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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DE BAHIA – UESB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA


CAMPUS DE ITAPETINGA

DIAGNÓSTICO TÉCNICO-ECONÔMICO DE
PROPRIEDADES LEITEIRAS NO TERRITÓRIO DE
IDENTIDADE DE ITAPETINGA - BAHIA

PAULO VALTER NUNES NASCIMENTO

ITAPETINGA
BAHIA – BRASIL
2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
Área de concentração: Produção de Ruminantes

Paulo Valter Nunes Nascimento

DIAGNÓSTICO TÉCNICO-ECONÔMICO DE PROPRIEDADES LEITEIRAS


NO TERRITÓRIO DE IDENTIDADE DE ITAPETINGA - BAHIA

Tese apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste


da Bahia, como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia, Área de Concentração
em Produção de Ruminantes, para obtenção do título
de “Doutor”.

Orientador : DSc Fabiano Ferreira da Silva


Co-Orientador: DSc Aureliano José Vieira Pires

ITAPETINGA
BAHIA – BRASIL
2011
À minha esposa, Patrícia Novaes Nascimento, e filhos, Paulo Cristhian Novaes Nascimento e

Lethícia Novaes Nascimento, pela paciência, força, incentivo, pelo amor e carinho;

Aos meus pais amados, Valter Alves Nascimento e Givanda Nunes Silveira, pelo incentivo,

ensinamentos, força, confiança e amor, pois vocês são um exemplo de vida e sempre irei me

espelhar em vocês;

À minha irmã, Patrícia Nunes Nascimento, pela grande amizade e confiança que sempre teve

em mim.

PROVAI E VEDE QUE O SENHOR É BOM; BEM AVENTURADO O HOMEM QUE


NELE CONFIA. (SALMOS 34:8)

DEDICO...

Aos meus familiares e aos meus orientadores, Prof. Fabiano Ferreira da Silva e Profa
Aureliano José Vieira Pires, pelos preciosos ensinamentos, pela dedicação e amizade.

OFEREÇO...
AGRADECIMENTOS

A DEUS, pela vida e sabedoria, pois ele é soberano.

Aos meus pais, pois tudo o que tenho e o que sou hoje devo a eles, pois sem sua confiança não
estaria aqui hoje; vocês são tudo em minha vida;

À minha irmã, pela confiança e incentivo;

Ao meu grande amigo e irmão, Fábio Andrade Teixeira, que sempre me incentivou;

Aos meus grandes amigos, Prª Josecélia, Ana Paula, John, Mateus, que sempre estiveram
comigo nos momentos de cansaço;

Aos meus irmãos da Igreja do Evangelho Quadrangular, pela força espiritual e inúmeras
orações que fizeram;

À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Campus de Itapetinga, pela oportunidade de


continuidade da realização da minha formação profissional;

Ao Professor, Dr. Fabiano Ferreira da Silva, pelas orientações, amizade, ensinamentos e boa
vontade que sempre tem de ajudar;

A todos os 33 produtores que disponibilizaram as suas propriedades para o fornecimento dos


dados, para realização desta pesquisa;

Aos coordenadores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia;

Aos demais professores do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, pelos ensinamentos e


convivência;

Ao amigo Dicastro, pela amizade e ajuda na condução do experimento;

Aos colegas de turma, que contribuíram muito nessa minha caminhada;

Aos funcionários da UESB, que sempre estiveram à disposição para ajudar no que precisei;

E a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, pois,
sozinho, torna-se impossível terminar um trabalho deste.

A todos vocês, o meu sincero MUITO OBRIGADO!


BIOGRAFIA

PAULO VALTER NUNES NASCIMENTO, filho de Valter Alves Nascimento e Givanda


Nunes Silveira, nasceu em 16 de dezembro de 1973, em Itabuna, Bahia.
Em 1992 iniciou o curso de Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
finalizando o mesmo em 1996.
Em 2006, iniciou o curso de Pós-Graduação em Zootecnia – Mestrado em Zootecnia,
na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Concentração em Produção de
Ruminante, finalizando em 2008.
Em 2008, iniciou o curso de Pós-Graduação em Zootecnia – Doutorado em Zootecnia,
na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Concentração em Produção de
Ruminante, finalizando em agosto de 2011.
RESUMO

NASCIMENTO, P.V.N. Diagnóstico técnico-econômico de propriedades leiteiras no


território de identidade de Itapetinga-Bahia. Itapetinga-BA: UESB, 2011. 112f. (Tese –
Doutorado em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes).*

Objetivou-se avaliar o perfil técnico e econômico de propriedades leiteiras da microrregião


de Itapetinga-Bahia, sendo utilizadas para 33 e 28 propriedades, respectivamente. O
período de análise dos dados foi de outubro de 2009 a setembro de 2010, e os valores em
reais foram corrigidos pelo IGP-DI (Ìndice Geral de Preços de Disponibilidade Interna) da
Fundação Getúlio Vargas para setembro de 2010. No primeiro capítulo, foram descritos
indicadores de desempenho econômico das fazendas, originados de dados coletados através
de visitas mensais nas propriedades. No segundo capítulo, procurou avaliar o perfil do
produtor, caracterização da propriedade, da mão de obra, sistema produtivo, higiene de
ordenha, práticas sanitárias correlacionadas ao nível de produção (até 200 litros/dia, 201 a
400 litros/dia e acima de 400 litros/dia) das propriedades participantes deste projeto,
escolhidas aleatoriamente, sendo os dados obtidos através da aplicação de questionário aos
produtores. Os dados foram analisados de forma descritiva. O valor do “patrimônio
investido em terra” foi o item de maior representatividade (52,32%) do total investido, os
valores imobilizados por hectare foi de R$6.430,85 ± 1.648,52 (média de desvio padrão),
por matriz em lactação R$15.195,37 ± 8.618,90, por kg de leite produzido por dia de
R$2.328,69 ± 1.474,40. A renda bruta média da atividade durante o período foi de R$
118.004,53 (± 119.161,11), o que correspondeu à soma dos valores apurados com a venda
de leite (70,37%), animais (18,08%) e variação de inventário animal (11,56%). O valor
médio pago por litro de leite, no período, na região foi de R$ 0,63 (± 0,05), sendo o item de
menor variação. O custo total por litro de leite foi de R$ 0,82 (± 0,34) e o resultado (Lucro
ou prejuízo) por litro de leite de R$0,09 (± 0,33). A lucratividade foi de 10,25% (± 42,71%)
e a rentabilidade de 1,44% (± 4,66%). A mão de obra afetou o custo de produção em
43,92% (± 14,42%), sendo o item que mais influenciou no custo de produção. A margem
líquida e o resultado positivo indicaram que os pecuaristas têm condições de produzir a
médio e longo prazo, com constante capitalização. Existe relação positiva entre a dedicação
à atividade e à produção. A mão de obra nos estratos de até 200 L/dia, 201 a 400 L/dia e
acima de 400 L/dia está sendo subutilizada. A taxa de lotação média das propriedades (0,96
U.A/ha) indica que o sistema de produção apresenta um mal aproveitamento das pastagens.
A margem líquida e o resultado foram positivos, o componente de maior influência no
custo operacional efetivo foi a mão de obra, esforços devem ser feitos para aumentar a
produtividade. Existe potencial na pecuária leiteira da região, porém, há uma grande
carência de informações sobre o manejo alimentar, principalmente, no que diz respeito às
reservas estratégicas.

Palavras-chave: custo de produção, mão de obra, pecuária leiteira, rentabilidade

*Orientador: Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB e Co-orientador: Aureliano José Vieira Pires, D.Sc.,
UESB.

v
ABSTRACT

NASCIMENTO, P.V.N. Diagnosis of technical and economic dairy farms in the territory of
identity Itapetinga-Bahia. Itapetinga-BA: UESB, 2011. 112f. (Thesis - PhD in Animal
Science, Area of Concentration in Ruminant Production).*

The objective was to evaluate the technical and economic profile of the dairy farms in the
microregion Itapetinga-Bahia, being used for 33 to 28 properties, respectively. The period
of analysis was from October 2009 to September 2010, and the values in R$ were adjusted
by IGP-DI (General Price Index Internal Availability) Getulio Vargas Foundation in
September 2010. In the first chapter were described indicators of economic performance of
farms, sourced from data collected through monthly visits to the properties. In the second
chapter tried to evaluate the profile of the producer, characterization of property, labor,
production system, milking hygiene, sanitation practices related to the level of production
(up to 200 liters / day, 201 to 400 liters / day and above 400 liters / day) of the properties
participating in this project, chosen randomly, and the data obtained through a
questionnaire to producers. The data were analyzed descriptively. The value of "patrimony
invested in ground" was the item most representative (52.32%) of the total investment, the
fixed assets per hectare was R$ 6,430.85 ± 1,648.52 (mean standard deviation) per array
lactating R$ 15,195.37 ± 8,618.90 per kg of milk produced per day R$ 2,328.69 ± 1,474.40.
The average gross income of the activity during the period was R$ 118,004.53 (±
119,161.11), which corresponded to the sum of the values obtained with the sale of milk
(70.37%), animals (18.08%) and animal inventory change (11.56%). The average price paid
per liter of milk in the region during the period was R$ 0.63 (± 0.05), less variation of the
item. The total cost per liter of milk was R$ 0.82 (± 0.34) and the result (profit or loss) per
liter of milk from R$ 0.09 (± 0.33). The profit was 10.25% (± 42.71%) and profitability of
1.44% (± 4.66%). The manpower has affected the cost of production in 43.92% (±
14.42%), and the item that most influenced the cost of production. The net margin and the
positive result suggested farmers are able to produce medium and long term, with constant
capitalization. There is a positive relation between the dedication and production activity.
The manpower in strata up to 200 L / day, 201 to 400 L / day and above 400 L / day is
being underutilized. The average stocking rate of the properties (0.96 AU / ha) indicates
that the production system has a poor utilization of pastures. The net margin and the result
were positive, the most influential component in the operational cost was labor, efforts
should be made to increase productivity. There is potential in dairy farming in the region,
but there is a dearth of information on dietary practices, especially with regard to strategic
reserves.

Keywords: production cost, labor, dairy farming, profitability


________________________
*
Supervisor: Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB e Co-orientador: Aureliano José Vieira Pires, D.Sc.,
UESB.
LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 2

Figura 1 - Localização geográfica da microrregião de Itapetinga- Bahia. Área


geográfica 1609,52 km2...................................................................... 74

Figura 2 - Distribuição das propriedades em função dos municípios.................. 75

Figura 3 - Distribuição das quantidades de amostras em função das médias de


produção diárias................................................................................... 76

Figura 4 - Percentual do grau de instrução do produtor em função do nível de


produção.............................................................................................. 81

Figura 5 - Profissão ou atividade do proprietário em função do nível de


produção.............................................................................................. 82

Figura 6 - Fonte de obtenção de informações dos produtores em função do


nível de produção................................................................................. 83

Figura 7 - Experiência (em anos) dos produtores em função do nível de


produção.............................................................................................. 84

Figura 8 - Administração da propriedade em função do nível de


produção.............................................................................................. 85

Figura 9 - Escolas próximas às propriedades....................................................... 86

Figura 10 - Abastecimento de energia elétrica em função dos níveis de


produção.............................................................................................. 87

Figura 11 - Fontes de água nos diferentes níveis de produção............................... 88

Figura 12 - Acesso à propriedade em função do nível de produção...................... 89

Figura 13 - Percentual de propriedades que possuem algum tipo de remuneração


especial para o ordenhador.................................................................. 91
Figura 14 - Grau de escolaridade do ordenhador em função do nível de
produção.............................................................................................. 92

Figura 15 - Tipo de suplementação utilizada em relação ao nível de produção..... 97

Figura 16 - Realização de controle zootécnico ao nível de produção.................... 99

Figura 17 - Tipo e frequência de ordenha em função do nível de produção.......... 101

Figura 18 - Higiene na ordenha em relação ao nível de produção......................... 103


LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1

Tabela 1 - Recursos disponíveis nas 28 propriedades leiteiras da microrregião


de Itapetinga-Bahia, durante o período de outubro de 2009 a
setembro de 2010................................................................................. 47

Tabela 2 - Resumo da análise de rentabilidade do custo de produção de leite da


microrregião de Itapetinga-Bahia, durante o período de outubro de
2009 a setembro de 2010..................................................................... 49

Tabela 3 - Contribuição de cada item em % na receita da atividade leiteira na


microrregião de Itapetinga – Bahia, no período de outubro de 2009 a
dezembro de 2010................................................................................ 51

Tabela 4 - Custo Operacional Efetivo (COE), Custo Operacional Total (COT),


Custo Total (CT), Margem Bruta (MB), Margem Líquida (ML) e
Resultado (R) em R$, por litro de leite, da microrregião de
Itapetinga-Bahia, durante o período de outubro de 2009 a setembro
de 2010................................................................................................. 57

Tabela 5 - Índices técnicos / gerenciais da microrregião de Itapetinga-Bahia no


período de outubro de 2009 a dezembro de 2010................................ 58

Tabela 6 - Contribuição em % de cada item do Custo Operacional Efetivo


(COE) no Custo Operacional Total (COT) da microrregião de
Itapetinga-Bahia, no período de outubro de 2009 a setembro de
2010..................................................................................................... 59

CAPÍTULO 2

Tabela 1 - Aspectos relacionados aos produtores de leite da microrregião de


Itapetinga-Bahia, no período de outubro de 2009 a setembro de
2010..................................................................................................... 78
Tabela 2 - Quantidade média de funcionários, percentual de trabalhadores com
carteira assinada. ................................................................................. 90

Tabela 3 - Tamanho da propriedade, quantidade de unidade animal por hectare,


produção média de leite litros/ha/ano, litros/vaca/ano e
litros/vaca/dia em função das médias de produção diária................... 94

Tabela 4 - Porcentagem de utilização de pastagem cultivada, nativa, realização


de análise de solo, utilização de adubação química, calagem e
pastejo rotacionado em diferentes estratos de produção...................... 95
LISTA DE SÍMBOLOS

Da Depreciação anual
Vi Valor inicial
Vf Valor final
Ra Remuneração anual
RB Renda bruta
MB Margem bruta
COE Custo operacional efetivo
COT Custo Operacional total
CT Custo total
ML Margem líquida
VFP Valor fixo de produção
CI Capital investido
L Lucratividade
R Rentabilidade
CFT Custo fixo total
Q Quantidade de leite a ser produzido
P Preço do leite
CVu Custo variável unitário
IGP-DI Índice Geral de Preços de disponibilidade interna
RBA Renda bruta anual
RBL Renda bruta do leite na renda bruta da atividade
PN Ponto de nivelamento
DP Desvio padrão
SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................... v
ABSTRACT............................................................................................................... vi
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 16
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 18
2.1 Características da microrregião de Itapetinga................................................... 18
2.2 Custo de produção na pecuária leiteira............................................................. 19
2.2.1 Finalidade dos Custos de Produção.......................................................... 24
2.2.2 Determinação dos Custos........................................................................ 25
2.2.3 Classificação do Custo de Produção....................................................... 26
2.2.4 Estrutura de Custo Total de Produção..................................................... 26
2.2.5 Custos diretos........................................................................................... 27
2.2.6 Custos Indiretos....................................................................................... 27
2.2.7 Custos operacionais................................................................................ 27
2.2.8 Remuneração da mão de obra familiar................................................... 27
2.2.9 Depreciação............................................................................................ 28
2.2.10 Remuneração do capital investido........................................................ 30
2.3 Medidas de resultado econômico.................................................................... 31
2.3.1 Renda bruta........................................................................................... 31
2.3.2 Margem bruta........................................................................................ 31
2.3.3 Margem líquida..................................................................................... 32
2.3.4 Resultado (Lucro ou Prejuízo).............................................................. 32
2.3.5 Custo médio.......................................................................................... 32
2.3.6 Custo unitário do leite.......................................................................... 33
2.3.7 Rentabilidade do capital........................................................................ 33
2.3.8 Lucrativiade........................................................................................... 33
2.3.9 Ponto de equilíbrio ou nivelamento....................................................... 34
3. REFERENCIAS.................................................................................................... 35
CAPÍTULO 1

Análise econômica de propriedades leiteiras no território identidade de Itapetinga-


Bahia

RESUMO................................................................................................................... 39
ABSTRACT............................................................................................................... 40
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 41
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 44
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 47
4. CONCLUSÕES..................................................................................................... 64
5. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 65

CAPÍTULO 2

Caracterização da pecuária leiteira em propriedades leiteiras no território identidade


de Itapetinga – Bahia

RESUMO.................................................................................................................. 69
ABSTRACT.............................................................................................................. 70
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 71
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 74
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 78
3.1 Perfil do produtor.............................................................................................. 78
3.2 Características das propriedades....................................................................... 85
3.3 Mão de obra na atividade leiteira...................................................................... 89
3.4 Estrutura produtiva das propriedades............................................................... 93
3.4.1 Manejo do sistema forrageiro.................................................................. 94
3.4.2 Suplementação......................................................................................... 96
3.4.3 Controle zootécnico................................................................................. 98
3.4.4 Ordenha.................................................................................................... 100
4. CONCLUSÕES................................................................................................. 104
5. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 105
6. ANEXO.................................................................................................................. 107
1. INTRODUÇÃO

No Brasil, a pecuária leiteira, dominada há séculos pelo amadorismo casuístico,


vem, ao longo dos últimos anos, passando por mudanças estruturais profundas, sinalizando
um mercado dinâmico e bastante competitivo. Apesar dos baixos índices de produtividade,
a cadeia agroindustrial leiteira se moderniza, impulsionada, sobretudo, pela
desregulamentação do mercado, pela abertura para o exterior e Mercosul e, principalmente,
fortalecida pela estabilização econômica. Mudanças estas surgidas, a partir da década de
90, quando o mercado do leite alcançou maior competitividade e agressividade pela adoção
de conhecimentos técnicos que envolvem o aprimoramento das raças, a nutrição, a sanidade
animal, a higiene e a conservação do produto.
Segundo dados do ANUALPEC (2010), a pecuária leiteira, nos últimos 10 anos,
cresceu 17,34%, sendo este crescimento ocorrido principalmente nas regiões Norte
(34,35%), Sul (33,08%) e Nordeste (24,11%), havendo uma pequena redução na região
sudeste (-0,51%).
Segundo Jank et al. (1999), vários fatores contribuíram para o atual quadro de
concorrência do setor, entre eles: a liberalização e diferenciação de preços da matéria-
prima, a diversidade de marcas e maior oferta dos produtos em seus locais de
comercialização, a entrada de produtos importados, as alianças formadas no meio
empresarial, a ampliação do poder dos laticínios multinacionais e dos supermercados, a
ampliação da coleta a granel de leite refrigerado, a redução global do número de
produtores, a reestruturação geográfica da produção e, principalmente, os problemas com a
padronização do produto. Observa-se, nos dias de hoje, que a cadeia agroindustrial do leite
ainda vem sofrendo estas adequações de ordem institucional, organizacional e tecnológica,
pois o mercado não encerrou sua reestruturação.
Diante das mudanças na cadeia agroindustrial brasileira, citadas anteriormente,
aliadas ao perfil do produtor rural brasileiro que explora a atividade de maneira extrativista
e ineficiente, obtendo baixos índices de produtividade, e ainda, com elevado custo de
produção por litro de leite produzido, o quadro atual é caracterizado por produtores que
estão abandonando a atividade leiteira e migrando para a atividade de corte ou para os
grandes centros em busca de outras atividades.

16
A pecuária de leite tem se tornado, a cada dia, um desafio maior para aqueles que a
exercem, pois é do conhecimento de todos que se precisa melhorar a produtividade dos
rebanhos, aumentar a escala de produção e reduzir os custos envolvidos no processo
produtivo para que haja competitividade e lucro. Historicamente, o Brasil é um país
classificado como grande importador mundial de derivados lácteos. Este quadro se deve ao
fato da produção interna não atender à demanda de leite, fazendo com que o Brasil seja um
importador do produto oriundo de países como Argentina, Uruguai, Nova Zelândia, entre
outros. Além disso, o mercado consumidor é bastante exigente em preços baixos e algumas
correntes vêm incentivando o consumo de produtos que sejam produzidos, respeitando o
meio ambiente. A partir dessas imposições do mercado, os produtores têm outro desafio
pela frente, inovar na forma de exploração e com os sistemas adotados, produzir sem
agredir ao meio ambiente, e ainda, apresentar preços acessíveis. Então, faz-se necessário
que as propriedades rurais brasileiras aumentem a escala de produção, reduzam os custos,
para que possam atender à demanda do mercado interno e se tornarem competitivas frente
ao mercado mundial.
Dados publicados por Krug (2000) refletem a má distribuição mundial do leite e
elucida o potencial que a pecuária brasileira tem à sua frente para explorar. Segundo o
autor, apenas 30% do leite produzido no mundo encontra-se nos países em
desenvolvimento, que abrigam 78% da população mundial. Por outro lado, observa-se que
22% da população mundial, presente nos países desenvolvidos, têm à sua disposição a
comercialização de 70% do leite produzido. Isto gera um déficit na disponibilidade de leite
per capita mundial. Recentemente, grandes mercados foram abertos, principalmente no
continente asiático, podendo citar países como a China, a Índia, entre outros. Para a Food
and Agriculture Organization (FAO) e a Organização das Nações Unidas (ONU), a
recomendação mínima de leite por habitante por ano deve ser de 146 litros, porém, registra-
se uma disponibilidade mundial de 83 litros per capita. Segundo Krug (1996), nos países
desenvolvidos, esse índice alcança, em média, 273 litros por habitante por ano, ao passo
que, nos países em desenvolvimento, a média está em 26 litros per capita. Ao analisar estes
dados, deparamos com um quadro catastrófico e de oportunidade, pois, considerando que o
leite é uma das principais fontes de alimentação do ser humano, é inadmissível que em
muitos países esse produto não atenda às necessidades da população.

17
2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Caracterização da microrregião de Itapetinga

A subespacialização dentro da região Sudoeste da Bahia obedece a um critério pré-


estabelecido, definido por programas governamentais. Com isso, a microrregião de
Itapetinga corresponde a uma área que poderá ter diferentes dimensões, sobretudo espacial,
em função da localização, composição, estrutura e intensidade da produção sócio-
econômica. De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (FAEB, 2010),
esta região é composta por 13 municípios: Itapetinga, Itororó, Iguaí, Ibicuí, Nova Canaã,
Potiraguá, Itarantim, Maiquinique, Macarani, Itambé, Caatiba, Ribeirão do Largo e
Encruzilhada. O município de Encruzilhada, apesar da classificação do Estado pertencer à
microrregião administrativa de Vitória da Conquista, tem sua produção destinada à
industrialização na cidade de Itapetinga e ligações históricas com a região, por se tratar de
uma área agropastoril.
A região de Itapetinga está compreendida entre 14°38’00’ e 15°39’30’’ de latitude
sul e 39°55’24” e 40°52’56” de longitude oeste. É banhada, principalmente, pelo rio
Jequitinhonha, ao sul, limitando o Estado da Bahia com o estado de Minas Gerais, e pelos
rios Pardos, Catolé, Colônia e Cachoeira, além de outros pequenos rios e riachos (Bahia,
1994).
Quanto aos solos, há predominância do tipo latossolo vermelho amarelo eutrófico e
distrófico, entretanto, são encontrados, também, com frequência, os tipos latossolo
vermelho amarelo álico, brunizém avermelhado e podzólicos vermelho amarelo eutrófico e
distrófico (Bahia, 1994). A topografia vai de suavemente ondulada a acidentada, com
altitude variando até 749 m, dividida em três faixas, até 249 m nos municípios de Potiraguá
e Itarantim, de 250 a 499 m nos municípios de Maiquinique, Macarani, Itapetinga, Itororó,
Caatiba, Iguaí, Ibicuí e Nova Canaã, e de 500 a 749 m nos municípios de Encruzilhada,
Ribeirão do Largo e Itambé. A vegetação é variada, apresentando os seguintes tipos:
floresta estacional decidual e semidecidual, floresta ombrófila densa, floresta estacional e
submontana (Bahia, 1994). A região situa-se em uma faixa de transição entre os
ecossistemas da Mata Atlântica e da Caatinga. O clima predominantemente é do tipo AW

18
(clima tropical com estação seca de inverno), porém, aparecem também, com frequência, os
tipos Am (clima de monção) e BSh (clima das estepes quentes de baixa latitude e altitude)
(Agrossistemas, 1976).
O município de Itapetinga encontrou na pecuária um dos pilares do seu
desenvolvimento econômico, ocorrendo um segundo ciclo de industrialização, sendo este
voltado para criação de um pólo calçadista no estado, com a implantação da indústria de
calçados Azaléia. Possui uma unidade industrial de produtos lácteos da Indústria de
Laticínios Palmeira dos Índios S.A e várias pequenas indústrias de laticínios. Também
possui duas cooperativas ligadas ao setor rural, a Cooperativa dos Produtores de Leite de
Itapetinga Ltda. (Cooleite) e a Cooperativa Mista do Médio Rio Pardo (Coopardo).

2.2 Custo de produção na pecuária leiteira

Com a perspectiva mundial da formação de blocos econômicos e o livre comércio


entre os países, a competição entre produtos de origem animal tem aumentado a cada dia.
No contexto mundial, o principal fator que torna um produto competitivo é, sem dúvida, o
preço de venda, pois, ao fornecê-lo para o mercado consumidor, respeitando as normas de
comercialização e padrão, a decisão do consumidor por qual produto adquirir estará ligada
ao seu preço de venda. Diante disto, uma propriedade rural para manter-se na atividade
deve a todo o momento acompanhar seus custos de produção, atualizando-os diariamente.
No Brasil, pode-se observar que, na maioria das propriedades, ocorre falta de
controle sobre a produção, ocorrendo simplesmente uma exploração de recursos, sem o
devido controle da atividade. Em um determinado período, a atividade pode estar sendo
aparentemente remunerada, no entanto, não está, pois o simples fato de haver receitas
superando os desembolsos, não quer dizer que o investimento está sendo recuperado.
Diante disto, o produtor (investidor) poderá estar iniciando um processo de descapitalização
e, na maioria das situações, o investimento inicial é elevado, o que o impossibilita
abandonar a atividade, pois os prejuízos seriam ainda maiores.
O Brasil é o país com maior potencial para a produção leiteira no mundo
(DEBLITZ, 2001). Segundo o autor, para que esse potencial seja alcançado, é necessário
que a atividade leiteira torne-se mais especializada, seja eficiente no setor produtivo e adote

19
modelos de exploração adequados às realidades de cada região brasileira. Países como
Nova Zelândia, Argentina e Uruguai encaram a pecuária leiteira como sendo uma atividade
enquadrada na cadeia agroindustrial com exploração racional, altamente produtiva e
rentável. Qualquer investimento de capital implica em dispêndio monetário em bens
duráveis (bens de capital), destinados a produzir outros bens, durante certo período definido
de tempo no futuro (NORONHA, 1987). Baseado nisso, todo produtor, ao definir o tipo de
atividade que irá exercer e qual o melhor sistema de produção a adotar, deverá considerar
as consequências futuras de decisões tomadas no presente. Nessa premissa, a análise
financeira vem fornecer informações importantes e decisivas na tomada de decisão dos
produtores, podendo estes continuar na atividade, devido à boa remuneração recebida, ou
realizar inovações e modificações no processo produtivo, melhorando a rentabilidade
econômica de sua atividade.
Segundo Noronha et al. (2000), em uma análise econômica, é imprescindível que o
produtor faça anotações dos dados de forma coerente e real, além de realizar os cálculos
corretamente e, por fim, interpretar os resultados obtidos com imparcialidade. Porém, no
Brasil, é difícil encontrar propriedades com custos de produção e análise financeira
corretos, principalmente, entre pequenos e médios produtores.
A pecuária de leite é uma exploração que apresenta grande diversidade quanto aos
sistemas de produção adotados, pois se desenvolvem nas mais variadas condições de solo,
combinações de forrageiras, raças bovinas e práticas de manejo da pastagem e do rebanho.
A segmentação da atividade nas fases de cria, recria e lactação aumenta ainda mais essa
diversidade. A maximização dos lucros e a minimização dos custos, possibilitando localizar
os pontos de estrangulamento da atividade, são fundamentais para a aplicação dos esforços
gerenciais e tecnológicos, objetivando o sucesso da pecuária leiteira (LOPES &
CARVALHO, 2000). Ao realizar uma análise financeira, tem-se então, como primeira
dificuldade, as restrições e a generalização colocadas por cada sistema de produção, sendo
necessárias uma definição metodológica e a caracterização de cada sistema avaliado
(COSTA et al., 1986).
Segundo Pilau et al. (2003), muitas vezes, os trabalhos científicos visam otimizar o
potencial biológico dos sistemas de produção explorados, não sendo a sua viabilidade
econômica o fator determinante para avaliar o sucesso dos resultados obtidos. Para Pötter et

20
al. (2000), a maioria dos trabalhos não avalia a viabilidade financeira das novas tecnologias
estudadas, havendo pouca informação sobre os seus benefícios na lucratividade dos
sistemas de produção explorados. No entanto, informações sobre a rentabilidade e o risco
de diferentes sistemas de produção e de novas tecnologias são de extrema importância para
o produtor rural, pois permite-o inovar e melhorar não só os índices zootécnicos, mas
também tornar sua atividade mais atrativa.
Peres et al. (2004) analisaram a viabilidade econômica de três sistemas de produção
em pastagem de capim-elefante na recria de novilhas leiteiras, na região Norte Fluminense.
Os sistemas estudados foram: SP1- pastagem de capim-elefante sem suplementação, SP2 -
pastagem de capim-elefante com suplementação concentrada e SP3 - pastagem de capim-
elefante com suplementação volumosa de estilosantes Mineirão (leguminosa). Foram
aplicadas sobre o fluxo de caixa de cada sistema de produção taxas de desconto de 8, 10 e
12% ao ano. Os autores concluíram que todos os sistemas testados apresentaram
viabilidade econômica à taxa de desconto de 10 % ao ano. Determinaram a taxa interna de
retorno dos três sistemas, observando taxas atraentes, pois foram obtidas 29,58; 30,10 e
10,46% ao ano, respectivamente, para SP1, SP2 e SP3, ou seja, taxas superiores à
remuneração obtida com investimentos disponíveis no mercado, como a caderneta de
poupança, que no mesmo período de estudo apresentou um rendimento médio de 6% ao
ano. Os autores recomendaram que, na interpretação do indicador econômico, seja feita
uma análise comparativa dos resultados e não do valor absoluto apresentado. Realizaram,
ainda, as análises de sensibilidade para determinar os itens que exercem maior influência
nos resultados econômicos de cada sistema e risco, para determinar a probabilidade de
insucesso do sistema, diante das oscilações de preços ocorridas no mercado. Observaram
que o item que exerce maior impacto econômico sobre os resultados dos sistemas foi o
preço de venda das novilhas. O preço de compra das novilhas foi o item que apresentou
sensibilidade secundária para os sistemas, que não utilizaram suplementação ou
suplementação com concentrados e a mão de obra foi o segundo item mais sensível, quando
o sistema adotou suplementação volumosa com o fornecimento de leguminosa. Quando
submetido à análise de risco (Simulação de Monte Carlo), o sistema de produção em
pastagem de capim-elefante, que utilizava suplementação com pastagem de leguminosa
estilosantes cv. Mineirão, apresentou maior risco econômico, quando comparado aos

21
demais sistemas. A probabilidade observada pelos autores dos sistemas se tornarem
inviáveis, quando submetidos à taxa de desconto de 10 % a.a., foi de 70,19%, 11,70% e
5,08%, respectivamente, para capim-elefante + estilosantes, capim-elefante + concentrado e
capim-elefante sem suplementação.
Nascif (2008) estudou indicadores técnicos e econômicos em sistemas de produção
de leite de quatro mesorregiões do estado de Minas Gerais e observou que a área média
utilizada na atividade foi de 137,6 ha, apresentando uma produtividade de leite por área de
3095,71 kg/ha/ano e como resultados econômicos por litro de leite: custo operacional
efetivo de R$ 0,37, custo operacional total R$ 0,45, custo total R$ 0,71, margem bruta R$
0,16, margem líquida R$ 0,06, rentabilidade R$ - 0,01 e capital imobilizado R$ 1.279,90.
Este mesmo autor concluiu que os indicadores técnicos-referência que se correlacionaram
com o desempenho econômico foram aqueles referentes aos fatores de produção terra
(produtividade da terra em l/ha/ano) e mão de obra (produtividade da mão de obra em
l/d.h). Os indicadores de tamanho-referência foram estoque de capital empatado na
atividade leiteira (R$/L) e volume de leite produzido por ano (L/ano).
A produção de leite constitui atividade na qual sempre se levanta a questão da
viabilidade econômica com base nos indicadores do custo de produção. Na análise da
exploração de vacas para produção de leite, deve-se procurar estabelecer índices de
produtividade, porque somente por meio destes tornar-se-ia possível elaborar apreciação
técnica da atividade (FARIA e CORSI, 2000).
O estudo do custo de produção é um dos assuntos mais importantes da
microeconomia, pois fornece ao empresário um indicativo para a escolha das linhas de
produção a serem adotadas e seguidas, permitindo à empresa dispor e combinar os recursos
utilizados na produção, visando apurar melhores resultados econômicos (REIS, 1999a).
Os dados obtidos da apuração dos custos de produção têm sido utilizados para
diferentes finalidades, tais como: estudo da rentabilidade da atividade leiteira; redução dos
custos controláveis; planejamento e controle das operações do sistema de produção do leite;
identificação e determinação da rentabilidade do produto; identificação do ponto de
equilíbrio do sistema de produção de leite; e instrumento de apoio ao produtor no processo
de tomada de decisões seguras e corretas. A partir daí, o empreendedor passa a conhecer e
utilizar, de maneira inteligente e econômica, os fatores de produção (terra, trabalho e

22
capital), localizando os pontos de estrangulamento, para depois concentrar esforços
gerenciais e/ou tecnológicos para obter sucesso na sua atividade e atingir os seus objetivos
de maximização de lucros ou minimização de custos (LOPES e CARVALHO, 2000).
Mesmo que se reconheça a importância das estimativas dos custos é preciso não
aludir quanto à facilidade de conseguir tais estimativas. É preciso saber como anotar os
dados, fazer os cálculos e interpretá-los. Por isso, é raro encontrar, sobretudo entre os
pequenos e médios produtores, qualquer tipo de cálculo de custos feito individualmente.
Mesmo entre os grandes produtores, esta ainda é uma atividade rara, embora o interesse
venha crescendo. É muito provável que o controle de custos seja uma atividade de grande
interesse, sobretudo, na atual fase de elevados preços dos insumos e baixo preço do leite
(FARIA e CORSI, 2000).
Diante desse novo cenário, ter controle adequado e, principalmente, possuir um
sistema de custo de produção de leite que gere informações para a tomada de decisões
rápidas e objetivas são fundamentais para o sucesso da empresa (LOPES et al., 2007). Este
cenário, confrontado com as perspectivas de futuro, tem motivado a realização de estudos
de custo de produção com a finalidade de revelar a real situação econômica das
explorações, para que produtores, técnicos e políticos possam orientar-se nas tomadas de
decisões (PRADO et al., 2007).
Fassio et al. (2006) destacaram a importância de que os produtores de leite
conheçam os recursos financeiros e as condições necessárias para implementar mudanças
dentro do sistema de produção e, ainda, o quanto podem resistir à queda dos preços
recebidos. Em outras palavras, é preciso que se estime o preço mínimo necessário para
manter o produtor de leite na atividade.
Devido ao perfil do produtor rural brasileiro, que explora a atividade de maneira
extrativista e ineficiente, obtendo baixos índices de produtividade e, ainda, com elevado
custo de produção por litro de leite produzido, o quadro atual é caracterizado por
produtores que estão abandonando a atividade leiteira e migrando para a atividade de corte
ou para os grandes centros em busca de outras atividades. A pecuária de leite tem se
tornado, a cada dia, um desafio maior para aqueles que a exercem, pois é do conhecimento
de todos que se precisa melhorar a produtividade dos rebanhos, aumentar a escala de

23
produção e reduzir os custos envolvidos no processo produtivo para que haja
competitividade e lucro.
Nesse sentido, estudos têm sido realizados visando identificar os principais
indicadores zootécnicos e econômicos que influenciam a rentabilidade dos sistemas de
produção de leite no Brasil (KRUG, 2001; GOMES, 2005b).

2.2.1 Finalidade dos Custos de Produção


A principal finalidade dos custos de produção é verificar como os recursos
empregados em um processo de produção estão sendo remunerados, possibilitando,
também, verificar como se comporta a rentabilidade da atividade, comparada às outras
alternativas de investimentos.
Analisar os custos de produção de uma empresa agrícola é tarefa fundamental a uma
boa administração. Pelo estudo sistemático dos custos incorridos na produção do leite, pode
o produtor (empresário) fixar diretrizes e corrigir distorções, possibilitando a sobrevivência
do sistema de produção de leite em um mercado cada vez mais competitivo e exigente,
(LOPES, 2000).
Estudos sobre custos de produção têm sido utilizados para muitas finalidades, tais
como: analisar a rentabilidade da atividade leiteira, reduzir os custos controláveis,
determinar o preço de venda compatível com o mercado em que atua, planejar e controlar
as operações do sistema de produção do leite, identificar e determinar a rentabilidade do
produto, identificar o ponto de equilíbrio do sistema de produção de leite, além de ser uma
ferramenta útil para auxiliar o produtor no processo de tomada de decisões corretas e
seguras.
O sistema de custos é um conjunto de procedimentos administrativos que registra,
de forma sistemática e contínua, a efetiva remuneração dos fatores de produção
empregados nos serviços rurais. Os objetivos são auxiliar a administração na organização e
controle da unidade de produção, revelar ao administrador as atividades de menor custo e
mais lucrativas, além de mostrar os pontos críticos da atividade (SANTOS et al., 2002). A
estimativa do custo de produção está ligada à gestão de tecnologia, ou seja, à alocação
eficiente de recursos produtivos e ao conhecimento dos preços desses recursos
(BARBOSA, 2008).

24
Diversas transformações, dentre outros fatos, têm contribuído para que os
produtores de leite reflitam sobre a necessidade de administrarem bem a atividade,
tornando-se mais eficientes e, consequentemente, competitivos (CARVALHO et al., 2007).
O custo de produção é um instrumento necessário para o administrador da atividade leiteira,
entretanto, seu cálculo envolve algumas questões simples, outras nem tanto, razão pela qual
seu uso é pouco praticado (GOMES et al., 2007).

2.2.2 Determinação dos Custos


A determinação e a avaliação dos custos são cercadas de muitas dificuldades, além
de apresentarem elevado grau de subjetividade (SCHUH, 1976).
A estimativa do custo de produção está ligada à gestão de tecnologia, ou seja, à
alocação eficiente de recursos produtivos e ao conhecimento dos preços desses recursos
(BARBOSA, 2008).
Segundo Gomes (2001), a correta apropriação do custo de produção é complexa, em
razão de algumas características da pecuária de leite, tais como: a) produção conjunta, isto
é, produção simultânea de leite e de animais; b) elevada participação da mão de obra
familiar, cuja apropriação dos custos é sempre muito subjetiva; c) produção contínua, que é
arbitrariamente segmentada para o período em análise, podendo ser anual ou semestral; d)
altos investimentos em terras, benfeitorias, máquinas e animais, cuja apropriação dos custos
tem elevada dose de subjetividade; e) falta de informações e/ou contraditórias.
Gomes (2004a) separa as razões para tais diferenças em três categorias. A primeira
diz respeito ao sistema de produção que serviu de base para fornecer os coeficientes
técnicos. A segunda refere-se aos critérios metodológicos utilizados, tais como inclusão ou
não de juros no valor da terra, utilização de centros de custos ou preço de mercado em
todos os insumos e serviços que sejam produzidos ou não na própria empresa. A terceira
diz respeito à coleta, à interpretação e ao ajuste dos dados utilizados no cálculo do custo de
produção do leite.
Em se tratando de sistema de produção de leite, seu desempenho deve ser
quantificado por meio do registro de índices físicos, econômicos e zootécnicos, para se
determinar os custos e receitas, o que possibilita o melhor planejamento da atividade
(GOMES 2004a). É necessária, também, a análise financeira da atividade para se observar a

25
lucratividade, a liquidez e o retorno sobre o capital. Muitas vezes, o custo de produção pode
ser baixo, mas pode deixar pouco retorno sobre o capital investido na atividade (BUENO
2004).

2.2.3 Classificação do Custo de Produção


Segundo Yamaguchi (1999), os procedimentos metodológicos para cálculo de custo
seguem duas vertentes analíticas: custo total de produção e custo operacional de produção,
esta última sugerida pelo Instituto de Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura de
São Paulo (MATSUNAGA et al., 1976).
O custo de produção deve ser determinado “a posteriori”, ou seja, ao final do
período analisado, com as quantidades de insumos e serviços que realmente foram
utilizadas (GOMES, 2000). Apesar disso, sua apuração tem-se constituído em tema de
grande controvérsia entre os estudiosos do assunto, assim como os vários conceitos e
procedimentos metodológicos adotados na apuração do custo de produção, conforme
Yamaguchi (1999); Gomes (1999); Noronha et al. (1999); que apresentam a estrutura de
custo total da atividade leiteira, e Matsunaga et al. (1976), que apresentam a estrutura de
custo operacional efetivo, total e custo total de produção de leite.

2.2.4 Estrutura de Custo Total de Produção


Gomes (1999) considera que a clássica divisão dos custos em variáveis e fixos,
muitas vezes, é arbitrária e difícil de ser operacionalizada, já que um fator de produção
pode ser classificado como fixo ou variável, dependendo do tempo considerado. O mesmo
fator pode ser fixo no curto prazo e variável no longo prazo; existem outros critérios para se
classificarem os custos, que se ajustam melhor às necessidades do empresário, tais como
custos diretos e indiretos e custos operacionais.
Os custos variáveis são aqueles que podem ser aumentados ou reduzidos pela ação
do administrador ou em função da variação da produção. Já os custos fixos são aqueles que
permanecem inalteráveis durante um período de tempo (curto prazo) e independentes do
nível de produção. Estes custos ocorrem mesmo que o recurso não seja utilizado.

26
2.2.5 Custos Diretos
São identificados com precisão na produção, por meio de um sistema capaz de ser
diretamente apropriado, sem haver necessidade de nenhum tipo de rateio dos valores, tais
como: mão de obra contratada, alimentação, medicamentos, energia e combustível,
manutenção, reparos, etc.

2.2.6 Custos Indiretos


São aqueles que, mesmo necessários à produção, quase sempre não são registrados
pela contabilidade por não constituírem despesas pagas em dinheiro durante o processo
produtivo. Geralmente, são provenientes de mais de uma atividade, mas alocáveis
arbitrariamente por meio de um sistema de rateio, estimativa e outros meios, como a
depreciação dos bens duráveis.

2.2.7 Custos Operacionais


São formados por todos os itens que compõem os custos diretos e de uma parte dos
custos indiretos, representados pela depreciação dos bens duráveis, utilizados no processo
produtivo. De acordo com essa estrutura, têm-se os seguintes custos: a) custo operacional
efetivo − representa os custos efetivamente realizados na condução da atividade; b) custo
operacional total − representa o custo operacional efetivo mais os custos correspondentes
aos serviços executados pela mão de obra familiar (pró-labore) e a depreciação do capital
imobilizado em instalações, benfeitorias, equipamentos, animais e capineiras; c) a partir da
estrutura do custo operacional, considera-se ainda o custo total como sendo o somatório do
custo operacional efetivo mais o custo operacional total e a remuneração do capital
investido. Da renda bruta da atividade, deduzindo-se o custo total, tem-se o lucro disponível
para remunerar o empresário.

2.2.8 Remuneração da Mão de Obra Familiar


Segundo Yamaguchi (1999), quando os serviços são executados pelos membros da
família, a estes se atribuem salários compatíveis à remuneração da atividade encontrada na
região, havendo ou não pagamento em dinheiro. Como remuneração do empresário, fica

27
estabelecido o valor residual dado pela diferença entre a renda bruta e o custo total da
atividade, o lucro.
Conforme Gomes (1999), a mão de obra familiar tem participação importante no
custo de produção da atividade leiteira, em especial do pequeno produtor, quando realiza
atividades indispensáveis ao desenvolvimento da atividade.
Segundo Noronha (1987), os valores imputados como remuneração da mão de obra
familiar e do empresário são arbitrários, portanto, só têm valor prático, quando os critérios
adotados são razoáveis.
Perosa (1998) apresenta dois fatores que justificam a postura de não se adicionar um
custo alternativo à utilização de mão de obra familiar. O primeiro, quando a produção a ser
efetivada está vinculada a produtores com ociosidade no uso do fator trabalho, havendo
disponibilidade de mão de obra para ser utilizada na atividade. O segundo está relacionado
ao mercado de trabalho local, metodologicamente se justifica à necessidade de ser
adicionado o valor da mão de obra, quando o mercado de trabalho local realmente se
constitui numa alternativa para a mão de obra ociosa.

2.2.9 Depreciação
De acordo com Antunes e Ries (2001), são os montantes (valores) relacionados à
perda de valor dos bens do inventário por sua utilização nas atividades produtivas. A forma
como os valores de depreciação (desgaste dos bens) podem ser calculados poderá variar
significativamente, de acordo com os seguintes fatores: a) taxa de utilização do bem
(aproveitamento); b) método de depreciação escolhido (cotas constantes, cotas variáveis,
soma dos dígitos dos anos); c) vida útil e vida estimada do bem; d) integração com
quantidade dos sistemas de manutenção adotados.
Segundo Antunes e Engel (1999), para o cálculo de maneira correta dos bens, é
preciso conhecer a vida útil de cada um, utilizado no processo produtivo. Vida útil é a
expectativa de tempo (geralmente, determinada em anos) que certo bem tem de se manter
útil às atividades produtivas para as quais serve. Este valor deverá ser sempre estimado e
por isso pode, nem sempre, apresentar a realidade de forma precisa (o nível de manutenção
e o tipo de trabalho ao qual o bem será submetido terão influência direta na sua vida útil).

28
A depreciação é o custo necessário para substituir os bens de capital, quando
tornados inúteis pelo desgaste físico ou quando perdem valor com o decorrer dos anos,
devido às inovações técnicas, depreciação econômica ou obsolescência (HOFFMANN et
al., 1987). O empresário tem que considerar o custo de depreciação sob pena de não ter
recursos para substituir estes bens de capital. Somente têm depreciação os bens que
possuem vida útil limitada, portanto, a terra não tem depreciação (NORONHA, 1987;
LOPES e CARVALHO, 2000).
Dentre os custos fixos, os de principal representação são as depreciações. A
depreciação é um custo não monetário, na qual não há desembolso efetivo de dinheiro, mas
que representa uma reserva que deve ser realizada para posterior substituição do bem, por
se tornar inútil pelo desgaste físico (ABRANTES, 2009).
Segundo Gomes (1999), uma observação importante diz respeito à depreciação da
categoria vaca. Quando no cálculo do custo se considera todo o rebanho, e este se encontrar
estabilizado, não é feita a depreciação das vacas, uma vez que as novilhas substituem as
vacas, mantendo-se a mesma idade média da categoria vaca. O custo de recria das novilhas
que substituem as vacas corresponde à depreciação dessas vacas.
Porém, quando no cálculo do custo de produção se considera um rebanho em
expansão não estabilizado, elas devem ser depreciadas.
Existem vários métodos para se calcular a depreciação, sendo o mais comum o
método linear ou de cotas fixas (NORONHA, 1987; GOMES, 1999; LOPES e
CARVALHO, 2000). Para os cálculos, foi adotada a equação: Da=(Vi - Vf)/n; em que: Da
= valor da depreciação anual; Vi = valor inicial do bem; Vf = valor final do bem (valor de
sucata) e n = vida útil do bem. Já para as cotas variáveis, é o que recomenda Antunes e
Engel (1999), que deprecia os bens em cotas maiores, nos primeiros anos de sua vida útil, e
vão decrescendo com o passar do tempo, mediante a seguinte equação: Cota de depreciação
= 2* Valor Atual do Bem – Cota Anual Vida útil total.
Valor residual é o valor que o bem possui ao final de sua vida útil, (alguns autores
utilizam o “valor de sucata”). Para o cálculo do valor residual, utiliza-se uma porcentagem
de 10% para máquinas e equipamentos e 15% para instalações do valor do bem novo.

29
2.2.10 Remuneração do capital investido
A remuneração de capital é definida como a taxa de retorno que o capital
empregado na produção obteria em investimentos alternativos. Este valor representa a
oportunidade perdida pelo produtor ao deixar de aplicar o mesmo montante de recursos
numa outra atividade. Na prática, as bases de comparação para o custo de oportunidade do
capital do produtor são aplicações tradicionais do mercado financeiro, como a caderneta de
poupança (CANZIANI, 1999).
Segundo Yamaguchi (1999), o valor a ser apropriado como remuneração do capital
imobilizado segue diferentes critérios. Como remuneração pelo uso do fator terra, imputa-
se o valor de arrendamento da terra em vigor na região. Na ausência desse valor, imputa-se
a taxa anual de juros sobre o valor do capital médio imobilizado nesse fator. O valor
apropriado para remuneração dos demais itens de capital imobilizado (benfeitorias,
equipamentos, animais e forrageiras não anuais), sendo computado com a equação: Ra =
(Vi – Vf)/2xr, em que Ra = valor de remuneração anual; Vi = valor inicial do bem; Vf =
Valor final do bem (valor de sucata) e r = taxa de juros de longo prazo, em geral, a taxa em
vigor para empréstimos financeiros no setor de agronegócio.
Segundo Pereira (2003), assume-se que o custo de oportunidade do capital investido
na produção de leite é o quanto esse capital renderia se fosse aplicado no mercado
financeiro, na caderneta de poupança ou em linhas de créditos específicas para a atividade.
É importante ressaltar que estão sendo considerados os ganhos reais de capital, ou seja, de
juros de remuneração de capital e não de correção monetária que apenas repõe as perdas
com inflação.
No caso da remuneração do capital circulante (custo operacional efetivo), pode-se
imputar a taxa de juros do mercado financeiro do agronegócio, vigente no período anual,
sobre o seu valor médio. No entanto, Yamaguchi (1999) ressalta que, ao colocar esse valor
como item de custo, é necessário proceder da mesma forma para remunerar a renda bruta
decorrente das vendas realizadas.
Tupy et al. (2000) sugerem não aplicar juros sobre custeio, pois admite ser ele
financiado pela produção de leite. E quem optar pela aplicação de juros sobre este item de
dispêndio deve também aplicar juros sobre as receitas da venda de leite e animais.

30
2.3 Medidas de Resultado Econômico

Segundo Hoffmann et al. (1987), a análise da renda de uma atividade pode ser feita
empregando-se as medidas de resultados econômicos, ou seja, alguns indicadores de
eficiência econômica de uso dos fatores de produção, verificando a atratividade do negócio.

2.3.1. Renda Bruta


Na maioria das vezes, os produtores acreditam que a atividade leiteira consiste em
apenas uma atividade que seria a produção de leite, porém, uma empresa de leite possui, no
mínimo, duas atividades de fonte de renda: produção de leite e a produção de animais
(NOGUEIRA, 2007).
Como na prática não se consegue separar o que vai para a produção de leite e o que
vai para a produção de animais, devido à sua grande dificuldade operacional, Aguiar e
Almeida (2002) citam que o método mais utilizado para apropriar esses custos é a
distribuição dos custos da atividade na mesma proporção da renda bruta.
A renda bruta (RB) é relativa a determinado período, compreendendo o valor de
todos os bens ou serviços produzidos. Determinada pelo preço do produto e multiplicado
pela respectiva quantidade vendida, consumida e/ou estocada. A sua análise, isoladamente,
é pouco conclusiva, visto que nem sempre as linhas de exploração que apresentam maior
renda bruta são as melhores, do ponto de vista econômico.
Gomes (1999) apresenta os seguintes indicadores de resultado: margem bruta,
margem líquida e lucro. Justificam-se esses diferentes indicadores econômicos porque eles
têm mais ou menos importância, dependendo da unidade de tempo em questão. Em curto
prazo, o produtor deve estar mais preocupado com a margem bruta; em médio prazo, com a
margem líquida, e em longo prazo, com o lucro.

2.3.2 Margem Bruta


A margem bruta (MB) corresponde à renda bruta (RB) menos o custo operacional
efetivo (COE). Segundo Antunes e Ries (2001), é o índice que representa quanto da renda
gerado pela venda de cada unidade de produto é comprometido para cobrir os desembolsos
efetuados para a produção do mesmo.

31
A remuneração de curto prazo do empresário pode ser definida como a diferença
entre preço unitário recebido pelo leite vendido e as despesas operacionais unitárias
incorridas, representadas pelos gastos efetivamente realizados no segmento de produção de
leite. Consistindo, basicamente, dos itens concentrado, sais minerais, volumosos, salários,
sanidade, energia elétrica, combustível e despesas gerais (YAMAGUCHI, 1999).
Quando a margem bruta for positiva, significa que a exploração está se
remunerando e sobreviverá pelo menos no curto prazo. Margem bruta negativa significa
que a atividade está antieconômica. Logo, o que se compra e consome é maior do que se
consegue produzir.

2.3.3 Margem Líquida


A margem líquida (ML) corresponde à renda bruta (RB) menos o custo operacional
total (COT). Quando a margem líquida for negativa, o empresário pode não abandonar a
atividade. Podendo ocorrer quando ele concorda em trabalhar na sua empresa (mão de obra
familiar) por um salário menor que o salário considerado no cálculo do custo e/ou não
consegue cobrir a depreciação de benfeitorias e máquinas.
Quando o empresário continua na atividade com a margem líquida negativa, isso o
leva ao empobrecimento ao longo dos anos.

2.3.4 Resultado (Lucro ou Prejuízo)


O resultado corresponde à renda bruta menos o custo total (CT). Quando o lucro for
positivo, pode-se concluir que a atividade é estável e com possibilidade de crescimento. Em
caso negativo, mas em condições de suportar o custo operacional efetivo (MB positiva),
pode-se concluir que o empresário poderá continuar produzindo por um determinado
período, embora com um problema crescente de descapitalização, tornando a atividade não
atrativa. Quando o lucro for nulo, significa que a empresa está no ponto de equilíbrio e em
condições de refazer, a longo prazo, seu capital fixo.

2.3.5 Custo Médio


O custo médio é obtido dividindo-se o custo total pelo número de unidades
produzidas. A princípio, quando a produção é pequena, este custo total médio é levado

32
devido ao fato dos custos fixos onerarem bastante as primeiras unidades produzidas, isto é,
se distribuírem por um número pequeno delas. Mas, à medida que estas aumentam, os
custos fixos irão se distribuir sobre um número cada vez maior de unidades, declinando,
então, gradualmente o custo total médio. Uma vez que os custos fixos tenham sido
distribuídos sobre muitas unidades de produção, sua influência fica reduzida, tornando-se,
então, relativamente importante os custos variáveis (HOFFMANN, 1987).

2.3.6 Custo Unitário do Leite


O custo unitário do leite indica quanto o produtor gasta para produzir um litro de
leite. Para obter este valor, divide-se o custo total (CT) da atividade leite pelo volume físico
de produção (VFP) do leite.

2.3.7 Rentabilidade do Capital


É uma das formas de avaliar o lucro obtido em uma atividade produtiva em relação
ao capital investido para o desenvolvimento dessa atividade. Deve-se lembrar que, para
chegar ao lucro que uma atividade gerou, é necessário primeiro fazer com que ela retorne a
seus investidores (produtor) todo o capital investido, ou seja, mostra ao produtor o quanto
vale ou não a pena investir e correr os riscos do negócio que está sendo proposto, conforme
Antunes e Ries (2001). É um item que tem alta correção com os custos de oportunidades do
capital investido na atividade. É necessário que se busque rentabilidades superiores aos
valores calculados nos custos de oportunidades, sendo obtida através da equação:
Rentabilidade (R= L/CI), em que L é o lucro e o CI, o capital investido.

2.3.8 Lucratividade
Representa, em percentual, qual foi o lucro obtido em determinada atividade ou na
empresa rural com a venda dos produtos desenvolvidos e/ou produzidos, ou seja, é quanto
cada produto deixa de resultado, após ser descontado o valor dos custos para a sua
produção, descrito da seguinte forma: lucratividade (L= RB-CT*100)/RB), o total das
renda bruta menos o custo total versus 100, dividido pelo total da renda bruta, segundo
Antunes e Ries (2001).

33
Segundo Aguiar e Almeida (2004), lucratividade representa o quanto um produto
deixa de resultado em relação ao seu preço de venda e aos seus custos de produção; em
outras palavras, é o número percentual resultante da divisão o resultado pelo total de
receitas.

2.3.9 Ponto de Equilíbrio ou Nivelamento


Significa o volume de produção que a empresa necessita para que as receitas totais
igualem-se aos custos totais. Em outras palavras, é a quantidade física de produção de leite
que deve ser produzida para que este valor seja igual ao total dos custos. Para se conhecer o
ponto de equilíbrio de uma atividade, deve-se conhecer a remuneração do capital, o custo
variável unitário e o preço médio do produto no mercado (LOPES, 2005).
Custo unitário ou médio (variável, fixo, total, operacional efetivo, operacional total)
é obtido pela relação entre o respectivo custo e a quantidade produzida, por meio da
equação: (Q = CFT/P-CVu), em que Q é a quantidade de leite a ser produzida em kg; CFT
é o custo fixo total em (R$); P é o preço do leite (R$) e o CVu é custo variável unitário do
leite, sempre que for possível a comercialização dos produtos em questão.
Indica o quanto deve faturar para atingir o equilíbrio, quando o lucro é igual ao
custo. È importante que se tenha bem definido a classificação e separação de todos os
custos, segundo Antunes e Ries (2001).

34
3. REFERÊNCIAS

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38
CAPÍTULO 1

Análise econômica de propriedades leiteiras no território identidade de Itapetinga-


Bahia

Resumo

Objetivou-se avaliar o perfil econômico de 28 propriedades produtoras de leite da


microrregião de Itapetinga-Bahia. O período de análise dos dados foi de outubro de 2009 a
setembro de 2010. Os valores em reais foram corrigidos pelo IGP-DI (Índice Geral de
Preços de Disponibilidade Interna) da Fundação Getúlio Vargas para setembro de 2010.
Foram utilizados os indicadores de resultados econômicos e os indicadores de desempenho
econômico. Os dados foram originados de visitas mensais nas propriedades, analisados de
forma descritiva. O valor do “patrimônio investido em terra” foi o item de maior
representatividade (52,32%) do total investido, os valores imobilizados por hectare foi de
R$6.430,85 ± 1.648,52 (média de desvio padrão), por matriz em lactação R$15.195,37 ±
8.618,90, por kg de leite produzido por dia de R$2.328,69 ± 1.474,40. A renda bruta média
da atividade, durante o período, foi de R$118.004,53 (± 119.161,11), o que correspondeu à
soma dos valores apurados com a venda de leite (70,37%), animais (18,08%) e variação de
inventário animal (11,56%). O valor médio pago por litro de leite, no período, na região foi
de R$ 0,63 (± 0,05), sendo o item de menor variação. O custo total por litro de leite foi de
R$ 0,82 (± 0,34) e o resultado (Lucro ou prejuízo) por litro de leite de R$0,09 (± 0,33). A
lucratividade foi de 10,25% (± 42,71%) e rentabilidade de 1,44% (± 4,66%). A mão de obra
afetou o custo de produção em 43,92% (± 14,42%), sendo o item que mais influenciou no
custo de produção. A margem líquida e o resultado positivo indicaram que os pecuaristas
têm condições de produzir a médio e longo prazo, com constante capitalização; o
componente que mais exerceu influência no custo foi a mão de obra, percebendo que a
mesma deve ser melhor aproveitada com a melhoria na produtividade da atividade.

Palavras-chave: custo, mão de obra, pecuária leiteira, rentabilidade.

39
CHAPTER 1

Economic analysis of dairy farms in the territory identity Itapetinga-Bahia

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the economic profile of milk-producing farms of
the microregion of Itapetinga-Bahia, 28 properties being used. The period of analysis was
from October 2009 to September 2010, the values in U.S. $ were adjusted by IGP-DI
(General Price Index Internal Availability) Getulio Vargas Foundation in September 2010.
Were used indicators of economic outcomes and indicators of economic performance. The
data were derived from monthly visits to the properties analyzed descriptively. The value of
"patrimony invested in ground" was the item most representative (52.32%) of the total
investment, the fixed assets per hectare was R$ 6,430.85 ± 1,648.52 (mean standard
deviation) for matrix lactation R$ 15,195.37 ± 8,618.90 per kg of milk produced per day of
R$ 2,328.69 ± 1,474.40. The average gross income of the activity during the period was R
$ 118,004.53 (119,161.11 ±), which corresponded to the sum of the values obtained with
the sale of milk (70.37%), animals (18.08%) and animal inventory change (11.56%). The
average price paid per liter of milk in the region during the period was R$ 0.63 (± 0.05),
less variation of the item. The total cost per liter of milk was R $ 0.82 (± 0.34) and the
result (profit or loss) per liter of milk from R$ 0.09 (± 0.33). The profit was 10.25% (±
42.71%) and profitability of 1.44% (± 4.66%). The manpower has affected the cost of
production in 43.92% (± 14.42%), and the item that most influenced the cost of production.
The net margin and positive results suggested the farmers are able to produce medium and
long term, with constant capitalization, the component that pursued more influence on the
cost was labor, realizing that it must be better exploited through improved productivity
activity.

Keywords: cost, labor, dairy farming, profitability.

40
1. INTRODUÇÃO

Em termos mundiais, a produção brasileira de leite de vaca ocupa a quinta posição,


atrás dos Estados Unidos, Índia, China e Rússia, segundo os dados da Embrapa Gado de
Leite em 2009. De acordo com Anualpec (2010), no Brasil, em 10 anos, a produção de leite
cresceu 17,34%, sendo que os maiores crescimentos regionais ocorreram no Norte
(34,35%), Sul (33,08%) e Nordeste (24,11%), porém no Sudeste houve uma redução de
0,51%.
A pecuária leiteira no Brasil, dominada há séculos pelo amadorismo casuístico,
vem, ao longo dos últimos anos, passando por mudanças estruturais profundas, sinalizando
um mercado dinâmico e bastante competitivo. Apesar dos baixos índices de produtividade,
a cadeia agroindustrial leiteira se moderniza, impulsionada, sobretudo, pela
desregulamentação do mercado, pela abertura para o exterior e Mercosul e, principalmente,
fortalecida pela estabilização econômica. Mudanças estas surgidas a partir da década de 90,
quando o mercado do leite alcançou maior competitividade e agressividade pela adoção de
conhecimentos técnicos que envolvem o aprimoramento das raças, a nutrição, a sanidade
animal, a higiene e a conservação do produto.
A Bahia, por sua vez, em relação aos Estados do nordeste, ocupa o primeiro lugar
em produção de leite, com aproximadamente 1,18 bilhão de litros de leite no ano de 2009
(IBGE, 2010). Sétima maior produtora de leite do Brasil, o Estado da Bahia possui uma
fatia de apenas 3,56% da produção nacional e sequer consegue atender a demanda dos
baianos que consomem cerca de 1,5 bilhão de litros por ano.
As principais bacias leiteiras da Bahia estão localizadas nos territórios do extremo
sul, Itapetinga, Litoral Sul, Médio Rio de Contas, Portal do Sertão e Vitória da Conquista.
Na Bahia, a microrregião de Itapetinga (Caatiba, Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí,
Itambé, Itapetinga, Itarantim, Itororó, Macarani, Maiquinique, Encruzilhada e Ribeirão do
Largo), destaca-se como uma das principais bacias leiteiras, possuindo esta atividade como
uma das principais da região, tendo um papel significativo na produção do estado, pois as
condições locais vêm influenciando positivamente na ascensão desta cadeia produtiva.
Na análise da exploração de vacas para produção de leite, devem-se procurar
estabelecer índices de produtividade, porque somente através deles torna-se possível

41
elaborar uma apreciação técnica da atividade. A análise dos custos de produção deve ser
feita minuciosamente, pois se isto não ocorrer, pode não ser capaz de revelar os fatores
determinantes do sucesso ou fracasso da exploração (FARIA e CORSI, 2000).
O estudo do custo de produção é um dos assuntos mais importantes da
microeconomia, pois fornece ao empresário um indicativo para a escolha das linhas de
produção a serem adotadas e seguidas, permitindo à empresa dispor e combinar os recursos
utilizados na produção, visando apurar melhores resultados econômicos (REIS, 1999a).
Os dados obtidos da apuração dos custos de produção têm sido utilizados para
diferentes finalidades, tais como: estudo da rentabilidade da atividade leiteira; redução dos
custos controláveis; planejamento e controle das operações do sistema de produção do leite;
identificação e determinação da rentabilidade do produto; identificação do ponto de
equilíbrio do sistema de produção de leite; e instrumento de apoio ao produtor no processo
de tomada de decisões seguras e corretas (LOPES e CARVALHO, 2000). A partir daí, o
empreendedor passa a conhecer e utilizar, de maneira inteligente e econômica, os fatores de
produção (terra, trabalho e capital), localizando os pontos de estrangulamento para depois
concentrar esforços gerenciais e/ou tecnológicos para obter sucesso na sua atividade e
atingir os seus objetivos de maximização de lucros ou minimização de custos (LOPES e
CARVALHO, 2000).
Devido ao perfil do produtor rural brasileiro, que explora a atividade de maneira
extrativista e ineficiente, obtendo baixos índices de produtividade e, ainda, com elevado
custo de produção por litro de leite produzido, o quadro atual é caracterizado por
produtores que estão abandonando a atividade leiteira e migrando para a atividade de corte
ou para os grandes centros em busca de outras atividades. A pecuária de leite tem se
tornado, a cada dia, um desafio maior para aqueles que a exercem, pois é do conhecimento
de todos que se precisa melhorar a produtividade dos rebanhos, aumentar a escala de
produção e reduzir os custos envolvidos no processo produtivo para que haja
competitividade e lucro.
Nesse sentido, estudos têm sido realizados visando identificar os principais
indicadores zootécnicos e econômicos que influenciam a rentabilidade dos sistemas de
produção de leite no Brasil (KRUG, 2001; GOMES, 2007).

42
Entretanto, pela diversidade do ambiente de produção e a elevada diferenciação
socioeconômica, cultural e edafo-climática, que caracterizam os sistemas de produção,
associados ao fato de a pecuária leiteira estar presente em mais de 80% dos municípios do
Brasil, impõem-se a necessidade de estudos regionalizados.
Diante disso, objetivou-se identificar e quantificar o custo de produção de leite na
microrregião de Itapetinga na região sudoeste da Bahia.

43
2. MATERIAL E MÉTODOS

Os dados utilizados no presente estudo foram provenientes de 28 fazendas da


microrregião de Itapetinga, sudoeste da Bahia, nos municípios de Itapetinga, Itambé,
Caatiba, Macaraní, Maiquinique, Itarantim, Potiraguá, Itororó, Iguaí e Ibicuí, coletados
durante o período de outubro de 2009 a setembro de 2010.
No levantamento das informações, foram utilizados um questionário e caderneta de
campo para realizar o inventário completo dos bens das propriedades que foram estudadas,
apurando valor e vida útil de cada ativo, sendo, posteriormente, alocados em um dos
seguintes grupos: benfeitorias, máquinas, veículos, equipamentos e implementos,
ferramentas e rebanho. Nas situações em que os pecuaristas não dispuseram de informações
referentes ao valor e data de aquisição, para a estimativa dos valores atuais, bem como da
vida útil restante, foi adotado o seguinte critério: os bens foram analisados e, em função do
estado de conservação, foram enquadrados em um dos seguintes escores: ótimo, bom,
regular e ruim. Para os bens em ótimo, bom, regular e ruim estado de conservação, os
valores atuais foram estimados em 100, 75, 50 e 25%, respectivamente, dos valores de
mercados dos bens novos. Quanto às benfeitorias, cada uma foi medida sendo atribuído um
estado de conservação e registrado um resumo do memorial descritivo, objetivando auxiliar
na estimativa do valor atual. Em função da área, do estado de conservação e do padrão de
acabamento, foi estimado um valor por m2 de construção. O valor utilizado foi produto do
valor do m2 pela área da benfeitoria. Estes valores serviram para estimar o capital investido
em bens na atividade. Bens depreciáveis que estavam sendo utilizado e tinham idade
superior à sua vida útil não foram considerados, mesmo estando em bom estado de
conservação.
A variável área considerou a terra efetivamente utilizada pelo rebanho,
independente da categoria animal. Foram consideradas áreas de pastagens cultivadas ou
nativas, áreas de produção de forragens e grãos para alimentação do rebanho, e áreas de
benfeitorias, estradas e acessos.
Na segunda fase de levantamento de informações, foram realizadas visitas mensais
às propriedades para coleta de dados referentes às produções, às despesas realizadas e às
receitas apuradas no mês anterior. A coleta de dados deu-se em formulários de campo

44
preparados especificamente para este objetivo. Tais dados foram cadastrados em arquivo do
Microsoft Excel, preparado para o processamento eletrônico dos dados, bem como na
análise de rentabilidade.
Foi utilizado do artifício de considerar a divisão dos custos da atividade leiteira, de
acordo com a participação de cada componente na renda bruta, ou seja, a porcentagem de
participação da renda do leite na renda bruta total da atividade leiteira que corresponderia
ao fator de conversão do custo da atividade para custo de leite (NORONHA, 1987;
GOMES, 1999; CANZIANI, 1999; LOPES e CARVALHO, 2000).
O método adotado para o cálculo da depreciação anual do capital imobilizado em
instalações foi o da aplicação financeira das cotas fixas, conforme Noronha (1987), Gomes,
(1999), Lopes et al. (2005), tendo sido utilizado a equação: Da=(Vi - Vf)/n; em que: Da =
valor da depreciação anual; Vi = valor inicial do bem; Vf = valor final do bem (valor de
sucata) e n = vida útil do bem.
Segundo Frank (1991), um dos grandes problemas com respeito aos custos é a
adoção de uma taxa de juros, na qual se deve a três fatores: a oferta e a demanda, o risco e a
duração do empréstimo. O mercado entende que o investimento em terra está entre os mais
seguros, enquanto os investimentos em capital de exploração fixo apresentam maiores
riscos. Dessa forma, as taxas de juros devem ser maiores para o capital circulante e fixo do
que para o capital fundiário. Baseado nisso, foi adotado como remuneração de capital para
o custo operacional efetivo, máquinas e equipamentos, animais e benfeitorias a taxa de
juros de 5,34% (média dos juros da caderneta de poupança no período estudado) e de 3%
para o item terra (NOGUEIRA 2007; GOTTSCHALL et al., 2002).
A medodologia de cálculo de custo foi baseada nos métodos de custo operacional
(MATSUNAGA et al., 1976). Os indicadores de resultados econômicos avaliados foram:
renda bruta da atividade leiteira - RBA (R$/ano); renda bruta do leite - RBL (R$/ano);
participação da renda bruta do leite na renda bruta da atividade; preço do leite (R$/litro);
custo operacional efetivo da atividade leiteira – COE (R$/ano) = mão de obra contratada,
concentrados, manutenção de forrageiras não-anuais, mineralização, sanidade, energia e
combustíveis, material de ordenha, inseminação artificial, frete de leite, impostos e taxas,
reparos em benfeitorias e máquinas, e outras despesas de custeio; custo operacional total da
atividade leiteira-COT (R$/ano) = COE + mão de obra familiar + depreciação; custo total

45
da atividade leiteira- CT (R$/ano) = COT + remuneração do capital médio investido em
animais, benfeitorias, máquinas, forrageiras não anuais e terra; margem bruta da atividade -
MB (R$/ano) e margem líquida da atividade - ML (R$/ano).
Os indicadores de desempenho econômico foram avaliados pelo ponto de
nivelamento (PN = CT/Preço do leite); custo unitário por litro de leite (CUL=
CT/Produção); lucratividade (L= RB-CT*100)/RB) R$/ano; rentabilidade; custo
operacional efetivo por litro de leite (R$/litro); custo operacional total por litro de leite
(R$/litro); custo total por litro de leite (R$/litro); margem bruta por litro de leite (R$/litro);
margem líquida por litro de leite (R$/litro); lucro por litro de leite (R$/litro); participação
do COE na RBA (%); COT na RBA (%); taxa de remuneração do capital investido (% ao
ano) = ML / capital médio investido em animais, benfeitorias, máquinas e terra; capital
investido na atividade em relação à produção diária de leite (R$/litro/dia).
A renda bruta da atividade leiteira (RBA) considerou, além da renda bruta do leite, a
renda oriunda da venda de animais e a variação do inventário animal, utilizado para corrigir
eventual distorção no valor do plantel, oriunda de compras ou vendas excessivas de
animais, simulando uma situação hipotética de rebanho estabilizado (NASCIF, 2008).
Para evitar duplicidade de lançamento de despesas, a análise não considerou a
depreciação de matrizes, uma vez que o sistema avalia o custo de produção da atividade
como um todo e os custos de cria e recria de fêmeas de reposição, assim, como os de
manutenção de vacas secas também foram contemplados.
O gasto de cada mês foi corrigido para reais de setembro de 2010, pelo Índice Geral
de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Os valores
mensais corrigidos foram, então, somados, gerando o custo total para o período.
Os índices produtivos e econômicos foram comparados por meio de análises
descritivas, utilizando o aplicativo MS Excel ®, e agrupados em tabelas, objetivando uma
melhor comparação, discussão e apresentação dos resultados.

46
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resumo dos recursos disponíveis em fazendas da microrregião de Itapetinga-


Bahia, no período de outubro de 2009 a setembro de 2010, foi agrupado na Tabela 1. Estes
recursos foram úteis nas análises e discussões dos resultados encontrados nesta pesquisa.
Pelos altos valores de desvio padrão (D.P) observados nas tabelas, verifica-se que as
fazendas que fizeram parte deste estudo apresentaram resultados bem diferentes entre si.
Diferenças estas também encontradas por Lopes et al. (2005) e Lopes et al. (2008). Desta
forma, observa-se que, mesmo pertencendo à mesma região, o comportamento de
investimentos, receitas e custos das propriedades acontecem de forma diferente, pois são
aplicados diferentes sistemas de criação.
O valor do “patrimônio investido em terra” foi o item de maior representatividade
(52,32%) do total investido, enquanto o “patrimônio sem terra” representou 46,68%. Tais
dados são inferiores aos apresentados pelo SEBRAE (2006), que encontraram 70,67% do
capital dos produtores de leite entrevistados no Estado de Minas Gerais, investidos em
terra.

Tabela 1 – Recursos disponíveis nas 28 propriedades leiteiras da microrregião de Itapetinga


Bahia, durante o período de outubro de 2009 a setembro de 2010.
Especificação Média D.P*

Valor do patrimônio sem terra (R$) 404.025,02 215.853,37


Valor do patrimônio em terra (R$) 461.503,21 410.868,40
Área (ha) 134,59 83,18
Total de matrizes do rebanho 103,93 84,62
Quantidade de matrizes em lactação / dia 56,96 39,20
Mão de obra (quantidade de serviços / dia) 2,79 1,52
Média diária de leite produzido (litros) 371,68 318,43
Total imobilizado (R$) 865.528,23 588.492,86
Total imobilizado por ha (R$) 6.430,85 1.648,52
Total imobilizado por matriz em lactação (R$) 15.195,37 8.618,90
Total imobilizado por litros de leite produzido dia (R$) 2.328,69 1.474,40
*DP- Desvios Padrão

47
Isto demonstra que as áreas destinadas à produção de leite da microrregião de
Itapetinga devem ser melhor utilizadas, pois este resultado tem consequências no impacto
do custo de oportunidade da terra, na perda de áreas para outras culturas mais rentáveis e na
contribuição para gerar índices de produtividades baixos, entre outros.
Os indicadores “imobilizados por hectare” e “por matriz” podem ser utilizados
como parâmetros na construção de um sistema de produção, quando na ausência de um
projeto de viabilidade econômica, desde que o sistema de referência tenha apresentado um
resultado positivo. O indicador “imobilizado por litro de leite por dia” tem a mesma
característica. No entanto, tal inferência deve ser feita para sistemas que apresentem a
mesma média de produtividade por matriz (SANTOS, 2010).
O valor imobilizado por hectare (R$6.430,85 ± 1.648,52) pode ser utilizado como
indicador de intensificação de produção (Tabela 1). Segundo o SEBRAE (2006), em um
diagnóstico realizado no estado de Minas Gerais, as propriedades que entregam mais de
1.000 litros de leite por dia tiveram o valor imobilizado/ha de R$6.723,78. Apesar deste
valor ser semelhante ao encontrado no presente estudo, observa-se que a produção diária de
leite deste trabalho é muito inferior (371,68 L ), isto demonstra que na região estudada é
necessário intensificar os sistemas de produção existentes para haver uma melhor produção
por área.
Com relação aos valores do total imobilizado por matriz em lactação (R$15.195,37
± 8.618,90), observa-se, na Tabela 1, que o valor é considerado elevado. Para fazer esta
avaliação, pode-se levar em consideração o preço alto da terra, o menor preço da matriz e a
menor quantidade de matrizes em lactação em relação ao total de matrizes do rebanho.
Neste caso, este último item que no presente estudo foi de 54,8% teve influência neste
resultado.
Com relação ao total imobilizado por litro de leite produzido por dia, a região
estudada apresentou valor de R$2.328,69 (± 1.474,40) (Tabela 1). Este valor também é
considerado alto, sendo afetado, principalmente, pela baixa produtividade (6,52
litros/animal/dia) encontrada no presente estudo. Segundo Gomes (2009), um valor de
referência para sistemas rentáveis seria algo em torno de R$500,00, imobilizados por kg de
leite/dia.

48
Tabela 2 – Resumo da análise de rentabilidade do custo de produção de leite da microrregião
de Itapetinga-Bahia, durante o período de outubro de 2009 a setembro de 2010
Especificação Unid Média D.P
1. Renda bruta
1.1 LEITE L 133.805,73 114.633,14
1.1 Venda do leite R$ 85.506,50 72.664,90
1.2 Venda de animais R$ 21.964,45 30.248,68
Sub total R$ 107.470,96 94.987,97
Variação de inventário animal R$ 14.044,76 50.088,92
Total da renda bruta da atividade leiteira (R.B) R$ 121.515,72 119.161,11
Valor pago por litro de leite R$ 0,63 0,05
Renda bruta/litro R$ 0,91 0,37
2. Custo operacional efetivo (C.O.E) R$ 57.310,64 40.771,76
3. Custo operacional total
3.1 Custo operacional efetivo R$ 57.310,64 40.771,76
3.2 Depreciação R$ 6.726,68 5.210,93
Custo operacional total (C.O.T) R$ 64.037,32 44.032,18
4. Custo total
4.1 Custo operacional total R$ 64.037,32 44.032,18
4.2 Remuneração do capital circulante R$ 308,57 219,46
4.3 Remuneração do capital investido R$ 21.574,94 11.526,57
4.4 Remuneração da terra nua R$ 23.245,35 19.609,89
Custo total (C.T) R$ 109.065,98 66.468,02
5. Indicadores de resultados
5.1 Margem Bruta (R.B – C.O.E) R$ 64.205,08 78.389,35
5.2 Margem Líquida (R.B – C.O.T) R$ 57.478,40 75.128,93
5.3 Resultado (lucro ou prejuízo) (R.B – C.T) R$ 12.449,74 52.693,09
6. Indicadores de desempenho econômico
6.1 Lucratividade da atividade % 10,25 42,71
6.2 Rentabilidade da atividade % 1,44 4,66
6.3 Ponto de equilíbrio L 119.788,57 80.345,17

Na Tabela 2, pode ser observado um resumo dos dados de renda bruta (RB), Custo
Operacional Efetivo (COE), Custo Operacional Total (COT), Custo Total (CT), Margem

49
Bruta (MB), Margem Líquida (ML), Resultado e indicadores de desempenho econômico da
atividade leiteira na microrregião de Itapetinga-Bahia, no período estudado.
A renda bruta média da atividade, durante o período de estudo, foi de R$121.515,72
(± 119.161,11), o que correspondeu à soma dos valores apurados com a venda de leite
(70,37%), animais (18,08%) e variação de inventário animal (11,56%) (Tabela 3). A venda
de animais, que representou 18,08%, contribuindo com a renda bruta, favoreceu na diluição
dos custos com a produção em todo o período estudado, porém, os dados encontrados são
superiores aos valores verificados por Lopes et al. (2008) de 12,2%, trabalhando com 17
propriedades leiteiras da região de Lavras-MG, e inferiores a 25,1% no ano I e 25,9% no
ano II, encontrados por Moraes et al. (2004), utilizando gado mestiço F1 alimentados
basicamente com pastagem e suplementação com volumoso. O valor encontrado neste
estudo, possivelmente, justifica-se devido a decisões gerenciais em não ser realizado na
unidade o sistema de cria e recria, visto que, em curto prazo não é importante
economicamente manter esse tipo de atividade. Para Almeida Junior et al. (2002), a venda
de animais excedentes contribui decisivamente para o melhor desempenho econômico na
atividade leiteira.
Em Goiás, em uma amostra de 1.000 fazendas, a renda do leite representou 83,5%
da RB total (FAEG, 2009), superiores aos dados deste estudo. Entretanto, Marques et al.
(2002) observaram que, em uma amostragem de rebanhos pouco tecnificados de Minas
Gerais, a venda de leite contribuiu com 71,9% da RB, resultados estes semelhantes ao do
presente estudo, sugerindo que a participação da venda de animais foi mais representativa
em rebanhos com baixo desempenho zootécnico, nos quais a produtividade foi
supostamente penalizada. Este fato denota a importância dos fatores ligados à
produtividade e à venda do leite e sugere que práticas focadas na venda de animais, mas
capazes de comprometer a produção de leite, podem induzir perda significativa na renda
das fazendas. Segundo Nascif (2008), em períodos de preço baixo de leite, a maioria dos
sistemas que utilizam cruzamentos com gado zebu tem a venda de animais como uma
forma de complementar a renda da atividade, o que não acontece com raças mais
especializadas. Este tipo de cruzamento, provavelmente, diminui a especialização leiteira
do rebanho.

50
Desta forma, realmente, a venda de animais tem grande importância e participação
nas receitas da atividade de pecuária leiteira. Porém, nem sempre ela é suficiente para
equilibrar as contas e proporcionar lucro. É importante observar que cada sistema tem
características econômicas próprias e que a distribuição em porcentagem de participação na
formação de custos e de receitas pode ser a mesma de um sistema para outro. O que vai
definir a maior ou a menor venda de animais são as metas do sistema de produção, a
necessidade de levantar receitas (LOPES et al., 2009), bem como os aspectos referentes à
saúde do rebanho (DEMEU, 2010). O que verdadeiramente importa é que o valor absoluto
do custo total de produção de um litro de leite seja sempre inferior à receita obtida na venda
dele, independentemente do sistema que se utiliza. Somente nesta situação é que a receita
obtida com a venda de animais vai poder proporcionar o lucro da atividade.

Tabela 3 – Contribuição de cada item em % na receita da atividade leiteira na microrregião


de Itapetinga – Bahia, no período de outubro de 2009 a dezembro de 2010
Especificação Média
Venda de Leite 70,37
Venda de animais 18,08
Variação de inventário animal 11,56

Quanto à venda de subprodutos (esterco), estes não são vendidos, e sim utilizados,
em alguns casos, como adubo orgânico em reservas estratégicas alimentar. De acordo com
Lopes et al. (2004a), o fato de ele ser utilizado no próprio sistema de produção, embora, em
um primeiro momento, significa redução da receita, representa também uma redução nas
despesas com manutenção das capineiras. Durante o projeto, foi observado que há bastante
desperdício desse subproduto, em consequência das condições inadequadas de
armazenamento. Tal fato pode também justificar a não comercialização e,
consequentemente, a diminuição da renda.
A variação de inventário animal, índice que mede a valorização ou a desvalorização
patrimonial em animais, foi de R$14.000,00 (± 50.088,92). Essa variação, quando positiva,
pode ser um indicativo de que o sistema de produção está crescendo, aumentando a taxa de
lotação, que o rebanho ainda não está estabilizado ou que ocorreu uma valorização no preço
do produto. Observa-se, ainda, na Tabela 2, que o valor médio pago por litro de leite no

51
período na região foi de R$ 0,63 (± 0,05). Considerando o desvio, este valor foi semelhante
à média de valores pagos nos estados do Paraná (R$0,62), São Paulo e Rio Grande do Sul
(R$0,65), Goiás (R$0,66), Minas Gerais (R$0,67), e superior ao estado de Santa Catarina
(R$0,57), segundo Anualpec (2010). Dentre as variáveis estudadas, o preço do leite foi a de
menor desvio padrão entre fazendas, enfatizando que este, definido pela indústria, tem
caráter mais constante dentro da região que as práticas de produção, definidas pelas
fazendas. Pesquisas recentes indicam que o coeficiente de variação da produção de leite
reduziu 6,48% ao ano, enquanto o da variação do preço reduziu apenas 0,61% ao ano. Isto
quer dizer que a produtividade tem maior influência no custo de produção do que o preço
do leite em si.
Segundo Gomes (2009), nos últimos nove anos, o preço recebido pelo produtor de
leite, variou significativamente, sendo que, no verão, os preços foram, sistematicamente,
menores que os praticados no inverno. O comportamento sazonal dos preços relativos ajuda
a explicar a preferência, de muitos produtores, por sistemas de produção flexíveis, de
menor custo médio no verão e maior no inverno. Tais sistemas privilegiam, no verão,
pastagens de boa qualidade em substituição à parte do concentrado.
A renda bruta da atividade por litro de leite produzido foi de R$0,91 (± 0,37). A
diferença em reais em relação ao preço pago por litro de leite (R$0,63) foi de R$0,28, esta
diferença refere-se à venda de animais e à variação de inventário animal. Dependendo da
receita proveniente desses itens, a diferença existente entre o preço pago por litro de leite e
a renda bruta por litro de leite pode variar para mais ou para menos.
O Custo Operacional Total (COT) de R$64.037,32 (± 44.032,18) foi obtido pela
soma do custo operacional efetivo (R$57.310,64), que foi o desembolso, com o custo de
depreciação (R$6.726,68) (Tabela 2). O valor referente à depreciação representa uma
reserva de caixa que deveria ser feita para se repor os bens patrimoniais ao final de sua vida
útil. A receita do período permitiu que essa reserva fosse feita. Isso significa que, ao final
da vida útil do bem, em permanecendo constantes as condições atuais, o pecuarista teria
recursos monetários para a aquisição de um novo bem substituto, não havendo uma
descapitalização em médio prazo.
A margem bruta é um indicador de desempenho para análise de curto prazo. Se esta
for negativa, significa que, se o processo produtivo for interrompido, será melhor, pois não

52
se está obtendo renda com a atividade, sequer para cobrir os custos operacionais efetivos.
Segundo Antunes e Ries (2001), é o índice que representa quanto da renda gerado pela
venda de cada unidade de produto é comprometido para cobrir os desembolsos efetuados
para a produção do mesmo.
Observa-se, na tabela 2, que a média desse indicador para microrregião de
Itapetinga foi de R$64.205,08 (±R$78.389,35), ou seja, o resultado foi positivo, o que
indica que a atividade vem cobrindo os custos operacionais efetivos, aqueles que estão
diretamente relacionados com a produção. A margem bruta positiva evidencia que a
atividade tem condições de sobreviver pelo menos a curto prazo. Porém, considerando o
desvio, observa-se que, em algumas situações (três propriedades), esse resultado encontra-
se negativo, demonstrando que a compra e o consumo é maior do que a produção,
provavelmente, devido à baixa produtividade de leite, que tem influência direta nos
resultados econômicos da atividade.
A margem líquida é um indicador de desempenho para análise de médio prazo.
Observa-se, na tabela 2, que a margem líquida também foi positiva (R$57.478,40 ±
R$75.128,93), evidenciando que as receitas cobriram os custos totais da atividade,
indicando que a atividade pode sobreviver pelo menos a médio prazo, pois cobre também
os custos com as depreciações. Semelhante à margem bruta, observa-se que, considerando
o desvio, algumas propriedades (quatro) também não conseguiram cobrir os custos totais,
demonstrando que estas, se não mudarem de atividade, correm o risco de se
descapitalizarem ao longo do tempo.
O indicador margem líquida não avalia a remuneração do capital utilizado na
atividade. Mesmo o resultado sendo positivo, pode ser que o capital utilizado na atividade,
esteja sendo remunerado abaixo, igual ou acima da taxa de juros adotada, como
oportunidade de aplicação do capital investido na atividade leiteira.
Nascif (2008), conduzindo um trabalho com objetivo de levantar indicadores
técnico-econômicos para o Estado de Minas Gerais, em 318 propriedades leiteiras,
observou que: a área utilizada pela pecuária de leite é, em média, 137,60 ha; a maior
produção de leite/dia encontra-se na região sul/sudoeste de Minas, com 1.719
kg/dia/propriedade; a produtividade por área foi de 3.095,71 kg/ha/ano e o custo
operacional efetivo/litro, custo operacional total/litro e o custo total/litro foram de

53
R$0,3729, R$0,4514 e R$0,5166, respectivamente. As margens bruta e líquida/litro de leite
e o resultado da atividade leiteira no estado de Minas Gerais foram de R$0,1638, R$0,0640
e -R$0,0193, respectivamente, e a atividade apresentou um capital imobilizado por litro de
leite produzido de R$1.279,90.
Prado et al. (2007) estudaram a rentabilidade da exploração leiteira de uma
propriedade em cinco anos e observaram que a margem líquida negativa atingiu R$ -
201.091,89, embora a margem bruta fosse positiva (R$130.003,54). Isso foi um indicativo
de descapitalização a médio prazo da atividade, uma vez que se fica impossibilitado de
realizar a reposição de bens de capital.
Resultados de pesquisas têm demonstrado que a atividade leiteira apresenta um
resultado positivo (MANCIO et al., 1999; MORAES et al., 2004; GOMES et al., 2007;
OLIVEIRA et al., 2007; SILVA et al., 2008), outros têm mostrado que a atividade
apresenta margem líquida positiva (LOPES et al., 2007, 2004a, 2004b; SEBRAE, 2006;
NASCIF, 2008; GOMES, 2007) e a maioria tem mostrado apenas a margem bruta positiva
(PRADO et al., 1995; REIS, 2001; FASSIO et al., 2006; LOPES et al., 2007; PRADO et
al., 2007).
O resultado (lucro ou prejuízo) da atividade leiteira é uma medida de desempenho
econômico de longo prazo. Em situação de resultado menor do que zero, significa que a
remuneração do capital investido na atividade está menor que a taxa de juros de
oportunidade utilizada. Quando o negócio está em equilíbrio, considera-se o resultado igual
a zero (normal), ou seja, o capital investido na atividade está sendo remunerado conforme a
taxa de juros de oportunidade adotada. O resultado maior do que zero, ou seja, o capital
investido na atividade está sendo remunerado acima da taxa de juros de oportunidade
adotada. Espera-se que esse valor do lucro maior do que zero seja reinvestido na atividade
leiteira, para que o empresário possa continuar crescendo e acompanhando as evoluções do
seu negócio. Sendo assim, o resultado igual a zero não pode ser considerado um mal
resultado, pois pagou-se o custeio da atividade, considerou-se o custo de depreciações,
remunerou-se a mão de obra familiar e cobriu-se o capital investido na atividade, ou seja, a
empresa está em uma situação equilibrada.
O resultado encontrado na atividade leiteira da microrregião de Itapetinga foi de
R$12.449,74 (± 52.693,09). Observa-se que o comportamento foi semelhante ao

54
encontrado nos resultados da margem bruta e líquida, ou seja, algumas propriedades da
região, devido aos valores negativos dos indicadores anteriormente citados, houve uma
influência direta nos resultados, sendo que, das 28 propriedades pertencentes a esta
pesquisa, 12 conseguiram cobrir todos os seus custos, inclusive remunerando o capital
investido na atividade (lucro), indicando que estas se encontram estáveis e com
possibilidade de crescimento, porém, 16 apresentaram resultados negativos, indicando que
o empresário poderá continuar produzindo por um determinado período, embora com um
problema crescente de descapitalização, tornando a atividade não atrativa. O
comportamento de lucro ou prejuízo tem uma influência direta na produção de leite, pois as
propriedades que tiveram os resultados positivos apresentaram uma melhor produtividade
por vaca e isso colaborou com a melhoria da receita, diluindo, dessa forma, os custos. Tal
fato demonstra alguns benefícios de se produzir em altas escalas, pois, além de reduzir os
custos, pela otimização da infraestrutura (LOPES et al., 2007), a maioria dos laticínios
bonifica os pecuaristas por maiores volumes (DEMEU, 2010).
A lucratividade e a rentabilidade da atividade leiteira da microrregião de Itapetinga
apresentaram resultados médios de 10,25% (± 42,71%) e 1,44% (± 4,66%),
respectivamente. Esses resultados demonstram que existe uma grande variabilidade na
lucratividade e rentabilidade das propriedades estudadas, porém, se considerar a média da
região para lucratividade, pode-se interpretar que, para cada R$100,00 apurados na receita
total, obtém-se R$10,25 de lucro, resultado este inferior aos encontrados por Santos
(2011) de 14,73%, 29,14% e 12,08%, estudando diferentes sistemas de produção. A venda
de animais e a variabilidade na produtividade das propriedades estudadas tiveram uma
influência significativa na receita da atividade e isto proporcionou uma maior variação nos
resultados encontrados, tendo, dessa forma, um reflexo nos grandes valores de desvios
padrões encontrados.
Pela lucratividade, pode-se comparar com outros sistemas de produção de leite,
analisando qual foi o mais lucrativo e, pela rentabilidade, pode-se comparar com atividades
diferentes, mostrando a melhor opção de investimento, como, por exemplo, com a
caderneta de poupança, que no período de 12 meses obteve uma taxa real de juros de
5,34%. Nesse caso, 19 propriedades, das 28 estudadas, demonstraram que a aplicação em
caderneta de poupança teria sido melhor negócio para os pecuaristas. Tal comparação é

55
feita apenas para se ter um referencial e não objetiva sugerir ao pecuarista que abandone a
atividade e invista em caderneta de poupança. Alguns cuidados deverão ser observados
antes de se optar pela desativação ou abandono de uma atividade, pois uma parcela
significativa dos custos fixos continuará a existir ainda por um período de tempo. É
importante verificar a composição dos custos e índices técnicos e observar se há
possibilidade de melhor remanejamento dos fatores de produção e técnicas que poderão
permitir minimizar custos e/ou aumentar a produtividade.
Lopes et al. (2009), estudando a rentabilidade de sistemas de produção de leite com
alto nível tecnológico, encontraram 9,90% da receita total composta pela venda de animais
e rentabilidade de 0,72%. Possivelmente, essa maior representação da venda de animais na
receita contribuiu para tornar os sistemas rentáveis.
Por ponto de nivelamento entende-se que é o nível de produção em que uma
atividade tem seus custos totais iguais às suas receitas totais (LOPES e CARVALHO,
2000). A média do ponto de nivelamento em produção de leite do presente trabalho foi de
119.788,57 (±80.345,17) litros, com uma média diária de 328,19 litros. Esse índice
evidencia que muitos esforços gerenciais e até mesmo tecnológicos devam ser feitos
objetivando aumentar as médias diárias de leite, sem, contudo, aumentar o custo variável
médio que, uma vez elevado, aumentará ainda mais o ponto de nivelamento. De acordo
com Lopes et al. (2004a), uma alternativa é aumentar a eficiência produtiva, ou seja, a
produtividade por matriz, otimizando, assim, as despesas com mão de obra, medicamentos,
inseminação artificial, impostos fixos, energia e diversas. Tais despesas, aumentando-se a
produtividade por matriz, não serão afetados.
Na tabela 4, observa-se o Custo Operacional Efetivo (COE), Custo Operacional
Total (COT), Custo Total (CT), Margem Bruta (MB), Margem Líquida (ML) e Resultado
(R) em R$ por litro de leite da microrregião de Itapetinga-Bahia, durante o período de
outubro de 2009 a setembro de 2010.
Os custos Operacionais Efetivos e Totais por litro de leite, que foram de R$0,43 (±
0,17) e R$0,48 (± 0,19), apresentaram o comportamento semelhante às análises
apresentadas anteriormente, ou seja, foram cobertos pela receita da atividade, porém,
quando se comparou estes resultados, considerando o desvio, com o preço pago por litro de
leite (R$0,63), algumas propriedades apresentaram valores dos custos superiores à receita.

56
Isso indica que, propriedades com baixa produtividade tem uma maior dependência da
receita proveniente da venda de animais.

Tabela 4 – Custo Operacional Efetivo (COE), Custo Operacional Total (COT), Custo Total
(CT), Margem Bruta (MB), Margem Líquida (ML) e Resultado (R) em R$ por
litro de leite da microrregião de Itapetinga-Bahia, durante o período de outubro
de 2009 a setembro de 2010
Especificação Média D.P
Custo operacional efetivo/litro 0,43 0,17
Custo operacional total/litro 0,48 0,19
Custo total/litro 0,82 0,34
Margem Bruta/litro 0,48 0,33
Margem Líquida/litro 0,43 0,33
Resultado/litro 0,09 0,33

Na Tabela 5 podem ser observados alguns índices técnicos/gerenciais. A


produtividade de leite por ha/ano, encontrados neste trabalho, foi de 994,20 litros, valor
muito pequeno quando comparado aos resultados de Lopes et al. (2004a) com 2.614,68
litros, trabalhando com 16 sistemas de produção na região de Lavras, e Shiffler et al. (1999)
com 2946 litros, trabalhando em sistemas de pastejo rotacionado. Esse índice, aliado ao da
quantidade de matrizes por ha (0,46), evidenciam que as áreas estão com suas capacidades
de utilização ociosas, além de refletir que o índice de natalidade do rebanho é baixo. A
produção média diária de leite foi de 371,68 litros, com uma produtividade de 6,52 litros
por matriz em lactação. Isso indica que, na região, o melhor aproveitamento dos fatores de
produção podem aumentar estes resultados.
No presente estudo, a depreciação foi responsável por 10,50% do COT (Tabela 4),
inferior aos 16,08% encontrado por Almeida Júnior et al. (2002), 14,37% e 17,29%, obtido
por Lopes et al. (2004a) e Lopes et al. (2001), respectivamente. Embora na literatura não
exista informação sobre qual seria um bom valor para esse indicador técnico, pode-se
afirmar que a eficiência de utilização dos bens do patrimônio dos sistemas de produção
estudados nesta pesquisa foi superior ao sistema estudado por Lopes et al. (2001).

57
Tabela 5 – Índices técnicos/gerenciais da microrregião de Itapetinga-Bahia, no período de
outubro de 2009 a dezembro de 2010
Especificação Média D.P
COE / COT (%) 89,50 4,97
COE/RB (%) 47,16 22,25
COT/RB(%) 52,70 25,96
Mão de obra permanente/ COT (%) 43,92 14,42
Depreciação / Custo Total (%) 10,50 4,97
Produtividade animal / dia (Litros de leite) 6,52 2,26
Produção diária (Litros de leite) 371,68 318,43
Produção de leite por hectare / ano (L) 994,20 802,82
Produção de leite / mão de obra (L/ dia) 133,42 55,19
Capital investido/produção diária de leite (R$) 9,49 5,42
Quantidade de vacas em lactação/ha 0,46 0,26
COE = Custo operacional efetivo; COT = Custo operacional total; RB = Renda bruta

O custo operacional efetivo de R$57.310,64 ± 40.771,76 representou o desembolso


médio, no período de 12 meses, para custear a atividade. Os itens que compõem o custo
operacional efetivo de produção do leite foram divididos em grupos, cada qual responsável
pelos percentuais encontrados na Tabela 5, estes dados são em relação ao COT. A divisão
das despesas em grupos, de acordo com Lopes et al. (2000), permite o monitoramento das
despesas da propriedade, auxiliando o técnico e o produtor em uma análise mais detalhada.
Na Tabela 6, observa-se que o item que mais influenciou no custo operacional
efetivo foi a mão de obra permanente, com 43,92% (± 14,42%). Estes valores estão acima
dos encontrados por Almeida júnior et al. (2002), de 12,33%, e Lopes et al. (2001), de
25,81%. Isso pode ser justificado pelo fato da maioria das propriedades que participaram do
presente estudo fornecer, principalmente, no período seco, alimentação no cocho, o que
requeria uma maior necessidade de mão de obra. Outro fato importante que deve ser levado
em consideração é a relação mão de obra:vacas ordenhadas, que, neste trabalho, foi de
20,41:1, demonstrando que parte desta mão de obra encontra-se ociosa, ajudando, dessa
forma, a onerar os custos de produção. Jarret (1997) preconizou uma relação vaca:homem
de 66:1 e 111:1, para sistemas de produção com 300 e 1000 vacas, respectivamente.

58
Tabela 6 – Contribuição em % de cada item do Custo Operacional Efetivo (COE) no Custo
Operacional Total (COT) da microrregião de Itapetinga-Bahia, no período de
outubro de 2009 a setembro de 2010
Especificação Média D.P
Mão de obra permanente 43,92 14,42
Mão de obra temporária 5,12 5,71
Ração comercial 9,14 8,51
Sal mineral 3,77 1,87
Fertilizantes 0,55 0,85
Defensivos 0,93 1,40
Sementes e mudas 0,22 0,59
Volumosos comprados 0,01 0,02
Sêmen 0,43 0,99
Reprodução 1,20 2,07
Medicamentos 5,00 2,29
Exames sanitários 0,04 0,11
Material de ordenha 0,31 0,71
Ferramentas e utensílios 0,46 0,60
Combustíveis 4,04 3,03
Mecanização terceirizada 0,42 1,64
Manutenção de máquinas 0,68 1,16
Manutenção de instalações 1,89 2,82
Energia elétrica 3,66 2,68
Telefone 0,30 0,72

Taxas e impostos 0,93 1,16

Fretes do leite 0,59 1,38

Assistência técnica 2,44 2,89

Escritório e contabilidade 0,90 1,21


Juros 0,44 2,32
Arrendamentos 3,20 8,32
Outros 2,62 4,47

Lopes et al. (2005) encontraram relação vaca em lactação:homem de 18,33, em


rebanhos com média de 78,33 vacas em lactação. Tal fato evidencia que a mão de obra, até

59
certo ponto, tem um comportamento de custo fixo, pois pode aumentar a quantidade de
vacas em lactação sem necessidade de aumentar a quantidade de funcionários.
Oliveira et al. (2007), trabalhando com indicadores referência de sistemas de
produção de leite no extremo sul da Bahia, citaram que a participação do gasto com
concentrado e mão de obra, na renda bruta do leite, consiste em um indicador de eficiência
econômica largamente adotado. Neste trabalho, observou-se maior participação da mão de
obra na renda bruta do leite em relação à participação do concentrado, o que difere de
sistemas nos quais se utilizam vacas de maior nível de produção de leite, em decorrência da
maior adoção de tecnologias poupadoras de mão de obra e da maior intensidade de uso de
concentrado neste tipo de sistema de produção.
Observa-se, na Tabela 5, que a produção de leite/mão de obra/dia foi de 133,42
litros (±55,19), valores estes inferiores aos estudos ocorridos em 1000 fazendas de Minas
Gerais e 1000 de Goiás, apresentando uma média de 182 e 169 litros, respectivamente.
Segundo Costa (2007), propriedades que apresentam bom desempenho para estes
indicadores deverão apresentar valores superiores a 7.300 L/ha/ano e 200 L/d.h.. Os
menores valores encontrados neste estudo sugerem que os sistemas de produção avaliados
deverão realizar investimentos para intensificar o uso das pastagens e melhorar a eficiência
da mão de obra.
O baixo uso de capital moderno nas fazendas do presente estudo influenciou na
redução da produtividade da mão de obra e, consequentemente, aumentou o seu custo. Com
a tendência de elevação do valor real dos salários e, consequentemente, do custo do
trabalho, os gastos com mão de obra contratada podem limitar cada vez mais o desempenho
e sustentação econômica das fazendas de leite do Brasil.
O papel da produtividade da mão de obra (PMDO), como fator determinante da
lucratividade, é coerente com dados da literatura. Em fazendas de Minas Gerais, a
produtividade da mão de obra contratada foi um dos três índices mais determinantes da
lucratividade (FASSIO et al., 2006). Este índice também foi positivamente correlacionado
com a taxa de remuneração do capital investido em fazendas de leite da Bahia
(SCHIFFLER et al., 1999; LIMA, 2007). Com a tendência de elevação real dos salários
(Cepea, 2009), gastos com mão de obra podem ser o determinante cada vez mais
importante da lucratividade da atividade leiteira brasileira (ALVES, 1999).

60
A PMDO impacta fortemente o custo da mão de obra na atividade leiteira, podendo
inviabilizar a produção de leite, mesmo com um nível salarial baixo. Entretanto, melhorias
da PMDO proporcionam forte redução na despesa, podendo viabilizar melhorias na
remuneração do trabalhador com os ganhos adicionais. Por isso, a avaliação e o
acompanhamento mensal da evolução da PMDO são recomendáveis.
A melhoria da PMDO depende da melhoria da produtividade do rebanho e de
condições favoráveis para o trabalho (instalações, máquinas e equipamentos apropriados),
sendo afetado pelo sistema de alimentação (pasto ou pasto mais suplementação com
volumoso no cocho), sistema de ordenha (manual ou mecânica), e da própria mão de obra
(capacitação, qualidade, racionalização do uso).
A alimentação foi responsável por 9,14% das despesas operacionais efetivas. Esse
percentual é inferior aos encontrados por Lopes et al. (2008), de 55,9%, no qual todos os
sistemas de produção utilizaram suplementação concentrada durante todo o ano e, na
estação seca, suplementação volumosa e concentrada. Em dois dos 16 sistemas de
produção, as vacas foram totalmente confinadas. Isso significa que a região do presente
estudo trabalha ainda com uma alimentação a base de pasto, utilizando algum suplemento
apenas no período de escassez de alimento (período seco), sendo isto um indicativo que o
rebanho da região ainda possui um baixo potencial genético, demonstrando a baixa
produtividade encontrada neste trabalho (6,52 litros por vaca/dia). Estudando a
rentabilidade de rebanhos de alta produtividade leiteira no estado do Paraná, Almeida et al.
(2009) encontraram correlação positiva (r=0,66) e significativa (P<0,01) entre este
indicador e o rendimento dos animais (em litros por cabeça por dia). Verificaram também
correlação positiva (r = 0,55) entre os gastos com alimentação e a produtividade das vacas,
no entanto, a correlação mudou de sinal (r = - 0,32), quando eles associaram a
produtividade com o custo alimentar unitário. Potencial genético do rebanho, práticas
corretas de manejo e a tradição da região com a bovinocultura leiteira foram outras
variáveis importantes apontadas pelos autores para explicar as variações no retorno
econômico da atividade.
Hansen et al. (2005) estudaram 27 indicadores da produção de leite em fazendas da
Noruega, por metodologia de análise de componentes principais (JOLLIFFE, 2002) e

61
identificaram que a despesa com concentrados e a diferença entre a renda bruta total e o
custo com alimentação foram os principais determinantes da lucratividade.
As despesas com medicamentos representaram 5,00% do custo operacional efetivo,
valor semelhante ao encontrado por Lopes et al. (2008), de 4,9%, e abaixo da média
encontrada por outros pesquisadores. Desse percentual, a maior parte foi consumida com
produtos terapêuticos, como antibióticos; uma outra parte, com vacinas contra aftosa; e um
pequeno valor, com outras vacinas consideradas essenciais e com antiparasitários. Tais
fatos demonstram que um trabalho de educação e conscientização da importância da saúde
animal precisa ser realizado urgentemente com os produtores de leite. É possível diminuir
os custos de produção, principalmente, com medicamentos, quando medidas profiláticas,
como esquemas de limpeza, desinfecção, vacinações, “vermifugações” etc. são aplicadas
nas propriedades. Na maioria das propriedades rurais do país, os elevados custos com
controle sanitário resultam do emprego de medicamentos para cura de enfermidades e não
na forma preventiva.
Quanto às despesas com inseminação artificial - sêmen, nitrogênio líquido, além de
outros materiais, o percentual obtido de 0,43 está muito abaixo da média encontrada por
outros pesquisadores, devido ao fato de apenas cinco (17%) das 28 propriedades leiteiras
terem adotado essa tecnologia. A média de tais despesas nas cinco propriedades foi de
2,55%. A inseminação artificial é um indicativo de desenvolvimento tecnológico que
influencia junto com outros itens, diretamente na maior eficiência reprodutiva do rebanho.
Pelos resultados encontrados, verifica-se que a região ainda não ver esta tecnologia como
prática importante para ser aplicada, usando, na maioria das vezes, a monta natural.
É interessante observar que a assistência técnica não representou mais do que 7,09%
do custo operacional efetivo e, em média, representou apenas 2,62%, resultados estes
semelhantes aos encontrados por Santos (2011). Apesar dessa pequena representatividade,
muitas vezes, o técnico é o primeiro a ser dispensado em momento de crise.
Portanto, o bom resultado no desempenho econômico depende invariavelmente do
bom desempenho tecnológico das propriedades. Sendo assim, o profissional da assistência
técnica é indispensável para utilizar os resultados econômicos para melhor intervenção
tecnológica, tendo uma visão holística e menos cartesiana dos sistemas de produção. Não
tem sentido calcular custos de produção, que é econômico, retratando um passado, se estes

62
não forem utilizados para a tomada de decisão estratégica futura, que é a administração.
Mais importante do que o cálculo de custos em si é a sua interpretação. Não há
possibilidade de uma empresa rural, na atividade leiteira, obter bons resultados econômicos
se o seu sistema de produção não estiver equilibrado e nem possibilitar flexibilidade na sua
condução. Por outro lado, o empresário rural tem que estar aberto às mudanças, pois não é
possível obter resultados diferentes agindo da mesma maneira, sabendo que a tendência é
de grandes produtores de leite em pequenas áreas.

63
3. CONCLUSÕES

A margem líquida e o resultado positivo indicam que os pecuaristas da microrregião


de Itapetinga têm condições de produzir a médio e a longo prazo, com consequente
capitalização. Esses resultados não podem ser extrapolados por se tratar de uma amostra
com desvio padrão muito alto. O componente do custo operacional efetivo que exerceu
maior influência sobre os custos da atividade leiteira foi a mão de obra, percebendo-se, de
uma maneira geral, a necessidade de um melhor aproveitamento desse recurso, orientando
os pecuaristas a melhorar a sua produtividade e, consequentemente, aumentar a produção
diária de leite por mão de obra permanente e também a relação número de animais por
homem. Esforços gerenciais e tecnológicos deverão ser feitos, objetivando aumentar a
produtividade, pois a mesma tem influência direta nos resultados econômicos da atividade.

64
4. REFERÊNCIAS

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68
CAPÍTULO 2

Caracterização da pecuária leiteira no território identidade de Itapetinga – Bahia

RESUMO

Objetivou-se avaliar e caracterizar 33 propriedades produtoras de leite da microrregião de


Itapetinga-Bahia. O período de análise dos dados foi de outubro de 2009 a setembro de
2010. Procurou avaliar o perfil do produtor, caracterização da propriedade, da mão de obra,
sistema produtivo, higiene de ordenha, práticas sanitárias correlacionadas ao nível de
produção (até 200 litros/dia (A), 201 a 400 litros/dia (B) e acima de 400 litros/dia (C)) das
propriedades participantes deste projeto, sendo os dados obtidos através da aplicação de
questionário aos produtores. Utilizou-se um delineamento inteiramente ao acaso. A
estatística utilizada foi a descritiva. Os produtores do estrato A apresentaram uma maior
dedicação à atividade, influenciando diretamente na melhor produção. Não foram
encontrados produtores sem escolaridade, o que poderia dificultar o aproveitamento dos
cursos e palestras, sendo que, destes, os que possuem nível superior, estão em todas as
faixas estudadas, e 73% são da área de ciências agrárias. As palestras e conversas com
outros produtores aparecem como principais fontes de obtenção de informação entre todos
os produtores. Em relação à experiência na atividade, em todos os níveis o maior percentual
ocorreu no item acima de 20 anos, sendo que o destaque foi para o estrato B (66,7%). Em
todos os estratos, o principal responsável pela administração da propriedade foi o próprio
produtor. A maioria dos produtores dos estratos estudados possui energia elétrica em suas
propriedades, tendo destaque o estrato C, com 100%, sendo que este item não pode ser
considerado como entrave para a implantação de novas tecnologias. O acesso à maioria das
propriedades foi considerado como regular. Dos entrevistados, 63,30% disseram pagar
remuneração especial (mais de um salário mínimo) para o ordenhador. A taxa de lotação
média das propriedades (0,96 U.A/ha) indica que o sistema de produção apresenta um mal
aproveitamento das pastagens. Observou-se que, em todos os estratos estudados, têm sido
utilizadas para manter a produção algumas alternativas de suplementação, principalmente,
no período de escassez, sendo observado que estas alternativas aparecem com menor
frequência no estrato A. Independente do nível de produção, todos os estratos estudados
fazem algum controle zootécnico, sendo 72,7%, 75% e 80% para os estratos A, B e C,
respectivamente. Em todos os estratos estudados, predomina a ordenha manual e a prática
de uma ordenha diária. O hábito frequente de lavagem do úbere e das tetas, antes da
ordenha, o pré-dipping e o pós-dipping acontecem nos estratos A e B, sendo que 100% dos
produtores do estrato B não realizam estas práticas. O teste da caneca é realizado em todos
os estratos estudados. Existe potencial na pecuária leiteira da região, porém, há uma grande
carência de informações sobre o manejo alimentar, principalmente, no que diz respeito às
reservas estratégicas.

Palavras-chave: higiene de ordenha, leite, mão de obra, produtores.

69
CHAPTER 2

Characterization of dairy farming in the territory identity Itapetinga - Bahia

ABSTRACT

The objective was to evaluate and characterize 33 properties of milk-producing in


microregion of Itapetinga-Bahia. The period of analysis was from October 2009 to
September 2010. Tried to evaluate the profile of the producer, characterization of property,
labor, production system, milking hygiene, sanitation practices related to the level of
production (up to 200 liters / day (A), 201 to 400 liters / day (B) and above 400 liters / day
(C)) of the properties participating in this project and the data obtained through a
questionnaire to producers. We used a completely randomized design. The statistic used
was descriptive. The producers of the stratum showed a higher dedication to activity,
influencing directly the best production. There were no producers without schooling, which
might hinder the use of courses and workshops, and those who have higher education, are
studied in all age, and 73% are from the area of agricultural sciences. The speeches and
conversations with other producers appear as major sources of obtaining information from
all producers. As regards the experience in the activity at all levels was the highest
percentage in the item above 20 years, and the highlight was the stratum B (66.7%). In all
strata primarily responsible for managing the property was the producer. Most producers of
the strata studied have electricity in their properties, and highlight the layer C with 100%,
and this item can not be considered as an impediment to implementation of new
technologies. Access to most of the properties was considered as regular. Of the
respondents, 63.30% said they pay special pay (more than one minimum wage) for the
milker. The average stocking rate of the properties (0.96 AU / ha) indicates that the
production system has a poor utilization of pastures. It was observed that, in all strata
studied has been used to maintain the production of some alternatives supplementation
especially during the lean season and noted that these alternatives appear less frequently in
stratum A. Regardless of the level of production all strata studied are some control
livestock, and 72.7%, 75% and 80% for strata A, B and C respectively. In all strata studied,
the predominant practice of milking and milking a day. The habit of frequent washing of
the udder and teats before milking, pre-dipping and post-dipping strata occur in A and B,
and 100% of the stratum B producers do not realize these practices. The test of the mug is
held in all strata studied. There is potential in dairy farming in the region, but there is a
dearth of information on dietary practices, especially with regard to the strategic reserves.

Keywords: milk, milking hygiene, labor, producers.

70
1. INTRODUÇÃO
O sistema agroindustrial (SAG) do leite tem apresentado resultados importantes
tanto na economia nacional quanto na geração de emprego e renda para os brasileiros.
Devido ao aumento da produção de leite, o Brasil tem importado uma quantidade menor de
produtos lácteos nos últimos anos. Além disso, o SAG do leite é um importante agente na
geração de empregos diretos e indiretos. No cenário internacional, o Brasil tornou-se o
sexto maior produtor de leite do mundo, possuindo uma produção crescente por volta de
4% ao ano, taxa superior a de todos os países que ocupam os primeiros lugares no ranking
internacional (EMBRAPA, 2011). Segundo Vilela (2011), a cada dolár gerado na cadeia
produtiva de leite no país, cinco doláres são criados no Produto Interno Bruto (PIB).
A atividade leiteira nacional tem passado nos últimos anos por profundas
transformações, entre elas estão: a desregulamentação do setor, que tem ocasionado a
liberação dos preços do leite; a abertura econômica, que tem intensificado a participação do
país no mercado internacional de lácteos; e, por fim, a maior profissionalização dos
produtores de leite e a modernização do parque industrial brasileiro, segundo informações
da Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás (ALVES, 2009).
Atualmente, a produção nacional de leite tem superado a marca de 26 bilhões de
litros por ano. Sobre uma pesquisa divulgada em fevereiro de 2009, o vice-presidente da
Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Ronaldo Ernesto Scucato, afirmou que as
expectativas são boas em torno da produção de leite nacional, pois se espera que a produção
dobre nos próximos 12 anos, sem necessidade de ampliar a área de exploração da pecuária
(AGÊNCIA BRASIL, 2010).
O Estado da Bahia, por sua vez, em relação aos estados do nordeste, ocupa o
primeiro lugar em produção de leite, com 1,18 bilhão de litros de leite no ano de 2009
(IBGE, 2010). Sétima maior produtora de leite do Brasil, a Bahia possui apenas 3,56% da
produção nacional e sequer consegue atender à demanda dos baianos, que consomem cerca
de 1,5 bilhão de litros por ano.
A região Sudoeste da Bahia tem aptidão natural para a pecuária, e já foi considerada
uma das mais importantes regiões produtora de carne e leite, pois apresenta o solo propício
para pastagens, o que influenciou a pecuária obter uma expressão que, em pouco tempo, se
tornou a principal atividade econômica dessa região. Dentro desta região, destaca-se para

71
produção de leite a microrregião de Itapetinga, formada pelos municípios de Caatiba,
Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Itambé, Itapetinga, Itarantim, Itororó, Macarani, Maiquinique,
Encruzilhada e Ribeirão do Largo. Segundo Ferreira et al. (2005), o aproveitamento de seu
potencial leiteiro surgiu com algumas pequenas unidades de produção de creme para
fabricação de manteiga. O crescimento desse potencial despertou em alguns empresários a
possibilidade do transporte e venda do leite para outras regiões, principalmente, para
Salvador, Bahia, e propiciou a instalação de fábricas para industrialização do leite. Houve
uma resposta por parte dos produtores, porém, os índices zootécnicos conseguidos por eles
foram baixos em função do rebanho apresentar alto percentual de sangue com raças de
baixo potencial genético. Alguns produtores com apoio da indústria instalada começaram a
introduzir sangue de gado europeu, que são mais aptos para produção de leite.
A instalação da atividade pecuarista ocorreu entre 1912 e 1952, sendo este período
marcado pela instalação e expressão da pecuária de corte, e pela ocupação plena dos
espaços naturais. Região de difícil penetração, devido aos obstáculos naturais da vegetação
de mata densa e à resistência indígena, pelos nativos da tribo Mongoyós, ao invasor branco,
Itapetinga foi um dos últimos espaços explorados no Estado da Bahia (OLIVEIRA, 2003).
Na Bahia, 80% dos produtores de leite são classificados como pequeno e a grande
dispersão territorial dos estabelecimentos, aliada à precariedade dos meios de transporte,
resultam em altas perdas e custo de frete elevado. Outras carências, como a insuficiência e
a baixa qualidade da alimentação do gado, manejo sanitário inadequado, baixo padrão
genético, longo intervalo entre partos, induzem o reduzido rendimento médio do rebanho
(CARVALHO JÚNIOR, 2011).
A falta de informação, assistência e investimentos na produção leiteira geram baixas
produtividade e qualidade do produto. Pode-se observar que, propriedades com maior
produção leiteira, frequentemente, produzem leite de melhor qualidade, quando comparadas
àquelas com menor produção. Há diferenças de qualidade no leite produzido pelos
diferentes Estados brasileiros, que podem ser atribuídas às condições encontradas em cada
região, como perfil do produtor, maior acesso à assistência técnica, presença de órgãos
extensionistas e programas regionais de controle sanitário de rebanhos e, principalmente,
laticínios com políticas de pagamento por qualidade.

72
Diante disso, objetivou-se caracterizar as propriedades leiteiras da microrregião de
Itapetinga do estado da Bahia, observando o perfil do produtor, caracterização da
propriedade, da mão de obra e aspectos correlacionados, em função do nível de produção
das propriedades.

73
2. MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na microrregião de Itapetinga, Bahia, Brasil, que, segundo


dados do IBGE (2010), é composta pelas cidades de: Itapetinga, Itororó, Potiraguá,
Itarantim, Maiquinique, Macarani, Itambé, Firmino Alves, Caatiba, Ibicuí, Iguaí, Nova
Canaã, Ribeirão do Largo e Encruzilhada (Figura 1).
Possui latitude entre as coodenadas 14º38’00’’ e 150º 39’ 30’’sul e sua longitude
encontra-se entre as coordenadas 39055’24’’ a 40052’56’’ a W G. É banhada
principalmente pelos rio Jequitinhonha ao sul, limitando o Estado da Bahia com Estado de
Minas Gerais, e os pelos rios Pardo, Catolé, Colônia e Cahoeira, além de outros pequenos
rios e riachos.

Figura 1 – Microrregião de Itapetinga-Bahia. Área geográfica 1609,52 km2.

Os solos têm predominância do tipo Latossolos Vermelho Amarelo Eutrófico e


Distrófico, entretanto, são encontrados também, com frequência, os tipos Latossolos
Vermelho Amarelo Álico, Brunizém Avermelhado e Podzólicos Vermelho Amarelo
Eutrófico e Distrófico (FERREIRA et al. 2005).
A topografia vai de suavemente ondulada a acidentada, com altitude variando de 0 a
749 m, dividida em três faixas de 0 a 249 m, nos municípios de Potiraguá e Itarantim, de
250 a 499 m, nos municípios de Maiquinique, Macarani, Itapetinga, Itororó e Caatiba, de
500 a 749 m, nos municípios de Encruzilhada, Ribeirão do Largo e Itambé. Possui também

74
uma vegetação variada, apresentando os seguintes tipos: floresta estacional decidual e
semidecidual, floresta ombrófila densa, floresta estacional e submontana (Bahia, 1994).
Foram escolhidas aleatoriamente, com base em listas de fornecedores de laticínios
da região, 33 propriedades rurais da microrregião de Itapetinga-Bahia-Brasil, todas elas
produtoras de leite, no período de outubro de 2009 a setembro de 2010, sendo a escolha do
público alvo de forma aleatória (Figura 2).

Figura 2 – Distribuição das propriedades em função dos municípios.

O questionário elaborado possuía perguntas de múltipla escolha, sendo que as


mesmas poderiam possuir mais de uma resposta, sendo repassado aos entrevistados que
poderiam optar por mais de uma alternativa de resposta (anexo). Nas perguntas com
possibilidade de mais de uma resposta, o produtor poderia escolher dentro das opções uma
alternativa aberta, facilitando, assim, a escolha. Isto permitiu que um maior número de
informações fossem tabuladas, conhecendo, dessa forma, com mais realidade a situação da
atividade.
Nos trabalhos de pesquisa com o uso de questionários, são utilizadas perguntas
objetivas, visando promover a maior padronização das respostas obtidas. Assim, facilita as
respostas que podem ser dadas diretamente pelo proprietário ou seu representante, sem a
necessidade de ação e, consequentemente, interferência por parte do entrevistador.

75
O questionário aplicado foi elaborado com linguagem acessível ao produtor rural,
independentemente de seu nível cultural, observando a sequência dos tópicos e organizando
as perguntas de maneira que a entrevista fluísse de forma natural e agradável, na medida do
possível, permitindo a colheita dos dados com rapidez e eficácia.
As primeiras entrevistas foram realizadas como forma de pré-teste, com abertura
para possíveis manipulações dos questionários seguintes, a fim de aperfeiçoá-los pela
correção de complexidade de perguntas, ordenação destas, a fim de obter uma sequência
lógica, maximização da clareza em geral e adição de eventuais perguntas ou itens que
pudessem servir como auxílio na obtenção de informações.
Os produtores foram identificados por numerações de 1 a 33 na primeira coluna e
nas demais colunas foram constadas as informações obtidas pelas respostas dos mesmos.
Após a elaboração da planilha, procedeu-se a seleção e análise dos dados pelo programa
software Microsoft Excel for Windows e sistematizados em gráficos e tabelas ou
percentuais. Para estabelecer uma compreensão mais esclarecedora das informações
colhidas, optou-se por uma abordagem basicamente descritiva, com análise voltada para
este tipo de estatística (FERREIRA et al., 2005).
Para facilitar as análises, foi realizada uma distribuição dos produtores de acordo
com as médias de produção diária da propriedade, estabelecendo, dessa forma, três
extratos: até 200 litros/dia (A), de 201 a 400 litros/dia (B) e maior que 401 litros/dia (C)
(Figura 3).

Figura 3 – Distribuição das quantidades de amostras em função das médias de produção diárias.

76
As avaliações realizadas foram feitas em função do nível de produção das
propriedades, dos dados da propriedade, do produtor, características da propriedade, mão
de obra na bovinocultura, tecnologia (as) para melhorar a produtividade da atividade, uso
da terra, dados zootécnicos e sanitários dos animais, e ordenha.

77
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Perfil dos produtores

Pode-se observar, na Tabela 1, que 91,0%, 75,0% e 60,0% dos produtores dos
estratos, até 200 litros/dia (A), 201-400 litros/dia (B) e maior que 400 litros/dia (C),
respectivamente, não residem nas propriedades. Vale salientar que os produtores do estrato
A, normalmente, possuem outra fonte de renda e utilizam a propriedade como uma renda
auxiliar, isso pode ser comprovado pelo item dedicação exclusiva, observando que, dos três
estratos, o de menor dedicação foi o de até 200 litros/dia. O comportamento inverso que
ocorre com as propriedades que tem dedicação exclusiva à atividade, por parte dos seus
proprietários (45,4%, 50,0% e 60%), mostra que à medida que ocorre uma maior dedicação
à atividade, consequentemente, há um incremento na produção de leite. Com isso, pode-se
deduzir que não basta residir na propriedade para que haja um aumento na produção e sim
dedicar-se a mesma, o que é comprovado no estrato de maior produção (C). A presença
direta, junto à atividade, quando em caráter efetivamente gerencial, com monitoramento
dos desempenhos de cada setor, pode possibilitar interferências relacionadas à redução do
custo de produção, trabalhando os recursos disponíveis com uso de técnicas adequadas e
aumentando, consequentemente, a receita do negócio.

Tabela 1 – Aspectos relacionados aos produtores de leite da microrregião de Itapetinga-Bahia, no


período de outubro de 2009 a setembro de 2010
Especificação Até 200 litros (A) 201-400 litros > 400 litros
(B) (C)
Sim Não Sim Não Sim Não
(%) (%) (%) (%) (%) (%)
Residência na propriedade 9,0 91,0 25,0 75,0 40,0 60,0
Dedicação exclusiva a atividade 45,4 54,6 50,0 50,0 60,0 40,0
Sexo masculino 100,0 0,0 83,3 16,7 90,0 10,0
Filhos envolvidos na atividade 18,2 81,8 50,0 50,0 50,0 50,0
Participação em eventos 54,5 45,5 80,0 20,0 70,0 30,0

Segundo Neves et al. (2011), a falta de dedicação à atividade é uma realidade que
dificulta a gestão da propriedade que, em grande parte das vezes, é feita à distância pelo

78
proprietário ou, em casos prementes, as decisões são tomadas de forma inadequada pelo
pessoal de apoio, sem qualificação profissional.
O percentual de produtores residindo nas propriedades com mais de 400 litros/dia é
inferior ao levantamento realizado em Minas Gerais por Gomes (2006), que encontrou 77%
nessa condição, e aos observados por Ferrão (2000), que encontrou 62,5% dos produtores
de Pedro Leopoldo morando na fazenda, o que pode ser devido ao nível econômico dos
produtores encontrados atualmente, que difere em muito da realidade dessa região, frente à
do estado de Minas Gerais.
No presente estudo, o estrato que apresentou o maior percentual de produtores
residindo na propriedade foi o C, isso pode ser explicado, pois as propriedades deste estrato
localizam-se mais próximas dos centros urbanos, o que permite possuir uma melhor
estrutura como água encanada, energia elétrica, disponibilidade de meios de informação
como rádio, TV, internet e telefone.
A baixa frequência de produtores, que têm a atividade leiteira como fonte única ou
principal de renda, sugere uma baixa rentabilidade econômica desta nos moldes praticados.
Prado (1991) descreve que os produtores que têm na bovinocultura leiteira uma fonte
secundária de renda apresentam mais paixão do que razão com relação à atividade e, via de
regra, esta se perde na irracionalidade administrativa gerencial, reproduzindo resultados
negativos que, geralmente, são ignorados, dado o habitual desinteresse qualificado dentro
de uma lógica mais especulativa do que empresarial. Assim, as falhas administrativas foram
relacionadas entre os principais problemas que afetam a pecuária de leite.
Em relação à administração pelo sexo masculino ou feminino, observa-se, na tabela
1, que no estrato A não possui administração do sexo feminino. Observou-se neste estudo
que as propriedades, na maioria das vezes, são administradas por homens, em apenas
16,6% (estrato B) e 10% (estrato C) delas estão sob a responsabilidade de pessoas do sexo
feminino, representando a tradição masculina no ramo pecuário. Estes pequenos
percentuais femininos que aparecem nos estratos A e B podem ser justificados, pois essas
mulheres já possuem tradição na lida com as propriedades e receberam de herança essas
terras. França (2006), pesquisando o perfil dos produtores de leite em dois municípios de
Minas Gerais, observou que apenas 5% das propriedades eram administradas por pessoas
do sexo feminino, resultado este inferior ao encontrado no presente estudo. Patez (2011)

79
observou, na região sudoeste da Bahia, a presença de apenas 7% de mulheres na
administração das propriedades. Estudo feito pelo IPARDES (2008) constatou que a grande
maioria dos produtores paranaenses de leite é do sexo masculino, aproximadamente 93%.
Tradicionalmente, caracterizam-se como atividades masculinas aquelas próprias do
mundo da produção, e que envolvem o mercado e a geração de renda. Quanto mais a
produção do leite estiver voltada para a comercialização e se transformar em atividade de
renda principal para o produtor, mais será encarada como de responsabilidade masculina.
Em relação à presença de filhos na atividade, foi constatado no estrato A apenas
18,2% dos filhos dos produtores envolvidos na atividade, enquanto 81,8% não têm nenhum
envolvimento. Nos estratos B e C, os percentuais dessa característica já se equilibram, 50%
(A) e 50% (B). Isso demonstra que os filhos dos produtores do estrato A, na sua maioria,
não se sentem estimulados a se envolverem na atividade, provavelmente, porque seus pais
usam a propriedade como renda auxiliar e a baixa rentabilidade da mesma, entre outros
fatores, fazem com que estes sejam estimulados a procurarem outra fonte de renda, porém,
esse aspecto pode afetar diretamente o processo de sucessão nas propriedades.
Quanto à participação em palestras, pode ser observado que os produtores do estrato
A tem uma menor participação (54,5%) em relação aos estratos B (80%) e C (70%). Isso
comprova que estes, por terem esta atividade apenas como um complemento na renda,
possuem outra fonte de renda como principal e não são estimulados, na maioria das vezes, a
se atualizarem, o que não foi observado nos estratos B e C.
O grau de instrução dos produtores constitui um indicativo do nível de educação e
conhecimento dos mesmos, pois é por meio do conhecimento que haverá condição de
identificar os problemas e obter uma melhor organização na produção.
De acordo com a Figura 4, em todos os níveis de produção não existem produtores
sem ensino fundamental 1 completo e incompleto, isso facilita no aproveitamento dos
cursos e palestras. Encontrou-se apenas no estrato A 18% de produtores com ensino
fundamental 2 incompleto, isso chama a atenção para os programas de extensão tecnológica
para o meio rural, pois os mesmos precisam utilizar formas de abordagem compatível com
este nível de instrução, a fim de que as medidas propostas sejam inseridas nos sistemas e
manifestem resultados positivos para o desenvolvimento do setor. No estrato B, 50%
possuem nível médio, enquanto no C, 50% apresentam ensino fundamental 2 completo.

80
Figura 4 – Percentual do grau de instrução do produtor em função do nível de produção.

Ney e Hoffman (2009), estudando o perfil educacional do meio rural brasileiro,


verificaram que 69,9% dos agricultores sequer completaram o antigo primário (1ª a 4ª
série), o que diferem dos resultados do presente estudo.
Outro fator importante, observado nesta pesquisa, é que nos estratos A, B e C
existem 36%, 16% e 30% dos produtores com curso superior, respectivamente, sendo que
alguns deste possuem esses cursos na área de agrárias, o que certamente contribui para o
desenvolvimento de programas de melhoramento da atividade, inclusive, utilizando-os
como disseminadores de tecnologia, haja vista que, dos produtores que possuíam curso
superior, 73% são da área de ciências agrárias (Figura 5).
Aguiar (1984) observou que apenas 7% dos pequenos produtores, com produções
inferiores a 100 litros diários, da região de Sete Lagoas, possuíam escolaridade superior,
sendo que a maioria não tinha sequer terminado o primeiro grau. Ferrão (2000) encontrou
uma baixa escolaridade entre os produtores do município de Pedro Leopoldo, sendo inferior
ao primeiro grau completo para 55% deles.
Vale salientar que este estudo trata-se de uma amostra com nível de instrução
considerado alto, se comparado com outras regiões do Brasil, onde essa atividade não é

81
caracterizada por produtores com nível superior. Acredita-se que produtores com níveis
mais elevados de escolaridade buscam mais informações e tecnologias que os demais
produtores, e que o fator educação possa determinar o grau de desenvolvimento econômico
e tecnológico da fazenda.

Figura 5 - Profissão ou atividade do proprietário em função do nível de produção.

No que se refere à profissão e ou atividade do produtor, a maioria dos produtores do


estrato B se enquadraram como Pecuarista (67%). No estrato A, os destaques foram para os
formados na área de agrárias (36%) e outro (37%), assim como no estrato C foram outros
(50%) e Pecuaristas (30%). Um resultado interessante é a presença de produtores com
formação na área de agrária, em todos os três estratos, haja vista que os mesmos podem ser
utilizados como disseminadores de tecnologia, pois, quando perguntados sobre qual a sua
principal fonte de informação, a conversa com outros produtores, em todos os grupos de
propriedades, independente do nível de produção, é citada (Figura 6).

82
Figura 6 - Fonte de obtenção de informações dos produtores em função do nível de produção.

As principais fontes de informação mostradas na figura 5, nos diferentes estratos,


são as palestras, com 23% no estrato A e C, 21% no B, e a conversa com outros produtores,
com 23% no estrato A, 20% no B e 24% no C. Em relação à palestra como principal fonte
de informação, os resultados encontrados no presente estudo estão de acordo com os
verificados por Carvalho Júnior (2011), que estudou as fontes de informações em função do
tamanho da propriedade. A região possui como fontes de informação, através de palestras,
as programações feitas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Cooperativa de
produtores de Leite, SENAR, EBDA, entre outras ligadas à atividade leiteira.
Em relação ao item conversa com outros produtores, como o mesmo apareceu em
destaque, leva a crer que, trabalhos realizados junto ao grupo de vizinhos, seriam uma boa
alternativa de capacitação tecnológica. Vale salientar que, apesar de estar no meio rural, a
internet vem sendo utilizada como uma importante fonte de informação, aparecendo nos
três estratos, inclusive, apesar de não ser objetivo da pesquisa, algumas propriedades têm
acesso direto no próprio local a este meio de informação. A leitura de livros também vem
se destacando no presente estudo, o que pode ser explicado pelo bom nível de escolaridade
dos produtores, mostrado na Figura 4.
Segundo levantamentos realizados por Gomes (2006), em Minas Gerais, a obtenção
de informações sobre produção de leite ocorre, principalmente, através de vizinhos
(25,7%), programas de televisão (23,1%), técnicos da cooperativa/indústria particular

83
(23,0%) e técnico da EMATER (6,2%). Apenas 26,43% dos produtores participam de
algum treinamento (curso, palestra, dia de campo), dificultando a evolução técnica do setor.
Em relação à experiência na atividade, observa-se, na Figura 7, que o tempo de
experiência predominante nos três estratos estudados foi acima de 20 anos, sendo de 54%,
66,7% e 60% nos estratos A, B e C, respectivamente, tendo como destaque o estrato B. Por
outro lado, os produtores do estrato A, apesar da maioria possuir mais de vinte anos na
atividade, ainda possuem um nível de produção considerado baixo, provavelmente, por não
utilizarem novas tecnologias para melhoria da sua produção; deve-se também levar em
consideração que, neste estrato, ocorreu o maior percentual de produtores com até 10 anos
na atividade (18%). A menor experiência na atividade pode influenciar diretamente na não
aplicação de novos níveis tecnológicos e, consequentemente, na produção.

Figura 7 – Experiência (em anos) dos produtores em função do nível de produção.

Faleiro et al. (2008), trabalhando com caracterização de sistemas de produção no


município de Maiquinique, observaram que o tempo médio em que os produtores exploram
a atividade leiteira é de 22 anos e 20 anos para médias (média de 51 a 200 litros de
leite/dia) e grandes propriedades (> 200 litros de leite/dia), respectivamente. Estes dados
são comprovados nesta pesquisa pelos maiores percentuais do item maior que 20 anos, que
ocorreram nos estratos estudados.

84
3.2 Características das propriedades

Ao analisar os dados sobre quem administra a fazenda (Figura 8), constatou-se que
o produtor, independente do nível de produção, é o principal responsável pela
administração direta ou indireta, mesmo nas propriedades com nível de produção acima de
400 litros, onde 20% das propriedades quem administrava é seu filho. Esses resultados
confirmam os de Carvalho Júnior (2011). Deve ser levado em consideração que, no
momento de desenvolver um programa de capacitação rural, quem deverá participar do
programa são justamente as pessoas responsáveis pela administração. Um dado que
também deve ser observado é que, no estrato A, 45,5% das propriedades eram
administradas pelos vaqueiros, dependendo do nível de instrução dos mesmos, isso pode
influenciar diretamente na aplicação de novos conhecimentos para melhoria da atividade, e
por não apresentarem um acompanhamento mais qualificado esta pode não apresentar os
resultados esperados.

Figura 8 – Administração da propriedade em função do nível de produção.

É importante observar que, nos estratos B e C, aparecem como gestores os filhos,


com percentuais de 8,3% e 20%, respectivamente. O envolvimento dos filhos ativamente na
atividade leiteira denota um compromisso com a sucessão na propriedade.

85
O gerente administra as propriedades em apenas 8,4% e 10% nos estratos B e C,
respectivamente. O gerente, geralmente, é utilizado quando os donos das propriedades têm
envolvimento com outras atividades e não disponibiliza de tempo para gerir os seus
próprios negócios.
O técnico não aparece administrando nenhum estrato, pois, tradicionalmente, na
região, a assistência técnica se resume a uma visita mensal e está relacionada com
orientação inerente à produção da propriedade, tendo pouca influência nas questões
administrativas da mesma.
Kolling (1999) salienta que a luta por uma educação voltada à realidade dos sujeitos
do campo tem como finalidade promover o desenvolvimento sociocultural e econômico,
respeitando diferenças históricas, uma educação que contribua para a permanência e a
reprodução dos homens do campo e a melhora de sua qualidade de vida.
Como observamos na Figura 9, os estratos A, B e C localizam-se, na sua maioria,
próximos às escolas (63,3%, 83,3% e 70%), colaborando para a permanência dos jovens no
campo, mantendo a sua tradição. A falta dessa estrutura, nas propriedades ou próxima,
estimulam os jovens do campo a buscá-las na zona urbana, enfraquecendo, dessa maneira,
os laços da juventude com o campo e aumentado a migração para a zona urbana.

Figura 9 – Escolas próximas às propriedades.

Segundo Peres et al. (2009), somente nas primeiras décadas do século XX é que a
educação rural passou a constar como preocupação do governo brasileiro, pois era

86
necessário melhorar as condições de vida dos camponeses para fixá-los à terra,
diminuindo, assim, sua migração para as cidades e evitando a baixa da produtividade, ou
seja, atendendo as expectativas da oligarquia rural.
A energia elétrica não será um impedimento para implantação de programas de
desenvolvimento na atividade leiteira da região, pois, como é demonstrado na Figura 10, a
maioria das fazendas dos diferentes estratos estudados possuem energia elétrica,
respondendo com 81,8%, 91,7% e 100% nos estratos A, B e C, respectivamente.

Figura 10 – Abastecimento de energia elétrica em função dos níveis de produção.

Esse resultado é extremamente importante, pois a energia constitui um fator


estrutural de fundamental importância para viabilização de programas de modernização da
atividade.
A água tem um importante papel na produção das propriedades leiteiras, pois auxilia
não só na limpeza, mas também como alimentação do rebanho e de todas as pessoas que
estão envolvidas no sistema. Verifica-se, na Figura 11, que todos os estratos possuem
algum tipo de fonte de água, sendo que o rio nos estratos A (46%) e no B (42%) aparece
como destaque, já o item outro possui destaque nos estratos B (41%) e C (50%) no presente
estudo. A presença do rio nas propriedades tem um importante papel, pois o mesmo pode
auxiliar diretamente no abastecimento das estruturas, do rebanho e também em projetos de

87
irrigação, que bem estruturados podem melhorar a oferta de forragem para os animais e,
consequentemente, aumentar a produtividade.

Figura 11 – Fontes de água nos diferentes níveis de produção.

Apesar de não ser objeto do presente estudo, vale salientar que a qualidade da água
deve ser observada no processo produtivo, pois, na maioria das regiões do Brasil, esta se
apresenta na zona rural com qualidade muito inferior, independente da sua fonte.
Ao analisar as condições de acesso às propriedades (Figura 12), constatou-se que as
condições da maioria das estradas foi considerada boa (27%, 58% e 70%) ou regular (64%,
34% e 30%) nos diferentes estratos. Esse resultado demonstra que o acesso às propriedades
não será um obstáculo para o desenvolvimento da atividade. Apenas 9% e 8% nos estratos
A e B, respectivamente, foram consideradas ruins, principalmente no período chuvoso,
resultado sinalizador de que o problema pode ser identificado e apresenta fácil solução,
desde que se consiga, através da organização dos produtores, o apoio do governo
municipal.

88
Figura 12 – Acesso à propriedade em função do nível de produção.

O proprietário rural precisa se preocupar com muitas variáveis que podem


influenciar a rentabilidade e a capacidade produtiva de seus negócios. Sob este prisma, a
qualidade e a funcionalidade das vias de acesso à propriedade são de extrema importância.
As rodovias principais (asfaltadas) e as estradas (dentro ou fora da propriedade), que
chegam até a fazenda, são responsáveis pela entrada de material e pelo escoamento da
produção, seja ela agrícola ou pecuária.

3.3 Mão de obra na atividade leiteira

A partir dos dados encontrados nesta pesquisa, observou-se, na Tabela 2, que à


medida que ocorre um aumento na produção de leite por dia, consequentemente, aumenta a
necessidade de contratação de nova mão de obra. A diferença média de mão de obra
utilizada do estrato A para o B foi 1,1 funcionário (aumento de 84,6%), do B para o C foi
de 2,0 funcionários (aumento de 83,3%); isso indica que a quantidade de mão de obra
aumenta à medida que ocorre um incremento na produção de leite, porém, é constatado que
na região ocorre um sub-aproveitamento da mão de obra, afetando o custo de produção da
atividade. O papel da produtividade da mão de obra como fator determinante da
lucratividade é coerente com os dados da literatura. Em fazendas de Minas Gerais, a
produtividade da mão de obra contratada foi um dos três índices mais determinantes da
lucratividade (FASSIO et al., 2006).

89
A produtividade da mão de obra impacta fortemente o custo da mão de obra na
atividade leiteira, podendo inviabilizar a produção de leite, mesmo com um nível salarial
baixo. Entretanto, melhorias neste índice proporcionam forte redução na despesa, podendo
viabilizar melhorias na remuneração do trabalhador com os ganhos adicionais. Por isso, a
avaliação e o acompanhamento mensal da evolução da mão de obra são recomendáveis.
Segundo EMBRAPA (2008), a melhoria da produtividade da mão de obra depende
da melhoria da produtividade do rebanho e de condições favoráveis para o trabalho
(instalações, máquinas e equipamentos apropriados), sendo afetado pelo sistema de
alimentação (pasto ou pasto mais suplementação com volumoso no cocho), sistema de
ordenha (manual ou mecânica), e da própria mão de obra (capacitação, qualidade,
racionalização do uso).

Tabela 2 - Quantidade média de funcionários, percentual de trabalhadores com carteira assinada


Estratos Quantidade de funcionários Funcionários registrados

Sim Não

Até 200 litros/dia (A) 1,3 71,4% 28,6%

201 a 400 litros/dia (B) 2,4 79,3% 20,7%

Acima de 400 litros/dia (C) 4,4 93,2% 6,8%

Em todos os estratos estudados ocorreram um maior percentual de funcionários


registrados, sendo que o estrato C apresentou quase que a totalidade de registros (93,2%).
No estrato A, foram verificados um maior percentual de mão de obra sem registros
(28,6%), podendo ser justificado pela absorção na mão de obra familiar, característico
dessa classe de propriedades, e que, quando a mão de obra é familiar, não são registrados.
Esses dados foram semelhantes aos encontrados por Carvalho Júnior (2011). Dados da
EPAMIG (2009) constataram que o tipo de mão de obra predominante na pecuária leiteira
de Lagoa Grande é a exclusivamente familiar, entretanto, à medida que se segue do estrato
de menor produção, em que esta representa 100% da mão de obra disponível, para o estrato
de maior produção, há aumento na participação da mão de obra contratada, evidenciado

90
pelo aumento no número de propriedades com parte ou a totalidade da mão de obra
constituída por contrato.
A remuneração média dos trabalhadores é de 1,2 salários mínimos, apresentando
uma baixa variação dos valores praticados. Dos entrevistados, 63,30% disseram pagar
remuneração especial (mais de um salário mínimo) para o ordenhador. Entre as
propriedades com produções diferentes, constatou-se que as que apresentam uma produção
de até 200 litros/dia possuem um menor percentual (54,5%) de propriedades que pagam
remuneração especial ao ordenhador, enquanto que, nas propriedades com produção acima
de 400 litros, 100% dos proprietários pagam uma remuneração especial para o ordenhador
(Figura 13).

Figura 13 - Percentual de propriedades que possuem algum tipo de remuneração especial para o ordenhador.

Em pesquisa realizada pelo SENAR com 401 produtores de leite de várias regiões
do país constatou que um dos fatores mais importantes dentro da propriedade para o
sucesso da atividade, por 72% dos produtores, foi a eficiência da mão de obra contratada.
Em relação aos custos de produção de leite, 79% avaliaram o tema como "muito
importante", e 84% consideraram "muito importante" a gestão da propriedade. Dessa

91
forma, o estímulo ao trabalhador rural, através de uma remuneração especial, é um fator de
suma importância.
Segundo Nascif (2008), precisam ser feitos programas de capacitação e treinamento
da mão de obra, buscando sua maior produtividade, como também, quando viável
economicamente, a mecanização e automação de alguns processos produtivos. Outra
medida que vem sendo implementada com sucesso são as bonificações por resultados, o
que estimula o maior comprometimento das pessoas envolvidas no processo.
Em relação ao nível de escolaridade do ordenhador, observou-se, na Figura 14, que
100% são alfabetizados. Todos os estratos apresentaram um percentual semelhante de
ordenhadores com o ensino fundamental completo e incompleto, sendo que o maior
percentual foi para os trabalhadores com o ensino fundamental incompleto, com 72,3%,
75% e 75% para os estratos A, B e C, respectivamente.
Um melhor nível de escolaridade apresentado pelo ordenhador facilita no
aprimoramento profissional, na participação de cursos técnicos como de vaqueiro,
inseminador, tratorista e outros, sendo fundamental na tecnificação do sistema. O baixo
aprimoramento profissional pode refletir nos parâmetros zootécnicos obtidos e,
consequentemente, na eficiência econômico-financeira da atividade leiteira.

Figura 14 – Grau de escolaridade do ordenhador em função do nível de produção.

92
A baixa escolaridade do ordenhador pode estar relacionada à necessidade de início
das atividades profissionais precocemente, ou pela dificuldade de acesso até as escolas, que
eram fatos constantes em décadas passadas. Este cenário cultural também foi descrito por
outros autores (ANDRADE, 2003). A tendência é de que este nível de escolaridade se eleve
em médio prazo, uma vez que hoje nota-se baixo emprego de trabalhadores com idade
inferior a 18 anos, e o ensino vem sendo cada vez mais estimulado, inclusive no meio rural,
ainda que este tenha qualidade questionável em muitos casos.

3.4 Estrutura produtiva das propriedades

No que se refere ao tamanho da propriedade, verificou-se, na Tabela 3, que à


medida que aumenta o nível de produção dos estratos, ocorre um incremento não na mesma
proporção, mas no tamanho da área utilizada pela atividade. Isso pode ser explicado pela
melhoria na capacidade de suporte que são representados pelos valores de U.A/ha, que
cresceram do estrato A (0,58) para o B (0,83), e para o C (1,48), ou seja, ocorreu um
aumento na quantidade de animais por hectare, sendo demonstrado claramente nos
resultados das produtividades por área e por animal nos estratos A, B e C (Tabela 3). Este
incremento na produtividade influenciou diretamente na média de litros/vaca/dia, que
foram de 6,49 (A), 6,80 (B) e 7,88 (C).
Por dificuldade em estimar o peso dos animais, usou-se como critério para o cálculo
da unidade animal 1,25 UA para touros, 1,0 UA para vacas, 0,75 UA para novilhos e
novilhas e 0,25 para bezerros menores de um ano.
Apesar dos estratos apresentarem uma produção média de 981,94 litros de
leite/ha/ano, este valor é considerado baixo, pois, segundo Costa (2007), propriedades que
apresentam bom desempenho para estes indicadores deverão apresentar valores superiores a
7.300 L/ha/ano, o que demonstra ser uma região de pecuária extensiva. Os valores
encontrados neste estudo sugerem que os diferentes estratos avaliados deverão realizar
investimentos para intensificar o uso das pastagens e melhorar a eficiência da mão de obra.

93
Tabela 3 – Tamanho da propriedade, quantidade de unidade animal por hectare, produção média de
leite litros/ha/ano, litros/vaca/ano e litros/vaca/dia em função das médias de produção
diária
Médias de produção Tamanho da Produção de leite
diária propriedade UA/ha Litros/ha/ano Litros/vaca/ano Litros/vaca/dia
(ha)

Até 200 litros/dia (A) 100,25 0,58 585,82 1948,19 6,49

201 a 400 litros/dia (B) 118,05 0,83 749,41 2040,00 6,80

> 400 litros/dia (C) 187,11 1,48 1610,59 2364,60 7,88

Média 135,14 0,96 981,94 2117,59 7,06

A produtividade de litros de leite por vaca também reflete o que foi comentado
anteriormente, apresentando a melhor média o estrato C, com 7,88 litros de leite/vaca/dia,
seguido do B, com 6,80 litros/vaca/dia, e, por fim, o que apresentou o menor valor foi o A,
com 6,49 litros por vaca/dia. A média diária, considerando todos os estratos, foi de 7,06
litros de leite/vaca/dia, superior à média da região, encontrada por Ferreira (2002), de 3,86
litros/vaca/dia; à média do estado, de 3,44 litros/vaca/dia; e à média nacional, de 5,32
litros/vaca/dia (Anualpec, 2010). Esses resultados foram inferiores aos verificados por
Ferrão (2000), de 10,48 L/vaca/dia, na região de São Leopoldo, Minas Gerais.
Esta oscilação entre as propriedades com áreas diferentes é um reflexo das
disparidades, tanto genéticas quanto de manejos, que são encontradas na região.
A média geral para produção de leite foi de 2.117,59 litros/vaca/ano, muito superior
à encontrada para o estado da Bahia (687 litros/vaca/ano) pela Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais (SEI), e também à média nacional, de 900 litros/vaca/ano (Bahia,
2000).

3.4.1 Manejo do sistema forrageiro


A Tabela 4 demonstra que todos os estratos utilizam pastagem natural e nativa,
destacando-se os estratos A e B, com 100% de utilização. O estrato que menos utiliza os
dois tipos de pastagens é o A, com 82%. A pastagem nativa da região é formada,

94
principalmente, por capim colonião, que apresenta uma boa capacidade de suporte, por esta
razão ainda aparece em algumas fazendas.
É importante salientar que a forragem pastejada representa a melhor alternativa
para se produzir leite mais barato. Produtor de leite que não cuida do pasto, fica dependente
do cocho por um longo período do ano.

Tabela 4 – Porcentagem de utilização de pastagem cultivada, nativa, realização de análise de


solo, utilização de adubação química, calagem e pastejo rotacionado em diferentes
estratos de produção

até 200 litros/dia 201-400 litros/dia maior que 400 litros/dia


Especificação (A) (B) (C)
sim não sim não sim Não
Utiliza pastagem cultivada 82,0% 18,0% 100,0% 0,0% 100,0% 0,0%
Utiliza pastagem natural 82,0% 18,0% 100,0% 0,0% 100,0% 0,0%
Faz análise de solo 36,40% 63,60% 50,00% 50,00% 70,00% 30,00%
Utiliza adubação química 27,3% 72,7% 50,0% 50,0% 60,0% 40,0%
Faz calagem 0,0% 100,0% 16,6% 83,4% 0,0% 100,0%
Utiliza pastejo rotacionado 90,1% 8,9% 92,0% 8,0% 90,0% 10,0%

Entre os estratos de produção das propriedades, aqueles com produção maior que
400 L/dia apresentaram maior percentual (70%) de propriedades que fazem ou já fizeram
análise de solo. Os demais estratos variaram entre as que fizeram em apenas 36,4% com
produção de até 200 L/dia, e 50% com produção variando entre 201 e 400 L/dia.
A limpeza das pastagens é habitualmente praticada por todos os produtores, porém,
apenas 27,3% dos produtores do estrato A e 50% do estrato B revelaram que,
eventualmente, fazem a prática da adubação. Destacam-se em relação à utilização da
prática da adubação os produtores do estrato C (70%), justificando a sua melhor capacidade
de suporte comparada aos estratos A e B (Tabela 3).
Quando se trata de calagem, apenas 16,6% dos proprietários do estrato B já fizeram
esta prática, sendo que nos estratos A e B nunca usaram corretivos nos solos, porém, estes
justificaram dizendo que, de acordo com a análise do solo, esta prática não era necessária
na região em função do pH ser adequado para pastagens. Gomes e Detoni (1998),

95
trabalhando com solos da microrregião de Itapetinga, observaram um pH com amplitude de
5,5 a 6,4, que consideraram normal para pastagens.
A prática do pastejo rotacionado tem sido aplicada em várias regiões do país como
alternativa para a melhoria nos manejos de pastagem. Observou-se que todos os estratos
utilizaram esta prática quase que na sua totalidade, apresentando os percentuais de
utilização de 90,1%, no estrato A, 92,0% no B e 90% no C.

3.4.2 Suplementação
Foi constatado que a produção leiteira na região apresentou uma baixa
produtividade relacionada ao pequeno nível tecnológico dos sistemas leiteiros
desenvolvidos pelos produtores. Ter um padrão com produtividade média por vaca de
quatro a seis litros pode parecer uma desvantagem, no entanto, os produtores conseguem
essa produtividade a custos baixos. Nas condições da região, assim como em praticamente
todo o território nacional, a pastagem é à base da produção leiteira. Observa-se que, em
todos os estratos estudados, têm sido utilizadas para manter a produção algumas
alternativas de alimentação, sendo observado que estas alternativas aparecem com menor
frequência no estrato A (até 200 litros L/dia), o que justifica a sua menor produção (Figura
15).
A alternativa de suplementação com silagem, apesar de ser utilizada nos três
estratos, aparece no estrato A com menor frequência (18,2%), sendo mais utilizada no
estrato B (41,7%).
A utilização de subproduto aparece apenas nos estratos B (16,7%) e C (20%), isso
pode ser justificado, pois, para sua utilização requer um conhecimento mais aprofundado
deste tipo de alimentação, dessa forma, o seu fornecimento precisa ser acompanhado por
um técnico mais especializado, pois a mesma, às vezes, apresentam restrições no
fornecimento.

96
Figura 15 – Tipo de suplementação utilizada em relação ao nível de produção.

Pode-se observar que a utilização da cana de açúcar, principalmente, no período


seco do ano, é uma tradição na região, pois todos os estratos utilizaram com muita
frequência (90,9%, 100% e 100%). Normalmente, o produtor a fornece com ureia + enxofre
para melhorar a sua qualidade. Não só na região esta alternativa é utilizada e sim em todo o
Brasil, pois é uma alternativa a ser utilizada nos períodos de escassez do ano a um custo
relativamente baixo.
A utilização do concentrado deve ser feita a matrizes que apresentam um melhor
potencial genético, desde que cubra o seu custo de utilização. Observou-se que, no estrato
A, utilizou-se uma menor frequência, pois, provavelmente, o potencial genético destes
animais não respondem o fornecimento desse tipo de alimentação, porém, nos estratos B e
C, todos os produtores (100%) fazem o seu uso, justificando, dessa forma, a melhoria na
faixa de produção.
No que concerne à utilização do sal mineral na mineralização do rebanho, os
produtores, na sua totalidade, afirmaram que usam sal mineral. Essa prática é
recomendável, pois a principal fonte de volumoso da região é a pastagem, e a mesma não
fornece nutrientes minerais suficientes para a manutenção do rebanho. Estes dados também
foram observados por Carvalho Júnior (2011).

97
3.4.3 Controle zootécnico

A utilização das informações disponibilizadas com o controle zootécnico permite ao


produtor um gerenciamento muito mais eficiente de seu rebanho e da propriedade como um
todo. As principais vantagens consistem em: conhecer melhor cada um dos animais;
identificar aqueles mais produtivos; identificar com rapidez possíveis problemas que
estejam ocorrendo no rebanho; facilitar o manejo em geral; reduzir custos com alimentação,
separando os animais por categorias de produção; determinar melhores épocas para práticas
sanitárias e reprodutivas; identificar animais e famílias mais sensíveis e propensos a
enfermidades; e observar o histórico reprodutivo dos animais. Ademais, é possível agregar
valor aos animais no momento da venda, uma vez que o comprador está adquirindo, junto
com o animal, um "certificado" com seu histórico e desempenho, o que torna o produto
mais competitivo. Por outro lado, todas estas vantagens culminam com uma excelente
ferramenta de auxílio ao produtor, no momento da seleção e descarte dos animais do
rebanho.
A identificação dos animais é uma prática de suma importância na atividade leiteira,
pois é uma informação muito importante no momento da seleção dos mesmos, porém, esta
prática isolada não apresenta nenhum resultado. Na Figura 16, observou-se que,
independente do nível de produção, todos os estratos estudados fazem esse tipo de
procedimento, sendo 72,7%, 75% e 80% para os estratos A, B e C, respectivamente.
Segundo os produtores, essa identificação é feita na propriedade através de ferro, brinco e,
principalmente, pelo nome.
O controle leiteiro também é uma atividade que deveria ser utilizada em todas as
propriedades leiteiras, pois é importante para seleção no rebanho, comércio, manejo e
alimentação dos animais, como o fornecimento de concentrado, de acordo com a produção
de leite e critérios de secagem, quantidade de leite produzido por vaca/dia, e no período de
lactação, uma informação de extrema importância é a duração de lactação (que deve ser
usada na seleção dos animais). A frequência do controle leiteiro depende de vários fatores,
entre eles, qualidade e disponibilidade da mão de obra e duração da lactação. Em rebanhos
cujas vacas tenham lactações curtas, o controle deve ser feito a cada 15 ou 30 dias. Já em

98
rebanhos cujas vacas apresentam lactações normais, o controle pode ser feito a cada 30 ou
45 dias.

Figura 16 – Realização de controle zootécnico.

Nos estratos estudados, observou-se que a prática do controle leiteiro aumenta de


acordo com a produção. Verificou-se, na Figura 16, que no estrato de até 200 litros /dia
apenas 27,2% realizaram este procedimento, seguido do estrato 201 a 400 litros/dia com
41,7% e, por fim, o estrato com produção maior que 400 litros/dia, que utilizaram com mais
frequência este procedimento com 70%. Isto possibilita observar que os produtores do
estrato C têm utilizado este procedimento como ferramenta de seleção e melhoramento
genético do rebanho, tendo reflexo direto na produção.
Quanto ao controle de cobertura e parição dos animais, o estrato A ainda apresentou
um percentual 9,1 % e 18,2% de produtores que não fazem esses controles. Essa prática
contribuiu para um elevado número de vacas vazias, fato que acarreta grandes prejuízos à
atividade. Sem um controle da situação reprodutiva não se consegue realizar um
planejamento a médio e a longo prazo da produção das propriedades rurais. Índices como o
cálculo do intervalo de partos, a data de cobertura, de confirmação de prenhez e de parto,
entre outros, são da maior importância dentro da bovinocultura de leite, porém, 90,8% e
81,8% já utilizavam esta prática. Observou-se ainda que, nos estratos B e C, 100% dos
99
produtores realizam esses controles. Isto é de grande importância, pois tem influência
diretamente no índice de natalidade e, consequentemente, na produção de leite. Na pesquisa
observou-se que do estrato A apenas 27,2% utilizaram a prática da inseminação artificial,
enquanto nos estratos B e C 66,7% e 80%, respectivamente. Isso pode comprovar a maior
quantidade de produtores destes estratos que realizavam anotações de cobertura e parição.
Perante a percepção dos entrevistados, os índices ainda apresentavam-se aquém do
desejável para rebanhos nutridos e/ou mineralizados adequadamente, e sem problemas de
ordem sanitária, mais uma vez, indicando a possibilidade de intervenções por parte de
profissionais técnicos que possam detectar problemas aparentemente inexistentes e que, no
entanto, estejam comprometendo os resultados econômicos da atividade, e atuar em
programas de planejamento e monitoramento desses rebanhos.
A prática da vacinação foi realizada em todos os estratos, independente do nível de
produção das mesmas. Segundo os produtores, esta prática não deve ser esquecida, sendo
necessária para o rebanho leiteiro, observando-se que as únicas vacinas aplicadas nos
rebanhos da região são de brucelose, aftosa, raiva e clostridiose, as quais foram efetuadas
em 100% das propriedades, sendo a brucelose com variação na frequência, entre aplicações
anuais, semestrais e trimestrais. Para a aftosa, foi a frequência exigida pela Secretária de
Agricultura do Estado da Bahia, duas vezes ao ano; a raiva também observou uma variação
entre semestral, junto à vacina da aftosa, e anual. A vacinação contra clostridiose
apresentou também variação na frequência entre anual e semestral.

3.4.4 Ordenha
A ordenha manual apresentou-se com maior frequência em todos os estratos
estudados (Figura 17), sendo 90,9%, 100% e 80% nos estratos A, B e C, respectivamente.
Vale salientar que, no estrato de maior produção (C), houve o aparecimento em maior
percentual (20%) da ordenha mecânica, prática esta que, segundo a pesquisa atual, ainda é
pouca utilizada nesta região.
Em relação à frequência de ordenhas diárias, observou-se que, no estrato A, todas as
propriedades que realizam a ordenha manual (90,9%) realizam uma ordenha diária, assim
como aquelas que realizam ordenha mecânica (9,1%) tem uma frequência de duas ordenhas
diárias. No estrato B, não foi realizada a ordenha mecânica, porém, apesar do maior

100
percentual ser de uma ordenha diária (83,3%), existe alguns casos que realizam duas
ordenhas diárias, o que pode justificar o nível de produção. No estrato C, as frequências de
lactação já se equilibraram, sendo 50% com uma ordenha diária e 50% com duas ordenhas
diárias, isso pode ser justificado pelo nível de produção das propriedades e percentual de
ordenha mecânica.

Figura 17 – Tipo e frequência de ordenha em função do nível de produção.

Segundo Ferreira et al. (2005), o tipo e número de ordenha é um fator importante


do ponto de vista econômico, que afeta a produtividade. Os dados relatados por esses
autores para o índice de ordenha manual (92,31% das propriedades), para essa mesma
microrregião, demonstram que não houve mudança no tipo de ordenha utilizada na região,
entretanto, em relação à frequência diária da ordenha, houve um decréscimo do índice de
propriedades que fazem apenas uma ordenha, de 90,91%, encontrado por esses autores,
quando comparados com a média dos três estratos de 74,7% encontrado no presente estudo,
observando um aumento no percentual de propriedades que utilizam duas ordenhas diárias.
Como comprovado em vários estudos, a ordenha é a etapa da produção leiteira que
exige o maior cuidado, devido à sua forte influência na qualidade do leite produzido. Este
procedimento envolve desde a estrutura do local da ordenha, onde o animal deverá ser
ordenhado, até a higiene do ordenhador, dos animais e dos utensílios (SOUZA et al., 2005).

101
A ordenha manual é realizada por 100% dos produtores nos horários matutinos. No Brasil,
um grande número de produtores rurais retira leite por meio da ordenha manual. A
contagem bacteriana, um dos fatores que determinam a qualidade do produto, costuma ser
bastante alta nesse tipo de ordenha. Isso ocorre devido a procedimentos incorretos, que
levam a uma higiene deficiente, tanto dos tetos da vaca quanto das mãos dos ordenhadores
e dos utensílios utilizados (SOUZA et al., 2005).
A higiene, expressa pela frequência de lavagem do úbere e das tetas, antes da
ordenha, foi realizada apenas em 9% no estrato A, na propriedade que possuía ordenha
mecânica, e em 50% nas propriedades do estrato C, não apenas naquelas que possuíam
ordenha mecânica, mas também em parte das que realizavam a ordenha manual. O pré e
pós-dipping foram realizados em 9% das propriedades do estrato A e em 50% e 10% das
propriedades do estrato C, respectivamente (Figura 18).
Observou-se que 100% das propriedades do estrato B não realizavam nenhuma
prática de assepsia das glândulas mamárias e apenas em 50,0% das propriedades
realizavam o teste da caneca. É interessante notar que estas práticas acompanharam as
propriedades que utilizaram a ordenha mecânica (Figura 15), pois é necessário também
para evitar contaminações aos equipamentos utilizados e, provavelmente, por esta razão
não aparecem no estrato B.
O teste do CMT, apesar de possuir uma importância na detecção de problemas de
mastite sub-clínica, 100% dos produtores que participaram desta pesquisa declararam não
utilizar este método. Provavelmente, pelo tempo dispendido neste teste, ou pela forma de
aplicação que requer uma certa experiência no preparo do material.
A assepsia é uma prática importante, pois evita que as tetas das vacas entrem em
contato com impurezas, tais como fezes, lama e areia, durante a ordenha. Caso estas
impurezas fiquem aderidas às tetas e ao úbere, e não forem removidos antes da ordenha,
pode ocorrer a contaminação do leite (CARVALHO JÚNIOR, 2011).

102
Figura 18 – Higiene na ordenha em relação ao nível de produção.

A prática do pré-dipping é um dos meios mais efetivos de diminuição das infecções


intramamárias, decorrentes de patógenos ambientais no teto. O pós-dipping é fundamental
para a remoção da película de leite que é deixada no teto, após o conjunto de ordenha ser
removido e o teste da caneca de fundo preto, objetivando detectar a mastite clínica e
estimulando a descida do leite, pois retira os três primeiros jatos, que apresentam maior
concentração bacteriana.

103
4. CONCLUSÕES

Existe uma relação positiva entre a dedicação à atividade leiteira e o nível de


produção. A inexistência de produtores sem escolaridade e o fato de que em todas as faixas
de tamanho de propriedade existem produtores com nível superior, dentre os quais, 73%
são da área de ciências agrárias, contribuem para um maior aproveitamento dos programas
de capacitação rural e incremento de novas tecnologias. Pode-se afirmar que trabalhos
realizados junto ao grupo de vizinhos seriam uma boa alternativa de capacitação
tecnológica. É necessário que haja melhoria na produtividade animal para compensar no
aproveitamento da mão de obra. A taxa de lotação média de UA/ha indicou que os sistemas
de produção têm um baixo aproveitamento das áreas de pastagem. Há uma tendência das
propriedades que produzem acima de 400 litros de leite utilizarem com maior freqüência a
ordenha mecânica, duas ordenhas diárias e maior higiene. A pecuária leiteira possui
significativa importância econômica, social e cultural na região, porém, os produtores
precisam aprimorar e aplicar novos conhecimentos, no que diz respeito às técnicas de
criação.

104
5. REFERÊNCIAS

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107
ANEXO

QUESTIONÁRIO (Diagnóstico)
1. Dados da unidade produtiva:
Localização:
Distância do local de entrega (km):___________________________________
Nome da propriedade:_____________________________________________________
Nome do proprietário (opcional):_____________________________________
Tamanho (ha):______
2. Do produtor(a):
Quanto tempo está na atividade:___________________
Realiza planejamento anual da atividade: Sim □ Não □
Residência: Na propriedade □ Fora □
Estado civil do proprietário(a) ? Solteiro(a) □ Casado(a) □ Divorciado(a) □
Viúvo(a) □
Escolaridade: Ensino fundamental 1 imcompleto □ Ensino fundamental 1 completo □
Ensino Fundamental 2 incompleto □ Ensino Fundamental 2 completo □
Ensino Médio □ Graduação □ Pós-graduação □ Em quê?______________________
Experiência na atividade: < 10 anos □ 10-20 anos □ > 20 anos □
Filhos na atividade: Sim □ Não □
Dedicação ao negócio: Total □ Parcial □
Como obtém informações: Livros □ Palestras □ Internet □ Conversas com outros □
Tv □ Rádio □
3. Características da propriedade:
Posse da terra: Própria □ Arrendada □
Natureza da atividade: Familiar □ Empresarial □
Quem administra a fazenda?__________________________________________________
Tem escola na proximidade : Sim □ Qual(is) série(s) atende:_______________________
Não □
Como se dá o abastecimento de água da propriedade: Rio □ Açude □ Poço □
outro:____________

108
Energia elétrica: Sim □ Não □
Condições de acesso: Bom □ Regular □ Ruim □
4. Mão de obra na bovinocultura:
Nº de pessoas:___________________ Tempo de trabalho (diário):___________________
Grau de instrução do ordenhador: ________________________
Remunera especialmente o ordenhador? Sim □ Não □
Assina carteira dos empregados: Sim □ Não □ Não opinou □
9. Usa inseminação artificial: Sim □ Não □
5. Infraestrutura da fazenda:
Item Sim Não Quantos
Galpão
Curral
Estábulo
Energia
Telefone
Computador
Internet
Tanque de expansão
Ordenha mecânica
Estradas (asfalto – A;
terra - T) Km
Trator
Reserva forrageira
Tração Animal
Tanque de expansão
Outros
6. Manejo do sistema de produção forrageiro:
Pastos cultivados: Sim □ Não □ Área (ha) _________________
Utiliza capineira: Sim □ Não □ Área (ha) _________________
Análise do solo: Sim □ Não □ Período:________________________
Adubação: Sim □ Não □ Que tipo (orgânica ou mineral ) ______

109
Calagem: Sim □ Não □
Rotação: Sim □ Não □
Nativos: Sim □ Não □
7. Animais:
Inventário animal (em n° de cabeças):
Categorias Bubalinos Bovinos Equínos Outros
Leite Corte
Reprodutores
Matrizes
Novilhos
Novilhas
Bezerros (as)
Total

Qual a raça dos bovinos? ____________________________________________________


Identificação dos animais:
Numeração □ Ferro □ Brinco □ Chip □
8. Utiliza outra área para suporte forrageiro:
Sim □ Não □ __________________
9. Controle fitossanitário de plantas daninhas nas pastagens: Sim □ Não □ Qual
produto?_____
10. Suplementação animal:
Suplemento Sim Não Quantidade/cab/dia
Feno
Silagem
Subproduto (especificar)
Cana
Concentrado
Outros
Mineralização

110
11. O manejo dos animais:
Faz anotações zootécnicas: Sim□ Não □
Pode ceder para estudos técnicos: Sim □ Não □
12. Ordenha dos animais
Ordenha manual ou mecânica?_______________________________________________
Quantas ordenhas? _________________________________________________________
Higiene de ordenha
□ Lavagem de tetas □ pré-dipping (H2 0 clorada) □ caneca de fundo preto □ CMT
□ pós-dipping (iodo)
13. Práticas Sanitárias
Vacinas Sim Não Freqüência
Brucelose
Aftosa
Raiva
Outras
Clostidiose
Teste de Brucelose
Endoparasitas Recomendado Freqüência Produto
Sim Não
Bezerros
Adultos
Ectoparasitas Recomendado Freqüência Produto
Sim Não
Bezerros
Adultos

111
Figura 19- Mapa da microrregião de Itapetinga com ênfase nas unidades amostrais
Figura 19- Mapa da microrregião de Itapetinga com ênfase nas unidades amostrais

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