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A Organização do

Poder Judiciário no Brasil


Índice

Introdução …........................................................................... 01
A Independência do Poder Judiciário …................................. 01
Entendendo a Estrutura …...................................................... 03
As Instâncias …....................................................................... 03
A Natureza da Matéria …....................................................... 03
Organograma do Poder Judiciário …...................................... 05
Supremo Tribunal Federal ….................................................. 06
Superior Tribunal de Justiça …............................................... 07
Tribunal Superior Eleitoral ….................................................. 09
Tribunal Superior do Trabalho …............................................ 09
Tribunal Superior Militar …..................................................... 10
Tribunais Regionais …............................................................ 10
Tribunais de Justiça …............................................................ 10
Juizes de Primeira Instâncias …............................................. 11
Conclusão …........................................................................... 13
Bibliografia ….......................................................................... 14
INTRODUÇÃO
NA IDADE MODERNA, SÓ se pode considerar democrático o regime político fundado na soberania popular,
e cujo objetivo último consiste no respeito integral aos direitos fundamentais da pessoa humana. A
soberania do povo, não dirigida à realização dos direitos humanos, conduz necessariamente ao arbítrio da
maioria. O respeito integral aos direitos do homem, por sua vez, é inalcançável quando o poder político
supremo não pertence ao povo.

O Poder Judiciário, como órgão de um Estado democrático, há de ser estruturado em função de ambas
essas exigências. Ressalte-se, contudo, que, diferentemente dos demais poderes públicos, o Judiciário
apresenta uma notável particularidade. Embora seja ele, por definição, a principal garantia do respeito
integral aos direitos humanos, na generalidade dos países os magistrados, salvo raras exceções, não são
escolhidos pelo voto popular.

Na verdade, o fator que compatibiliza o Poder Judiciário com o espírito da democracia (no sentido que
Montesquieu conferiu a palavra) é um atributo eminente, o único capaz de suprir a ausência do sufrágio
eleitoral: é aquele prestígio público, fundado no amplo respeito moral, que na civilização romana
denominava-se auctoritas; é a legitimidade pelo respeito e a confiança que os juízes inspiram no povo. Ora,
essa característica particular dos magistrados, numa democracia, funda-se essencialmente na
independência e na responsabilidade com que o órgão estatal em seu conjunto, e os agentes públicos
individualmente considerados, exercem as funções políticas que a Constituição, como manifestação original
de vontade do povo soberano, lhes atribui.

Se quisermos, portanto, verificar quão democrático é o Poder Judiciário no Brasil, devemos analisar a sua
organização e o seu funcionamento, segundo os requisitos fundamentais da independência e da
responsabilidade.

INDEPENDÊNCIA
Esclareçamos, desde logo, o sentido técnico do termo. Diz-se que o Poder Judiciário em seu conjunto é
independente, quando não está submetido aos demais Poderes do Estado. Por sua vez, dizem-se
independentes os magistrados, quando não há subordinação hierárquica entre eles, não obstante a
multiplicidade de instâncias e graus de jurisdição. Com efeito, ao contrário da forma como é estruturada a
administração pública, os magistrados não dão nem recebem ordens, uns dos outros.

A independência funcional da magistratura, assim entendida, é uma garantia institucional do regime


democrático. O conceito de garantia institucional foi elaborado pela doutrina publicista alemã à época da
República de Weimar, para designar as formas de organização dos Poderes Públicos, cuja função é
assegurar o respeito aos direitos subjetivos fundamentais, declarados na Constituição.

Desde a nossa primeira Constituição republicana, seguimos, em matéria de organização dos Poderes
Públicos, o modelo original norte-americano, cujo pressuposto ideológico foi o cuidado em delimitar e
restringir a competência do Poder Legislativo, o qual teria, na opinião dos pais fundadores dos Estados

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Unidos, uma inclinação natural ao abuso de poder. "O corpo legislativo", escreveu Madison, "estende por
toda parte a esfera de sua atividade, e engole todos os poderes no seu turbilhão impetuoso" Acrescentou
que o Poder Executivo deve ser temido num regime monárquico, ou mesmo quando o povo exerce
diretamente a função legislativa.

Mas numa república representativa", ponderou, "em que a magistratura executiva é limitada, tanto na
extensão, como na duração dos seus poderes, e onde o poder de legislar é exercido por uma assembleia
cheia de confiança nas suas próprias forças, pela certeza que tem da sua influência sobre o povo; [...] em tal
estado de coisas, é contra as empresas ambiciosas desse poder que o povo deve dirigir os seus ciúmes e
esgotar todas as precauções

Acontece que em nosso país – como na generalidade das nações latino-americanas, de resto – a tradição
colonial moldou os costumes políticos no sentido da máxima concentração de poderes na pessoa do Chefe
de Estado. Ao adotarmos, pois, o regime presidencial de governo, em que o Chefe de Estado é, ao mesmo
tempo, Chefe de Governo, nada mais fizemos do que criar, sob pretexto de uma reprodução do modelo
norte-americano, um presidencialismo exacerbado.

Já durante o regime monárquico, aliás, a predominância inconteste da vontade imperial sobre todos os
órgãos do Estado, e até mesmo acima da vontade popular, pelo exercício do Poder Moderador, era bem
conhecida. Como frisou o Marquês de Itaboraí (Rodrigues Torres), "o Imperador reina, governa e
administra". Sua Majestade concentrava em suas mãos todas as prerrogativas do Poder Executivo, o qual,
como reconheceu Joaquim Nabuco, sempre foi onipotente, sendo esta onipotência, em suas palavras, "o
traço saliente do nosso sistema político”.

Não era, assim, de admirar que durante todo o período imperial o Judiciário se apresentasse como fiel
servidor do governo. Ele era "uma mola da máquina administrativa", como reconheceu sem disfarces o
Visconde de Uruguai.

Nas palavras candentes de José Antônio Pimenta Bueno, o futuro Marquês de São Vicente e o mais
autorizado constitucionalista do período imperial, "o governo é quem dá as vantagens pecuniárias, os
acessos, as honras e as distinções; é quem conserva ou remove, enfim quem dá os despachos não só aos
magistrados, mas a seus
filhos, parentes e amigos".

A Constituição de 1891, procurando corrigir tais abusos, determinou, em seu art. 57, que "os juízes federais
são vitalícios e perderão o cargo unicamente por sentença judicial". Acrescentou que "os seus vencimentos
serão determinados por lei e não poderão ser diminuídos". Mas como a Constituição só se referiu, aí, aos
juízes federais, alguns Estados resolveram não observar essas garantias em relação aos seus magistrados.
O Supremo Tribunal Federal, chamado a se pronunciar sobre o assunto, julgou que as garantias de
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade dos vencimentos da magistratura deviam ser observadas,
como princípio constitucional, por todos os Estados da federação; o que veio, afinal, a ser consagrado pela

A Organização do Poder Judiciário no Brasil -2


reforma constitucional de 1926.

No entanto, como tais garantias não se consideravam aplicáveis aos juízes temporários, essa escapatória
foi largamente aproveitada, não só pela União, como também pelos Estados federados. Consolidou-se, com
isto, o costume político, segundo o qual as relações entre o Executivo e os demais órgãos estatais não são
de potência a potência, mas de quase vassalagem destes para com aquele; ou, mais exatamente, de
submissão geral à pessoa do Presidente ou do Governador de Estado; o que representa, de certa forma, a
transposição na esfera estatal do tradicional relacionamento do coronel do interior com os seus agregados e
capatazes. Da mesma forma, entre o povo e o Estado, personificado na figura do chefe do Executivo, quase
nunca se estabelece uma relação de cidadania, mas sim uma situação de dependência ou proteção
pessoal, análoga à que existe entre pais e filhos, ou entre padrastos e enteados. O povo não foi educado a
exercer direitos e a exigir justiça, mas tem sido habitualmente domesticado a procurar auxílios e favores.

É isto o que tende a falsear completamente posição da magistratura judiciária em nossa organização de
Poderes. É ingênuo acreditar que a evolução constitucional pôs, finalmente, juízes e tribunais ao abrigo da
avassaladora hegemonia governamental. Se quisermos, portanto, garantir a independência do Poder
Judiciário, precisamos, sobretudo, protegê-lo contra as indevidas incursões do Executivo em seu território.

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Entendendo a estrutura
O Estado surgiu para organizar e controlar a sociedade, assim, para exercer essa atividade, o Estado divide
suas funções em três poderes autônomos e independentes: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder
Judiciário.

O Poder Legislativo tem a função de produzir as leis; O Poder Executivo é o órgão responsável pela
tomada de decisões. É ele que define onde e como o país vai aplicar seus recursos, dentre outras funções;
O Poder Judiciário, por fim, tem a função de resolver os conflitos, usando as leis como o critério para
julgamento. Em cada caso solucionado, o Poder Judiciário deverá sempre buscar a realização da Justiça, e
a preservação da Lei Maior do país, que é a Constituição da República Federativa do Brasil.

Há vários órgãos que compõem o Poder Judiciário, cada qual exercendo uma função, desta forma, para
organizar esses órgãos e facilitar os trabalhos, é necessário que se utilize alguns critérios como as
instâncias e natureza da matéria.

As Instâncias
As instâncias funcionam como uma espécie de hierarquia entre os órgãos do Poder Judiciário, verificando a
existência de juízes e tribunais, que desenvolvem diferentes funções.

Na primeira instância há um único juiz, que tem o papel de receber o problema das partes, analisar e julgar
de acordo com a lei, já as instâncias superiores têm dupla função: julgar alguns temas específicos que a lei
determina, e reexaminar as decisões da primeira instância. A grande maioria dos assuntos devem ser
julgados, primeiramente, pelo juiz da primeira instância. Apenas alguns temas, pela natureza, é que deverão
ser julgados diretamente pelos Tribunais. Os órgãos de segunda instância são formados por vários juízes,
que julgam em conjunto, vencendo a tese que obter maior número de votos dentro de um grupo de juízes.

A natureza da matéria.
Contudo somente essa divisão em duas instâncias não é suficiente para organizar a atividade do Poder
Judiciário então, de acordo com a natureza do problema, ele deverá ser julgado no âmbito federal, que tem
amplitude em todo o país ou no âmbito estadual, que se refere a cada estado. Não há órgãos judiciais na
esfera municipal.

A Justiça Federal é composta pelos tribunais e juízes federais. É lá que ocorrem os julgamentos de ações
que envolverem conflitos relativos à União, às autarquias ou às empresas públicas federais. No âmbito
federal, alguns assuntos possuem uma justiça especializada. São elas a Justiça do Trabalho, a Justiça
Eleitoral e a Justiça Militar.
A Justiça do Trabalho cuida dos conflitos entre trabalhadores e empregadores. O seu funcionamento conta
com a participação de vários órgãos. São eles: os Tribunais Regionais do Trabalho, o Tribunal Superior do
Trabalho e os juízes do Trabalho.

A Justiça Eleitoral trabalha com as questões relacionadas às eleições e aos candidatos. É formada pelas

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Juntas Eleitorais, juízes eleitorais, Tribunais Regionais Eleitorais e pelo Tribunal Superior Eleitoral.

A Justiça Militar, por sua vez, compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. É composta
pelos juízes militares, pelos tribunais militares, e pelo Superior Tribunal Militar.

A Justiça Estadual, por sua vez, poderá julgar qualquer outro assunto, que não esteja dentro das matérias
que dizem respeito à Justiça Federal. Faz parte de sua estrutura os juízes de Direito e os Tribunais de
Justiça.

Pode-se dizer que a estrutura do Poder Judiciário no Brasil seguirá os seguintes trâmites:

Âmbito Estadual
Juiz de Direito → Tribunal de Justiça → Superior Tribunal de Justiça → Supremo Tribunal Federal

Âmbito Federal
Juiz Federal → Tribunal Regional Federal → Superior Tribunal de Justiça → Supremo Tribunal Federal
Juiz do Trabalho → Tribunal Regional do Trabalho → Tribunal Superior do Trabalho → Supremo Tribunal
Federal
Juiz Eleitoral → Tribunal Regional Eleitoral → Tribunal Superior Eleitoral → Supremo Tribunal Federal
Juiz Militar → Tribunal Militar → Superior Tribunal Militar → Supremo Tribunal Federal

Organograma do Poder Judiciário

1.3 - Entendendo a função de cada órgão do Poder Judiciário

O art. 92 da Constituição da República Federativa do Brasil enumera os vários órgãos do Poder Judiciário:

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:

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I – o Supremo Tribunal Federal;
I-A – O Conselho Nacional de Justiça;
c Inciso I-A acrescido pela EC nº 45, de 8-12-2004.
c Art. 103-B desta Constituição.
c Art. 5º da EC nº 45, de 8-12-2004 (Reforma do Judiciário).
II – o Superior Tribunal de Justiça;
III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI – os Tribunais e Juízes Militares;
VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional.

Supremo Tribunal Federal


O Supremo Tribunal Federal (STF) é o órgão máximo do Poder Judiciário e sua função é proteger a
Constituição da República Federativa do Brasil, que é a norma mais importante do país.

Assim, analisa os recursos que tratem de alguma ofensa à CR/88 e também é responsável por analisar
alguns assuntos, que, pela natureza, devem ser julgados exclusivamente pelo STF. Toda a matéria de
competência do STF está disposta no art. 102 do CR/88.

Art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; Redação da E C nº 3, de 17/03/93
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;[i]
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; Redação da E C nº 23, de 02/09/99
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o
habeas datacontra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal
de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as
respectivas entidades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
(Revogada pela EC nº 45 \ 31.12.2004) – h) a homologação das sentenças estrangeiras e a concessão do exequatur às
cartas rogatórias, que podem ser conferidas pelo regimento interno a seu Presidente;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário
cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em uma única instância;Redação da E C nº 22, de 18/03/9
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática
de atos processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da
metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre

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estes e qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do
Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Redação da EC nº 45
\ 31.12.2004)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)
§1º - A arguição de descumprimento de preceito fundamental decorrente desta Constituição será apreciada pelo Supremo
Tribunal Federal, na forma da lei. Transformado em § 1º pela E Cnº 3, de 17/03/93
§2º - As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade
e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
(Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)
§3º - No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas
no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela
manifestação de dois terços de seus membros." (NR) (Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)

O STF é composto por 11 ministros, que são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovação
dessa escolha pelo Senado Federal. Eles se dividem em turmas, com cinco membros em cada, e o
presidente do STF participa das sessões plenárias.

Os membros do STF podem ser livremente escolhidos pelo Presidente da República, desde que os
indicados reúnam os requisitos: idade entre 35 e 65 anos; nacionalidade brasileira; cidadania plena, ou seja,
exercício dos direitos políticos; notável saber jurídico e reputação ilibada.

Superior Tribunal de Justiça


Outro órgão do Poder Judiciário é o Superior Tribunal de Justiça (STJ). A função deste é a proteção das leis
federais, visando que, com sua decisão, os tribunais regionais federais e os tribunais estaduais de segunda
instância harmonizem seus entendimentos sobre determinado assunto. Analisa, também, recursos que
demonstrem ofensas à lei federal.

O art. 105 da CR/88 trata das matérias de competência do STJ:

Art.105- Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I- processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante

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tribunais;[ii]
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; Redação da E C nº 23, de 02/09/99 (Redação anterior) - b) os mandados de
segurança e os "habeas-data" contra ato de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator
for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; Redação da EC nº 23, de 02/09/99 (Redação anterior) - c) os "habeas-
corpus", quando o coator ou o paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for Ministro
de Estado, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação anterior) - c) os habeas corpus, quando o coator ou o
paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", quando coator for tribunal, sujeito à sua jurisdição, ou Ministro
de Estado, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;" Redação da E C nº 22, de 18/03/99
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e
juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um
Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade
federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos
da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
i)a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequátur às cartas rogatórias; (Redação da EC nº 45 \
31.12.2004)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou
pessoa residente ou domiciliada no País;
III- julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)
I -a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os
cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)
II -o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da
Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões
terão caráter vinculante." (NR) (Redação da EC nº 45 \ 31.12.2004)

O STJ compõe-se de, no mínimo, 33 ministros nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do
Senado, mas não de forma livre, pois há algumas regras preestabelecidas. Dessa forma, as vagas
existentes para o cargo devem ser divididas de acordo com as seguintes regras:

-1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais;


-1/3 de desembargadores do Tribunais de Justiça Estaduais;
-1/3 será dividido assim: 1/6 de advogados e 1/6 de membros do Ministério Público Federal,
Estadual e Distrital.

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Os requisitos para a nomeação são: idade de 35 a 65 anos, ser brasileiro nato ou naturalizado e possuir
notável saber jurídico e reputação ilibada.

Observação: Com a EC nº45/04, junto ao STJ funcionam a Escola Nacional de Formação e


Aperfeiçoamento de Magistrados, que é responsável pela organização dos cursos oficias relativos ao
ingresso e promoção dos magistrados e o Conselho de Justiça Federal, que é responsável pela fiscalização
dos trabalhos.

Tribunal Superior Eleitoral


O Tribunal Superior Eleitoral é formado por sete juízes. A nomeação destes membros é feita da seguinte
forma: três juízes são escolhidos entre os Ministros do STF, dois juízes entre os Ministros do STJ e dois
juízes entre advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral.

Os membros a serem escolhidos entre os ministros do STF e do STJ eleitos mediante votação secreta nos
respectivos Tribunais. Já em relação aos advogados candidatos a comporem o TSE, a nomeação é feita
pelo presidente da República, ao analisar uma lista de seis nomes, elaborada pelo STF.

Ressalta-se que os cargos de Presidente e o Vice Presidente do TSE serão ocupados pelos por ministros
do STF, devidamente eleitos. Já o corregedor eleitoral será eleito entre os ministros do STJ. Conforme
determina o art. 121 da CR/88, lei complementar irá definir a sobre a organização e competência dos órgãos
que compõem a Justiça Eleitoral.

Importante ressaltar que as decisões do TSE são irrecorríveis, salvo no caso de existir alguma ofensa à
Constituição da República Federativa do Brasil, pois ainda existiria a possibilidade de recorrer ao STF.

Tribunal Superior do Trabalho


O Tribunal Superior do Trabalho é formado por 27 ministros, nomeados pelo Presidente da República, após
aprovação do Senado Federal. Contudo, essa nomeação não é feita de forma livre, pois a lei estipula alguns
critérios.

Assim, pelo menos 1/5 das vagas existentes, devem ser distribuídas entre os advogados com mais de 10
(dez) anos de efetiva prática profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 (dez)
anos do efetivo exercício; os demais membros são escolhidos entre os juízes dos Tribunais Regionais do
Trabalho.
Conforme determina o art. 111-A, §1º da CR/88, a lei irá dispor sobre a competência do TST.
A EC nº45/04 determina o funcionamento da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento dos
Magistrados, para organizar cursos oficiais de ingresso e promoção na carreira e o Conselho Superior da
Justiça do Trabalho, que exerce atividade de fiscalização sobre a Justiça do Trabalho.

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Superior Tribunal Militar
O Superior Tribunal Militar julga os crimes militares e é composto por quinze ministros, nomeados pelo
Presidente da República após a aprovação pelo Senado Federal.

Nessa composição pode-se dizer que dez ministros são militares sendo três dentre oficiais-generais da
Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da
ativa e do posto mais elevado da carreira. Os outros cinco ministros são escolhidos entre os civis. Três
dessas vagas são destinadas a advogados, de conduta ilibada e notório saber jurídico; outra é reservada a
um juiz auditor e a última a um membro do Ministério Público Militar.

Todos devem possuir mais de dez anos de efetiva atividade profissional.

Tribunais Regionais
Os Tribunais Regionais possuem âmbito de atuação federal e assim, julgam ações provenientes de vários
estados do país. Cada tribunal regional é dividido por regiões. São eles: os Tribunais Regionais Federais
(divididos em 5 regiões), os Tribunais Regionais do Trabalho (divididos em 24 regiões) e os Tribunais
Regionais Eleitorais (divididos em 27 regiões).

Os Tribunais Regionais Federais são compostos, no mínimo, por sete juízes, recrutados na respectiva
região quando possível. Os requisitos são: nacionalidade brasileira e idade entre 35 e 65 anos. Para o
preenchimento das vagas para este tribunal, é necessário que pelo menos 1/5 seja reservado a advogados
com mais de dez anos de efetiva prática profissional e membros do Ministério Público do Federal, com mais
de dez anos de exercício profissional.

Os demais membros serão selecionados entre os juízes federais, com mais de cinco anos de permanência
no cargo, observando aos critérios de antiguidade e merecimento, alternadamente.

O Tribunal Regional do Trabalho, por sua vez, é composto por, no mínimo sete juízes, recrutados na
respectiva região quando possível. Os requisitos são: nacionalidade brasileira e idade entre 35 e 65 anos.
Para o preenchimento das vagas para este tribunal, é necessário que pelo menos 1/5 seja reservado a
advogados com mais de dez anos de efetiva prática profissional e membros do Ministério Público do
Trabalho, com mais de dez anos de exercício profissional.

Os demais membros serão selecionados entre os juízes do trabalho segundo aos critérios de antiguidade e
merecimento, alternadamente.

Tribunais de Justiça
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, são organizados de acordo com os princípios e
normas da constituição de cada estado. Esses tribunais são responsáveis por reexaminar as decisões de
primeira instância ou assuntos que devam ser julgados diretamente pelos tribunais.

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Observação: A EC nº45/04 (Emenda Constitucional) determinou que fossem extintos os Tribunais de Alçada,
que desempenhavam funções junto com o Tribunal de Justiça, no âmbito estadual. Os Tribunais de Alçada,
dessa forma, se fundiram aos Tribunais de Justiça.

O Tribunal de Justiça, nessa transição, é quem teria a competência administrativa, ou seja, seria
responsável pela efetivação da integração, respeitados os critérios de antiguidade e classe de origem de
cada membro integrante do extinto tribunal.

A alteração teve prazo de 180 (cento e oitenta) dias a partir da promulgação da emenda, e os Tribunais de
Justiça é que teriam a competência para determinar como ficaria a organização judiciária de seus quadros,
mandando, posteriormente, o projeto de lei seja devidamente aprovado pelo Poder Legislativo.

Outra inovação da EC nº45/04 foi a criação do Conselho Nacional de Justiça, de âmbito Federal.

Importante destacar também que a EC nº45/04 concedeu a possibilidade de criação da Justiça Militar
Estadual, mediante lei estadual, por iniciativa do TJ. A estrutura funcionaria da seguinte forma: em primeiro
grau a justiça militar seria formada por juízes de direito e pelo Conselho de Justiça, e em segundo grau, pelo
próprio Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal de Justiça Militar

Nesse caso, o efetivo militar deve ser superior a vinte mil integrantes, e teria a competência de para julgar
crimes militares dos Estados, crimes militares definidos em lei e as ações judiciais por falta disciplinar dos
militares, salvo quando envolver vítima civil.

A primeira instância da Justiça Militar Estadual teria a competência de processar e julgar crimes militares
contra civis e ações contra atos disciplinares. O Conselho de Justiça, sob presidência do juiz de direito,
ficaria a cargo de julgar os demais crimes militares na primeira instância.

Juízes de primeira instância


Por fim, temos os juízos de primeira instância. Normalmente é onde todas as ações judiciais têm seu início.
Há juízes de primeira instância no tanto no âmbito estadual como no federal (sejam comuns e ou
especializados: juízes do trabalho, eleitorais ou militares).

Os assuntos que devem ser discutidos por meio da Justiça Federal são taxativamente previstos , e assim,
quando fizer parte do rol existente na lei, os demais conflitos devem ser solucionados por meio da justiça
estadual.

O art. 109 da Constituição da República Federativa do Brasil prevê as matérias de competência da Justiça
Federal:

Art.109- Aos juízes federais compete processar e julgar:


I- as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras,
rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça

A Organização do Poder Judiciário no Brasil - 11


do Trabalho;
II- as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
III- as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
IV- os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
Justiça Eleitoral;
V- os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A- as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
VI- os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
econômico-financeira;
VII- os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos
atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII- os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência
dos tribunais federais;
IX- os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
X- os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de
sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
naturalização;
XI- a disputa sobre direitos indígenas.
§1º -As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
§2º -As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela
onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou ainda, no Distrito Federal.
§3º -Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em
que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal,
e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça
estadual.
§4º -Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição
do juiz de primeiro grau.
§ 5º -Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar
o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte,
poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal." (NR)

A Organização do Poder Judiciário no Brasil - 12


Conclusão
O Poder Judiciário possui uma importância fundamental, por solucionar os conflitos de interesses existentes
na sociedade. Por exercer um papel de tamanha importância, é necessário organizar uma estrutura sólida,
capaz de comportar essa função que o Poder Judiciário se presta.

Dessa forma, a organização desse Poder, embora pareça complicada, se dá de forma lógica. Por isso, é
necessário que as pessoas tenham conhecimento sobre essa grande estrutura para saberem quais são os
possíveis caminhos pelos quais a sua demanda pode percorrer.

A Organização do Poder Judiciário no Brasil - 13


Bibliografia
Fonte: ALBERGARIA, Bruno. Instituições de Direito. São Paulo: Atlas. 2008.
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 18 ª ed. São Paulo: Atlas, 2005
HORTA, Raul Machado. Unidade e dualidade da magistratura

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