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As doenças do lenho constituem uma ameaça crescente, largamente responsáveis por significativos
prejuízos nas vinhas, das quais a ESCORIOSE, ESCA, EUTIPIOSE, PÉ NEGRO E DOENÇA DE PETRI são as mais
comuns.
A maioria não possui tratamento específico; a ESCORIOSE pode ser tratada com fungicidas, no período que
vai do gomo de algodão às folhas livres, mas a ESCA e EUTIPIOSE apenas se conseguem atenuar os seus
efeitos atuando preventivamente.
A ESCA e a EUTIPIOSE são duas das doenças do lenho da videira, que causam o declínio lento do património
vitícola, com perdas de produtividade e da qualidade dos vinhos, em todos os estágios de crescimento das
videiras, quer através do material de propagação já infetado, que afecta o crescimento das jovens videiras,
quer através das feridas de poda nas vinhas já instaladas.
Na região do Douro, estudos desenvolvidos por Freitas detetaram, num campo com 12 castas, sintomas
secundários destas doenças em 19% das videiras; e quando contabilizadas as videiras já mortas, falhas,
porta-enxertos retanchados e videiras jovens devido ao ataque destas doenças, esta percentagem elevou-
se para 35%, resultando numa perda de 22% do potencial produtivo. De entre as castas observadas,
salienta-se a casta Tinta Roriz como a mais suscetível a estas doenças.
É, portanto, um problema que preocupa todos os viticultores, tanto mais que, a não existirem tratamentos
curativos para as plantas infetadas, as doenças podem passar despercebidas, numa grande parte da sua
evolução, e só se manifestarem muitas vezes quando os danos já são irreversíveis.
Por isso, é importante dar a conhecer os sintomas das doenças do lenho, para uma deteção o mais cedo
possível, e recomendar os meios de luta que permitam minimizar os seus efeitos.
ESCORIOSE
A escoriose é uma doença causada por dois tipos diferentes fungos, Macrophoma flaccida e Phomopsis vitícola. A
mais vulgarmente conhecida é a escoriose na forma europeia (também designada por desnoca), causada pelo fungo
Macrophoma flaccida; a escoriose na forma americana, é causada pelo fungo Phomopsis vitícola.
A sua incidência tem vindo a aumentar de forma significativa nalgumas castas e regiões, com maior incidência nos
anos de elevada pluviosidade na altura da rebentação, que associado à falta de cuidado na escolha de garfos e a
substituição do enxofre em pó por outros produtos, têm contribuído para o desenvolvimento da doença.
Estragos
A escoriose é responsável pela diminuição da produção, principalmente devido á quebra de sarmentos e pâmpanos
(desnoca) e consequentes dificuldades na poda dos anos seguintes, bem como destruição dos tecidos do lenho nos
sarmentos e ramos, conduzindo à sua morte progressiva.
Pode também, embora raramente, afetar as inflorescências ou pequenos cachos e bagos, próximo da maturação.
A escoriose europeia é uma doença do lenho da videira de importância económica reconhecida, não só
pelos danos diretos causados nas videiras e como pelos danos indiretos que frequentemente têm impacto
na longevidade das vinhas.
Em Portugal, a escoriose europeia ocorre com elevada incidência e severidade nos diferentes materiais de
propagação vegetativa, em videiras jovens, e adultas.
A escoriose é uma doença considerada por vezes secundária ou ocasional que provoca necrose nos
primeiros três ou quatro entrenós dos sarmentos e surge nas seguintes condições:
A escoriose pode ter consequências graves quando mal controlada. Os prejuízos ocasionados consistem
numa diminuição da produção por destruição ou deficiente abrolhamento dos gomos ou quebra dos ramos
(desnoca).
As castas cultivadas em Portugal são em geral suscetíveis à doença, que se encontra disseminada por
todas as regiões vitícolas portuguesas. As castas Touriga Nacional e Loureiro são as mais suscetíveis.
Observando os danos nas varas na altura de poda é possível fazer uma avaliação do nível de ataque da
escoriose.
Sintomas da escoriose
Na primavera o fungo pode instalar-se em todos os órgãos da videira. Em geral, o sintoma mais visível, na
base dos pâmpanos e entrenós, consiste em pequenas manchas alongadas de cor escura, com contorno
violáceo, que os torna suscetíveis à desnoca (Foto 1).
ESCORIOSE DA VIDEIRA
Foto 1. Sintoma de escoriose na base do Foto 2. Sintoma de escoriose na Vara Foto 3. Escoriose na vara no Inverno
pâmpano
Os gomos situados na base dos sarmentos infetados rebentam com dificuldade ou não chegam a abrolhar.
Durante o Verão, as lesões nos pâmpanos acima referidas evoluem e aparecem necroses mais ou menos profundas
e em depressão (cancros), com crostas superficiais acastanhadas escuras bem individualizadas e lesões
extensas com aspeto encortiçado (Foto 2).
No Outono, nas zonas atacadas, a casca fica esbranquiçada (Foto 3), com posterior aparecimento de
pontuações negras (picnídios), que se desenvolvem no inverno e asseguram as infeções na Primavera
seguinte.
Esta sintomatologia pode aparecer também nos pecíolos e nervuras principais das folhas e nos pedúnculos
dos cachos; nas folhas aparecem pequenas pontuações negras com auréola amarela, (escoriose
americana), que podem ser confundidas com sintomas de acariose (Foto 4).
ESCORIOSE DA VIDEIRA
No caso da escoriose na forma europeia, desenvolvem-se nas folhas manchas vermelhas nas
margens e/ou no limbo (castas tintas) ou amarelo-alaranjadas (castas brancas) que formam
necroses entre as nervuras e nas margens das folhas (Foto 5).
ESCORIOSE DA VIDEIRA
NECROSES NOS PÂMPANOS
Os bagos podem também ser atacados, mostrando manchas castanhas claras e depois escuras
com pontuações (frutificações), que acabam por secar.
Estes sintomas são visíveis desde finais de maio e confundem-se facilmente com os da ESCA.
Sob o ritidoma da cepa atacada observa-se uma necrose acastanhada que se desenvolve ao longo
do tronco e braços afetados.
ESCORIOSE DA VIDEIRA
NECROSES NO LENHO
Abrolhamento irregular.
Outros Morte de partes da planta.
sintomas Os sarmentos atacados quebram facilmente pela base (desnoca).
Apoplexia em videiras adultas.
Escoriose
europeia
Ramos Necroses com bordos violáceos mais frequentes nos entrenós da base dos sarmentos; por
e vezes, nestas lesões, formam-se estrias perpendiculares, de aspeto encortiçado.
Lenho As varas atempadas apresentam-se esbranquiçadas, com pontuações negras (picnídios).
americana
Biologia do fungo
Diferentes espécies de fungos do género Botryosphaeria têm sido associados a esta doença. Em
Portugal, predominam as espécies Botryosphaeria parva e Botryosphaeria obtusa.
Os fungos do género Botryosphaeria são patogénios de feridas que penetram na planta através de feridas
de poda recentes ou outras lesões.
Estes fungos têm duas formas de hibernação: durante o Inverno o fungo conserva-se sob a forma de
micélio dormente nos gomos, ao abrigo das escamas, no ritidoma e nos tecidos do lenho dos sarmentos
atacados. O fungo hiberna igualmente na forma de frutificações assexuadas (picnídios), formados sobre
a madeira esbranquiçada ou necrosada dos sarmentos dos ramos, durante o Outono/Inverno.
No início da primavera, os picnídios libertam os esporos que são disseminados através da ação da chuva
e do vento e vão contaminar os pâmpanos jovens. Longos períodos de humectação e de humidade relativa
elevada favorecem a produção de esporos e respetiva germinação. A disseminação e germinação dos
esporos ocorre com temperaturas entre 10-37ºC. O micélio hibernante presente nos gomos desenvolve-se
à superfície dos pâmpanos, acompanhando o crescimento.
Coincidindo com a rebentação na Primavera, as infeções causadas pelos esporos do fungo ou pelo micélio
dormente ocorrem na altura da saída das folhas (estado fenológico D).
Para a germinação dos esporos do fungo é suficiente uma humidade relativa de 95%. A presença de água
não é indispensável. A ação combinada do vento e das gotas de chuva é o principal modo de disseminação.
1. Ameaça Nula
Se a vinha não tem historial de infeções de escoriose e a monitorização das varas na altura
de poda não indica a presença de doença no ano anterior, não é necessário efectuar
tratamentos, se não estiverem previstas chuvas na altura da rebentação.
2. Ameaça Média
É suficiente apenas um tratamento no estado D com os fungicidas tradicionais para controlar
a escoriose.
3. Ameaça Alta
Em condições de bastante chuva na altura de rebentação, castas sensíveis e quando os
fungicidas do contacto não controlam a escoriose.
Neste caso, em que o tempo decorre seco e não estão previstas chuvas na altura da rebentação,
não é necessário efectuar tratamentos.
Medidas de proteção
Como medida preventiva da cultura, devem ser eliminados, durante a poda, as varas com síntomas de
escoriose e proceder à sua queima imediata.
Neste caso, em que o tempo decorre seco e não estão previstas chuvas na altura da rebentação, não é
necessário efectuar tratamentos.
Escoriose - Ameaça Moderada Tempo seco com previsão de chuvas não prolongadas
Se na altura da poda não for detectado nenhum foco preocupante de escoriose na vinha, podemos
considerar o nível de ameaça moderada.
Luta química – Nível de ameaça moderada
Produto penetrante
Azoxistrobina PI 2
Pode optar-se por efetuar um único tratamento quando a vinha apresentar 30 a 40%
dos gomos no estado fenológico D, usando um dos fungicida sistémicos mistos,
homologado em Proteção Integrada, para o combate da escoriose, indicados no quadro
seguinte:
Produtos de contacto
Enxofre PI
Folpete PI
Mancozebe PI 2
Metirame PI 2
Propinebe PI 2
Produtos de contacto
Enxofre PI
Folpete PI
Mancozebe PI 2
Metirame PI 2
Propinebe PI 2
Produtos penetrantes
Azoxistrobina PI 2
Azoxistrobina + folpete PI 2
Metirame + piroclostrobina PI 2
Produtos sistémicos
Folpete + fosetil de alumínio PI 2
Fosetil de alumínio + mancozebe PI 2
Família enxofre
Substância activa: Enxofre molhável
Sem intervalo de segurança, 10 dias de persistência
Familia folpete
Substância activa: Folpete
6 semanas intervalo de segurança, 10-12 dias persistência
Familia ditiocarbamatos
Substância activa: Mancozebe
8 semanas intervalo de segurança, 10-12 dias de persistência
Familia ditiocarbamatos
Substância activa: Metirame
8 semanas intervalo de segurança, 10-12 dias de persistência
Familia ditiocarbamatos
Substância activa: Propinebe
8 semanas intervalo de segurança, 10-12 dias de persistência
Escoriose - Ameaça Alta Tempo de chuvas prolongadas
A ameaça da escoriose é alta quando se verificar durante a rebentação o seguinte conjunto de
condições:
• Estão previstas chuvas prolongadas
• As temperaturas são superiores a 15°C
• As castas são sensíveis
• A monitorização na altura de poda detetou escoriose na vinha
Familia Qol
Substância activa: Azoxistrobina
Familia Qol+fosetil
Substância activa: Famoxadona+Fosetil-Alumínio
Familia fosetil
Substância activa: Folpete+Fosetil-Alumínio
Familia fosetil
Substância activa: Fosetil-Alumínio+Mancozebe
8 semanas intervalo de segurança, 10-12 dias de persistência
ESCA (síndrome da esca)
A ESCA é causada por um complexo de fungos, cuja atuação ainda hoje é mal conhecida, entre os quais
se citam: Phaeomon¡ella chlamydospora, Phaeoacremonium aleophilum, Phaeoacremonium inflatipes e outras
espécies do género Phaeoacremonium, Eutypa lata, Botryosphaeria spp., e também os basidiomicetas
Fomitioporia spp. e Stereum hirsutum.
Actualmente considera-se que existem dois processos responsáveis pela degradação da, madeira
característica da Esca, onde estão envolvidos os “fungos percursores” que abrem caminho para a atuação
dos “fungos da ESCA” propriamente ditos.
Esta doença deverá assim ser encarada como o resultado final de ataque de um complexo de fungos, que
atuam em concordância e complementaridade, devendo ter-se em conta este aspeto na luta a empreender.
Sintomatologia
materializando durante a estação. Os sintomas podem aparecer ou não de um ano para o outro, mas a
doença progrediu, entretanto.
Sintomas nos órgãos verdes
Os sintomas manifestam-se de duas formas: uma evolução lenta, caracterizada por necrosamento da
margem das folhas, estendendo-se para o centro (Fotos 7 e 8).
Por sua vez, entre as nervuras aparecem manchas amareladas, nas castas brancas, e
avermelhadas nas castas tintas, que acabam por dar origem a uma só mancha alongada, (Fotos 9,
10 e 11).
• A ESCA é considerada uma doença das regiões quentes, sendo que as condições mais favoráveis
ocorrem quando a temperatura ultrapassa os 20-25°C. É esta a razão pela qual a doença se evidencia
no Verão, após fortes chuvas, devido ao facto da transpiração da planta não ser compensada pelo
suficiente provimento de água para o interior da cepa;
• Devem ser evitados os sistemas de poda que originam grandes feridas de corte e todas as técnicas
culturais que possam provocar feridas (cortes de poda de grandes dimensões, acidentes com
maquinas e alfaias, escarificações profundas, etc.), por promoverem a instalação da doença;
• Os factores que aumentam o vigor da videira, especialmente nos primeiros cinco anos da plantação
(adubações excessivas, solos férteis porta-enxertos vigorosos,) devem ser evitados, por contribuírem
para o desenvolvimento da doença; há autores que referem a influência de certos porta-enxertos,
como do género Rupestris, no desenvolvimento da Esca, devido à sua riqueza em taninos;
• A recetividade da videira à doença está também relacionada com a idade destas, ou seja, as videiras
adultas com 25-30 anos apresentam a máxima suscetibilidade, e podem contaminar vinhas jovens;
• A falta de desinfeção dos utensílios de corte bem como cepas mortas deixadas sobre o solo, também
favorecem a disseminação dos fungos responsáveis por esta doença.
Meios de proteção
Na ausência de tratamentos químicos eficazes, torna-se imperativo adoptar medidas profiláticas (meios
de luta cultural) de forma a reduzir a fonte de inóculo e o risco de contaminação, e paralelamente proceder
à reconversão ou replantação das videiras afectadas, a fim de diminuir os impactos da doença.
Na plantação de vinhas novas deve utilizar-se material são; a partir de uma amostra do material, deve
avaliar-se a possível existência de necroses no lenho e, em caso afirmativo, efectuar uma análise
microbiológica.
Identificar e marcar as cepas atacadas pela ESCA no Verão e, quando da poda, deixar para o final as
videiras infetadas;
A época de poda é também um fator importante para a recetividade da cepa à doença; assim, deve efetuar-
se a poda o mais tarde possível, em períodos secos e sem vento;
Evitar todas as operações culturais que possam provocar feridas, nomeadamente, com alfaias agrícolas;
Adotar sistemas de condução que exijam podas menos severas, isto é, evitar grandes feridas de poda, a
fim de limitar as possibilidades de entrada do fungo na planta;
Arrancar as videiras mortas e nas videiras com infeções severas, cortar os braços atacados até ao tecido
são. Este material não deve ser deixado no terreno, mas sim queimado;
Desinfetar os instrumentos de poda sempre que utilizados em videiras atacadas, com lixívia (hipoclorito
de sódio) ou álcool;
Não só em relação a esta doença como em todas as doenças do lenho, convém proteger as feridas,
sobretudo as de maiores dimensões com uma massa própria, do tipo das enxertias.
Após a poda, deve efetuar-se a desinfeção e proteção dos cortes da poda, principalmente os de maior
dimensão, através de uma pincelagem. Para proteção desses cortes está homologado em Proteção
Integrada um fungicida à base de carbendazime + flusilazol.
O controlo biológico através da Trichoderma (fungo que exerce uma ação opositora a algumas doenças),
mostraram alguma eficiência, porém, são necessárias ainda investigações adicionais sobre a sua utilidade
nas doenças do lenho da videira.
Estimativa de risco e nível económico de ataque
A estimativa de risco é feita através de uma amostragem, que tem como base a observação visual dos
sintomas da doença e a determinação da intensidade de ataque da doença, expressa em percentagem de
cepas que apresentam os sintomas.
Os sintomas da ESCA, na sua forma lenta, são bastante característicos, devendo efetuar-se a sua
identificação durante o Verão. A doença poderá confundir-se com outras sintomatologias pelo que deve
proceder-se à sua identificação após o arranque da videira.
Os sintomas aparecem inicialmente nas folhas da base, generalizando-se em seguida a todo o lançamento,
constituindo a manifestação mais frequente da doença (Fotos 12, 13 e 14).
Nos cachos ocorre forte desavinho e pontuações arroxeadas que se transformam em necrose (Fotos 15,
16 e 17).
Fotos 15, 16 e 17 - Sintomas de Esca no cacho, na casta malvasia fina: pontuações arroxeadas que podem necrosar
A evolução da doença é fulminante, capaz de secar parcial ou totalmente a videira em poucas horas ou
dias. Esta forma rara e violenta da doença aparece geralmente quando a vegetação é abundante e a
transpiração activa. Manifesta-se normalmente durante o período quente do ano, a seguir a chuvas
abundantes e atinge preferencialmente cepas vigorosas e aparentemente sãs, que de um modo geral, não
voltam a rebentar no ano seguinte. As folhas e os cachos morrem por falta de alimento, devido à dificuldade
ou interrupção da circulação da seiva.
Os fungos causadores da ESCA hibernam na madeira atacada. A sua disseminação faz-se através do
vento penetrando na videira através das feridas da poda, e degradam os tecidos do lenho “à distância”, por
meio de toxinas, provocando a morte das células (fungos percursores).
Os tecidos mortos desta forma escurecem, mas ficam consistentes, só depois o fungo penetra neles e os
digere, transformando-os numa massa esponjosa e esbranquiçada. A partir daí, emite novamente toxinas
para matar os tecidos sãos adjacentes e assim vai avançando no lenho de cima para baixo, a partir da
ferida por onde entrou.
À volta da região destruída pelos fungos, mantém-se uma zona sã do tronco que permite temporariamente
a alimentação da planta. Esta situação tem tendência a agravar-se progressivamente.
A ESCA, considerada uma doença das vinhas velhas, tem atacado recentemente também as videiras
jovens ( 1 a 3 anos) provocando a sua morte, devido á sua propagação através de material vegetativo
infetado (garfos, porta-enxertos e enxertos prontos).
A doença causa a morte rápida das cepas e a evolução lenta da doença afecta gradualmente a produção
e a riqueza em açúcar dos mostos.
EUTIPIOSE (Eutypa lata)
A EUTIPIOSE é provocada pelo fungo, denominado Eutypa lata, que penetra na videira através de feridas
recentes, como as feridas da poda.
Sintomatologia e estragos
Nos braços e tronco da cepa, sintomas primários resultantes da ação direta do fungo, que consistem em
manchas necróticas de coloração acastanhada e consistência dura, apresentando a forma de sector, em
corte transversal.
Esta morte do lenho dá-se a partir de uma ferida e caminha pelo ramo no sentido descendente (Fotos 22,
23, 24 e 25). Fungos do género Botryosphaeria podem causar sintomas semelhantes.
Estudos realizados no nosso país (por Rego e Oliveira, 2004), em videiras com sintomas associados às
doenças do lenho, revelaram que os fungos do género Botryosphaeria são consistentemente identificados
a esta doença.
No exterior, os síntomas, considerados secundarios, da Eutipiose (Fotos 26 e 27) são atribuidos às toxinas
emitidas pelo fungo, manifestando-se normalmente 5 anos após a contaminação, da qual resultam:
• Alterações nos sarmentos, com entre nós uniformemente curtos e ausência de ziguezague,
nós duplos, fasciação e bifurcação;
• As folhas apresentam tamanho reduzido, crispado, com necroses marginais que podem
estender-se a toda a folha;
• Nos cachos observa-se uma grande percentagem de abortamento antes da floração ou
desavinho.
Fotos 26 e 27 - Sintomas secundários da Eutipiose: alteração dos sarmentos de um só lado da cepa, folhas
crispadas nas castas Tinta Roriz e Touriga Franca
Estas manifestações agravam-se de ano para ano e a morte dos braços ou da cepa ocorre normalmente 3
a 5 anos após a observação dos primeiros sintomas.
Os estragos desta doença refletem-se ao nível produtivo, desavinho e redução da produção, na perda de
qualidade, podendo em algumas castas haver a redução da componente aromática, e perdas económicas
devido à replantação das videiras mortas.
O fungo que caracteriza a EUTIPIOSE, conserva-se sobre a madeira morta, e tem capacidade para se
manter fértil por mais ou menos 5 anos. Assim, as cepas mortas nas parcelas constituem fontes de inóculo
que contribuem para contaminar as cepas vizinhas.
A época de poda constitui um fator importante para a recetividade da cepa à doença, pelo que deve efetuar-
se a poda o mais tarde possível, em períodos secos e sem vento;
A disseminação do fungo é assegurada através do vento para grandes distâncias, por vezes até várias
dezenas de quilómetros, mantendo-se ativo durante pelo menos dois meses.
O fungo entra pelas feridas recentes, penetra no tecido vascular da videira e o seu micélio espalha-se pelos
tecidos adjacentes, cerca de 4 a 14 dias após ter penetrado na videira, desenvolvendo-se nos tecidos
lenhosos onde forma a característica necrose sectorial.
A suscetibilidade das feridas de poda à entrada do fungo varia entre três semanas no início do Inverno e
menos de um dia na Primavera.
Identificar as cepas atacadas pela EUTIPIOSE na Primavera e da ESCA no Verão, marcá-las e, quando
da poda, deixar as videiras doentes para o final da poda.
Evitar todas as operações que aumentam o vigor da cepa, particularmente nos primeiros cinco anos de
plantação, por favorecem o desenvolvimento da EUTIPIOSE. As causas mais referidas são os solos férteis,
as adubações excessivas e porta-enxertos vigorosos.
No entanto, é fácil encontrarmos sintomas de mais que uma destas doenças na mesma secção do lenho
da videira, conforme se ilustra abaixo (Fig. 29).
Estimativa de risco
A estimativa de risco é feita através de uma amostragem, que tem como base a observação visual dos
sintomas da doença e determinação da intensidade de ataque da doença, expressa em percentagem de
cepas, que apresentam os sintomas.
No caso da EUTIPIOSE, a partir de maio até fins de junho, deve observar-se as cepas que apresentam os
denominados sintomas secundários, nas folhas e lançamentos, assinalando as videiras afectadas.
Se detectada a presença de doenças do lenho deve intervir-se com medidas de luta cultural e química
recorrendo à recuperação das videiras de acordo com a seguinte calendarização:
Escoriose
americana
Esca
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