You are on page 1of 14

QUAL É A IDENTIDADE IDEOLÓGICA DOS PARTIDOS POLÍTICOS E FORÇAS

SOCIAIS EM ANGOLA? Para uma antevisão sobre o comportamento eleitoral dos angolanos
em 2017 – ALBANO PEDRO

Albano Pedro 3 years ago Ciências Políticas

O CONCEITO DE IDEOLOGIA Por IDEOLOGIA, entende-se o conjunto de ideais, doutrinas,


valores, crenças, concepções cosmovisionárias e princípios éticos, morais e políticos assumidos
por grupos ou indivíduos em defesa da sua sobrevivência social, cultural, económica e histórica
numa determinada sociedade condicionando o seu comportamento no contexto das relações
sociais tendentes a influência ou controlo do poder político. Esse conceito orientado a dinâmica
de grupos em ponderação do sistema de interesses e valores defendido pelo poder político
instituído, a que Karl Marx denominou SUPERESTRUTURA (Das Kapital), é que releva para a
análise sobre a IDENTIDADE IDEOLÓGICA dos partidos políticos e forças sociais de que
passaremos em revista. IDENTIDADE IDEOLOGICA DOS PARTIDOS POLÍTICOS E DAS
FORÇAS SOCIAIS A História política universal regista que o debate sobre identidade
ideológica dos partidos políticos teve início com o triunfo da Revolução Burguesa de 1789 em
França, que é o prenúncio dos sistemas constitucionais dos Estados modernos, e vigora com o
Império de Napoleão Bonaparte. Nessa altura os partidos eram ideologicamente identificados
pela posição de assento que assumiam no parlamento, sendo os da Direita aqueles que sentavam
a direita da presidência do parlamento (políticos favoráveis a ideia da República) e os da
esquerda aqueles que assentavam nessa posição (grupo favorável a ideia da Monarquia). Cedo
percebeu-se que essa forma de identificação ideológica não era a mais correcta e o conceito
evoluiu, ainda na altura, para a identificação dos partidos que concordavam com a posição dos
que governavam e mantinham o poder instituído no interesse do império francês e daqueles que
contrariavam (Friedrich Hayek, Émile Chartier). Deste redimensionamento conceptual também
se deve a denominação de partidos conservadores (os que defendem os interesses instituídos),
Liberais (os que são indiferentes) e os anarquistas (ou revolucionários – que tendem a mudanças
totais ou parciais das instituições defendidas por aqueles que controlam o poder político). A
IDENTIDADE IDEOLÓGICA NO PERÍODO DA GUERRA-FRIA Com o advento da guerra-
fria, no fim da II Guerra Mundial, o conceito de identidade ideológica sofreu uma reforma
radical. A DIREITA passou a ser entendida como a posição daqueles que defendiam o
Imperialismo americano e todos os valores e interesses inerentes as sociedades ocidentais e a
ESQUERDA passou a ser a posição dos movimentos revolucionários que contrariavam a
estrutura de interesses e valores das sociedades capitalistas, sendo identificados com aqueles que
estavam a favor do sistema comunista russo-soviético. Neste período, a identidade ideológica era
assumida pelos Estados em função das opções dos partidos que detinham o poder político.
Alguns Estados, sobretudo recém-libertados do jugo colonial tentaram uma posição de
neutralidade ideológica em relação aos dois grandes blocos emergentes como superpotências. O
que deu vazão a ideia do Movimento dos Países Não-Alinhados (MNA) concretizada com a
Conferência África-Ásia de Bandung, Indonésia em 1955 e que até 2004 contava com cerca de
115 membros, entre os quais Angola. O certo é que o não-alinhamento não evitou a força
arrebatadora da bipolarização política mundial e o grosso dos países membros teve um
posicionamento claramente identificado com um dos blocos, sobretudo no âmbito das relações
bilaterais. Angola, que tinha relações privilegiadas com o bloco comunista, não foi excepção. A
caracterização ideológica dessa altura considerava a identidade própria das forças sociais e
políticas de acordo com a defesa dos interesses identificados com o capitalismo ou com o
comunismo. Era o conceito de identidade ideológica estática que dominou obliterando a
possibilidade de mudanças de comportamentos dos actores sociais em função dos interesses e
valores que defendem em determinados contextos. Para os movimentos de libertação nacional
emancipados a partidos políticos em Angola a identidade ideológica nesse contexto determinava
a existência de dois partidos de esquerda (MPLA de vocação Leninista devido a cooperação com
a antiga URSS e UNITA de vocação Maoista devido a cooperação com a China) e um partido de
direita (FNLA, cujo líder, Holden Roberto, manifesto parceiro do regime Zairense de Mobutu
(1965-1997), foi o primeiro líder político angolano a entrar na Casa Branca, EUA e a discursar
nas sede das Nações Unidas) considerando que a FLEC embora candidata a ideologia de direita
não era uma força tendencialmente política por força da sua inexplicável exclusão dos acordos
de Alvor monitorizado por Portugal enquanto potência colonizadora. A IDENTIDADE
IDEOLÓGICA NO CONTEXTO POLÍTICO ACTUAL Com o fim da guerra-fria, os Estados
perderam identidade ideológica e esta voltou a ser monopólio dos partidos políticos estendendo-
se as forças da sociedade civil. As cátedras devolveram o debate sobre a identidade ideológica
aos momentos avançados da revolução burguesa, inaugurando uma espécie de renascimento do
seu conceito. Daí que no contexto político mundial actual, o conceito de identidade ideológica
estática já não tenha lugar de destaque. Já não faz sentido rotular um partido como sendo de
esquerda pelo simples facto de abraçar causas comunistas ou de direita por tender aos valores
capitalistas, uma vez que este mesmo partido tanto pode estar na oposição, defendendo interesses
contrários a quem governa, como na situação, mantendo os interesses do partido que combateu
enquanto opositor em seu próprio benefício. Para além de que a evolução do Estado Social,
enquanto modelo de organização e funcionamento económico do Estado adoptado pela maioria
esmagadora das constituições vigentes no mundo, implica a conjugação de valores e interesses
dantes vistos como próprios do comunismo e do capitalismo. É, portanto, um conceito que
atrapalha o indivíduo no processo de percepção ideológica do xadrez político de um determinado
Estado (David Nolan). A IDENTIDADE IDEOLÓGICA: PERSPECTIVA ESTÁTICA
VERSUS PERSPECTIVA DINÂMICA Desde a queda do murro de Berlim, os cientistas
políticos têm procurado ultrapassar o conceito de identidade ideológica estática abraçando
definições que se aproximam a um conceito de identidade ideológica dinâmica (Norberto
Bobbio, Eric Dupin, David Nolan). Ou seja, um conceito que identifica o partido político ou
força social com base no seu posicionamento circunstancial no xadrez político em função dos
valores e interesses políticos dominantes normalmente defendidos pelo partido que governa.
Esse conceito passa a entender como ESQUERDA todo o posicionamento contrário aos
interesses do partido no poder e a DIREITA como o posicionamento do partido que governa ou
que colabora com o partido que detém o poder. Neste conceito, o CENTRO passa a ser a posição
tomada por qualquer força que não demonstra nenhum interesse em contrariar o programa de
governo e nem se apresenta favorável ao mesmo. É portanto, uma posição de neutralidade. Entre
o CENTRO e a posição de ESQUERDA ou DIREITA encontram-se gradações ideológicas que
identificam os graus de transigência ou intransigência na defesa dos interesses e valores de cada
grupo ou individuo, havendo aqueles que se aproximam de uma posição de neutralidade embora
protejam os seus interesses e valores (Centro-Esquerda e Centro-Direita); aqueles que assumem
uma posição inequívoca quanto a mudança, embora não tenham interesse em reformar todo o
sistema de interesses e valores (Esquerda), ou quanto a manutenção da manifestação da Real
Politik segundo os interesses e valores da governação vigente (Direita); aqueles que defendem
uma reforma profunda das instituições preservando os ideais do Estado e da Nação (Extrema-
Esquerda) ou que não admitem quaisquer reformas possíveis negociadas com os opositores,
embora acreditem que devem avançar em reformas que sustentem o poder político vigente
(Extrema-Direita) e aqueles que não admitem a sobrevivência do próprio Estado tal como se
encontra concebido independentemente do sistema de valores e interesses que lhe são inerentes
(Esquerda-Radical) ou que não admitem quaisquer mudanças nos modelos de governação
mesmo quando essa intransigência implique a violação de interesses e valores defendidos pelo
próprio povo (Direita-Radical). Neste último grupo situam-se os reformadores que se acham no
direito absoluto de lutar pelos interesses da Nação e Estado, sendo anarquistas quando
posicionados em ideologias de Esquerda ou ditadores anti-democratas quando posicionados em
ideologias de Direita, sendo por isso, o grupo que inspira receios ao eleitorado pelas posições
extremas que assumem. No CENTRO colocam-se os liberais que como tais estão propensos a
defender o triunfo de quaisquer ideologias que permitam a máxima liberdade dos indivíduos e
muito próximo deste estão os defensores de ideologias moderadas. Os extremistas (não sendo
radicais) são os intransigentes nas suas posições embora defendam uma ordem política muito
própria, seja a apresentar quando no poder (ideologia de esquerda), seja para a manutenção do
poder (ideologia de direita). A SISTEMÁTICA GNOSEOLOGICA DA IDENTIDADE
IDEOLÓGICA Destarte, o conceito de Identidade Ideológica é tomado na sua perspectiva
dinâmica, i. é, atendendo aos valores e interesses políticos instituídos e vigentes envolvendo
tanto as forças políticas como as forças sociais tomados como os principais autores das
mudanças ideológicas de um determinado momento histórico. Aqui as forças sociais envolvem
os indivíduos que actuam na forma de sociedade civil enquanto grupos identificados com
interesses específicos no contexto das lutas sociais. Quanto aos partidos políticos, esta análise
basta-se as forças políticas legalmente autorizadas a desempenhar funções de forças sociais
tendentes a conquista e manutenção do poder. E em função da posição ideológica vigente
instituída pelo partido político no poder como interesses e valores da sociedade angolana, as
forças partidárias e sociais podem ser identificadas nos termos em que seguem abaixo: A
IDENTIDADE IDEOLÓGICA DOS PARTIDOS POLÍTICOS EM ANGOLA MPLA – Partido
sem ideologia homogénea em função das lutas internas que presidem a sua histórica existência
desde a fase da guerrilha. Comporta várias tendências ideológicas, a saber: a) Direita Radical
(Ala partidária com funções governamentais maioria dos quais sem prática de militância efectiva
nas fileiras do partido, altas patentes das forças militares e militarizadas com filiação declarada
ao partido); b) Esquerda Radical (União das Tendências liderada pelo General Silva Mateus,
parte significativa dos sobreviventes do 27 de Maio de 1977, antigos guerrilheiros e
descendentes destes que reivindicam igualdade de oportunidades no seio do partido); c) Centro-
Direita (Ala dos militantes fundadores e históricos com assento no Bureau-Político, ala dos
antigos funcionários do Estado, militares das FAPLAs sem novas funções e fiéis do Presidente
Agostinho Neto e seus directos colaboradores que não transitaram para poder assumido pelo
novo presidente, militantes desiludidos com a actual liderança partidária e que aguardam pela
revitalização de um novo MPLA); d) Extrema-Direita (Militantes sem funções politicas
relevantes); e) Sem identidade ideológica (militantes com assento no Parlamento, com funções
intermédias e básicas no aparelho do Estado e todos os outros). UNITA – Convertido de
movimento de guerrilha (evoluindo uma guerra convencional no seus últimos períodos), impôs-
se no xadrez político nacional por força dos Acordos de Bicesse como um partido de Direita-
Radical ao tempo de Jonas Malheiro Sidónio Savimbi, sendo a demonstração dessa tendência a
concordância com a liderança do MPLA pelos mesmos valores e interesses constitucionais de
1992 que em quase nada abonavam para a instauração de um Estado e Direito e Democrático
efectivo em nome de uma pseudo-reconciliação nacional. O que implicava um modelo de
governação em tudo semelhante ao do partido no poder em caso de vitória eleitoral. Com o fim
da liderança do seu líder histórico, este segundo maior partido político angolano perdeu a sua
homogeneidade ideológica. Actualmente, caracteriza-se pela existência de várias ideologias, a
saber: a) Direita-Radical (Ala ligada a Direcção do Partido e simpatizantes de Isaías Samakuva);
b) Esquerda-Radical (Ala dos reformistas e adeptos dos princípios do Muangai que aguardam
pela implementação de um Estado novo livre da ideologia implantada pelo MPLA); c) Extrema-
Esquerda (Maioria Juvenil, antigos militares e indivíduos nascidos e educados no contexto da
guerrilha); d) Centro-Esquerda (Ala feminina ligada a LIMA, grupo parlamentar e demais
militantes). Por incrível que pareça, a ala de liderança da UNITA está mais próxima do poder
instituído do que a maioria das alas do próprio MPLA, arrasando a UNITA para a estranha
categoria de partido de situação na oposição, contra a vontade real da maioria dos seu militantes
e simpatizantes. CASA-CE – Tendo emergido da crise de militância de indivíduos ligados a
várias forças políticas, com destaque a UNITA, a CASA-CE é uma coligação de partidos
políticos sem identidade ideológica própria. Uma identidade ideológica certamente em
construção em virtude de ser uma força política muito nova (nasceu em 2012) e com estruturas
organizativas em constituição e afirmação. Contudo, coloca-se no xadrez político nacional com a
ideologia de Centro-Esquerda pelo posicionamento mais ou menos moderado dos seus militantes
em função do comportamento ideológico assumido pelo líder partidário (Abel Chivucuvucu) que
condiciona a atitude política de toda a máquina coligacional. Tem tudo para afirmar-se com a
ideologia de Esquerda, uma vez que a sua identidade tende a apartar-se das do MPLA e UNITA
em busca de uma personalidade ideológica diferente que atraia a militância residual destes dois
partidos políticos. Entretanto, uma possível alteração na sua liderança máxima pode desencadear
tendências ideológicas diferenciadas em função da natureza coligacional desta força política e da
origem multipartidária dos seus militantes. PRS – É um partido de posicionamento volátil e
circunstancial caracterizado pelas suas frequentes deslocações ideológicas em função das
contradições acentuadas ou não na sua relação com o partido no poder. Quando assume a sua
função política intrínseca ou genética que se confunde com a defesa intransigente dos interesses
dos povos da região das Lundas, este partido coloca-se nitidamente como um partido de
Extrema-Esquerda. Porém, a sua Direcção e o respectivo grupo parlamentar, muito propensos a
“negociatas de cavalheiros” com o partido no poder, tendem a colocar o partido no xadrez
político nacional numa posição moderada muito próxima do Centro, sendo por isso de ideologia
circunstancial de Centro-Esquerda. FNLA – Ao longo da liderança de Holden Roberto, este
partido histórico assumiu uma ideologia claramente identificada com a Extrema-Esquerda a
quando da sua reentrada na arena política nacional a luz da abertura política multipartidária de
1992. A sua liderança e os militantes históricos, entre os quais Ngola Kabango, defendiam
interesses mais ou menos irreconciliáveis com os do partido no poder. Desde a morte de seu líder
histórico desapareceu a homogeneidade ideológica dando lugar a lutas internas de alas sem clara
defesa de interesses e valores ideológicos como tais e muito próximas de um oportunismo
mediático das lideranças que se candidataram a sucessão de Holden Roberto. Actualmente
percebe-se: a) um grupo sem identidade ideológica (ala ligada a Direcção do Partido identificada
com o Sociólogo Lucas Ngonda e seus simpatizantes); b) Extrema-Esquerda (Ala de Ngola
Kabango e os militantes fundadores e históricos que conservam a identidade ideológica
originária do partido); c) Centro-Esquerda (Ala juvenil e outros militantes e simpatizantes). BD
(Bloco Democrático) – Renascido da extinta FpD (Frente para a Democracia) sob a liderança do
carismático Economista Justino Pinto de Andrade, o BD é, provavelmente, o único partido
político angolano que nasceu e sempre se manteve com os mesmos padrões ideológicos
claramente identificados com a Esquerda. Devido a falta de forças políticas identificadas com o
seu perfil ideológico os dirigentes deste partido político têm privilegiado a sua acção em parceria
com as forças da sociedade civil que actuam com os ideais de esquerda chegando mesmo a
assumir as reivindicações destas ao ponto de colocar em causa a verdadeira vocação partidária
do BD. PDP-ANA – É um partido que evoluiu com a ideologia de Extrema-Esquerda no tempo
do seu líder fundador, o polémico e determinado Professor Mfulumpinga Nlandu Victor.
Posicionamento ideológico este de que se alega ser a causa da sua inexplicável morte.
Actualmente é uma força política que vaga na sombra da política nacional sem identidade
ideológica atribuível tanto a sua direcção como aos seus militantes e simpatizantes. O que facilita
a sua relação com a UNITA em que se encontra ancorada em nome da sua sobrevivência
eleitoral. A IDENTIDADE IDEOLÓGICA DA SOCIEDADE CIVIL EM ANGOLA
ESQUERDA-RADICAL (movimentos e grupos de manifestantes contra o modelo de
governação do poder instituído). EXTREMA-ESQUERDA (organizações não governamentais
de defesa de interesses comunitários ou locais sem ligações com o partido no poder e que actuam
nas comunidades contra a gestão prejudicial de agentes ligados ao partido no poder com funções
no aparelho local do Estado). ESQUERDA (Maioria dos sindicatos independentes e
organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos). CENTRO-ESQUERDA
(Maioria das organizações não governamentais sem apoio de instituições públicas e do Estado,
aspirando por parceria efectiva com o Estado). CENTRO (Estão nessa posição privilegiada de
neutralidade muito raras forças sociais contadas entre igrejas emergentes e missionárias sem
relações ou ligações partidárias, outras organizações sem interesses político-partidários
assumidas pelas respectivas direcções e grupos de intelectuais ausentes dos debates políticos).
CENTRO-DIREITA (grupos de intelectuais independentes e organizações não governamentais
de carácter não políticos que procuram influenciar o comportamento político do poder instituído
sem dele tomarem parte). DIREITA (organizações de carácter público como ordens profissionais
envolvendo advogados, médicos, engenheiros, psicólogos entre outros profissionais,
organizações desportivas e culturais, sindicatos com ligações históricas ao partido no poder
(UNTA, por exemplo) e demais instituições privadas com estatuto de utilidade pública e apoio
de instituições públicas e do Estado que compreendem uma amalgama diversificada de
indivíduos com tendências ideológicas irreconciliáveis entre si). EXTREMA-DIREITA
(Lideranças de igrejas com relações privilegiadas com o partido no Poder, organizações
apêndices do partido no poder como são os diferentes comités de especialidades, a OMA, a
JMPLA, etc.). DIREITA-RADICAL (Organizações privadas ao serviço do partido no poder
(Movimento Nacional Espontâneo, por exemplo) assim como os partidos políticos criados
circunstancialmente por ocasião das eleições). O ALINHAMENTO ESTRATÉGICO E
COOPERAÇÃO TÁCTICA EM FUNÇÃO DAS SEMELHANÇAS IDEOLÓGICAS Está claro
que certos grupos e indivíduos se apresentam permeáveis a quaisquer orientações políticas que
lhes garantam conforto social e sobrevivência económica. São grupos ou indivíduos que se
apresentam no contexto das lutas sociais e políticas com um sentido de oportunismo em atenção
a interesses de pura sobrevivência individual, onde não faltam os estrangeiros e os criminosos
sem espaço para afirmação política. É a estes grupos e indivíduos que se rotulam a falta de
identidade ideológica como tal. A identidade ideológica é um mecanismo de determinação
identitária da tendência política de qualquer força social ou partidária permitindo aos militantes e
simpatizantes uma melhor certeza da aproximação das suas convicções aos grupos sociais e
partidos políticos em que se encontram integrado. Em Angola, essa determinação tem sido
viciada por três factores fundamentais, nomeadamente a ausência de uma EXTRUTURA
SOCIAL assente na estractificação económica das classes sociais, divididas em classe dos
grandes capitalistas ou de ricos, classe média-alta, classe média, classe de trabalhadores e outras
classes abaixo que apenas acontece em economias com forte intervenção do sector privado como
está longe de ser possível entre nós, já que os interesses económicos são determinantes para a
defesa de valores e interesses compreendidos numa determinada ideologia; a falta de
PROGRAMAS POLÍTICOS aptos para a governação do Estado elaborados e apresentados pelos
partidos políticos aos seus eleitores e a vigência de um certo grau de VIOLÊNCIA POLÍTICA,
entre as diferentes forças sociais e políticas, manifestada por uma intolerância generalizada. Este
último factor, tem colocado, nos últimos tempos, os grupos sociais e os indivíduos a deslocarem
as suas identidades ideológicas aos extremos, assumindo circunstancialmente ideologias de
orientação radical. Apenas, os momentos de ausência de “confrontos” permitem a percepção de
certas nuances identitárias como as referidas acima, não sendo por isso mesmo identidades
estanques no contexto da dinâmica política nacional. De qualquer modo, a semelhança de
identidades ideológicas entre grupos e indivíduos permite uma maior aproximação das forças
sociais e políticas no intuito de coligir sinergias para os objectivos comuns reforçando as acções
de massas em ambientes eleitorais. Infelizmente, a falta de identidade ideológica uniforme entre
os partidos políticos tem sido um factor de fragilidade na sua afirmação e actuação política. O
que tem provocado a desistência de militantes, o desapego de simpatizantes e o descrédito por
parte da maioria dos indivíduos na sociedade, provocando uma tendência cada vez mais
crescente de abstenção política em grande parte dos angolanos. O COMPORTAMENTO
IDEOLÓGICO PROVÁVEL DOS PARTIDOS POLÍTICOS E DA SOCIEDADE CIVIL NAS
ELEIÇÕES DE 2017 EM FUNÇÃO DA (RE) PRESSÃO POLÍTICA DO PARTIDO NO
PODER Via de regra, o advento das eleições provoca a solidariedade ideológica das tendências e
indivíduos no MPLA a volta da Direita-Radical assumida pela sua liderança. Nessa altura, as
várias sensibilidades ideológicas afunilam-se no interesse da sobrevivência do grupo e as
divergências, mesmo profundas, são colocadas de lado e a identidade ideológica deste partido
histórico torna-se clara: Direita-Radical. A UNITA, um partido-Estado, embora sem experiencia
de governo, é hábil em restruturar a sua “manta de retalhos”. Os interesses eleitorais levam o
partido a assumir duas faces. Uma que se identifica com a Direita-Radical, que permite
concertações com o poder instituído em nome de uma bipolarização política estratégica, e uma
que emite claros sinais de Extrema-Esquerda com a qual mobiliza o grosso de militantes e
simpatizantes para os esforços eleitorais. Portanto, em período eleitoral, a UNITA é uma
organização de ideologia bicéfala sendo apenas visível a identidade ideológica de Extrema-
Esquerda com a qual procura empurrar o MPLA fora das preferências eleitoral da maioria dos
angolanos. As lutas internas na FNLA, transformaram este partido numa organização em
permanente sobrevivência política. Por altura das eleições, é sacudida por oportunismos
eleitoralistas dos seus mais proeminentes membros com casos judiciais no meio que levam o
Tribunal a tomar decisões internas do partido. O que facilita o seu controlo por forças externas,
tais como a ala que controla o governo do MPLA e, portanto, declina a sua mais visível
identidade ideológica (Extrema-Esquerda) assumida pela maioria esmagadora dos seus militantes
e simpatizantes tornando-se dócil e fragilizada. A CASA-CE, em fase eleitoral tende a tornar
concisa e nítida a sua orientação de Centro-Esquerda. O mesmo acontece com o BD que tende a
promover melhor a sua ideologia de Esquerda nas campanhas eleitorais. O PDP-ANA, se manter
o reboque a UNITA passa a ganhar a coloração ideológica deste partido sendo confundido na sua
bicefalia ideológica. O PRS, a semelhança da UNITA é de ideologia bicéfala tornando
proeminente a Extrema-Esquerda em ambiente eleitoral (altura em que precisa unir a vontade
eleitoral dos povos lundas) e mantendo a deslocação para Centro-Direita que permita amealhar
vantagens (políticas e patrimoniais) junto do partido que controla o processo eleitoral. A
sociedade civil engorda com novos actores para o aproveitamento das oportunidades
eleitoralistas do momento. Organizações são ressuscitadas ou criadas. Um fenómeno que se
assiste na arena política com o aparecimento de novas forças politicas coligacionais ou
partidárias. Contudo, as organizações tradicionais de ideologia de Esquerda (OMUNGA, AJPD,
Open Society, Associação Mãos Livres, SOS Habitat, etc.) tendem a potenciar os partidos
políticos na oposição dinamizando o livre exercício da democracia e o respeito pela legalidade
dos actos da administração eleitoral. Contudo, são traídas pela falta de identidade ideológica de
Esquerda da maioria dos partidos políticos. Não é de estranhar que apenas o BD tende a criar
dinâmicas harmonizadas com estas organizações da sociedade civil. Paralelamente, as
organizações não governamentais de apoio as acções governamentais (Movimento Nacional
Espontâneo, AJAPRAZ, etc.) tendem a ocupar o espaço da sociedade civil asfixiando a maioria
das dos seus actores com as suas acções de natureza filantrópicas ou massificadoras de cariz
propagandísticas com que ocupam em força o espaço da comunicação social reservada a
iniciativas da sociedade civil. É esta, a tendência comportamental que se verificou nas eleições
de 2012, não muito diferente do que se passou em 2008. É claro que factores relacionados com a
relativa estabilidade social e económica destes dois períodos eleitorais ajudaram a uniformizar os
comportamentos dos seus actores. Para 2017, foram introduzidos novos factores na dinâmica
política nacional que levam a adivinhar novos cenários de alinhamento ideológico, ora similares
ora diferentes dos momentos eleitorais de 2008 e 2012. Por uma lado, a CRISE FINANCEIRA
(com faltas ou atrasos de salários e pensões, escassez de contratos públicos imediatamente
remuneráveis) que começa a desmobilizar militantes e simpatizantes das dinâmicas do MPLA, e
a TRANSIÇÃO POLÍTICA estranha e mal anunciada pelo líder do MPLA. São factores que
tendem a reconfigurar a identidade ideológica dos principais actores da cena política nacional em
2017. Contando, que até lá tudo se mantenha. A Transição Politica parece ser um plano de
reformas nas relações de militância interna do MPLA. Aliás, foi anunciado que o próximo
Congresso Ordinário do partido no poder passará a contar com cerca de 30% de militantes jovens
e 40% de militantes mulheres, perfazendo um total de 70% de presenças favoráveis a
manutenção de JES. O que significa que os tradicionais e proeminentes militantes favoráveis as
reformas internas, partilhando os míseros 30% dos lugares restantes, perderão espaço e poder
significativo nas decisões internas do partido, perdendo influência sobre o comportamento do
MPLA nas eleições de 2017. O controlo do MPLA pela ala do governo é uma clara jogada dos
arautos do regime vigente com vista a garantir a continuidade eleitoral de José Eduardo dos
Santos, a despeito do acentuado clima de saturação e descontentamento, mal dissimulado, nas
fileiras partidária. Se a elegibilidade de JES em 2012 foi garantida pela sua posição hegemónica
no partido e pela manipulação da Constituição de 2010 prevendo a eleição conjunta do
Presidente da República como o mais proeminente candidato a deputado a Assembleia Nacional,
para 2017 tudo será reeditado com a posição hegemónica com que JES sairá do próximo
Congresso Ordinário perfeitamente sintonizado aos seus interesses. O que significa que no
cenário político nacional tudo acabará por ser reeditado nos termos em que foi nas eleições
passadas. A isso acresce-se a aprovação do Pacote Eleitoral prevendo o controlo do eleitorado
real pelo Executivo relegando a pretensa autoridade eleitoral independente (CNE) no papel de
um mero “fantasma” no processo eleitoral de 2017. Se a UNITA procurará manter a sua
ESTRATÉGIA DE CONTINUIDADE ELEITORAL LEGISLATIVA que consiste em somar
mais lugares na Assembleia Nacional para o conforto patrimonial dos seus mais proeminentes
militantes, a CASA-CE conhecerá o seu mais decisivo momento de teste como força política
alternativa. Tendo criado a sua imagem a volta de Abel Chivucuvucu, a CASA-CE está
“condenada” a levar o seu líder a assumir a Presidência d República visto que a militância e a
simpatia que reúne junto do eleitorado nacional assenta na elegibilidade do seu líder. Para a
CASA-CE a mera manutenção dos assentos parlamentares não basta. Se em 2017, o seu líder não
se torna no novo Presidente dos angolanos, esta coligação arrisca perder parte significativa dos
militantes e simpatizantes que depositam as esperanças numa força nova no controlo do poder
político. Afinal, foi para isso que essa coligação nasceu. Outra força política que conhecerá nova
experiência que lhe aproxima a extinção é o BD. Este partido, rotulado no passado como
“partido dos intelectuais” precisa ganhar uma dinâmica de cariz demagógica e populista,
trabalhando num processo de maior atracção de militantes e simpatizantes para a confirmação da
sua sobrevivência política, já que a geopolítica partidária interna assenta na força e presença das
massas. Apenas partidos com bases sociais fortes conseguem manter os seus indicadores
eleitorais. Partindo do facto de que o BD é um partido potencialmente estruturado (o único que,
nas vestes de FpD, já apresentou publicamente um Programa Político para reforma do Estado), o
passo em falta para atrair uma massa de eleitores não será difícil de dar, contando que esteja
devidamente organizada para o efeito. Do PDP-ANA quase nada se espera de novo, já que
lançou a âncora a UNITA procurando manter apenas a existência da sua liderança já desfeita da
sua base de militantes e simpatizantes organizada há anos pelo carismático matemático
Mfulumpinga Nlandu Victor. Induzida ou não, a CRISE FINANCEIRA é sem dúvidas o maior
adversário das pretensões eleitoralistas do MPLA e do seu líder. Por um lado, tem a desvirtude
de desmobilizar a grande massa de militantes e simpatizantes, já que este partido no poder não
consegue contar com uma quantidade desejável de “militantes de alma”, i. é, daqueles que o
apoiam incondicionalmente, independentemente dos benefícios patrimoniais de que venham a
beneficiar e por outro lado, tem a virtude de ressuscitar a força do debate interno para reformas
efectivas. Aliás, os sinais de desmobilização já têm sido visíveis nestes últimos tempos com a
fraca aderência nos actos de massa que este partido procura organizar. Certamente, a tendência
de afastamento do Congresso Ordinário da maioria de militantes crítico ao líder do partido seja
uma resposta a esta preocupação que apoquenta a ala que controla o governo. O que importa aos
angolanos é que a crise financeira não venha a ser usada como pretexto para o adiamento sine die
das eleições de 2017. Dixit.
Direita versus esquerda – Manuel Tandu

junho 04, 2016

Zaire - Está abordagem tratará tanto do termo esquerda como a direita no campo da política,
querendo dizer que será uma análise que terá um enfoque sobre a política esquerda e da direita
política, e vou tecer algumas considerações a respeito da conjuntura que se encontram os
governos que têm uma sustentação de partidos de esquerda e das que têm uma sustentação de
partidos da direita.

Fonte: Club-k.net

Deste modo, partindo do pressuposto que a História tem um enfoque no estudo do passado,
permitindo-nos projectar o presente e o futuro, então sou obrigado a olhar no retrovisor, para que
está abordagem tenha uma sustentação. Aliás procurar enterrar o passado, é desejar repetir os
erros do passado. Segundo a Wikipédia, na política o termo direita como esquerda, aparecem
durante a revolução francesa de 1789, onde os membros da assembleia nacional se dividiam em
partidários do rei que assentavam à direita do presidente e os apologistas da revolução que
assentavam à esquerda do presidente. Implica dizer que os da direita descreviam uma visão
específica que aceitava a desigualdade social ou o status quo, enquanto os da esquerda foram
apologistas da igualdade social ou de interesses dos cidadãos. Implica dizer os que
desencadearam a revolução Francesa, eram da esquerda visando abolir o status quo que vigorava.

Então vou avançar até no ano de 1950, concretamente no continente Africano, pois a partir deste
ano as acções ou algumas mentes começaram a assumir um posicionamento mais frontal sobre a
colonização, quer dizer as acções da luta de libertação começaram a ser bem estruturadas.
Angola não fugiu da regra, e os movimentos de libertação tiveram apoios da igreja, e uns através
destes apoios chegaram a ter um contacto indirecto com o EUA. Por isso este País chegou a
financiar alguns movimentos que eram "apologistas" da sua política, mas por ironia de destino
recebiam estes apoios, mas na realidade não inclinavam-se nas políticas do doador, por isso
temos casos onde recebiam de EUA apoios, mais em contrapartida tinha instrutores Chineses. E
uns tiveram correntes que eram apologistas da política Rússia e outros da China.
O MPLA, movimento político que nasce devido a fusão de partidos como: o Partido da luta
unida dos Africanos de Angola (PLUAA), Partido comunista de Angola (PCA), Movimento pela
independência de Angola (MIA) e o Movimento pela independência nacional de Angola
(MINA). Ela sempre foi um partido de esquerda e havia correntes dentro de dela, onde uns eram
apologistas da esquerda Chinesa e uns apologistas a esquerda Russa. Quer dizer esta foi a
indefinição que houve no MPLA, e esta indefinição provocou convulsões. Mas como no
movimento existiu estrategas que puderam ultrapassar esta indefinição, deste modo foi possível
ter uma única orientação que foi a inclinação a esquerda Russa e assumir a ideologia marxismo-
leninismo.

A UPA, que mais tarde passou a denominar-se de FNLA, devido a fusão da UPA (União das
populações de Angola) e do PDA (Partido democrático de Angola), teve um apoio indirecto dos
EUA, através do ex-presidente do Ex-Zaire que também era um "apologista" da política
Americana que era e é sustentada por dois partidos, onde um é partido de centro-esquerda e outra
da direita. Implica dizer que esta nação não tem uma matriz propriamente dita de política
esquerda. Mais houve uma indefinição por parte da FNLA, por não tomar um posicionamento
único sobre a política que iria seguir, ou se inclinava a politica Americana que não tinha uma
inclinação com a esquerda ou se inclinava a politica Chinesa que tinha uma inclinação a
esquerda. E sendo FNLA um partido de esquerda tinha a ideologia de socialismo científico que
na verdade a aproximava à China, e a distanciava da América, embora tendo os seus apoios. E
este facto levou que o EUA chegasse a vomitar passa a expressão a FNLA. Porque? Devido a
indefinição do qual é o caminho que iria seguir. Quer dizer a FNLA, a sua matriz é de esquerda.
E ela não chegou a adoptar a ideologia da democracia Cristã que tem como ceptro político a
direita ou o centro-direita em função da própria conjuntura daquela altura.

Nessa conjuntura em função do terreno que a América perdia, então ela apoio a UNITA que é
um movimento de libertação formado por aqueles que não se reviam nas políticas da FNLA. Mas
a UNITA na realidade não chegou a ser um apologista da política Americana, pois no núcleo
mas restrito deste movimento defendiam-se ideias de Mao Tsé Tung, ou a ideologia de Maoismo
que é a versão Chinesa de marxismo. Então dentro deste movimento, também houve a
indefinição da ideologia a seguir, embora sendo um partido de esquerda com ideologia do
Maoismo, mas em contrapartida recebia apoios de EUA, e esta indefinição provocou que em
algum momento a UNITA "perde-se" o apoio do EUA. Mas segundo um artigo publicado nesta
Website club-k.net, onde afirma-se claramente que através do consultor e lobista Paul Jhon
Manafort Jr. Foi possível que a UNITA tivesse uma "definição" nas políticas que deveria
abraçar. Deste modo a UNITA começou a "assumir-se" como pro-ocidental e "apologista" da
democracia. Mas uma coisa que é certa é que ela na sua essência não chegou a ser um pró de
políticas de ocidente e da democracia. E esta indefinição levou ao fracasso da UNITA, querendo
dizer que este partido cometeu o mesmo erro que a FNLA cometeu, porque? Não olhou ao
retrovisor.

Implica dizer a indefinição tanto da FNLA como da UNITA era idêntica, que foi, ou defendiam
politicas do centro-esquerda e da direita Americana, ou defendiam políticas da esquerda Chinesa.
Enquanto, a indefinição que teve o MPLA foi ou inclinava-se nas politicas de esquerda Chinesa
ou nas politicas de esquerda Russa. Mas depois da guerra fria convencional, quando se dá ou se
começa a guerra fria não convencional, houve a necessidade dos países com politicas de
esquerda se agrupar, e nestes últimos dias se fala dos BRICS, que é um projecto que em certa
medida coloca em causa o status quo da direita. Face a isso, governos sustentados por partidos de
esquerda que têm alguma simpatia aos BRICS, têm passado por variadíssimas situações. Temos
caso da América Latina, onde há uma vassoura quase invisível que têm varrido estes governos,
substituindo-as pelas aquelas que tem uma inclinação a direita. Esta acção também na Europa, e
como a própria UE, é sustentada pelos partidos da direita, nota-se que governos sustentados pela
esquerda estão sendo asfixiados. E a África não esta imune a esta situação, fruto disso já houve
algumas destituições e asfixiamentos de governos com sustentação de partidos de esquerda, e
este asfixiamento é notaria até aqui em Angola onde temos um governo que é sustentado por um
partido da esquerda.

Em suma existe uma batalha secular que envolve a direita e a esquerda e ela tem uma
abrangência mundial. E até agora há uma indefinição por parte de partidos ligados a oposição.
Pois não chegam a definir se são partidos de esquerda ou da direita e quais as ideologias que
defende, esta atitude em nível nacional e inclusive a internacional tem uma repercussão negativa
aos mesmos. Por exemplo se alguém ou um grupo apregoa a outros de modo que façam parte da
religião que professam há uma necessidade de os mesmos em princípio dizer qual é o tipo de
religião que professa, do caminho que percorrem e dos meios que usam para fazer este percurso.

O que isso quer dizer é simplesmente definir-se permitindo ao receptor ter uma ideia clara desta
religião a qual está sendo apregoado a seguir, e as outras religiões em nível internacional só
poderão ter uma cooperação com esta religião devido a sua autodefinição. Implica dizer a
indefinição é um obstáculo que um partido político pode criar-se a si mesmo, fazendo com que
não alcance os seus propósitos. E o MPLA apercebendo-se da importância capital da
autodefinição, ela simplesmente autodefiniu-se. Alias ser leal a um ceptro político e a uma
ideologia assumida é uma virtude que um partido deve possuir. Quer dizer, pode-se continuar no
mesmo caminho (ceptro politico) e usar meios (ideologia) para percorrer o mesmo caminho, mas
que se adequam ao contexto. Agora o que não pode e nem deve acontecer a um partido político
são as mudanças de caminhos (Ceptro politico) e dos meios (ideologia) constantemente, levando
ao mesmo ser um partido com orientação e ideologia instável ou indefinido.

À ESQUERDA E À DIREITA DA POLÍTICA

Por Adriano Adão / Foto Mário Mujetes

Na fundação de qualquer partido, define-se, em primeira mão, a sua ideologia política. O assunto
é ‘pouco’ conhecido no seio de militantes, simpatizantes e amigos de várias forças políticas. O
NG lançou o desafio de ‘desvendar̕, nesta edição e noutras, a corrente ideológica defendida por
cada partido, numa altura em que já decorre a pré-campanha para as eleições de 2017.

A matriz ideológica dos partidos, com ou sem assento na Assembleia Nacional, é um assunto
pouco conhecido e quase nunca sai à tona no seio do eleitorado, quer sejam militantes, amigos
quer sejam simpatizantes.

Nesta senda, o NG abre a ‘polémica’, começando por indagar a oposição sem representação
parlamentar. O líder do partido Aliança Patriótica Nacional (APN), Quintino de Moreira, aceitou
o desafio e foi peremptório em definir a ideologia do seu partido: “É uma força política de
centro-esquerda, porque partilhamos as dificuldades que o nosso povo vive e pensamos que
devemos sempre estar do lado das camadas mais desfavorecidas e que estão no limiar da
pobreza.”

Para o dirigente partidário, a opção ideológica de ‘centro-esquerda’ permite ao APN definir


quatro áreas no seu programa de governação como, políticas ligadas à juventude, à reinserção
social, à agricultura e à indústria. “Os jovens são o nosso futuro e aposta neles fará com que
Angola tenha homens capazes para dirigir o país.” Por outro lado, a APN defende ainda a
“gratuitidade” do ensino superior até ao grau de bacharel e a “isenção de impostos” de todos os
materiais escolares.
De acordo com Quintino Moreira, o pensamento ideológico da APN privilegia também os
antigos combatentes “sem qualquer distinção partidária”. “Defendemos pão para todos e não
pedra para todos,” acrescentou.

BD DE ‘ESQUERDA’

Já o Bloco Democrático (BD) escolheu a matriz da esquerda como orientação política. Segundo
o secretário para a informação do BD, João Baruba, esta ideologia justifica-se porque a nível do
país “há desigualdade social, exclusão social e má distribuição da riqueza nacional”.
“Consideramos que só com um projecto social da esquerda é que teremos famílias coesas e
cidadãos a participar na vida do país,” concluiu.

LIBERAIS

Desde a criação em 1991, o PDP-ANA aposta no liberalismo, como matriz ideológica. O actual
presidente, Sediangani Bimbi, explica que, como liberal, o partido defende os “valores da
democracia multipartidária plena, unidade nacional e a igualdade entre os angolanos.”

Para ele, uma possível implementação do liberalismo daria “mais liberdade aos cidadãos e
garantiria o respeito pelos direitos humanos, solidariedade e humanismo”.

Olho nas eleições

Sediangani Mbimbi ‘herdou’ a liderança do PDP-ANA depois da morte do fundador


Mfulumpinga Landu Victor. O actual presidente do partido garante que as estruturas estão a
preparar as eleições de 2017. “Estamos a mobilizar o povo em todas as regiões”.

Para Mbimbi, a intolerância política é o “fruto do actual regime político”. “Já estão a falar de
adiamento das próximas eleições. As autárquicas não se realizam. Portanto, não se aceita uma
força política com ideias diferentes das do MPLA.”

Com a ambição de voltar ao parlamento, a APN está também a convencer o eleitorado a seu
favor para que tenham bons resultados eleitorais. “Por isso, estamos a fazer todo o trabalho no
sentido de estarmos no centro do poder político, que é a Assembleia Nacional.”
O Bloco Democrático diz não haver “informação oficial” sobre um eventual adiamento das
eleições. João Baruba desconfia que alguns comentadores estão a “especular”. “Começamos com
a formação dos delegados de lista e com os fiscais do registo eleitoral em todo o país. Portanto,
estamos a preparar já o pleito eleitoral”, garante o dirigente bloquista.

You might also like