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Guarulhos
2016
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CAROLINE SCHIAVONI DA SILVA
Guarulhos
2016
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RESUMO
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SUMÁRIO
Páginas
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
1.1 Apresentação ........................................................................................................ 6
1.2 Justificativa ............................................................................................................ 6
1.3 Objetivos ............................................................................................................... 7
3 MÉTODO................................................................................................................ 18
4 DISCUSSÃO E
RESULTADOS...........................................................................................................19
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 22
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23
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1 INTRODUÇÃO
O autismo é um distúrbio complexo, que até hoje em dia ainda não há uma explicação
metodológica, abordagem clínica ou modelo que possam explicar de forma única à
origem ou causalidade da síndrome.
As primeiras tentativas para explicar e definir tal síndrome veio a partir de estudos de
Leo Kanner em 1943 e o surgimento da moderna psiquiatria infantil onde abordava
diversos aspectos como foco, por exemplo, aspectos biológicos (neuroquímicos,
genéticos, etc.) componentes psicodinâmicos e ambientais do distúrbio (privações
graves, patologia parental, etc.) e por fim, ao approach cognitivista do problema
(incapacidade de decifrar a mímica materna, entre outros). Kanner, em seu primeiro
artigo chamado “Distúrbios autísticos do contato afetivo” caracteriza a criança autista
como aquela que possui inaptidão para estabelecer relações normais com o outro;
atraso na aprendizagem da linguagem e mesmo depois de se desenvolver há
incapacidade de estabelecer valor na comunicação do outro; como também, a maioria
dessas crianças apresentam estereotipias gestuais e necessidade de manter o
ambiente material imutável, por exemplo, os móveis e objetos que se encontram no
local onde passam a maior parte do tempo, principalmente se esses objetos são eles
mesmos que organizam. Entretanto, todas elas possuem aparência física normal
(LEBOVICI; PHILIPPE, 1991).
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Adiante foram feitos vários testes ou questionários para avaliar crianças autisticas e
descobrir suas particularidades e formas de diagnóstico, dentre os autores da época
estão: Rimland (1964); Creak (1964); Myer (1971); Reicher e Schopler (1971) com o
teste CARS; Rutter, Ritvo e Freeman (1978); entre outros. Embora muitos deles
tenham sido eficazes para diversos aspectos do autismo, como por exemplo, a
evolução do comportamento da criança, nenhum atualmente permite avaliar o
autismo, nem mesmo possível de considerar quais são os sintomas que se possam
considerar como primários e aqueles que aparecem como secundários, ou os
mecanismos responsáveis pelo mesmo, ou seja, não há precisão na definição da
síndrome.
1.1 Apresentação
1.2 Justificativa
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Outro motivo para a realização desta pesquisa é pelo fato de que essa síndrome,
assim como muitas outras psicopatologias estão em grande parte associadas à
maternidade como sendo um fator principal no aparecimento ou desencadeamento da
síndrome ou doença. Por isso, justifica-se a importância do presente trabalho para
expandir o foco como sendo apenas na relação do autismo com a mãe, e assim,
passa-se a observar também que o próprio bebê pode estar diretamente
correlacionado com a síndrome autística, visto que, ambos necessitam de
“identificação no movimento de comunicação primitiva”, comunicação esta que,
segundo Klein (1991, p.27 apud ROCHA, 2012, p.38) é um “ataque ao corpo materno
[...] efetuado pela expulsão de partes do self para dentro da mãe”, possibilitando que
ele – o bebê – desenvolva boas relações com este objeto, integrando-o ao seu ego.
Assim, a deficiência desta ferramenta de comunicação impossibilita o bebê de se
comunicar com sua mãe e de receber os investimentos libidinais de sua parte que o
faça, por sua vez, percebê-la como o grande “Outro”. Sendo assim, parece
indispensável uma pré-disposição do bebê para projetar tais conteúdos no corpo da
mãe, porém sem a certeza se esta pré-disposição depende desta última.
1.3 Objetivos
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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complementares, sendo, em um primeiro momento “quando o bebê vai em busca do
objeto oral (seio ou mamadeira) para dele apoderar-se”; em um segundo momento,
quando o “bebê tem uma boa capacidade autoerótica, se ele é capaz em particular de
chupar sua mão, seu dedo ou então uma chupeta... que chamamos de experiência
alucinatória de satisfação, intimamente relacionada com o autoerotismo” e, por fim, “o
terceiro tempo necessário ao fechamento do circuito pulsional, e ao que podemos
propriamente chamar de satisfação pulsional” que é exatamente quando o individuo
se faz “objeto de um novo sujeito”, ou seja, submete-se ao outro que, por sua vez se
tornará sujeito de sua pulsão. Ao contrário do sujeito que chega ao Narcisismo, o bebê
autista não “completa” este ciclo, permanecendo no segundo momento,
particularmente autoerótica, onde nunca vai alcançar o estado de Narcisismo, haja
vista que algo o fez negar-se como objeto. Bettelheim sugere que o Autismo é
resultado de uma falha em realizar o que é potencial no indivíduo por um trauma do
ambiente, levando-o a rejeitar o mundo exterior; o estímulo do “Outro”, – aqui referido
como a mãe por ser o primeiro objeto de desejo do bebê – foi nulo ou inadequado ao
lidar com esse bebê, fazendo com que fosse reprimido o impulso necessário para lidar
com o ambiente à sua volta, trazendo como consequência a falta de energia para a
constituição da personalidade (BETTELHEIM, 1987). Uma vez compreendida a
função fundamental da experiência do desamparo para a instalação da idealidade e
da saudável constituição psíquica do sujeito, percebe-se o papel indispensável do
outro – da mãe – em acolher e suprir as necessidades do bebê, oferecendo-lhe
compaixão e empatia pelo que está sentindo, pois, a vivência de sua própria
experiência faz com que seja solidária ao seu apelo. Posto que tais necessidades
sejam devidamente satisfeitas, formar-se-á um território delimitado do qual se
instalarão, simultaneamente, os conteúdos necessários para lidar com as exigências
do início da vida, configuradas pelos ataques das exigências sensoriais, objetais e
pulsionais que agora fazem parte da sua realidade (ROCHA, 2012). Ainda segundo
Rocha, há a necessidade de que o bebê “encontre um reflexo, cuja origem está no
corpo da mãe”, formando a noção de “identificação” e dando lugar à mãe no seu
psiquismo. Este processo será a introdução da experiência narcísica que resultará,
posteriormente no “plano da idealidade” (ROCHA, 2012, p. 36). A partir deste
desencontro que impossibilitou a identificação entre bebê e mãe, o “movimento de
comunicação primitiva” também será comprometido, visto que “a comunicação entre
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o bebê e a mãe se dá por processos que envolvem também a subjetividade, a
sexualidade e a violência materna” assim como “a fonte de todas as demandas
posteriores do sujeito” (ibidem, p. 37). Comunicação esta que, segundo Klein (1991,
p27 apud ROCHA, 2012, p. 38) é um “ataque ao corpo materno [...] efetuado pela
expulsão de partes do self para dentro da mãe”, possibilitando que ele – o bebê –
desenvolva boas relações com este objeto, integrando-o ao seu ego. Assim, a
deficiência desta ferramenta de comunicação impossibilita o bebê de se comunicar
com sua mãe e de receber os investimentos libidinais de sua parte que o faça, por sua
vez, percebê-la, como o grande “Outro”. Por fim, considerando esta falha na função
de comunicação com a mãe, e fazendo uma correlação entre a teoria das funções alfa
e beta de Bion (1987 apud ibiidem, p.39) e o modelo neurológico proposto por Freud
(1987aa apud ibidem, p. 24), percebe-se que o bebê autista não se vê emissor
daquela mensagem que transmitira, pois, o Outro, a mãe, não “traduziu” essa
informação para ele, de modo que ele não se reconheceu como tal. Ou seja, o que
Bion cunhou de rêverie, a capacidade da mãe de receber (incondicionalmente) os
conteúdos vindos do seu bebê e, consequentemente, a identificação, para que a
mensagem seja transmitida de volta, de uma forma que o bebê entenda, não foi
efetuada, resultando na deficiência da função alfa, ou, em termos freudianos, na
função dos neurônios impermeáveis, fazendo-se agir, predominantemente os
neurônios permeáveis, os quais atendem ao processo de arco reflexo, ou descarga
imediata. Levando-se em conta que “não há um eu sem um outro e não há um outro
sem um eu” (SANTA CLARA, 2007), pode-se inferir que o bebê autista não chegará
ao estado de Narcisismo. Desta forma, portanto, a mãe, o objeto primário, que deveria
ser a transmissora da cultura para o bebê, e entendendo cultura como as “regras
socialmente aceitas” de dada sociedade à qual estão inseridos e todo o contingente
necessário para que o indivíduo se sinta incluso – e aceito – no seu meio, como a
sublimação dos seus impulsos sexuais, por exemplo, percebe-se uma relação com o
que Wing, ao se tratar de autismo, estabelece uma tríade de comportamentos típicos
de crianças com este quadro, como já mencionado: Prejuízos na integração social e
na comunicação e comportamento focalizado e repetitivo (WING e GOULD, 1979).
Em um estado mais primitivo de sua constituição, a satisfação sexual do bebê não
passa da necessidade e, neste momento, algo ocorre para que haja um desinteresse
violento que o impeça de buscar o interesse da satisfação por meio da pulsão. No
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indivíduo autista percebe-se que não houve a completa instauração do circuito
pulsional, pois não houve a constituição do sujeito que o faça (o bebê) se ver como o
emissor daquela mensagem que emitira, ou melhor, não há um retorno que consuma
a total instauração deste círculo. Essa não instauração resulta na falta de uma
estruturação psíquica que permita com que o bebê se constitua como sujeito
desejante, não atingido o interesse pela satisfação pulsional, perpetuando, assim, seu
estado primitivo de desenvolvimento. O bebê continua no estágio inicial da libido, o
autoerotismo, por não ter tido a possibilidade de formar a imagem do Outro unificado;
nunca chegará a ter desejo, uma vez que não há falta. Winnicott, por sua vez, reforça
a tese de uma fase autista natural a todos os seres humanos acrescentando que, em
suas experiências práticas em clínica “muitos casos no qual havia uma tendência ao
autismo [...] foi, porventura, compensada, mas que poderia ter produzido o quadro
autista” (WINNICOTT, 1988).
2.1.1 Diagnóstico
c) não tenta compartilhar suas emoções (Ex.: não mostra uma coisa que gostou);
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a) atraso ou falta de linguagem falada;
b) nos que falam, dificuldade muito grande em iniciar ou manter uma conversa;
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desinteresse pelo mundo exterior como um todo, preferindo um mundo isolado e
inabitado; severas dificuldades de comunicação, que é tida, tanto como dificuldades
na comunicação verbal, quanto não verbal e, por fim, a ausência de atividades
imaginativas, como, por exemplo, o brincar de faz-de-conta, o qual por vezes é
substituído pelos comportamentos repetitivos. Em contrapartida, estudos
neuroanatômicos de alterações encefálicas foram realizados nos anos 80 em
cadáveres de pessoas outrora autistas, onde foram encontradas alterações
substanciais no lobo frontal medial; temporal medial; gânglios da base e tálamo,
dentre outras (DAMÁSIO; MAURER, 1978) o que nos apresenta uma diferente, mas
não antagônica forma de se compreender o Autismo. Tanto em um contexto
psicológico ou orgânico, ambos podem – e por vezes o são – complementares.
Associado à concepção de que o Autismo é uma síndrome neuropsiquiátrica, sugere-
se aqui a presença de alguns fatores genéticos e neurobiológicos que podem ser
associados à síndrome mesmo que não haja uma etiologia confirmada. Em linhas
gerais, aos instrumentos aplicados tanto para triagem quanto para a avaliação do
Autismo são subdivididos em testes para identificação - que são utilizados para
constatar possíveis alvos de intervenção; para o efetivo diagnóstico - que são
utilizados para acompanhar os sintomas ao longo do tempo - e os chamados
“instrumentos de rastreamento” que são aplicados por profissionais de áreas
específicas para detectar os sintomas relativos ao espectro sem, no entanto, concluir
um diagnóstico.
2.1.2 Tratamentos
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enfrentar. Junto com o impacto causado por esta disparidade em toda a família, para
a mãe os seus conflitos internos são mais difíceis de ser superados, impossibilitando-
a de realizar seus desejos e de trabalhar suas fantasias o que gera sentimento de
frustração. “os pais de uma criança deficiente estão em eterno luto pela perda do filho
saudável que não veio; o que existe é uma criança substituta que está definitivamente
lesada” (GAUDERER 1985 apud CABRAL et al., 2012). A família tem um papel
importante no cuidado da pessoa Autista. É dela que é exigida uma dedicação
incondicional e extensiva provocando, frequentemente, a quebra da rotina familiar,
profissional e de lazer. A interrupção e/ou diminuição das horas de trabalho, lazer ou
o tempo empreendido para com os outros membros da família são afetados de modo
a trazer desconfortos, o que demanda uma ação de intervenção também para os pais
e cuidadores deste paciente. Um espaço que possam ser acolhidos, ouvidos e
orientados e, se necessário, uma ação terapêutica mais intensiva. Ao serem
identificados sinais de alerta que possibilitem a instalação do quadro autista, a
imediata intervenção é altamente importante, haja vista que os resultados favoráveis
à terapias quanto mais precocemente empregados resultam em maiores chances de
sucesso devido à “plasticidade” do cérebro nos primeiros anos de vida das crianças
que tornam privilegiadamente viáveis as intervenções à nível de constituição
psicossocial e do funcionamento das conexões neuronais ainda em formação. É desta
forma, no contato e na assistência à relação mãe-bebê empregada pelos profissionais
da saúde que deve ser empregada a tarefa de identificar e prevenir por meio da
Atenção Básica (UBSs, Saúde da Família, Equipes de Saúde básica, etc.) qualquer
sinal que promova alguma alteração no desenvolvimento saudável do bebê. Por não
haver nenhuma cura conhecida, “a intervenção o mais precoce possível em um
ambiente educacional adequado para pelo menos dois anos durante os anos pré-
escolares podem resultar em melhorias significativas na linguagem, na capacidade
cognitiva e nas habilidades sociais para muitas crianças” (PAULA et al, 2011, p.1).
2.1.3 No Brasil
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3 MÉTODO
A pesquisa bibliográfica foi conduzida em três etapas, na primeira foi definido o tipo
de estudo, sendo então um estudo descritivo realizado por meio de uma revisão de
literatura onde o objetivo foi descrever alguns dos aspectos do autismo, suas
possíveis principais causas, revisão teórica e possíveis tratamentos, destacando a
psicanálise no diagnóstico e a possível influência da figura materna na instalação do
distúrbio.
A terceira e última etapa trata-se da análise dos dados coletados, sendo assim, a
presente revisão teórica permitiu observar a evolução do conceito do Autismo, a
definição da síndrome de Asperger e os critérios utilizados para o diagnóstico do
mesmo ao longo do tempo.
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4 DISCUSSÃO E RESULTADOS
Começando as primeiras descrições por Plouller, em 1906 onde usou o termo autismo
para descrever o sinal clinico de isolamento, Bleuler posteriormente, em 1911, para
descrever um dos sintomas da esquizofrenia, mais precisamente como fuga da sua
realidade, Melanie Klein observando as diferentes características qualitativas das
crianças autistas comparado as crianças psicóticas, e mais adiante o termo foi usado
por Asperger e Kanner onde este último diferencia os quadros clínicos e forma uma
nova síndrome diferenciando-a das demais que já existiam na época, ou seja,
descreveram crianças e jovens com padrões de comportamentos repetitivos e
restritos, fala mecanizada e mundo externo sendo alheio à sua realidade.
Já para a psicanálise pode-se entender o autismo como um estado em que não foi
totalmente instaurado certo número de estruturas psíquicas, gerando assim os déficits
de natureza cognitiva, e pensando em focos de intervenção ou uma possível
prevenção deve levar em conta a lógica de que a deficiência seria a falha na
instauração das estruturas psíquicas (LAZNIK, 2013). Introduzindo então Freud com
seus estudos sobre autoerotismo e Narcisismo, como sendo uma fase natural autista
que todos experimentamos nos primórdios da vida, trazendo à tona o conceito de
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pulsão (dependência do objeto) e linguagem, ou seja, o bebê autista não completa o
circuito pulsional, trazido por Laznik divido em três momentos que ao ser completado
faz com que o bebê seja objeto de um novo sujeito, e o autista sente que algo o fez
negar-se como objeto. Seguindo nessa linha Bettelheim sugere que o autismo é
resultado de uma falha em realizar o que é potencial do indivíduo por um trauma do
ambiente, rejeitando assim o mundo exterior, levando em conta que a mãe é o primeiro
objeto de desejo do bebê, e se o estimulo da mesma for nulo ou inadequado ao lidar
com esse bebê, ou seja, ele não teve retorno da mensagem que emitiu, faz com que
o impulso necessário seja reprimido para lidar com o ambiente a sua volta e como
consequência traz a falta de energia para a constituição da personalidade e assim
torna-o um sujeito sem desejo uma vez que não há falta (BETTELHEIM, 1987).
Winnicott reforça a tese de Freud quando se trata de uma condição natural a todos os
seres humanos, acrescentando apenas que em suas experiências em clínica os casos
que haviam tendência ao autismo foram compensados de alguma maneira
(WINNICOTT, 1988).
Posteriormente surgiram vários autores que que fizeram testes ou questionários para
avaliar crianças autísticas, e assim descobrir suas particularidades e formas de
diagnóstico, alguns foram eficazes para observar a evolução do comportamento da
criança por exemplo, entretanto ainda há muito para se estudar e pesquisar para se
obter critérios diagnósticos mais precisos e consistentes.
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(DAMÁSIO; MAURER, 1978) onde ambos podem ser complementares para o
diagnóstico mesmo que não haja uma etiologia confirmada, mas podem ser utilizados
para acompanhar os sintomas ao longo do tempo e os “instrumentos de rastreamento”
utilizados por profissionais de áreas específicas, no entanto sem concluir um
diagnóstico.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora hoje em dia não se tenha a resposta de como diagnosticar e tratar de forma
definitiva tal patologia, pode-se abrir inúmeros questionamentos sobre as causas,
principalmente quando discutidas na visão psicanalítica e nesse caso, colocando
como foco a relação mãe-bebê, quando compreendida a importância, se não,
fundamental experiência desse bebê com o Outro – mãe – sendo a provedora dos
primeiros cuidados, acolhimento, empatia e quem vai suprir as necessidades desse
bebê e assim serão formados os conteúdos necessários para lidar com as exigências
do início da vida. Mas, à medida que a mãe oferece esse conforto para o bebê, este
também tem que assentir aos seus investimentos? Tem escolha? Se sim, quando não
o faz, poderia achar o foco desta negação na forma como a mãe lida com esse bebê?
Pode-se pensar nisso levando em conta que na visão psicanalítica é necessário que
esse bebê encontre um reflexo, uma identificação nessa mãe, ou seja, que a
mensagem que ele transmitiu seja correspondida e, uma vez que essa identificação
não acontece poderia conceber esta causa como o início da instalação do quadro
autista? Se sim, há, também, uma parcela de responsabilidade pela parte do bebê em
negar aos investimentos de sua mãe, sendo assim todo o processo de comunicação
primitiva entre ambos, que envolvem a subjetividade, sexualidade e a violência
materna estarão prejudicados a partir de então, portanto, parece-me indispensável
uma pré-disposição do bebê para projetar tais conteúdos no corpo da mãe, porém
sem a certeza se esta pré-disposição depende desta última.
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REFERÊNCIAS
AJURIAGUERRA, J. - Manual de Psiquiatria Infantil. 2ª edição. Rio de Janeiro:
Masson, 1980.
DAMÁSIO, A.R.; MAURER, R.G. A Neurological Model for Childhood Autism. Arch
Neurol, v. 35, p. 777-86, 1978.
23
LAZNIK, M. C. A Voz da Sereia: o Autismo e os Impasses na Constituição do
Sujeito. 3ª Ed. Salvador, BA: Álgama, 2013.
PAULA, S. C. et al. Autism in Brazil: perspectives from Science and society. Rev.
Assoc. Med. Bras., São Paulo, v.57, n.1, Feb. 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ramb/v57n1/v57n1a02.pdf>. ISSN0104-4230. Acesso em 31
mai. 2016.
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