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Artigo de Revisão

Fatores de risco relacionados à pré-eclâmpsia


Risk factors related to preeclampsia

RESUMO
Walter Toledo Amaral1 Introdução: A pré-eclâmpsia é uma das principais causas de morbimor-
José Carlos Peraçoli2
talidade materna e perinatal no Brasil e no mundo. É uma patologia he-
terogênea, multifatorial, sem etiologia esclarecida e fisiopatologia com-
plexa. A identificação de fatores de risco ao seu desenvolvimento pode
auxiliar na prevenção e diagnóstico precoce do início clínico da doença.

Objetivo: Identificar fatores de risco relacionados ao desenvolvimento


da Pré eclâmpsia no sentido de identificar precocemente gestantes com
risco para a doença e oferecer a estas, acompanhamento especializado.

Metodologia: Realizou-se levantamento bibliográfico de artigos científi-


cos indexados nas bases de dados: CAPES (Ovid external Link), Scientific
Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online (Medline) da National Library of Medicine nos
últimos 10 anos (2001 a 2011), além de algumas referências clássicas
1
Escola Superior de Ciências da Saúde/ e prioritárias.
FEPECS da Secretaria de Estado de Saúde
do Distrito Federal. Brasília-DF, Brasil. Palavras-chave: Gravidez; Hipertensão Arterial; Pré-eclâmpsia;
2
Faculdade de Medicina de Botucatu/
UNESP. Botucatu-SP, Brasil. Morbidade Materna; Mortalidade Materna.

ABSTRACT

Introduction: Preeclampsia is a major cause of maternal and perinatal


morbidity and mortality in Brazil and worldwide. It is a heterogeneous
disorder, multifactorial, with no clear etiology and pathophysiology.
The identification of risk factors for its development can assist in pre-
vention and early diagnosis of the clinical onset of the disease
Correspondência
Walter Toledo Amaral Objective: To identify risk factors related to the development of pree-
SQS 116, bloco E, apartamento 205, clampsia aimed at identifying pregnant women at risk for early disease
Asa Sul, Brasília-DF. 70386-050, Brasil.
wtamaral@ambr.com.br and to offer specialized treatment to them.

Com. Ciências Saúde - 22 Sup 1:S161-S168, 2011 153


Amaral WT, Peraçoli JC

Methodology: A bibliographic survey of scientific articles indexed


in the following databases: CAPES (Ovid external Link), Scientific
Eletronic Library Online (SciELO), Latin American and Caribbean
Health Sciences Literature (LILACS), and Medical Literature Analysis
and Retrieval System Online (Medline) of the National Library of
Medicine over the last tem years (2001-2011) was carried out with the
addition of certain classic and priority references.

Keywords: Pregnancy; Hypertension; preeclampsia; Maternal


Morbidity; Maternal Mortality.

INTRODUÇÃO

Há estreita relação entre os índices de mortalida- rial crônica, merece destaque por ser específica da
de materna e desenvolvimento social, econômico gestação e a principal responsável pelas taxas de
e cultural de uma região. A mortalidade mater- morbimortalidade materna e perinatal.
na constitui-se em grave violação dos direitos re-
produtivos da mulher, visto que, grande parte dos Apesar do desconhecimento da etiologia da PE e
óbitos maternos é evitável, desde que se ofereça da complexidade de sua fisiopatologia, alguns fa-
assistência pré-natal de qualidade, possibilitando tores estão relacionados com o desenvolvimento
a identificação precoce dos fatores de risco. da doença.

Quanto menor o grau de desenvolvimento de uma Idade materna


população, maior é a participação das síndromes
hipertensivas, hemorrágicas e infecciosas no obi- Em todo o mundo, anualmente ocorrem vinte mi-
tuário materno1. Em países desenvolvidos, essas lhões de partos em mulheres jovens e primíparas,
intercorrências diminuíram progressivamente, sendo 80% destes em países em desenvolvimento.
sendo substituídas por aquelas de características Entre 20% a 25% dos nascimentos se originam de
mais complexas2. gestantes adolescentes, sabidamente mais predis-
postas a desenvolverem intercorrências durante a
No Brasil, a hipertensão arterial é a causa de morte gestação, destacando-se a PE e suas complicações5.
materna mais frequente1,3 e segundo Victora et al.4,
responsável por 23% das mortes maternas dire- Estudo de população sul-americana, comparando
tas. Este cenário já deveria ter mudado, pois exis- gestantes adolescentes com gestantes não-adoles-
tem intervenções que comprovadamente reduzem centes, mostrou aumento significativo da incidên-
o número de mortes maternas decorrentes dessas cia de PE, eclâmpsia, restrição de crescimento in-
complicações obstétricas, como a melhora dos ní- tra-uterino e morte materna. Mostrou ainda que
veis sócio-econômicos e a introdução de meios na adolescência precoce (<15 anos) a morbidade
tecnológicos na assistência obstétrica, na assistên- era maior do que em adolescentes com mais que
cia anestésica e, no diagnóstico precoce e adequa- 15 anos5.
do das complicações obstétricas.
Segundo a literatura, a incidência de hipertensão
Entre as síndromes hipertensivas relacionadas em adolescentes grávidas varia entre 10% e 31%
com a gestação a pré-eclâmpsia (PE), como mani- e quando se controlam os fatores confundidores
festação isolada ou sobreposta à hipertensão arte- (assistência pré-natal, hábitos de vida e nutricio-

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Fatores de risco relacionados à pré-eclâmpsia

nais, paridade, obesidade e apoio familiar) essas esses achados, e assim, atividade profissional ou
cifras não diferem das registradas em gestantes atividade que demande esforço físico importante
não adolescentes6. parecem aumentar as taxas de PE ou de sua gravi-
dade em pacientes de risco12.
Por outro lado, mulheres com idade acima de 40
anos desenvolvem duas vezes mais PE que mulhe- Tabagismo
res mais jovens, com risco similar entre primíparas
e multíparas. Entretanto, é importante assinalar Estudos mostram associação inversa entre taba-
que, a maioria dos estudos não controlou fatores gismo e PE, com relatos de queda de até 30% na
confundidores como hipertensão arterial e diabe- incidência da patologia em mulheres fumantes.
tes prévio7. Entretanto, tabagistas que desenvolvem PE apre-
sentam piores resultados perinatais, com maior
Assim, considera-se que a ocorrência de PE e suas ocorrência de restrição de crescimento intra-ute-
complicações não está relacionada diretamente rino, descolamento prematuro de placenta, baixo
com a idade da gestante6,7. peso ao nascer e prematuridade13-15. Engel et al.13,
avaliando gestações acima de 24 semanas, mos-
Etnia traram diminuição global na incidência de PE em
fumantes (IC: 0,82/0,94), o que não foi observado
Quando comparadas com outras etnias, mulheres nos casos de PE sobreposta à hipertensão arterial
afro-descendentes têm maior incidência de hiper- crônica. A proteção conferida pelo fumo parece
tensão arterial crônica e de restrição de crescimen- ser idade dependente, havendo queda progressiva
to intra-uterino, mas não de PE. Entretanto, apre- com o avançar da idade.
sentam aumento das taxas de PE sobreposta à hi-
pertensão arterial crônica8. O modelo fisiopatológico da PE implica em dois
estágios: o primeiro relacionado à placentação
Em relação à população de primíparas, a incidên- anormal e, o segundo mediado pela hipóxia e
cia de PE é o dobro na população afro-descenden- pela disfunção placentária, provocando a libera-
te, quando comparada com a população branca9. ção de fatores citotóxicos na circulação materna,
que desencadeiam os sinais clínicos da doença. O
Portanto, a hipertensão arterial crônica e a primi- sFlt1, proteína solúvel antiangiogênica, hoje con-
paridade estão associadas a maiores taxas de PE na siderada um dos principais fatores circulantes re-
população afro-descendente. lacionado à PE, apresenta concentrações aumen-
tadas no soro materno cerca de cinco semanas
Atividade física antes do aparecimento dos sinais clínicos da do-
ença. Fumantes apresentam baixas concentrações
A atividade física regular produz efeitos benéficos circulantes quando comparadas às não fumantes.
no sistema cardiovascular, além de diminuir a re- Estudos in vitro mostram que, o monóxido de car-
sistência periférica à insulina, acreditando-se as- bono e não a nicotina, diminui a concentração de
sim que possa também reduzir a incidência de PE sFlt1 em culturas de células endoteliais14.
ou da sua gravidade em mulheres de risco10.
Estudo em população norte-americana de primi-
Estudo realizado na Noruega11 analisou de forma grávidas fumantes e não fumantes normotensas,
conjunta a atividade profissional e física, sem fins antes da gestação, verificaram que o fumo é fa-
desportivos, em 2600 gestantes, com objetivo de tor redutor da incidência de PE, sendo que esta
avaliar se, de forma isolada ou associada, atua- proteção praticamente desaparece nas mulheres
riam como forma de prevenção ou de redução da obesas. Por outro lado, o fumo está associado à
gravidade da PE em gestantes de risco. Mulheres restrição do crescimento fetal intra-útero, sendo
com atividade física regular e consumo de calo- fator de piora na presença de PE. Uma observa-
rias, desempregadas ou com atividade laboral não ção importante desse estudo é que, o sobrepeso e
sedentária apresentaram menor incidência da do- a obesidade são potentes indutores da resistência
ença quando comparadas com grupo controle. O aumentada à insulina, hiperlipidemia, inflamação
mesmo resultado não se observou em relação à e disfunção endotelial, eliminando a ação prote-
hipertensão gestacional ou em mulheres com ín- tora do fumo contra o desenvolvimento da PE. A
dice de massa corpórea pré-gestacional maior que ocorrência da doença foi semelhante entre obesas
30. Entretanto, outros estudos não confirmaram fumantes e mulheres não fumantes15.

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O fumo causa disfunção endotelial e placentação Coabitação sexual


anormal, lesões comuns na PE e na restrição do cres-
cimento fetal intra-útero. A disfunção endotelial está Estudos epidemiológicos suportam o conceito de
presente antes, durante e após gestações complicadas que a má adaptação materna ao antígeno paterno
por PE e restrição do crescimento fetal intra-útero. fetal está intimamente relacionada ao desenvolvi-
Portanto, como explicar o efeito discordante nessas mento da PE. Essa má adaptação imune determina
duas morbidades? As hipóteses em favor do mecanis- resposta materna inadequada aos antígenos fetais
mo de defesa centram-se em alterações ao nível vas- oriundos do DNA paterno e seria o mecanismo
cular materno, como hipotensão causada por toxinas chave do desencadeamento do processo fisiopato-
tipo tiocianato; inibição do tromboxano, um indutor lógico da PE. Esta resposta imune anormal contri-
de vasoconstricção e inibição de fatores antiangio- buiria para a invasão inadequada das artérias es-
gênese. Porém, não justificam a maior incidência de piraladas pelas células trofobláticas, característica
restrição do crescimento fetal intra-útero13-15. tanto da PE como da restrição do crescimento fetal
intra-útero17.
A pré-eclâmpsia se estabelece em um contexto de
disfunção endotelial materna e alterações metabó- Os primeiros trabalhos sugerindo que a exposição
licas (hiperglicemia, hiperinsulinemia, inflamação repetida ao sêmen paterno seria fator de redução da
e hiperlipidemia) e a restrição do crescimento fetal PE surgiram em 197718. Em 1994, um estudo re-
intra-útero isolada se desenvolve quando a disfun- trospectivo que relacionava o tempo de coabitação
ção endotelial não se acompanha de anormalida- sexual com a incidência de PE/HG, mostrou que a
des metabólicas. Marcadores da disfunção endo- duração desse tempo, prévio a concepção, era in-
telial são comuns tanto à PE quanto à restrição ao versamente proporcional à incidência de PE19.
crescimento, não se encontrando marcadores da
disfunção metabólica na restrição do crescimento Apesar de vários estudos corroborarem tais acha-
fetal intra-útero13-15. dos20-22, um estudo em mulheres multíparas não
encontrou esta associação23.
Mulheres que interrompem o tabagismo no início
da gestação não reduzem o risco de desenvolver a Outro estudo multicêntrico avaliou a relação en-
doença. Aquelas que permanecem fumando du- tre o tempo de coabitação e a ocorrência de pe-
rante a gravidez ou interrompem o hábito nas se- quenos para idade gestacional (PIG)21. Sua hipó-
manas finais da mesma ficam protegidas14. tese era que nulíparas que desenvolvem PE e/ou
restrição do crescimento fetal intra-útero teriam
Obesidade menor tempo de exposição ao sêmen paterno
do que àquelas com gestações não complicadas.
A obesidade é importante fator de risco para PE, Demonstrou-se que, um pequeno período de coa-
cuja taxa aumenta quanto maior o índice de massa bitação sexual aumenta a incidência de PE, e mes-
corporal (IMC). Essa morbidade está intimamente mo após ajuste de fatores confundidores, não hou-
relacionada ao aumento da resistência periférica à ve relação significativa quanto à taxa de restrição
insulina, também fator de risco para PE. Possíveis do crescimento fetal intra-útero. Diferentemente
explicações se fundamentam no aumento do estres- de outros estudos, este avaliou apenas nulíparas
se oxidativo associado à circulação hiperdinâmica; e, entre aquelas que usavam condon, considerou
na dislipidemia com aumento do estresse oxidati- apenas o período de relações sem o uso do mesmo.
vo mediado por citocinas; no aumento da ativida-
de simpática e da reabsorção tubular de sódio, e na O efeito protetor do maior tempo de coabitação
interferência direta do estado hiperinsulinêmico no sexual pode ser explicado pela tolerância materna
processo de placentação. O tecido adiposo produz aos antígenos paternos, a partir do contato repeti-
hormônios específicos (adipocinas) com potente do desses com a mucosa materna. A deposição do
ação inflamatória e relacionada ao desenvolvimento sêmen no trato genital feminino desencadeia uma
da PE, atuando como marcadores na identificação cascata de eventos celulares e moleculares, cau-
precoce da doença. A concentração de adiponectina, sadores de reação inflamatória clássica. Estudos
uma adipocina com ação anti-inflamatória, diminui posteriores confirmam que a exposição ao sêmen
à medida que o IMC aumenta com incremento da paterno induz a um processo de aloimunização
resistência periférica à insulina. Mulheres com bai- na mulher24,25.
xo peso têm menor taxa de anormalidades metabó-
licas que as obesas, estando assim protegidas16.

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Fatores de risco relacionados à pré-eclâmpsia

Outro dado, que reforça a importância da res- Antecedente familiar


posta imunológica materna, é que gestantes HIV+
com deficiência de células T apresentam menor Alguns trabalhos mostram alta incidência de PE
incidência de PE que as imunocompetentes25. entre familiares. O antecedente da patologia na
Também a prática do sexo oral e o sexo sem pre- mãe e/ou irmã parece exercer forte influência no
servativo com mesmo parceiro antes da concep- desenvolvimento da mesma. Mulheres provenien-
ção representam um fator de proteção26. tes de gestações complicadas por PE têm elevado
risco de desenvolverem a patologia em suas pró-
Estes achados sugerem que o menor tempo de ex- prias gestações32.
posição aos antígenos paternos aumenta o risco de
desenvolver a doença. Estudos genéticos identificaram locis em diversos
cromossomos, que sugerem ser a doença um dis-
Troca de parceiro túrbio multigênico, estando identificados cerca de
12 genes que estariam envolvidos no processo de
A pré-eclâmpsia é considerada uma doença típica má decidualização e conseqüente inadequada pla-
da primeira gestação, estando o risco aumentado centação no primeiro trimestre. Outros genes se
em mulheres com exposição limitada ao esperma relacionam com o processo de regulação do siste-
do parceiro antes da concepção. Isso justificaria, ma renina angiotensina e com a produção de óxi-
em parte, o alto risco de PE em mulheres com ida- do nítrico de origem endotelial, mecanismos rela-
de abaixo de 20 anos. Um aborto prévio ou gesta- cionados ao desenvolvimento e evolução da PE29.
ção sadia com o mesmo parceiro reduziria o risco
de desenvolver a doença. O risco aumentaria com Infecções
a troca de parceiro. Alguns autores sugerem que,
o intervalo interpartal estaria relacionado ao ris- Gestações sadias resultam de um processo infla-
co da PE27, sendo menor esse risco quanto maior matório sistêmico, que favorece a implantação
o intervalo. Entretanto, esses dados não são cor- do ovo e o desenvolvimento da gestação. Na PE,
roborados por outros autores28. Dessa forma, os esse processo está exacerbado. Portanto, a doen-
achados relacionados com o intervalo interpar- ça não é uma entidade isolada, mas um final ex-
tal não são hoje considerados quando se levanta tremo negativo produzido a partir de uma varie-
a discussão sobre os fatores de risco para PE. De dade de respostas inflamatórias sistêmicas indu-
qualquer forma, entre os casais que apresentam zidas pela própria gestação33. Portanto, qualquer
grandes intervalos interpartais, em muitos deles fator que exacerbe essas respostas pode predispor
a mulher é portadora de síndrome dos ovários à PE. Assim, acredita-se que qualquer fator que
policísticos, apresentando resistência periférica à intensifique a reação inflamatória materna, como
insulina aumentada, fator de risco considerado na processos infecciosos e doenças reumáticas, pode
gênese da PE. predispor à PE. A literatura mostra que infecções
maternas como as do trato urinário, periodontal,
Evidências sugerem a existência do chamado pai por clamídia e pelo citomegalovírus estão associa-
de risco. Estudos de grupos populacionais con- das com a patologia34.
cluíram que o pai portador de histórico de PE em
gestação anterior é de alto risco para induzir nova Recorrência
gestação com PE em outra mulher, independente-
mente se esta já manifestou ou não PE em gestação A literatura define a PE como doença característi-
anterior29,30. Homens com história de gestações ca da primiparidade. Acredita-se ser uma doença
anteriores com PE apresentam maior incidência predominante em primigestas por que estas, após
de recorrência em nova parceira. PE é relativa- uma má experiência, desistem de uma nova ges-
mente comum em gestações cujo pai, mas não a tação. Outro fator importante é que a infertilidade
mãe, é proveniente de gestações complicadas pela também esta fortemente associada ao surgimento
patologia. Fala também a favor do fator paterno o da patologia. O risco de desenvolver PE em qual-
fato que gestações molares, 100% geneticamente quer gestação é de cerca de 3,5%. Na primeira ges-
de origem paterna, comumente evoluem com ma- tação varia entre 4% e 5% e nas subseqüentes 2%.
nifestação de PE31. Se uma mulher desenvolveu PE na primeira ges-
tação, o risco de que a mesma ocorra na próxima
está em torno de 14%. Se não apresentou PE na
primeira e não trocou de parceiro, esse risco se

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reduz a cerca de 1%. Em mulheres que desenvol- CONSIDERAÇÕES


veram PE nas duas primeiras gestações, cerca de
32% desenvolverão a doença novamente. Em mu- Na assistência pré-natal, a identificação de fatores
lheres que foram normotensas na primeira gravi- de risco relacionados ao desenvolvimento da PE é
dez e que desenvolvem PE na segunda gestação, fundamental, para que se possa promover vigilân-
a porcentagem de desenvolvimento PE é de 16% cia mais cuidadosa no sentido de diagnosticar os
na terceira gravidez e 29% na quarta gravidez7,35. primeiros sinais e/ou sintomas da doença. Como
não existem meios eficazes, a nível populacional,
de prevenção da PE, uma vez identificados esses
sinais e/ou sintomas, é fundamental que a atenção
esteja voltada para impedir o agravamento da do-
ença e assim, reduzir a morbimortalidade materna
e perinatal.

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