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Sociologia Aplicada às
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Material teórico
Positivismo, Marxismo e Sociologia Compreensiva
Positivismo, Marxismo e
Sociologia Compreensiva
Atenção
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Material Teórico
Podemos dizer que o positivismo foi, enquanto teoria que propôs uma ciência da
sociedade fundada a partir de um modelo científico natural, fruto do movimento iluminista,
mesmo frente ao fato de seu principal formulador, Auguste Comte, vê-lo como reação às
ideias revolucionárias do Iluminismo.
O primeiro a utilizar o termo positivo ao tratar dessa nova ciência, ao propor uma
ciência positiva, foi Saint-Simon (1760-1825), discípulo direto de Condorcet do qual
apreendeu parte de suas principais ideias. Saint-Simon buscou inspiração em outra ciência
natural que se destacava no período, a biologia; por sua vez, sua ciência da sociedade teria
por modelo a fisiologia, uma espécie de fisiologia social.
A ideia de que a ciência e a razão seriam capazes de captar a dinâmica das sociedades
e de que existiriam leis naturais regulando seu desenvolvimento vai ganhando força durante o
século XVIII e, aos poucos, minando os antigos princípios de autoridade oriundos da tradição
e da religião. Neste momento, diversos pensadores conservadores, voltados a restabelecer o
passado, consideram que o caos e a ausência de moralidade e solidariedade que as
sociedades nascidas das duas grandes revoluções (francesa e industrial) revelavam eram fruto
do enfraquecimento das antigas instituições protetoras, destacadamente a Igreja, que haviam
promovido e sustentado a estabilidade e a coesão social anteriores.
Ao promover a Revolução
Francesa com a qual
alcança o almejado poder
político a burguesia deixa
de ser uma classe
revolucionária para se
tornar a classe dominante
na França.
A desordem e a anarquia
social denunciada por
diversos pensadores
correspondem aos novos
conflitos gerados agora
entre a burguesia e o
proletariado.
Fonte: HULTON DEUTSCH/Stock Photos
Comte e o Positivismo
3. Assim como as ciências da natureza são ciências objetivas, neutras, livres de juízos de
valor, também as ciências da sociedade devem funcionar segundo este modelo de
objetividade científica
Ao estudar a história da humanidade para compreender melhor as leis que regulam seu
desenvolvimento, Comte, herdeiro das idéias de Condorcet de que a humanidade está em
permanente desenvolvimento ou evolução, formulou o que chama de lei fundamental,
“Essa lei consiste em que cada uma de nossas concepções principais, cada
ramo de nossos conhecimentos, passa sucessivamente por três estados de
históricos diferentes: estado teológico ou fictício, estado metafísico ou abstrato,
estado científico ou positivo. Em outros termos, o espírito humano, por sua
natureza, emprega sucessivamente, em cada uma de suas investigações, três
métodos de filosofar, cujo caráter é essencialmente diferente e mesmo
radicalmente oposto (...) Daí três sortes de filosofia que se excluem
mutuamente: a primeira é o ponto de partida necessário da inteligência
humana; a terceira, seu estado fixo e definitivo; a segunda, unicamente
destinada a servir de transição” (COMTE, 1983, p. 4)
Comte vê os estados
teológico e metafísico
como etapas necessárias
ao desenvolvimento da
humanidade, mas sua
perpetuação causa
entraves à ciência e ao
verdadeiro conhecimento
do real
O estado positivo
deve estabelecer sua
superioridade
HULTON DEUTSCH/Stock Photos
Mesmo com o reconhecimento devido a Comte por sua contribuição para a instituição
da Sociologia enquanto ciência, foi sem dúvida Émile Durkheim (1858-1917) um dos
pensadores que mais contribuiu para a consolidação da Sociologia como ciência empírica e
para sua instauração no meio acadêmico, tornando-se o primeiro professor universitário dessa
disciplina. Ele é referência metodológica obrigatória de boa parte da literatura positivista na
área das ciências sociais.
A Sociologia pode ser definida, segundo Durkheim, como a ciência das instituições, da
sua gênese e do seu funcionamento. Na fase positivista que marca o início de sua produção,
considera que, para tornar-se uma ciência autônoma, essa esfera do conhecimento precisava
delimitar seu objeto próprio, os fatos sociais e o método adequado a sua observação.
• Definir previamente tais fatos pelos caracteres exteriores que lhes são comuns
Fatos sociais compreendem “toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer
sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma
sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações
individuais que possa ter”, (DURKHEIM, 1971, p. 11).
Alguns aspectos permitem caracterizar um fato social. Primeiro, são “maneiras de agir,
de pensar e de sentir que apresentam a propriedade marcante de existir fora das consciências
individuais” (DURKHEIM, 1971, p. 2), ou seja, são exteriores ao indivíduo, definidos fora dele
e independentes de sua existência, têm por substrato a sociedade, são práticas, crenças e
modos de agir que existem antes do indivíduo nascer e continuarão a existir após sua morte.
Segundo, são capazes de se impor às consciências individuais, “são também dotados
de um poder imperativo e coercitivo, em virtude do qual se lhe impõe, quer queira, quer não.
Não há dúvida de que esta coerção não se faz sentir, ou é muito pouco sentida quando com
ela me conformo de bom grado, pois então torna-se inútil” (DURKHEIM,1971, p.2). Fatos
sociais, portanto, se impõem aos membros da sociedade, sendo a coerção maior ou menor
conforme a resistência que se opõe aos mesmos.
Assim, pois, o fato social é algo dotado de vida própria, externo aos membros da
sociedade e que exerce sobre seus corações e mentes uma autoridade que os leva a agir, a
pensar e a sentir de determinadas maneiras. É por isto que o “reino social” está sujeito a leis
específicas e necessita de um método próprio para ser conhecido, diferentemente do que
acontece no “reino psicológico” que pode ser entendido por meio da introspecção.
Segundo Durkheim, todos possuem duas consciências: uma individual, que é única a
cada indivíduo e lhe coloca problemas de ordem individual; outra coletiva ou comum,
caracterizada como um conjunto de idéias, sentimentos e hábitos que exprimem em cada
indivíduo o grupo do qual faz parte.
Pode-se dizer que no final da primeira metade do séc. XIX, particularmente no ano de
1848 com a publicação do “Manifesto do Partido Comunista”, dos alemães Karl Marx (1818-
1883) e Friedrich Engels (1820-1895), tenha se desenvolvido o que posteriormente seria
nominado como marxismo.
Nesta segunda fase, Marx resolveu um antigo problema na cisão entre idealistas (que
pensavam modelos ideais de sociedade, por exemplo), e materialistas (alicerçados nas
condições materiais de transformação das sociedades), propondo aquilo que definiu como
práxis: a ação transformadora da realidade, rumo à concretização da idealidade. Obviamente,
o ideal vicejado por Marx só se constituiria, em sua teoria, diante das possibilidades materiais
de tornar-se real.
Com base nisso, Marx, nesta fase, centrou seus esforços na crítica política ao modelo
de sociedade vigente ao seu tempo, perscrutando suas raízes mais longínquas na História da
humanidade para defender um modelo de sociedade que superaria os antagonismos de suas
precedentes, levando o Homem ao desenvolvimento máximo de suas potencialidades.
Materialismo Econômico
Sua visão contrapôs-se à de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831, foi professor
e reitor da Universidade de Berlim, onde Marx estudou), para quem “as idéias determinam
todas as condições da sociedade”; para Marx e Engels “a economia determina inclusive as
idéias”, sendo assim, para o marxismo “a economia molda a sociedade”.
Materialismo Histórico
Essas transformações se dariam por meio de uma marcha triática, ou seja, a partir de
três elementos: tese, antítese e síntese. Essa formulação advém de uma re-apropriação que
Marx fez da dialética proposta por Hegel, daí dizer-se: da dialética hegeliana.
O movimento se daria da seguinte forma: tudo o que existe na natureza constitui tese;
porque tudo está em movimento (como vimos), tudo o que existe em natureza se transforma,
em especial, em direção ao seu oposto (exemplo: a madeira se transforma naturalmente de
forma a deixar de ser madeira, quando começa a se decompor), a esse contrário, que nega a
tese, chamamos de antítese (anti+tese); o choque da tese com seu contrário (ou suas
contradições, como no exemplo dado, de a madeira naturalmente se decompor), teria como
resultado a síntese, ou seja, algo novo (uma matéria nova, no exemplo dado, produto da
decomposição da madeira).
Essa mesma lógica verifica-se, segundo Marx, na mudança das sociedades, que
também se decompõem e se transformam em algo novo. Essas transformações seriam
determinadas, como vimos, pela base econômica. Sendo assim, uma base econômica
determinada, como o capitalismo, por exemplo (ao tempo de Marx, que era o tempo da
industrialização), seria a tese dessa sociedade: o chamado modo de produção capitalista. Seus
antagonismos ou contradições, ou seja, sua antítese, seriam exatamente as condições de
penúria e extrema exploração vivida pelo proletariado, a classe trabalhadora nas fábricas. No
momento em que o proletariado não suportasse mais sua condição de exploração e se
voltasse contra o explorador - a burguesia -, ocorreria o choque que produziria um novo
modo de produção, ou seja, a síntese.
Tese X Antítese = Síntese
Com base na dialética hegeliana (tese + antítese = síntese), Marx elaborou sua teoria
explicativa sobre a sucessão dos modos de produção da vida social: “Todo modo de
produção já traz em si o germe que provocará sua deterioração e o surgimento de um modo
de produção novo”, tendo como motor dessas transformações a “luta de classes”.
Para Marx, a luta de classes seria então o motor da História, da transformação da base
econômica das sociedades e, assim sendo, das próprias sociedades.
MEIOS DE PRODUÇÃO:
São os meios necessários
A origem da divisão da sociedade em classes sociais estaria na
para garantir a existência
propriedade privada dos meios de produção. material do Homem, como a
terra e os instrumentos /
No momento em que um indivíduo se outorga proprietário de
ferramentas para a
um determinado meio de produção, como a terra, por exemplo, ele se transformação da natureza
distingue de todos os demais que não são proprietários. Decorre daí a naquilo que possa saciar as
divisão do trabalho social, entre os proprietários dos meios de produção necessidades humanas (uma
e aqueles que são proprietários apenas de sua força de trabalho. Trata- enxada, um arado, uma
máquina numa indústria, por
se, para Marx, de uma relação fundamentalmente de exploração, na
exemplo).
qual há exploradores e explorados. Percebemos então que, segundo
essa perspectiva, a divisão do trabalho social determina papéis e identidades sociais e,
segundo o marxismo, estão na base das desigualdades, por parte daqueles que são
proprietários dos meios de produção e expropriam a força de trabalho alheia.
Revolução Social
A luta de classes encontra expressão máxima na forma da revolução social, que então
cria a nova ordem de produção, síntese do velho e do novo.
Trata-se da síntese dialética que vimos em Hegel e depois em Marx: a nova ordem já
trás em si o germe de sua ruína, suas contradições internas que provocarão a antítese, que em
choque com a tese gerarim a síntese (o novo).
A história da humanidade seria então a história da luta de classes, e a luta de classes
dependeria por sua vez da consciência de classe. Sendo assim, compreende-se porque para
Marx “a violência é a parteira das novas sociedades”.
Estrutura Social
Nessa perspectiva, o Estado (que não fosse o Socialista) seria a superestrutura criada a
serviço da classe dominante, proprietária dos meios de produção, para manter essas relações
inalteradas em favor dos dominadores.
Para Weber, o objeto da sociologia é a ação social. A ação social é a conduta humana
à qual o próprio agente associa um sentido. É aquela ação orientada subjetivamente pelo
agente levando em conta a resposta ou a reação de outros indivíduos. É preciso ver o que
Weber entende por sentido. Ele estava mais preocupado com enfatizar que o sentido é aquele
subjetivamente visado pelo agente e não um sentido correto da ação ou algum sentido
definido como verdadeiro. Interessa, enfim, aquele sentido que se manifesta em ações
concretas e que envolve um motivo sustentado pelo agente como fundamento da sua ação.
Para Weber, a sociologia é uma ciência voltada para a compreensão interpretativa da ação
social, para sua explicação causal e para seus efeitos (COHN, 2003).
Em Economia e sociedade, Weber distingue quatro tipos de ação social:
1) ação racional em relação a um fim (por exemplo, o desempregado que procura um
emprego);
2) ação racional em relação a um valor (quando o sujeito age racionalmente não para
alcançar um resultado, mas para permanecer fiel a um valor, como no caso do capitão
que vai a pique com o navio que afunda ao invés de abandoná-lo);
3) ação afetiva (aquela ditada pela emoção ou pelo humor do agente);
4) ação tradicional (aquela ditada por hábitos, costumes e crenças). Esses tipos de ação
encontram-se mais ou menos mesclados na vida social, mas sua classificação é
necessária para se poder interpretar a vida social (REALE; ANTISERI, 2003).
O conceito de motivo permite estabelecer uma ponte entre o sentido da ação social e
a compreensão dessa ação por parte do cientista social. Do ponto de vista do agente, o
motivo é o fundamento da ação. Para o sociólogo, cuja tarefa é compreender essa ação, a
reconstrução do motivo é fundamental, porque, da sua perspectiva, ele figura como a causa
da ação (COHN, 2003).
A tarefa do cientista social é descobrir os possíveis sentidos das ações humanas
presentes na realidade social que lhe interesse estudar. O sentido, por um lado, é expressão da
motivação individual. O caráter social da ação individual decorre da interdependência dos
indivíduos. Uma pessoa age sempre em função de sua motivação e da consciência de agir em
relação a outras pessoas. Por outro lado, a ação social gera efeitos sobre a realidade em que
ocorre. Muitas vezes, tais efeitos escapam ao controle e à previsão do agente (COSTA, 1998).
Ao cientista social compete captar o sentido produzido pelos diversos agentes em todas
as suas conseqüências. As relações que o cientista estabelece entre motivos e ações sociais
revelam as diversas instâncias da ação social – políticas, econômicas ou religiosas (COSTA,
1998).
Weber distinguiu a ação social da relação social. Para ele, a relação social é uma
ação cujo sentido é compartilhado pelos agentes envolvidos nessa ação. Por exemplo, um
sujeito que pede uma informação a outro estabelece uma ação social: ele tem um motivo e
age em relação a outro indivíduo, mas tal motivo não é compartilhado. Numa sala de aula,
onde o objetivo da ação dos vários agentes é compartilhado, existe uma relação social
(COSTA, 1998).
O cientista, como todo indivíduo em ação, também age guiado por seus motivos, sua
cultura, sua tradição, sendo impossível descartar as suas pré-noções. Existe sempre uma
parcialidade na análise sociológica, como em toda forma de conhecimento. As preocupações
do cientista orientam a seleção e a relação entre os elementos da realidade a ser analisada. Os
fatos sociais não são coisas, mas acontecimentos que o cientista percebe e cujas causas
procura desvendar. Uma vez iniciado o estudo, este deve se conduzir pela busca da maior
objetividade na análise dos acontecimentos. A realização da tarefa científica não deve entrar
em conflito com as crenças e as idéias pessoais do cientista. O que garante a cientificidade de
uma explicação é o seu método. Weber lembra que, embora os acontecimentos sociais
possam ser quantificáveis, a análise do social envolve sempre uma questão de qualidade,
interpretação, subjetividade e compreensão (COSTA, 1998).
Metodologia Weberiana
Positivismo
COMTE, Auguste. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
BOSI, Alfredo. O positivismo no Brasil: uma ideologia de longa duração. Disponível on-
line em: http://www.machadodeassis.org.br/abl/media/prosa43c.pdf
LINS, Ivan. História do positivismo no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1967.
Marxismo
• Alienação - http://www.youtube.com/watch?v=n2vFecjCNWs&feature=related
Weber
• http://www.culturabrasil.pro.br/weber.htm
• http://www.cejur.ufpr.br/revista/artigos/001-2sem-2006/artigo-02.pdf
• http://www.revistas2.uepg.br/index.php/emancipacao/article/view/45/42
• http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
93131996000200004&script=sci_arttext&tlng=en
Assista ao vídeo:
• http://www.youtube.com/watch?v=hSHsMEpNyHU
• http://www.youtube.com/watch?v=BYp6uZpdP3Q&feature=related
Anotações
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