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Inicialmente, serão explicados os conceitos de Oralismo, Comunicação total e

Bilinguismo e posteriormente serão analisados os marcos legais propostos conforme sua


adequação a uma dessas três vertentes de concepção da Educação para surdos, bem como
o modo com o qual cada lei, decreto ou portaria adota uma terminologia para referir-se à
pessoa com surdez. Além disso, esses marcos legais serão analisados no sentido de
adequar-se ao bilinguismo e à presença de características inclusivas.

Nesse sentido, conforme Nogueira, Soares e Carneiro (2017) o Oralismo é a ideia


de que as crianças surdas deveriam ser integradas na comunidade de ouvintes, por meio
do desenvolvimento da língua oral. Esta abordagem concebe as pessoas surdas como
necessitadas de adequar-se à comunidade normal de ouvintes. Essas autoras observaram,
em contrapartida, que a Comunicação total se configura como uma abordagem a qual
defende que tudo o que é falado poderia ser expresso por meio de gestos e mímica, e logo
poderia ser visualizado, e assim, os sinais seriam empregados na comunicação, como
aporte para aquisição da língua oral e da escrita. Esta abordagem compreende a surdez
como uma “marca” com “significações sociais” (Nogueira, Soares e Carneiro, 2017,
p.29). No entanto, elas apontam que o Bilinguismo é uma abordagem que concebe os
surdos com potencial de desenvolver uma língua propícia a uma comunicação profícua,
cuja base seria a visão e uso das mãos para alcançar a reciprocidade comunicativa com
maior naturalidade e rapidez. Esta abordagem compreende a surdez como diferença
linguística e não como deficiência.

A seguir serão analisadas as leis e sua pertinência para a Inclusão de surdos na


sociedade:

Lei 9.394 de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira - Art. 4º;

- A concepção de surdez é subjacente ao oralismo;

- As pessoas com surdez são denominadas como portadoras de deficiência;

- Embora a lei agrega a inclusão das pessoas com surdez na Educação regular, a lei não
menciona a infraestrutura necessária para uma inclusão efetiva na sociedade, ou para o
preparo da sociedade para comunicar-se esta comunidade e dialogar com sua cultura.
Não está adequada ao bilinguismo, porque ainda concebe a surdez como uma
necessidade especial e não como diferença linguística.
- Portaria MEC – nº 1.678/99;

- A concepção de surdez é subjacente à Comunicação total;

- As pessoas com surdez são denominadas como pessoas com deficiência;

- Embora a lei agrega a inclusão das pessoas com surdez no ensino Superior,
garantindo-lhe condições de acesso e permanência, a Portaria não menciona a garantia
de profissionais surdos para uma inclusão efetiva no meio acadêmico, ou para a
promoção da cultura e identidade das pessoas surdas. Não está adequada, portanto, ao
bilinguismo, porque ainda concebe a surdez como uma deficiência e não como
diferença linguística própria de uma cultura específica.

- Lei Federal nº 10.098, de 2000;


A concepção de surdez é subjacente à Comunicação total;

- As pessoas com surdez são denominadas como portadoras de deficiência;

- É a primeira vez em que se garante por meio de marco Legal o Direito de acesso à
informação e comunicação. Mas ainda não há a preocupação com a promoção do
respeito à cultura e identidade das pessoas surdas, apenas com sua acessibilidade. Não
está adequada, portanto, ao bilinguismo, porque ainda concebe a surdez como uma
deficiência e não como diferença linguística própria de uma cultura específica.
Apresenta características de inclusão porque reconhece o direito das pessoas com surdez
de acesso à informação.

- Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002;


A concepção de surdez é subjacente ao Bilinguismo, porque concebe e legitima a
Língua Brasileira de Sinais;

- As pessoas com surdez são denominadas como pessoas com surdez;

- É a primeira vez em que se garante por meio de marco Legal a promoção do respeito à
cultura e identidade das pessoas surdas. Está adequada, portanto, ao bilinguismo, porque
ainda concebe a surdez como uma deficiência e não como diferença linguística própria
de uma cultura específica. E apresenta características de inclusão porque reconhece a
importância de uma perspectiva bilíngue para que a sociedade comece a interagir com
as pessoas com surdez, respeitando sua língua, sua cultura e sua identidade.
- Decreto Federal nº 5296 de 2004;
A concepção de surdez é subjacente à Comunicação total;

- As pessoas com surdez ainda são denominadas como pessoas com deficiência
auditiva;

- Este Decreto estabelece o conceito de deficiência auditiva, quase como uma


justificativa para conceder atendimento prioritário. Não está adequado, portanto, ao
bilinguismo, porque ainda concebe a surdez como uma deficiência e não como
diferença linguística. E no sentido de inclusão na sociedade, este decreto apresenta
características porque reconhece a importância de garantir a comunicação para a
interação entre as pessoas com surdez e a sociedade.

- Decreto Federal nº 5.626 de 2005;


A concepção de surdez é subjacente ao Bilinguismo, porque legitima a necessidade de
classes bilíngues;

- O termo que se refere aos sujeitos surdos é pessoas com surdez;

- É a primeira vez em que se garante por meio de marco Legal a presença do ensino de
Libras no ensino superior para professores e fonoaudiólogos. Está adequada, portanto,
ao bilinguismo, concebendo a surdez como diferença linguística. E apresenta
características de inclusão porque reconhece a importância de uma perspectiva bilíngue
na formação dos professores e fonoaudiólogos, como profissionais que atuam na
formação das pessoas surdas.

- Decreto 6949 de 2009;


A partir da Convenção promulgada por este Decreto a concepção de surdez avançou
muito, porque ela concebe os aspectos de se contribuir para que as pessoas surdas
possam viver de forma independente. Nesse sentido está adjacente ao Bilinguismo.

- O termo que se refere aos sujeitos surdos é pessoas com deficiência;

- Garante por meio de marco Legal que o Estado tome medidas apropriadas que
propiciem o acesso, em igualdade de oportunidades, ao meio físico, ao transporte, à
informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e
comunicação, e a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público,
tanto na zona urbana como na rural. Essas são características de inclusão porque
reconhecem a importância de uma perspectiva bilíngue na formação dos professores,
sobretudo, porque também dá às pessoas com surdez o direito de conquistar a
independência para a vida em sociedade. Essas características adequam-se à abordagem
do Bilinguismo.

Decreto 7.611, de 2011;

-Este Decreto denota uma concepção de surdez adjacente ao Bilinguismo, porque


garante o fomento às escolas bilíngues;
- A forma como as pessoas com surdez são denominadas neste decreto é “comunidade
surda”;
-É um instrumento de características inclusivas e se está adequado ao bilinguismo.
- Lei 13.146 de 2015.

-Esta Lei esclarece sobre os direitos das pessoas surdas bem como os deveres do Estado
para sua inclusão;
- A forma como as pessoas com surdez são denominadas neste decreto é “pessoas com
deficiência”;
-É um instrumento de características inclusivas e se está adequado ao bilinguismo.

Referência:

NOGUEIRA, Clélia Maria Ignatius; CARNEIRO, Marília Ignatius Nogueira; SOARES,


Beatriz Ignatius Nogueira. (Reimpressão) Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 425 p.

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