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Angelus Novus

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Angelus Novus

Angelus Novus (em português, 'anjo novo) é o título latino de um desenho a nanquim, giz
pastel e aquarela sobre papel, feito por Paul Klee em 1920. Atualmente faz parte da
coleção do Museu de Israel, em Jerusalém.[1]
Na nona tese do seu ensaio "Sobre o Conceito de História", o filósofo e crítico
literário Walter Benjamin, que adquiriu o desenho em 1921, escreveu:
Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece
querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua
boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está
dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma
catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos
pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma
tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode
mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira
as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que
chamamos progresso.[2]
Após a morte de Benjamin, que se suicidou em setembro de 1940, Gershom
Scholem (1897-1982), um notável estudioso do misticismo judaico e grande amigo do
filósofo, herdou o desenho. Segundo Scholem, Benjamin tinha uma espécie de
identificação mística com o Angelus Novus e incorporou isso em seus escritos sobre o
"anjo da história", numa melancólica visão do processo histórico como um incessante ciclo
de desespero.[1]
Segundo a tradição hebraica, um anjo novo é criado para executar uma ordem de Deus ou
cantar um cântico novo e se extinguir em seguida.[3][4] Walter Benjamin explica isso na
apresentação da revista Angelus Novus: "Uma lenda talmúdica nos diz que uma legião de
anjos novos é criada a cada instante para, depois de entoar seu hino diante de Deus,
terminar e dissolver-se no nada".[5][6]
Otto Karl Werckmeister observa que a interpretação de Benjamin sobre o anjo novo de
Klee fez com que a imagem se tornasse "um ícone da esquerda".[7] O nome e o conceito
do anjo também inspiraram artistas e músicos.[8][9]
Referências
1. ↑ Ir para:a b Angelus Novus. Israel Museum, Jerusalem.
2. Ir para cima↑ BENJAMIN, Walter. "Sobre o Conceito de História" (1940). In: Obras
Escolhidas, v. I, Magia e técnica, arte e política. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet.
Prefácio de Jeanne Marie Gagnebin. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 226.
3. Ir para cima↑ «Jewish Angelology and Demonology» (em inglês)
4. Ir para cima↑ Ajuntament de Port Bou (Gerona) (ed.). «Walter Benjamin en Port Bou»
5. Ir para cima↑ «Atlas Walter Benjamin». Círculo de Bellas Artes (CBA)
6. Ir para cima↑ Avner Shapira (12 de julho de 2012). «Walter Benjamin's Berlin, 120 years
on». Haaretz
7. Ir para cima↑ WERKMEISTER, Otto. Icons of the Left: Benjamin and Einstein, Picasso and
Kafka After the Fall. Chicago: University of Chicago Press, 1997; pp. 9.
8. Ir para cima↑ «zing6 - reviews - angelus nova». Zing Magazine. 1997. Consultado em 9 de
outubro de 2013
9. Ir para cima↑ «Seventh Munchener Biennale». 4–19 de maio de 2000. Consultado em 9 de
outubro de 2013

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O ANJO DA HISTÓRIA

Luiz Zanin Oricchio


30 Novembro 2008 | 14h10

Minha mulher, a jornalista Maria do Rosário Caetano, notou que, no


intervalo de poucas semanas, duas vezes ouvimos menções a um texto
famoso de Walter Benjamin, inspirado num quadro de Paul Klee
chamado Angelus Novus. A primeira foi num debate que moderei
durante a Mostra de Cinema de São Paulo com o cineasta francês
Nicolas Klotz (de A Questão Humana). A segunda foi através do
documentarista Geraldo Sarno, quando debatia seu filme Tudo Isto me
Parece um Sonho durante o recém-encerrado Festival de Brasília.
James Joyce referia-se à história como pesadelo do qual queria
despertar. Essa imagem está em Benjamin, em sua interpretação do
anjo de Klee. E passa por cineastas contemporâneos, em suas reflexões
sobre o curso dos acontecimentos, que lhes (nos) parece caótico.
A História como pesadelo.
Eis as palavras com as quais Benjamin abre o texto:

“Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus.

Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara

fixamente.

Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas.

O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado.

Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única,

que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés.

Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar fragmentos. Mas uma

tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele

não pode mais fechá-las.

Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as

costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o

que chamamos de progresso.”

Walter Benjamin, “Obras Escolhidas”, tradução: Sérgio Paulo Rouanet, 1994 –

7.ed. Editora Brasiliense. p.226.

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