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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 50ª

VARA DO JÚRI DA COMARCA DA CAPITAL, ESTADO DE SÃO


PAULO.

Processo nº __/__

Paulo, qualificado nos autos em epígrafe, via de seu advogado e procurador


que esta subscreve, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no
artigo 593, inciso III, alínea d do Código de Processo Penal, interpor
RECURSO DE APELAÇÃO, por não se conformar com a r. Sentença de fls
________.

Requer o recebimento e processamento do presente, com as anexas razões


recursais.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data,

Advogado _________________

O. A. B. Nº _________
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DO ESTADO DE SÃO PAULO

Comarca de __________

Cartório do __ Ofício Criminal

Processo nº __/__

Apelante: Paulo

Apelado: Justiça Pública

DOUTO PROCURADOR,

COLENDA CÂMARA,

EMÉRITOS JULGADORES:

A r. Sentença de fls., não traz aos autos a correta e eficaz aplicação da Justiça,
conforme será demonstrado pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

DOS FATOS

O acusado estava andando distraidamente pela Praça João Mendes, no centro


da capital paulistana, quando foi repentinamente abordado por um morador de
rua, que lhe pediu esmola. Surpreendido, e acreditando tratar-se de um roubo,
pretendendo defender-se, empurrou a vítima, Carlos, que bateu a cabeça no
meio fio e morreu em virtude de trauma crânio encefálico.

Paulo foi denunciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado, em


razão de motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima
(artigo 121, § 2º, II e IV do Código Penal Brasileiro).

A denúncia foi recebida e o acusado processado regularmente. Após prova


oral, o juiz competente admitiu a pronúncia, por desacreditar da versão do réu.

No Tribunal do Júri, o réu manifestou-se no sentido de jamais ter pretendido a


morte da vida, alegando que agiu instintivamente à abordagem. Neste
momento, a acusação não produziu prova testemunhal; a defesa, por sua vez,
arrolou as testemunhas Teco e Tico, que informaram que presenciaram os
fatos e corroboraram a versão de Paulo.

Mesmo com as provas produzidas, o Conselho de Sentença acolheu


amplamente o pedido da acusação, condenando o réu pela prática de
homicídio duplamente qualificado. O juiz presidente condenou-lhe à pena de
12 anos de reclusão no regime fechado.

DO DIREITO

Paulo foi condenado pelo crime de homicídio duplamente qualificado,


previsto no artigo 121, § 2º, I e IV, do Código Penal.

O acusado foi abruptamente surpreendido pela abordagem de um morador de


rua, Carlos, e, acreditando tratar-se de roubo, de modo instintivo e em uma
tentativa desesperada de defesa, desferiu um empurrão à vítima. Esta, por uma
fatalidade, bateu a cabeça no meio fio e morreu.

Durante o julgamento, a acusação foi incapaz de produzir prova testemunhal


acusatória.

As testemunhas da defesa, por sua vez, que presenciaram os fatos, bem como
a reação de Paulo, afirmaram veemente que este claramente se assustou com a
abordagem inesperada da vítima.

A legítima defesa está prevista como causa excludente de ilicitude no


artigo 23, II do Código Penal. Conforme o artigo 25 da mesma Lei, esta é
estabelecida como a forma que um indivíduo, usando moderadamente dos
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
de outrem.

Já no artigo 20, § 1º do Código Penal, verifica-se que há a isenção de pena por


quem incidir em erro plenamente justificável pelas circunstâncias, se supõe
situação de fato que tornaria a ação legítima. Trata-se, no caso, de legítima
defesa putativa.

A legítima defesa putativa é responsável pela exclusão da culpabilidade, uma


vez que há a inexigibilidade de conduta diversa por parte do acusado. Deve
ser ponderada a culpa do agente, vez que a reprovabilidade de sua conduta é
mínima, considerando que o erro em que incorreu o acusado é plenamente
justificável.
No presente caso, vez que o acusado acreditava ser vítima de injusta agressão
(roubo) pela vítima, o que o levou a agir de modo instintivo para repelir
agressão que acreditava ser iminente, verifica-se a hipótese de legítima defesa
putativa. Se julgando erroneamente em face de uma agressão atual e injusta,
Paulo estava legalmente autorizado à reação que empreendeu.

Embora o crime de homicídio tenha previsão culposa, constata-se que a


conduta do agente não derivou de nenhuma forma prevista no
artigo 18, II do Código Penal, quais sejam negligência, imprudência e
imperícia, não restando outra opção senão sua isenção total de pena.

Com o não reconhecimento da referida excludente de culpabilidade, qual seja


a legítima defesa putativa, a decisão que condenou o acusado nos termos da
denúncia prova-se manifestamente contrária à prova dos autos, devendo o
veredicto dos jurados ser anulado, com base no artigo 593, III, alínea d, pelos
fatos expostos.

DO PEDIDO

Por tudo quanto foi exposto, requer o conhecimento e provimento do presente


recurso, com a reforma da r. Sentença de fls., com fulcro no inciso III, d, do
artigo 593 do Código de Processo Penal, e seu parágrafo 3º, solicitando que
seja cassado o veredicto, por ter sido manifestamente contrário à prova dos
autos, devendo ser o réu submetido a novo julgamento.

Local e data

Advogado _________________

O. A. B. Nº _________

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