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DIREITOS
HUMANOS:
uma trincheira
contra a barbárie
Ataques conservadores miram os direitos
fundamentais para fazer avançar sua
agenda antidemocrática de ódio,
intolerância e destruição de
conquistas sociais
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Foto: Lucas Moreira Victor
EDITORIAL
DIREITOS HUMANOS,
DEMOCRACIA E O
SENTIDO DE HUMANIDADE
O momento é grave e nos pede ação e criatividade; ação para romper o medo e a inércia e criatividade
para encontrarmos formas de ação e de disputa.
O crescimento dos setores conservadores O golpe parlamentar representou não sentidos da história, do mundo e da huma-
e do populismo autoritário acontece em um só a consolidação das oligarquias e gru- nidade. Precisamos, frente ao retrocesso, re-
momento de crise, tanto no Brasil quanto no pos neoliberais no poder, como também foi afirmar nossos compromissos com uma so-
mundo. Crise do capitalismo, do globalismo elemento necessário para a cristalização das ciedade mais igual, justa e democrática e pra
liberal, da social-democracia. Há uma infini- subjetividades antidemocráticas: interven- isso é preciso conhecer os ataques, conhecer
dade de nomes para essa crise. No Brasil, a ção militar, licença para matar, censura e tra- os discursos que se apresentam, e, principal-
escalada conservadora se acirra com a crise balho escravo compõem o cenário do golpe mente, produzir informações e disputar a for-
política. Não é sua causa, mas foi ingredien- e disseminam-se entre a população em um ma como as pessoas atribuem sentido aos
te no bolo que sustentou o impeachment e o perverso arranjo ideológico de captura das direitos humanos no mundo.
tornou possível. formas de pensar e da ação política. A disputa de sentidos não é uma tarefa
A conjuntura é de retrocessos e de ataques, simples, setores conservadores articulam-se
não apenas aos direitos de mulheres, LGBTs, ATAQUES nas redes sociais de forma eficiente e com
negros e negras, da juventude e tantos outros O momento é grave e nos pede ação e cria- grande alcance, pautando o debate públi-
povos e populações oprimidos, mas de ataque tividade; ação para romper o medo e a inér- co e acirrando conflitos em torno de pautas
à própria ideia de “Direitos Humanos” e à própria cia e criatividade para encontrarmos formas morais, as chamadas guerras culturais, a fim
noção de humanidade. Expressões como “ban- de ação e de disputa. Os ataques, frequentes de construir uma cortina de fumaça para nos
dido bom é bandido morto” e “direitos humanos e simultâneos, nos deixam muitas vezes sem distanciar dos debates centrais: aumento da
para humanos direitos” revelam que não é o fôlego e espantados. Não vivemos há anos pobreza, da fome, reforma trabalhista, su-
direito à vida que se questiona, mas o direito à um conjunto tão vil de ataques. Contudo, pressão de direitos e retrocessos que atin-
humanidade por parte de determinados corpos, nossa tarefa histórica se impõe e é preciso gem, sobretudo, a população mais pobre e
identidades, sujeitos e formas de ser. que a tomemos com seriedade: a disputa de vulnerabilizada da sociedade brasileira.
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MOVIMENTOS SOCIAIS
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PARTE INTERNA DE UMA PENITENCIÁRIA: encarceramento em massa não resolve a
complexidade do problema
SEGURANÇA PÚBLICA
A APOSTA NA TRAGÉDIA
Populismo e demagogia marcam o tratamento dado ao tema da segurança pública, com instrumenta-
lização do medo e da dor da população para a promoção de medidas que geram ainda mais violência
O tema da segurança pública é um do mais duzir mais violências, para ampliar os conflitos fáceis para o sério problema da segurança.
relevantes e que atrai, atualmente, maior preo- e a letalidade, ou mesmo para a ampliação da Propagandeiam um populismo irresponsável
cupação da sociedade brasileira. Isto pode ser força dos mercados ilegais e das organizações que pede, entre outras medidas, mais polícia
percebido através da percepção de que 35% criminosas. Os discursos de ampliação da for- na rua (jogando, de forma injusta, sobre estes
dos brasileiros já tiveram amigos ou parentes ça, a defesa do autoritarismo e da violência profissionais a responsabilidade e o desafio
assassinados, ou mesmo, quando, em outro de, sozinhos, resolver esse sério problema),
levantamento, constatou-se que 49% da po- mais prisão, a desregulamentação do contro-
pulação percebe na sua vizinhança a presença "O medo e a dor das le de armas, a redução da maioridade penal e
do crime organizado – pesquisas realizas pelo
Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
pessoas têm sido a incitação direta à violência - quando relati-
vizam os casos de linchamento ou mesmo a
De modo geral, os especialistas apontam instrumentalizados para letalidade policial, que, ao mesmo tempo, vê
que falta ao Brasil e a grande parte dos esta- crescer a vitimização desses trabalhadores.
dos, bem como aos municípios, estratégias de a promoção de medidas Estudo realizado pela organização da so-
segurança pública e políticas públicas con- que servem para ciedade civil Sou da Paz, analisando as pro-
seqüentes. Defende-se uma política de se- posições legislativas da Câmara e do Sena-
gurança ancorada na inteligência policial, na produzir mais violências, do Federal, revela que grande parte dessa
ostensividade qualificada, na centralidade da produção continua apostando em respostas
investigação dos crimes contra a vida, no con-
para ampliar os conflitos repetidas que vem demonstrando incapa-
trole de armas e na prevenção, sobretudo, do e a letalidade." cidade de enfrentar a violência. Outra parte
envolvimento de adolescentes e jovens nos dos projetos defende o endurecimento pe-
círculos de conflito e criminalidade, o que sig- nal, abrindo caminhando para criar novos ti-
nifica amplo aporte de proteção social nos ter- por parte dos agentes da lei, a restrição de di- pos penais ou buscando aumento de pena
ritórios mais vulneráveis. reitos contra a população, sobretudo os mais (foram 147 projetos nessa linha apresentados
A complexidade do tema, porém, tem sido pobres, e a ampliação do encarceramento são em 2016). Por fim, há também os projetos que
tratada com simplicidade e populismo por falsas soluções. tratam das polícias, abordando as pautas
parte do poder público. O medo e a dor das Os governos federal e estadual, bem como corporativas, dado o crescimento da repre-
pessoas têm sido instrumentalizados para a as assembleias e o Congresso Nacional, es- sentação dos segmentos dos profissionais da
promoção de medidas que servem para pro- tão tomados de porta vozes das medidas segurança.
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PRISÃO RESOLVE?
> 622 mil é a população carcerária brasileira, Infopem,
com dados de 2014
> O Ceará, em 2005, tinha 10.116 presos e, em 2017, 26.624, o que representa
variação na na ordem de 163%;
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MULHERES
DIREITO AO CORPO E
À AUTODETERMINAÇÃO
Na contramão da realidade, tramitam no Congresso Nacional propostas que visam ampliar a criminalização
do aborto, com sua proibição em qualquer circunstância, mesmo nos casos permitidos pelo código penal
No dia 20 de agosto deste ano (2017), o jor- para a realidade que a população enfrenta. Já
nal Folha de S. Paulo divulgou dados do Mi- a legislação sobre violência contra as mulhe-
EM TRAMITAÇÃO
nistério da Saúde que apontam que no Brasil res avançou, principalmente sobre violência
PL 5069 DE 2013
ocorrem 10 estupros coletivos por dia. Já o 10º sexual, mas ao mesmo tempo os discursos Tem como autor o ex-deputado, atualmente
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, pro- na mídia, nas instituições e nas ruas é arcaico. preso por corrupção, Eduardo Cunha (PMDB/
duzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Não enfrentam o problema e, quando culpam RJ). O projeto propõe ampliar a tipificação do
Pública (FBSP), revela que a cada 11 minutos as mulheres e não o estuprador, as violentam crime de aborto e acrescenta um artigo ao
uma mulher é estuprada em nosso país. 70% novamente, reforçando a cultura do estupro. Código Penal de 1940, estipulando pena de de-
das vítimas desse crime são crianças e adoles- tenção para qualquer pessoa, inclusive profis-
sional de saúde, que informe, oriente ou preste
centes segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa ABORTO
qualquer auxílio para a realização do aborto.
Econômica Aplicada). A Pesquisa Nacional do É importante destacar que não há quem
Aborto de 2016 (PNA 2016), realizada pelo Ins- defenda o aborto ou quem seja entusiasta de
tituto ANIS, revela que 1 em cada 5 mulheres, um procedimento doloroso para as mulheres,
PEC 58 DE 2011
aos 40 anos, já realizou pelo menos 1 aborto, o desde a decisão até a realização, sobretudo Uma emenda a esta PEC acrescenta que a
que significa que este procedimento é muito quando há uma gravidez fruto de um estu- vida se inicia desde a concepção, o que, assim
presente na vida reprodutiva das brasileiras. pro. A grande questão está em tratar o abor- como os demais projetos já mencionados, faria
São dados alarmantes, mas poderiam ser to apenas no campo das ideias, como mera com que o aborto fosse crime em qualquer
ainda piores não fosse a subnotificação desses questão de opinião e de moral; ou tratar o circunstância.
casos. Muitas mulheres e meninas não denun- aborto como um fato, como realidade con-
ciam o estupro por medo ou vergonha, e tantas creta e cotidiana que merece atenção nas
outras que já realizaram um aborto guardam discussões sobre políticas públicas, onde é PEC 164 DE 2012
Também de autoria de Eduardo Cunha, esta
esse segredo a sete chaves por medo de serem preciso reconhecer que a legislação atrasa- proposta de emenda à Constituição altera a
criminalizadas. Quanto mais dados pegamos da que criminaliza as mulheres que decidem redação do caput do art 5° da Constituição
relacionados aos direitos sexuais e reproduti- por interromper a gestação não funciona. O Federal que trata, dentre outras coisas, da
vos das mulheres, como violência obstétrica, aborto deve ser enfrentado nos parlamentos inviolabilidade do direito à vida, acrescentando
por exemplo, mais perversidade encontramos. como questão de saúde pública e a legaliza- expressão “desde a concepção”. Se esta nova
O cenário atual sobre violência sexual e ção deste procedimento deve ser considera- redação for aprovada, iremos retroceder no
direito ao aborto já garantidos por lei.
aborto no Brasil nos coloca o desafio de formu- da como uma alternativa de política pública
lar políticas que enfrentem a situação de forma que pode trazer impactos positivos sobre a
a alterar essa realidade. Infelizmente, nossa le- realidade. As experiências de países que ado- PL 478 DE 2007
gislação e atuação da imensa maioria que ocu- taram a legalização revelam que foi possível Pretende criar um Estatuto do Nascituro. É o
pa as cadeiras do nosso parlamento caminham zerar a mortalidade materna em consequên- mais absurdo de todos, pois dá cidadania a
no sentido contrário. cia de aborto e, até mesmo, reduzir o número um embrião, que passa a ter direitos iguais
de procedimentos abortivos. aos de pessoas já nascidas. O projeto reduz
as mulheres a meras incubadoras. Além disso,
Na contramão da realidade, tramitam na Câ-
"Os discursos mara Federal e no Senado propostas que visam
trata dos casos de aborto em decorrência de
estupro, criando incentivos para que a mu-
conservadores não ampliar a criminalização do aborto, proibindo a
realização deste em qualquer circunstância, in-
lher violentada, caso engravide, mantenha a
gestação. Dentre estes mecanismos, está uma
enfrentam o problema cluindo os casos que hoje são permitidos pelo bolsa concedida pelo Estado caso o “genitor”
não seja identificado. Se o “genitor” for identifi-
código penal - em caso de gestação de risco,
e, quando culpam para salvar a vida da mulher ou em caso de
cado este assumirá financeiramente os custos
da gestação e da criança nascida. Ou seja,
gravidez resultante de um estupro. Um desses
as mulheres e não projetos, o Estatuto do Nascituro (PL 478/2007),
além de a mulher passar pelo trauma de uma
violência sexual, caso ela engravide ela poderá
o estuprador, as inclusive, cria o “bolsa estupro”, se refere ao
estuprador como genitor, inclusive colocando
ser obrigada a levar a gestação adiante e ter
vínculos com o seu algoz.
violentam novamente, a possibilidade de que este assuma responsa-
bilidades financeiras com a criança, ou seja, a
reforçando a cultura mulher, além de violentada, pode vir a manter PEC 181 DE 2015
Da mesma forma que a PEC 58 de 2011, esta
do estupro." vínculo com o agressor. Este projeto minimiza a
gravidade e o horror de um estupro, querendo
PEC tinha como objetivo a ampliação da licença
maternidade para as mulheres que tivessem
nos fazer acreditar que interromper uma gesta- bebês prematuros. Mas também recebeu uma
A legislação sobre aborto no País é de 1940. ção seria mais grave do que violar o corpo de emenda para incluir ao texto que o início da
São 77 anos de uma legislação que se de- uma mulher. vida se dá desde a concepção. Foi intitulado
pelos movimentos de mulheres como PEC
monstra incapaz de alterar o cenário do pro- Precisamos monitorar esses projetos que re-
Cavalo de Tróia, pois a ampliação da licença
blema no país. As mulheres continuam a fazer, presentam ataques à autodeterminação repro- maternidade é uma bandeira defendida pelos
o aborto continua sendo uma das principais dutiva das mulheres e um ataque aos direitos movimentos, mas ao receber esta emenda, o
causas de morte materna, e, ao mesmo tempo, humanos delas. Precisamos nos posicionar e que seria um avanço para as mulheres pode
o que cresce é um discurso conservador, pro- lutar para avançar e resistir para não retroceder. virar um grande retrocesso.
pondo mais atraso e nenhum impacto positivo
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LGBT
IDENTIDADES, AFETOS
E LIBERDADE
O apoio ou a oposição aos direitos da comunidade LGBT tornaram-se ponto central na separação
simbólica entre esquerda e direita contemporâneas.
Há alguns anos, as questões de gênero e se- nas mídias nacionais e locais, certamente há ameaça aos direitos da população LGBT é o
xualidade compõem o cotidiano dos debates muitas violências que não são denunciadas ou fundamentalismo religioso e suas decorrên-
políticos. Entretanto, nos últimos dois anos, se publicizadas. cias: projeto Escola Sem Partido, combate a
acirraram e ganharam a centralidade destes Recentemente, um conjunto de discursos quaisquer políticas de promoção à diversida-
debates. O apoio ou a oposição aos direitos da que pensava-se superados ressurge: cura gay, de e segurança para a comunidade LGBT. É
comunidade LGBT tornaram-se ponto central censura a professores que falem sobre gê- preciso disputar os espaços na sociedade im-
na separação simbólica entre esquerda e di- nero e sexualidade. Neste momento, a maior pedir o retrocesso.
reita contemporâneas.
Em 2014, elegemos o parlamento mais con-
Foto: EBC
servador da história do Brasil, composto, so-
bretudo, pela famigerada “Bancada da Bíblia”,
o mesmo parlamento que conduziu Michel
Temer à Presidência da República. Contudo,
é importante ressaltar que os ataques aos
direitos da população LGBT é ainda anterior
ao Governo Temer. Durante o Governo Dilma,
enfrentamos a aliança da presidenta com se-
tores fundamentalistas e a intrusão de suas
agendas na feitura das políticas públicas, mar-
cadamente o caso do Brasil Sem Homofobia
nas escolas, conhecido como “ kit gay”, alvo de
ataques pelos setores conservadores, que fez
o governo retroceder à época e encerrar a po-
lítica.
O crescimento das mortes de LGBTs é verti-
ginoso no Brasil. Somente em 2017, até a data
de 20 de Setembro, segundo o Grupo Gay da
Bahia – GGB, foram mortas 277 pessoas LGBTs,
o equivalente a 1,05 pessoas por dia, contra 0,9
no ano passado. A cada ano um novo recorde.
Segundo a ONG Transgender Europe, o Brasil
é o país que mais mata travestis e transexu-
ais no mundo. É bom lembrar que estes são
os dados dizem respeito à pesquisa hemero- MANIFESTANTE COM BANDEIRA DO MOVIMENTO: assassinatos de LGBTs
gráfica, ou seja, apenas os dados que saem cresce assustadoramente
SAÚDE MENTAL
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Foto: Lucas Moreira Victor
NA LUTA POR
TERRA E TERRITÓRIO
Ao mesmo tempo em que concede um bilionário perdão das dívidas do
agronegócio, o governo Temer faz definhar as políticas públicas de interesse
dos povos indígenas e tradicionais
O governo Temer é uma gestão antiética, negócio acumula dívidas na ordem de 1 trilhão
pautada pelos interesses das corporações de reais com os cofres públicos.
econômicas que patrocinam alianças e ani- Se o povo brasileiro é apenado a partir da
mam crises políticas, como a que vemos em ação do ruralismo e dos sujeitos políticos ar-
EXPEDIENTE
nosso país. A crise em curso impõe medidas quitetos do golpe, os povos tradicionais são Fora Temer - informativo do
de exceção e assegura estratégias que privi- verdadeiramente massacrados com a proje-
mandato É Tempo de Resistência
legiam a sobre-exploração dos trabalhado- ção destes setores ao centro do poder. Dessa
deputado estadual Renato Roseno (PSOL)
res e da natureza, a fim de garantir interesses maneira essa sangria de recursos faz com que
econômicos de uma elite privatista, corrupta, a união definhe o orçamento para as políticas
perdulária e degradadora. O agronegócio e o públicas de interesse dos povos indígenas e Edição especial Direitos Humanos
ruralismo atuam centralmente a partir dessa tradicionais, política agrária e agrícola para a dezembro 2017
elite. agricultura familiar, política para a pesca arte-
O governo Temer premia os interesses do sanal, entre outras. Jornalista responsável:
agronegócio quando em sintonia com a ban- A questão territorial é essencial para indíge- Felipe Araújo (JP - 01174 - CE)
cada ruralista. Às vésperas da Câmara dos nas, quilombolas e comunidades tradicionais,
Deputados proibir o Supremo Tribunal Fede- estes são guardiões dos biomas e ecossiste- Projeto gráfico e diagramação:
ral (STF) de investigar o presidente, aprovou a mas aos quais se vinculam, ou seja, sujeitos Lara Vasconcelos
Medida Provisória (MP) 793/17 que consolidou fundamentais da conservação ambiental em
o maior e mais recente calote do agronegócio nosso país. Mídias Sociais:
contra o povo brasileiro. A violência no campo explode e os requin- Samya Magalhães
A MP promove uma transferência de renda tes de crueldade são reeditados como indica-
de cerca de 12 bilhões de reais do Estado bra- dor do momento político que vivemos. No fi-
Estagiário:
sileiro para o agronegócio. Os grandes latifun- nal do ano passado terminamos o ano com 69
diários e as grandes corporações empresariais assassinatos de pessoas que lutam por terra.
Lucas Moreira Victor
do agronegócio do leite, grãos, carnes e ou- Até setembro de 2017, já ocorreram mais de
tras commodities agrícolas tiveram o perdão 70 assassinatos de pessoas em conflitos no
de juros e multas com o Fundo de Assistência campo. Esse quadro de violência, se susten-
ao Trabalhador Rural (FUNRURAL) através da ta pelo aparato jurídico. No Ceará os conflitos
MP. Adicionalmente se promoveu uma redu- na zona costeira aumentaram enormemente e
ção da alíquota do Funrural da ordem de 40%, pescadores artesanais, quilombolas e indíge-
com acúmulo de perdas para a União. O agro- nas sentem a violenta manifestação destes.
EM TRAMITAÇÃO
São muitas as ameaças que pairam sobre os povos originários, quilombolas e comunidades tradi-
cionais. Dentre elas destacamos:
• 2800 comunidades quilombolas que com a iminente votação da Ação Direta de Inconstitucionali-
dade (ADI) 3239 a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal, sentem em xeque a regulamentação
das terras quilombolas asseguradas pelo decreto 4.887/2003.