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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

LARISSA VEIGA PASSOS

PROVA EMPRESTADA - RESUMO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

SALVADOR

2018
Prova Emprestada

Diz o art. 372 do Código de Processo Civil:

O juiz poderá admitir a produção de prova aduzida em outro


processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado,
observado o contraditório.

A ideia da prova emprestada no Processo Civil é decorrente do princípio


da economia processual. Se se tem em um outro processo uma determinada prova que
possa servir à um processo que esteja em trâmite, é possível que essa prova seja
emprestada.

Pode-se emprestar prova de qualquer tipo de processo: criminal, trabalhista,


cível e até mesmo administrativo. Além disso, essa prova pode ser emprestada de ofício.
É possível que o juiz, manifestando seu poder instrutório determine o empréstimo de
uma prova de outro processo que ele tenha conhecimento, desde que respeitado o
contraditório. Deve-se respeitar o princípio do contraditório no processo de origem. O
réu deverá participar da produção da prova do processo de origem.

A prova emprestada guarda a mesma eficácia que tem no processo de origem.


Por exemplo, se no processo de origem for uma prova pericial, o juiz deverá considerar
no processo de destino da mesma forma. A eficácia e a aproveitabilidade são
inversamente proporcionais à possibilidade da sua produção.

Tomemos um exemplo, que ajudará a esclarecer a questão. Trata-se de situação


que ocorre com alguma frequência na prática. Uma pessoa (A) sofre um acidente de
trabalho, do qual decorrem lesões. Sustentando que, em razão dos ferimentos, ficou
incapaz, ajuíza duas ações distintas, como permite a lei. Postula um dos benefícios
acidentários, previstos na lei correspondente, em face do INSS, perante a Justiça
Estadual (varas de acidente de trabalho ou, onde não as houver, perante as varas cíveis).
Posteriormente, perante a Justiça do Trabalho, ajuíza ação de indenização em face do
patrão, alegando que o acidente ocorreu por negligência dele, que não forneceu
equipamento de segurança adequado. Termos, assim, duas ações.

Em ambas, será indispensável que o autor comprove incapacidade para o


trabalho, e, para isso, a prova necessária é a pericial. Imagine-se que, no processo em
face do INSS seja realizada tal prova. É comum que, no processo ajuizado em face do
patrão, se queira utilizar, por empréstimo, a prova produzida no outro processo. Mas
será isso possível? Depende. Pode ser, por exemplo, que o resultado da perícia agrade o
autor A, e que ele traga cópias e peça para usá-la no segundo processo como prova
emprestada contra o patrão. Se ele o fizer, o juiz deve, primeiro, ouvir o patrão. Se este
discordar, o juiz não poderá admitir tal prova, porque ele não participou do processo em
que ela foi produzida; não teve oportunidade de participar do contraditório, formulando
quesitos e indicando assistentes. Utilizar essa prova sem o seu consentimento, e sem que
ele tenha participado da sua produção, implicaria ofender o princípio do contraditório.
Tal perícia só poderá, pois, ser utilizada como prova emprestada se o patrão, que não
participou, concordar.

Pode ocorrer o contrário: que o resultado da perícia não seja favorável ao autor,
caso em que é possível que o patrão extraia cópias e as traga para usar como prova
emprestada. Se assim for, o autor não poderá recusá-la, porque ele participou do
processo anterior e teve oportunidade de requerer o que de direito. Em relação a ele, foi
respeitado o contraditório.

Por meio desse exemplo, é possível extrair a seguinte conclusão: Só se pode usar
prova emprestada contra alguém em duas hipóteses: quando participou da produção da
prova no processo em que produzida: ou quando, não tendo participado, concordar com
a sua utilização.

Dentre as várias regras que disciplinam o negócio processual no novo código,


merece destaque aquela contemplada em seu art. 190. De acordo com esse dispositivo,
se o processo versar sobre direitos que admitam autocomposição, as partes poderão,
desde que capazes em sua plenitude, estipular mudanças no procedimento para ajustá-
lo às especificidades da demanda, isto é, àquilo que de especial e, portanto, merecedor
de destaque, exista na questão de direito material a ser veiculada no processo. Nesse
novo contexto normativo, as partes poderão convencionar, dentre outros temas, a
respeito de ônus da prova, inversão cronológica de atos processuais, poderes,
faculdades e deveres. E, como já afirmado, poderão pactuar sobre essas matérias antes
mesmo do processo, o que significa inserir em contrato, público ou privado, negócio
jurídico de natureza processual, que vai muito além da mera eleição de foro, admitida
pelo código ainda em vigor. 3 Se, no curso ou depois de extinta a relação jurídica,
houver necessidade de ir a juízo, os contratantes, agora partes, irão submeter -se a
procedimento, que deverá ser processado na forma e nos moldes ali pactuados.
REFERÊNCIAS

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. 7ª Ed.


Editora Saraiva. 2016.

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