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Ireuda Mourão

O que os alunos entendem


por didática

 Conjunto de competências;
 Maneira/método de passar uma informação;
 Maneira de como ensinar e aprender com os alunos;
 Teoria do ensino;
 Forma como o professor compartilha o conhecimento;
 Conjunto de técnicas;
 Ter postura e saber transmitir conhecimento;
 Forma de despertar o interesse do aluno;
 A forma;
 O como.
Didática:
Uma receita de como ensinar?

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na
palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Mas [...] dizer a
palavra não é privilégio de alguns homens [...].
Precisamente por isto, ninguém pode dizer a palavra
verdadeira sozinho, ou dizê-la para os outros, num ato
de prescrição, com o qual rouba a palavra aos demais
(FREIRE, 1983).

Didática: saber o que fazer tem seu sentido vinculado


ao para que fazer.
Didática:
Uma receita de como ensinar?

 Diferentemente da prática médica tradicional (e
inadequada), que em grande parte executa as
prescrições científicas da medicina, o ensino não é
prática orientada pela didática.

 A história dos três operários e a ruptura com visões


fragmentadas e isoladas do trabalho docente.
O que é didática?

Dependendo das circunstâncias e do momento histórico, a didática
pode ser considerada como a ciência do ensino, a arte do ensino, uma
teoria da instrução, uma teoria da formação ou mesmo uma
tecnologia para dar suporte metodológico às disciplinas curriculares.
De alguma forma, esteve sempre ligada às questões postas pelos
processos de ENSINO (PIMENTA et. al., 2013, p.143)

O tripé didático:

 Didática operativa: o ensino em situação.


 Didática investigativa: como campo teórico e investigativo;
 Didática curricular: como disciplina na Formação dos Professores;
Os precursores da didática

Alguns agem com a certeza de que o domínio de um determinado saber é
condição suficiente à tarefa e ensinar. Outros, mesmo antes da
constituição da Didática como disciplina, se preocuparam em sistematizar
princípios de condução do ato educativo.

O que dizem os precursores da Didática?


Os precursores da didática

A didática começa a ganhar contornos de campo específico e autônomo a
partir do século XVII, com o monge luterano João Amós Comenius (1562-
1670), que escreve, entre 1627 e 1657, a obra Didática Magna – Tratado da
arte universal de ensinar tudo a todos.
Os precursores da didática

No século 18 Rousseau foi o autor da segunda revolução didática, e com
esse autor foram lançadas as bases da “Escola Nova”, questionando o
método único e a valorização dos aspectos externos ao sujeito aprendiz.
Os precursores da didática

No século 19, Herbart erige as bases do que denominou pedagogia
científica. Essa didática herbartiana acentuou a importância do professor
no processo de ensino, pondo no preparo de sua aula, conforme os passos
formais, a responsabilidade pelo sucesso do ensino.
Contradições em sua trajetória

Ela estará sempre impregnada das contradições impostas pelo momento
histórico. Errará se não tomar para si as contradições e se, a partir destas,
não buscar produzir conhecimentos e práticas.

A didática, com Comênio, surge como instrumento político para romper


com a hegemonia da educação católica medieval. Ela surge do e no
enfrentamento das contradições políticas, éticas e sociais.

O mesmo ocorre em diferentes momentos históricos, e um dos mais


marcantes foi no início da década de 1980, quando a didática foi posta em
questão (CANDAU, 2014).
Das relações entre didática e...

PEDAGOGIA

CIÊNCIAS
DA
EDUCAÇÃO DIDÁTICA EDUCAÇÃO

DIDÁTICAS
ESPECÍFICAS

É necessário considerar:
 A Didática é área da Pedagogia;

 A Didática tem no ensino seu objeto de investigação;

 O ensino é prática social complexa que requer ser


compreendido no contexto histórico em que se
realiza;
A didática como disciplina

 Como curso de Licenciatura (1939).

 Sua introdução na Formação dos Professores (1946).


Finalidade explícita de oferecer aos bacharéis das várias áreas os
conhecimentos pedagógicos necessários às atividades de ensinar.
Perspectiva normativa e prescritiva de métodos e técnicas de ensinar.
O ensino de didática no Brasil
A didática e a evolução político-social e educacional do país


 No início da década de 60, o ensino de Didática assume uma
perspectiva idealista e centrada na dimensão técnica do processo de
ensino-aprendizagem.

A Tecnologia educacional e o Ensino


programado: forma sistemática de se
planejar o processo ensino-aprendizagem,
baseando-se em conhecimentos científicos
e visando a produtividade, o alcance dos
objetivos de forma eficaz e eficiente.

Idealista: a análise da prática concreta da maioria das escolas não é objeto de reflexão.
O ensino de didática no Brasil
A didática e a evolução político-social e educacional do país


Primeiro momento: A afirmação do técnico e o silenciar do político – o
pressuposto da neutralidade.

Princípio da atividade e da
Discurso individualização; Importância da
Fim da década de 50 escolanovista: Psicologia do desenvolvimento e da
e início da década superar a escola aprendizagem; a necessidade de
de 60: tradicional; aprender fazendo, aprender a
Período de grande Partir dos aprender, enfatiza-se a atenção às
efervescência interesses diferenças individuais; estudam-se
político-social e espontâneos e métodos e técnicas como: centro de
educacional; Debate naturais da interesses, estudo dirigido, unidade
em torno da LDB; criança; didática, método de projetos, o
contrato de ensino.
Ensino de didática no Brasil
A didática e a evolução político-social e educacional do país

E a didática?
Passado o período de transição pós 64, é
As PALAVRAS-FORÇA eram:
retomada a expansão econômica e o
produtividade, eficiência, racionalização,
desenvolvimento industrial. O modelo
operacionalização e controle.
político reforça o controle, a repressão e o
autoritarismo. A visão industrial penetra no campo
educacional

Objetivos instrucionais
Ensino de Didática no Brasil
A didática e a evolução político-social e educacional do país


Segundo Momento: A afirmação do político e a negação do técnico – a
contestação da didática (a partir da metade da década de 70).

Crítica: desvinculação entre teoria e prática reforça o formalismo didático;


os planos são elaborados segundo normas previstas e prescritivas, quando
muito o discurso dos professores é afetado, mas a prática pedagógica
continua intocada.
Denúncia da falsa neutralidade do técnico;

Denúncia e explicitação do compromisso com o status


quo;

Negação da dimensão técnica;

Se postula uma antididática.


O ensino de didática no Brasil

Um marco: A didática em questão

De uma suposta afirmação da importância da didática seu papel passou e


“passa” a ser fortemente contestado.

Da acusação de inocuidade e de prejudicial.


Ensino de didática no Brasil

A receita ou a denúncia?
Competência técnica e competência política não são aspectos contrapostos.

De uma didática instrumental à uma didática fundamental ...

 Que assume a multidimensionalidade do processo de ensino-


aprendizagem;

 Que analisa as diferentes metodologias explicando seus pressupostos,


o contexto que foram geradas, a visão de homem, de sociedade, de
conhecimento e de educação que veiculam;

 Que parte do compromisso com a transformação social.


O objeto de estudo da didática

 A didática tem como objeto de estudo o processo de ensino na
sua globalidade, [...] suas finalidades sociopedagógicas,
princípios, condições e meios de direção e organização do
ensino e da aprendizagem, pelos quais se assegura a mediação
docente de objetivos, conteúdos, métodos, em vista da
efetivação da assimilação consciente de conhecimentos
(LIBÂNEO, 2000, p. 116).

 A problemática de ensino, enquanto prática de educação, é o


estudo do ensino em situação, ou seja, no qual a aprendizagem
é intencionalidade almejada, no qual os sujeitos imediatamente
envolvidos (professor e aluno) e suas ações (o trabalho com o
conhecimento) são estudados nas suas determinações histórico-
sociais [...] Por isso, o objeto de estudo da Didática não é nem o
ensino, nem a aprendizagem; mas o ensino e sua
intencionalidade que é a aprendizagem, tomados em situação
(PIMENTA, 2001, p. 63).
A escola como espaço privilegiado
do ensino e da didática

 O foco da didática é a escola, como espaço privilegiado do
ensino. Não se pode apenas focar o olhar na sala de aula, pois...

 As escolas estão fragilizadas e não conseguem ensinar tudo a


todos; os educadores defrontam-se com a questão do o que
ensinar; os professores, com o como ensinar; e toda sociedade
ainda não tem resposta para a questão para que ensinar?

 Como a didática pode tornar possível o ensino? Um ensino que


proceda à mediação reflexiva entre os valores e a cultura que a
sociedade dissemina e os estudantes em formação? Pode ela
sozinha dar conta dessa tarefa?
A escola como espaço privilegiado
do ensino e da didática

 Como a didática se coloca perante a gritante contradição da
sociedade que impõe às escolas públicas uma secundarização
dos processos de ensino e formação, em prol do
desvirtuamento de suas tarefas, para funcionar como espaço de
guarda e acolhimento dos menos favorecidos?

 Acredito que essa seja hoje, talvez, a sua função mais relevante:
a de buscar compreender e transformar a escola em local de
ensino e formação.
Desafios do ensino da didática

A multidimensionalidade do processo de ensino-aprendizagem: as
dimensões humana, técnica e político-social (CANDAU, 2014);

E a dimensão cognitiva da aprendizagem? Os avanços da Psicologia


Cognitiva e Neurociências? O perigo de se voltar à uma didática
psicológica.

Como situar a didática neste novo cenário da ciência e tecnologia e


modo de produção, sem deixar que seja crítica?

Como a didática se posiciona frente a questões presentes na sala de


aula e na escola, como: gênero, raça, etnia, diversidade, igualdade,
diferença, violência, cultura?
Desafios do ensino da
didática

 É possível ensinar tudo a todos? Ao ampliar a participação de
todos os sujeitos, ao abrir espaços para a inclusão de todas as
camadas sociais no processo de educação, a escola estremece e
vacila muitas vezes: o que a didática tem que ver com isso?

 De quais professores precisamos hoje? Se ela tem a preocupação


com o ensino, os concretizadores desse processo são os
professores situados em contextos, e mais uma se pergunta:
quais orientações e subsídios pode oferecer para a formação de
professores?
Um desenho para a Didática
Didática Geral
 A relação entre Educação,
sociedade e Trabalho
Identidade e
saberes
Docente docentes

História da profissão docente


Educação

Formação docente A evolução histórica da Didática e as tendências atuais

Didática

Ensino e Aprendizagem
Organização do Trabalho Docente
Concepções e finalidade do Ensino

A veiculação do A aprendizagem do aluno


conhecimento na de diferentes pontos de Aspectos teóricos, legais e práticos
Escola: a relação vista: humano, sociológico, do Planejamento e da Avaliação
entre currículo e psicológico
ensino

Pesquisa/Registro diário reflexivo/Tematização da Prática;


Os processos de Ensino e Aprendizagem:
metodologias e técnicas de ensino
Um desenho para a didática específica
Didática do Ensino de Química 
Epistemologia da ciência e
Conhecimento químico
O professor de Química Aspectos teóricos, históricos, políticos e legais da
formação do Professor de Química;
Aspectos teóricos, históricos, políticos e legais
da Formação do Professor de Química; O Professor de Química e as concepções de
Formação;
O Professor de Química e as concepções de
Formação

Ensino e Aprendizagem da Química:


concepções e tendências

Ensino com pesquisa

Resolução de problemas

Organização do Trabalho Docente Mediações tecnológicas e o Ensino de Química

Análise de situações de aula; Representações mentais

Elaboração de materiais didáticos;

Planejamento e Avaliação em Química


Bibliografia

CANDAU, V. A didática em questão. 16. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
GODOY, A. C. S. Fundamentos do trabalho pedagógico. Campinas: Alínea. cap. 1:
Histórico, concepções e pensamento didático. p. 11-24, 2009.
LIBÂNEO, J. C. “Educação: pedagogia e didática. O campo investigativo da pedagogia e
da didática no Brasil: esboço histórico e busca de identidade epistemológica e
profissional”. In: PIMENTA, S. G. (Org.). Didática e Formação de Professores: Percursos e
perspectivas no Brasil e em Portugal. São Paulo: Cortez, 2000.
PIMENTA, S. G. “Panorama atual da didática no quadro das ciências da educação:
educação, pedagogia e didática”. In: PIMENTA, Selma G. (Org.). Pedagogia, ciência da
educação. São Paulo: Cortez, 2001.
_______. (org.). Didática e Formação de Professores: percursos e perspectivas no Brasil e
em Portugal. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
_______. et. al. “A Construção da didática no GT Didática – análise de seus referenciais”.
Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, vol. 18, n.º 52, p. 143-162, jan./mar., 2013.

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