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As diversas origens do dente

Existem duas teorias principais acerca da derivação do dente como o conhecemos hoje.
A teoria mais clássica, também conhecida como “de fora para dentro”, propõe que sua
derivação provêm de dentículos dérmicos que foram residir na cavidade oral quando células
formadoras de dente dermal a invadiram em conjunção com a origem da mandíbula. Está
baseada em evidências paleontológicas sobre a homologia entre odontódeos e dentes, na sua
similaridade estrutural e nos caminhos compartilhados de desenvolvimento. Ambos são
compostos por um cone de dentina com uma base de tecido semelhante a osso acelular ou
celular. Em quase todos os casos, a dentina é coberta por uma camada hipermineralizada que
consiste em esmalte ou enamelóide. Podemos encontrar nas duas estruturas uma cavidade
pulpar que contém odontoblastos, tecido conjuntivo, fibras nervosas e vasos sangüíneos. Um
exemplo para essa homologia são os dentes e escamas de placóides de tubarões.
A outra hipótese, denominada de “dentro para fora”, é mais recente e sugere que os
dentes evoluíram antes da origem da mandíbula, com os dentes orais unidos a dentaduras
faríngeas derivadas de endoderme. É baseada em uma reinterpretação de registros fósseis e
em estudos embriológicos de espécies existentes. Os Conodontas foram determinados como
primeiros grupo de vertebrados a mostrar esqueleto mineralizado e possuíam elementos que
foram vistos como a expressão mais antiga de dentículos orofaríngeos. Além disso, a presença
de arranjos espirais particulares encontrados em dentículos orofaríngeos em telodontes
agnatos, é considerada uma importante evidência que os dentes estavam presentes na faringe
antes do aparecimento das mandíbulas. Acredita-se que a lâmina dental é apresentada no
dente e é a única característica que pode distinguir dentes de odontódeos, sendo que esta tem
sua presença sugerida pelo arranjo dos dentículos faríngeos em formato de espiral. Um
argumento que sustenta essa hipótese é a presença e posição do dente no último arco
branquial do peixe-zebra que levou a ampla aceitação dos dentes faríngeos terem
desenvolvido de endoderme epitelial.
Para tentar aplacar o debate entre as teorias, surgiu uma versão modificada da hipótese
de “fora para dentro”, onde foram reunidos dados paleontológicos e embriológicos e que
sugere, suportando a teoria “de fora para dentro”, que os dentes derivaram dos odontódeos,
cuja origem era ectodérmica, estes desenvolveram-se dentro da cavidade orofaríngea como
resultado de uma migração competente da ectoderme para dentro, não apenas através da
boca, mas também por cada uma das fendas branquiais, com o intuito de interagir com o
mesênquima derivado da crista neural. No entanto, essa nova hipótese concorda com a “de
dentro para fora” por reconhecer que os dentes provavelmente vieram antes da origem da
mandíbula. Verifica-se que é necessário o contato ou ao menos a presença adjacente do
ectoderma com o epitélio endodérmico para que ocorra o desenvolvimento dos dentículos
faríngeos ou dentes. Estudos com salamandras demonstram que é preciso tanto a ectoderme
quando a endoderme para formar o dente, ou, se os dentes tiverem se desenvolvido a partir de
órgãos esmaltados supostamente derivados da endoderme, o ectoderma precisa ao menos
estar lá, se não necessário.
A hipótese se sustenta ainda por dados paleontológicos demonstrarem que os táxons
conhecidos por possuírem dentículos faringeais possuem fendas branquiais ou outras
estruturas que permitem que o ectoderma penetre no corpo. No entanto, perceberam que
esses dentes faríngeos desapareceram da região faríngea nos primeiros tetrápodes junto com
o fechamento das fendas branquiais. Outro argumento que sustenta a hipótese foi a
constatação de que não é preciso lâmina dental para o aparecimento do dente, ainda que não
seja possível descartar que possa ter facilitado a formação. Considerando a hipótese “de fora
para dentro”, existe uma complicação para explicar a perda de dentes espacialmente restrita de
certos arcos e para isso foi proposta uma solução que define que dentículos faríngeos em
telodontes extintos e as lâminas dentárias pós-branquiais de placodermos surgiram como uma
espécie de experimento da natureza. Apesar de ainda não ser um consenso a aceitação dessa
hipótese, ela pode ser testada tanto com dados paleontológicos, prevendo correlações entre a
presença de dentes faríngeos e fendas branquiais, e dados de desenvolvimento em espécies
existentes, por desafiar a endoderme a fazer dente em associação com a crista neural derivada
do mesênquima.

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