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século XIX, a história sc cmancipa da filoso- José Carlos Reis

Ha e da literatura c adcrc à ciência, mudando


Noassim o foco das
prcociipaçõcs do historiador

A HISTÓRIA
Ele abandona o ''ser da história'� c passa a indagar as
próprias posvsibilidadcs do conhecimento histórico. A
história poderia enlim produzir um conhecimento
positivo e aspirar a um lugar entre as ciências.
Este livro mostra as três direções básicas da his¬
tória cienrítica no século passado: a orientação rankia-
na; a orientação diltheyniana; a orientação marxista.
Embora distintos, todos esses projetos tinham em
ENTRE A
comum a recusa da filosofia da história e a tentativa
de dar à disciplina um estatuto científico. Já no sécu¬
lo XX, os Annates formularão unia nova abordagem
FILOSOFIA E
A CIÊNCIA
do tempo histórico, permitindo outra concepção
sobre o evento e sobre a própria ação dos homens na
história.
José Carlos Reis procura analisar essas direções,
observando o que as separa das filosofias da história
e o que as mantém sob seu domínio. A separação de¬
finitiva \àrá com os Annales� quando aproximam a
história das ciências sociais, tornando-se uma delas.

Áreas de interesse do volume


• História • Filosofia

ISBN as-0fl-0£flb7-s

9 7í 8 O 58679
Qual o sentido de fa¬
zer história? O que separa o
historiador e a história con¬ fai serif »g|
temporânea do que fizeram
Titcídidcs, Heródoto ou 125
Michclct? Esse é o fio con¬
dutor de José ("arlos Reis,
cm A história, entre a filoso¬
José Carlos Reis
I'rofessor-doutor no Departamento de
fia e a ciência� até chegar à da Universidade Federal História
história como disciplina de Outo Preto
autônoma e às contradições
e paradoxos de sua
constituição como ciência.
A ruptura entre a his¬
tória c a filosofia no século
XIX parte da constatação dc
que o homem existe em sua
A HISTÓRIA,
duração no tempo. Não c
uma essência que se atuali¬
za, [ião é um espírito aiem-
ENTRE A
porai que o presente repro¬
duz incessantemente. José FÍLOSOFIA E A
CIÊNCIA
Carlos Reis mostra que a
história não chcga sem per¬
calços a formular sua auto¬
nomia e a se legitimar co¬
mo disciplina.
Analisa as idéias dc
Ranke — em que o "Es¬
pírito" se mescla à busca da
objetividade impressa na
leitura das fontes — e da
escola metódica francesa,
sobretudo Seignobos e
Langlüis, com seu método
positivo do conhecimento
COMPRAJÇvvlS-í:.. t 'C.
data )
R$
Editor
Miriam Goldfeder
Edllor-as»!stente
Claudemir D. de Andrade
Preparação de texto
Thereza C Pozzoli
Revisão
Fátima de Carvalho M. de Souza
Isaias Zilli
Edição de arte (miolo)
Divina Rcx;ha Corte
Capa
Christof Gunkel O
sobre detalhe de Comédia
romana, de De Chirico
Sumário
....


095626
�í-fCA 2. O historicismo: Aron versus Dilthey 26
3. O marxismo 4o
4. O programa (paradigma?) dos Annales "face aos
eventos" da história ... 54
ISBN 85 08 05867 5 A interdisciplinaridade; história e ciências sociais;
história-ciência social 64
Novos objetos: economias, sociedades,
1996
Todos os direitos reservados civilizações 68
Editora Ática S�. A estrutura da explicação-compreensão em história:
Rua Barão de Iguapé, 110 — CEP 01507-900 história problema e/ou história global? 76
Tel.: PABX (Oil) 278-9322 — Caixa Postal 8656
End. Telegráfico "Bomlivro" — Fax: (Oil) 277-4146 A legitimidade intelectual e social da história 87
São Paulo (SP) Bibliografia 93

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T

d Introdução
e
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e
c
N o século XIX, a consciência histórica emancipou-
t se do Idealismo e substituLu-o pela "ciência" e pela "história". A
"ciência da história", incipiente, tornou-se o centro da oposição
ao Idealismo e uma força cultural orientadora (cf. Schnãdelbach,
1984). Do século XVIII ao XIX, houvera uma radical mudança de
perspectiva em relação à história: enquanto para Kant aquele
que era cultivado historicamente permanecia na periferia da ver¬
dadeira cultura, no século XDÍ, apó.s a criação da "história cientí¬
fica", passava-se exatamente o contrário; o cultivado historica¬
mente é que era considerado "culto", Pós-kantiano e comtiano, o
século XIX possui um a priori-, a metafísica é uma impossibilida¬
de; fora dos fatos apreendidos pela sensação, nada se pode co¬
nhecer. As filosofias da história racionalistas e metafísicas per¬
dem suas sustentações metafísicas e, sem elas, não significam
mais nada. A partir de então, só se quis conhecer as relações de
causa e efeito, expressas de forma matemática, É a isto que cha¬
mavam "conhecimento positivo": "observar os fatos, constatar
suas relações, servir-se delas para a ciência aplicada" (Lefebvre,
1971, p. 31).
Este "espírito positivo", antimetafísico, passa a predominar
entre os historiadores, e inicia-se uma luta contra a influência da
filosofia da história sobre a "ciência da história". O método histó¬
rico tomou-se guia e modelo das outras ciências humanas. Os
historiadores adquirem prestígio intelectual e social, pois tinham
finalmente estruturado seu conhecimento sobre bases empíricas

V
6 A HISTÓRIA. ENTRE A FILOSOFIA E A CIÊNCIA fntroduçAo 7

positivas. Aqui se deu o nascimento de uma nova consciência pio da individualidade histórica, irredutível a qualquer princípio
histórica: a que enfatiza as "diferenças humanas no tempo". Em absoluto. A história nâo será uma ciência de leis e essências, pois
princípio, o historiador não quer fundir passado, presente e fu¬ não há modelos supra-históricos dados a priori que garantiriam
turo; a história "científica" buscará diferenciar as duas dimen¬ a racionalidade e inteligibilidade do processo histórico efetivo. A
sões "objetivas" do tempo, passado e presente, e tenderá a não Razão se reduz à história. A consciência histórica é finita, limita¬
profetizar sobre o futuro. Como conhecimento das "diferenças da, relativa a um momento histórico — o que levará ao ceticismo
humanas", a história científica dará ênfase ao evento: irrepetível,
quanto à possibilidade de um conhecimento histórico objetivo,
singular, individual, com seu valor intrínseco, único. válido para todos. Não é um princípio supra-histórico que orga¬
Em relação às histórias mítica, teológica e filosófica, que niza o processo efetivo, mas sim a própria história que organiza
fugiam do evento, considerado sem sentido se não referido o pensamento e a ação, os quais existem em uma "situação": um
ao arquétipo, a Deus ou à Utopia, a história "científica" parece
lugar e uma data — um evento.
assumir o evento, não temê-lo e até cultuá-lo. A irrevereibilidade
O historicismo é a rejeição radical das filosofias da história
parece não ser mais um problema, mas uma solução. O a-históri-
iluminista e hegeliana: rejeição do sistema, da história universal,
co, o substancial, o imutável das filosofias da história é inverificá-
da Razão que governa o mundo, do progresso. As relações entre
vel e, portanto, não "científico". O objeto do historiador é o loca¬
lizado e datado, o relativo a uma situação espaço-temporal, história e filosofia se invertem: é a filosofia que se revela históri¬
in-epetível, singular: o evento. Esta época da cultura histórica — ca, é ela que se mostra influenciada e subordinada às suas condi¬
da consciência da diferenciação das dimensões temporais — é ções históricas, A história não se svibmeteria a nenhum a priori,
considerada a época do historicismo. estes a priori é que possuem sua origem na historicidade e só
podem ser pensados e explicados historicamente. A rejeição da
O historicismo, em seu sentido geral, pode ser caracterizado co¬ subordinação da história à filosofia se assenta em uma nova ati¬
mo uma posição que torna a história um princípio [...] ele existe tude do historiador — a "positiva" — e em uma outra forma de
como oposição ao pensamento a-histórico e procura introduzir a tratar o seu material — através do método crítico de purificação
abordagem histórica em todos os campos da cultura (legers, das fontes. O conhecimento histórico nâo se assentará mais so¬
1988, p. 79).
bre elementos a priori, será um conhecimento « posteriori.
A época historicista é, portanto, de oposição às filosofias ra¬ O princípio da observação constitui a distinção essencial
entre a abordagem científica da história e a abordagem filosófica,
cionalistas, que consideram a realidade humana determinada
por princípios essenciais, invariantes. Para os historicistas, não Ao abandonar a influência da filosofia e pretender assumir uma
há um modelo imutável e supremo de razão humana. Assim co¬ forma científica, o conhecimento histórico aspira à "objetivida¬
mo as filosofias da história tinham sido revolucionárias, pois in¬ de". A questão que se pSe, então, não é a da universalidade on¬
clinadas ao futuro, o historicismo é pós-revolucionário, funda¬ tológica da história-objeto, mas a da p>ossibiIidade de se chegar a
mentalmente conservador, tradicionalista, A historicização da uma universalidade epistemoiógica. A mudança é substancial: a
história, afirma Schnâdelbach, significou a sua liberação de mo¬ questão da universalidade não pertence mais ao objeto, mas ao
delos de desenvolvimento, do progresso e da revolução, que conhecimento. A história científica quer ser "objetiva", isto é,
eram prescritos pelo desenvolvimento da Razão a-histórica. A quer formular enunciados adequados ao seu objeto e que sejam
idéia de que a história era mera exemplificação de formas gerais válidos para todo tempo e lugar, como ela estimava que faziam
do ser ou de leis de eterno retomo foi abandonada pelo princí- as ciências naturais.
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