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EDUCACIONAL
RESUMO
Engenharia de Segurança do
Trabalho Este trabalho visa apontar situações dentro de uma empresa de
Prof. Engº Doni Assis serralheria, os quais podem acarretar em traumas físicos ou
Engº Civil mesmos psicológicos dos colaboradores. Serão mostrados os
Engº Segurança do Trabalho riscos associados às atividades de uma serralheria, bem como
iremos falar das doenças causadas por esforços repetitivos, e
posturas inadequadas para o trabalho; zelando pela saúde e
segurança dos colaboradores. Em seguida mostraremos como
podemos diminuir e até mesmo acabar com essas negligências,
Elaborado por:
com fim quase que sempre iguais, o acidente de trabalho, por
posturas incorretas e distrações ocasionadas por lesões.
Davi Sales Pina
Anhanguera Educacional Palavras-Chave: L.E.R, D.O.R.T – Ergonomia, onde está?
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2 Engenharia de Segurança do Trabalho – Ergonomia – LER e DORT
1. INTRODUÇÃO
A Constituição Federal determina que o trabalhador tenha direito a redução dos riscos à vida, a
proteção à saúde e segurança no trabalho. Determina que o trabalho seja realizado em
condições que contribuam para a melhoria da qualidade vida e a realização pessoal e social.
Segurança e Saúde do Trabalhador são preocupações constantes de empresários de micro e
pequenas empresa. As dificuldades econômicas, a falta de estrutura, de conhecimento da
legislação e dos problemas do ambiente de trabalho levam a não cumprir, ou cumprir
parcialmente a legislação sobre segurança. É necessário levantar as informações básicas para
que o empresário da micro e pequena SERRALHERIA tenham subsídios para reconhecer e
analisar as condições em seu ambiente de trabalho.
– FÍSICO
– QUÍMICO
– ERGONÔMICO
– DE ACIDENTE
Risco Físico
Considera–se como risco físico o ruído, o calor, a vibração, a radiação ionizante ou não, a
umidade, as temperaturas extremas e as pressões anormais. A SERRALHERIA utiliza vários
tipos de máquinas, que produzem variados níveis de ruído durante a jornada de trabalho. De
acordo com a NR–15, o nível máximo de ruído permitido não deve ultrapassar a 85 dB(A) para
08 horas diárias de exposição. As máquinas encontradas nas SERRALHERIAS, produzem um
ruído mínimo de 88,3 dB(A), acima do permitido em lei. Em uma linha de produção temos vários
tipos de ruídos:
– Contínuo: é aquele que apresenta poucas variações dos níveis de intensidade e ocorre
geralmente quando máquinas permanecem ligadas sempre na mesma rotação.
– Intermitente: é aquele que apresenta variações significativas dos níveis de intensidade, sendo
acentuados em certos momentos.
– Impacto: é aquele que apresenta picos curtos de energia acústica.
A maioria das máquinas e equipamentos encontrados nas SERRALHERIAS produzem ruídos
característicos, os quais podem ser ampliados em decorrência de falta de lubrificação das
máquinas, de manutenção, de amortecimento de peças flexíveis, de elementos que absorvem o
impacto, de silenciadores, e em consequência de desregularem. Ao tratar dos riscos
relacionados aos ruídos, a pesquisa de Leme (2001) revela que “a exposição crônica a ruídos
provoca lesão nas células ciliadas externas, especialmente na espira basal da cóclea”. Além
disso, o autor coloca que os serralheiros analisados na pesquisa encontravam-se expostos a
uma pressão sonora de em média “94,65dB (maquinário: esmeris, lixadeiras, disco de corte,
lixadeiras)”, de forma intermitente, 8 horas por dia.
A SERRALHERIA utiliza para confecção de seus produtos: zarcão, tinta esmalte, solda elétrica
que emite gases (fundo metálico), químicos (oxiacetileno, dióxido de carbono) e radiações não
ionizantes etc. Esses produtos químicos emitem vapores e gases (fundo metálico) que são
absorvidos pelo organismo por vias respiratória e cutânea (quando há manipulação). O
manuseio desses produtos químicos em locais mal ventilados e pequenos impede a diluição e
dispersão dos vapores e gases (fundo metálico) emitidos, colocando assim em risco a saúde do
trabalhador. Efeitos causados pelo contato com os vapores e gases (fundo metálico) destes
produtos químicos:
Efeito Agudo: causado pela exposição do trabalhador a altas concentrações por curto espaço
de tempo, dor de cabeça, fadiga, perda de consciência, irritação dos olhos e das vias
respiratórias, lesões pulmonares, causando dificuldades de respiração.
Efeito Crônico: causadas pela exposição do trabalhador a pequenas e médias concentrações
por tempo prolongado, reduzindo da destreza manual e do tempo de reação, falta de memória,
redução da capacidade para o trabalho.
Efeitos causados pelo contato com solda elétrica, MIG e TIG: O trabalhador de SERRALHERIA
que manuseia solda elétrica, MIG e TIG, poderá correr o risco de queimaduras no corpo. O arco
elétrico é formado por gases ionizados a uma temperatura muito elevada e capaz de gerar
radiação eletromagnética intensa na forma de infravermelho, luz visível e ultravioleta. A
exposição dos olhos à radiação do arco pode causar queima da retina, catarata, queimadura na
pele, ofuscamento, fadiga visual e cefaleia (MARQUES et al., 2009, p. 46). Além disso, existe
uma irritação dos olhos conhecida como “flash do soldador”, que pode ser ocasionada mesmo
que por uma pequena exposição ao arco elétrico. Embora seja sentida apenas algumas horas
depois da exposição, essa irritação causa grande desconforto, provocando inchaço, secreção de
fluidos, cegueira temporária, e conforme relatado por alguns, até mesmo sensação de areia nos
olhos (MARQUES et al., 2009, p. 46).
Os fumos de solda e poeira metálica podem trazer riscos distintos, a depender da exposição. A
exposição a concentrações excessivas de fumos de solda contendo zinco, magnésio, cobre, e
cádmio - mesmo que a curto-prazo - pode causar febre dos fumos metálicos. Os sintomas são
parecidos com o de um resfriado, e podem durar de 6 a 24 horas, e a recuperação completa,
sem intervenção médica, ocorre entre 8 e 24 horas. Além disso, fumos de solda são irritantes
aos olhos, nariz, peito e trato respiratório, provocando tosse, respiração curta, bronquite, edema
pulmonar, e aumentando o risco de pneumonia. (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE SOLDAGEM
apud MATHEUS e DAHER, 2009). Hassaballa et al. (2005) enunciam alguns sintomas da
chamada febre dos fumos metálicos (MFF). Os autores referem que, as queixas mais frequentes
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dos pacientes acometidos por essa febre são “um sabor doce ou metálico na boca, garganta
irritada ou seca, sede intensa e dor torácica.” Além disso, os autores desfiam que “a
apresentação clínica e radiográfica em MFF varia consideravelmente, e toda a síndrome clínica
se assemelha a infecção ou outro processo inflamatório.” Em longo prazo, existem fatores que
influenciam nos danos causados à saúde do trabalhador, incluindo o alto índice de fumantes e
exposição frequente ao asbesto e a sílica. Além disso, existe registro de doenças respiratórias
relacionadas com a sobre exposição a fumos metálicos, incluindo bronquites, asma, pneumonia,
enfisema e siderose (ocasionada pela presença de partículas de óxido de ferro nos pulmões).
Ademais, existem evidências que associam fumos metálicos e doenças cardíacas, cutâneas,
úlceras, danos aos rins, perda auditiva e problemas auditivos. (MATHEUS e DAHER, 2009).
Risco Ergonômico
Conjunto de medidas que visam organização metódica do trabalho em função do fim proposto e
das relações entre o homem e a máquina. Adequar a empresa ergonomicamente significa
colocar cada trabalhador num posto de trabalho compatível com suas condições físicas e
mentais, diminuindo a fadiga e fornecendo-lhe, ferramentas adequadas que lhe permitirão
realizar tarefas com o menor custo ao organismo, reduzindo ao máximo, os acidentes de
trabalho. A organização de todas as condições materiais relacionadas à atividade do trabalhador
visa o seu bem estar físico e resulta em aumento de produtividade, redução de custos com
afastamentos e doenças ocupacionais.
São exemplos de risco ergonômico: levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho,
monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho etc.
Em relação ao risco ergonômico, os postos de trabalho na SERRALHERIA devem levar em
conta:
- Transporte manual de carga e levantamento de peso.
- Posição e postura do trabalhador em relação às máquinas, equipamentos e mobiliário utilizado;
- Tipo de esforço realizado pelo trabalhador como, trabalho em pé, tronco curvado. Exemplo:
corte manual ou semi-mecanizado, solda elétrica, pintura, montagem, etc.
Quanto ao risco ergonômico, percebemos que para o pleno desempenho de suas funções,
estes trabalhadores precisam adotar uma postura corporal crítica, a qual facilita o aparecimento
de lombalgias, tenossinovites, tendinites e outros problemas posturais (GOMES e
RUPPENTHAL, 2002).
Risco de Acidentes
Para eliminação do risco químico é necessário substituir o produto nocivo, isto é, substituir a
substância tóxica por outra atóxica, ou com menor toxicidade, além de verificar a possibilidade
de modificar o sistema de produção manual por mecânica, evitando o contato manual com o
agente nocivo. As instalações físicas deverão ter ventilação natural a fim de provocar o
deslocamento do ar através de janelas, portas e outras aberturas superiores e inferiores.
Caso a ventilação natural não seja suficiente, deve ser utilizada ventilação forçada, diluidora ou
por exaustor.
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Ventilação por Exaustor: tem a finalidade de captar o poluente próximo à fonte de emissão,
antes mesmo que ocorra a sua dispersão na atmosfera do ambiente de trabalho, objetivando a
proteção da saúde do trabalhador.
Ventilação Diluidora: tem a finalidade de diluir o poluente, tornando sua concentração mais
baixa, não sendo, entretanto o sistema mais recomendado.
Como medida de prevenção e controle do risco químico e de radiação não ionizante, deve-se,
sempre que possível:
• Isolar as operações que envolvam solda e pintura dos demais setores de produção;
• Procurar reduzir o período de exposição do trabalhador ao agente químico e a radiação não
ionizante; Manter os recipientes de produtos tóxicos fechados hermeticamente, evitando
a emissão de vapores;
• Implantar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, procedendo ao
acompanhamento rigoroso dos resultados dos exames periódicos;
• Quando as medidas de proteção coletiva não forem suficientes para garantir a saúde dos
trabalhadores à empresa deve fornecer Equipamento de Proteção Individual – EPI, tipo: máscara
de solda, óculos de segurança, luva e avental de raspa de couro, respirador acoplador com
cartucho químico específico. A empresa deverá comprovar o efetivo fornecimento de EPI a seus
trabalhadores, bem como, a realização de treinamento para conscientização sobre os riscos
químicos e a limitação de proteção do equipamento.
A empresa deverá manter informações e controle sobre os produtos tóxicos que utilizar, por meio
da Ficha de Informação sobre Segurança do Produto –FISP.
A FISP deverá conter identificação:
- Do produto;
- Da empresa fabricante ou fornecedora;
- Composição;
- Efeitos causados à saúde;
- Medidas de primeiros socorros;
- Forma de manuseio e armazenagem;
- Forma de transporte;
- Etc.
Para cada tipo de produto a empresa deverá ter uma FISP relacionada ao mesmo.
Na SERRALHERIA deve ser observada toda linha de produção, com o intuito de fazer um
levantamento das necessidades de cada posto de trabalho, respeitando-se as características
físicas de cada trabalhador.
1. Organização das bancadas de modo que todos os instrumentos a serem utilizados estejam
próximos ao alcance das mãos do trabalhador;
2. Evitar que o trabalhador, ao executar sua tarefa, fique curvado ou que seus braços fiquem
acima da altura dos ombros.
3. Evitar que o transporte de cargas seja manual e que o peso possa comprometer a saúde,
evitando esforços lombares e desnecessários ao trabalhador. Caso seja necessário e não
havendo alternativa, o trabalhador designado para essa tarefa deverá ser treinado para o
transporte manual de cargas ou que seja realizada por duas pessoas.
4. Para propiciar um melhor conforto térmico ao ambiente de trabalho, as instalações deverão
estar providas de aberturas laterais superiores e inferiores, facilitando a ventilação. Essas
aberturas, contudo, deverão ser protegidas com telas que impeçam o acesso de insetos.
5. O trabalho deverá ser organizado de modo a prever PAUSAS na execução das tarefas. As
pausas podem ser:
Voluntárias: são de pouco tempo e o trabalhador faz naturalmente para descansar,
principalmente em trabalhos penosos;
Mascaradas: ocorrem quando o trabalhador para suas atividades com objetivos de organizar,
por exemplo, a mesa de trabalho, limpar a máquina ou peça que estiver utilizando.
Obrigatórias: pausa para alimentação, ou a pausas de 10 a 15 minutos na parte da manhã e à
tarde para lanche e descanso, por exemplo.
A implantação de ginástica laboral reduz o encurtamento muscular, que provoca tensão
excessiva o aumento da incidência de lesões por esforços repetitivos, responsáveis por grande
sofrimento psicológico e físico dos trabalhadores.
Medidas Preventivas para diminuição do Risco de Acidentes
Para minimizar os riscos de acidentes, algumas medidas podem ser tomadas, tais como:
Instalações Físicas:
Organizar as instalações de máquinas e equipamentos, a fim de reduzir a distância a ser
percorrida pelos produtos e trabalhadores, propiciar a melhor circulação e fluxo de materiais,
facilitar limpeza e organização da área, das máquinas e equipamentos, além de evitar
cruzamentos e movimentos desnecessários.
Instalações Elétricas:
As instalações elétricas devem ser providas de disjuntores que interrompam a energia em caso
de curto-circuito; devem ser dimensionadas a fim de evitar sobrecarga elétrica, ter chaves
seccionadoras ou disjuntores ao invés de chave faca e fusíveis. Além disso, a fiação elétrica
deve estar embutida em conduítes rígidos e as máquinas devem estar ligadas em quadro de
força individual.
Iluminação:
Manutenção e limpeza das luminárias e janelas; instalação adequada de luminárias, uso de
cores claras a fim de propiciar a reflexão de luz e evitar a produção de sombras, diminuindo,
com isso, o esforço visual do trabalhador.
Sinalização:
A sinalização deve facilitar a circulação dos trabalhadores nos corredores, o acesso dos
extintores e hidrantes, às escadas de incêndio ou às rotas de fuga, bem como da localização dos
quadros de força etc. A correta sinalização facilita as ações de emergência.
Máquinas e Equipamento:
Os trabalhadores deverão receber orientação adequada para os riscos, manuseio e utilização
das máquinas e equipamentos; e equipamentos deverão estar devidamente protegidos;
Máquinas e equipamentos que propiciam a projeção de peças deverão estar protegidos;
A SERRALHERIA deverá implantar de rotinas de manutenção preventiva, além de fornecer
treinamento para o uso de Equipamentos de Proteção Individual.
Ferramentas:
Os trabalhadores deverão ser orientados quanto ao uso correto das ferramentas, devendo ser
evitada a improvisação; As ferramentas deverão ser de qualidade sendo substituídas quando
desgastadas, guardadas e conservadas adequadamente.
5. ESTUDO DE CASO.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho não pretende realizar de forma completa uma análise técnico-científica nos
moldes de um Laudo de Avaliação Ergonômica das condições de trabalho, dadas as condições de
sua realização e não dispondo de equipamentos de medição necessários à sua confecção. O
objetivo deste se restringiu às observações das condições aparentes na empresa de Serralheria
visitada.
O Laudo Ergonômico é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas no campo de
preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar integrado com as demais
normas de Segurança e Medicina do trabalho, em particular o Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional – PCMSO, e o PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.
Os riscos ergonômicos estão cada vez mais presentes nos postos de trabalho das indústrias. A
ergonomia adapta as condições de trabalho às características psicofisiológicas do homem,
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procurando evitar vários tipos de acidentes de trabalho, e em especial as doenças profissionais como
a LER e DORT.
Seu objetivo é fornecer parâmetros legais e técnicos considerando as condições de trabalho, inclui
aspectos relacionados ao levantamento de cargas, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário,
aos equipamentos, às condições ambientais do posto de trabalho, e à própria organização e
planejamento do trabalho. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho e características
psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a Análise Ergonômica do Trabalho.
Devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme estabelecido na NR-17.
OBJETIVOS:
CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA
A empresa visitada solicitou que não indicássemos neste presente trabalho as suas identificações,
tendo concordado em colaborar com a equipe sob a condição de anonimato, assim sendo, neste
trabalho será referenciada como SERALHERIA ME LTDA.
A empresa não declarou seu CNAE, portanto não foi possível estabelecer o grau de risco das
atividades desenvolvidas, conforme QUADRO I da norma regulamentadora NR-4: Relação da
Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE com correspondente grau de risco.
Desta forma, procuramos estabelecer o CNAE da empresa utilizando as tabelas da Receita Federal
que estabelecem as Atividades sujeitas ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN,
obtendo o CNAE 2542-0 e pelo quadro I da NR-4, Grau de Risco 3, para as atividades de fabricação
de artigos de serralheria exceto esquadrias metálicas.
A empresa declarou não possuir PPRA e PCMSO implementados, apesar de legalmente constituída
possuindo CNPJ e Inscrição Estadual.
Possui 5 sócios que se revezam entre os trabalhos de cunho administrativo e da produção, fazendo
trabalhos como serralheiros e caldeireiros quando necessário.
O transporte de seus produtos é feito por meios próprios e equipe de funcionários, dentre estes um
motorista e quatro ajudantes.
A SERRALHERIA ME LTDA possui um galpão industrial de 30 X 15m, com uma área lateral ao
galpão de aproximadamente 15 m2 onde se localizam suas instalações administrativas.
Máquinas e Equipamentos:
Administração:
- 4 mesas com Microcomputadores tipo DeskTop, com monitores, mouse, teclado acoplados a uma
impressora Jato de Tinta.
- 4 cadeiras do tipo comum sem regulagens para altura do assento e apoio fixo para os braços.
- Móveis para armazenamento de documentos.
Galpão Industrial:
- Bancadas, cavaletes e outros apoios construídos em aço, sem qualquer regulagem de altura.
- Talha mecânica com acionamento por corrente para movimentação e içamento de peças metálicas
pesadas.
- 1 Conjunto Oxicorte
- Diversos tipos de matérias primas, tais como: Chapas metálicas, tubos e barras metálicas de
diversas dimensões, cantoneiras, etc.
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA:
Foram observadas condições e iluminação inadequadas, com a entrada da luz solar em abundância
prejudicando em alguns momentos uma boa condição de iluminância para o trabalho;
Foi observada uma série de condições inseguras, tais como: ferramentas espalhadas, materiais
estocados de forma aleatória, matérias primas espalhadas e pedaços metálicos jogados em vários
locais;
Havia fumos metálicos no ar do interior do galpão, apesar da empresa possuir exaustores, em alguns
momentos isto era evidenciado pelos raios solares que entravam por rachaduras no telhado;
Foi observado que os trabalhadores realizam suas tarefas em posições inadequadas, apresentando
riscos posturais diversos;
Muitas vezes realizam seus trabalhos em altura superior aos seus ombros;
Realizam tarefas com a coluna vertebral totalmente arqueada para frente, com os ombros em
posição fechada;
Muitas vezes realizam trabalhos ajoelhados no chão ou com uma posição totalmente inadequada
devido à baixa altura na tarefa que está realizando, como soldas em materiais próximos ao solo;
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Estão sujeitos a vibrações e movimentos repetitivos nas operações com as lixadeiras, esmerilhadeira
e retíficas manuais;
Os trabalhadores estão expostos às radiações não ionizantes provenientes dos arcos voltaicos nas
operações com solda elétrica com eletrodos e soldagem MIG, não existem barreiras físicas (Biombos
ou equivalente) para a proteção destes trabalhadores e colegas ao redor, expondo-os a riscos físicos;
Apesar de alguns funcionários utilizarem EPI’s, como proteção respiratória através de máscaras, foi
observado que, dentre estes, alguns funcionários as utilizavam de forma incorreta, alguns inclusive
realizavam soldagens sem o uso das máscaras, expondo-se a riscos químicos;
Os funcionários são submetidos a Ruídos acima dos 85 dB (estimado), a empresa fornece protetores
auriculares do tipo concha, porém não foi avaliado se estes protetores são adequados ao nível de
ruído e se possuem CA. Foi observado que alguns funcionários em alguns momentos não estavam
fazendo uso deste EPI.
Algumas destas condições estão evidenciadas no laudo fotográfico apresentado ao final deste
trabalho.
Como citado acima, este trabalho não tem a finalidade de caracterização de um Laudo Ergonômico
das Condições do trabalho na SERRALHERIA ME LTDA, no entanto, a título de aquisição de
conhecimento citamos alguns dos aspectos e as ferramentas necessárias para uma avaliação
Ergonômica em serralherias:
ASPECTOS GERAIS
– Ruído O nível de ruído para locais onde são executadas atividades que exijam solicitação
intelectual e atenção constantes (escritórios, desenvolvimento ou análise de projetos) é estabelecido
na NBR-10152 e será de até 65 dB (A) conforme previsto na NR – 17 item 15.5.2.1.
- Controles de temperatura / ventilação / umidade O índice de temperatura deve ser mantido entre
20ºC e 23ºC, a velocidade do ar não superior a 0,75m/s e a umidade relativa do ar não inferior a 40%
conforme exigências da NR – 17 item 17.5.2 b, c, d.
- Níveis de Iluminância Os níveis de iluminância nos postos de trabalho devem ser mensurados
conforme especificado na NBR-5413 levando-se em consideração o tipo de atividade (item 5.3 e
seus sub-itens), o item 5.2 (seleção de iluminância), a tabela 2 (fatores determinantes da iluminância
adequada) e os sub-itens 5.2.4.3 a.b.c. O nível de iluminância conveniente para as atividades
administrativas analisadas é de no mínimo 300 lux.
- Mobiliário Conjunto mesa/cadeira (posto de trabalho): os conjuntos existentes nos locais de trabalho
devem atender as exigências ergonômicas da NR-17 itens 17.3.1, 17.3.2 e sub-itens, 17.3.3 e sub
itens.
Observação prévia de todas as tarefas, com identificação dos movimentos e esforços exigidos,
equipamentos e materiais envolvidos, posturas adotadas e todas as condições indiretas que possam
interferir ou influenciar nas tarefas realizadas em cada posto de trabalho.
Check-list de Couto
FERRAMENTAS
01 Administrativo 60 a 65 dB 07h30min
MONITORAMENTO DE ILUMINÂNCIA
Conclusão: As condições de Iluminância dentro do galpão da produção não são adequadas de acordo
com as condições da NR-17.
Não foram observadas exposições de calor aos funcionários, a geração de calor nas operações
aparentemente são pequenas e pontuais, principalmente nas operações com oxicorte e algumas
operações de soldagens, foi observado o uso de aventais e luvas de raspa em algumas operações,
porém também foi observado que alguns funcionários realizavam soldas sem o uso de EPIs para
contenção do calor e de faíscas originadas nestas operações.
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RISCOS QUÍMICOS
Conclusão:
Condições Ergonômicas do Trabalho – Laudo fotográfico anexo
Medidas preventivas: A principal medida preventiva para redução dos riscos ergonômicos é o
treinamento dos trabalhadores para que conheçam esses riscos, a estrutura de seu organismo e a
sistemática de execução das atividades. A supervisão deve ainda considerar e planejar o
revezamento de atividades entre os membros das categorias profissionais de que dispõe a fim de
não sobrecarregar fisicamente esses trabalhos.
Iluminação: natural e luminárias: Inadequada aos trabalhos realizados por excesso de iluminação
natural devido ao telhado danificado podendo ofuscar em alguns momentos os funcionários.
Laudo Fotográfico:
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6. REFERÊNCIAS
CARRION, Valentin. Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT 30° ed. Sariava, 2005.
SESI – Serviço Social da Industria. Departamento Regional São Paulo. Manual de Segurança e
Saúde no Trabalho. 2002.