You are on page 1of 38

> ?

LEITURA E ESCRITA DO TIBETANO


CLÁSSICO

A
Elaboração: Karma Ch'özang Yeshe

(k k0!8-0Wv+-/,-0+{-W-13~-&}=-Qm$-k k
Centro Budista Tibetano Kagyü Pende Gyamtso

Brasília, 2012
Sumário

Introdução......................................................................................................................... 1
Lição 1 - O Alfabeto e as Vogais ..................................................................................... 3
Lição 2 - Os sufixos primários e secundários .............................................................. 11
Lição 3 - Os sobrescritos................................................................................................ 15
Lição 4 - Os subscritos ................................................................................................... 18
Lição 5 - Os prefixos ...................................................................................................... 22
Lição 6 - Observações diversas ..................................................................................... 25
Lição 7 - Prática: alguns textos básicos ....................................................................... 28
APÊNDICE I - Alfabeto: ordem dos traços .................................................................... 30
APÊNDICE II - Estilos de caligrafia ................................................................................ 31
Bibliografia ..................................................................................................................... 36
1

Introdução
Para ilustrar alguns princípios, consideremos o seguinte trecho em tibetano, retirado
do Puja de Tchenrezig:

(k k=$=-W=-&}=-+$-3~#=-<m-1&}#-M1=-;k kA$-&u0-0:-`o-0+#-,m-[0=-=v-
1&mg k0+#-#m=-^m,-=}#=-0>m=-.8m-0=}+-,1=-<m=k k8E}-;-/,-@m:-=$=-W=-8Es0-
.:-<}#k ;,-#=v1k [-0[{+-,mk 0+#-=}#=-1"8-=0-={1=-%,->mk ]m-#2t#-.+-+!:-
O primeiro sinal que chama a atenção é o sinal ondulado logo no começo do texto.
Ele se chama yig go, e não tem nenhum sentido em si. Ele é colocado sempre no anverso
de uma página para poder distingui-lo do verso (lembrem-se: as páginas tibetanas, pela
tradição, não são encadernadas, mas deixadas soltas – daí a importância do yig go). Esse
sinal também é usado para indicar o começo de um texto ou de um capítulo.
Percebemos, ainda, um grupo de letras escritas em um tamanho menor. Em tibetano,
não existem artifícios tipográficos como itálico ou negrito. Para alguns usos – p.ex. para
escrever títulos e para fazer comentários fora do texto principal – o tibetano exige que
escrevamos em uma letra menor. No exemplo acima, o primeiro grupo de letras pequenas
é um comentário sobre o texto precedente ("repita 3 vezes"); o segundo grupo é, por outro
lado, a explicação da seção seguinte ("criação da divindade").
Outra coisa que nos chama a atenção é que, a cada certo número de letras, vemos
alguns espaços, delimitados (de um ou ambos os lados) por linhas verticais. Essas linhas,
chamadas de she, servem mais para mostrar uma pausa na recitação do que como uma
pontuação formal. Nesse texto, escrito em poesia, ele delimita os versos. Há vários tipos
de she (como, por exemplo, o que vemos no começo da segunda linha), mas essa diferença
não influi no sentido. Oportunamente, essa variedade será estudada.
Vemos também alguns pontos entre determinadas letras. Chamamo-los de ts'eg, e
eles são muito importantes na língua tibetana: eles delimitam as sílabas, a unidade
primordial da língua. De fato, o nome tibetano para “sílaba” ou mesmo “palavra” (em
certos contextos) é ts'eg bar, literalmente “entre [dois] ts'eg”.
O tibetano é uma língua de base silábica. Ou seja, cada sílaba pode ser uma palavra
independente, pode carregar um sentido completo. Todos nossos estudos nesse módulo,
portanto, se concentrarão na estrutura das sílabas e em como as diversas estruturas podem
influir na pronúncia.
A sílaba tibetana – ou seja, o conjunto de letras entra dois ts'eg (pontos) – pode ser
bem simples (formada apenas de uma letra) até bem complexa (com diversos elementos
anexados à letra principal).
2

Vejamos, então, na figura 1 abaixo, os diversos elementos que podem estar


presentes numa sílaba tibetana. "Podem" porque nenhum deles é obrigatório, a não ser a
letra-raiz. Todos os outros elementos simplesmente se juntam à letra-raiz, modificando ou
não a pronúncia da sílaba (muitas letras nessas posições são, de fato, mudas), de acordo
com regras bem definidas, que serão tema das lições subseqüentes.

① prefixo ⑤ vogal
② sobrescrito ⑥ sufixo (primário)
③ letra-raiz ⑦ sufixo (secundário)
④ subscrito

fig.1 – A sílaba tibetana

Em uma nota final, e a título de curiosidade, existem em tibetano diversos estilos de


caligrafia. Utilizaremos neste método o estilo chamado utchen, mais comum em textos
impressos de livros ou sadhanas. Há alguns exemplos dos estilos mais representativos no
APÊNDICE II.
3

Lição 1 - O Alfabeto e as Vogais


1) Introdução

Toda e qualquer sílaba, simples ou complexa, é construída em volta do que se


chama de letra-raiz. A ela podem-se juntar vogais, prefixos, sufixos, sobrescritos,
subscritos, etc., que modificam (ou não) seu sentido e pronúncia, de acordo com regras
específicas, que serão analisadas nos próximos capítulos. No entanto, a menor sílaba
possível é constituída de apenas uma simples letra, dentre as trinta letras do alfabeto.
Todas as 30 letras do alfabeto tibetano são, em princípio, consoantes. A elas
podem-se juntar sinais extras que carregam em si um valor vocálico. A primeira regra que
se deve aprender é a seguinte:
Quando não há um sinal vocálico ligado à letra, um som "a" fica subentendido.
Isso quer dizer, por exemplo, se há o sinal da vogal i ligado à letra que representa a
consoante nasal m, temos a sílaba mi. Se não há nenhum sinal vocálico junto à letra m,
devemos lê-la simplesmente ma. Assim:
1 m + m i = 1m- mi 1 m + Ø = 1- ma
É por essa razão que, ao recitarmos o alfabeto, sempre lemos a vogal a inerente às
letras, assim: ka, k'a, ga, nga, tcha, tch'a, dja, etc. Note que a sílaba só é considerada
completa quando terminada por um ts'eg.
Antes de vermos o alfabeto propriamente dito, devemos nos familiarizar com alguns
termos técnicos de lingüística e fonética que serão usados nas seções subseqüentes. Para
discussões mais detalhadas sobre esses conceitos, consultem manuais de lingüística
(algumas sugestões podem ser dadas aos que se interessarem).

2) Pequeno glossário de termos técnicos usados a seguir (v. figura 2)

a) VOGAL vs. CONSOANTE: Uma vogal é um som em uma língua falada que é
caracterizado por uma configuração aberta e desimpedida do trato vocal.
Pronuncie algumas vogais como /a/, /e/ ou /i/ e note que o fluxo de ar,
"energizado" pela vibração das cordas vocais, passa livremente pela glote,
garganta, boca e lábios, sem encontrar nenhum obstáculo maior (lábios fechados,
língua nos dentes, etc.). As diferenças entre as várias vogais são um fator do
posicionamento das diversas partes móveis do trato vocal (lábios, mandíbula,
língua, úvula...) que, apesar de não constringir significativamente o fluxo de ar,
dão-lhe forma.
4

Já uma consoante é um som que é produzido por uma constrição, parcial ou total,
do trato vocal e um ou mais pontos. O som consonantal /p/ depende de um corte
no fluxo de ar através do fechamento dos dois lábios (daí a classificação
bilabial), por exemplo.

b) PONTO DE ARTICULAÇÃO: classificam-se as consoantes, a princípio, de acordo


com seu ponto de articulação, ou seja, em que parte do trato vocal se encontra a
constrição principal. No exemplo acima, vimos que o /p/ é pronunciado com uma
constrição nos lábios, do que se depreende que ele possui um ponto de
articulação bilabial. Alguns pontos de articulação importantes no tibetano:
- gutural (ou velar): constrição principal na garganta, pelo contato do véu
palatino (final do céu da boca e úvula (campainha)) com a parte posterior da
língua.
- palatal: constrição principal no palato (céu da boca), pelo contato do dorso da
língua com o palato duro.
- dental (ou alveolar): constrição principal nos dentes ou alvéolos (porção dura
do céu da boca logo atrás dos dentes), pelo contato da ponta da língua com os
alvéolos no maxilar superior.
- bilabial: constrição principal obtida pelo contato dos dois lábios.

c) MODO DE ARTICULAÇÃO: se refere a que tipo de constrição o fluxo de ar é


submetido, no ponto de articulação em questão. Há dois tipos principais e a
combinação entre os dois:
- oclusivo: quando a passagem do ar é interrompida totalmente por um instante
(e depois é liberada, com uma pequena explosão - daí o outro nome: plosivo).
- constritivo: quando a passagem do ar é estreitada mas não interrompida.
Subdivide-se em três principais:
•fricativas: passagem do ar por uma fenda estreita no meio da via bucal, com
um som que lembra uma fricção. Ex.: /s/, /f/.
•vibrantes: caracterizam-se pelo movimento vibratório rápido da língua ou
do véu palatino. Ex.: /r/ do espanhol, em perro.
•laterais: passagem do ar pelos dois lados da via bucal, pois o meio
encontra-se obstruído por algo. Ex.: /l/.
- africado: combinação de um som oclusivo com um som fricativo, de mesmo
ponto de articulação, pronunciados de forma una e inseparável. Por exemplo, o
som dj, formado pelo som oclusivo alveolar /d/ seguido prontamente de uma
fricativa alveolar /j/.

d) CONSOANTES SURDAS vs. SONORAS: esses termos descrevem o papel das pregas
vocais (ou cordas vocais) na produção do som. Consoantes surdas (ou não-
vozeadas) são produzidas com um fluxo de ar que vem direto dos pulmões
através das pregas vocais na posição aberta que, por isso, não vibram. Já
5

consoantes sonoras (ou vozeadas) são produzidas com o ar "energizado" com a


vibração das pregas vocais, que vibram porque restringem o som em sua posição
fechada (produzindo um zumbido pelo mesmo princípio de um balão de ar cheio
do qual escapa ar por uma fenda estreita em sua boca).
As consoantes se arranjam em pares de surda e sonora. Por exemplo, há duas
consoantes oclusivas bilabiais: /p/ e /b/. Não há diferença alguma entre elas no
que se refere ao ponto ou ao modo de articulação, apenas em relação ao
vozeamento: /p/ é surda e /b/ é sonora. Da mesma formas temos outros pares
semelhantes: /t/ e /d/; /k/ e /g/; /s/ e /z/; /f/ e /v/; /tch/ e /dj/; e assim por diante.

e) CONSOANTES ASPIRADAS vs. NÃO-ASPIRADAS: essa distinção não existe em


português, mas é muito importante em tibetano (e, até certo ponto, em inglês).
Essa distinção aparece em especial no caso de consoantes plosivas (ou oclusivas)
como /p/, /t/ ou /k/. Lembre-se, elas são também chamadas de plosivas porque
são produzidas com uma interrupção completa do fluxo de ar, o que gera uma
certa pressão e leva a uma pequena explosão de ar.
No caso da versão não-aspirada dessas consoantes, essa explosão é moderada,
como ocorre no português.
Já para as aspiradas (ausentes no português), essa explosão é acompanhada por
um fluxo forte de ar, como se as consoantes fossem seguidas do som de um /h/
(h como em hot no inglês), assim: /ph/, /th/ e /kh/. Esse fenômeno ocorre muito
amiúde na língua inglesa, no caso de surdas em começo de palavra: pet /phet/,
coat /khowt/. Aqui usaremos o apóstrofo (ex. p'a) para indicar aspiração.

1 - traquéia
2 - laringe
3 - pregas vocais (glote)
4 - faringe
5 - cavidade bucal
6 - cavidade nasal
7 - véu palatino
8 - dentes
9 - língua
10 - lábios
11 - palato duro
12 - alvéolos

fig.2 – Esquema do aparelho fonador


6

f) ORAL vs. NASAL: a distinção é bem simples: para a produção de vogais e


consoantes orais, o véu palatino sobe e obstrui a passagem de ar para a cavidade
nasal, o que resulta em um som emitido completamente através da boca. Já no
caso de vogais e consoantes nasais, o véu palatino não se mexe, o que faz com
que o som saia tanto pela boca quanto pelo nariz. Os sons nasais são mais
abafados, por causa do poder de absorção da mucosa nasal.

3) As 30 letras

As trinta letras do alfabeto tibetano são tradicionalmente arranjadas em sete linhas e


meia de quatro letras cada, e há uma razão por trás disso, como veremos. Vejamos
primeiro a tabela completa, junto com sua transliteração (para a ordem dos traços, v.
APÊNDICE I).
!- "- #- $-
ka k'a ga nga
%- &- '- (-
tcha tch'a dja nya
)- *- +- ,-
ta t'a da na
.- /- 0- 1-
pa p'a ba ma
2- 3- 4- 5-
tsa ts'a dza wa
6- 7- 8- 9-
sha sa a ya
:- ;- <- =-
ra la sha sa
>- ?-
ha a
7

4) Os sinais de vogal

Há cinco vogais primárias no tibetano: a, i, u, e, o. Sua pronúncia é equivalente à de


suas contrapartes em português. Como a vogal a é inerente às consoantes não-marcadas,
temos quatro sinais de vogal, que são:
vogal nome exemplo
i m guigu #m-]o- 1m- mi

u v shabkyu 60=-<o- 1v- mu

e { drengbu 8E{$-0v- 1{- me

o } naro ,-:}- 1}- mo

5) Pronúncia das letras

O alfabeto tibetano se originou do alfabeto sânscrito (devanāgarī), e, como este


último, é organizado de uma maneira muito lógica e didática.
Antes de vermos a pronúncia das letras, vejamos um princípio que vai reger as
linhas de 1 a 5 (com exceção da letra 20). Nessas letras, cada linha representa um mesmo
ponto de articulação e cada coluna um modo de articulação.
As colunas são organizadas de uma maneira lógica: a primeira coluna contém uma
consoante surda não-aspirada; a segunda, uma consoante surda aspirada; a terceira, uma
consoante sonora1; e a quarta, uma consoante nasal.
Vejamos como essa regra se concretiza em cada uma das linhas:

5.1. 1ª linha
!-"-#-$- ka k'a ga nga
Essa linha reúne as consoantes com o ponto de articulação gutural, ou seja,
consoantes que são pronunciadas na garganta, elevando o fundo da língua de forma a tocar
o véu palatino ("campainha").
Conforme a regra exposta acima, a primeira consoante é surda. Ora, a surda gutural
nada mais é que ka.
A segunda é surda e aspirada. Então, devemos pronunciá-la como k'a, isto é, como
a anterior, seguida de uma forte aspiração.
A terceira é sonora. Daí, sabemos que ela representa o som ga. Esse som é sempre
"duro", mesmo, por exemplo, antes das vogais /e/ e /i/ - pronuncia-se /gue/ e /gui/.

1
Na verdade, trata-se de uma consoante de tom baixo, levemente sonora e levemente aspirada, dependendo do contexto. Isso
será explicado melhor nas aulas.
8

A quarta é nasal. A nasal desse ponto de articulação gutural é nga. Esse som não
existe em português. Pronuncia-se da seguinte forma: como nas palavras inglesas long e
singer, o /g/ não é pronunciado, somente "sugerido". Tomemos a palavra ming (nome)
como exemplo: primeiro, pronuncie-a como se o /g/ fosse pronunciado - algo como
/mingue/. Então, pronuncie novamente a palavra, mas pare no exato momento que sua
garganta se prepara para emitir o /g/ e não o deixe "explodir". Dessa forma você terá
pronunciado uma espécie de /n/ gutural ("na garganta"). Esse som não é difícil de ser
pronunciado em final de sílaba, mas é bom saber que, em tibetano, ele ocorre também no
começo de sílaba, como em nga (eu, ego).

5.2. 2ª linha
%-&-'-(- tcha tch'a dja nya
Essa linha reúne as consoantes africadas palatais. São, portanto, pronunciadas com
o dorso da língua em contato com o céu da boca. Como são africadas, elas são a junção de
uma plosiva /t/ ou /d/ com uma fricativa, no caso, palatal - /sh/ ou /j/.
A primeira é a surda - tcha (como em português).
A segunda é a aspirada - tch'a. Esta é pronunciada como a anterior, mas seguida de
uma forte aspiração.
A terceira é a sonora - dja.
Finalmente, a quarta é a nasal - nya, pronunciada exatamente como é transliterada,
ou seja, bem semelhante ao dígrafo nh em português.

5.3. 3ª linha
)-*-+-,- ta t'a da na
Essa linha é dedicada às consoantes dentais (ou alveolares) - a ponta da língua
encosta na protuberância do palato duro logo atrás dos dentes.
A primeira é a surda - ta.
A segunda é a aspirada - t'a.
A terceira é a sonora - da.
A terceira é a nasal - na.
A pronúncia das letras dessa linha é bem simples, e bem semelhante ao português. É
importante ressaltar, no entanto, que ti e di são bem pronunciados (à maneira nordestina),
e não são pronunciados /tchi/ e /dji/, como ocorre em muitos dialetos brasileiros.

5.4. 4ª linha
.-/-0-1- pa p'a ba ma
Essa é a linha das bilabiais. Como o nome bem obviamente ilustra, são
pronunciadas com o fechamento dos dois lábios.
A primeira, surda, é pa.
A segunda, aspirada, é p'a.
A terceira, sonora, é ba.
A quarta, nasal, é ma.
9

5.5. 5ª linha
2-3-4-5- tsa ts'a dza wa
Essa linha reúne as consoantes africadas dentais (compare com a segunda linha,
cujas letras são bem parecidas). Como africadas, são realizadas com a junção de uma
plosiva dental - /t/ ou /d/ - com uma fricativa dental - /s/ ou /z/, de acordo com o caso.
A surda é tsa.
A aspirada é ts'a. Sem nenhum mistério, basta adicionar uma forte aspiração ao
primeiro som da linha.
A sonora é dza.
A partir da última letra dessa linha, toda a lógica que nos serviu bem até agora é
quebrada. A quarta letra é pronunciada wa.

5.6. 6ª linha
6-7-8-9- sha sa a ya
Nessa linha e nas seguintes, como dito acima, não há mais "lógica".
A primeira letra é pronunciada sha. O encontro consonantal sh é pronunciado como
no inglês (sharp, shot), como o ch em português.
A segunda letra é pronunciada simplesmente sa. Alguns livros, no entanto, podem
trazê-la como sendo pronunciada za.
A consoante representada pela terceira letra é muda - ela assume o som da vogal que
ela carrega. Sem vogal nenhuma, ela é simplesmente a.2
A última é uma semivogal, pronunciada ya. É chamada de semivogal pois se parece
com uma vogal - no caso, /i/ - mas é pronunciada mais rapidamente e com mais
constrição, como uma consoante. O y é o mesmo do inglês, em yes ou yard.

5.7. 7ª linha
:-;-<-=- ra la sha sa
A primeira letra é ra, pronunciada como a consoante r no meio de palavras em
português, como em caro, não como em carro ou rato.
A segunda letra é la.
A terceira letra é sha. Ela é pronunciada exatamente como a sha da linha acima. Na
verdade, há uma sutil diferença - referente ao tom (baixo ou alto) - da letra, mas isso não
será objeto desse curso.
A quarta é sa. A mesma observação acima se aplica.

5.7. 8ª linha
>-?- ha a
A penúltima letra do alfabeto é a aspiração propriamente dita, ha. O h aqui nunca é
mudo, mas é pronunciado como o h do inglês em hospital ou hot.

2
No tibetano coloquial, essa letra, em certas palavras, soa como “w”, como em ལ o’la ou wo’la (embaixo)
10

A última letra é pronunciada como a penúltima letra da sexta linha, observada a


diferença de tom referida acima, ou seja, a. Ela também é muda - com um sinal de vogal i
ela se lê i, por exemplo.

6) Como soletrar

No tibetano, é muito importante saber soletrar as palavras, uma vez que é grande o
número de vocábulos homófonos (de pronúncia semelhante), cuja única diferença está no
ordenamento das letras (muitas delas mudas, como veremos depois).
Como aprendemos apenas as letras e as vogais até agora, nos ateremos, por ora, a
sílabas bem simples. Conforme formos estudando os demais elementos da sílaba tibetana,
voltaremos ao assunto da soletração. É importante aprender esse ponto muito bem!
Por enquanto, devemos internalizar a seguinte regra:
Primeiro, nomeia-se a letra raiz, depois a vogal, e por último a combinação.
Exemplos:
,}- na naro no 0{- ba drengbu be
"m- k'a guigu k'i bo- sha shabkyu shu
,-:}-9m- na; ra naro ro; ya guigu yi; na ro yi

7) Exercício

Leia e soletre, em voz alta, as seguintes sílabas:


>m- :{- ;}- &u- ={- 7{- 6m- <- ?{- dp- ,m- /v- +}- 1{- 5{- ]o-
8m- >m- ?m- ${- +{- :}- ;v- %{- 3u- bo- 'm- 4v- ?v- 8{- (m- <}-
*m- ao- 7m- 'm- 0v- +{- 7v- <m- "}- #}- ;v- 1{- 6}- !{- :v- =}-
$v- >}- `o- 4- '}- 2t- _p- `o- dp- 0{- /}- ^p- *{- 8v- 5w- #{-
11

Lição 2 - Os sufixos primários e secundários


1) Introdução

Tendo sempre em mente o esquema da sílaba tibetana apresentado à página 2,


passemos ao estudo dos elementos formadores da sílaba tibetana. Como dito na lição
anterior, a sílaba mais simples possível consiste apenas de uma letra-raiz, adicionada ou
não de uma vogal.
Os sufixos são um elemento que pode ser adicionado, assim, à letra-raiz,
modificando ou não a pronúncia total da sílaba. Dividem-se em primários e secundários
no que se refere à sua posição contada a partir da letra-raiz: sufixos primários são
adicionados no espaço imediatamente à direita (depois) da letra-raiz, enquanto sufixos
secundários seguem necessariamente os sufixos primários.
Vejamos, então, as regras que regem o comportamento dos sufixos.

2) Sufixos Primários
#-$-+-,-0-1-8-:-;-=-
Dez letras (listadas acima) podem assumir a função de sufixos. Dividamo-las em
grupos e vejamos como elas influenciam a pronúncia da sílaba.

2.1. Sufixos que apenas adicionam seu som consonantal


#-$-0-1-8-:-
Seis das dez letras que podem ser sufixos alteram a pronúncia da sílaba adicionando
seu valor consonantal a ela – ou seja, seu som sem o 'a' inerente. Por exemplo, em uma
sílaba cuja letra-raiz é la, adicionada da vogal e (la drengbu le), se acrescentarmos o
sufixo ba, leremos o conjunto como leb. Assim:
+
;{ 0 ;{0-
= leb
Soletrar uma sílaba com sufixo é fácil: soletramos a letra-raiz com sua vogal
conforme já explicado, enunciamos o sufixo, e então a sílaba resultante. Exemplos:
"}#- kha naro kho ga khog3
1m$- ma guigu mi nga ming
:0- ra ba rab

3
O sufixo ga nem sempre é pronunciado claramente. Especialmente no final de palavras (em contraposição a uma posição em
meio de palavra dissilábica, como "og ma"), esse som de g tende a desaparecer, deixando apenas uma "parada glotal" (escutada
no meio da interjeição inglesa "uh-oh"). Pela uniformidade, manteremos, no entanto, a transliteração com g.
12
${:- nga drengbu nge ra nger
.}8- pa naro po a po
#}$-`o-=}$-6m$- ga naro go nga gong; da shabkyu du; sa naro so nga
song; sha guigu shi nga shing; gong du song shing
Como pode ser visto no penúltimo exemplo acima, no caso do sufixo a, como seu
som consonantal é mudo, sua adição à sílaba na posição de sufixo não altera a pronúncia
do conjunto.

2.2. Sufixos que alteram a vogal da sílaba


;-=-+-,-
Os quatro sufixos restantes têm a propriedade especial de alterar a pronúncia da
vogal da sílaba (a que acompanha a letra-raiz). Duas, além de promover essa mutação
vocálica, adicionam seu som à sílaba, e duas apenas influenciam a vogal, sem adicionar
seu som. Veremos isso adiante.
Primeiro, analisemos esse de mutação vocálica, chamada tecnicamente de umlaut.
Na presença desses sufixos, a vogal da sílaba sofre transformações segundo a tabela
abaixo:
A  E
I  I (não muda)
U  Ü
E  E (não muda)
O  Ö
Essas duas vogais "adicionais" – ö e ü – são chamadas vogais arredondadas, porque
envolvem o arredondamento dos lábios (vulgo biquinho).
A vogal ü é pronunciada como o ü alemão em müssen, ou o u francês em lune. Ele é
a versão arredondada da vogal i – para aprender a pronunciá-la, seguimos os seguintes
passos. Primeiro, pronunciamos bem e de forma alongada a vogal i. Depois, mantendo a
cavidade bucal imóvel (sem mexer a língua, mandíbula, etc), arredonda-se gradualmente
os lábios (faz-se um "biquinho"), sem nunca deixar de pronunciar iiiii. Quando os lábios
estiverem bem projetados e arredondados, o som do i terá se transformado em ü.
A vogal ö é pronunciada como o ö alemão em schön, ou o eu francês em peu (mas
não tão aberto como em coeur). Ele é a versão arredondada da vogal e (fechado). Como
fizemos com o ü, para aprender a pronunciar essa vogal, começamos pronunciado eeeee.
Mantendo a boca na posição do e, apenas provocamos a protrusão e arredondamento dos
lábios, até que obtenhamos ö.
13

2.2.1. Sufixos que alteram a vogal e adicionam seu som


;-,-
Essas duas letras, la e na, além de promover a alteração da vogal conforme
discutido acima, adicionam seu som consonantal à sílaba. Vejamos alguns exemplos:
1,- ma na men
.;- pa la pel
9m,- ya guigu yi na yin
=m;- sa guigu si la sil
0v,- ba shabkyu bu na bün
co;- sha shabkyu shu la shül
8{,- a drengbu e na en
3|;- ts'a drengbu ts'e la ts'el
#},- ga naro go na gön
:};- ra naro ro la röl

2.2.2. Sufixos que alteram a vogal, mas não adicionam seu som
+-=-
Essas letras, da e sa, apenas ocasionam o umlaut vocálico, sem adicionar seu som
consonantal. Exemplos deixarão esse processo mais claro:
2+- tsa da tse
;=- la sa le
=m+- sa guigu si da si
<m=- sha guigu shi sa shi
`o+- da shabkyu du da dü
;v=- la shabkyu lu sa lü
1{+- ma drengbu me da me
7{=- sa drengbu se sa se
#}+- ga naro go da gö
&}=- tch'a naro tch'o sa tch'ö

3) Sufixos Secundários
=-+-
Apenas duas letras podem ocupar essa posição. É importante saber que só há sufixo
secundário quando também há um sufixo primário! Os sufixos secundários não
influenciam a pronúncia de forma alguma – são "mudos". Estão lá apenas por razões
etimológicas.
Dos dois sufixos secundários possíveis, apenas o primeiro, sa, é comum. O segundo,
da, aparece muito raramente em algumas formas verbais, e é freqüentemente omitido em
edições mais modernas: nós não o estudaremos aqui, pois. Alguns exemplos:
;#=- la ga sa lag
=$=- sa nga sa sang
14
:m#=- ra guigu ri ga sa rig
={1=- sa drengbu se ma sa sem
;}$=- la naro lo nga sa long
/m0=- p'a guigu p'i ba sa p'ib

4) Exercício

Leia e soletre as sílabas e palavras a seguir:


%m#- &}$- :{1- +1- ,m0- =v1- 9{#-
coo$- 3u0- (m$- 4n0- $$- *v0- '}:-
/v1- $m1- +{$- #{#- 2t$- ,{1- *8-
={8- .+- )m+- %t+- :{+- 0}+- ;=-
:m=- ({=- &}=- ),- 2n,- *v,- 6{,-
8}+- =;- !m;- 9{;- 3~,- ;},- =v;-
1m;- `o,- =,- $+- +$- 4|;- ao;-
0{=- 5=- %+- 7+- :m:- <m#- :v1-
&m$- 2$- 6m,- !},- dp:- ){;- $1-
;1- 1;- /v;- "}0- 6}=- .v=- ]o,-
:m#=- ={1=- *v#=- ;{#=- /}0=- ;$=- 9{$=-
+},- <{=-:0- &}=- ;=- *}0-.- (},-1}$=- ;v=-
]o=-.- *{#-.-&{,-.}- 9},-),- 9v;- :m,-.}-&{- *0=-
15

Lição 3 - Os sobrescritos
1) Introdução

Os sobrescritos são muito freqüentes em tibetano, mas são extremamente simples:


sua presença não muda a pronúncia da sílaba de maneira alguma 4 . Há três letras que
podem assumir essa posição: ra, la e sa. Devido à sua posição, as letras sobrescritas são
chamadas respectivamente ra-go, la-go e sa-go – go significa "cabeça". Vejamos cada um
dos sobrescritos:

2) Ra sobrescrito (ra-go)
:-1#}-
A letra ra, de uma forma truncada (exceto sobre uma letra), pode aparecer como
sobrescrito de doze letras das trinta no alfabeto tibetano. Conforme explicado acima, o
sobrescrito não influencia a pronúncia do resto da sílaba. Vejamos:
: ! F-
+ = + =
: # G- + =
: $ H-
: + ' = I- : + ( = J- : + ) = K-
: + + = L- : + , = M- : + 0 = N-
: + 1 = O- : + 2 = P- : + 4 = Q-
Para soletrar esse e outros sobrescritos, há duas formas. A primeira consiste em:
a) nomear o sobrescrito;
b) nomear a letra-raiz;
c) juntar a conjunção dang ("e");
d) recitar o conjunto completo.
Ex.:
G-
ra ga dang ga
H}-
ra nga dang nga naro ngo
O segundo método, mais comum (e o que utilizaremos aqui), é semelhante ao usado
com os subscritos (lição 4):
a) nomear o sobrescrito;
b) nomear a letra-raiz;
c) juntar a palavra tag5 ("pendurado, ligado");
d) recitar o conjunto completo.
Ex.:
J{+-
ra nya tag nya drengbu nye da nye ra tsa tag tsa
P-
4
Para sermos mais precisos, os sobrescritos fazem com que as consoantes que chamamos de “sonoras” aqui (ga, dza, da, etc)
se tornem realmente sonoras e percam qualquer aspiração que possam ter. O mesmo ocorre com os prefixos (lição 5).
5
lembre-se que o sufixo g de tag é quase mudo. V. nota à página 11.
16

3) La sobrescrito (la-go)
;-1#}-
A letra la pode se ligar como sobrescrito a dez letras. Ao contrário do que acontece
com o ra-go, o la nessa posição não sofre nenhuma mudança de forma.
; ! R-
+ =
; # S-
+ =
; $ T-
+ =
; + % = U- ; + ' = V- ; + ) = W-
; + + = X- ; + . = Y- ; + 0 = Z-
Na última combinação, temos a única exceção dos sobrescritos. A combinação de
la-go e a letra-raiz ha não é pronunciada ha, mas hla (com o som aspirado do h
pronunciado ao mesmo tempo do l):
+
; > [-
=
Exemplos de como soletrar:
V$-]o- la ja tag dja nga djang; ga shabkyu gu; djang gu
X}#-&}=- la da tag da naro do ga dog; tch'a naro tch'o sa tch'ö; dog tch'ö
Jm$-1- ra nya tag nya guigu nyi nga nying; ma; nying ma

4) Sa sobrescrito (sa-go)
=-1#}-
Onze letras podem se ligar ao sa sobrescrito. Aqui não há nenhuma exceção:
= ! !-
+ =
= # "-
+ = +
= $ #-
=
= + ( = $- = + ) = %- = + + = &-
= + , = '- = + . = (- = + 0 = )-
= + 1 = *- = + 2 = +-
Exemplos:
+};-/}+- sa tsa tag tsa naro tso la tsöl; p'a naro p'o da p'ö; tsöl p'ö
$m$-.}- sa nya tag nya guigu nyi nga nying; pa naro po; nying po
#-I{=- sa nga tag nga; ra dja tag dja drengbu dje sa dje; nga dje
17

5) Observação

Cuidado para não confundir!


T-nga vs.
X- da
H- nga vs.
L- da
#- nga vs.
&- da

6) Exercício

Leia e soletre as sílabas e palavras a seguir:


Q}#=- G,- F$- F}+- K}#=- L};-
Ly;- M;- P{#- R}#- [#=- Xm$=-
Uz+- [}+- Xr1- Y#=- W:- "}1-
X,- Q=- &m#- $m$- #- X-
1-G,- (}$-#m- U#=-!q;- P-(},- Q-H- *+-!q-21-
Im0-;=- &m#-Ws$- R#-R}#=- O$-L}- L}-I{- "-*t#-
H-&{,- #-#}$-,=- T-&{- V#=-P}#- F{+-:#=- Rr#-Xm0-
18

Lição 4 - Os subscritos
1) Introdução

Os subscritos, como seu nome sugere, são letras que se ligam à letra-raiz por sua
base. Seu estudo é muito importante, principalmente porque sua presença altera muitas
vezes profundamente a pronúncia da sílaba.
Três letras podem assumir essa posição: ya, ra e la. Quando nessa posição, são
conhecidas como ya-tag, ra-tag e la-tag; esse tag é o mesmo a que nos referimos na lição
anterior: ele significa algo como "pendurado, ligado". Conforme visto na introdução, há
casos em que há tanto subscritos quanto sobrescritos numa mesma sílaba.

2) Ya subscrito (ya-tag)

A letra ya pode aparecer subscrita a sete letras, e modifica o som de todas elas. Ela
assume uma forma truncada especial nessa posição, representada no título dessa seção.
Nós estudaremos ao mesmo tempo os sons resultantes dessa combinação especial e
a forma de soletrá-los. Como notarão, usa-se a mesma regra de soletração dos sobrescritos:
lê-se a letra que está acima (no caso, a letra-raiz), depois a letra de baixo (o subscrito),
junta-se a sílaba tag e recita-se o som final. Vejamos, então:
! + 9 = <- ka ya tag = KYA
" + 9 = =- k'a ya tag = K'YA
# + 9 = >- ga ya tag = GYA
. + 9 = ?- pa ya tag = TCHA (=
%-)
/ + 9 = @- p'a ya tag = TCH'A
&-
(= )
0 + 9 = A- ba ya tag = DJA
'-
(= )
1 + 9 = B- ma ya tag = NYA
(-
(= )

Alguns exemplos com ya-tag:


<m#-P{- ka ya tag kya guigu kyi ga kyig; ra tsa tag tsa drengbu tse; kyig tse
=+-&}=- k'a ya tag k'ya da k'ye; tch'a naro tch'o sa tch'ö; k'ye tch'ö
19
>{:-1}- ga ya tag gya drengbu gye ra gyer; ma naro mo; gyer mo
=$=-W=- sa nga sa sang; ra ga tag ga ya tag gya sa gye; sang gye
?m-;}#=- pa ya tag tcha guigu tchi; la naro lo ga sa log; tchi log
@-:- p'a ya tag tch'a; ra; tch'a ra
^$=- sa ba tag ba ya tag dja nga sa djang
Bp:-`o- ma ya tag nya shabkyu nyu ra nyur; da shabkyu du; nyur du

3) Ra subscrito (ra-tag)

A letra ra pode aparecer subscrita a quatorze letras, mudando radicalmente sua


pronúncia. Ra sob a forma de ra-tag fica truncada, conforme ilustrado junto ao título da
seção. Sempre se liga à direita da letra-raiz.
Note como, no caso das três primeiras letras nas linhas um (guturais), três (dentais)
e quatro (bilabiais), todas se comportam de maneira análoga: o que importa é a coluna em
que se encontram. Se são surdas, continuam surdas como tra; se são aspiradas, continuam
assim como t'ra; e se são sonoras, permanecem sonoras como dra.
O r que se transcreve aqui em tra, t'ra e dra na realidade mais se parece com o r
retroflexo ("língua virada para trás") do inglês. Para sermos mais exatos, ele quase não é
pronunciado, mas transfere seu caráter retroflexo ao som anterior (t, t' ou d).
Vejamos como o ra-tag funciona:
! + : = C- =
. + : = I- =
) + : = F- = TRA
" + : = D- =
/ + : = J- =
* + : = G- = T'RA
# + : = E- =
0 + : = K- =
+ + : = H- = DRA

1 + : = L- = MA (ou NA)
, + : = *- = NA
< + : = M- = SHA
= + : = N- = SA
> + : = O- = HRA (ou HA)
Alguns exemplos com ra-tag:
J-+}#- p'a ra tag t'ra; da naro do ga dog; t'ra dog
20
E{$=- ga ra tag dra drengbu dre nga sa dreng
N}#=- sa ra tag sa naro so ga sa sog
c=-.- sa pa tag pa ra tag tra sa tre; pa; tre pa
D1-7};- k'a ra tag t'ra ma t'ram; sa naro so la söl; t'ram söl
Om;-0v- ha ra tag hra guigu hri la hril; ba shabkyu bu; hril bu
@#-Hs#-.- p'a ya tag tch'a ga tch'ag; da ra tag dra shabkyu dru ga drug; pa;
tch'ag drug pa

4) La subscrito (la-tag)
;-
A letra la, por último, pode atuar como subscrito de seis letras. Em todos os casos,
exceto um, a combinação resultante será lida simplesmente la.
A única exceção é a letra sa (sexta linha do alfabeto) – em conjunção com o la-tag,
ela passa a ser lida não la, mas da. Vejamos a tabela do la-tag:
! ; P-
+ = LA
# ; Q-
+ = LA
0 + ; = R- LA
: + ; = T- LA
= + ; = U- LA
7 + ; = S- DA

Alguns exemplos com la-tag:


R-1- ba la tag la; ma; la ma
Pt-Es0- ka la tag la shabkyu lu; ga ra tag dra shabkyu dru ba drub; lu drub
U}0-.- sa la tag la naro lo ba lob; pa; lob pa
Tt$-K- ra la tag la shabkyu lu nga lung; ra ta tag ta; lung ta
S-8}+- sa la tag da; a naro o da ö; da ö
21

5) Exercício

Leia e soletre as sílabas e palavras a seguir:


<m=- =},- ?:- B}$=- @=- =m- A}=-
<+- ],- @}#=- Js#- Cm1=- F=- D};-
N=- C{$- Im:- @m:- O}#- K=- Em0=-
B+- H,- N}#=- Q},- S}#=- Qw,- Gm1-
Tt$- Sm$- Ut;- G{#=- au0=- W;- ^}:-
L}-I{-Qm$- &}=-Qm$- =$=-W=- X}$=- Wv+-<m- am0-.- [{=-0v-
22

Lição 5 - Os prefixos
1) Introdução

Essa lição se concentra sobre o último dos elementos estruturais da sílaba tibetana
de acordo com a ordem adotada neste método: os prefixos. Como seu nome sugere, os
prefixos são letras que podem aparecer na posição que existe antes da letra-raiz (v. fig. 1,
p. 02).
Conforme será exposto abaixo, cinco letras podem assumir o papel de prefixos.
Como regra geral, prefixos não alteram a pronúncia da sílaba6. Há exceções, que serão
discutidas no momento apropriado.

2) Os cinco prefixos – regra geral


#-+-0-1-8-
As cinco letras acima são as únicas que podem ocupar a posição de prefixo e, em
geral, não alteram a pronúncia, i.e. são mudas. Para soletrar sílabas com prefixos, basta
nomear o prefixo seguido da sílaba og7, e então segue-se soletrando o resto da sílaba de
acordo com as regras já vistas.
Vejamos, então, exemplos de palavras com cada um desses cinco prefixos.
#,=- ga og na sa ne
#(m=- ga og nya guigu nyi sa nyi
+B;- da og ma ya tag nya la nyel
+I$-.}- da og pa ra tag tra nga trang; pa naro po; trang po
0!8- ba og ka a ka
0Wv+- ba og ra ga tag ga ya tag gya shabkyu gyu da gyü
14~+- ma og dza naro dzo da dzö
13~- ma og ts'a naro ts'o
8&m$=- a og tch'a guigu tch'i nga sa tch'ing

6
Como os sobrescritos, no entanto, reforçam o caráter sonoro e eliminam qualquer aspiração que as consoantes da terceira
coluna das primeiras linhas (ga, dza, da, etc) possam ter. Esse efeito não existe com os subscritos.
7
8}#- - lembre-se que o sufixo g de og é quase mudo. V. nota à página 11.
23

3) Exceção : prefixo da + letra-raiz ba

Há uma exceção à regra ditada acima, de que os prefixos não alteram a pronúncia da
sílaba de que fazem parte. Quando uma sílaba cuja letra-raiz é ba tem a letra da como
prefixo, pode acontecer um de dois fenômenos:
a) Se não houver nenhuma vogal (exceto o a inerente) ou subscrito, a combinação
da og ba é pronunciada não como ba, mas WA. Exemplos:
+0$- da og ba nga WANG
+0+- da og ba da WE
b) Se houver uma vogal ou subscrito (ou ambos), tanto o prefixo quanto a letra-
raiz se tornam mudos – ou seja, só se pronunciará a partir da vogal ou do
subscrito. Exemplos:
+0{,- da og ba drengbu E na EN
+0v-
da og ba shabkyu U
+A$=- da og ba ya tag YA nga sa YANG
+Am0=- da og ba ya tag YA guigu YI ba sa YIB
+K;- da og ba ra tag RA la REL
+K#- da og ba ra tag RA ga RAG

4) Prefixos e eufonia

Há mais uma observação importante a ser feita em relação aos prefixos. Essas letras,
mudas atualmente, existem por uma razão: quando o alfabeto foi criado (e mesmo
atualmente em algumas regiões do Tibet como Amdo), muitas dessas letras eram
pronunciadas. Mesmo agora, em alguns contextos específicos, alguns desses prefixos
podem ser pronunciados.
Existe uma situação em que isso ocorre de forma mais consistente (embora ainda
opcional). Embora cada sílaba tibetana seja por si só uma unidade independente e plena de
sentido, são bem comuns palavras de duas ou mais sílabas. No interior de uma palavra
dessas, quando uma sílaba termina em vogal (i.e. sem nenhum prefixo), e a seguinte
começa em prefixos como ma ou a, esses prefixos passam a ser pronunciados como uma
nasal, por um fenômeno conhecido como eufonia ("melhor sonoridade"):
W-13~- gya + ts'o = gyamts'o
+#{-8`o,- gue + dün = guendün
24

É bom sempre lembrar que essa transformação não é obrigatória – alguns falantes a
usam enquanto outros preferem usar a forma mais "regular". Tanto faz, então, falar gyats'o
ou gyamts'o, assim como guedün ou guendün.
Esse fenômeno pode ocorrer, embora menos freqüentemente, com outros sufixos (e
até mesmo, bem raramente, com sobrescritos). Precisa, para ocorrer, como acima, que uma
sílaba seja aberta (ou seja, termine em vogal) e a sílaba seguinte – na mesma palavra –
tenha um prefixo.
Por exemplo, na língua falada, esse fenômeno ocorre consistentemente em algumas
palavras, como alguns nomes, números, etc.:
06m-0%t- shi + tchu = shibtchu (quarenta)
0%t-0`o,- tchu + dün = tchubdün (dezessete)
0%t-#=v1- tchu + sum = tchugsum (treze)
R}-07$- lo + sang = lobsang (prenome)
Como mencionado acima, existem algumas palavras – muito raras – em que mesmo
um sobrescrito é pronunciado. O exemplo mais conhecido é a palavra dorje (equivalente
ao sânscrito vajra, "diamante, raio"), em que essa transformação por eufonia é obrigatória
(não existe a palavra dodje):
L}-I{- do + dje = dor dje

5) Exercício

Leia e soletre as sílabas e palavras a seguir:


0+{- 1={,- #=v$- 8+}+- 0>m+- 8E}#=-
#7m#=- #%m#- 1#},- 8Ap$- 8"}:- 13~-
0eq;- +.v$- 07v$- 14|+- 1*v,- +$}=-
+0$- +0v=- +A:- +A{-0- 1"8-8E}- 1-8##=-
#=:-1- 0!8-0Wv+- /,-0+{- W-13~- +#{-;v#=- M;-8Ap:-
],-:=-#7m#=- a};-1-V$-]o- Bp:-1-+.8-1}-
25

Lição 6 - Observações diversas


1) O Wasur

Existe, de fato, mais uma letra que pode aparecer como subscrito – a letra wa. Ao
contrário dos outros subscritos, ele não altera de forma alguma a pronúncia. Essa forma
alterada da letra é chamada de wasur8 (algo como "ângulo, canto do wa").
Ele pode aparecer com dezesseis letras:
,-ka
.-
k'a ga
/- 0- tcha
1- nya
2- ta
3- da
4- tsa
5- ts'a
6- sha
7- sa
8- ra
L- la
9- sha
:- sa
;- ha
Para soletrar, é fácil:
3$=- da wasur da nga sa dang
Esse wasur é bem pouco comum – ele costuma aparecer para desfazer
ambigüidades: tanto quando essas surgem em razão de ortografias coincidentes (1), quanto
nas situações em que surge a necessidade de marcar a letra raiz para desfazer uma
dubiedade na pronúncia (2):
3-
ts'a = "quente" vs.
5-
ts'a = "sal" (1)
+#=- dag ou gue?? 
3#=- dag (2)
Por final, esse é o único subscrito que pode aparecer junto de um outro subscrito
(ra-tag), como na palavra:
U}0-f-lob dra "escola"

2) Ditongos e as contrações gramaticais


8m- e 8$-
Na posição de sufixo, a letra muda a possui a capacidade de carregar um sinal de
vogal adicional, sem prejuízo para a vogal principal da sílaba (ligada à letra-raiz). Na
maioria dos casos (i.e. com as vogais u e o, e mais raramente e), o som resultante será um
ditongo simples, ou seja, a mera combinação dos dois sons vocálicos então presentes na
sílaba. Alguns exemplos:
8
5-7v:-
26
Am8v- djiu #8v- gau ;{8v- leu L}8v- dou
[0=-=v-1&m8}- kyab su tch'io <{=-.:-A8}- she par djao
Quando a vogal sobre o a é um guigu, por outro lado, essa combinação tem o
mesmo efeito de umlaut (alteração) da vogal principal que têm os sufixos la, sa, da e na
(v. página 12), isto é AE, OÖ e UÜ (e e i não se alteram). Além de promover essa
alteração da vogal e alongá-la, a combinação acrescenta seu som /i/ ao final da sílaba,
embora de maneira bem tênue (no dialeto tibetano padrão de Lhasa, que adotamos nesse
curso, esse i não é ouvido). Essa combinação aparece muito freqüentemente em tibetano,
pois ela é usada como a contração da chamada "partícula de ligação" kyi / gyi / yi, que
encerra a idéia de posse (mais detalhes na segunda apostila do método, pág. 3). Exemplos:
0}+-.-
bö pa + yi
9m- =
0}+-.8m-
bö pe(i)
1m-+m- mi di +
9m- yi =
1m-+m8m- mi di(i)
Wv- gyu +
9m- yi =
Wv8m- gyü(i)
!-1{- ka me +
9m- yi =
!-1{8m- ka me(i)
&{,-.}- ngo wo +
9m- yi =
&{,-.}8m- tch'en pö(i)
Há mais uma contração que lança mão dessa propriedade especial da letra muda a: a
partícula concessiva kyang / yang, que é normalmente traduzida como "mesmo que, ainda
que" (mais detalhes no Módulo II, pág. 27). Como a vogal i não está presente, a alteração
vocálica (umlaut) não ocorre:
&{,-.}-
tch'en po + yang =
9$- &{,-.}8$-
tch'en poang
0%,-.- ten pa +
9$- yang =
0%,-.8$- ten paang
É importante ressaltar que nessas combinações não há o ponto intermediário de
sílaba (ts'eg) antes da letra a, mesmo que a pronúncia possa sugerir duas sílabas separadas.

3) A sílaba ba em palavras de mais de uma sílaba

Embora a sílaba tibetana, em geral, encerre em si só um sentido completo e


independente, palavras de duas ou mais sílabas são muito comuns. Especialmente, são
bem comuns palavras dissilábicas em que o sentido está contido apenas na primeira sílaba,
e cuja segunda sílaba é uma sílaba "neutra" como pa, po, ma, mo, ba e bo9.

9
.-.}-1-1}-0-0}-
27

Nesse tipo de palavras, as sílabas finais ba e bo são pronunciadas wa e wo,


respectivamente. Vejamos alguns exemplos:
K}#=-.- tog pa
&{,-.}- tch'en po
E$-1}- drang mo
[#-1- hlag ma

mas:
8E}-0- dro wa
1*}$-0- t'ong wa
$}-0}- ngo wo
[{-0}- kye wo
Nesses casos, mesmo que se adicione terminações gramaticais como os sufixos sa e
ra (respectivamente, contrações das partículas agentiva e de direção), ou as contrações
gramaticais estudadas no item anterior, a pronuncia em wa e wo permanecem inalteradas.
Exemplos:
$}-0}:- ngo wor
[{-0}=- kye wö
8E}-08m- dro we(i)
1*}$-08$- t'ong waang
28

Lição 7 – Prática: alguns textos básicos

Como forma de praticar as regras de escrita e a fluência na leitura, seguem abaixo


alguns textos amplamente conhecidos, sem qualquer transliteração. Há várias formas de
utilizá-los. Pode-se, a princípio, procurar soletrar cada sílaba de acordo com as regras
discutidas neste módulo, de maneira a praticar e fixar a lógica da ortografia tibetana. É
possível, também, ler os textos de forma corrida, com cuidado e vagarosamente, prestando
atenção na pronúncia correta. Essa é uma ótima forma de desfazer aos poucos os vícios
adquiridos na pronúncia baseada em transliterações menos que ideais.

1) Tomada de refúgio e geração da mente do despertar

༄༅། ། ལ། །
། །
།།

ལ །

2) Prece de oferenda antes das refeições

༄༅། ། ། །

། །
། །
ལ ལ། །
29

3) Prece de sete versos para Guru Rinpoche

ལ ལ

4) Prece de refúgio – liturgia de Ngöndro da linhagem Shangpa

༄༅། །
ལ ། ། ལ ལ
། ། ལ ། །
ལ ། ། ལ
༑ ། ལ ། །

6) Dedicação de mérito

༄༅། ། ། །
། །
། །

ལ ལ །
30

APÊNDICE I – Alfabeto: ordem dos traços

Abaixo há um diagrama com a ordem mais comum de como escrever as 30


consoantes e as quatro vogais no alfabeto tibetano. No site do curso, há disponível também
uma série de vídeos feitos por um calígrafo profissional. Há algumas divergências
pontuais, mas elas não são de grande importância.
31

APÊNDICE II – Estilos de caligrafia

Este método se concentrou no estilo de caligrafia mais comum em textos impressos,


chamado utchen10. Há outros estilos, no entanto, que merecem ser mencionados. A maioria
é usada na escrita cursiva, ou até mesmo em sadhanas impressas com blocos de madeira à
moda tradicional, mas outros são apenas estilos decorativos, artísticos.
Primeiro, será apresentada uma lista das letras, vogais e principais combinações
consonantais em escrita utchen, seguida de um dos estilos mais comuns de escrita ume11,
chamado petsug. Adicionaremos ao final uma lista dos algarismos tibetanos.
Por último, demonstraremos esses e outros estilos de caligrafia com a oração de
refúgio e geração da mente do despertar.

1) Escrita utchen e ume (estilo petsug)

As trinta consoantes གཥར ཐ བྷ

ཀ ཁ ག ང ཅ ཆ ཇ ཈

ཀ་ ཁ་ ག་ ང་ ཅ་ ཆ་ ཇ་ ཈་
ཎ ཏ ཐ དྷ ན པ ཕ བྷ

ཎ་ ཏ་ ཐ་ དྷ་ ན་ པ་ ཕ་ བྷ་
མ ཙ ཚ ཛྷ ཝ ཞ ཟ འ

མ་ ཙ་ ཚ་ ཛྷ་ ཝ་ ཞ་ ཟ་ འ་
ཡ ར ལ ཥ ས ཧ

ཡ་ ར་ ལ་ ཥ་ ས་ ཧ་

10
ཐ ཅདྷ “com cabeça” 11
ཐ བྷཐ “sem cabeça”
32

As quatro vogais ཐ ངཥ ཕཝ

ཧ ཧ ཧ

ཧ་ ་ ཧ་ ཧ་
Exemplos de consoantes com sinais vocálicos

ཀ ག ང ཅ ཇ ཈ ཎ ཐ དྷ

ཀ་ ་ ག་ ང་ ཅ་ ་ ཇ ་ ཈་ ཎ་ ་ ཐ་ དྷ་
ན ཕ བྷ མ ཚ ཛྷ ཝ ཟ འ

ན་ ་ ཕ ་ བྷ་ མ་ ་ ཚ ་ ཛྷ་ ཝ་ ་ ཟ ་ འ་
ཡ ལ ཥ ས ཧ

ཡ་ ་ ལ་ ཥ་ ས་ ཧ་

Combinações consonantais
Yatag (ya subscrito) འ ཕཎགཥ

་ ་ ་ ་ ་ ་ ་
Ratag (ra subscrito) ཡ ཕཎགཥ

་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་
33

Latag (ra subscrito) ར ཕཎགཥ

་ ་ ་ ་ ་

Rago (ra sobrescrito) ཡ བྷག

་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་

Lago (ra sobrescrito) ར བྷག

་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་

Sago (ra sobrescrito) ཥ བྷག

་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་
34

Combinações consonantais + u

་ ་ ་ ་ ་ ་ ་

་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་ ་

་ ་ ་ ་ ་

Letras invertidas (sânscrito)


ཉ ཊ ཋ ཌྷ ཤ

ཉ་ ཊ་ ཋ་ ཌྷ་ ཤ་

Letras aspiradas (sânscrito)


གྷ བ ཌ ད ཛ ཨ

གྷ་ བ་ ཌ་ ད་ ཛ་ ཨ་

Números ༡ ༢ ༣ ༤ ༥ ༦ ༧ ༨ ༩ ༠
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0
35

2) Prece de refúgio e bodhicitta

༄༅། ། ལ། །

༑ ། ། ། ལ

༄་ ཥངཥ་ ཥ་ཆཥ་ཐང་ཙགཥ་ ་བྷཆག་ བྷཥ་ར་ ང་ ཕ་ཕཡ་ ་ཕཐག་དྷ་ ཕཥ་ ་བྷཆ ཕཐག་གཥ་ དྷ་

ཥགཥ་ཕ ཥ་ནཟ་ཕཥཐ་དྷབྷཥ་ ཥ་ ཟ ་ར་པདྷ་ ཡ་ཥངཥ་ ཥ་ཟ ཕ་ནཡ་ལག

༄༅། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། །
། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། །
། ། ། ། །

༄༅། ། ། །། ། ། ། །། ། ། །། ། ། ། ། ། ། ། ། ། ། །

། ། །། ། ། ། ། ། །

༄༄ ། །སངས ས ང ས ས ། །ང
ས ། ། ས ས ས ས། །
ས ས །
36

Bibliografia

“Les Cahiers de Tib’Études, volume 1” – Dominique Thomas


“Manuel de Tibétain” – Lama Denis Teundroup
"Parlons Tibétain" – Gilbert Buéso
“Manual of Standard Tibetan” – Nicolas Tournadre, Sangda Dorje

You might also like