Estudar o metabolismo e homeostase do ferro no organismo humano como forma de
apoio à investigação das causas possíveis para a manutenção da anemia mesmo sob
terapêutica de ferro.
 Mencionar as melhores técnicas de colheita para que se possam evitar os erros
préanalíticos, e fatores de variação dos resultados dos testes laboratoriais, importantes
para o diagnóstico e acompanhamento da evolução da doença.
 Analisar os resultados dos testes laboratoriais e associá-los à patologia.
 Discutir o caso clínico tendo em conta os vários fatores que possam estar na origem da
não eficácia do tratamento, nomeadamente na fase préanalítica: colheita, tratamento e
transporte das amostras.

2. ESCOLHA DO CASO CLÍNICO

O presente caso clínico foi fornecido pelo corpo docente da unidade curricular de Educação
Clínica II, tendo em conta a área do estágio efetuado neste ano lectivo - Colheita de Amostras
Biológicas na Central de Colheitas do Centro Hospitalar do Porto.

3. DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO


Doente do sexo feminino de 49 anos de idade, sob terapêutica de ferro há 3 meses devido a
um diagnóstico de anemia ferropénica. Realiza o controlo do nível de hemoglobina (Hgb) na
consulta externa. Na última consulta foi solicitado um pedido de análise hematológica para o
qual foi colhido sangue para hemograma, num tubo com EDTA (Ácido
etilenodiaminotetracético).

Resultados:
Hemograma
Eritrócitos: 3,0 x 1012/L
Hgb: 8,7 g/dL
Hematócrito: 29%
CMHC: 28,0%
VCM: 64,5 fL
Reticulócitos: 0,8 %

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Leucócitos: 4,5 x 109/L
Neutrófilos: 35%
Eosinófilos: 2%
Basófilos: 0%
Linfócitos: 59%
Monócitos: 4%
Plaquetas: 150 x 109/L
Face a este resultado, o clínico suspeita da eficácia da terapêutica e solicita urgentemente ao
laboratório um novo perfil de análises, nomeadamente ferro, ferritina, capacidade total de
fixação de ferro e vitamina C. A utente foi sugeita a nova colheita de sangue.

4. CONTEXTUALIZAÇÃO DO CASO CLÍNICO


4.1 ANEMIA
Anemia é definida como uma diminuição da concentração da (Hgb) ou hematócrito (Hct)
no sangue para valores inferiores aos considerados como referência, dependendo do sexo e
idade do doente.1 (Tabela 1)

Tabela 1: Valores de referência dos parâmetros RBC, Hgb e Hct por sexo e por idade.
(Fonte: Norma DGS nº 063/2011, atualizada a 12/09/2013)

Parâmetro (unidades) Sexo Idade Valor Referência


M/F Crianças (6 meses-11anos) 3.80– 5.40
RBC (x 1012/L) M >11 anos 4.31– 6.40
F >11 anos 3.85 – 5.20

M/F Crianças (6 meses-11anos) 11.0 – 14.0


Hgb (g/dL) M >11 anos 13.6– 18.0
F >11 anos 11.5 – 16.0
M/F Crianças (1-5 anos) 32.0 – 42.0
M >5 anos 39.8 – 52.0
Htc (%)
F >5 anos 34.7 – 46.0

Alguns sintomas inespecíficos estão associados às anemias: fadiga, dispneia, taquicardia,


palpitações, cefaleias, tonturas, vertigens, síncope, irritabilidade, insónias, dificuldade de
concentração, isquemia cerebral transitória e claudicação intermitente.1,2,3

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O diagnóstico de uma anemia começa pela história clínica do doente, seguindo-se
exames físicos (sinais e sintomas) e laboratoriais. Estes últimos consistem em hemograma
completo, esfregaço de sangue periférico, contagem de reticulócitos, exame da medula óssea e
pesquisa de sangue oculto nas fezes. Caso este último seja positivo, deverá ser proseguida a
investigação através de endoscopia digestiva alta e colonoscopia.3,4
As anemias podem ser classificadas segundo a sua causa, como por exemplo a anemia
por deficiência de ferro ou ferropénica, anemia por deficiência de vitamina B12 e ácido fólico,
entre outras. Podem ainda ser classificadas segundo a morfologia dos eritrócitos, baseadas no
volume corpuscular médio (VCM): microcícitas (<80fL); normocíticas (80-100fL);
macrocícitas (>100fL).5 Existem outras classificações das anemias, como por exemplo quanto
ao teor de hemoglobina, podendo-se classificar em hipocrómicas ou normocrómicas. Nesta
ordem de ideias, a anemia que irá ser abordada no presente caso clínico, anemia ferropénica,
estará dentro das microcíticas, hipocrómicas, por ter baixo volume de eritrócitos e baixa
concentração de hemoglobina.3,5,6,7

4.2 ANEMIA FERROPÉNICA


Uma das causas mais comuns de anemia é a deficiência de ferro.2,7,8,9 Ocorre
essencialmente quando a quantidade de ferro disponível no indivíduo não é suficiente para
suprir as necessidades da eritropoiese. Pode ser devida a vários fatores, tais como: carência
dietética, comprometimento da sua absorção no duodeno, aumento das necessidades ou perda
sanguínea crónica.1 A carência dietética é rara em países industrializados e mais frequente em
países em desenvolvimento.10,11 Os grupos etários de maior risco são os idosos e as crianças, os
primeiros porque quase sempre consomem dietas restritas e os segundos porque apresentam
uma maior necessidade devido ao crescimento e expansão do volume sanguíneo. Normalmente
os latentes que se alimentem de leite de vaca e não do leite materno apresentam um risco mais
elevado.10 Outro grupo de risco são os latentes de etnia cigana por esse mesmo motivo.1,12
Doentes com diarreia crónica, gastrectomia ou que incluam alguns componentes na sua dieta
podem comprometer a absorção do ferro no intestino.3 Além dos latentes, crianças e
adolescentes, também as mulheres em período de pré-menopausa apresentam um acréscimo de
necessidades de ferro. No entanto a causa mais importante de deficiência de ferro no mundo
ocidental é a hemorragia externa, através do trato gastrointestinal, vias urinárias ou trato
genital.13
As manifestações clínicas de uma anemia ferropénica são essencialmente: fadiga
desproporcional à aparente gravidade da anemia, capacidade de efetuar exercicío físico limitada,
taquicardia, palpitações, dispneia, sudorese, fraquesa, cansaço, palidez, unhas frágeis e
3

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quebradiças, disfagia, perda de apetite, glossite (atrofia das papilas da língua).2,11,,12,13 Em muitos
casos a anemia é consequência de alguma doença que a oculta ou desenvolve silenciosamente
devido à sua instalação ligeira e graduala (começa primeiro por ser normocítica e normocrómica
e só depois é que evolui para microcitose e hipocromia).
O esfregaço de sangue periférico da anemia por deficiência de ferro é caraterizado por:
microcitose, hipocromia e poiquilocitose.2,13

4.3 METABOLISMO E TERAPÊUTICA DO FERRO


O ferro é o metal mais abundante do planeta. Ainda assim a anemia ferropénica
continua a ser uma das desordens nutricionais mais comuns na população mundial.11 Esse
aparente contra-senso pode ser explicado por múltiplos fatores que contribuem para esta
situação. Esse tipo de anemia pode dever-se a desequilíbrios entre as quantidades de ferro
ingerido e absorvido, problemas a nível da reciclagem do ferro após a senescência dos
eritrócitos, a nível do armazenamento do ferro, ou devido a perdas por hemorragia.6,7,10 O ferro
surge na dieta em duas formas distintas: heme e não-heme. O ferro hémico está sobretudo
associado a dietas ricas em carne. O ferro inorgânico está sobretudo nos vegetais e ovos.10 Uma
dieta normal, no mundo ocidental contém cerca de 10-20 mg/dia de ferro. Desta quantidade, 5 a
10% é absorvido no Sistema Gastrointestinal (SGI).1 O metabolismo do ferro exige uma
regulação estrita. Segundo as necessidades do corpo, o ferro pode ser conservado, reciclado ou
excretado, uma vez que a sua presença em excesso é prejudicial.14A taxa de eritropoiese e a
quantidade de ferro armazenado são fatores fundamentais para a sua regulação.2,15A figura 1
mostra o ciclo do ferro desde a sua ingestão ou reciclagem até ao seu armazenamento.
Medula Óssea
Fe2+ e Fe3+ para a síntese de
Hgb ou armazenados nos
histócitos como ferritina e
hemosiderina
Fe2+ e Fe3+ ligado à Fe2+ (Fe3+ na Hgb do
transferrina ou ferritina eritrócito e reciclado da
no plasma sanguíneo senescência dos eritrócitos

Fe da dieta

Fe armazenado
nas células como
ferritina e
hemosiderina

Perdas diárias
mínimas de Fe
através das fezes,
urina e suor
Sistema Esquelético Sistema Circulatório

Sistema Digestivo Sistema Muscular


Figura 1. O ciclo do ferro: ingestão, absorção, e armazenamento.
(Adaptado de Ciesla B. Hematology in Practice. Philadelphia: F.A. Davis Company.)
4
2007.67)

Sérgio José Pinto Teixeira / 10120508


Cerca de 20-25 mg de ferro são conservados e reciclados diariamente, a partir dos
eritrócitos senescentes, removidos da circulação e retornados à medula óssea.16 Existe sempre
uma quantidade mínima que é excretada diariamente (1-2 mg)16, principalmente nas fezes, urina
e suor, essa quantidade que sai, deve ser compensada pela ingestão de ferro através da dieta,
para manter os níveis homeostáticos.10,17 Se, por qualquer razão, o mecanismo de regulação do
ferro falha, então podem surgir várias formas de manifestação de doença, como a anemia em
caso de défice, ou a hemossiderose em caso de excesso.2,10 Sabe-se também que o ferro é capaz
de promover a formação de radicais livres que podem causar danos oxidativos em várias
estruturas celulares18. Daí ter que existir um balanço crítico, porque um excesso de ferro no
interior das células pode provocar danos em órgãos vitais.

Os eritrócitos, células que contêm a Hgb, o seu principal constituinte13, têm uma período
de vida de 120 dias19, findo o qual, começa um processo de senescência. Uma grande parte dos
seus componentes é aproveitada, incluindo o ferro, que é sequestrado e aproveitado pelo sistema
reticuloendotelial18. Além dessa, existem outras fontes de ferro, que são fornecidas pela dieta,
nas formas Fe2+ e Fe3+.6,7,19

A absorção ocorre principalmente no duodeno,6,7 havendo uma regulação da quantidade


de ferro absorvido pelas mucosas intestinais. O ferro é absorvido nas células do intestino
delgado proximal (enterócitos) através de dois mecanismos diferentes, conforme o estado em
que se encontra o ião ferro. O heme é absorvido com ajuda de um recetor específico, HCP-1. No
citoplsama, o heme é digerido e o ferro libertado. O ferro inorgânico presente no lúmen do
intestino é internalizado na célula por ação do transportador metálico DMT-1. (Figura 2)
Fatores como o meio ácido e a ação de agentes redutores (ex: ácido ascórbico) favorecem a
absorção porque mantêm o ferro no seu estado ferroso (Fe2+). Também existem fatores que
dificultam a ação do ferro, tais como a toma de antiácidos, presença de infeções, ingestão de
bebidas ricas em taninos16,20 (chá) e hepcidina aumentada. É a este nível que é regulada
parcialmente a absorção do ferro. A expressão da proteína DMT-1 aumenta ou diminui
conforme as necessidades de ferro pelo organismo. Outro tipo de regulador é a hepcidina,
porque afeta a concentração de ferroportina. A hepcidina tem um papel importante na regulação
da saída do ferro das células para a corrente sanguínea. Ao se ligar à ferroportina faz diminuir a
sua atividade funcional, induzindo a sua internalização e degradação.21 O efluxo de ferro das
suas principais fontes plasmáticas diminui quando a expressão da hepcidina no fígado está
aumentada.6,7,21 Assim sendo, os macrófagos deixam de poder fornecer o ferro proveniente da
senescência dos eritrócitos, e os enterócitos diminuem a libertação do ferro para a corrente
sanguínea, proveniente da absorção do ferro da dieta, e o ferro que está armazenado nos
5

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hepatócitos sob a forma de ferritina deixa também de ser exportado para o meio
extracelular.6,7,18 Quando os níveis de hepcidina são baixos, todo o processo se passa ao
contrário.10,18 Além destes efeitos nas reservas de ferro, a produção da hepcidina é estimulada
pela inflamação e é inibida pela eritropoiese aumentada.10,22

Figura 2. Regulação da absorção do ferro.


O ferro da dieta (Fe3+) é reduzido a Fe2+ e entra no enterócito através da DMT-1.
A exportaçao do Fe2+ para o plasma é controlada pela ferroportina.
Antes de se ligar à transferrina, o Fe3+ é oxidado a Fe3+.
(Adaptado de Hoffbrand AV, Moss PAH, Pettit JE. Essencial Haematology. 5th ed. Oxford: Blackwell Publishing;
2006.32)

O transporte do ferro (Fe3+) no plasma é feito pela glicoproteína transferrina, que é


sintetizada e metabolizada principalmente nos hepatócitos. Cada molécula de transferrina pode-
se ligar no máximo a dois átomos de Fe3+. A sua afinidade para se ligar aos átomos de ferro é
elevada. Sob condições normais há muito mais transferrina disponível do que a necessária para
o transporte de ferro. As necessidades de entrada de ferro nas células são reguladas pelo
recetor da transferrina (TfR).5 A transferrina é capaz de transportar até 12 mg de ferro, mas esta
capacidade raramente é utilizada, uma vez que em geral, apenas 3 mg de ferro estão ligados pela

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transferrina, ou seja, 30% da transferrina está saturada com o ferro. Quando a capacidade de
fixação do ferro à ferritina está aumentada, isso é um marcador de anemia ferropénica.5,13

Como o ferro iónico livre é citotóxico tem de ser corretamente armazenado no interior
da célula. A ferritina é a principal proteína de armazenamento do ferro com segurança. Esta
proteína é expressa em todas as células do organismo e fixa o ferro no seu estado ferroso Fe2+.6,7
O ferro também pode ser armazenado na forma de hemosiderina nos macrófagos da medula,
baço e fígado. A ferritina sérica é secretada por todos as células produtoras de ferritina e ao
contrário da ferritina tecidular, ela é parcialmente glicosilada e quase completamente livre de
ferro. A determinação da ferritina sérica permite detetar uma anemia ferropénica ou sobrecarga
de ferro no organismo. Normalmente um nível baixo de ferritina indica um nível baixo de
ferro.1 No entanto, um nível elevado elevado de ferritina pode ser indicativo de várias patologias,
incluindo inflamação e infeção, uma vez que esta proteína aumenta a sua concentração no
contexto de inflamação (é considerada um proteína de fase aguda).22

Na figura 3 está resumido esquematicamente o metabolismo do ferro. A sua absorção e


reciclagem, o seu transporte na corrente sanguínea e as suas principais reservas
Intestino
Fígado
Enterócito

Hepatócito

Medula óssea
Baço
Eritroblasto

Macrófago

Eritrócitos

Figura 3. Metabolismo e homeostase do ferro. A. Absorção intestinal do ferro; B. Erirtrofagocitose;


C. Reservas hepáticas de ferro; D. Incorporação do ferro na hemoglobina
(Adaptado de Miller JL. Iron Deficiency Anemia: A Common and Curable Disease. Cold Spring Harb
Perspect Med. 3:1-13. 2013.2)

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A terapêutica para a anemia por deficiência de ferro tem por objectivo suplementar o
paciente com quantidades de ferro suficientes para compensar o défice de Hgb e reestabelecer as
suas reservas de ferro.4 A identificação da causa bem como o seu tratamento devem ser a
primeira preocupação do clínico. Por cautela, o clínico nunca deve pôr de parte a existência de
uma causa por doença maligna. Existem várias formas de suplementar o ferro no paciente, mas
a oral é a mais comum, dada a sua eficácia, segurança e economia. A forma mais comum é em
sais de sulfato, fumarato ou gluconato ferrosos.3 No entanto, nem sempre a via oral é a forma
mais correta, especialmente em doentes incapazes de absorver o ferro pelo SGI, ou têm
sintomas de intolerância ao ferro. Nesses casos pode-se recorrer à via parental para administrar
as doses de ferro necessárias para suplementar o défice de ferro que a patologia do doente
evidencia.4

Com a terapêutica, os valores do hemograma e dos reticulócitos devem aumento em


poucas semanas. Os eritrócitos normocíticos e normocrómicos devem substituir gradualmente a
microcitose e a hipocromia.10 Por vezes o tratamento com os fármacos pode ter efeitos
secundários adversos, como obstipação, dor e desconforto no estômago ou diarreia, o que pode
desmotivar o doente a cumpri-lo à risca. Esse fato pode retardar o tratamento e o retorno dos
parâmetros para valores normais.16

4.4 COLHEITAS DE SANGUE


A colheita de sangue faz parte da etapa pré-analítica, que compreende todo o conjunto
de processos que precedem o exame laboratorial propriamente dito. Todo o processo se inicia
com a requisição, passada pelo clínico, que tanto pode ser manual, como por via electrónica. A
requisição que chega ao local de colheitas deve conter toda a informação necessária para
identificar correctamente o paciente e as condições em que deve ser efetuada a colheita: nome,
sexo, idade, data de nascimento, data de admissão, data de solicitação do exame, número do
hospital, nome do médico, data e hora da colheita, identificação do técnico de análises, testes
requeridos, tipo de amostra, medicação que o doente esteja a tomar passível de interferir nos
resultados, bem como a data e hora da última toma.8,23,24

Para se efetuar uma correta colheita de sangue é necessário um conjunto de materiais


que deve estar disponível junto do local da punção, devidamente organizado: etiquetas de
identificação do paciente; agulhas, contentores de resíduos (incluindo um para dispensar os
objetos perfurocortantes), algodão, gazes, álcool isopropílico ou etílico a 70%, solução
antissética (gel), luvas (latex e vinil), garrote, seringas (casos especiais), tubos de vácuo,
adaptadores, pensos adesivos, caneta esferográfica.24,25

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Tendo todo o material de que necessita, o técnico já pode proceder à punção venosa no
paciente. Começa então por indicar ao paciente que se acomode confortavelmente, identifica-se
como técnico de análises e explica sucintamente o procedimento. Explica que apenas sentirá
uma breve picada quase sem dor, para ele/a se manter relaxado e o mais calmo possível.25 Este
tipo de conversa com o paciente é util uma vez que permite adquirir confiança por parte do
paciente e ao mesmo tempo o seu consentimento24,25,26 (Figuras 4 e 5) A identificação do
paciente deve ser sempre feita solicitando-lhe o seu nome completo e a data de nascimento.5,8,27

Figura 5. A. A técnica de análises cumprimenta o paciente B. A


técnica começa a explicar o procedimento, mantendo ainda a
distância do paciente. (Adaptado de Strasinger SK, Di Lorenzo MS. The Phlebotomy
Textbook. 3rd ed. Philadelphia: F.A. Davis Company; 2011. 9)

Figura 4. Reações de uma paciente. A. A paciente


está apreensiva antes da entrada da técnica de
análises. B. A técnica, sorrindo, cumprimenta a
paciente. C. A paciente reage ao cumprimento da
tecnica. (Adaptado de Strasinger SK, Di Lorenzo MS. The Phlebotomy
Textbook. 3rd ed. Philadelphia: F.A. Davis Company; 2011.8)

A postura do paciente durante a realização da colheita é uma das fontes de variação dos
testes laboratoriais, na fase pré-analítica. A mudança da posição decúbito para a posição
ortostática diminui o volume sanguíneo. Como consequência, o sangue fica mais concentrado,
falseando os resultados das concentrações dos analitos a serem analisados (por exemplo,
proteínas e compostos que circulam na corrente sanguínea ligados a elas).5,25,26,28

Outras fontes de variação importantes são o jejum, a aplicação do garrote, o


anticoagulante, a homogeneização da amostra, o tempo e a conservação da amostra.5,26,28,29

Sempre que é agendada uma colheita de sangue para análise, é aconselhado ao paciente
jejum, porque há alguns parâmetros que são infuenciados pela ingestão de alimentos nas últimas
10-12 horas antecedentes (ex: metabolismo do ferro).23,28,29 Normalmente o período de jejum é
de 8 horas, havendo parâmetros que requerem 12 horas. O hemograma não necessita de jejum,
mas como geralmente é pedido juntamente com outros parâmetros, o paciente tem que ter esse
cuidado.28,29 Tempo de jejum a mais também é prejucial (não devem ser ultrapassadas as 12
horas). Caso o paciente declare que não cumpriu o período de jejum, o técnico deve mencionar
isso na requisição, bem como registar a hora e o tipo de refeição no caso do paciente insistir em
fazer a colheita. Se possível deve também contactar o médico requisitante, a fim de decidir se
9

Sérgio José Pinto Teixeira / 10120508


deve ou não prosseguir com os testes.26 Além do jejum, existem outros fatores relacionados com
o comportamento do doente e com os seus hábitos de vida que podem ter efeitos nos resultados
das análises: ingestão de bebidas alcoólicas, hábitos tabágicos, stress, bebidas que contenham
cafeína, fármacos.12,28,29

O técnico que efetua a flebotomia começa a punção com a observação e palpação das
veias para determinar qual a mais adequada. Antes porém, o técnico deve ter o cuidado de
perguntar ao paciente se é alérgico ao latex.30 Caso a resposta seja positiva, deve abster-se de
usar qualquer material feito de latex. Pode também perguntar se é hipocoagulado, ajudando
asssim na escolha da agulha adequada. Caso a resposta seja afrirmativa, o técnico deve escolher
uma agulha de calibre menor para que o efeito de hemorragia proveniente da punção seja menor
e cesse mais rapidamente.

O garrote deve ser colocado, para facilitar o processo de seleção da veia. O técnico
deve-o posicionar cerca de 10-15 cm acima do local da punção25 e não o deve apertar em
demasia (suficiente para restringir o fluxo venoso, mas não o arterial).8

A veia a ser selecionada deve ser preferencialmente procurada na zona antecubital do


braço,27 porque aí as veias estão mais à superfície. Como se pode observar na figura 6, nessa
zona encontram-se as veias mediana, cefálica e basílica, podendo qualquer uma ser utilizada,
dependendo do seu estado, profundidade e calibre. Geralmente, entre essas, a mais escolhida é a
mediana porque provoca menos dor no momoento da punção e está mais afastada dos nervos e
artérias que circundam essa zona anatómica. É também a que menos se move aquando da
punção.28
Artéria braquial

Veia cefálica

Veia basílica

Nervos cutáneos medianos Veia cefálica mediana


antebraquiais
Veia cefálica acessória

Veia mediana cubital Nervo cutáneo lateral


antebraquial

Figura 6. Veias do braço mais escolhidas para a punção venosa.


( Adaptado de Strasinger SK, Di Lorenzo MS. The Phlebotomy Textbook. 3rd ed.
Philadelphia: F.A. Davis Company; 2011.196)
10

Sérgio José Pinto Teixeira / 10120508


Se a veia mediana cubital não puder ser utilizada, a próxima opção é a veia
cefálica. A última veia a ser considerada para a punção é a veia basílica. Essa veia está
muito próxima do nervo mediano e da artéria braquial, sendo necessário muita cautela
para que somente a veia basílica seja puncionada.29

Para facilitar a localização das veias, o técnico deve pedir ao paciente para
fechar o punho e aplicar o garrote no braço.25 Se sentir dificuldade em encontrar as veias,
pode aplicar calor à volta do local da punção, facilitando assim a sua visualização e
palpação. Pode ser através de um saco de água quente24, uma vez que o calor dilata as
veias.25 De notar que para esta tarefa é mais importante saber palpar do que
propriamente observar as veias28,29 Palpar a zona da veia ajuda a ter uma ideia relativa
do tamanho, profundidade e da sua direção.24

Por vezes os pacientes durante a colheita abrem e fecham o punho


repetidamente, talvez devido à prática de doação de sangue. O técnico deve evitar que
isso aconteça, porque pode causar hemoconcentração localizada.23 A hemoconcentração
é um fator de variação pré-analítica que influencia os resultados de muitas análises,
nomeadamente o doseamento do ferro sérico.24,25,28

As veias do dorso da mão e pulso (figura 7) podem utilizadas em casos em que


as veias antecubitais não estão acessíveis, ou estando acessíveis movem-se muito.24
Essas veias são bastante proeminentes, mas têm o inconveniente de provocar mais dor.
Aqui a técnica de flebotomia terá de ser ainda mais cuidadosa, e preferencialmente
através de seringa para evitar o colapso da veia.28,29

Figura 7 Local alternativo para a punção venosa.


A. Dorso da mão B. Não se deve usar a parte anterior do pulso.
(Adaptado de Strasinger SK, Di Lorenzo MS. The Phlebotomy Textbook. 3rd ed. Philadelphia: F.A.
Davis Company; 2011.227)

Depois de selecionada a veia, o local da punção deve ser desinfetado, com a


ajuda de uma gaze e álcool. Nesse momento, o técnico deve afrouxar o garrote e
começar a fazer movimentos circulares de dentro para fora com a gaze embebida de

11

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álcool. (figura 8) Nesta fase do processo o técnico deve ter cuidado em dois pontos que
são críticos para o resultado das análises: o garrote nunca deve estar apertado mais do
que 1 minuto, porque pode provocar estase venosa, e hemoconcentração; deve deixar
secar completamente o local desinfetado ao ar, para que todo o álcool evapore. Isso irá
garantir que a amostra não se irá contaminar com o álcool, bem como não haverá o risco
de hemólise. A hemólise poderá resultar na falsa elevação de alguns analitos, entre os
quais o ferro. Além disso, a evaporação completa do álcool irá causar menor sensação
de ardor ao paciente.24,28,29

Figura 8. Limpeza do local da punção com gaze embebida em álcool e em movimentos concêntricos.
(Adaptado de Booth KA, Wallace AC, Fitzgerald DT. Phlebotomy for Health Care Personnel. 2nd ed. New York: Mc
Graw-Hill Higher Education; 2009.106)

Para a realização da punção, o técnico de análises deve escolher a agulha


adequada e ajustá-la ao adaptador. Existem vários calibres diferentes de agulhas: 20G,
21G, 22G. A agulha 20G é de maior calibre. A agulha 22G é de menor calibre e deve
ser usada em pacientes com veias mais sensíveis e de menor calibre: idosos, crianças.
Normalmente usa-se o sistema “buterfly” nesses casos mais sensíveis.24 (Figura 9)

Figura 9. Sistema “Buterfly”: a .agulha com as “asas” tipo borboleta; b.Tubo conetor; c. adaptador dos
tubos. (Adaptado de Booth KA, Wallace AC, Fitzgerald DT. Phlebotomy for Health Care Personnel. 2nd ed. New York:
Mc Graw-Hill Higher Education; 2009.120)

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Neste momento, volta-se a apertar o garrote no braço do paciente, retira-se a cápsula da
agulha, verifica-se se esta está em boas condições, fixa-se a veia com a ajuda de dois dedos, um
acima e outro abaixo do local a puncionar, e punciona-se na pele seguindo o trajeto da veia.28,29
O bisel da agulha deve estar sempre virado para cima e esta deve formar um ângulo de 15º a 30º
com a superfície do braço.24 A grande vantagem de se utilizar o sistema fechado em relação ao
sistema aberto ou por seringa, na rotina, é que os tubos utilizados têm vácuo, por isso o sangue
flui naturalmente logo que se encaixam no adaptador. A ordem pela qual os tubos devem ser
substituídos durante a colheita de sangue deve seguir uma regra (Quadro 2).8,24,28,29

Quadro 1. Ordem recomendada para colheita de sangue em tubos plásticos a vácuo (Adaptado de
WHO. Diretrizes da OMS para a tiragem de sangue: boas práticas em flebotomia.Disponível em
http://www.who.int/injection_safety/Phlebotomy-portuges_web.pdf. Acedido em 22-02-2015.p16)

Ordem
Tipo de tubo Aditivo Modo de ação Usos
de uso
Preserva a Microbiologia
Tubos ou frascos
1 Mistura de Caldo viabilidade dos aeróbios,
para hemocultura
microrganismos anaeróbios, fungos
Bioquímica,
Tubos sem Imunologia,
2 - -
aditivos diagnóstico doenças
infecciosas
Tubos para estudo Forma sais de Cálcio Estudos da coagulação
3 Citrato de Sódio
da coagulação Extrai o Cálcio (aPTT, TP)
O sangue coagula Química, imunologia
Ativador de
4 Ativador de coágulo e o soro separa-se e serologia, banco de
coágulo
por centrifugação sangue.
Contém no fundo
Tubo de
um gel para separar Química, imunologia e
5 separador -
o sangue do soro serologia
sérico
na centrifugação
Heparina sódica ou Desativa a trombina
6 Heparina Bioquímica
heparina lítio e a tromboplastina
Anticoagulante Anticoagulantes
Tubos de
de heparina com lítio; separam
7 separação de Química
lítio e o plasma com o gel
plasma
gel separador no fundo do tubo
Ácido etilendiaminotetracético Forma sais de Cálcio Hematologia
8 EDTA
(EDTA) Extrai o Cálcio
Agente
Fluoreto de
antiglicolítico
9 Oxalato/fluoreto sódio e oxalato Bioquímica (glicose)
preserva glicose até
de potássio
cinco dias

Quando o último tubo estiver quase cheio, o garrote pode ser aliviado ou retirado.
Retira-se a agulha ainda ligada ao adaptador e descarta-se com muito cuidado e atenção em
contentor próprio. (figura 10)

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Figura 10. Exemplo de contentores para perfurocortantes (Strasinger SK, Di Lorenzo MS. The Phlebotomy Textbook.
3rd ed. Philadelphia: F.A. Davis Company; 2011.165)

Enquanto isso, deve ser pedido ao paciente para pressionar a zona da punção com um
pedaço de algodão, e depois deve-se colocar o penso adesivo após inspecionar se não há mais
saída de sangue.24

Todos os tubos com aditivos devem ser homogeneizados para que ocorra a mistura
uniforme do aditivo com o sangue. A homogeneização deve ser feita por inversão suave e nunca
através de uma agitação brusca, porque isso iria provocar hemólise da amostra.24 (Figura 11)

Figura 11. Homogeneização da amostra por inversão (Booth KA, Wallace AC, Fitzgerald DT. Phlebotomy for
Health Care Personnel. 2nd ed. New York: Mc Graw-Hill Higher Education; 2009.111)

Alguns parâmetros requerem que as amostras sejam preservadas em determinadas


condições especiais, tais como proteção da luz, conservadas em gelo ou a 37ºC. (Figura 12) O
técnico deve seguir as instruções da requisição, bem como as normas internas do laboratório
para a conservação e transporte das amostras até ao laboratório.8,24,27

A B
Figura 12. Algumas amostras requerem conservação especial até serem transportadas ao laboratório
A. Proteção da luz, com folha de alumínio;
B. Colocação em mistura de gelo com água (adaptado de Booth KA, Wallace AC, Fitzgerald DT. Phlebotomy for
Health Care Personnel. 2nd ed. New York: Mc Graw-Hill Higher Education; 2009.118)

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4.5 PARÂMETROS DE HEMATOLOGIA
Inicialmente o clínico pediu ao laboratório um hemograma, cujos resultados estão
evidenciados na descrição do caso clínico. O hemograma é um dos testes mais pedidos no
laboratório de hematologia. Avalia quantitativa e qualitativamente os elementos figurados do
sangue. Muito usado no diagnóstico das anemias, é um teste de primeira linha no estudo dessas
doenças. Os parâmetros determinados neste teste são: eritrócitos, Hgb, Hematócrito (Htc),
Concentração Média da Hemoglobina Globular (CMHC), Hemoglobina globular Média (HCM),
Volume Globular Médio (VCM), Índice de distribuição dos glóbulos vermelhos (RDW),
Reticulócitos, Leucócitos (e percentagens das diferentes linhagens), e plaquetas (PLT).10
A colheita deve ser efetuada por punção venosa para tubos contendo anticoagulante. Os
três anticoagulantes mais utilizados são o ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), a heparina e
o citrato trisódico. O EDTA é um quelante que se vai ligar ao cálcio necessário à coagulação,
removendo-o. É o anticoagulante mais indicado para contagens de células sanguíneas porque
induz uma anticoagulação completa e os efeitos sobre as células são mínimos. A heparina é
outro anticoagulante que pode ser utilizado em hematologia. Forma um complexo com a
antitrombina e previne a formação de trombina. Utiliza-se mais nos testes de fragilidade
osmótica para prevenir a hemólise dos eritrócitos e nos testes funcionais e imunológicos dos
leucócitos. O citrato trisódico é o terceiro anticoagulante que também é utilizado para a
hematologia. Actua, como o EDTA, pela remoção de cálcio e é o anticoagulante mais utilizado
nos estudos da coagulação e das plaquetas. A concentração dos anticoagulantes nos tubos de
vácuo (Vacutainer®) pode afectar a análise dos estudos de concentração e mesmo distorcer a
morfologia celular. Por isso, os tubos têm que ter uma concentração correta e estarem em bom
estado e dentro do prazo de validade. Após a colheita, o sangue total pode ser armazenado a 4ºC
durante 24 horas mas, idealmente, deverá ser analisado o mais rapidamente possível.25,28,29

Para a correcta interpretação de um hemograma teremos sempre de ponderar a


possibilidade de ocorrerem erros desde a colheita da amostra até à análise dos resultados. A
colheita da amostra é um dos fatores que determinam decisivamente o resultado de um
hemograma, sobretudo pela influência que exerce sobre as etapas seguintes. Uma colheita
apropriada da amostra de sangue é, talvez, o passo mais importante para que o resultado do
hemograma seja o correcto. Factores como o jejum, a actividade do doente, o estado de
hidratação, a posição de recolha e a ansiedade aquando da colheita da amostra poderão afectar
os parâmetros hematológicos e, como tal, deverão ser considerados na interpretação dos
resultados.8,24,32 Os valores de referência e valores críticos, segundo a DGS estão evidenciados
na tabela 3.

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Tabela 2: Valores de referência dos parâmetros do hemograma. Norma DGS nº 063/2011,
atualizada a 12/09/2013.

Eritrócitos

Hemoglobina

Hematócrito

Glóbulos
Brancos

Neutrófilos

40-70%

Linfócitos
20-45%

Monócitos 2-8%

Eosinófilos 0-5%

Basófilos 0-1%

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4.6 PARÂMETROS DE BIOQUÍMICA
Na consulta de follow up, o clínico pediu ao laboratório estudos aprofundados do metabolismo
do ferro, que incluem parâmetros como ferro, ferritina e capacidade total de fixação de ferro
(CTFF). Pediu ainda a análise da concentração de ácido ascórbico.

4.6.1 FERRO SÉRICO


Para a realização do teste do fero sérico, a colheita deve ser feita pela manhã respeitando um
período de jejum de 8 horas para adultos, e pelo menos de 4 horas para crianças. A amostra
deverá ser soro33 com um volume mínimo de 0,5mL34 O tubo de vácuo é identificado com a
rolha amarelo torrado23, e deverá ser sem aditivo ou com gel separador. Este tipo de tubo
contém ativador de coágulo na parede, que acelera o processo de coagulação, e gel separador
para obtenção de soro com a mais alta qualidade, proporcionando melhor eficiência no processo
de trabalho dentro do laboratório.24 É usado frequentemente em exames de Bioquímica (rotina e
especiais), Sorologia, Imunologia, Marcadores Tumorais e Marcadores Cardíacos, Hormonas
Específicas e Drogas Terapêuticas.10

O paciente não poderá ter ingerido suplementos de ferro nas 24 horas antecedentes à
execução do exame. Isso deve-se ao fato de o ferro ser absorvido muito rapidamente pelo
organismo e, por isso, a ingestão de alimentos ou suplementos antes do teste pode dar origem a
falsos resultados. O tubo não deve ser agitado, porque pode provocar hemólise, que juntamente
com a lipémia costuma ser um erro grave na execução deste teste. Além desses, outros fatores
de interferência são: o não cumprimento do jejum recomendado, falta de descanço antes da
colheita, stress intenso, uso de drogas terapêuticas quelantes do ferro.33

A amostra mantêm-se estável se for conservada durante 4 dias entre 15 e 25 ºC ou 6 dias


entre 2 e 8 ºC.16

O teste é útil na avaliação das anemias hipocrômicas microcíticas. Para uma melhor
avaliação do metabolismo de ferro há a necessidade de realizar o seu doseamento
concomitantemente com a tranferrina, ferritina bem como com a capacidade total de fixação do
ferro pela transferrina.33 Os valores do hemograma também se devem juntar para analisar
criteriosamente os resultados obtidos.

Os valores de referência são: 90 a 120 μg de ferro/dl de soro sanguíneo na mulher, e


120 a 140 μg de ferro/dl de soro sanguíneo no homem.35

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Níveis elevados podem ser encontrados em casos de: envenenamento por ferro ou
chumbo, hepatite aguda, leucemias agudas, hemocromatose, anemias hemolíticas, taassemias,
nefrose, síndromes de sobrecarga de ferro e necrose hepática.29,30,34

Níveis diminuídos podem ser encontrados em situações de deficiência de ferro (anemia


ferropénica), perda de sangue severa, frequente ou prolongada, gravidez (terceiro trimestre),
hiotiroidismo, lupus sistémico eritematoso, artrite reumatóide, e anemia perniciosa.29,30,34

4.6.2 CAPACIDADE TOTAL DE FIXAÇÃO DO FERRO


Para a realização do teste do ferro sérico, a colheita deve ser feita pela manhã
respeitando um período de jejum de 8 horas. A amostra deverá ser soro33 com um volume
mínimo de 0,5mL. Normalmente 7 mL34 tubo de vácuo é identificado com a rolha amarelo
torrado21, e deverá ser sem aditivo ou com gel separador. A hemólise deve ser evitada, por isso
o técnico deve abster-se de agitar demasiado o tubo.24

A tranferrina é a proteína plasmática responsável pelo transporte do ferro. A sua


determinação é útil na investigação das anemias microcíticas e da hemocromatose. Na
hemacromatose, o seu grau de saturação com o ferro está acima do normal, ao contrário da
deficiência de ferro, onde se encontra diminuída.10,13

Os valores de referência da capacidade de fixação de ferro são: 250 - 450 ng/dL10

Níveis elevados podem ser encontrados em casos de: hepatite, anemia microcítica,
gravidez e uso de drogas terapêuticas e suplementos como sais ferrosos ou contracetivos orais.34

Niveis diminuídos podem ser encontrados em situações de cirrose, hemocromatose,


anemia perniciosa, talassemias e uremia. Estados inflamatórios podem fazer baixar o resultado
para valores abaixo do normal.34

A saturação da transferrina tem variações ao longo do dia: de manhã tem o seu pico
máximo, e à noite desce abruptamente.34

Valores baixos de ferro sérico e de CTFF, são indicativos de anemia microcítica. 34

4.6.3 FERRITINA
As condições de colheita para a análise deverão ser as mesmas observadas para o ferro
sérico e CTFF.

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A determinação da ferritina é um importante parâmetro para o diagnóstico e
acompanhamento terapêutico das anemias ferropénicas. Um balanço negativo do ferro (menor
oferta do que consumo) diminui os valores da ferritina sérica. Valores inferiores a 12,0 ng/mL
estsão associados a estados clínicos de deficiência de ferro. Durante a terapia de reposição de
ferro, os valores da ferritina indicam o sucesso terapêutico. Pacientes que apresentem algum
processo inflamatório (sobretudo crônico) podem apresentar valores elevados (a ferritina
funciona como proteína de fase aguda). As doença hepática aguda também pode estar associada
a níveis extremamente elevados de ferritina.10,33,34
Valores elevados são encontrados em: doenças oncológicas, cirrose, doenças hepáticas,
leucemias, inflamação, mieloma múltiplo, icterícia, siderosis, talassemias, doenças renais.34
Valores diminuídos são encontrados em: anemia ferropénica, hemodiálise, gravidez, and
situações de cirurgias ao SGI.34

Os valores de referência são: homem: 20 - 250 ng/mL; mulher: 10 - 120 ng/mL.10

4.6.4 VITAMINA C (ÁCIDO ASCÓRBICO)


Para a realização da determinação do teor de vitamina C no sangue, a colheita deve ser
feita em jejum de pelo menos 8 horas. A amostra deverá ser plasma desproteinizado36, que
consiste em remover as proteínas do plama.33,36 O tubo de vácuo é identificado com a rolha
lilás21, e deverá conter o anticoagulante EDTA. A amostra deverá ser centrifugada
imediatamente após a colheita e o plasma separado para um frasco escuro (ou envolvê-lo em
folha de papel de alumínio). O sobrenadante deve ser congelado. Enviar congelado para a o
laboratório.33,34
Este teste avalia a deficiência de vitamina C (escorbuto), e no presente caso clínico é
útil, uma vez que a vitamina C é um facilitador da absorção do ferro. Não se deve fazer a análise
quando o paciente está a fazer terapia com ácido ascórbico, porque isso iria resultar em falsos
resultados.33,34
Niveis baixos de vitamina C são encontrados em: pacientes com sepsis, pós-operatório,
SIDA, síndrome do desconforto respiratório, doença de Addison, cirrose, grandes queimados,
pancreatite, contracetivos orais, aspirina, barbitúricos, estrogénios, contato com metais pesados,
nitrosaminas e paraldeído. Os fumadores têm níveis menores que os não fumadores.34

Os valores de referência são: 0,6-2 mg/dL.37

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4.7 DISCUSSÃO DO CASO

Na consulta de “follow up”, o clínico pediu ao laboratório estudos aprofundados do


metabolismo do ferro, que incluem parâmetros como ferro, ferritina e capacidade total de
fixação de ferro (CTFF). Pediu ainda a análise da concentração de ácido ascórbico.

Suspeitou da eficácia do tratamento porque a paciente já havia iniciado a terapêutica de ferro há


12 semanas e os valores do hemograma já deviam estar muito próximos dos valores de
referência (tabela 2). De fato, tal não sucedeu, sendo que as contagens de eritrócitos, os valores
de Hgb, Htc, MCHC e VCM estavam todos diminuídos, apontando para anemia normocítica e
hipocrómica. A contagem dos reticulócitos não evidenciou nenhuma anomalia, o valor está
dentro do intervalo 0,2-2% considerado como referência para adultos.2 Em relação às plaquetas,
também não houve desvio ao valor normal. Relativamente aos glóbulos brancos, os resultados
evidenciaram uma elevada percentagem de linfócitos em relação aos valores de referência14,
indicando uma linfocitose. Todas as outras linhagens estavam normais. Perante este resultado, o
clínico pode suspeitar de uma situação de inflamação ou infeção. Por isso mesmo, parte sem
demora para a pesquisa das causas da anemia se manter apesar da terapêutica prescrita. Os
parâmetros que estão associados ao estudo da anemia ferropénica e que permitem dar resultados
confirmatórios acerca do estado das reservas de ferro no organismo da paciente são os que o
clínico requisitou ao laboratório, nomeadamente, ferro, ferritina, capacidade total de fixação de
ferro. Com um MCV diminuído, níveis de ferro sérico e ferritina baixos, e capacidade de
fixação de ferro pela transferrina elevada, já poderia efetuar um diagnóstico diferencial e
confirmar a anemia ferropénica, descartando possíveis erros de interferência que podessem ter
ocorrido, nomeadamente na fase pré-analítica. O clínico pediu também o parâmetro bioquímico
vitamina C, porque esta molécula é um redutor que facilita a absorção do ferro no organismo,
como já foi dito acima, e caso haja défice desse analito no sangue a absorção do ferro é menos
eficiente. Como já foi referenciado acima, o clínico deve investigar a causa da anemia para a
poder tratar e proseguir com o tratamento do doente com sucesso. Sendo assim, outros testes
poderiam ter sido solicitados com vista a analizar outras possíveis causas, além de que o médico
deverá na consulta tentar perceber se há fatores que possam ter contribuído negativamente para
o tratamento. Um exemplo disso é perguntar se a doente cumpriu a prescição médica, se não
sentiu efeitos secundários, se tomou antiácidos, se teve algum problema a nível do SGI durante
esse período de temp0, se notou perdas de sangue persistentes. Os exames suplementares que
poderiam ser propostos seriam: pesquisa de sangue oculto nas fezes, posteriormente poderia
efetuar endoscopia digestiva alta e colonoscopia; análise das reservas de ferro da medula óssea
(reagente de Perles): ferro reticular e nos eritroblastos; recetores solúveis da transferrina;
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avaliação da função renal e hepática; hematúria; protoporfirina eritrocitária livre; proteína de
fase aguda (PcR).

5. COLHEITA DE DADOS
5.1 ESTRATÉGIAS E MEIOS UTIIZADOS
A colheita de dados foi realizada bibliografia eletrónica do site Pubmed (artigos
ciêncticos na sua maioria na língua inglesa), e nas bases de dados b-on; RCAAP e Scielo
(Brasil). Foram explorados protocolos, livros e manuais relativos aos temas do caso clínico. Foi
também consultada a página oficial da DGS, com o objetivo de consultar normas internas
relativas aos temas abordados.
Decorrente dessa busca partiu-se para a análise do material bibliográfico, seguindo uma
ordem: primeiro análise exploratória, seguindo-se análise seletiva e depois uma leitura analítica
dos textos, para apreciar e julgar as informações, evidenciando-se os aspetos principais
abordados sobre o tema. Finalmente, uma leitura interpretativa, para conferir um significado
mais amplo aos resultados obtidos com a leitura analítica.
Palavras chave
Inglês: iron; iron homeostasis; iron therapy; transferrin; anemia; ferritin; ascorbic acid;
preanalyticalphase; blood collection; preanalytical errors; haemoglobin; tea; iron
supplementation; anticoagulants; edta; phlebotomy; iron absorption; iron metabolism.
Português: anemia; deficiência de ferro; tratamento de ferro; compostos ferrosos;
anemiaferropénica; edta; coleta de sangue; metabolismo do ferro; vitamina C; tubos de vácuo;
tubos de colheita; anticoagulantes.

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5.2 BIBLIOGRAFIA ENCONTRADA
Andrews NC, Schmidt PJ. Iron Homeostasis. Annual Review of Physiology. 69:69-85. 2007

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5.3 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
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23 - Departamento de Patologia Laboratorial. Manual de Colheitas, Etiquetagem e Transporte de Amostras Centro


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23

Sérgio José Pinto Teixeira / 10120508


24 - Booth KA, Wallace AC, Fitzgerald DT. Phlebotomy for Health Care Personnel. 2nd ed. New York: Mc Graw-
Hill Higher Education; 2009

25 - Strasinger SK, Di Lorenzo MS. The Phlebotomy Textbook. 3rd ed. Philadelphia: F.A. Davis Company; 2011

26 - Davis B. Phlebotomy from Student to Professional. 3rd ed. Delmar; New York: Cengage Learning; 2011

27 - Mc Call RE, Tankersley CM. Phlebotomy Essencials. 5th ed. Lippincott William & Wilkins. 2012

28 - WHO. Diretrizes da OMS para a tiragem de sangue: boas práticas em flebotomia. Disponível em
http://www.who.int/injection_safety/Phlebotomy-portuges_web.pdf. Acedido em 22-02-2015

29 - Di Lorenzo MS, Strasinger SK. Blood Collection A Short Course. Philadelphia: F.A. Davis Company; 2010

30 - Di Lorenzo MS, Strasinger SK. The Phlebotomy Textbook 3rd ed. Philadelphia: F.A. Davis Company; 2011

31 - Gaspar A, Faria E. Alergia ao Látex. Revista Portuguesa de Imunoalergologia. 20(3):173-192. 2012

32 - Narayanan S. The preanalytical phase. An important component of laboratory medicine. Am J Clin Pathol 2000;
113:429-52

33 - Daniels R. Manual os Laboratory and Diagnostic Tests. 2nd ed. Delmar; Oregon. 2010

34 - Chernecky CC, Berger BJ. Laboratory Tests and Diagnostic Procedures. 5th ed. Sounders Elsevier. 2008.

35 - Chatterjea MN, Chawla R. Clinical Chemistry. 2nd ed. Jaypee Brothers Medical Publishers. 2010 240-247

36 - Koshiishi I, Mamura Y, Liu J, Imanari T. Evaluation of an acidic deproteinization for the measurement of
ascorbate and dehydroascorbate in plasma samples. Clinical Chemistry . 44(48): 863–868.1998

37 - Mayo Clinic: Mayo Medical Laboratories. Disponível em http://www.mayomedicallaboratories.com/test-


catalog/Overview/60296. Acedido em 10-04-2015.

6. AUTOAVALIAÇÃO
A escrita deste portfólio foi uma tarefa útil, prazerosa e ao mesmo tempo serviu de
aprendizagem e treino para a elaboração de trabalhos a este nível na área das análises clínicas.
Devido ao tema do caso clínico houve necessidade de se efetuar pesquisa bibliográfica
em duas vias distintas: uma relativa à patologia em si, e outra relativa à fase pré-analítica,
nomeadamente às boas práticas na colheita de amostras biológicas.
A pesquisa bibliográfica sobre anemias e anemia ferropénica foi relativamente fácil,
tendo-se encontrado várias fontes quer em artigos de revistas ciêntíficas quer em livros de texto.
O mesmo não se passou quando se pesquisou bibliografia sobre o tema colheita de amostras,
uma vez que foram encontrados poucos artigos ciêntificos. Os que se encontrou falavam sobre
controlo de qualidade na fase pré-analítica, mas foi difícil de encontrar artigos que se
relacionassem diretamente com o objeto de estudo do presente caso clínico. Para compensar
essa pouca informação encontrada em revistas e artigos, foram encontrados vários livros de
texto.
O portfólio está bem estruturado, no meu ponto de vista. Aborda todos os aspetos
necessários para analisar, contextualizar e discutir o caso clínico. Contextualizou o caso clínico
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em duas fases: a doença e as técnicas da colheita de amostras biológicas. A explicação da
doença não foi muito pormenorizada e nas técnicas de colheita de amostras só foram focados
aspetos que podessem ter interferência no exame realizado (hemograma) e nos exames pedidos
pelo médico.
A aprendizagem do modo como se deve referenciar um texto e também como se deve
apresentar a bibliografia encontrada e utilizada foi um dos pontos fortes deste trabalho. Um dos
aspetos a melhorar é a utilização da aplicação “Mendeley”, que constituiu uma novidade na
realização deste trabalho.
Autoclassificação: 13 valores.

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Sérgio José Pinto Teixeira / 10120508

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